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INTRODUÇÃO

Santarém desenvolveu-se junto ao Tejo que permitiu um rápido, fácil e


económico acesso de produtos e pessoas. A topografia facilitou um domínio sobre as
áreas circundantes, devido ao sítio no planalto e rodeada de muralhas que permitiram
uma segurança quase perfeita.
A organização deste aglomerado originou um ordenamento adaptado às
condições topográficas.
Um dos objectivos deste trabalho é compreender a evolução do concelho de
Santarém, quer a nível da própria natureza (organização territorial) quer a nível
populacional, considerando não só a influência dos “acidentes” naturais, como os
condicionalismos provocados pelas “barreiras” que o homem cria na sua acção de
organização do território.
O concelho de Santarém está hoje numa posição crítica e é indispensável o
ordenamento do seu território para que se possa dar uma orientação correcta e coerente
do seu desenvolvimento, nomeadamente torna-se forçoso criar condições de vida não
dependentes estruturalmente da Área Metropolitana de Lisboa.
A diminuição da população nas freguesias do concelho e o aumento da
população na cidade, traduz por um lado uma elevada terciarização e por outro lado
uma recessão da população nas áreas rurais, que em nossa opinião deverá ser controlada
e sustida mediante o desenvolvimento das potencialidades que possuem.
Entendemos que se deverá incentivar a terciarização da cidade e ao mesmo
tempo dinamizar as áreas industriais que existem, como único modo de fixar as
populações. Desta forma, o desenvolvimento das actuais zonas de Desenvolvimento
Industrial já programadas e a criação de outras constituem um factor primordial a ter em
linha de conta.
Neste trabalho iremos dar a conhecer a realidade do concelho de Santarém
considerando os condicionalismos do quadro físico, a evolução demográfica e
económica, dando-se particular relevância aos serviços, pela importância que estes
assumem na cidade.
É através do conhecimento da realidade do passado e presente do concelho, que
se podem fazer propostas de actuação, destinadas ao desenvolvimento e ordenamento do
território.
Um dos aspectos mais importantes é a análise dos equipamentos colectivos, em
especial na área de expansão urbana, o conhecimento das carências sentidas pela
população a este nível, e a sua programação a curto prazo.

IMPORTÂNCIA DO CENTRO URBANO DE SANTARÉM-POSIÇÃO E SÍTIO

A fundação da cidade de Santarém está associada a uma lenda de origem


celtibérica, primeira presença humana de que há noticia concreta nesta região.
Mas a história de Santarém, com factos confirmados, só começa por volta do
séc.III a.C. com a conquista romana.
Os romanos foram o único povo conquistador e colonizador que teve influência
marcante. Com Júlio César dá-se a Romanização e pacificação total e este concede à
cidade o nome de Presidium Julium.
No séc. V, os bárbaros conquistam a cidade, atribuindo-lhe o nome de Escalabis.
Posteriormente os visigodos tornaram-se os únicos senhores da Lusitânia e o Rei
visigótico ocupa a cidade e muda-lhe o nome para Santa Iria ou Santa Irene.
Por evolução, este nome veio dar origem a Santarém. A importância de
Santarém ficou bem patente na disputa que cristãos e mouros foram travando ao longo
de 100 anos pela posse da cidade, a qual mudou várias vezes de ocupantes.
O séc. XIII foi o mais célebre na história da cidade, com a definitiva conquista
da cidade pelos mouros.
Pela sua situação geográfica tornou-se numa residência preferida dos reis, vindo
a corte passar longas temporadas na cidade de Santarém. Edificaram-se nesta altura os
mais importantes monumentos da cidade.
Santarém foi elevada a cidade em 24 de Dezembro de 1868.
Em 1875 surge a associação comercial de Santarém. Já existe então, uma
imprensa periódica onde se defendem os interesses dos grupos sociais dominantes.
Incentiva-se o comércio em expansão e pugna-se pela importância de Santarém.
Na sua antiga grandeza se fizera o comércio da cidade alta, o escoamento das
mercadorias produzidas nas oficinas artesanais e por ela se exportava para Lisboa,
Sevilha, Norte de África e Flandres. A ela chegavam os viajantes pela rede fluvial.
Neste século as relações capitalistas implantaram-se em todos os sectores da
vida económica e eliminam gradualmente os vestígios, do modo de produção que estava
na base da sociedade portuguesa do antigo regime.
Santarém não ficou à margem deste processo. Era até aí uma importante cidade
pela situação geográfica e estratégica, pela natureza do seu comércio e das suas
manufacturas.
A evolução recente da cidade de Santarém não se conseguirá compreender sem
ser integrada num âmbito mais vasto, relacionado com o país e com as transformações
sociais, económicas e políticas a nível internacional.

LOCALIZAÇÃO E SUA CARACTERIZAÇÃO

Santarém, está inserida na região de Lisboa e Vale do Tejo, e é sede de concelho


e de distrito com o mesmo nome.
O distrito de Santarém é limitado a Norte pelos distritos de Leiria e Castelo
Branco, a Sul pelos de Évora e Setúbal, a Este pelo de Portalegre e a Oeste pelos de
Lisboa e Leiria (Fig.2).
Todo este distrito tem uma área total de 6634,53 Km2 8cerca de 75% do
Continente).
Localiza-se no Centro do país “encravado entre a Cordilheira Central e as longas
planícies Alentejanas”, é atravessado a meio longitudinalmente pelo rio mais importante
da Península, o Tejo.
Este distrito inclui-se na área geográfica com maiores potencialidades do país e
numa das melhores planícies aluviais da Europa.
O concelho de Santarém é composto por 28 freguesias: Abitureiras, Abrã,
Achete, Alcanede, Alcanhões, Almoster, Amiais de Baixo, Arneiro das Milhariças,
Azoia de Baixo, Azoia de Cima, Casével, Moçarria, Pernes, Pombalinho, Póvoa da
Isenta, Póvoa de Santarém, Romeira, Santa Iria da Ribeira de Santarém, Marvila, São
Nicolau, São Salvador, São Vicente do Paúl, Tremês, Vale de Figueira, Vale de
Santarém, Várzea, Vaqueiros e mais recentemente Gançaria, delimitada em 1991,
desmembrada da vasta freguesia de Alcanede (Fig.4).

Pela sua localização, pela importância cultural (extraordinária no que diz


respeito à riqueza monumental), pela importância económica, Santarém é seguramente
uma cidade de grande interesse, quer a nível regional, quer nacional, como centro
polarizador de relações económicas e culturais que urge potenciar. O primeiro lugar de
Santarém é manifestado pela capacidade de gerar, directa e indirectamente, uma área de
influência que vai para além da sua área natural, a Lezíria do Tejo, abrangendo também,
de alguma forma, parte significativa do Médio Tejo.

Segundo George Zbyszewskt a região de Santarém compreende 3 unidades


geomorfológicas:
Os planaltos calcáricos e as colinas miocénicas que, ocupam a maior parte da
região ribatejana da margem direita do Tejo.
Os planaltos pliocénicos que constituem o planalto de Santarém propriamente
dito.
A planície aluvial que corresponde aos depósitos quaternários e que vulgarmente
é conhecida por “campo”, atinge uma largura de 5 Km na margem esquerda do rio. Na
margem direita a sua extensão é reduzida limitando-se aos vales e ribeiras de
Alcanhões, Azoia de Baixo, Paúl de Santo António, Asseca, Almoster, São João da
Ribeira, Ribeira de São João e Rio Maior.
O centro urbano de Santarém está implantado na segunda unidade
geomorfológica anteriormente referida, ou seja, a dos planaltos pliocénicos. Esta
unidade é constituída por 2 subunidades: uma delas é formada por um complexo argilo-
arenoso visível por exemplo na Sra. da Saúde, Fontaínhas, Alfange e Vale de Santarém.
A outra corresponde aos calcários da coroa do planalto sobre cujo afloramento principal
a cidade foi constituída.
As argilas pliocénicas de Santarém contam-se entre os minerais utilizados ainda
hoje no fabrico do tijolo, telha e louça de barro, em pequenas unidades de exploração
artesanal situadas a Norte e a Noroeste da cidade.
Além do rio Tejo, os cursos de água permanentes mais importantes da região são
dois dos seus afluentes da margem direita: o rio Maior e a Ribeira de Tremês.
O Rio Maior e o Tejo limitam as freguesias de São Nicolau e Marvila, a Ribeira
de Tremês serve de extremo às freguesias de São Salvador e de Santa Iria da Ribeira de
Santarém.

CARACTERIZAÇÃO PAISAGÍSTICA

No que ao planeamento se refere, a paisagem contém uma vertente cultural que


há que respeitar em qualquer plano estratégico de desenvolvimento, muito
particularmente quando diz respeito a uma cidade como Santarém.
Na verdade, múltiplos factores paisagísticos, quer naturais quer resultantes da
intervenção humana, com intensidades facetadas por um peso histórico diferente e
impactes urbanísticos e cénicos qualitativamente bem diferenciados obrigam a um
cuidado extremo na procura do equilíbrio entre esta realidade e a necessidade de
evolução.
A localização de Santarém, num planalto sobranceiro ao Tejo, representa, como
unidade paisagística e urbana, um referencial que importa não esquecer na organização
funcional do seu desenvolvimento.
“Podemos apenas considerar que a sua capacidade de absorção visual, entendida
como a capacidade que uma paisagem possui para absorver ou integrar as actividades
humanas sem alteração da sua expressão e carácter e da sua qualidade visual, é maior
numa paisagem urbana do que numa paisagem rural.”(extraído do relatório do P.D.M.)

A cobertura vegetal revela espécies próprias do clima mediterrâneo e outras


típicas do clima atlântico.
Muitas delas têm sido substituídas pelo Homem que tem, assim, modelado a
paisagem natural. Apesar da introdução de novas espécies e o cultivo de outras mais
rentáveis, é possível ainda encontrar e reconhecer muitas espécies espontâneas.
As espécies arbóreas e arbustivas mais frequentes da flora mediterrânea são:
azinheira, oliveira, sobreiro, figueira, pinheiro manso, loureiro, rosmaninho, alfazema e
alecrim.
Representantes do clima atlântico há em quantidade menor, por vezes quase
extintos na região: o carvalho negral, o castanheiro, as giestas, as silvas, a hera e o
pinheiro bravo.
Das espécies arbóreas introduzidas pelos muçulmanos fixaram-se muito bem nas
hortas e quintais de Santarém: a laranjeira, a cidreira, o limoeiro e o pessegueiro entre
outras.
São cultivados nos campos do Tejo desde a colonização Árabe, o trigo, a cevada,
a fava e posteriormente o arroz. As espécies cultivadas dominantes são a vinha e a
oliveira.
Santarém é celebre pela produção abundante dos três elementos básicos da
alimentação mediterrânea: os cereais, o vinho e o azeite.
Outra riqueza consiste na fauna piscícola existente nas águas do Tejo e que tem
sido explorada desde a antiguidade até aos nossos dias. Entre outras, estas são algumas
das espécies ainda existentes: barbo, boga, carpa, enguia, tainha e truta.

A cidade de Santarém situa-se ao rio Tejo, implantada no planalto miocénico,


sendo a parte mais antiga a Ribeira, Alfange e Alcáçova.
No que se refere ao relevo Alcáçova, Alporão, Marvila, e áreas adjacentes
situam-se no planalto com altitude média de 103,8 metros. A freguesia de São Nicolau é
a que atinge o ponto mais alto (acima dos 105 metros), enquanto a freguesia de Santa
Iria da Ribeira de Santarém se estende pelas terras mais baixas junto ao Tejo.
A planta de Santarém apresenta-se de uma forma aproximadamente triangular.
Como todas as cidades cingidas de muralhas, a que lhes é imposto uma área
limitativa, Santarém é constituída por um pitoresco retículo de ruas estreitas e becos,
que são vestígios da história da cidade. Santarém é composta por três núcleos urbanos:
dois ribeirinhos (Ribeira e Alfange) e um terceiro que é Marvila mais numeroso, que
constitui propriamente o centro da cidade, situado no planalto que avança sobre o Tejo.
A Ribeira é o bairro marginal, onde fica a estação ferroviária, aglomerado de
casas baixas em ruazinhas estreitas.
O facto de Santarém se situar no cimo de uma elevação, proporciona-lhe abarcar
um grande panorama dos campos e do Tejo, “com os seus areais a perder de vista” .

CLIMA

O clima da região de Santarém é temperado com características de clima


mediterrâneo. A temperatura média mensal oscila entre os 15 graus positivos.
Nos meses mais quentes, os de Verão, as temperaturas máximas sobem até à
volta dos 40 graus à sombra. Nos meses mais frios de Inverno, as temperaturas mínimas
podem descer a 0.5, 1 ou mesmo 1.5 graus negativos.
Quanto à pluviosidade e tendo em consideração as estatísticas do último século,
constata-se que a média anual é de 697,7 mm. Os valores mínimos de precipitação,
correspondem aos meses de Verão, especialmente Julho e Agosto.
É de salientar o fenómeno das cheias do Tejo. Trata-se de uma calamidade
natural que causa elevados prejuízos às culturas, fertilizando o solo para as colheitas dos
anos seguintes.
O Tejo, os rios, as ribeiras de sua rede-hidrográfica têm um débito mínimo na
época estival, chegando mesmo os dois afluentes que delimitam Santarém (Alvísquer e
Maior) ao nível zero. No Inverno, quando chove com abundância, o Tejo e os seus
afluentes aumentam de tal modo o seu caudal que transvassam do leito inundando os
terrenos das margens durante dias ou mesmo semanas.

SANTARÉM E A RAZÃO DE SER COMO CIDADE SUSTENTÁVEL

Torna-se claro que a sustentabilidade de qualquer cidade dependerá, em muito,


do envolvimento de todos os seus agentes, sejam eles entidades públicas ou privadas,
sejam os habitantes, que nos seus campos de actividade e das formas mais
diversificadas interferem no seu funcionamento. Assim os cidadãos deverão e poderão
fazer as suas opções de forma cada vez mais fundamentada e na perspectiva de um
futuro melhor.
Define a carta de Alboorg, aprovada em Maio de 1994 pela Conferência
Europeia sobre Cidades Sustentáveis, ser uma cidade sustentável a que desempenha um
papel essencial no processo evolutivo dos hábitos de vida, da produção, do consumo e
das estruturas ambientais, referindo ainda ser a mesma a maior unidade com capacidade
para gerir os vários desequilíbrios urbanos que afectam o mundo moderno.

ACTIVIDADES ECONÓMICAS

AGRICULTURA

Esta actividade era a principal da região, mas encontra-se agora reduzida quer
pela “fuga” da população activa, quer pelas alterações introduzidas pela Política
Agrícola Comum, sendo a sua revitalização, pelo menos no seu sentido tradicional
altamente duvidosa.
Este abandono da actividade agrícola reflecte-se na cidade de duas formas
diferentes:
 uma na forma como afecta e afectou o comércio correlacionado
 outra no acolhimento da população migrante para a qual houve e há que
preparar infraestruturas habitacionais e dimensionar os respectivos serviços
da cidade

Relativamente a esta actividade, cumpre realçar o papel desempenhado pela


cidade de Santarém através da importantíssima Feira Nacional da Agricultura (agro-
pecuária), originadora da actual C.N.E.M.A., não só no que respeita às suas mostras
internacionais, mas também no que concerne às conferências
seminários aí realizados sobre temas ligados à agro-pecuária, à indústria e tecnologias
correlacionadas, bem como ao respectivo comércio de produtos.
Importante é não esquecer o contributo da produção animal, muito
particularmente a do cavalo de sela e de tiro, em instituições como a Fonte Boa, que
embora fora dos limites da cidade, contribuíram, contribuem e necessário é que
continuem a contribuir para o desenvolvimento comercial, tecnológico e científico da
cidade e das suas instituições relacionadas.
Esta actividade detém um peso económico com significado, embora juntamente
com a pecuária tenha um valor simbólico e cultural superior à sua quantificação
económica. Por outro lado, os agricultores souberam renovar-se. Aqui uma nova
geração de agricultores soube implantar-se, com novos métodos e novas culturas. Com,
efeito, depois de alguma desorientação, os campos renovam-se, os novos olivais
prometem daqui a algum tempo, produções maiores que as anteriores, as searas de
melão e tomate cada vez são de melhor qualidade, e os sistemas de regadio permitem
hoje produções de cereais nunca vistos.
Os frutos não têm grande expressão em Santarém, com a grande excepção da
azeitona. Grandes produções no ano passado, agora por força da substituição do olival
estamos na fase em que os novos olivais produzem pouco.

COMÉRCIO

Ao abordar-se a problemática da cidade como cidade sustentável foi referido que


uma cidade sustentável deverá desempenhar um papel essencial no processo evolutivo
dos hábitos de vida, da produção, do consumo e das estruturas ambientais. Infelizmente
não se poderá concluir da análise feita a este ramo de actividade que, o mesmo, esteja,
actualmente, a desempenhar o papel que se ambiciona.
O Centro Histórico da Cidade de Santarém constitui um Centro Comercial
gigante. A cidade agora com dois grandes hipermercados ainda viabiliza o comércio
tradicional. De facto, na cidade capital do Município, a actividade principal é o
comércio. Aqui vêm clientes tradicionalmente do Município e também muitos do
Cartaxo, Almeirim, Torres Novas, etc..

PECUÁRIA

Todo o Ribatejo e claro toda a região de Santarém, constitui um espaço de


grande importância na produção pecuária nacional. Além da produção de bovinos em
posto extensivo com destaque para a raça brava e que permite o não desaparecimento do
touro bravo, existem alguns núcleos de interessante produção leiteira. Na sub-região do
bairro (margem direita do Tejo) está em grande expansão a criação de ovinos.
A pecuária intensiva pratica-se no norte do concelho quer suinicultura quer
aviários “frangos e ovos”.
Logo, é também uma actividade em parte muito praticada na cidade de
Santarém.
INDÚSTRIA

A indústria no Concelho de Santarém caracterizava-se em 1989, por um elevado


número de estabelecimentos de reduzida dimensão.
Enquanto em 1977 os lagares de azeite foram registados como a principal
actividade industrial do concelho, hoje já não têm expressão, a isto não é alheia a perda
da importância da agricultura na economia do concelho, apesar de algum “folgo”
conjuntural nos anos noventa em muito devida aos incentivos da PAC.
Mantém-se, no entanto, activas diversas industrias ligadas à actividade agrícola e
pecuária, como as referentes aos alimentos para animais, máquinas agrícolas, leite,
conservas e curtimentos. No âmbito das indústrias ligadas à silvicultura têm expressão
as carpintarias e a indústria de mobiliário.
Recentemente começam a surgir, com alguma importância na cidade e na
economia local, outras indústrias como as relativas aos equipamentos eléctricos,
produtos químicos, material óptico e artes gráficas.

Extractiva- No sector extractivo, que obviamente não se localizam na cidade,


referem-se à indústria de pedra(extracção e transformação) e do barro, a norte do
concelho.
Conta o concelho de Santarém com importantes mananciais de argila extraída há
séculos para uma mão menos secular indústria de barro vermelho. Mais recentemente
foi descoberto e está em exploração junto à povoação de Xartinho, na freguesia de
Alcanede, um importante jazigo de Caulino. As areias, quer do rio Tejo quer na
indústria extractiva é sem dúvida a pedra, calcário, mármore e outras, constituem hoje
um sector de grande importância e em crescimento contínuo há mais de 20 anos pelo
menos.

Transformadora - Na realidade a indústria transformadora havia registado uma


significativa evolução na década de oitenta, sobretudo no que se refere à sua
componente tecnológica, sem no entanto alterar significativamente a sua característica
de “mão-de-obra intensiva”.
a)Agroalimentar- Apesar da excelente localização quer no que respeita aos
campos quer às vias de comunicação, a indústria Agroalimentar tem ainda muito que
crescer, considerando as potencialidades existentes.
Actualmente laboram no concelho: uma grande fábrica de cerveja, outra grande
de sumos e refrigerantes, uma unidade de congelação e transformação de legumes e uma
outra de transformação de carne, além evidentemente dos tradicionais lagares de azeite
e lagares de vinho. No que respeita ao azeite, o facto de a maioria dos olivais serem
jovens (por troca com os tradicionais quase todos arrancados) e ainda não terem entrado
na produção de cruzeiro faz com que no momento presente a reconversão dos lagares,
do tradicional para o moderno, se esteja a fazer agora. O agroalimentar completa-se com
algumas unidades pequenas e médias de bolachas e bolos do tipo tradicional.

b)Madeiras- A indústria de madeiras, conta no concelho de Santarém com


algumas serrações e carpintaria, que vendem para a construção civil. Existem também
novas unidades de aglomerados e fabricação de exportação.

c)Pedras- A pedra é matéria prima para o fabrico da cal, com duas grandes
unidades existentes e muito tradicionais. A utilização da cal para fins agrícolas e um
novo respeito pelo património, tem popularizado a cal e consequentemente dinamizado
o seu fabrico.
Os elementos decorativos em pedra, revestimentos, lareiras, etc., estão também
em crescimento de popularidade, alimentando uma indústria que tem crescido bem e
que juntamente com o fornecimento de calçada constitui, hoje uma das maiores
potencialidades deste Município.

d)Peles- A indústria de curtimento tem o Centro Nacional no concelho de


Alcanena. No entanto, Santarém tem o prazer de possuir uma, talvez dos maiores, e
seguramente das melhores até pelo tratamento ambiental que faz aos seus efluentes.

e)Construção Civil- Santarém não é sede de grandes empresas de construção


civil. No entanto tratando-se de actividade em grande expansão criou naturalmente uma
constelação de pequenas e médias empresas com significado na ocupação de mão-de-
obra.

Por ser entendida como sector fundamental para o desenvolvimento do concelho


e de cidade, tanto como criadora de emprego e geradora de mais valias como fixadora
da população, tem apostado a Câmara Municipal na criação de condições que propiciem
o aumento da actividade industrial através da criação de infraestruturas que tornem o
concelho atractivo para investimentos neste sector de actividade.

SILVICULTURA

A floresta conta no concelho de Santarém com importantes manchas de


pinheiros na zona norte e na zona integrada no Parque Natural das Serras de Aire e
Candeeiros. Nessa zona e em terrenos no bairro e charneca, de fraca aptidão agrícola o
eucalipto teve também grandes manchas produtivas.
Recentemente o pinheiro manso, sobreiros e espécies nobres nacionais tem
surgido, por força de alguma reconversão e também da elevada procura destas madeiras.

AMBIENTE

Santarém tem de facto problemas ambientais. Sendo um concelho que trata bem
os efluentes nas zonas rurais onde várias estações de tratamento de efluentes funcionam
e onde as pecuárias foram dotadas de lagoas e fossas sépticas e ainda onde todo o
território possui recolha de lixo e distribuição domiciliária de água, este Município é
afectado ainda pela poluição industrial do Rio Alviela, poluente que vem das indústrias
de curtumes de Alcanena. É certo que se está a cumprir um calendário de obras de
despoluição no rio e na indústria. No entanto o sofrimento para as populações de
Vaqueiros e S. Vicente de Paúl tem sido tão grande que nos reservamos para o final das
obras em curso para dar como certos esses resultados.
TURISMO

Santarém tem desenvolvido, nos últimos anos, um interessante sector de serviços


que importa apoiar e rentabilizar como proposto em diferentes dos capítulos
subsequentes.
Julgamos no entanto de interesse aproveitar este capítulo para apresentarmos a
situação actual de um dos serviços cuja importância é inegável para a cidade e para o
concelho, o Turismo.
Quer a região em que se insere, quer a própria cidade de Santarém são visitadas
por inúmeros turistas nacionais e estrangeiros. Todos estes visitantes, que se deslocam
sobretudo a partir da Grande Lisboa, podem dirigir-se a outros destinos ou ter Santarém
como destino último da sua viagem.
É considerada a cidade das sete colinas- Alcáçova, Capuchos, Outeiro da Forca,
Sacapeito, S. Bento, Senhora do Morte, Monte dos Cravos- Santarém é uma cidade com
enormes potencialidades turísticas que devem ser aproveitadas e desenvolvidas.
O centro da cidade reúne no entanto tantos monumentos e constitui um conjunto
tão monumental que justificou a candidatura a Património da Humanidade avançada
pela Câmara Municipal. Tudo isto e ainda a localização e boas vias de comunicação,
fazem do concelho de Santarém um destino turístico por excelência, que as unidades
hoteleiras em construção vão qualificar muito mais. O Parque Natural das Serras de
Aires e Candeeiros representa a vertente de turismo ambiental com possibilidades
também muito grandes no nosso Município.
Como centro turístico, Santarém possui ofertas turísticas sendo os produtos
turísticos da região e da cidade oferecidos aos turistas de grande variedade e apetência
constituindo nalguns casos uma oferta única pelo menos a nível nacional.
Santarém, é também uma cidade de grande importância histórica, daí decorrendo
a monumentalidade e singularidade dos seus monumentos, não obstante os maus tratos
que sofreram ao longo dos tempos.

Quanto ao turismo religioso, para além das inúmeras Igrejas é de destacar o


interesse SS. Milagre que justifica peregrinações importantes à Igreja de S. Estêvão e a
passagem de milhares de peregrinos por Fátima.
A animação turística, cuja carência é um dos pontos fracos do turismo
português, tem aqui uma elevada expressão com as touradas, o folclore, as feiras, as
vindimas e o artesanato. Merecem destaque a Feira Nacional de Agricultura- Feira do
Ribatejo e a Lusoflora.
A gastronomia é também um importante activo turístico tendo como principal
manifestação pontual a Feira Nacional de Gastronomia. O que também puxa bastante os
turistas são o elevado número de restaurantes e casas de comida existentes no concelho.
No campo de animação turística deve salientar-se a actividade do Centro
Cultural Regional de Santarém que organiza todo o ano exposições, cursos de técnicas
de restauração, concertos e recitais, conferências e colóquios.
Santarém é toda uma cidade de grande atracção turística, pelas suas
maravilhosas “ofertas” aos turistas, quer naturais quer criações do homem.
CARACTERIZAÇÃO ARTÍSTICA E MONUMENTAL

“ Santarém, capital portuguesa do Gótico”

A riqueza artística da cidade de Santarém fez com que fosse designada capital do
gótica em Portugal, apesar dela ter vindo a ser muito reduzida. Lembre-se que Santarém
chegou a ter, na povoação e seu termo, 15 conventos, 15 paróquias e 24 hospitais e
albergarias para além das 16 ermidas.
Desta riqueza histórica resulta uma importante riqueza monumental, de que se
listam alguns dos principais monumentos:
 Torre das Cabaças (mon. nac.)
 Portas do Sol, antiga Alcáçova (mon. nac.)
 Chafariz das Figueiras com alpendre gótico (mon. nac.)
 Igreja Sta Clara do séc. XIII (mon. nac.)
 Túmulo de João Afonso (mon. nac.), na Igreja S. Nicolau
 Igreja da Piedade ( I,I,P)
Dos vários monumentos, todos eles se encontram espalhados por toda a cidade,
em Almoster, na vizinhança de Santarém situa-se o Convento de Almoster de
Bernardos e fundado em 1289, com uma Igreja com portal gótico.

“ Santarém é uma arca de cultura”

A toda esta monumentalidade é imperioso acrescentar os Museus Municipal


Arqueológicos de S. João de Alporão e Ferroviário. Pela sua valia histórico-religiosa
merece ainda destaque a Mouraria de Santarém.
Santarém é também centro de uma região rica em Museus situados em
Almeirim, Alpiarça (Casa Museu dos Patudos), Benavente, Cartaxo, Constância,
Golegâ, entre outras.

“Santarém, Santarém! Levanta a tua cabeça coroada de touros e de mosteiros,


de palácios e de templos! Mira-te no Tejo, princesa das nossas vilas e verás como eras
bela e grande, rica e poderosa entre todas as terras portuguesas.” (ALMEIDA
GARRETT)

INFRAESTRUTURAS BÁSICAS

Como em todas as cidades a aposta da Administração Municipal, nestes últimos


anos, foi no sentido de dotar todos os aglomerados urbanos com abastecimento de água
ao domicilio. No que respeita ao saneamento, a situação a nível do concelho não é
satisfatória, sobretudo na cidade de Santarém, onde há que constituir uma ETAR-
Estação de Tratamento de Águas Residuais e ampliar a rede de esgotos domésticas.
Quanto ao sistema de deposição/remoção e destino final de resíduos sólidos,
normalmente o sistema infraestrutural mais “esquecido”, conquanto se prepare um
sistema de deposição (aterro sanitário), em conjunto com os concelhos vizinhos, há que
melhorar e reestruturar um sistema integrado para a cidade.
COORDENAÇÃO E CONTROLO DO TRÁFEGO DOS TRANSPORTES

Existe o objectivo central de libertar o centro da cidade do tráfego de passagem,


criando vias de traçado articulado com as redes existentes, assumindo como estabilizada
a localização da nova ponte sobre o Tejo a sul da cidade e o traçado da variante à EN3
tal como definido em estudo prévio pela J.A.E.
No interior das malhas de expansão propõe-se a reformulação da rede viária
existente em termos de requalificar a maior parte dos espaços já ocupados. Estes
surgiram a partir de processos de loteamento que, por serem suportados apenas por um
urbanismo cadastral incoerente e desligado de uma metodologia globalizante de
ordenamento urbano, tem dificultado a qualificação urbana e ambiental desejada.
Por esta razão, é definida uma malha viária articulada e hierarquizada que,
ligando os principais pontos de geração do tráfego, permite melhorar o sistema de
acessibilidade , tendo em conta os seus principais componentes: nó de Auto-Estrada,
Via Circular Urbana, designada por Rua O, variante à EN3, nova ponte rodoviária sobre
rio Tejo e variante à EN 114 do nó da Auto- Estrada ao nó da Guia e ligação à Ribeira
de Santarém.
Desta rede proposta faz parte a criação de uma via periférica a norte da cidade
acompanhando o limite do espaço urbanizavel da Portela das Padeiras do Vale de
Ossos, com ligação à Ribeira de Santarém pela Senhora da Saúde, à variante à EN3 na
ligação desta ao traçado actual da EN3 na Portela e uma outra que no sentido norte/sul
ligará aquela via periférica desde o Vale de Ossos ao nó da Guia.

No entanto entendemos que a cidade e o município seriam fortemente


beneficiados com a transferência da linha de caminho de ferro para o planalto,
permitindo utilizar como corredor de passagem o espaço canal da variante à EN3 e
permitindo uma ligação intermodal rodo-ferroviária fácil e com boa capacidade de
serviço de carga.
O que torna indispensável a subsequente elaboração de estudos urbanísticos
detalhados, tanto para o tratamento dos espaços livres urbanos como para a definição
mais precisa de parâmetros de composição urbanístico e arquitectónica destas áreas
como forma de garantir, adequadamente, a concretização e princípios constantes desta
proposta de Plano Estratégico.
Igual princípio deve aplicar-se às zonas de renovação e às intervenções nas áreas
consolidadas.
Santarém é privilegiado com algumas potencialidades importantes decorrentes
da proximidade de alguns dos principais eixos rodo-ferroviários do país:
 IP1 (auto-estrada Lisboa/Porto)
 IP6, IC3 e IC10, ligadas com a futura ponte sobre o Tejo
 Linha do Norte (ferroviária)
não esquecendo a enorme importância que a médio/longo prazo o rio poderá representar
no respeitante ao transporte de mercadorias, logo Santarém, resultante da concretização
do projecto de navegabilidade do Tejo.

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