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1.

INTRODUÇÃO
O grande número de mortes violentas de mulheres por razões de gênero que
ocorrem no Brasil e no mundo gera preocupação por parte da sociedade e do
governo. Tais mortes são previsíveis e passíveis de prevenção, dependendo, no
entanto, de ações conjuntas entre a sociedade e o Estado, já que todos, de alguma
forma, principalmente em razão da cultura machista, contribuem com o resultado
morte, seja por pensamentos, desigualdades, dogmas, paradigmas, ação ou
omissão.
O aumento da violência contra as mulheres levou ao fortalecimento de
movimentos feministas, que chamaram a atenção para um tema antes
negligenciado. Isso resultou em ações do Estado, especialmente do Direito
Internacional dos Direitos Humanos.
Reprimir e prevenir a morte contra as mulheres tornou-se tão importante que o
crime passou a ter nome próprio. No Brasil, a Lei 13.104/2015 entrou em vigência
no dia 10/03/2015, tendo como origem uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito) que colocou em discussão a violência contra a mulher, tendo em vista o
assassinato de 43,7 mil mulheres entre 2000/2010, sendo que 41% foram mortas
em suas próprias casas, muitas dessas, por companheiros ou ex-companheiros.
O aumento de 2,3 para 4,6 assassinatos por 100 mil mulheres entre 1980 e
2010 colocou o Brasil na 7° posição mundial de assassinato de mulheres. Com este
elevado número, sobretudo, considerando que o Brasil é signatário de algumas
convenções que procuram erradicar esse tipo de violência, foram adotadas medidas
no intuito de mudar o cenário negativo.

A lei Maria da Penha


A Lei Maria da Penha é uma legislação brasileira promulgada em 2006, nomeada
em homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, uma mulher brasileira que
sobreviveu à violência doméstica e se tornou um símbolo na luta contra a violência
de gênero no Brasil.
Ela oferece mecanismos para prevenir e punir a violência doméstica,
proporcionando proteção às mulheres vítimas desse tipo de violência. A lei engloba
diversas medidas, incluindo o estabelecimento de tribunais especializados, aumento
das penas para os agressores e implementação de medidas protetivas para as
vítimas, como medidas de afastamento e abrigos.Ela reconhece a violência
doméstica como uma violação dos direitos humanos e visa promover a igualdade de
gênero e o empoderamento das mulheres.

Lei 13104/2015
A Lei 13.104/2015, também conhecida como Lei do Feminicídio, é uma legislação
brasileira que entrou em vigor em 9 de março de 2015. Essa lei alterou o Código
Penal Brasileiro para incluir o feminicídio como um crime hediondo e qualificado,
caracterizado pelo assassinato de mulheres em razão de gênero.
O feminicídio é definido como o homicídio cometido contra a mulher em razão de
sua condição de gênero, envolvendo violência doméstica ou familiar, menosprezo
ou discriminação à condição de mulher. A Lei do Feminicídio foi uma resposta
legislativa à gravidade dos crimes contra as mulheres no Brasil e à necessidade de
reconhecer e punir de forma adequada os homicídios motivados por questões de
gênero.

A lei estabelece penas mais severas para os crimes de feminicídio, com penas que
podem variar de 12 a 30 anos de reclusão. Além disso, tornou mais difícil a
concessão de benefícios como anistia, graça ou indulto aos condenados por esse
tipo de crime.

Formas de violência doméstica


Violência física,Violência psicológica/emocional,Violência sexual,Violência
patrimonial,Violência moral.

Ciclo de violência
Esse ciclo de violência tem 3 fases, sendo elas o aumento da tensão, o ato de
violência e arrependimento e comportamento carinhoso.

Sinais que antecedem o Feminicídio


Além do ciclo de violência, é importante destacar sinais que indicam a possibilidade
de feminicídio, especialmente após a vítima se separar do agressor. Na segunda
fase do ciclo de violência, ocorre uma explosão do agressor que pode resultar em
atos violentos, incluindo o feminicídio. Portanto, é crucial observar esses sinais após
a separação para prevenir possíveis tragédias futuras.
Existem diversos casos de violência contra mulheres, onde as vítimas podem
desenvolver a síndrome de Oslo, acreditando serem merecedoras da agressão
devido a condutas passadas, como o tipo de roupa que usavam. Essa síndrome é
um mecanismo de defesa para acalmar o agressor, enquanto as mulheres
agredidas sofrem vitimização terciária, sendo isoladas pela sociedade. Muitas
vezes, a vítima é incentivada a manter o relacionamento e relevar a agressão,
criando uma barreira para denunciar ou se separar do agressor, podendo resultar
em represálias e até feminicídios tentados ou consumados. A série "Bom Dia,
Verônica" oferece uma visão perspicaz e comovente sobre os horrores do
feminicídio, revelando as profundas ramificações desse fenômeno na sociedade
contemporânea. Ao longo dos episódios, são abordados diversos problemas
associados ao feminicídio, incluindo violência doméstica, abuso de poder,
impunidade e falta de apoio institucional às vítimas.
Violência Doméstica e Relações Abusivas

Uma das questões centrais exploradas na série é a violência doméstica e as


relações abusivas que muitas mulheres enfrentam em seus lares. A personagem
principal, Verônica Torres, uma escrivã da polícia civil, se depara com inúmeros
casos de mulheres que sofrem agressões físicas e psicológicas por parte de seus
parceiros. Essas relações abusivas são retratadas de forma realista, destacando a
complexidade e o ciclo de violência que muitas vezes aprisiona as vítimas em um
estado de medo e dependência.

DADOS DE VÍTIMAS DE FEMINICÍDIO

Segundo dados do Mapa da Violência de 2015, houve 4.762 homicídios de


mulheres no Brasil em 2013, com 50,3% cometidos por familiares. O documento
estima 7 feminicídios diários, sendo 1.583 mulheres mortas por parceiros ou
ex-parceiros, representando 33,2% dos casos. Entre 1980 e 2013, o país registrou
106.093 assassinatos de mulheres, equivalente à população de cidades como
Americana, Presidente Prudente, Macaé e Itabuna. Os dados foram retirados do
SIM/MS e organizados pela FLACSO.

DADOS DE MG

O Diagnóstico de violência doméstica e familiar contra a mulher em Minas Gerais,


elaborado pela Polícia Civil, revelou que entre 2017 e 2019 ocorreram 449
feminicídios consumados e 829 tentados no Estado. A análise detalhada mostrou
que a taxa de casos consumados permaneceu estável, com 150 em 2017, 157 em
2018 e 142 em 2019. Já os casos de Feminicídios tentados tiveram uma diminuição,
com 309 em 2017, 284 em 2018 e 236 em 2019. As regiões mais populosas
concentraram a maioria dos casos, com 248 Feminicídios consumados (55% do
total) e 547 tentados (66%). O relatório também fornece dados específicos por
região, destacando as 8 que registraram o maior número de casos.

Ações necessárias para prevenção do Feminicídio


A Agência Minas divulgou em março de 2020 o programa MG Mulher e diversos
outros programas de prevenção da violência contra a mulher em Minas Gerais. O
portal de notícias é mantido pelo governo estadual e destaca ações
governamentais. A matéria apresenta informações sobre os esforços de combate e
prevenção da violência contra a mulher no estado.
Sobre o programa MG Mulher, desenvolvido pela Polícia Civil do Estado de
Minas Gerais e coordenado pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança
Pública (Sejusp), consta que tal projeto visa “garantir o monitoramento exclusivo e
24 horas dos homens investigados pela Lei Maria da Penha que utilizam
tornozeleira
eletrônica, que fortalecerá e ampliará a rede de apoio às vítimas e estudará este
fenômeno criminal”. Tal programa é composto por três eixos e tem como objetivos
atuar com aplicativo para suporte às vítimas; monitoração 24h dos agressores pelo
Centro Integrado de Comando e Controle e criação do Núcleo Integrado de
Monitoramento à Violência contra a Mulher.
A Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica, lançada em 2010 pela Polícia
Militar, é o primeiro serviço preventivo policial militar da América Latina, presente em
50 municípios de Minas Gerais, com duas Unidades Especializadas em Belo
Horizonte e Contagem. O Programa Mediação de Conflitos (PMC) da Sejusp é
destacado como estratégia de prevenção da violência, com cerca de 70% dos
atendimentos feitos às mulheres. Em 2019, o Programa realizou aproximadamente
32.900 atendimentos, abordando casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, assim como violência intrafamiliar. A atuação da Sejusp com homens
agressores no programa CEAPA também é mencionada, assim como a capacitação
de 500 profissionais homens da segurança para melhor atender vítimas de violência
contra a mulher, com a contribuição de profissionais da UFMG. Outra capacitação
sobre feminicídios seria realizada pela Subsecretaria de Prevenção à Criminalidade
da Sejusp.

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