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UNIVERSIDADE FEDERAL DO NORTE DO TOCANTINS (UFNT)

CENTRO DE EDUCAÇÃO, HUMANIDADES E SAÚDE (CEHS)


CURSO DE DIREITO

VITÓRIA MATOS DE MORAIS

VIOLÊNCIA DE GÊNERO: A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO MUNICÍPIO DE


TOCANTINÓPOLIS

TOCANTINÓPOLIS -TO
2023
VITÓRIA MATOS DE MORAIS

VIOLÊNCIA DE GÊNERO: A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO


MUNICÍPIO DE TOCANTINÓPOLIS

Trabalho referente a violência contra o gênero


feminino no município de Tocantinópolis. No qual
será abordado as circunstâncias deste viés nos
últimos meses dentro dos limites municipais da
pequena cidade tocantinense.

TOCANTINÓPOLIS-TO
2023
INTRODUÇÃO
De acordo com dados da Wikipédia, localizada no Estado do Tocantins, e até
o ano de ano de 1943 conhecida como Boa Vista do Padre João, o município
de Tocantinópolis situa-se às margens do rio Tocantins. De acordo com o último censo
do IBGE em 2010, a pequena cidade contava com aproximadamente 22.619
habitantes. Entretanto, o pequeno munícipio vem enfrentando diversas ocorrências de
violência contra a mulher. Problema na qual será abordado neste trabalho acadêmico,
em entrevista realizada no dia 07 de junho de 2023 na Delegacia Especializada em
Atendimento à Mulher de Tocantinópolis, com participação autorizada pelos devidos
termos, da Escrivã de Polícia e Psicóloga, Viviane Moura de Azevedo Ribeiro.
Juntamente com dados coletados no sistema PPE (Procedimentos Policiais
Eletrônicos), sistema estadual utilizado para registrar ocorrências.
Tendemos, portanto, a esquecer que a violência é um fenômeno
diverso e complexo. Existem muitas formas de violência. E elas estão
tão presentes em nosso cotidiano que se tornam, muitas vezes, algo
banalizado, “naturalizado” ou até mesmo ignorado. (Revista de
Psicologia da UNESP, 2(1), 2003).
De fato, tendo em vista os dados apresentados no decorrer deste trabalho
acadêmico, é notável como a violência em específico no município em que se realizou
o projeto, tem se tornado algo banal, ou até mesmo ignorado, uma vez que não temos
presentes tantas campanhas sociais e políticas no município que mostrem que a
violência de gênero está presente e misturada desde a maior, à menor classe social
de pessoas residentes no município.
A princípio, é necessário entender onde está acontecendo a violência. O
porquê de não estar escancarada aos olhos de quem não a vive. Mas que acontece
com mais frequência do que imaginamos e é comprovada a partir de registros de
ocorrência coletados no PPE. O papel que é, ou menos deveria ser desempenhado
pela família da vítima, mas que por muitas vezes é o agente causador deste viés, ou
a impede de buscar ajuda, a mantendo encarcerada no sofrimento de um ambiente
de violência na qual está em risco a própria vida, a vida dos filhos, e a mantem em
um futuro incerto que as vezes a faz acreditar que seu agressor vai mudar; ou que
não quer aceitar criar os filhos com a ausência do pai; a dependência emocional e
financeira dentre outros fatores.
É necessário saber quem é a vítima; quem é o agressor; a motivação que,
mesmo não justificando motiva o crime, e intimida a maioria das vítimas a não levar a
ocorrência aos órgãos de segurança; devemos ter em mente que:

O primeiro mito a ser desfeito é o de que a violência ocorre


predominantemente fora de casa. Talvez esse mito exista
porque a violência social está muito presente em nossas vidas.
Ela se manifesta na miséria, no desemprego, no analfabetismo,
na fome, na falta de acesso a bens e serviços, ou seja, nas
muitas formas de desigualdade social.’ (RIBEIRO, GLÁUCIA e
PEREIRA, FÁBIO, 2003).
Logo, subtende-se que a violência está acontecendo também dentre as pessoas já
esclarecidas do assunto, e não apenas mulheres com escolaridade incompleta ou sem
escolaridade. Também acontece com mulheres pardas e brancas em sua maioria pelo
que foi relatado, dentro do município, e não somente em mulheres negras e indígenas.
A violência está nos mais diversos âmbitos e encoberta muita das vezes pela vergonha
da exposição pessoal; da exposição da família.
Portanto, o presente projeto acadêmico surgiu com a ideia de abordar o
contexto da violência especificamente contra a mulher, no município de
Tocantinópolis, um tema que por sua vez é tratado de forma silenciosa seja apenas
entre a vítima e agressor, até chegar nos órgãos de segurança pública locais, que por
sua vez cabem assegurar a integridade da vítima, e garantir segurança e proteção.
Ademais, o trabalho irá abordar dados reais coletados na DEAM de
Tocantinópolis (Delegacia Especializada em atendimento à Mulher) da cidade; a visão
de profissionais à cerca do assunto, e como o município situado no chamado ‘’Bico
do Papagaio’’ vem enfrentando este viés de forma sigilosa na qual será surpreendente
ao leitor os dados revelados a seguir.
OBJETIVOS

O presente trabalho tem por objetivo apresentar o trabalho desempenhado pela


Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher na cidade de Tocantinópolis, dados
dos últimos meses referentes à violência de gênero na cidade de Tocantinópolis,
inclusive a realidade da vítima e do agressor neste contexto. O percurso feito até a
denúncia de fato chegar a DEAM, a atuação do judiciário, e dos demais órgãos de
Segurança pública do município, a recorrência dos casos e como o órgão lida com a
demanda destas questões da violência de gênero que, apesar de oculta aos olhos dos
moradores, está cada vez mais escancarada e desejando uma maior demanda de tais
órgãos de segurança.
O ambiente familiar e a reversão do seu papel.
O fenómeno da violência doméstica não é contemporâneo. Era já uma
realidade nas famílias da sociedade tradicional. Nesta altura, a
delimitação entre a esfera familiar e comunitária era pouco vincada e
a violência doméstica era o reflexo de um contexto social violento,
sendo encarada com normalidade. As mulheres e crianças não tinham
direitos reconhecidos e estavam totalmente dependentes da vontade
masculina. (FERNADES, 2012).
O ambiente familiar não deveria ser justamente de acolhimento e proteção de
seus indivíduos? Esta é a primeira dúvida que surge quando dentre as violências
contra a mulher, falamos da violência doméstica, ocorrida no âmbito familiar. E ao
questionar esta dúvida para este projeto acadêmico na DEAM, (Delegacia
Especializada em Atendimento à Mulher) no município de Tocantinópolis, à Escrivã
de Polícia e Psicóloga Viviane Moura de Azevedo Ribeiro, a mesma respondeu que,
O ambiente familiar, a casa, teria que ser um ambiente de paz, de
acolhimento, de amor, mas infelizmente as pessoas não têm buscado
isso, as pessoas não buscam ter paz. Muitas das vezes começam com
o uso do álcool, festas, ciúmes, traições, e essas violências não são
justificadas, a mulher está em casa e o homem mata a mulher. Não
posso te dar uma resposta concreta do porquê. Cada situação é
diferente uma da outra. Porém o âmbito familiar deveria ser de paz.
Ainda de acordo com a entrevistada, a violência mais registrada contra a mulher
na DEAM tem sido a violência doméstica, na qual o agressor, é por maioria, o
companheiro. ‘Em se tratando de mulheres, a maior parte das violências é a
doméstica, sendo ameaça e lesão corporal, geralmente pelo companheiro.’ (MOURA,
2023). Portanto, diante deste contexto, podemos afirmar que, se a mulher não está
segura no âmbito familiar, que em regra deveria ser o primeiro ambiente a acolher e
trazer segurança, não está segura nas demais esferas sociais.
Ademais, a violência que se expressa entre vítima e companheiro pode ser
compreendida como um processo cíclico, progressivo e relacional. De acordo com os
estudos de Walker (1999; 1979 apud Falcke et al.), que visualiza o ciclo da violência
doméstica em três fases. São elas: I) Construção da Tensão: esta fase é onde iniciam
pequenos incidentes, são considerados racionalmente e acreditam que a situação
ainda está sob controle; II) Tensão Máxima: nesta fase, ocorre a perda do controle
sobre a situação, sendo as agressões levadas ao extremo; III) Lua de mel: fase de
reestruturação do relacionamento, desejo de mudança, arrependimento e promessas
de que nunca mais se repetirá. FALCKE, OLIVEIRA, ROSA E BENTACUR (2009).
Visto ainda que, de acordo com dados coletados no sistema PPE
(Procedimentos Policiais Eletrônicos), no ano de 2022 houve um total de 133 Bo´s
registrados com violência doméstica (de 01/01/22 a 31/12/2022. Logo, é viável a
afirmação: Nossa dificuldade em entender que a família é, simultaneamente, nó e
ninho tem um produto funesto: o silêncio e o segredo que envolvem os episódios de
violência (DINIZ e PONDAAG, 2004).
Ainda durante a entrevista, foi mencionado pela entrevistada Viviane Moura,
Às vezes o agressor aprende que só consegue resolver aquela
situação com violência [...] Ele entende que a maneira que ele vai
resolver o problema dele é partindo para a agressão. O homem ele
realmente não tem tanta paciência para conversar, discutir com a
mulher. O homem ele quer resolver logo. E no impulso ali, ele usa a
arma que ele tem mais rápida que a violência, a agressão. (MOURA,
2023).

Partindo deste pressuposto, a premissa de que ‘A estrutura patriarcal de poder


associa masculinidade a comportamentos agressivos e dominadores e feminilidade a
comportamentos submissos, o que normaliza um conjunto de violências contra a
mulher’ (CNMP, 2018) nada mais é que uma forma de justificar os atos do agressor, e
que por muita das vezes acaba induzindo a vítima a permanecer no ambiente na qual
sofre agressão, uma vez que a mesma passa a normalizar a violência por acreditar
que é da natureza do homem, e que a si cabe a submissão. Em suma, a sociedade
contemporânea caracteriza-se por ser majoritariamente machista e patriarcal, e que
adere a lemas conservadores como ‘Deus, pátria e família’, que reflete em oprimir o
sexo feminino.

O perfil das vítimas e o silêncio.

Portanto, ao deduzir que, se a mulher está sendo vítima de uma violência no


seio familiar, qual seria a primeira rede de apoio para ela, e o que, por muitas das
vezes a impede de buscar ajuda?
Os silêncios e segredos, por sua vez, remetem a um outro mito: o de
que é fácil falar e/ou lidar com a violência. Tomamos como parâmetro
comportamentos como o da mídia, que pode fazer alarde diante da
impessoalidade e do distanciamento dos fatos, e esquecemos da
dimensão afetiva que acaba por influenciar o comportamento das
pessoas que vivem a violência. Assim, silêncios e segredos falam de
muitos medos que pessoas envolvidas costumam sentir. Tanto
crianças e adolescentes quanto mulheres adultas frequentemente
sofrem pressões e ameaças por parte da pessoa que os violenta. Tais
pressões e ameaças somadas ao sentimento de lealdade para com o
familiar (pai, tio, avô, marido) silenciam as pessoas. Ademais, existe o
medo de ser incompreendida e de não receber apoio; o medo de ser
culpabilizada e/ou responsabilizada pelo ocorrido; e o medo de ser
desvalorizada e/ou estigmatizada tanto pelo grupo familiar mais
próximo quanto pela sociedade em geral (CIRILLO e BLASIO,
1991).
Nesta pesquisa à campo na DEAM do município de Tocantinópolis, foi sugerido
este questionamento do porquê a vítima hesita em pedir ajuda. É compreensível o fato
de se tratar de uma cidade pequena no interior do Estado, em que notícias como estas
‘correm rápido’, e causa um constrangimento à mulher. Ademais surgem outros
fatores como a dependência financeira destas mulheres e outros aspectos. De acordo
com a Escrivã da Delegacia Especializada em atendimento à mulher do município em
questão: A vergonha de se expor, a dependência financeira do marido, falsas
promessas por parte do agressor de que irá mudar e a mulher acredita nisso. Ameaças
para não denunciar, a vergonha de não expor a própria família, o medo dos filhos
ficarem desamparados (MOURA, 2023). Ainda conforme a entrevistada,
A violência doméstica é muito democrática. Ela não escolhe classe
social, então tem mulheres de diversas posições sociais que são
violentadas, e mesmo assim são pessoas que são esclarecidas e que
sentem vergonha de se expor, de mostrar que foi violentada [...] em
relação a escolaridade, a gente tem um grande número de violência
doméstica em pessoas com menor escolaridade, mas a violência de
doméstica não escolhe classe social, nem raça, nem grau de
instrução. Ela se permeia em todas essas esferas. Nós temos aqui de
alta posição social à menor’. Nós temos aqui negras, indígenas,
brancas, e pardas que são a maioria. (MOURA, 2023)
‘Mulheres casadas que vivenciam violência em suas relações conjugais,
movidas pelo medo do marido e por sentimentos de proteção aos filhos, hesitam em
expor “detalhes” da intimidade.’ (GROSSI, 1996). Portanto, se ainda movidas pelo
medo, pela vergonha de se expor e expor a família, há uma alta demanda exigida pela
DEAM do município, em casos de violências domésticas, pode-se afirmar que ainda
há muitas mulheres que estão sendo vítimas no exato momento e infelizmente
seguem silenciadas.

É importante ressaltar que os medos mencionados aqui e muitos


outros se tornam empecilhos para que as mulheres procurem ajuda.
Impedem também que queixas sejam registradas nas delegacias. E,
quando as denúncias são feitas, é muitas vezes o medo, ameaças e
coerções dos maridos e companheiros que levam várias mulheres a
retirarem as mesmas, alegando, dentre outras coisas, que se
equivocaram e/ou que resolveram dar uma chance ao parceiro.
(ANGELIM, 2004)
Este viés segue ocorrendo no município. A entrevistada afirma que, ‘As mulheres vêm
e denunciam. Depois ela se ‘entende’ com o marido e retira, se retrata. Depois
novamente retrata. Então isso é muito recorrente’ (MOURA, 2023). Portanto sem
dúvidas pode-se afirmar o poder que o agressor tem em manipular a vítima para fazer
a retirada da queixa. Seja como citado anteriormente, de que o mesmo irá mudar, e
faz uma chantagem emocional com a mulher que em sua maioria é a companheira,
para a mesma retirar a denúncia. O problema se manifesta de forma ainda pior quando
após este, vem o segundo, terceiro, e quarto episódio de agressão, até chegar ao fim
trágico, que é a morte da vítima.

Tocantinópolis: Casos reais

Afirmar que há, atualmente uma demanda alta recebida pela DEAM de
Tocantinópolis, e falar em específico da violência doméstica caracterizada pela maioria
das vezes pela lesão corporal, esconde por de trás uma realidade ainda mais cruel que
esta. Ainda mais cruel do que se pode imaginar. Ao questionar a entrevistada desta
pesquisa, Escrivã de Polícia Viviane Moura de Azevedo Ribeiro, quais casos mais a
impactou em seu tempo de carreira. As respostas obtidas revelam os tipos de
ocorrência que, se comparados a crimes que ocorrem em grandes metrópoles do país,
não há diferença quanto a forma cruel, que é mostrada diariamente pela imprensa. De
acordo com ela, ocorreram três casos de maior impacto pessoal.
O agressor vinha à ameaçando diversas vezes, até que numa tarde,
matou a mulher na frente das filhas. No setor Alto Bonito,
Tocantinópolis-TO. Um outro caso, o homem matou a mulher a
facadas e se matou em seguida.
E outro que me chamou muita atenção foi justamente dentre esses
casos de recorrência. O agressor teve uma ex-esposa, a agrediu e
estava respondendo na justiça. Depois teve outra companheira,
agrediu e estava respondendo, e ele estava na terceira companheira.
Essa terceira, fez o boletim de ocorrência, já sabia da situação, eu falei
para ela ter cuidado porque ele poderia agredir ela. Ela acreditava que,
com ela, ele seria diferente. Ela fez o boletim de ocorrência, a gente
foi lá, monitorou, conversou com ela, acompanhou e eu mesma avisei
para ela: - Cuidado que ele pode agredir você novamente. Ela voltou
com ele e aconteceu um novo episódio de agressão, e ela se separou
pela gravidade. Eu mais uma vez falei: - Olha, cuidado. Não confie,
porque ele pode te agredir. Resumindo, ela estava com um outro
companheiro por um tempo, e ele se programou, foi a casa dela a noite
enquanto eles estavam dormindo e deu facadas nela e no seu atual
companheiro. Ele ficou 15 (quinze) dias na UTI. Então nesse caso ele
só não matou ele e ela, pois eles chegaram a acordar, e atualmente
está preso. E EU a avisei diversas vezes. Cuidado. (MOURA, 2023)
Por fim, ao trazer estes relatos vivenciados no tempo de atuação da
entrevistada, e fazer uma avaliação do grau de violência que está ocorrendo no
município, surge a dúvida se existe alguma diferença quanto a forma que é executado
pelo agressor em crime que acontecem nas grandes cidades e que são noticiados
pela imprensa diariamente em relação ao grau de violência que vem ocorrendo e
sendo registrado em municípios do interior como Tocantinópolis-TO. Principalmente
no que se fere ao perfil da vítima; perfil do agressor; como ocorrem; se são ou não
denunciados; e como a população destes diferentes ambientes reagem quando esses
casos vêm a público. Há uma necessidade de monitorar, se há atualmente uma
preocupação por parte dos órgãos de segurança pública nas diferentes esferas sociais
de Tocantinópolis com os casos de violência doméstica, feminicídio e demais
violências. Se estes órgãos têm uma estrutura capaz de combater/conter, os altos
índices de violência que ocorrem atualmente no município. As considerações finais
são que, é de responsabilidade do Poder Executivo através da Secretária de
Assistência Social conscientizar em especial as mulheres sobre o grau de perigo que
há na violência de gênero à fim de conter estes casos. Mais campanhas municipais,
o uso das redes sociais do município em questão para manter esse tema em
repercussão. Pois, diariamente pode haver e sem dúvidas há, uma mulher sendo
violentada dentro das fronteiras deste município. É de suma importância prezar pela
segurança e garantir os direitos fundamentais e individuais do gênero feminino.
METODOLOGIA

O presente projeto de pesquisa acadêmico de teve como método a pesquisa


de campo, na DEAM (Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher) no munícipio
de Tocantinópolis no dia 07 de junho de 2023. Em relação à abordagem utilizada, houve
a entrevista autorizada pelos devidos termos de consentimento da Escrivã de Polícia e
psicóloga Dra. Viviane Moura de Azevedo Ribeiro, e para contribuição deste projeto, foi
utilizado do método documental, a partir de dados coletados no sistema PPE
(Procedimentos Policiais Eletrônicos), sistema estadual utilizado para registrar
ocorrências.
RESULTADOS ESPERADOS
A presente pesquisa, que teve por objetivo a análise do papel desempenhado
pela DEAM do município de Tocantinópolis, com participação da entrevistada, Escrivã
de Polícia e Psicóloga Viviane Moura de Azevedo Ribeiro, teve como resultados
esperados uma análise efetiva da violência doméstica que está concentrada no âmbito
familiar e matrimonial, visto que há um número maior de ocorrências registradas no
município. Através deste estudo, conclui-se que a situação está tomando um quadro
mais agravante, tendo por consequência uma alta demanda diariamente tanto da
DEAM, quanto dos demais órgãos de segurança públicos. A violência contra a mulher
no município em questão, vem ocorrendo de maneira silenciosa, quase não se ouve
falar, uma vez que, ocorrendo no ambiente familiar, causa constrangimento e uma
maior repulsão na vítima em denunciá-la. Não há um perfil concreto da vítima, logo, a
violência ganha o adjetivo de democrática, por estar presente até mesmo em famílias
nas quais os indivíduos são considerados esclarecidos. Todavia, é necessário que
haja uma desconstrução dos seguintes mitos construídos no que se fere violência:
as ideias preconcebidas, as deduções preconceituosas, os
boatos e as representações falsas, muitas vezes ilusórias e
infundadas, que nos levariam a conclusões apressadas na
compreensão dos fenômenos de violência. O perigo está no fato
de que esses mitos acabam por influenciar concepções e por
estabelecer parâmetros para intervenções quer seja em nível
psicoterapêutico, médico, legal e/ou de assistência social que
desvalorizam e deslegitimam as queixas das pessoas
envolvidas em casos de violência (SAFFIOTI, 2003).
Portanto, o primeiro passo é descontruir o olhar de preconceito às mulheres
vítimas de violência, garantir amparo e segurança, para que as denúncias sejam
concretizadas, e que o silencio não se torne posteriormente um relato de feminicídio
no município de Tocantinópolis.
CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

2023.1
ETAPAS MAIO JUNHO

ESCOLHA DO TEMA

LEVANTAMENTO DE
REFERÊNCIAS
CONCLUSÃO DO PROJETO

APRESENTAÇÃO DOS
RESULTADOS

ENTREGA DO TRABALHO FINAL


REFERÊNCIAS

Razera, R.; Mara, C.; Falcke, D. Violência Doméstica e Transgeracionalidade: Um


Estudo de Caso, Revista de Psicologia da IMED, v.6, n.1, p. 47-51, jan./jun. 2014
Disponível em:

https://www.researchgate.net/profile/Denise-
Falcke/publication/284345309_Violencia_Domestica_e_Transgeracionalidade_Um_E
studo_de_Caso/links/578799d608aedc252a935ed4/Violencia-Domestica-e-
Transgeracionalidade-Um-Estudo-de-Caso.pdf Acesso em: 11 junho. 2023.

Ribeiro, G.; Pereira, F. Violência doméstica - Por que é tão difícil lidar com ela? Revista
de Psicologia da UNESP, v.2, n.1, 2003 Disponível em:
revpsico-unesp.org Acesso em: 11 junho. 2023.

CONSELHO NACIONAL DO MINSTÉRIO PÚBLICO. Violência contra a mulher: Um


olhar do Ministério Público Brasileiro. Brasília: CNMP, 2018. 244 p. Disponível em:
https://mpba.mp.br/sites/default/files/biblioteca/direitos-humanos/direitos-das-
mulheres/obras_digitalizadas/feminicidio_web_1_1.pdf#page=141 Acesso em 16
junho. 2023

FERNANDES, BRUNO. Violência Doméstica – O Papel da Polícia de Segurança


Pública Face à Vitimação de Menores. 2012. (Trabalho de Projecto do Mestrado
Integrado em Ciências Policiais) - Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança
Interna, Lisboa, 2012. Acesso em 16 junho. 2023.

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