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CENTRO DE ACOLHIMENTO
AS MULHERES EM SITUAÇÃO
DE VIOLÊNCIA
respeito e justiça.
MULHERES EM PASSEATA.
Fruto de um fenômeno histórico e cultural, a O medo e a dependência econômica, é necessário um trabalho em conjunto de todos
violência contra a mulher tem se arrastado ao decorrentes da ausência de realizações pessoais, os serviços, como DEAM, CREAS, Juizado
longo dos anos mesmo com alguns avanços no impõe o silêncio às mulheres. Ou por várias vezes, Especializado, Defensoria Pública, psicólogos e
âmbito legislativo. Observa-se que mesmo nos o agressor coloca a vítima em situação de hospitais. Não basta cada setor ter a consciência
dias atuais, o modelo familiar repercute uma culpabilidade, fazendo-a sentir ser merecedora dos atendimentos oferecidos na cidade, é preciso
hierarquia entre seus membros, de maneira em de tal punição quando deixa de cumprir tarefas que a passagem das vítimas nestes serviços seja
que o homem é o provedor do lar e “chefe” da que acredita serem de sua exclusiva feita de forma ininterrupto, como um
casa, enquanto a mulher mantém seu papel de responsabilidade. O sentimento de culpa a prosseguimento do primeiro atendimento
dona de casa e educadora dos filhos, mesmo que impede de realizar a queixa e buscar ajuda. oferecido a ela.
trabalhe fora e tenha uma forma de renda No brasil, a Constituição da República de 1988, no
própria. Ao analisar o viés social e cultural no artigo 5 º determina que “Todos são iguais
qual estamos inseridos, podemos notar que a perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
violência contra a mulher faz parte do cotidiano garantindo-se (...) do direito à vida, à liberdade, à
das pessoas e ainda é vista como algo normal, igualdade, à segurança e à propriedade”
muitas vezes sendo tratada de forma banal. Pois, (CONSTITUIÇÃO, 1988). Assim, fica garantida na
mesmo com evoluções sociais e jurídicas, não há Lei a igualdade jurídica entre o homem e a
desconstrução concreta dos papeis impostos mulher. Nesse contexto, alguns serviços são
para cada gênero épocas atrás. oferecidos, tanto pelo estado como pelo
Quando a violência contra mulher ocorre dentro município, afim de acolher as vítimas para que
do âmbito familiar, seu início é silencioso e não tenham apoio ao denunciar e para se
recebe a devida atenção. As estatísticas recuperarem dos danos negativos causados pela
demonstram a real situação social, pois em geral, Entre esses serviços está a implementação das
um nível crítico, como agressões verbais ou eficaz no acolhimento, portanto para interromper
FONTE: CNTSS.
justificativa
Na maioria das vezes, a vítima não busca a Por isso, a mulher, quando toma a iniciativa de Mesmo que, com algumas iniciativas do estado
separação do agressor no momento em que buscar auxílio, já sofreu e apanhou muito e se vê quanto a criação de leis para o combate a
realiza a queixa, nem deseja sua prisão, apenas completamente impotente diante de toda violência contra mulher, podemos constatar como
quer que as agressões sofridas cessem. Portanto, violência sofrida e submissão em que se encontra essa pratica é aceita na sociedade, com altos
a mulher só recorre ao judiciário após todas as na relação. índices de subnotificação, o que aumenta o risco
tentativas anteriores demonstrarem falha, pois a Uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa de morte das vítimas. Portanto, torna-se essencial
crença na mudança e melhora de Econômica Aplicada) de 2014 mostra que a a criação de centros que abriguem essas
comportamento do agressor já não sustenta mais conivência com essa violência é socialmente mulheres que estão em situações vulneráveis,
sua submissão a tal violência. Após ter perdoado aceita. Na pesquisa “Tolerância social à violência mesmo que dentro de seu próprio lar.
o agressor por diversas vezes acreditando em um contra as mulheres”, 63% dos entrevistados
potencial melhoramento, após diversas tentativas concordam, de forma parcialmente ou total, que
de melhorar a relação tentando agradá-lo, “casos de violência dentro de casa devem ser
quando a violência chega em um nível quase discutidos somente entre os membros da família”,
trágico, a mulher percebe que jamais conseguirá enquanto 82% consideram que “em briga de
mudar o companheiro sozinha, e então busca marido e mulher não se mete a colher”. Já 65%
ajuda externa, fora da relação conjugal. acreditam que que “mulher que é agredida e
Saffioti:
“as pessoas envolvidas na relação violenta devem “o medo da denúncia, acompanha a mulher
ter o desejo de mudar. É por esse motivo que não durante a concretização da violência do seu
se acredita numa mudança radical de uma parceiro. Muitas vezes, a mesma não acredita, ou
exclusivamente com a vítima. Sofrendo estas acolhida por parte do governo, o que a leva ao
algumas mudanças, enquanto a outra parte silencio. Dessa forma, a necessidade na rapidez
permanece o que sempre foi mantendo seus do atendimento e salvaguarda dessa mulher, é
hábitos, a relação pode, inclusive, tornar-se mais um meio de confiança da vítima com os meios de
“A violência contra a mulher não é um fato novo. mulher, o que abre um abismo cada vez maior em A violência, segundo a análise de Stela Valéria
Pelo contrário, é tão antigo quando a relação as desigualdades econômicas, sociais e Soares de Farias Cavalcanti,
humanidade. O que é novo, e muito recente, é a políticas entre os sexos, onde a mulher ocupa “é um ato de brutalidade, abuso,
preocupação com a superação dessa violência uma posição de inferioridade em relação ao constrangimento, desrespeito, discriminação,
como condição necessária para a construção da homem. Os primeiros meios de controle masculino impedimento, imposição, invasão, ofensa,
nossa humanidade.” (WALISELFISZ, 2015, p.7). sobre as mulheres era a força bruta. proibição, sevícia, agressão física, psíquica, moral
Gradativamente, foram sendo introduzidos novos ou patrimonial contra alguém e caracteriza
Há pelo menos 2500 anos começou a construção métodos de controle masculino como cultura, leis, relações intersubjetivas e sociais definidas pela
ideológica da superioridade do homem em religião, filosofia, ciência e política. ofensa e intimidação pelo medo e terror”
detrimento da mulher, e consequentemente a sua A violência contra a mulher envolve qualquer tipo (CALVACANTI, 2007, p.29)
subordinação ao mesmo. A mulher era tida como de violação dos direitos humanos, seja físico ou .
instrumento de procriação e serviçal. Era vista psicológico, como agressão verbal, física, sexual De diferentes agentes surge a violência, assim
como reflexo do homem tendo pouca expressão, e emocional. Também são exemplos de violência como abrange todas as esferas sociais. Na
sendo muitas das vezes comparada mais a um os crimes encobertos por costumes e tradições e análise de Maria Berenice Dias,
animal do que um ser humano. que são justificados como práticas pedagógicas, “a sociedade ainda cultiva valores que incentivam
Nas civilizações Gregas, a mulher era vista como como o apedrejamento de mulheres por adultério, a violência, o que impõe a necessidade de se
inferior ao homem, menosprezada moral e relacionadas com o pagamento de dote, a tomar consciência de que a culpa é de todos. O
socialmente, não tendo direito algum. Na Idade mutilação genital e os crimes “em defesa da fundamento é cultural e decorre da desigualdade
Média, sua função era de obedecer ao marido e honra” (Diana E.H. Russell). Violência essa que no exercício do poder, o qual gera uma relação
gerar filhos, nada além lhe era permitido. A pode ocorrer tanto publicamente como no de dominante e dominado”. (DIAS, 2015, p. 24)
história nos relata que a violência doméstica tem privado, em seus lares, causadas por seus
suas raízes alicerçadas de forma a definir o papel companheiros. Um estudo realizado pela A violência contra a mulher em seu nível mais
da mulher no âmbito familiar, visando também Organização Mundial da Saúde sobre a violência extremo, é chamado de feminicídio, nome dado
resguardar o homem de forma a não lhe trazer doméstica, com mais de 24.000 mulheres, tanto ao homicídio da mulher motivado por um conflito
inquietação, o que garante assim, o poder do meio urbano como do meio rural, em mais de de gênero, ou seja, apenas por ser mulher. Dentro
masculino na sociedade patriarcal. (DIAS, 2010) 10 países, revela que os parceiros das vítimas são de sociedades onde impera o regime patriarcal,
Compreender o fenômeno da violência contra a os maiores causadores dessas agressões. (UNRIC, mesmo que velado, o assassinato de mulheres é
Crime esse, causado não por condições a questão das mulheres que sofriam violência privada, o que até então não era considerada um crime
patológicas dos agressores, mas por seu desejo especifico. Em 1980 esse tipo de violência passou a ser uma questão de Justiça e Segurança Pública,
de posse sobre a mulher, com um misto de tornando-a crime. Com a criminalização desses atos, vários serviços de atendimento às mulheres vítimas
sentimentos por vezes inexplicáveis, tais como de violência foram criados, possibilitando também que fossem mensuráveis dados sobre os casos de
ódio, desprezo e prazer. E muitas vezes violência doméstica que antes eram desconhecidos ou negligenciados.
patriarcal.
LUTAS FEMINISTAS
assassinadas por parceiro é 6,6 vezes maior do
CASA DA MULHER BRASILEIRA CENTRO DE ACOLHIMENTO / CYS.ASDO ABRIGO PARA VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
DOMÉSTICA
LOCAL: BRASÍLIA DISTRITO DE CHUPEI, TAIWAN. ANO: 2014 ISRAEL, ANO: 2014
Por integrar, no mesmo espaço, serviços As características desse projeto que serviram de O jardim central, o “coração” terapêutico do
especializados e prestar atendimento a mulheres inspiração foram a estratégia de aberturas; a boa abrigo e cada nova família receber uma pequena
que sofram qualquer tipo de violência de gênero, qualidade de luz solar e a vegetação se funde casa, foram os aspectos desse projeto que
a casa da mulher brasileira serviu como com a estrutura; e experiência interior e exterior serviram de referência.
referência. simultânea.
º de todo o país, além de ser o segundo município mais populoso do interior do Brasil, ficando
habitantes, sendo o quinto mais populoso de São Paulo e o 23.
atrás somente de Campinas. O recorte a ser trabalhado fica na zona leste da cidade, a segunda região mais adensada, ficando atrás apenas da zona sul. A
escolha do terreno se deu incialmente através da identificação da região com maior ocorrência de casos de violência contra mulher e posteriormente
Atualmente, na parte esquerda do terreno está um canteiro de obras da URBAM (Urbanizadora Municipal), que se pretende que seja retirado e transportado
para outro local mais adequado. A parte direita do terreno, pertence ao clube de futebol de São José dos Campos, onde hoje está sem uso e com placas de
venda.
CAÇAPAVA
JACAREÍ
É fundamental analisar os desafios e problemáticas da cidade de São José dos Campos sob um olhar mais atento e minucioso, para que seja possível criar
meios para enfrenta-los e superá-los. Dados coletados através do Jornal OVALE, cedidos pela Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher mostra
a preocupante realidade em que a cidade se encontra. De janeiro a novembro de 2019, 10 mulheres foram mortas na região em ocorrências de feminicídio. O
número é maior do que em todo o ano de 2018, que foram sete mortes e o dobro dos casos registrados em 2017, cinco. Enquanto em 2016 ocorreram duas
mortes e em 2015 apenas uma. Em uma rápida reflexão sobre esses dados, notamos que em curto período de tempo, cinco anos, os casos aumentaram
1000%. De acordo com levantamento feito pelo OVALE através de informações de Boletins de Ocorrência, a maioria das vítimas foi morta dentro de casa, no
período da tarde. As vítimas tinham em sua maioria de 30 a 40 anos e moravam na zona leste da cidade, onde também foram vítimas do crime. A maioria das
Objetos caseiros, como facas, machados ou pedaços de pau foram as armas mais comuns utilizadas nos crimes. No total, em 2019, cinco vítimas foram mortas
dessa maneira e todas elas foram encontradas com sinais de violência extrema. Três das mortes foram causadas por tiros de arma de fogo (OVALE, 2020),
um dado importante que nos deixa em alerta sobre a não obrigatoriedade de o agressor possuir uma arma de fogo para que seja consumada a morte da
vítima.
Pelo menos cinco vítimas de feminicídio nesse mesmo ano não registraram Boletim de Ocorrência contra o companheiro antes do homicídio. Contudo, na
maioria dos casos, as mulheres já haviam relatado para testemunhas que seus esposos ou namorados tinham comportamento violento durante a relação.
outros
outros
16%
24%
via pública
solteiras
16%
união estável 52%
8%
residencia
68%
casadas Gráficos: Elaborado pela autora com
11/08/2020.
panorama da violência doméstica em São José dos Campos
Figuras: Elaborado pela autora com dados do Jornal OVALE, acesso em 11/08/2020.
A abordagem da violência contra a mulher na cidade de São José dos Campos assume uma dimensão de extrema gravidade. Enquanto esforços
significativos têm sido empreendidos nos últimos anos, percebe-se que ainda há muito trabalho a ser feito para prevenir e reagir ao problema.
Tendo em vista que a maior parte das violências ocorreram dentro de casa, causadas por companheiros e armas brancas de fácil acesso, o ambiente familiar
torna-se um ambiente hostil e de vulnerabilidade para a mulher, causando uma aparente sensação de impunidade para o companheiro e de inércia para a
vítima. Nesse contexto, fica evidente a necessidade da retirada das mulheres desses locais para que sejam abrigadas em um ambiente que possibilite uma
Analisando o entorno imediato ao terreno, nota-se um grande número de equipamentos institucionais e serviços públicos, assim como pontuado no plano
diretor. Podemos encontrar equipamentos que fazem parte do processo de abrigamento da mulher, que estando próximo ao Centro de Acolhimento facilitam
o encaminhamento e tornam esse processo mais rápido e eficiente, como Hospital da Mulher, Pronto Socorro Municipal, UBS e CREAS.
Grande parte do transporte público que dá acesso à rua Dr. Ricardo Edwards, na qual está inserido o terreno, utiliza das vias arteriais Av. Presidente Juscelino
Dentro do macro sistema viário a rua na qual está inserida o terreno, é classificada como uma via local (pequeno porte) caracterizada pelo baixo fluxo de
veículos, mesmo sendo de mão dupla. A principal via de acesso ao terreno é a via arterial Av. Presidente Juscelino Kubitschek, de mão dupla, que liga a rua
Dr. Ricardo Edwards na qual está localizada o terreno. A rua arterial Saigiro Nakamura também se mostra importante, tendo menor fluxo por ser de mão
única.
Fonte: elaborado pela autora com dados do Plano Diretor LEI COMPLEMENTAR N. 612/2018.
legislação
O terreno escolhido possui 3.442m ² e fica na rua Dr. Ricardo Edwards, no Bairro Vila Industrial que se classifica como uma Centralidade Local Consolidada,
sendo uma área mais dinâmicas da cidade e que exerce atratividade sobre a população concentrando, principalmente, diversidade e intensidade de
atividades.
Dentro do macrozoneamento estabelecido pelo Plano Diretor LEI COMPLEMENTAR N. 612, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2018, a área escolhida se encaixa como
Macrozona de Consolidação - MC: perímetro caracterizado pela continuidade da malha urbanizada, por sua melhor acessibilidade e pela elevada oferta de
equipamentos, serviços públicos e maior concentração de empregos. Em que também se prevê uma ocupação de vazios urbanos com diversidade de usos,
Fonte: elaborado pela autora com dados do Plano Diretor LEI COMPLEMENTAR N. 612/2018.
eixos visuais
O terreno escolhido possui 3.442m ² e fica na rua Dr. Ricardo Edwards, no Bairro Vila Industrial que se classifica como uma Centralidade Local Consolidada,
sendo uma área mais dinâmicas da cidade e que exerce atratividade sobre a população concentrando, principalmente, diversidade e intensidade de
atividades.
Dentro do macrozoneamento estabelecido pelo Plano Diretor LEI COMPLEMENTAR N. 612, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2018, a área escolhida se encaixa como
Macrozona de Consolidação - MC: perímetro caracterizado pela continuidade da malha urbanizada, por sua melhor acessibilidade e pela elevada oferta de
equipamentos, serviços públicos e maior concentração de empregos. Em que também se prevê uma ocupação de vazios urbanos com diversidade de usos,
podemos visualizar
Edwards e o muro
branco do terreno
a esquerda.
nesse eixo
visualizamos o
outro trecho da
Edwards e o
do lado direito.
nos mostra a
calçada em frente
ao terreno, do
Dr. Ricardo
Edwards, onde
Fonte: elaborado pela autora com dados do Google Earth., 2020, está a URBAM.
proposta de projeto - programa de necessidades
Analisando o projeto da Casa da Mulher Brasileira de Brasília e como foram divididos os serviços dentro
da mesma, foi elaborado esse programa de necessidades. Contudo, alterações julgadas de extrema
necessidade foram feitas, como a inclusão de uma enfermaria com atendimento de emergência para as
mulheres, espaço para animal de estimação e uma área maior destinada para o alojamento, sendo o
foco do projeto.
Acolhimento e triagem: O serviço da equipe Defensoria pública: O Núcleo Especializado Central de transportes: Possibilita o
de acolhimento e triagem é a porta de da Defensoria Pública orienta as mulheres deslocamento de mulheres atendidas na
entrada da Casa. Forma um laço de sobre seus direitos, presta assistência jurídica Casa Bertha Lutz para os demais serviços da
confiança, agiliza o encaminhamento e inicia e acompanha todas as etapas do processo Rede de Atendimento: saúde, rede
os atendimentos prestados pelos outros judicial, de natureza cível ou criminal; socioassistencial (CREAS), medicina legal e
Apoio psicossocial: A equipe multidisciplinar a ação penal nos crimes de violência contra anos de idade, que acompanhem as
sofrida; e a resgatar a autoestima, autonomia Promoção da autonomia econômica: Esse mulheres em situação de violência,
e cidadania; serviço é uma das “portas de saída” da acompanhadas ou não de seus filhos;
Delegacia: Delegacia Especializada de buscam sua autonomia econômica, por meio Saúde: Os serviços de saúde atendem as
Atendimento à Mulher (DEAM) é a unidade da de educação financeira, qualificação mulheres em situação de violência. Nos casos
Polícia Civil para ações de prevenção, profissional e de inserção no mercado de de violência sexual, a contracepção de
proteção e investigação dos crimes de trabalho. As mulheres sem condições de emergência e a prevenção de doenças
violência doméstica e sexual, entre outros; sustento próprio e/ou de seus filhos podem sexualmente transmissíveis/aids devem
Juizado e/ou vara especializada: Os assistência e de inclusão social dos governos urgência, os serviços de saúde também
Considerando os levantamentos e a necessidade de tornar a área um local mais seguro e agradável para as mulheres da cidade de São José dos Campos,
adequando o entorno e as necessidades em um projeto arquitetônico de um Centro de Acolhimento que visa a segurança, bem estar, tratamento mais
humanizado e acolhimento para mulheres em situação de violência. A concepção do projeto nasce a partir da ideia de proporcionar um espaço que ofereça
todos os cuidados necessários para o processo de acolhimento da mulher, desde o acolhimento, o judicial a psicológico e a reinserção social das mulheres
Quanto a linguagem formal, partiu-se da ideia da proteção, onde o maior bloco com serviços gerais se encontra na parte frontal do terreno, sendo um bloco
maior e mais alto que os outros, fazendo uma barreira e garantindo assim maior privacidade as mulheres. Os blocos privados se encontram na lateral e ao
fundo do terreno, formando um grande pátio central descoberto, que visa proporcionar maior convivência entre as mulheres e seus filhos. O paisagismo e o
projeto de iluminação entram como auxiliares na busca por um local que proporciona o bem estar para aquelas que ali estarão.
DIRETRIZES DO PROJETO
reabilitação.
FUNCIONÁRIOS
⦁ Utilizar do paisagismo como estratégia para
SERVIÇOS COMUNITÁRIOS
mascarar formas de segurança (além do uso de
ADMINISTRAÇÃO
muros, gradis, policiais).
conforto térmico.
necessidade de órgãos que funcionassem 24h de forma pública e a habitação de forma privada, que devem ter acesso mais restrito afim de garantir a
segurança das usuárias. Assim estabeleceu-se dois grandes blocos onde o primeiro reuniria as funções de Delegacia da mulher, Juizado especializado,
triagem, enfermaria, apoio psicossocial, administração e área de funcionários. Enquanto o segundo abriga as habitações e atividades internas.
A vegetação proposta visa a proteção solar de algumas áreas como o playground e também como barreira visual para as habitações, assim como para
proporcionar um ambiente mais acolhedor para aquelas que ali viverão. A escolha de localizar os blocos de habitação de forma escalonada, se dá por conta
telha térmica
sanduiche
telha térmica
telha térmica
2 sanduiche
sanduiche 3
telha térmica
telha térmica
1
sanduiche
sanduiche
LEGENDA
telha térmica
sanduiche
1 administração e funcionários
3 jurídico
telhado
4 espaço de convivência
verde
4
6 5 habitações
5
6 estacionamento
7 playground
8 espaços comunitários
9 9 caixa d'agua
7 telhado
verde
8
IMPLANTAÇÃO
Em torno de todo o terreno foi proposto um muro, cumprindo tanto a função de proteção física quanto visual. Este muro consiste em estruturas verticais de
alvenaria com 13cm de largura x 40cm de comprimento x 3m de altura, que de acordo com o ângulo do observador (que está no interior ou exterior da Casa),
A ideia partiu da intenção de ter o muro como uma barreira física para dificultar o acesso e a visão de fora para dentro da casa, mas que não trouxesse uma
sensação de "prisão" para as mulheres que ali moram. Para tal, além da forma do muro, por dentro do terreno em toda a extensão do mesmo, foram
SERVIÇO ÁREA
JURÍDICO 828,60m ²
RECEPÇÃO E SERVIÇOS INICIAIS 1.879,75m ²
HABITAÇÕES 1136,34m ²
FUNCIONÁRIOS 589,98m ²
Fonte: Elaborado pela autora, 2021. Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
soluções de conforto ambiental
Por conta da grande amplitude térmica da cidade de São José dos Campos, várias foram as estratégias de forma a trazer conforto ambiental para o edifício.
Primeiro, o edifício ser composto por duas peles, onde a externa, sendo um painel de cobogó tipo votú (vide figura), funciona como sombreamento sem
impedir a ventilação por toda a edificação. O sombreamento é uma estratégia para redução dos ganhos solares através do envelope da edificação, sem no
Segundo, a vegetação foi utilizada também como barreira física, além da barreira visual, para a incidência solar em certos lugares sem cobertura voltados
Foi empregado também o uso de telha de metal termo acústica tipo sanduiche que possuem baixo coeficiente de condutividade térmica, ou seja, possuem
E por fim, a utilização de telhado verde, que de forma sustentável e estética, auxilia no controle térmico e acústico da edificação.
TIPO 1
9,7 m²
TIPO 2
11,2 m²
TIPO 3
16,1 m²
ELEVAÇÃO FRONTAL
CORTE BB
CORTE AA
LAJE
PLATIBANDA EM ALVENARIA
VEGETAÇÃO
SUBSTRATO
MANTA DRENANTE
DRENAGEM
PROTEÇÃO MECÂNICA PAINEL DE VIDRO COM ESQUADRIA EM ALUMÍNIO
MANTA IMPERMEABILIZANTE
(CONCRETO)
LAJE
DETALHE 1
DETALHE 2
HABITAÇÕES AO FUNDO
ÁREA DE CONVIVÊNCIA E PRÉDIO DE HABITAÇÕES
DO EDIFÍCIO DE HABITAÇÕES
ÁREA DE CONVIVÊNCIA VISTA DE DENTRO DO EDIFÍCIO
A violência contra mulher é uma das preocupações da sociedade brasileira que vem sendo notada através das recentes mobilizações de grupos de mulheres.
Nesse sentido, a arquitetura pode contribuir ao propor espaços acolhedores e seguros em Centros de Atendimento e Delegacias da Mulher entre outros
equipamento públicos que oferecem qualquer tipo de atendimento para esse público.
A Casa Bertha Lutz visa, portanto, criar esse espaço ideal na cidade de São José dos Campos, tendo em vista a demanda crescente e os pouquíssimos locais
adaptados para prestar esse serviço. Através dos extensos estudos realizado sobre a temática, foi possível propor um edifício que atenda as questões
A partir da articulação de diretrizes contraditórias, onde se mostrar e se proteger são duas faces do mesmo problema, é que buscou-se subverter a ideia de
que abrigos/delegacias/centros de atendimento para mulher em situação de violência precisam ser locais infelizes - muitas vezes semelhante a agressão.
Em vista disso, a casa Bertha Lutz reúne diversas funções em um mesmo ambiente de forma a integralizar o atendimento e dar visibilidade ao problema,
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.
ESSY, Daniela Benevides. A evolução histórica da violência contra a mulher no cenário brasileiro: do patriarcado a busca pela efetivação dos direitos
CARLOTO, C.M.; CALÃO, V. F. A importância e significado de casa abrigo para mulheres em situação de violência conjugal. Revist emancipação. Vol. 6, n.1,
WAISELFISZ, Julio Jacobo Waiselfisz. Mapa da violência 2015. Disponível em: http://www.onumulheres.org.br/wp-
DIAS, Sandra Pereira Aparecida. UM BREVE HISTORICO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. Disponível em:
https://araretamaumamulher.blogs.sapo.pt/16871.html
UNRIC - Centro Regional de Informação das Nações Unidas. Estudo fundamental sobre violência doméstica. Relatório da OMS realça amplitude do fenômeno
PENHA, Maria da. Sobrevivi... posso contar. 2. ed. Fortaleza: Armazém da Cultura, 2012.
ESSY, Daniela Benevides. A evolução histórica da violência contra a mulher no cenário brasileiro: do patriarcado à busca pela efetivação dos direitos
CARVALHO, Julia. A cada três horas, uma mulher solicita medida protetiva em São José. Disponível em:
https://www.ovale.com.br/_conteudo/nossa_regiao/2019/07/82452-a-cada-tres-horas--uma-mulher-solicita-medida-protetiva-em-sao-jose.html. Acesso
em: 11/08/2020.
PEREZ, Thais. Dois em cada dez homicídios em São José são feminicídios. Disponível
11/08/2020.
GOVERNO FEDERAL. GOV.BR. Casa da Mulher Brasileira é inaugurada em Brasília. Disponível em:https://www.gov.br/mdh/pt-br/noticias-
em: 20/09/2020
GONZÁLEZ, Maria Francisca. Abrigo para Vítimas de Violência Doméstica / Amos Goldreich Architecture + Jacobs Yaniv Architects. Disponível em:
https://www.archdaily.com.br/br/895789/abrigo-para-vitimas-de-violencia-domestica-amos-goldreich-architecture-plus-jacobs-yaniv-architects. Acesso
em: 20/09/2020.
PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. Plano Diretor – Lei complementar. Disponível em: https://www.sjc.sp.gov.br/servicos/urbanismo-e-
Mulheres da Seguridade Social participam dos atos e mobilizações do 08 de março em todo o país. http://www.cntsscut.org.br/destaques/3240/mulheres-
da-seguridade-social-participam-dos-atos-e-mobilizacoes-do-08-de-marco-em-todo-o-pais#ad-image-0
Nas ruas por mais direitos, feministas buscam ressignificar o Dia da Mulher. https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2018/03/08/interna-
brasil,664641/nas-ruas-por-mais-direitos-feministas-buscam-ressignificar-o-dia-da-m.shtml