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UNIVERSIDADE FEDERAL DO NORTE DO TOCANTINS

CENTRO DE EDUCAÇÃO, HUMANIDADES E SAÚDE DE TOCANTINÓPOLIS


CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

MARIANA DA SILVA BENTO

PARENTALIDADE: JURISPRUDÊNCIA ACERCA DAS MÃES UNIVERSITÁRIAS

Tocantinópolis
2023
Mariana da Silva Bento

Parentalidade: Jurisprudência Acerca das Mães Universitárias

Pré-Projeto de pesquisa apresentado na disciplina


de Metodologia do Trabalho Científico do segundo
período do Curso de Bacharelado em Direito, para
obtenção de nota no semestre.

Orientador prof. Dr. Eliseu Riscaroli

Tocantinópolis
2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 03

2 OBJETIVOS E HIPÓTESE ................................................................ 06

2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................... 06

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................... 06

2.3 HIPÓTESE PRIMÁRIA ................................................................... 06

2.4 HIPÓTESE SECUNDARIA ............................................................. 06

3 MÉTODO DA PESQUISA ................................................................ 08

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................ 09

5 RESULTADOS ESPERADOS .......................................................... 13

6 REFERÊNCIAS................................................................................. 14
1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a necessidade de uma educação a nível superior vem se tornando


cada vez mais indispensável ao passar dos anos. Ademais, ao longo da história as
mulheres vêm conquistando a ocupação desses espaços (colégios, escolas técnicas,
universidades) com uma grande frequência, visto que, antes era vetada sua
participação e hoje são as mulheres o maior número de concluintes desses cursos.
Logo, quando se trata de estudante, mulher e mãe, cria-se um imbróglio ainda muito
estigmatizado pela sociedade e pela instituição de ensino, uma vez que não existe
uma legislação específica que ampare essas mães enquanto estudantes, ocorrendo
a evasão desses cursos e abandono total dos estudos.

Nesse contexto, essa pesquisa visa analisar a jurisprudência existente que


ampare a parentalidade, no entanto, quando se trata específico de mães universitárias
não existe uma legislação especifica que abarque todo esse contexto, incluindo os
desafios da mãe e da criança. Nesse cenário, a necessidade da realização dessa
pesquisa se dá com o intuito de aprofundar estudos sobre a falta de apoio legislativo
e institucional, tornando-se algo a ser analisado, buscando criticar e examinar de
maneira imparcial as decisões, observações e propostas dos tribunais perante a mães
na universidade.

Diante disso, essa pesquisa visa também criar um debate acerca do tema,
compreendendo os aspectos sociais, emocionais, educacionais e aspirando a melhora
da instituição e de toda a teia social envolvida. Bem como, a necessidade de
compreensão dos desafios enfrentados por essas mães, a pesquisa vai procurar
entender essa população, observando que a maioria das mulheres que se tornam
mães durante a graduação são mães de primeira viagem, distinguindo os desafios de
conciliar a maternidade e a vida acadêmica.

Conforme citou a ativista dos direitos humanos das mulheres e crianças, Malala
Yousafzai, a educação é uma grande arma para mudar o mundo, incluindo garantir
que as mulheres tenham acesso igual a educação e às oportunidades de aprendizado,
logo, entende-se que a educação é uma grande fonte de empoderamento da mulher.
Nos dias atuais, mais da metade das matrículas do ensino superior no Brasil é
composta por estudantes do gênero feminino (BRASIL, 2019). Contudo, no início dos
anos 1970 as mulheres ocupavam menos da metade das matrículas nesse nível de
ensino.

Os estudos científicos como o trabalho de conclusão de curso feito por Tatiana


Ioussef Tauil, evidenciam de maneira explicita essa temática, trazendo como tema
“Políticas publica para mães universitárias: Um estudo bibliográfico” e elevando a
análise acerca da tese explicita. A partir do que foi exposto, indaga-se os problemas,
o desempenho da maternidade juntamente com vida acadêmica, a falta de apoio da
legislação e da instituição de ensino, observando que nem todas as universidades
amparam de maneira adequada essas mulheres para o exercício da parentalidade,
deixando-as afastadas do ambiente universitário. Como também, a inexistência de
jurisprudência que proteja essa parcela da sociedade, colocando-as a míngua da
sociedade em termo de direitos e garantias para conseguir exercer o papel de mãe e
estudante simultaneamente.

A realização de uma pesquisa para responder a esta indagação justifica-se pela


necessidade da fundamentação sobre mães na universidade. A luta das mulheres
pela educação no Brasil deu-se o início desde a colonização, onde a luta era pela
alfabetização e as mulheres que lutavam por esse direito eram alfabetizadas pelo
abecedário moral de 1885, o mesmo que era instruído as mulheres de Portugal, logo
após isso, a batalha foi pela escolarização das mulheres e por consequente a entrada
na universidade e no mercado de trabalho.

Segundo Saffioti (1978): “A escolarização de nível superior, incorporada pelos


estratos sociais médios, como requisito para a ascensão social do homem, não
constitui, porém, uma exigência para a formação intelectual da mulher, na medida em
que está se liga a uma possível carreira. A perspectiva do casamento, valor social
superior à carreira profissional, e o namoro precoce operam como fatores limitativos
da qualificação da força de trabalho feminina, de um lado, em virtude do fato de
casamento e carreira serem frequentemente pensados como incompatíveis e, de
outro, por causa do papel subsidiário desempenhado pelo trabalho feminino em
relação ao do chefe da família.” (SAFFIOTI, 1978, p. 128).

Do ponto de vista social, esta investigação justifica-se por contribuir com o eixo
social inserido nessa temática, bem como, as mulheres que são mães ou se tornam
mães durante o processo de formação desses cursos, observando as dificuldades
encontradas para desempenhar ambos os papéis sem uma rede de apoio, o que
fortalece a ideia perante a sociedade sobre a mulher ser “recatada” e do “do lar’, logo,
essa presente pesquisa visa observar e examinar os desafios dessas mulheres
valorizando sua capacidade de equilibrar ambos os papéis.

Pessoalmente, esta pesquisa também se fundamenta por uma elaboração de


um pré-projeto, contribuindo para o conhecimento acadêmico e social acerca do
presente tema, visando contribuir para o empoderamento das mulheres,
impulsionando o seu desenvolvimento positivo na sociedade.
2 OBJETIVOS E HIPÓTESE

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a Jurisprudência relacionada ao exercício da parentalidade na


Instituição de Ensino Superior.

2.2 OBJETIVOS ESPÉCIFICOS

Examinar as decisões, observações e propostas dos tribunais perante o


exercício da parentalidade na universidade.

Explorar aspectos sociais, econômicos e emocionais dessas mulheres,


enquanto mães e estudantes.

Verificar como essas mães conseguem seguir e concluir o curso sem a evasão
universitária.

2.3 HIPÓTESE PRIMÁRIA

Espera-se que a presente pesquisa ofereça um conhecimento mais amplo


sobre o tema e entenda como os tribunais levam adiante suas discursões acerca das
mães universitárias.

2.4 HIPÓTESE SECUNDÁRIAS


Deseja-se, também, que as observações dos aspectos sociais, das decisões
dos tribunais e da condição de estudante e mãe, contribuam para um entendimento
abrangente e debates acadêmicos acerca do tema, visando o melhoramento e a
criação de políticas públicas destinadas à visibilidade da parentalidade na
Universidade.
3 MÉTODO DA PESQUISA

O método utilizado nessa pesquisa é de caráter bibliográfico, em um conjunto


de citações de livros, revistas, artigos e trabalhos de conclusão de curso já publicados.
Ademais, foi utilizado o método bibliográfico como uma forma de investigação,
amparando-se em fontes secundárias para adquirir informações e fundamentar o
estudo.
Logo, as obras utilizadas nesse trabalho são: Trabalho de Conclusão de Curso
“Políticas Públicas Para Mães Universitárias: Um Estudo Bibliográfico” de Tatiana
Ioussef Tauil, Pesquisa Etnográfica “Mães Universitárias” publicada por alunas da
UEPA (Universidade do Estado do Pará) com base em diálogos feitos com quatro
mães universitárias e registrados em um diário de campo, artigo publicado na
Monumenta- revista de estudos interdisciplinares por Ana Paula Rosa da Silva e
Juliano Agapito “Mães estudantes: a luta pelo direito à educação”, Reportagem
publicada no Jornal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul “Mães
Universitárias enfrentam desafios dentro e fora da instituição de ensino”, artigo
publicado no Jusbrasil “Gestante, Mãe e Estudante: quais são os meus direitos?”,
notícia publicada no site do Senado Federal “Desafios das mães universitárias e
projetos em análise no Congresso”, a Declaração Universal dos Direitos Humanos ,e
por fim, um livro publicado por Laura Gutman “A Maternidade e o encontro com a
própria sombra”.
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Atualmente, muito se fala em gravidez na adolescência, no entanto, pouco se


fala em direitos e garantias para essas mulheres dá continuidade as suas atividades
rotineiras e sua demanda enquanto mãe e estudante. De igual modo, no Artigo 26°
(vigésimo sexto) da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu inciso
primeiro diz:
“1. Toda a pessoa tem direito à educação. A
educação deve ser gratuita, pelo menos a
correspondente ao ensino elementar
fundamental. O ensino elementar é
obrigatório. O ensino técnico e profissional
deve ser generalizado; o acesso aos estudos
superiores deve estar aberto a todos em
plena igualdade, em função do seu mérito.”
(DUDH, 1948).
Entretanto, na perspectiva do eixo social atual, negligenciam quando ocorre
uma gravidez muito das vezes indesejada, durante o período de conclusão dos
estudos, sendo ela na sua grande maioria, uma gravidez de primeira viagem, exigindo
assim dessas mães, uma certa habilidade com a criança. Ainda por cima, tendo que
lidar com a falta de amparo da instituição, com a falta de Legislação específica que
ampare mães durante sua graduação, não tendo opções a seguir, o que acaba
gerando a evasão universitária.
No seu Trabalho de Conclusão de Curso, Tatiana Ioussef Tauil disserta sobre
a discriminação vivenciada pelas mulheres ao se tornarem mães durante a graduação,
mostrando o quando a sociedade se cala perante algo que denotam ser natural.
Ademais, Tatiana também faz uma crítica a falta de políticas públicas focadas em
proporcionar à essas mulheres estudantes e mães um acolhimento dentro da
Universidade, onde ela cita:
“Na década de 1990, com as disposições da
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
ocorre o estabelecimento das diretrizes e
bases da educação nacional. Apesar de se
tratar de uma norma geral, não há qualquer
menção ao tipo de tratamento especial para
as mães 11 estudantes. Novamente, a
inviabilização da mulher na sua luta por uma
colocação educacional.” (IOUSSEF, p. 10-11,
2019).
Em decorrência disso, o que era pra ser uma fonte de empoderamento para as
mulheres, acaba gerando um conflito na sociedade e um pensamento machista acerca
da gravidez na academia.
Foi apenas em 1879 que as mulheres passaram a ter direito de ingressar em
uma Universidade, por meio do Decreto Lei n° 7.247/1879. Além disso, ainda sim é
atribuído a mulher a imagem de bela, recatada e do lar, se perpetuando ao longo dos
anos sem muita evolução, ocupando carreiras de menor “prestígio” perante a
sociedade, como a de cuidados e educação. Como é citado no artigo publicado na
Monumenta- revista de estudos interdisciplinares por Ana Paula Rosa da Silva e
Juliano Agapito “Mães estudantes: a luta pelo direito à educação”:
“Nos estudos realizados sobre gênero e
educação no Brasil, observa-se que mesmo
estando em maior número em relação aos
homens, mulheres ocupam carreiras de
menor “valor” ou “prestígio”. Isto decorre de
um fenômeno apontado como “guetização”
das mulheres em carreiras consideradas
“femininas”, como educação e saúde.” (ROSA
E AGALPITO, p. 7, 2021)
Apesar das diversas falhas, foi publicado o artigo no Jusbrasil “Gestante, Mãe
e Estudante: quais são os meus direitos?”, onde cita a Lei n. 6.202/75, que o sistema
garante a estudante ser assistida pelo “regime de exercícios domiciliares”, a partir do
oitavo mês de gestação, por até três meses. Ou seja, a norma garantiu o direito de
realizar as tarefas escolares em casa, com assistência da própria escola. Entretanto,
não é suficiente, pois mães buscam apoio dentro da instituição para seguir com suas
demandas de forma autônoma e presencial.
Como citado anteriormente, a necessidade de uma rede de apoio dentro e fora
de casa é imprescindível, um local para essas mulheres se apoiarem e relatarem suas
experiências enquanto mães e estudantes. Como também, materializado na
Reportagem publicada no Jornal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul “Mães
Universitárias enfrentam desafios dentro e fora da instituição de ensino”, onde cita que
é insuficiente a licença-maternidade para a maioria das mulheres, pois essas, buscam
apoio dentro e fora da instituição de ensino.
Em decorrência disso, teve um projeto de lei em discussão no Senado em 2018,
pelo deputado Jean Willys (PSOL-RJ) onde prevê ampliar esse período para até seis
meses de afastamento, do oitavo mês de gestação ao quinto após o parto. Mas
segundo o relator na CAS, senador Eduardo Amorim (PSDB-SE), a ampliação do
afastamento deve estar vinculada à amamentação. A fim de, ajudar nessa ligação
entre mãe e filho pelo aleitamento materno. Como também, notícia publicada no site
do Senado Federal “Desafios das mães universitárias e projetos em análise no
Congresso” cita outra proposta (PLS 185/2018), apresentada pela senadora Vanessa
Grazziotin (PCdoB-AM), estende a mães que não são bolsistas na universidade a
suspensão dos prazos acadêmicos em 120 dias em função do parto ou adoção. O
benefício já é lei desde 2017 para as mães bolsistas, que têm prorrogado o
recebimento da bolsa em função da maternidade (Lei 13.516/2017). Com o intuito de
ajudar a essas mães estudantes a da continuidade ao seu processo de formação
acadêmica.
No livro, a maternidade e o encontro com a própria sombra, a renomada
psicoterapeuta Laura Gutman, expõe as dificuldades encontradas ao se tornar mãe,
no livro fica bem evidente os imbróglios encontrados, bem como os preconceitos e
autoritarismo encarnados na sociedade, como já citado antes, no capítulo 1 “uma
emoção para dois corpos”, Laura disserta acerca da árdua luta de criar um bebê:
"Criar um bebê é muito árduo porque, assim como a
criança, para ser, entra em uma fusão emocional com
a mãe, esta, por sua vez, entra em uma fusão
emocional com o filho, para ser. A mãe passa por um
processo análogo de união emocional. Ou seja,
durante os dois primeiros anos ela é,
fundamentalmente, uma "mãe-bebê". (GUTMAN,
p.33, 2016).
Na mesma página, Laura continua:
"As mulheres puérperas têm a sensação de
enlouquecer, de perder todos os espaços de
identificação ou de referência conhecidos".
(GUTMAN, p.33, 2016).
Logo, coloca em evidência e fundamenta o que já foi dito antes, a sobrecarga
emocional e a dificuldade em ser mãe de primeira viagem, junto a necessidade de
conclusão dos estudos sem uma rede de apoio e a falta de legislação que ampare
especificamente essas mulheres, agrava a discriminação perante a sociedade e
perpetua essa mazela na vida dessas mães estudantes, pois o fato de não se falar
sobre o assunto é uma forma de abandono e não importância com a causa.
5 RESULTADOS ESPERADOS

Portanto, ao fazer uma análise fundamentada sobre o tema, e observando as


dificuldades ao longo da carreira enquanto mãe e estuante, espera-se uma evolução
tanto das Instituições de Ensino Superior, a necessidade da criação de políticas
públicas para melhor acolher essas mulheres mães estudantes, e tornar esse período
de conclusão de estudos, mas simples.

Logo, esse estudo também visa contribuir para a conscientização sobre os


desafios enfrentados por essas mulheres, que conseguem seguir sem a evasão do
curso, ainda que sem uma rede de apoio vigente, e sensibilizar a população, as
instituições de ensino, os operantes do direito e da política para criação de redes de
apoio, para que assim, seja uma forma justa e igualitária de direitos, promovendo
igualdade para essas mulheres mães estudantes.
6 REFERÊNCIAS

Tauil, Tatiana Ioussef. "Políticas públicas para mães universitárias: um


estudo bibliográfico." (2019).

DA SILVA, Ana Paula Rosa; AGAPITO, Juliano. Mulheres, mães e estudantes.


Monumenta-Revista de Estudos Interdisciplinares, v. 2, n. 4, p. 125-151, 2021.

NUNES, Alynne. Artigo publicado no Jusbrasil “Gestante, Mãe e Estudante:


quais são os meus direitos?” (2018).

TILLWITZ, Lucas; SIMONETO, Fernanda. Reportagem publicada no Jornal da


Universidade Federal do Rio Grande do Sul “Mães Universitárias enfrentam
desafios dentro e fora da instituição de ensino” (2023).

RESENDE, Rodrigo. Notícia publicada no site do Senado Federal “Desafios


das mães universitárias e projetos em análise no Congresso” (2018).

Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).

GUTMAN, Laura. A maternidade e o encontro com a própria sombra. Editora Best


Seller, 2016, 33 p.

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