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Ao longo dos anos é possível observar que as mulheres começaram a buscar meios de
proteção para tais delitos, mas ainda assim o número de violência contra mulher continua a
crescer. Daí a importância do Estado enquanto provedor de garantias fundamentais,
proporcionar medidas efetivas que de fato proporcionem a essas mulheres a efetivação dos
seus direitos.
ABSTRACT: Violence against women is a crime committed mostly by the partner, boyfriend
or spouse. It usually occurs in the domestic environment, although it is not restricted to it, and
allows the application of the old adage “in a fight between husband and wife, you don't get
involved in the harvest”. In many cases, they are acts of extreme violence committed by men
in the exercise of patriarchal command and power, with tragic consequences, since the State
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justifies its non-intervention in the domestic space. "Domestic space" is conceived here not
only territorially, but also symbolically, as men often try to exercise their power over ex-
wives, ex-partners and ex-girlfriends even when already separated, preventing or making it
difficult for them to materialize a substantial improvement in life, since the aggression they
suffered when they cohabited with their ex-husbands does not disappear.
Over the years, it is possible to observe that women have started to look for ways to protect
themselves from such crimes, but even so, the number of violence against women continues
to grow. Hence the importance of the State as a provider of fundamental guarantees,
providing effective measures that actually provide these women with the realization of their
rights.
INTRODUÇÃO
As medidas diretas de prevenção criminal têm foco na infração penal, tem foco na repressão
dos crimes de toda natureza, com efetiva punição aos crimes graves e substituição do
cerceamento da liberdade por medidas educativas aos crimes de menor potencial ofensivo
como palestras, assistência psicológica, apoio de equipes multiprofissionais que possam
ajudar não só a vítima, mas também o agressor a entender as motivações para a prática de tais
reincidências nos delitos.
Já as medidas indiretas têm foco nas causas e efeitos dos delitos, no caso deste trabalho nas
reincidências, agindo de forma mediata na sua prevenção, estudando as causas e os efeitos do
delito com a finalidade de afastar a causa para evitar a reincidência.
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Ao realizar este trabalho pretende-se analisar os fatores estimulantes nos casos de reincidência
em delitos de violência contra a mulher, de modo que se possa sugerir programas
prevencionistas e propor medidas que visem evitar a recorrência do delito.
Identificar quais os principais fatores que levam a reincidência do delito na violência contra a
mulher é um dos objetos dessa pesquisa, de modo que se possa exemplificar ações de como o
Estado Democrático de Direito pode garantir a efetivação dos direitos da mulher e propor
ações de políticas públicas que possam auxiliar na proteção da mulher agredida.
Quando se fala de violência contra a mulher, estamos voltando a violência doméstica, pois nas
estatísticas há um grande número de mulheres que sofrem violência dentro da esfera
doméstica, muitas vezes causadas por seus próprios companheiros, contudo há também a
violência contra os homens, porém contra a mulher essa discrepância fica nítida nas
denúncias.
Algumas questões precisam ser melhor analisadas, em relação ao que acontece na esfera
privada, pois o que se vive no privado, vai de certa forma repercutir na esfera pública, sendo
assim é importante avaliar a violência doméstica como uma questão pública, a qual precisa ser
tratada pela lei.
Devido a hierarquização que há na esfera pública, o que traz consigo grande desigualdade, de
certa forma, isso reflete na esfera privada, levando essa mulher a ter maior dificuldade
econômica e impossibilitando- a de ter maior acesso ao auto governar, criando uma certa
dependência a qual muitas vezes a impede de se livrar da violência doméstica.
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Ainda pode-se observar que a sociedade naturaliza a violência doméstica, algumas vezes até
apontam que a culpa é da mulher por esta naquela situação de violência e que a mesma fez
algo para merecer, fazendo que essa mulher não denuncie seu agressor.
Outro fator da não denúncia é o fato de existir uma relação afetiva entre ela é o agressor,
sendo assim essa violência doméstica não é um acontecimento esporádico e sim de maneira
intensa em grandes números nas famílias, ou seja, isso acaba se tornando um problema social
devendo então o Estado interferir, através de leis que coíbam tais violências. Muitas vezes
essa violência leva a morte dessas mulheres, que são assassinadas por seus próprios
companheiros ou parentes, em comparação as mortes dos homens que são assassinados por
desconhecidos.
Dessa forma percebe-se que há uma forma diferenciada de tratamento de violência quando se
trata de homens e mulheres, havendo uma diferenciação de gênero ao tratar do mesmo tipo de
violência.
A Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio estão relacionadas com a violência ao gênero.
O Brasil, em agosto de 2006, sancionou a Lei 11.340, que é conhecida como Lei Maria da
Penha, que protege a mulher em cinco aspectos, quais sejam, na violência física, psicológica,
moral, patrimonial e sexual. A lei também apontou a criação de delegacias especializadas para
mulheres, unidades de apoio e punições mais rigorosas para os agressores.
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A importância da implantação da Lei Maria da Penha é ter um olhar voltado à mulher e expor
a violência que acontece contra a mesma, para que as mulheres que passam por essa situação
denunciem e sintam-se amparadas de alguma forma pela justiça.
Podemos observar que além de elementos biopsicossociais comuns, pode-se dizer que os
homens/companheiros que reincidem na agressão contra a mulher são o resultado de um
processo de naturalização da violência contra a mulher, e que este processo está apoiado em
uma cultura patriarcal construída por séculos. No Brasil não existem tantas pesquisas que
relacionam a reincidência com o fenômeno da violência contra a mulher.
Dados do relatório da CPMI da violência contra mulher nos mostram que em 2011, foram
registrados no SINAM, 70.270 atendimentos de mulheres vítimas de violência. O local de
residência da mulher é o preponderante nas situações de violência, especialmente até os 10
anos e a partir dos 30 anos de idade da mulher, correspondendo a 71,8%. Dos 20 aos 59 anos,
o cônjuge aparece como o principal agressor, sendo que na faixa etária feminina dos 30 aos 39
anos, é o agressor em 49,3% dos casos. A partir dos 60 anos, os filhos são responsáveis pela
violência, descortinando a violência praticada contra mulheres idosas. A partir dos 30 anos de
idade, o percentual de reincidência é bastante alto, variando de 56, 9% (dos 30 aos 39 anos),
58,2% (40 aos 49 anos), 57,4% (50 aos 59 anos) e 62,5% a partir dos 60 anos.
Quadro 1
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Diariamente 9.142 15.916 28.606 46.536 31.303 10.072 141.585
Descontruindo o agressor
Existe em alguns estados espaços que recepcionam o agressor e por meio de políticas públicas
de melhorias busca através da criação de Grupos Reflexivos, recuperar e tratar este indivíduo
que busca melhorar e recuperar-se, nestes espaços há um trabalho voltado para escuta e
desconstrução de valores, onde são debatidas questões como masculinidades e feminilidades,
a influência do patriarcado na construção social dos papéis de homens e mulheres, conflitos
entre parceiros íntimos e nas relações interpessoais, entre outros.
A partir disso, espera-se que o homem reconheça o ciclo da violência na sua fase inicial como
condição para se trabalhar as possibilidades de ruptura dos mecanismos de reprodução e
dominação patriarcal e, assim, compreenda suas raízes históricas e as consequências na sua
vida e na sociedade em que vive.
Alguns autores problematizam que, apesar de os homens mudarem seus discursos e atitudes,
há de se considerar que pode ser que as relações de poder com as suas parceiras permaneçam
inalteradas em outros ambientes, ou seja, a recuperação não ocorre na alcunha do lar. Para
estes autores, os homens não usam só a violência física para controlar o comportamento da
mulher, pois conseguem controlá-la sem a violência denunciada. Desse ponto de vista, o fato
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de os homens não serem denunciados ou sentenciados por esse tipo de violação, não significa
que eles deixaram de cometer algum tipo de violência contra a mulher.
Considerações Finais
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Referências
PESSOA, Adelia Moreira. 11 Anos da Lei Maria da Penha: Avanços e Desafios. Leituras
De Direito: Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher. Disponível em:
<https://www.amb.com.br/fonavid/publicacoes.php>. Acesso em 21 de jun. de 2021.