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O projeto será inserido na cidade de São José dos Campos, no estado de São Paulo que
em 2020, sua população foi estimada pelo IBGE em 729 737 habitantes, sendo o quinto mais
populoso de São Paulo e o 23º de todo o país. O recorte a ser trabalhado fica na zona leste da
cidade, a segunda região mais adensada, ficando atrás apenas da zona sul. O terreno escolhido
possui 3.442m². Dentro do macrozoneamento estabelecido pelo Plano Diretor LEI
COMPLEMENTAR N. 612, DE 30 DE NOVEMBRO DE 2018, a área escolhida se encaixa
como Macrozona de Consolidação - MC: área caracterizada pela elevada oferta de
equipamentos, serviços públicos e que também se prevê uma ocupação de vazios urbanos com
diversidade de usos, principalmente de interesse social.
Por volta dos anos 70, movimentos de mulheres feministas deram visibilidade para a questão das
mulheres que sofriam violência privada, o que até então não era considerada um crime
especifico. Em 1980 esse tipo de violência passou a ser uma questão de Justiça e Segurança
Pública, tornando-a crime. Com a criminalização desses atos, vários serviços de atendimento às
mulheres vítimas de violência foram criados, possibilitando também que fossem mensuráveis
dados sobre os casos de violência doméstica que antes eram desconhecidos ou negligenciados.
Um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde sobre a violência doméstica, com mais
de 24.000 mulheres, tanto do meio urbano como do meio rural, em mais de 10 países, revela que
os parceiros das vítimas são os maiores causadores dessas agressões.
Entre esses serviços está a implementação das casas de acolhimento a mulher, onde cada
processo da rede de atendimento é importante e eficaz no acolhimento, portanto para interromper
efetivamente o quadro de violência da paciente, é necessário um trabalho em conjunto de todos
os serviços, como DEAM, CREAS, Juizado Especializado, Defensoria Pública, psicólogos e
hospitais.
panorama dos dados da violência contra mulher em São José dos Campos
Dados coletados através do Jornal OVALE, cedidos pela Vara de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher mostra a preocupante realidade em que a cidade se encontra.
-MAPA: De janeiro a novembro de 2019, 10 mulheres foram mortas na região em ocorrências de
feminicídio. O número é maior do que em todo o ano de 2018, que foram sete mortes e o dobro
dos casos registrados em 2017, cinco. Enquanto em 2016 ocorreram duas mortes e em 2015
apenas uma. Em uma rápida reflexão sobre esses dados, notamos que em curto período de tempo,
cinco anos, os casos aumentaram 1000%.
A abordagem da violência contra a mulher na cidade de São José dos Campos assume
uma dimensão de extrema gravidade. Enquanto esforços significativos têm sido empreendidos
nos últimos anos, percebe-se que ainda há muito trabalho a ser feito para prevenir e reagir ao
problema.
Tendo em vista que a maior parte das violências ocorreram dentro de casa, causadas por
companheiros e armas brancas de fácil acesso, o ambiente familiar torna-se um ambiente hostil e
de vulnerabilidade para a mulher, causando uma aparente sensação de impunidade para o
companheiro e de inércia para a vítima. Nesse contexto, fica evidente a necessidade da retirada
das mulheres desses locais para que sejam abrigadas em um ambiente que possibilite uma fuga,
para que esse ciclo da violência seja quebrado.
Quanto a linguagem formal, partiu-se da ideia da proteção, onde o maior bloco com serviços
gerais se encontra na parte frontal do terreno, sendo um bloco maior e mais alto que os outros,
fazendo uma barreira e garantindo assim maior privacidade as mulheres. Os blocos privados se
encontram na lateral e ao fundo do terreno, formando um grande pátio central descoberto, que
visa proporcionar maior convivência entre as mulheres e seus filhos. O paisagismo e o projeto de
iluminação entram como auxiliares na busca por um local que proporciona o bem estar para
aquelas que ali estarão.
A vegetação proposta visa a proteção solar de algumas áreas como o playground e também como
barreira visual para as habitações, assim como para proporcionar um ambiente mais acolhedor
para aquelas que ali viverão. A escolha de localizar os blocos de habitação de forma escalonada,
se dá por conta da necessidade de aproveitar melhor o sol da manhã da face leste do terreno.
Por conta da grande amplitude térmica da cidade de São José dos Campos, várias foram as
estratégias de forma a trazer conforto ambiental para o edifício.
Primeiro, o edifício ser composto por duas peles, onde a externa, sendo um painel de cobogó tipo
votú (vide figura), funciona como sombreamento sem impedir a ventilação por toda a
edificação. O sombreamento é uma estratégia para redução dos ganhos solares através do
envelope da edificação, sem no entanto, obstruí-los, e sem prejudicar a iluminação natural
através das aberturas.
Segundo, a vegetação foi utilizada também como barreira física, além da barreira visual, para a
incidência solar em certos lugares sem cobertura voltados para o norte, como playground e
espaço de convivência.
Foi empregado também o uso de telha de metal termo acústica tipo sanduiche que possuem baixo
coeficiente de condutividade térmica, ou seja, possuem maior resistência na entrada do calor do
meio externo para o interior.
E por fim, a utilização de telhado verde, que de forma sustentável e estética, auxilia no controle
térmico e acústico da edificação.
(a) camada de vegetação: a cobertura vegetal deve ser adequada às condições climáticas do local.
A vegetação atua interceptando uma parcela da chuva, evitando que ela atinja o solo. É por meio
do processo de evapotranspiração que a água é perdida para a atmosfera e o potencial de retenção
de água no substrato é aumentado. Adicionalmente, a vegetação retarda o escoamento
superficial, que passa a ocorrer quando o substrato atinge a saturação;
(b) substrato: é constituído pela camada de solo, servindo de suporte para a fixação da vegetação,
fornece água e nutrientes necessários para a manutenção desta. Essa camada é igualmente
importante para o armazenamento temporário da água durante os eventos chuvosos;
(c) geotêxtil: constitui uma camada filtrante que separa as camadas de vegetais e substrato da
camada drenante. Ela evita a migração de partículas do substrato para o interior da camada
drenante, reduzindo a funcionalidade do telhado verde;
(d) camada de drenagem: em telhados praticamente horizontais, como é o caso dos telhados
verdes, é fundamental a existência da camada de drenagem, para evitar alagamentos indesejáveis
e estresse da cultura. Além disso, a camada de drenagem atua retendo parte da água da chuva,
necessária para a vegetação durante períodos de estiagem;
(e) camada protetora: destina-se à retenção da umidade e nutrientes acima da estrutura do
telhado, fornecendo proteção física para a membrana de impermeabilização contra o crescimento
das raízes da vegetação;
(g) estrutura do telhado: deve suportar toda a carga do telhado verde. Para o sistema extensivo
com substrato de 5 cm a 15 cm de espessura, estima-se que a carga sobre o telhado possa
aumentar de 70 a 170 kg/m2 aproximadamente. Para o sistema intensivo, com espessura de solo
acima de 15 cm, o valor de carga adicional pode variar entre 290 e 970 kg/m2 (HENEINE,
2008).