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Introdução......................................................................................................................................2
Evolução Histórica........................................................................................................................5
Exercícios......................................................................................................................................7
Exercícios....................................................................................................................................27
Exercícios....................................................................................................................................53
Exercícios....................................................................................................................................65
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INTRODUÇÃO
Olá, tudo bem com você? Nesta apostila digital iremos estudar a matéria de Geografia. Este
assunto foi cobrado no último concurso da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
O momento agora é ter muito foco nos estudos. Não espere o edital abrir para começar a estudar
porque o tempo entre a abertura do edital e a prova é muito curto.
A concorrência está cada vez maior e é preciso estar preparado para enfrentar este Concurso
Público.
Você já é uma pessoa diferenciada porque já está planejando seu futuro. Continue assim.
AVISO IMPORTANTE
PIRATARIA É CRIME!
Esta apostila é protegida por direitos autorais conforme a Lei 9.610 de 1998, que regula os
direitos autorais.
De acordo com o Artigo 184 do Código Penal é proibida a reprodução total ou parcial desta
apostila.
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APOSTILA DIGITAL – Polícia Militar do Rio de Janeiro
GEOGRAFIA
O Rio de Janeiro é o menor estado da região Sudeste do Brasil e um dos menores do país,
ocupando 43.900 milhões de km². O Estado detém uma das mais altas densidades populacionais,
em torno de 378,9 hab./km²
A Cidade Maravilhosa chama atenção pela sua beleza, com o clima tropical, em sua maior parte,
a variedade de relevos e, consequentemente, de paisagens, atraindo o turismo para a região.
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O trecho litorâneo abrange a linha costeira e a região das baixadas, em direção à parte
setentrional (norte) do estado, constituído por lagoas e cordões litorâneos, com vegetação e
restinga.
Parte desta área integra a região turística denominada Costa do Sol, que começa nos limites da
Área Metropolitana (município de Maricá) e vai até o município de Rio das Ostras (baixada
litorânea); e parte meridional (sul), de constituição rochosa e muito recortada em baías e
enseadas, prolongando-se até o município de Paraty.
Este litoral apresenta-se afogado, estreito e alto, constituindo-se na chamada Costa Verde, a
partir do município de Mangaratiba até o município de Parati. Nesta unidade física, a modalidade
de turismo mais desenvolvida é a do aproveitamento das praias e das práticas náuticas.
O conjunto montanhoso da Serra do Mar, representando pela frente escarpada e seu reverso,
atravessando quase todo o estado, com altitudes até 2000 metros (Serra dos Órgãos), em alguns
pontos, é caracterizado por temperaturas mais amenas, quando comparado com as unidades
físicas, imprimindo características peculiares às diferentes modalidades turísticas. Esta porção é
conhecida como Região Serrana.
Por fim, distingue-se o planalto ondulado, que perde altitude até Vale do Paraíba do Sul, sendo
que o rio de mesmo nome representado o traço marcante nessa paisagem, cortando o território
fluminense de sul para norte, formando uma depressão encaixada entre as escarpas das serras
do Mar e Mantiqueira, esta exibindo o paredão do Pico das Agulhas Negras, como
aproximadamente 2800m de altitude, muito aproveitado para diferentes modalidades de turismo.
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Evolução Histórica
Voltando um pouco na história do Rio de Janeiro, vemos que o elemento histórico e as atividades
econômicas são importantes condicionantes para o desenvolvimento da atividade turística.
Neste sentido, de modo geral, podemos analisar a ocupação do atual Estado do Rio de Janeiro
pelos portugueses a partir do século XVI.
Este século XVI marca a descoberta da faixa litorânea do Estado, pela expedição em que tornou
para Américo Vespúcio (1501- 1502), sendo que em 1503 é instalada uma feitoria na futura
cidade de Cabo Frio, enquanto em 1565 é fundada a cidade do Rio de Janeiro.
Sendo assim, formas pretéritas criadas no século XVI ainda persistem neste espaço e são
testemunhos importantes para a preservação da memória e da cultura.
Neste período, também houve a ocupação do litoral pela coroa portuguesa, destacando-se a
importância do sítio, ou seja, o local no qual estabeleceram-se as futuras cidades, geralmente
ocupando a entrada de baías, rios, etc., com a presença de inúmeras fortificações, como as
encontradas na Baía de Guanabara.
Esta atividade marca a paisagem dessa região até os dias atuais, encontrando-se fazendas dos
antigos barões do açúcar e usina; enquanto na área metropolitana, pelas grandes transformações
ocorridas, poucos vestígios foram deixados na paisagem.
Concomitante à exploração do aurífera nas Minas Gerais, nos primeiros séculos, a cana-de-
açúcar atinge definitivamente a baixada campista, na porção norte do Estado.
Quanto à atividade aurífera mineira, as cargas do referido metal desciam do planalto das Minas
Gerais em lombos de burros, na direção de Paraty (caminho velho) e eram conduzidas por mar
até do Rio de Janeiro.
O Rio de Janeiro se torna rapidamente o principal porto e a mais ativa cidade do país, ao mesmo
tempo, a atividade aurífera contribui para o aparecimento de vilas – embriões para futuras
cidades – que serviam de passagem para o interior, como Vassouras, Paraíba do Sul e Paty do
Alferes, entre outras.
Do ponto de vista histórico e político, merece destaque para a antiga Providência do Rio de
Janeiro, a transferência da sede do governo colonial de Salvador para o Rio de Janeiro (1763),
em decorrência do comercio do ouro das Minas Gerais, além das condições geográficas.
Cumpre lembrar que no período compreendido entre o séculos XVII e XVIII, os portos tiveram
importância fundamental na história econômica fluminense, primeiramente com o transporte de
cana-de-açúcar, e logo em seguida com o ouro.
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O início do século XIX vai ser marcado, primeiramente, pela extinção do ouro em Minas Gerais
(decadência da mineração), enquanto a cana-de-açúcar volta a concentrar, mas por pouco
tempo, todas as atenções.
Outro fato histórico e político importante para o atual Estado do Rio de Janeiro (e mais
diretamente para a cidade do Rio de Janeiro) foi a chegada da Corte Portuguesa, em 1808, que
afetou a estrutura organizacional da urbe carioca.
Em 1834, a cidade do Rio de Janeiro separou-se de sua província e a capital imperial foi elevada
à condição de Município Neutro, enquanto a cidade de Niterói tornou-se capital da Província, em
1835.
À medida que o Império se consolidava, surgia um novo produto rei na economia fluminense: o
café. Esta nova cultura de base exportadora começou o seu trajeto na cidade do Rio de Janeiro,
mais precisamente no Maciço Carioca, nas encostas de Jacarepaguá, além dos Maciços da
Pedra Branca e Mendanha.
Foi o planalto em várias áreas do território fluminense, embora não tenha obtido o resultado
esperado, em decorrência da declividade do terreno e das condições climáticas. Mas a maior
expressão cafeeira da antiga província ocorreu quando, a partir do Mendanha, a rubiácea atingiu
São João Marcos (parte do atual município do Rio Claro), Piraí e Resende, chegando, portanto,
ao Vale do Paraíba, em seu trecho médio.
O Café, no Médio Paraíba Fluminense, teve seu plantio expandido para várias direções, sendo
cultivado ao norte em Entre Rios (atual município de Três Rios), seguindo para Nova Friburgo e
Cantagalo, na Região Serrana, terminando sua expansão em Itaocara e São Fidélis, seguindo a
direção da Zona da Mata Mineira e do Espírito Santo.
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As encostas foram ocupadas com o cafezais e o fundo dos vales com as sedes das fazendas e
instalações de beneficiamento do produto.
Atualmente, muitas destas fazendas, principalmente aquelas localizadas no Médio Paraíba, nos
municípios de Vassouras, Valença e Paraíba do Sul estão sendo resgatadas para atividades
turísticas.
Exercícios
02 - Com relação à extensão territorial do estado do Rio de Janeiro, assinale a alternativa correta
b) É um dos estados menos populosos do Brasil com 3.230.225 habitantes é o quarto menor do
país.
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c) Com relação à densidade demográfica perde para São Paulo, Bahia e Amazonas.
a) Tropical Litorâneo
b) Equatorial
c) Tropical
d) Subtropical
e) Semi-Árido
05 - A cidade do Rio de Janeiro recebe todos os anos milhares de pessoas de diversas partes do
país e do mundo. O estado atrai muitos visitantes por sua beleza natural (possui uma costa com
635 quilômetros de extensão banhada pelo oceano Atlântico), além de eventos como o carnaval.
A importância histórica da cidade também é considerada, tendo em vista que o Rio de Janeiro
tem mais de quatrocentos anos e foi sede do Império e capital da República.
a) cidade religiosa
b) cidade comercial
c) cidade industrial
d) cidade turística
e) cidade religiosa
Respostas
01 02 03 04 05
c b a c d
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IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS REGIÕES DO ESTADO E SUAS CARACTERÍSTICAS GERAIS
1. Região Metropolitana
4. Região Serrana
Neste sentido, vamos apresentar cada uma destas regiões, ressaltando seus municípios,
características e principais atividades exercidas.
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1. Região Metropolitana
Municípios: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Cachoeiras de Macacu, Duque de Caxias, Guapimirim,
Itaboraí, Itaguaí, Japeri, Magé, Maricá, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi,
Petrópolis, Rio Bonito, Queimados, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá.
Municípios: Resende, Volta Redonda, Porto Real, Barra Mansa, Itatiaia, Pinheiral, Piraí, Barra do
Piraí, Rio Claro, Valença, Quatis e Rio das Flores.
É importante que você conheça o Vale do Paraíba Fluminense por causa de sua destacada
posição histórica e econômica. Essa é uma região que marcou o desenvolvimento do Brasil e que
ocupou o posto de principal produtor de café do país no século XIX, garantindo a liderança
mundial em termos de produção e exportação deste produto.
Além disso, essa é uma área muito rica culturalmente e com enorme potencial para o turismo,
preservando casarios coloniais, fazendas históricas, igrejas e propriedades que pertenceram aos
barões do café. É uma verdadeira imersão na história do Brasil Imperial.
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3. Região Centro-Sul Fluminense
Municípios: Três Rios, Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia,
Vassouras, Paty dos Alferes, Mendes, Miguel Pereira e Engenheiro Paulo de Frontin.
A região está localizada mais ao sul do Estado, longe do litoral, as motivações de ocupação da
região não foram as mesmas do Rio Antigo. A mata densa, povoada por índios, abriu-se, ainda no
século XVII.
Os encantos da região Centro Sul Fluminense vão além do clima orgulhosamente apontado como
um dos melhores do mundo. As suas circunstâncias históricas estão intimamente ligadas ao
percurso de memórias constituído contemporaneamente pelos seus museus e centros culturais.
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4. Região Serrana
Municípios: Cantagalo, Carmo, Cordeiro, Bom Jardim, Duas Barras, Nova Friburgo, Sumidouro,
Santa Maria Madalena, São Sebastião do Alto, Trajano de Morais, São José do Vale do Rio
Preto, Teresópolis e Macuco.
• A altitude media da região serrana do Estado do Rio varia de 300 a quase 2800 metros.
• É a região mais fria do RJ e uma das mais frias da região Sudeste.
• Possui uma área de 1.785,063 km² e sua população tem mais de 498.000 habitantes.
• Apresenta bons indicadores socioeconômicos, sendo bem dinamizada nos setores da
indústria, comércio e prestação de serviços. Sofreu, nas últimas décadas, com o
crescimento urbano desordenado.
• Região sofre com os desastres naturais, devido aos intensos deslizamentos de terra,
normalmente, promovidos pelas chuvas em abundância, principalmente no verão, gerando
perda de vida, bens materiais e abalo econômico na região e no estado.
• As terras cultivadas na região abastecem os municípios da região metropolitana.
• Contribuem para o desenvolvimento da agricultura: clima e a rede hidrográfica, relevo, o
solo e o índice pluviométrico.
• Atividade turística bastante desenvolvida, voltada para o turismo rural, ecoturismo, turismo
cultural (culturas alemãs e suíças) e o turismo de comércio (polos têxteis e moda íntima).
• A indústria têxtil tem um papel muito importante na região, chegando a exportar lingerie
para diversos países.
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A Região Serrana tem papel de destaque diante das demais regiões, na qual o agricultor familiar
se insere em atividades de serviços vinculadas ao turismo e à segunda residência, conforme
pode ser identificado na RJ-130 (Teresópolis-Nova Friburgo).
A região foi inicialmente povoada por portugueses depois que se tornou o local de férias do
imperador.
Essa região tem forte herança europeia, visto que a maioria de sua população é de origem
europeia, claro. Em Nova Friburgo e arredores são os suíços e em Teresópolis alemães e
ingleses principalmente.
O clima é tropical de altitude. Em partes da serra pode variar a subtropical, com temperatura
média anual de 18°C e altitudes que podem passar dos 2.300 metros, tendo, como seu pontos
culminantes, o Pico das Agulhas Negras, no município de Itatiaia, com 2.792 metros, e o Pico
Maior de Friburgo, na cidade de Nova Friburgo, com 2.316 metros.
A geada é comum nas regiões acima de 1.000 metros e nas áreas rurais. A temperatura pode
ficar abaixo de 0 graus célsius nas zonas rurais dos municípios principalmente.
Há registro de queda de neve fraca no Parque Nacional do Itatiaia, a última vez ocorreu em 2012
e a nevasca mais forte ocorreu por volta dos anos 80 e foi umas das mais fortes da história do
país com mais de 1 metro de profundidade.
A região serrana é bastante procurada por seu clima ameno e pela beleza das paisagens da Mata
Atlântica.
Municípios: Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do
Cabo, Armação de Búzios, Casimiro de Abreu, Rio das Ostras, Silva Jardim.
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• As região das Baixadas Litorâneas é também conhecida como Costa do Sol.
• A importância do fator clima na região: o clima entre Arraial do Cabo e Cabo Frio é
diferente do restante do Estado, sendo um local que chove menos, venta mais e o número
de dias ensolarados durante o ano é maior, o que estimula o turismo de veraneio na
região.
• Ressurgência - este fenômeno, característico da região, impulsiona a indústria pesqueira
em Cabo Frio.
• Turismo é a principal atividade, gerando diversas outras, como comércio e construção civil.
• Os ecossistemas de restingas e lagunas sofrem com a pressão desordenada e a falta de
políticas públicas para a conservação.
• Outros dois setores da indústria muito importantes são: a pesca e a produção de sal, este
último em decadência pela pressão dos empreendedores imobiliários e pela concorrência
com a produção do Rio Grande do Norte.
• Falta de infraestrutura e crescimento desorganizado impulsionado pela especulação
imobiliária são os principais causadores de problemas socioambientais na região.
• Expansão das atividades não agrícolas.
Os tamoios estavam, sobretudo, na região em que hoje se situa Cabo Frio e, por conseguinte,
Arraial do Cabo e Armação de Búzios, já que, estes hoje municípios, eram integrantes de Cabo
Frio.
Já os goytacá ocupavam as terras mais ao norte, sendo um desses municípios, na Costa do Sol,
hoje conhecido como Rio das Ostras. Outras tribos, nômades, transitavam na região, dada a
fartura natural das matas e dos rios.
Registros apontam que logo em 1504, Américo Vespúcio desembarcou em Cabo Frio com sua
expedição, observando ser a região abundante em pau-brasil. Iniciava-se assim um ciclo de
exploração da região, que além dos recursos naturais atrativos aos portugueses, destacava-se
pela facilidade de atracação de barcos na Baía Formosa.
Aliás, estas condições e vantagens foram aproveitadas não apenas por portugueses, mas
também por franceses que exploraram a região, a partir da aliança com índios tamoios. Como
consequência, esta área se destacou em importância sob o ponto de vista da estratégia de
defesa e potencial econômico e a região em que hoje se encontra a Costa do Sol foi
paulatinamente sendo partilhada com a doação de sesmarias.
A necessidade de controle sobre essa região, em virtude da entrada e saída de navios, entre
outras coisas, e mesmo a necessidade de que se mantivessem sob controle as populações
indígenas fez com que sesmarias também fossem concedidas aos jesuítas e a outras ordens
religiosas, como veremos mais a diante. Além disso, todas estas questões trouxeram como
consequência a fundação do município de Cabo Frio ainda no início do século XVII.
A semelhança do que ocorreu em outras importantes cidades coloniais, grandes parte das terras
em que hoje se encontra a Costa do Sol viveu os ciclos econômicos de produção, baseados no
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latifúndio e na mão de obra escrava, período que também marca a narrativa de memória que a
região constrói sobre si.
As belezas naturais fazem com que grande parte desta região viva hoje do turismo e mesmo aí,
conforme nosso roteiro há uma preocupação em celebrar a memória deste estilo de vida das
cidades litorâneas
• Possui 849 494 habitantes e uma área de 9 745 km² com densidade 87,2 hab./km².
• Produção de etanol de cana-de-açúcar.
• Solos férteis, relevo de planície, disponibilidade hídrica, tradição em agricultura, força de
trabalho numerosa e baixo custo, proximidade dos grandes centros consumidores.
• Apresenta forte potencial turístico e economia igualmente alavancada pela indústria do
petróleo.
• Bacia de Campos: exploração do petróleo off shore.
• Indústrias ligadas ao setor petrolífero presentes cada vez em maior número na região.
• Falta de infraestrutura básica em cidades como Macaé e Campos.
• Royalties do petróleo aumentando receitas dos municípios, sem outrora, melhorar as
condições de vida da população.
• Estrutura fundiária marcada pela forte concentração de terras.
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A Região Norte Fluminense é a região com maior PIB per capita do estado em razão à
exploração de petróleo na Bacia de Campos. Isso faz com que a cidade de Campos dos
Goytacazes confirme sua vocação histórico-cultural como a capital econômica e política do Norte
Fluminense.
A agricultura desenvolveu-se bem na Região Norte Fluminense devido aos elementos naturais da
sua geografia, com planície de grande extensão e terreno plano.
Conhecida pelas grandes plantações de cana-de-açúcar no passado, hoje, embora este número
tenha decrescido bastante, o município de Campos dos Goytacazes ainda é o maior produtor de
cana-de-açúcar do Estado.
Os outros municípios: Cardoso Moreira, São Fidélis, São Francisco de Itabapoana, São João da
Barra, Carapebus, Conceição de Macabu e Quissamã ligam-se, sobretudo, à criação de gado e
às atividades agrícolas para atender a indústria
O Porto do Açu é um grande empreendimento que está funcionando desde 2014. Este Porto foi
considerado o sexto maior terminal privado do país em movimentação de cargas no primeiro
semestre de 2017.
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Projeto Porto do Açu – Município de São João da Barra
Municípios: Itaperuna, Aperibé, Bom Jesus do Itabapoana, Cambuci, Miracema, Italva, Itaocara,
Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula, Santo Antônio de Pádua, São José de Ubá e Varre-Sai.
• Possui 317 452 habitantes e Área de 5 373 km² com Densidade 59,1 hab./km².
• É a região mais pobre do estado, participa apenas com 1% do PIB do estado.
• Itaperuna é o maior centro da região.
• O meio físico da região é composto por muitas serras, rios, morros e cachoeiras.
• A região está localizada na porção leste da Serra da Mantiqueira.
• A agropecuária é a principal atividade econômica (pecuária leiteira). A estrutura fundiária é
concentrada, os solos não são utilizados adequadamente e a pecuária é extensiva.
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Municípios: Angra dos Reis, Paraty e Mangaratiba.
A Região da Costa Verde exibe um dos cenários mais bonitos e exóticos da costa brasileira, onde
a Serra do Mar encontra o Atlântico e ambos se confundem de forma única.
É formada pelos municípios de Angra dos Reis, Paraty e Mangaratiba. Teve destaque na
colonização do Brasil, pela presença constante de navios franceses e ingleses.
Por abrigar uma das primeiras terras colonizadas em território nacional, é possível encontrar por
lá estradas e caminhos esquecidos, que de forma pioneira avançavam em direção ao interior do
país.
Sua paisagem, com mais de duas mil praias e uma infinidade de ilhas, é protegida pela Restinga
de Marambaia e por imensos paredões recobertos pela Mata Atlântica. As águas, em várias
tonalidades de verde, são ideais para a prática de qualquer modalidade de esporte aquático.
Possui grande número de praias semidesertas. Algumas, com nuances de cores únicas, só
podem ser acessadas pelo mar. A Baía da Ilha Grande é considerada a melhor e mais bela parte
do litoral brasileiro para se navegar.
A presente publicação divulga um dos produtos de mais forte identidade da produção geográfica,
fornecendo um quadro regional de referência para a compreensão, em múltiplas escalas, das
diversidades existentes no imenso Território Nacional.
A principal diferença entre a divisão regional ora apresentada e os quadros anteriores é que na
atual proposta técnica a divisão será periodicamente revisada.
Com efeito, a definição de um novo quadro regional está vinculada ao intenso processo de
ocupação e ampliação dos espaços produtivos que, aliado ao acelerado movimento de criação de
municípios, a partir da Constituição Federal do Brasil de 1988, coloca novos desafios
metodológicos à sua construção.
Essa maior heterogeneidade do território ressalta a urgência de uma revisão das unidades
subestaduais do espaço brasileiro. Assim sendo, o que se faz prioritário é a revisão das unidades
mesorregionais e microrregionais, que nesse estudo recebem os nomes de Regiões Geográficas
Intermediárias e Regiões Geográficas Imediatas, respectivamente.
Essas escalas oferecem um retrato mais detalhado do território brasileiro e dos seus atributos.
Nesse contexto, o Projeto Divisão Regional do Brasil em Regiões Geográficas Imediatas e
Regiões Geográficas Intermediárias apresenta uma proposta metodológica que instrumentaliza e
integra análises e expectativas de órgãos de planejamento estaduais por meio de uma parceria
mediada pela Associação Nacional das Instituições de Planejamento, Pesquisa e Estatística –
Anipes.
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A identificação e a divulgação desses recortes regionais ocorrem após consulta e contribuição à
divisão regional por todos os envolvidos.
Nunca é demais ressaltar que a relevância do presente estudo reside não só no fato de fornecer
uma base geográfica para a divulgação de dados estatísticos do IBGE, como também no
propósito de oferecer elementos para a compreensão atualizada da realidade territorial do País,
analisada, estrategicamente, em sua diversidade regional.
As Regiões Geográficas Imediatas têm na rede urbana o seu principal elemento de referência.
Essas regiões são estruturas a partir de centros urbanos próximos para a satisfação das
necessidades imediatas das populações, tais como: compras de bens de consumo duráveis e não
duráveis; busca de trabalho; procura por serviços de saúde e educação; e prestação de serviços
públicos, como postos de atendimento do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, do
Ministério do Trabalho e de serviços judiciários, entre outros.
Em alguns casos, principalmente onde não existiam Metrópoles ou Capitais Regionais, foram
utilizados centros urbanos de menor dimensão que fossem representativos para o conjunto das
Regiões Geográficas Imediatas que compuseram as suas respectivas Regiões Geográficas
Intermediárias.
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O Rio de Janeiro na Nova Divisão Regional em Regiões Geográficas
Divisão das regiões intermediárias em vermelho e das imediatas em cinza no Estado do Rio.
O Rio de Janeiro é composto por 92 municípios, que estão distribuídos em 14 regiões geográficas
imediatas, que por sua vez estão agrupadas em cinco regiões geográficas intermediárias,
segundo a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vigente desde 2017.
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As regiões geográficas intermediárias foram apresentadas em 2017, com a atualização da divisão
regional do Brasil, e correspondem a uma revisão das antigas mesorregiões, que estavam em
vigor desde a divisão de 1989.
As regiões geográficas imediatas, por sua vez, substituíram as microrregiões. Na divisão vigente
até 2017, os municípios do estado estavam distribuídos em 18 microrregiões e seis mesorregiões,
segundo o IBGE.
A Região Geográfica Intermediária do Rio de Janeiro é uma das cinco regiões intermediárias do
Estado brasileiro do Rio de Janeiro e uma das 134 regiões intermediárias do Brasil, criadas pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017.
Sua população total estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 13
088 713 habitantes, distribuídos em uma área total de 10 393,538 km².
Rio de Janeiro é o município mais populoso da região intermediária, além de ser capital do
Estado, com 6 688 927 habitantes, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
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Região Geográfica Intermediária de Volta Redonda-Barra Mansa
A Região Geográfica Intermediária de Volta Redonda-Barra Mansa é uma das cinco regiões
intermediárias do Estado brasileiro do Rio de Janeiro e uma das 134 regiões intermediárias do
Brasil, criadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017.
Sua população total estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 1
031 516 de habitantes, distribuídos em uma área total de 7 561,847 km².
Volta Redonda é o município mais populoso da região intermediária, com 271 998 habitantes, de
acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Sua população total estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 1
014 011 de habitantes, distribuídos em uma área total de 8 591,249 km².
Petrópolis é o município mais populoso da região intermediária, com 305 687 habitantes, de
acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Região Geográfica Intermediária de Campos dos Goytacazes é uma das cinco regiões
intermediárias do Estado brasileiro do Rio de Janeiro e uma das 134 regiões intermediárias do
Brasil, criadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017.
Sua população total estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 966
014 de habitantes, distribuídos em uma área total de 12 539,510 km².
Campos dos Goytacazes é o município mais populoso da região intermediária, com 503 424
habitantes, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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A Região Geográfica Intermediária de Macaé-Rio das Ostras-Cabo Frio é uma das cinco regiões
intermediárias do Estado brasileiro do Rio de Janeiro e uma das 134 regiões intermediárias do
Brasil, criadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017.
Sua população total estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de 1
051 175 de habitantes, distribuídos em uma área total de 4 934,841 km².
Macaé é o município mais populoso da região intermediária, com 251 631 habitantes, de acordo
com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Resumo das regiões geográficas intermediárias e imediatas do Rio de Janeiro
Exercícios
a) Campos - Saquarema.
02 - A Região Serrana é uma das principais áreas agrícolas do Estado do Rio de Janeiro.
Municípios como Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo são responsáveis por grande parte da
produção de verduras e legumes que abastecem a metrópole carioca. Assinale a alternativa que
apresenta corretamente as características dessa região relacionadas a produção primária.
a) O relevo mais elevado com o ar mais frio e seco favorece as hortaliças e frutas. - Pequenas
propriedades, trabalho familiar.
d) O Clima “frio” sempre dificulta o cultivo – O fato da região ter grande altitude dificulta o
deslocamento das mercadorias.
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03 - Os fragmentos abaixo se referem às características de algumas regiões fluminenses.
Leia-os atentamente:
FRAGMENTO 2 - Ainda que recorrentes, os problemas ambientais e sociais nesta região são
acentuados por eventos de ordem natural. No entanto, em função das atividades industriais e
turísticas bem estruturadas, observa-se um dinamismo na produção têxtil, vestuário e metalurgia.
Predomina também nesta região a indústria tradicional, representada por pequenas e médias
empresas, sobretudo as de vestuário e têxteis.
04 - Segundo estimativas oficiais, o setor industrial como um todo responde por um terço das
emissões de gases de efeito estufa do Estado do Rio de Janeiro. De tal forma, afirma-se como
estratégia adequada para ajudar a diminuir emissões de carbono no Estado:
a) Atingir metas pactuadas pela Certificação ISSO 9001:2008, junto ao Painel Intergovemamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e o governo brasileiro.
b) Tolher processos produtivos eficientes combinados com menor emissão de carbono, através
de incrementos tributários e de instrumentos de apoio à produção mais limpa.
c) A captação direta ao consumo de água bruta e ao lançamento de efluentes nos corpos hídrico.
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05 - Geomorfologicamente a Serra do Mar é classificada como:
b) um altiplano.
e) um dobramento terciário.
Respostas
01 02 03 04 05
d a c d a
O edital do Concurso de Soldado da Polícia Militar do Rio de Janeiro cobrou noções básicas do
município do Rio de Janeiro. Entendemos que deveria ser cobrado noções básicas do Estado do
Rio de Janeiro por ser um concurso estadual e não municipal.
Municípios limítrofes: Duque de Caxias, Itaguaí, Seropédica, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova
Iguaçu e São João de Meriti
Altitude: 2 m
Salário médio mensal dos trabalhadores formais (2017): 4,1 salários mínimos
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Rio de Janeiro (frequentemente referida simplesmente como Rio) é um município brasileiro,
capital do estado homônimo, situado no Sudeste do país. Maior destino turístico internacional no
Brasil, da América Latina e de todo o Hemisfério Sul, a capital fluminense é a cidade brasileira
mais conhecida no exterior, funcionando como um "espelho", ou "retrato" nacional, seja positiva
ou negativamente.
É a segunda maior metrópole do Brasil (depois de São Paulo), a sexta maior da América e a
trigésima quinta do mundo. Sua população estimada pelo IBGE para 1.º de julho de 2018 era de 6
688 927 habitantes. Tem o epíteto de Cidade Maravilhosa e aquele que nela nasce é chamado de
carioca.
Parte da cidade foi designada Patrimônio Cultural da Humanidade, com o nome "Rio de Janeiro:
Paisagem Carioca entre a Montanha e o Mar", classificada pela UNESCO em 1 de julho de 2012
e categorizada como uma Paisagem Cultural. Em 18 de janeiro de 2019, a cidade foi eleita pela
UNESCO como a primeira Capital Mundial da Arquitetura.
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Representa o segundo maior PIB do país (e o 30º maior do mundo), estimado em cerca de 329
bilhões de reais, e é sede das duas maiores empresas brasileiras - a Petrobras e a Vale, e das
principais companhias de petróleo e telefonia do Brasil, além do maior conglomerado de
empresas de mídia e comunicações da América Latina, o Grupo Globo.
Etimologia
A Baía de Guanabara, à margem da qual a cidade se organizou, foi descoberta pelo explorador
português Gaspar de Lemos em 1 de janeiro de 1502.
Embora se afirme que o nome "Rio de Janeiro" tenha sido escolhido em virtude de os
portugueses acreditarem tratar-se a baía da foz de um rio, na verdade, à época, não havia
qualquer distinção de nomenclatura entre rios, sacos e baías - motivo pelo qual foi o corpo d'água
corretamente designado como rio.
Os franceses, que se aliaram aos tupinambás, estabeleceram-se na região em 1555 mas foram
expulsos pelos portugueses em 1567.
Breve Histórico
O litoral do atual estado do Rio de Janeiro era habitado por índios do tronco linguístico macro-jê
há milhares de anos atrás. Por volta do ano 1000, a região foi conquistada por povos de língua
tupi procedentes da Amazônia. Um destes povos, os tamoios, também conhecidos como
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tupinambás, ocupava a região ao redor da Baía de Guanabara no século XVI, quando os
portugueses chegaram à região.
A Baía de Guanabara, à margem da qual a cidade foi fundada, foi descoberta pelo explorador
português Gaspar de Lemos em 1 de janeiro de 1502. No entanto, em 1 de novembro de 1555, os
franceses, capitaneados por Nicolas Durand de Villegagnon, apossaram-se da Baía da
Guanabara, estabelecendo uma colônia na ilha de Sergipe (atual ilha de Villegagnon).Lá,
ergueram o Forte Coligny, enquanto consolidavam alianças com os índios tupinambás locais.
Uma vez conquistado o território, em uma pequena praia protegida pelo Morro do Pão de Açúcar,
edificaram uma fortificação de faxina e terra, o embrião da Fortaleza de São João.
A expulsão e derrota definitiva dos franceses e seus aliados indígenas, no entanto, só se deu em
janeiro de 1567.
A vitória de Estácio de Sá, subjugando elementos remanescentes franceses (os quais, aliados
aos tamoios, dedicavam-se ao comércio e ameaçavam o domínio português na costa do Brasil),
garantiu a posse do Rio de Janeiro, rechaçando, a partir daí, novas tentativas de invasões
estrangeiras e expandindo, à custa de guerras, seu domínio sobre as ilhas e o continente.
A povoação foi refundada no alto do antigo Morro do Castelo, que se localizava no atual Centro
da cidade. O morro foi removido em 1922 como parte de uma reforma urbanística. O novo
povoado marcou o começo de fato da expansão da cidade.
Durante quase todo o século XVII, a cidade acenou com um desenvolvimento lento. Uma rede de
pequenas ruelas conectava entre si as igrejas, ligando-as ao Paço e ao Mercado do Peixe, à
beira do cais.
A partir delas, nasceram as principais ruas do atual Centro. Com cerca de 30 000 habitantes na
segunda metade do século XVII, o Rio de Janeiro tornara-se a cidade mais populosa do Brasil,
passando a ter importância fundamental para o domínio colonial.
Essa importância tornou-se ainda maior com a exploração de jazidas de ouro em Minas Gerais,
no século XVIII: a proximidade levou à consolidação da cidade como proeminente centro
portuário e econômico. Em 1763, o ministro português Marquês de Pombal transferiu a sede da
colônia de Salvador para o Rio de Janeiro.
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Vinda da corte portuguesa e período imperial
Nos primeiros decênios, foram criados diversos estabelecimentos de ensino, como a Academia
Militar, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios e a Academia Imperial de Belas Artes, além da
Biblioteca Nacional - com o maior acervo da América Latina - e o Jardim Botânico.
O primeiro jornal impresso do Brasil, a Gazeta do Rio de Janeiro, entrou em circulação nesse
período. Foi a única cidade no mundo a sediar um império europeu fora da Europa.
Foi a capital do Brasil de 1763 a 1960, quando o governo transferiu-se para Brasília. Atualmente é
a segunda maior cidade do país, depois de São Paulo. Entre 1808 e 1815, foi capital do Reino
Unido de Portugal, Brasil e Algarves, como era oficialmente designado Portugal na época. Entre
1815 e abril de 1821, sediou o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, após elevação do
Brasil à parte integrante do reino unido supracitado.
De modo a separar a província da capital do Império, a cidade foi convertida, no ano de 1834, em
Município Neutro, passando a província do Rio de Janeiro a ter Niterói como capital.
Como centro político do país, o "Rio" concentrava a vida político-partidária do Império. Foi palco
principal dos movimentos abolicionista e republicano na metade final do século XIX.
Durante a República Velha (1889-1930), com a decadência de suas áreas cafeeiras, o estado do
Rio de Janeiro perdeu força política para São Paulo e Minas Gerais.
Período republicano
Com a Proclamação da República, nas últimas décadas do século XIX e início do XX, o Rio de
Janeiro enfrentava graves problemas sociais advindos do crescimento rápido e desordenado.
O aumento da pobreza agravou a crise habitacional, traço constante na vida urbana do Rio desde
meados do século XIX. O epicentro dessa crise era ainda, e cada vez mais, o miolo central - a
Cidade Velha e suas adjacências, onde se multiplicavam os Cortiços e eclodiam as violentas
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epidemias de febre amarela, varíola, cólera-morbo, que conferiam à cidade fama internacional de
porto sujo.
Muitas campanhas de erradicação, perpetradas pelos governos da época, não foram bem
recebidas pela população carioca. Houve muitas revoltas populares, entre elas, a Revolta da
Vacina, de 1904, que também teve como causa a tomada de medidas impopulares, como as
reformas urbanas do centro, executadas pelo engenheiro Pereira Passos.
Vários cortiços foram demolidos e a população pobre da região central deslocada para as
encostas de morros, na zona portuária e no Caju, sobretudo os morros da Saúde e da
Providência.
Data desse período a abertura do Teatro Municipal e da Avenida Rio Branco, com os edifícios
inspirados em elementos da Belle Époque parisiense, e a inauguração, em 1908, do Bondinho do
Pão de Açúcar, um dos marcos da engenharia brasileira, em comemoração aos 100 anos da
Abertura dos Portos.
A ocupação da atual zona sul efetivou-se com a abertura do Túnel Velho, que fazia a conexão
entre Botafogo e Copacabana. O surgimento do Copacabana Palace, em 1923, consagrou
definitivamente o processo de ocupação e o turismo na região, que experimentou uma explosão
demográfica.
Em 1992, sediou a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUCED), mais conhecida como Rio-92, ou ECO-92 - a primeira conferência internacional de
peso realizada após o fim da Guerra Fria, com a presença de delegações de 175 países.
Foi sede dos Jogos Pan-Americanos de 2007, ocasião à qual realizou investimentos em
estruturas esportivas (incluindo a construção do Estádio Nilton Santos) e nas áreas de
transportes, segurança pública e infraestrutura urbana; e de sete jogos da Copa do Mundo de
2014. Ainda no âmbito esportivo, a cidade também sediou os Jogos Olímpicos de Verão de 2016.
Nesse período, ocorreram ainda 39 mortes, cerca de duzentas detenções para averiguação e
quase setenta prisões.
No dia 25 de novembro, deu-se a maior ofensiva da Polícia Militar do Rio de Janeiro, com seu
Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) atuando ao lado da Polícia Civil do Rio de
Janeiro, encabeçada pela Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) e em parceria com o
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Corpo de Fuzileiros Navais, que disponibilizou seis blindados e um grupamento de fuzileiros
navais da mesma unidade para apoio logístico da operação, que resultou na ocupação do
território da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, regiões da cidade que até então estava em
poder dos narcotraficantes do Comando Vermelho.
Litoral
Seu litoral tem 197 quilômetros de extensão e inclui mais de cem ilhas que ocupam 37 km², e
desdobra-se em três partes, voltadas à baía de Sepetiba, ao oceano Atlântico e à baía de
Guanabara. O litoral da baía de Sepetiba tem como único acidente geográfico de expressão a
Restinga da Marambaia e é arenoso, baixo e pouco recortado. O litoral da baía de Guanabara é
recortado, baixo, abarca muitas ilhas (como a do Governador com de 29 km²) e, em suas
margens, situam-se o centro comercial e os subúrbios industriais.
Clima
O clima do Rio de Janeiro é o tropical atlântico, com variações locais, devido às diferenças de
altitude, à vegetação e à proximidade com o oceano. Por se tratar de uma cidade litorânea, o
efeito da maritimidade é perceptível, traduzindo-se em amplitudes térmicas relativamente baixas.
Os verões são quentes e úmidos e ocasionalmente com temporais.
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Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1961 a temperatura
mínima absoluta registrada no Rio de Janeiro foi de 6,7 °C em 28 de junho de 1994 na estação
meteorológica do bairro Alto da Boa Vista, onde também foi registrado o maior acumulado de
precipitação do município em 24 horas, de 327,2 mm em 12 de março de 1998.
A cidade conta com parques e reservas ecológicas, como o Parque Nacional da Tijuca,
considerado "Patrimônio Ambiental e Reserva da Biosfera" pela UNESCO, o Parque Estadual da
Pedra Branca, o Complexo da Quinta da Boa Vista e o Jardim Botânico), o Jardim Zoológico do
Rio, o Parque Estadual da Pedra Branca, o Passeio Público.
Não obstante suas águas se renovem ao confluírem para o mar, a baía é receptora final de todos
os afluentes gerados nas suas margens e nas bacias dos muitos rios e riachos que nela
deságuam.
As águas da baía de Sepetiba seguem lentamente o caminho traçado pela baía de Guanabara,
com esgotos domiciliares produzidos por uma população da ordem de 1,29 milhão de habitantes
sendo lançados sem tratamento em valões, córregos ou rios.
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Com relação à poluição industrial, rejeitos de grande toxicidade, dotados de altas concentrações
de metais pesados — principalmente zinco e cádmio —, já foram despejados ao longo dos anos
por fábricas dos distritos industriais de Santa Cruz, Itaguaí e Nova Iguaçu, implantados sob
orientação de políticas estaduais.
A lagoa de Marapendi e a lagoa Rodrigo de Freitas têm sofrido com a leniência das autoridades e
o avanço dos condomínios no local. O despejo de esgoto por ligações clandestinas e a
consequente proliferação de algas diminuem a oxigenação das águas, ocasionando a
mortandade de peixes.
Algumas praias da orla carioca, na maior parte do ano, encontram-se impróprias para o banho
sendo comum após fortes chuvas a formação de "línguas negras" nas areias das praias.
Segundo boletim da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, parte de Ipanema, Arpoador e Praia
Vermelha, além de Bica, Guanabara e Central (Urca), são consideradas impróprias para o banho,
haja vista que suas areias têm alta concentração de coliformes e da bactéria Escherichia coli, que
indica a presença de lixo e fezes.
Há, por outro lado, sinais de despoluição na lagoa Rodrigo de Freitas feita através de uma
parceria público-privada estabelecida em 2008 visa garantir que, até 2011, as águas da lagoa
estejam próprias para o banho.
Panorama da cidade com destaque para as montanhas do Corcovado (esquerda), Pão de Açúcar (centro, ao
fundo) e Dois Irmãos (direita). Fotografia tirada a partir da Vista Chinesa, no Parque Nacional da Tijuca.
Demografia
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Ainda segundo o mesmo censo, 100% da população era urbana. Sua região metropolitana, com
11.835,708 habitantes, é a segunda maior conurbação do Brasil, a terceira da América do Sul e a
23ª do mundo.
A densidade populacional era 5.265,81 hab/km². Desde 1960, quando foi ultrapassada por São
Paulo, a cidade do Rio de Janeiro mantém-se no posto de segundo município mais populoso do
país.
As taxas de incremento médio anual da população foram de 0,8% (2000-2006) e 0,75% (1991-
2000) na cidade, e 1,43% (2000-2006) e 1,18% (1991-2000) na região metropolitana - o que
indica, de modo geral, uma aceleração na taxa de crescimento dos demais municípios do Grande
Rio, e um pequeno aumento na taxa da capital.
Composição étnica
No censo de 2010, a população do Rio de Janeiro era formada por 3 239 888 brancos (51,26%),
2 318 675 pardos (36,69%), 708 148 pretos (11,2%), 45 913 amarelos e 5 981 indígenas (0,09%),
além de 1842 sem declaração (0,03%).
A contribuição africana encontra-se presente, em alto grau, sendo maior entre os "negros".
Também a ancestralidade ameríndia encontra-se presente, embora em grau menor.
No início do século XIX, o Rio de Janeiro tinha a maior população urbana de escravos nas
Américas, superando inclusive Salvador e Nova Orleans. Os africanos provinham de diferentes
regiões do continente africano, mas no Rio predominaram os oriundos de Cabinda, do Congo
Norte, Benguela, Moçambique, Luanda e de Angola.
Em 1849, 43,51% da população carioca era denominada preta e 80 mil escravos habitavam a
cidade.
Em 1859, o médico e explorador alemão Robert Christian Avé-Lallemant, após visitar o Rio de
Janeiro, fez o seguinte relato: "Se não soubesse que ela fica no Brasil poder-se-ia tomá-la sem
muita imaginação como uma capital africana, residência de poderoso príncipe negro, no qual
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passa inteiramente despercebida uma população de forasteiros brancos puros. Tudo parece
negro”.
Imigração e migração
Somente naquele ano, aportaram em território brasileiro 15 mil nobres e pessoas da alta
sociedade portuguesa - a grande maioria, na então capital da Colônia. Após a Independência, os
fluxos migratórios apresentaram uma redução paulatina, em razão da lusofobia inerente à época.
Porém, com o passar dos anos a carência de mão-de-obra ocasionada pelo fim do tráfico
negreiro e os frequentes revezes socioeconômicos enfrentados por Portugal fariam a imigração
portuguesa tornar a crescer no Rio e no Brasil.
A partir de 1850, a imigração portuguesa tomou caráter quase que exclusivamente urbano e, ao
contrário de alemães e italianos que vinham para trabalhar na agricultura, os portugueses
rumavam a dois destinos preferenciais: as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Entre 1881 e 1991, mais de 1,5 milhão de pessoas migraram de Portugal para o Brasil. Em 1906,
133 393 portugueses viviam no Rio de Janeiro - 16% da população da época.
Apesar de as taxas migratórias terem-se reduzido drasticamente a partir da década de 1930 (e,
com maior ênfase, após 1960), ainda hoje, a cidade é considerada como tendo a segunda maior
população portuguesa do mundo, depois de Lisboa. Em 1920, os portugueses compunham 15%
da população da cidade e 71% dos estrangeiros.
Mais recentemente, a presença portuguesa na cidade é pouco expressiva, embora ainda seja
notável: no censo de 2000, com mais de 5,8 milhões de habitantes, em torno de 1% da população
do Rio ainda era nascida em Portugal.
Alemães, italianos, russos, suíços, libaneses, espanhóis, franceses, argentinos, chineses e seus
respectivos descendentes compõem uma parcela considerável dos povos estrangeiros radicados
na cidade. Entre 1920 e 1935, aportaram na cidade dezenas de milhares de imigrantes judeus do
Leste Europeu, sobretudo da Ucrânia e da Polônia.
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É possível notar também um respeitável contingente de pessoas de outros estados, sobretudo
nordestinos. Paraibanos e pernambucanos fazem-se bastante presentes.
No auge da industrialização, entre as décadas de 1960 e 1980, passaram a migrar para a região
Sudeste em busca de melhores condições de vida e trabalho.
Embora Rio de Janeiro e São Paulo continuem sendo importantes polos de atração, a migração
"polinucleada" ganhou contornos mais acentuados.
Religião
São diversas as doutrinas religiosas manifestas na cidade. Tendo-se expandido sobre uma matriz
social de predominância católica - em virtude do processo colonizador e imigratório e da ausência
de um estado laico que, à época, preconizava o catolicismo - a maioria dos cariocas ainda hoje se
declara como tal.
Segundo o último Censo demográfico do IBGE, o percentual dos que não possuem filiação
religiosa alguma é expressivo - superior à média nacional, de 7,3% -, sobrestando, inclusive, ao
das comunidades espírita e umbandista. Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeová,
judeus, muçulmanos e budistas são grupos minoritários, mas em ascensão.
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A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, Sé Metropolitana da respectiva Província
Eclesiástica, pertence ao Conselho Episcopal Regional Leste I da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB) (instalada no Rio até 1977). Fundada em 1676, abrange um território de
1 721 km², organizado em 252 paróquias.
Seu projeto e execução foram coordenados pelo Monsenhor Ivo Antônio Calliari (1918-2005). São
Sebastião é reconhecido como o padroeiro da cidade, razão pela qual esta recebeu o nome
canônico de "São Sebastião do Rio de Janeiro".
Além de Igrejas de cunho evangélico como a Igreja Batista, Metodista, Adventista do Sétimo Dia e
pelas de origem pentecostal: Universal do Reino de Deus, Assembleia de Deus, Congregação
Cristã no Brasil, Evangelho Quadrangular, Casa da Bênção, Deus é Amor, Cristã Maranata e
Nova Vida.
Problemas socioeconômicos
O Rio de Janeiro é uma cidade de fortes contrastes econômicos e sociais, apresentando grandes
disparidades entre ricos e pobres.
Embora classificada como uma das principais metrópoles do mundo, segundo o censo de 2010
feito pelo IBGE, 1,39 milhão dos 6,29 milhões de habitantes da cidade - o que corresponde a
aproximadamente 22% de sua população - vivem em aglomerados subnormais.
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Essas favelas se instalam principalmente sobre os morros, devido ao relevo mamelonar do Rio de
Janeiro, ou em mangues aterrados como no Complexo do Manguinhos, onde as condições de
moradia, saúde, educação e segurança são extremamente precárias.
Um aspecto original das favelas do Rio é a proximidade aos distritos mais valorizados da cidade,
simbolizando a forte desigualdade social, característica do Brasil. Alguns bairros de luxo, como
São Conrado, onde se localiza a favela da Rocinha, encontram-se "espremidos" entre a praia e
os morros.
Nas favelas, ensino público e sistema de saúde deficitários ou inexistentes, aliados à saturação
do sistema prisional, contribuem com a intensificação da injustiça social e da pobreza.
Favela da Rocinha
Desde meados dos anos 1990, em decorrência da violência urbana, o Rio vem conquistando
espaço na imprensa nacional e (nos últimos anos) internacional. A cidade apresenta índices
elevados de criminalidade, em especial, o homicídio.
Economia
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O Rio de Janeiro é a cidade com o segundo maior PIB no Brasil, superada apenas por São Paulo.
Detém também o 30º maior PIB do planeta,[16] o qual, segundo dados do IBGE, foi de cerca de
R$ 139 559 354 000 em 2007 - equivalente a 5,4% do total nacional.
Segundo pesquisa da consultoria Mercer sobre o custo de vida para funcionários estrangeiros, o
Rio de Janeiro está entre as cidades mais caras do mundo, colocada na posição 13 em 2012, 18
postos acima de sua classificação de 2010, e superada por São Paulo (posição 12), mas na
frente de cidades como Londres, Paris, Milão e Nova Iorque.
O setor de serviços abarca a maior parcela do PIB (65,52%), seguido pela arrecadação de
impostos (23,38%), pela atividade industrial (11,06%) e pelo agronegócio (0,04%).
A Região Metropolitana do Rio de Janeiro, tal como considerada pelo IBGE, ostenta um PIB de
R$ 187.374.116.000, constituindo o segundo maior polo de riqueza nacional.[196] Concentra 68%
da força econômica do estado e 7,91% de todos os bens e serviços produzidos no país.
Levando-se em consideração a rede de influência urbana exercida pela metrópole (e que abrange
11,3% da população brasileira), esta participação no PIB sobe para 14,4%, segundo o estudo
divulgado em outubro de 2008 pelo IBGE.
Há muitos anos congrega o segundo maior polo industrial do Brasil, contando com refinarias de
petróleo, indústrias navais, siderúrgicas, metalúrgicas, petroquímicas, gás-químicas, têxteis,
gráficas, editoriais, farmacêuticas, de bebidas, cimenteiras e moveleiras. No entanto, as últimas
décadas atestaram uma nítida transformação em seu perfil econômico, que vem adquirindo, cada
vez mais, matizes de um grande polo nacional de serviços e negócios.
A Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ), que atualmente negocia apenas títulos públicos, foi
a primeira Bolsa de valores fundada no Brasil, em 1845, e localiza-se na região central.
Indústrias
Na cidade do Rio de Janeiro estão sediados uma boa parte dos maiores conglomerados
empresariais do Brasil. Entre eles estão as três maiores multinacionais dos setores de energia e
de mineração do Brasil (a Petrobras, a Vale S.A. e o Grupo EBX), o maior grupo de mídia e de
comunicações da América Latina (o Grupo Globo) além de grandes empresas do setor de
telecomunicações, tais como: a CorpCo (proprietária da Oi e da Portugal Telecom), a TIM Brasil,
a Embratel, a Intelig, a Net (maior empresa multisserviços via cabo da América Latina) e a Star
One (maior empresa latino-americana de gerenciamento de satélites).
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A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) (maior
siderúrgica da América Latina) e a filial brasileira da BHP Billiton exercem papel de destaque no
setor de mineração.
Coca-Cola Brasil, Michelin, PSA Peugeot Citroën, Xerox do Brasil, GE Oil & Gás, Light,
Chemtech, Transpetro, Souza Cruz (British American Tobacco), Previ, Grupo SulAmérica, Ponto
Frio e Lojas Americanas compõem a lista das grandes companhias sediadas na cidade.
O Rio de Janeiro herdou de seu passado uma forte vocação cultural. Atualmente, aglutina os
principais centros de produção da TV brasileira: o Projac da Rede Globo de Televisão, o RecNov
da Rede Record e o Polo de Cinema de Jacarepaguá - responsáveis pela geração de cerca de 10
mil empregos diretos e 30 mil indiretos.
Em 2006, 65% da produção do cinema nacional foi realizada exclusivamente por estúdios
cariocas, captando R$ 91 milhões em recursos federais através de leis de incentivo fiscal. Uma
parcela significativa do parque gráfico-editorial brasileiro também faz-se presente. Quanto à
indústria fonográfica, figuram gigantes como EMI, Universal Music, Sony Music, Warner Music e
Som Livre.
Turismo
O turismo confere mais do que um mero adendo à economia local, uma vez que muitos turistas
são atraídos por uma miríade de ícones culturais e paisagísticos - o que leva à criação de
diversos postos de trabalho, robustecendo os setores comercial e de hotelaria.
Tem o epíteto de Cidade Maravilhosa e parte da cidade foi designada Patrimônio Cultural da
Humanidade, com o nome "Rio de Janeiro: Paisagem Carioca entre a Montanha e o Mar",
classificada pela UNESCO em 1 de julho de 2012.
O Rio de Janeiro também tem as diárias de hotel mais caras do Brasil. Com o mesmo valor pago
por uma diária em hotéis de duas estrelas na cidade, é possível se hospedar em hotéis quatro
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estrelas em cidades como Pequim, Buenos Aires, Amsterdã e Barcelona, ou em um hotel da
categoria de três estrelas na cidade de São Paulo.
Panorama da Zona Sul da Cidade do Rio de Janeiro (principal região turística da cidade)
Transportes
Rodoviário
A cidade do Rio de Janeiro é um dos mais importantes entrepostos rodoviários do Brasil. Dentre
as autoestradas e vias expressas que dão acesso à cidade, destacam-se sobretudo a BR-116
(também chamada localmente de Rodovia Presidente Dutra e de Rodovia Rio-Teresópolis), a BR-
040, a BR-101, a RJ-071 (mais conhecida como Linha Vermelha) e a Avenida Brasil.
Estas cinco vias formam o grande complexo rodoviário que dá acesso à cidade do Rio de Janeiro,
sendo utilizadas diariamente por milhares de pessoas que entram e saem da cidade. Além
destas, também existem outras vias de menor importância que ligam a cidade aos municípios
vizinhos da Baixada Fluminense, tais como a BR-465 (antiga Estrada Rio-São Paulo).
O transporte público por ônibus é o mais utilizado no Rio de Janeiro. Nos últimos dez anos, houve
perda de usuários para demais meios, especialmente o transporte alternativo. Ainda assim, são
cerca de 2,5 milhões de usuários/dia apenas nas linhas municipais, cujo número fica em torno de
440, distribuídas entre 4 consórcios de empresas.
A frota do Rio de Janeiro é a segunda maior do país, composta por 1 396 083 automóveis, 123
612 motocicletas, 17 216 motonetas, 51 884 caminhonetes, 12 515 ônibus, 11 943 micro-ônibus e
27 190 caminhões (IBGE/2007).
O Rio de Janeiro detém 140 km de ciclovias, a maior metragem do país e a segunda maior da
América Latina, perdendo apenas para Bogotá, com 250 km.
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Segundo estimativas do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP), cerca de 320 mil
pessoas utilizam bicicletas na cidade. A malha está espalhada por toda a orla, do Leme à praia do
Pontal, na Lagoa, no centro, e em outras áreas das zonas Sul e Oeste.
Portuário
O Porto do Rio de Janeiro localiza-se na costa oeste da baía de Guanabara, próximo à região
central, e atende aos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia
e sudoeste de Goiás, entre outros.
É um dos mais movimentados do país quanto ao valor das mercadorias e à tonelagem. Peças e
partes de veículos, trigo, café, produtos siderúrgicos e produtos têxteis são os principais produtos
escoados. O porto movimenta grande volume de cargas conteinerizadas.
Administrado pela Companhia Docas do Rio de Janeiro (CDRJ), conta com 6 740 metros de cais
contínuo e um pier de 883 metros de perímetro, que compõem os seguintes trechos:
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Existem ainda dez armazéns externos, totalizando 65 367 m², e oito pátios cobertos (11 027 m²),
com capacidade de estocagem para 13 100 toneladas, além de outros terminais de uso privativo
na ilha do Governador (exclusivo de Shell e Esso), na baía de Guanabara (Refinaria de
Manguinhos) e nas ilhas d’Água e Redonda (Petrobras).
Aéreo
A cidade conta com três aeroportos comerciais. O Aeroporto Santos Dumont, localizado em pleno
centro da cidade, serve principalmente à ponte aérea Rio-São Paulo e a voos estaduais e
regionais. Foi o primeiro aeroporto civil do país, construído na década de 1930.
Com capacidade para atender até 17,3 milhões de usuários ao ano, o complexo aeroportuário é
servido por dois terminais de passageiros e oferece conexões para dezenove países. Conta
também com um dos maiores, mais modernos e bem aparelhados Terminais de Logística de
Carga do Continente, além da maior pista de aterrissagem do Brasil, com quatro mil metros de
extensão. É o segundo aeroporto mais movimentado do país em voos internacionais em número
de passageiros e o terceiro em voos domésticos e conta com o quarto maior terminal de cargas.
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O Aeroporto de Jacarepaguá também nomeado como Aeroporto Roberto Marinho, instalado na
zona oeste, destina-se sobretudo a voos particulares e regionais com aeronaves de pequeno
porte. O aeroporto atende a voos não regulares das empresas de táxi aéreo, e conta com
infraestrutura de atendimento.
Também existe no Rio um aeroporto reservado à operação de ultraleves, o Clube Ceu (Clube
Esportivo de Ultraleves),[261] situado ao sul do Autódromo Internacional Nelson Piquet.
Trata-se de um dos mais bem aparelhados clubes dentre as agremiações esportivas do mundo
todo, considerado pelas autoridades aeronáuticas brasileiras um padrão na aviação esportiva.
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Ferroviário
O Rio de Janeiro é servido por uma rede metroviária que integra bairros e municípios distantes,
conectando desde o bairro da Pavuna, na zona norte, até Ipanema. Estes são então integrados
por ônibus especiais, que passam por, Leblon, Botafogo, Humaitá, Jardim Botânico, Gávea, São
Conrado e vão até a Barra da Tijuca.
Possui 40,9 quilômetros de extensão distribuídos em duas linhas e 35 estações. Em 2012 nos
dias úteis o Metrô do Rio de Janeiro transportou em média 645 mil passageiros/dia. Além do
metrô, o Rio de Janeiro conta com um sistema de trens urbanos. Sob direção da concessionária
SuperVia, constitui, juntamente com os ônibus, um amplo conjunto de transporte popular. As
composições partem da Estação Ferroviária Central do Brasil em direção aos subúrbios por cinco
ramais, percorrendo 270 km de via férrea.
Além do metrô e da SuperVia, o Rio de Janeiro também é servido por linhas menores tais como o
Bonde de Santa Teresa e o Trem do Corcovado, além das linhas cargueiras da MRS Logística e
da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) que se destinam à zona portuária da cidade e ao Porto de
Itaguaí.
Boa parte dos ramais ferroviários existentes nos subúrbios da cidade estão entre as mais antigas
linhas ferroviárias existentes no Brasil, já tendo pertencido a importantes companhias férreas
brasileiras, tais como: a Estrada de Ferro Central do Brasil, a Estrada de Ferro Leopoldina, a
Estrada de Ferro Rio d'Ouro, a Estrada de Ferro Melhoramentos do Brasil, a Rede Ferroviária
Federal (RFFSA), a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e a Flumitrens.
Cultura
O Rio de Janeiro herdou de seu passado uma forte vocação cultural. Na Literatura do Brasil,
efetivamente, aos primeiros decênios do século XVIII, quando da instalação das "academias" e
"associações" com finalidades eruditas, a cidade - como centro colonial mais expressivo -
testemunhou, desde então, a gênese e consolidação de diversas escolas e movimentos.
Escritores como Machado de Assis, Olavo Bilac, Carlos Drummond de Andrade, Clarice
Lispector, Guimarães Rosa, Cecília Meireles, Graciliano Ramos, Nélida Piñon, entre outros,
conduziram parte significativa de suas carreiras no Rio de Janeiro.
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A Academia Brasileira de Letras (ABL), fundada em 1896, segundo o modelo da Academia
Francesa, teve, em sua concepção, a atuação de Medeiros e Albuquerque, Lúcio de Mendonça e
Machado de Assis.
Quanto aos pontos de referência do turismo cultural, podem-se elencar, entre tantos, o Museu do
Amanhã, o Museu Histórico Nacional, o Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, o Museu Casa do Pontal, o Museu Nacional de Belas Artes, a Biblioteca Nacional, o
Museu de Arte Moderna (MAM), o Real Gabinete Português de Leitura, o Palácio do Catete, o
Riocentro, o Canecão, o Cais do Valongo e o Teatro Municipal.
Em 1 de julho de 2012, a paisagem urbana da cidade do Rio de Janeiro foi elevada à categoria de
Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. O conceito de paisagem cultural foi criado
pela agência da ONU em 1992.
A cidade teve sua candidatura aprovada na 36ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial,
realizada em São Petersburgo, na Rússia, tendo a candidatura sido representada pela ministra da
Cultura do Brasil, Ana de Hollanda. Em 18 de janeiro de 2019, a cidade foi eleita pela UNESCO
como a primeira Capital Mundial da Arquitetura.
No final do século XIX, foram ali realizadas as primeiras sessões de cinema tupiniquins e, desde
então, descortinaram-se vários ciclos de produção, os quais acabaram por inserir a produção
cinematográfica carioca na vanguarda experimental e na liderança do cinema nacional.
À época, na condição de centro político e cultural do Brasil, circulavam pela cidade músicos como
Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Ronaldo Bôscoli, Nara Leão, Roberto Menescal, Maysa, Luís
Bonfá, entre outros.
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Esportes
Dentre as modalidades esportivas mais praticadas estão o futebol de areia, o vôlei de praia, o
surfe, o kitesurf, o voo livre, o jiu-jítsu e o remo. A capoeira, mistura de dança, esporte e arte
marcial, também aparece com alguma frequência. Outro esporte altamente popular nas areias do
Rio é o "frescobol", espécie de tênis de praia.
O voo livre começou a ser exercitado em meados de 1974, e adequou-se rapidamente ao gosto
de inúmeros praticantes e às características da cidade, em razão de suas peculiaridades
geográficas
No encontro das montanhas com o oceano Atlântico, surgem excelentes posições para
decolagem, podendo-se contar com vastas porções desocupadas de areia para aterrissar. De
início majoritariamente encenada por amadores, a atividade verteu-se em uma lucrativa indústria.
O futebol é o mais popular dos esportes praticados na cidade. O Rio abriga cinco clubes
brasileiros bastante tradicionais: America, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco
A cidade conta com três grandes estádios: Estádio Jornalista Mário Filho, conhecido como
Maracanã e com o epíteto de "templo do futebol brasileiro", é o maior estádio do Brasil; o Estádio
Olímpico João Havelange, conhecido como "Engenhão", foi planejado para sediar as provas de
atletismo e futebol dos Jogos Pan-americanos de 2007 e o Estádio Vasco da Gama, conhecido
como "São Januário", de propriedade do Club de Regatas Vasco da Gama, é o maior estádio
privado carioca.
Os eventos esportivos mais conhecidos do Rio de Janeiro são a etapa brasileira de MotoGP e as
finais mundiais de vôlei de praia. Jacarepaguá era o local onde se realizava a etapa brasileira do
Grande Prêmio de Fórmula 1, entre os anos de 1978 e 1990, e Champ Car (1996-1999). Os
circuitos WCT e WQS de Surf foram disputados em praias cariocas entre 1985 e 2001.
A cidade foi uma doze sedes da Copa do Mundo de 2014, tendo recebido sete jogos, incluindo a
final, e também palco dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão de 2016.
Feriados
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Exercícios
01 - O município de Duque de Caxias faz fronteira com que Região Administrativa do município
do Rio de Janeiro?
a) Paquetá.
b) Bangu.
c) Vigário Geral.
d) Realengo.
e) Campo Grande.
a) Águas Compridas.
b) Águas Livres.
c) o Chafariz do Largo.
e) os Arcos da Lapa.
03 - São municípios que, no Estado do Rio de Janeiro, integram a mesma região de governo do
Município de Saquarema:
a) Araruama.
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b) Casimiro de Abreu.
c) Saquarema.
d) Armação de Búzios.
e) Macaé.
“Uma das novas sete maravilhas do mundo, a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro,
passou pela maior reforma já feita em seus 30 metros de altura no primeiro semestre deste ano.
Foram quatro meses de obras para a reposição dos mosaicos de pedra-sabão, drenagem de 300
litros de água e reparo de pequenas rachaduras na estátua e rejunte. Prestes a completar 80
anos, o monumento foi inaugurado em 12 de outubro de 1931, quando o Rio ainda era a capital
da república, governada por um dos políticos que mais tempo ficou na presidência do Brasil.”
Trata-se de:
a) Washington Luís.
b) Getúlio Vargas.
c) Juscelino Kubitschek.
d) Café Filho.
e) Artur Bernardes.
07 - O rio Paraíba do Sul, que se encontra localizado no município de Resende, tem como seus
principais afluentes, EXCETO:
a) Córrego Preto.
b) Rio Lavapés.
c) Rio Iguaçu.
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d) Rio Sesmaria.
e) Rio Alambari.
Respostas
01 02 03 04 05 06 07
c e c e d b c
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RECONHECER ASPECTOS GERAIS DO PROCESSO DE FAVELIZAÇÃO E SUAS
CARACTERÍSTICAS ATUAIS
Temos presenciado o crescimento cada vez maior do número de favelas em diversas partes do
mundo. Os números impressionam e quando expostos deixam atônitos até os menos envolvidos
com a temática. Existem aproximadamente 200 mil favelas existentes no planeta.
Esse crescimento está ligado a vários fatores, mas mencionaremos apenas alguns que,
obviamente, estão interligados.
Além disso, doenças praticamente banidas dos países centrais crescem vertiginosamente nessas
áreas. Dados comprovam o crescimento exponencial de tuberculose dentre os habitantes das
favelas.
Em 2008, matéria publicada no Jornal do Brasil afirmava que a favela da Rocinha, localizada na
zona sul da cidade do Rio de Janeiro, registrava a impressionante média de 55 casos mensais de
tuberculose, ou seja, são 600 casos para cada 100 mil habitantes.
Outro ponto importante referir-se-ia ao papel do Estado, que tem se preocupado apenas com
obras de embelezamento urbano e medidas remediadoras (que não resolvem os problemas) ao
invés de desenvolver políticas de inclusão social, seja no que se refere a políticas de geração de
empregos, seja em forma de políticas habitacionais ou no desenvolvimento de sistema de
transportes coletivos eficientes.
O Brasil, por exemplo, cresceu 7% ao ano de 1940 a 1970. Na década de 1980, cresceu 1,3%, e
na década de 1990, 2,1%, segundo o IBGE.
Pelo que se vê, o crescimento econômico do país, nas duas últimas décadas do século XX, não
conseguiu incorporar nem mesmo os ingressantes da População Economicamente Ativa (PEA)
no mercado de trabalho, o que acarretou consequências dramáticas para a precarização do
trabalho e, consequentemente, também para a crise urbana”.
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Foi com a introdução das políticas neoliberais, a partir de 1980, que esse processo ganhou força,
já que houve uma política de privatização, uma acumulação de bens e serviços em poucas mãos,
o que acabou desestabilizando socialmente os países periféricos e lançando milhões de pessoas
na informalidade.
78,2% das populações dos países pobres é de favelados e dados da CIA, de 2002, apresentavam
o espantoso número de 1 bilhão de pessoas desempregadas ou subempregadas favelizadas.
Esse crescimento mais vertiginoso faz-se ainda mais visível a partir da década de 1980
(conhecida no Brasil como a década perdida, já que o crescimento foi irrisório frente aos
anteriores) e está associado a todos os fatores enunciados anteriormente.
Com toda certeza, para falarmos sobre as origens, expansão, remoção e, atualmente, exclusão
concretamente proposta através da construção de muros de contenção contra o crescimento das
favelas, teríamos de iniciar nossa argumentação com o próprio processo de formação e expansão
da cidade do Rio de Janeiro.
Contudo nossa proposta – até por ter um caráter de sucinto comentário – objetivará fazer uma
breve, e por isso insuficiente, contextualização para posteriormente abordarmos a proposta do
governo do estado com o apoio da prefeitura da cidade, de construir muros para conter a
expansão das favelas.
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Sobre as origens das favelas
A presença de casebres em morros da cidade data de 1865, o que leva a argumentação de que
já se tratariam de formas embrionárias de favelas. Isso porque a definição oficial inclui a
conotação de adensamento, ilegalidade, pobreza, insalubridade e desordem.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse tipo de habitação encontra-
se assim definido: “aglomerado subnormal (favelas e similares) é um conjunto constituído de, no
mínimo, 51 unidades habitacionais, ocupando ou tendo ocupado até período recente, terreno de
propriedade alheia (pública ou não), dispostas de forma desordenada e densa, carentes, em sua
maioria, de serviços públicos essenciais”.
Sem entrarmos no mérito da definição, por si só problemática, já na última década do século XIX,
em 1897, surgiram as favelas nos morros da Providência e de Santo Antônio, na área central da
cidade.
A cidade do Rio de Janeiro tinha problemas seríssimos de falta de moradia e ainda assim não
parava de crescer. Entre 1903 e 1906, o Prefeito Pereira Passos promoveu uma intensa reforma
urbana, na qual foram demolidos vários imóveis (grande parte deles de habitação popular) para
ampliação de vias e construção de “prédios modernos”, muitos deles de inspiração parisiense.
Além disso, como voltaremos a falar posteriormente, o prefeito impôs novas e rigorosas normas
urbanísticas que acabaram por inviabilizar inclusive os subúrbios para as classes mais pobres
que foram desalojadas da área central da cidade.
Nesse sentido, o novo já traz em si a sua própria negação. Para complicar ainda mais, os meios
de transporte eram precários, obrigando a força de trabalho a residir próximo ao local de trabalho.
Desde o início do século XX (com a denominada Reforma Passos) foram promovidas reformas
urbanas vigorosas, ademais, embora tenham sido formados bairros ditos operários, o aspecto
geomórfico peculiar da cidade fez com que a divisão de classes por entre os diversos bairros da
cidade fosse ligeiramente borrada.
Assim é que observamos um grande número de favelas localizadas em bairros nobres da cidade.
Contudo, importa reconhecer que a própria concepção “de morador do morro” e “morador do
asfalto” por si só já denota a divisão.
É nesse sentido que podemos afirmar que as formas de urbanização são, antes de tudo, formas
da divisão social e territorial do trabalho. Não considerar a urbanização como elemento-chave das
relações de produção é retomar um dos temas dominantes da ideologia burguesa segundo a qual
só é ‘produtiva’ a atividade de produção da mais-valia.
No último quartel do século XIX, as companhias de bondes da cidade também tiveram importante
papel na produção do espaço carioca. Longe de representarem apenas companhias de
transporte, estas participaram da conformação da espacialidade da cidade do Rio de Janeiro, pois
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a partir das alianças entre o capital externo, o capital imobiliário, o capital fundiário e o Estado, o
espaço urbano começa a ser formado.
Quando da concessão para abertura das linhas para Copacabana e Vila Isabel, ocorreram
barganhas com o poder público que implicaram em obras que modificaram o espaço urbano.
A Cia. Do Jardim Botânico, por exemplo, executa o desmonte de parte da ladeira de Santo
Antônio para alargamento da rua da Guarda Velha, sem falar nos túneis e em aterro (como vários
na lagoa Rodrigo de Freitas) para construir estações. A Cia. De São Cristóvão prolonga e abre
várias ruas, como condição para extensão de suas linhas. A Cia. De Vila Isabel faz o aterro do
mangue de Praia Formosa e abre ruas no Cachambi e outros locais, e assim por diante.
O bairro de Vila Isabel foi criado em 1873 pela Companhia Arquitetônica, cujo proprietário era o
mesmo da Companhia Ferro-Carril de Vila Isabel, o Barão de Drummond. Visto isso, acreditamos
que a apropriação e a produção do espaço se dá segundo os interesses do Estado, do capital
comercial (nesse caso, mais especificamente os concessionários do setor de transportes), o
capital imobiliário e o capital fundiário.
Evidentemente, todas essas obras de extensão das linhas de bondes, que contribuíram para a
expansão da cidade, demandavam grande quantidade de mão de obra. Esses trabalhadores
acomodavam- se nos canteiros de obra durante a construção, porém quando esta chegava ao
fim, se não encontravam emprego em novas obras, tinham de construir suas casas junto aos
locais em que pudessem conseguir trabalho.
A partir da década de 1910, as favelas crescem mais intensamente e penetram a zona sul e o seu
crescimento é acompanhado, nessa mesma década, pela sua repressão. Foi assim que
presenciamos uma longa história de remoções, desconsiderando um fato fundamental: durante
toda a história o trabalhador buscou estar próximo ao local de trabalho.
E nesse sentido não é de espantar que a maior parte das remoções não obteve sucesso, pois os
moradores eram alocados em locais muito distantes e sem infraestrutura de transportes.
Desde meados do século XX, a ocupação da cidade continuou seguindo o caminho traçado já no
início desse mesmo século. O declínio da população residente na área central era cada vez maior
e enquanto os subúrbios absorviam as classes mais baixas da população, a zona sul manteve-se
como área preferida da classe mais abastada da cidade.
Durante a primeira metade do século XX a cidade se expandiu e em seu interior as favelas foram
sendo criadas. Era possível observar um crescimento vertical no centro e na zona sul, enquanto
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que nos bairros da zona norte e dos subúrbios a expansão deu-se através da construção
horizontal, principalmente de casas unifamiliares.
Nos lotes pequenos, sem infraestruturas urbanísticas, de difícil acesso, e por isso mesmo,
baratos, praticava-se a autoconstrução. Assim, na produção dos novos espaços, destacava-se o
binômio loteamentos populares e autoconstrução, e em menor grau, a produção de conjuntos
residenciais pelo Estado.
Nos anos 1960 e 1970, a produção de conjuntos habitacionais esteve associada à política de
remoção de favelas. Nesse período, grande quantidade de moradores de favelas foi transferida
para assentamentos distantes do núcleo, que na maioria das vezes não contava com comércio e
nem com sistema de transportes coletivos que desse boas condições de deslocamento para
essas pessoas.
Boa parte das áreas de onde foram removidas as favelas foi ocupada por grandes
empreendimentos imobiliários que se destinavam à construção de conjuntos de edifícios de
apartamentos de alto luxo.
Neste momento seria importante tecer alguns esclarecimentos quanto à noção de subúrbio. Para
tal, importa reconhecer que a perspectiva elitista do centro domina a concepção que se tem do
que foi e é o subúrbio.
A maneira como essa noção foi e, efetivamente, é utilizada no Rio de Janeiro tem sua
especificidade. O conceito de subúrbio sofreu uma transformação em seu significado tradicional,
fazendo com que deixasse de representar todas áreas circunvizinhas à cidade para designar, de
forma particular e exclusiva, os bairros populares situados ao longo das ferrovias nos setores
norte e oeste da cidade do Rio de Janeiro.
Esse tipo de reforma implicou na destruição dos bairros proletários centrais e o deslocamento de
seus moradores para o subúrbio, que para a ideologia dominante, deveria ser o locus do
proletariado.
Em se tratando do Rio de Janeiro, a ausência de uma efetiva política de habitação popular, tornou
a casa própria no subúrbio uma miragem para a maioria do proletariado.
“Subúrbio”, então, passou a ser entendido como as áreas servidas por ferrovia que foram abertas
ao proletariado como um dos símbolos das alterações das relações sociais que conformam e
caracterizam as reformas urbanas verificadas no Rio de Janeiro.
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A alternativa da moradia suburbana para os pobres do Rio de Janeiro aparecerá com grande
nitidez em 1905, no âmbito de uma comissão designada pelo Ministério da Justiça e do Interior
para “propor soluções ‘ao urgente problema das habitações populares’ na capital da República”.
O subúrbio ferroviário, contudo, não foi um lugar destinado aos pobres, o que significa que, do
ponto de vista de um direito social como a habitação, a República, além de expulsar os pobres da
cidade, não garantiu sequer aquela área ao proletariado da cidade.
O Prefeito Pereira Passos, através do Decreto 39, de 10/02/1993, criou uma série de normas para
construção que dificultava ainda mais a construção de habitações populares nos subúrbios.
Assim, a tentativa de organização espacial acabou por contribuir para a formação de favelas por
toda cidade – inclusive naquelas áreas mais periféricas, que teoricamente seriam destinados aos
pobres – e, ainda, incentivou a promoção de loteamentos irregulares na Baixada Fluminense, ou
seja, para além do território do, à época, Distrito Federal.
Ainda hoje, no Rio de Janeiro, é comum o uso de expressões como: subúrbio da Leopoldina
(referindo-se aos bairros servidos pela Estrada de Ferro da Leopoldina) e subúrbio da Central
(tratando-se dos bairros servidos pela Estrada de Ferro da Central do Brasil).
O conceito carioca de subúrbio é uma representação que sintetiza um discurso ideológico sobre o
lugar dos pobres na cidade do Rio de Janeiro.
Tal conceito significa o tipo de cidadania reservada para a maioria de sua população, já que
“predomina, entre nós, a ideia de um espaço (suburbano) subordinado e sem história, sem
criação, sem cultura, carente de valores estéticos em seus homens e sua natureza (subúrbio é
quase sempre feio e sem atrativos), ausente de participação política e cultural. No máximo,
concede-se ao subúrbio o lugar da reprodução”.
A partir dessa leitura, constatamos que o padrão de segregação que se reproduz através do
conceito carioca de subúrbio, reifica o subúrbio enquanto ideologia, o que acaba por legitimar não
só os discursos que fazem apologia ao status quo como aqueles que se opõem a ele e o
denunciam; isto porque não vão além da forma, ou seja, classificam as aparências mas não as
explicam e ao não fazê-lo reificam as práticas sociais a partir da ideologia dominante.
Portanto, repete-se um dos fundamentos das ideologias que é a negação e/ou omissão do
processo histórico. É a naturalização do real e sua redução ao presente, onde o passado existe
para ratificá-lo.
Após essa explanação, podemos perceber de maneira mais apropriada a forma pela qual a
cidade do Rio de Janeiro se expandiu.
Pelo que vimos, o Rio de janeiro apresentou uma história de crescimento urbano marcado por
extensas periferias, em que residia a população de classe mais baixa, e por forte desigualdade da
oferta de infraestrutura e de serviços, em benefício das áreas habitadas pelas classes mais
abastadas.
Denominaram esse modelo de “causação circular”, que passou a ser considerado pela literatura
como característico do nosso padrão de urbanização. Devido à especificidade geomorfológica da
cidade do Rio de Janeiro, mesmo nos bairros habitados pelas classes mais abastadas da
sociedade carioca encontramos favelas sem a infraestrutura mínima necessária.
Essa obra foi extremamente custosa, pois incluiu, para sua realização, a perfuração de vários
túneis e a construção de pistas sobrepostas encravadas na rocha. Nesse período, essas novas
áreas da cidade, apesar de esparsamente habitadas, tiveram no Estado importante agente para a
produção do espaço.
A partir da associação com o capital privado, seja na abertura de estradas e ruas, seja na
pavimentação e instalação de infraestrutura, o Estado investiu grandes somas de dinheiro na
preparação desse novo eixo de expansão da cidade.
A rede viária do Rio de Janeiro, juntamente com a construção imobiliária, tem se constituído como
marco concreto do processo de produção e transformação do espaço urbano.
A construção da rede viária contribuiu para a configuração de seu padrão de segregação sócio
espacial. Tal afirmação baseia-se na forma com que se deu.
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No caso do Rio de Janeiro, como vimos anteriormente, a articulação entre os agentes ocorreu
desde há muito tempo atrás e continua a ocorrer.
Apesar de o governo federal ter anunciado sua intenção de concentrar seus investimentos em
moradia para a população de baixa renda, as principais construtoras que atuam na cidade têm-se
dedicado à construção para a classe mais abastada.
Além disso, 23,7% referem-se a unidades com preços acima de R$ 400 mil. Curiosamente, o
próprio presidente da Ademi/RJ (Associação dos Empresários do Mercado Imobiliário do Rio de
Janeiro) na época, Márcio Fortes, ao analisar o resultado do levantamento, afirma estar diante de
uma grande distorção no sistema, já que em condições normais os imóveis avaliados acima de
R$ 251 mil não deveriam representar mais de 10% da oferta.
Outro ponto marcante encontra-se no fato de, aproximadamente, 60% dos imóveis serem
financiados diretamente pelo incorporador. Nesse sentido, o financiamento caracteriza-se pelo
curto prazo – em geral, cinco anos – o que exclui a possibilidade de aquisição pela parcela menos
abastada da população.
E se a cidade vêm crescendo em direção da Barra da Tijuca (zona oeste litorânea), não é à toa
que das 513 favelas registradas pelo IBGE na Região Metropolitana, mais de 100 estão
concentradas na zona oeste. Não nos surpreende que os números oficiais cheguem a afirmar que
aproximadamente 20% da população da cidade vive em favelas.
Paulo Bastos Cezar (Jornal do Brasil, 20 de dezembro de 2002), pesquisador do Instituto Pereira
Passos (IPP), concluiu seu trabalho sobre o crescimento das favelas afirmando que se a
ocupação do Rio de Janeiro continuar no ritmo em que está, em 2024 os condomínios e prédios
de Jacarepaguá estarão todos cercados por favelas.
Segundo o pesquisador, atualmente o bairro tem 113.227 favelados, ou seja, 22 por cento de um
total de 506.760 moradores. Enquanto “a população favelada cresceu 12,53 por cento ao ano, a
população normal cresceu em média 2% nos últimos quatro anos”.
Importante frisar que grande parte da população favelada presta serviços no bairro vizinho: Barra
da Tijuca. Fato é que o crescimento populacional da Barra da Tijuca continua alto e, como no
passado, tal crescimento gera uma demanda por serviços pouco qualificados, que atrai cada vez
mais população de baixa renda em busca de postos de trabalho.
Voltando os olhos para o período pós-1984, falaremos sobre a “elitização do mercado imobiliário
carioca”. Com a crise do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e praticamente o fim do
financiamento para construção de habitações populares, a produção das grandes empresas
passou a se concentrar mais especificamente na Barra da Tijuca.
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Contudo, não devemos esquecer que, na década de 1990, bairros como Botafogo, Lagoa, Jardim
Botânico e Leblon começaram a vivenciar um processo de renovação do seu estoque imobiliário
pelas grandes incorporadoras, seja para a construção de apartamentos de luxo, seja para
edifícios de escritórios.
Esse período compreende justamente a fase em que o crescimento econômico no Brasil foi
praticamente nulo, não conseguindo incorporar a população economicamente ativa que chegava
ao mercado de trabalho, além de apresentar um forte crescimento do desemprego. A estratégia
de sobrevivência dessa parte da população voltou-se à informalidade e as favelas próximas aos
locais de trabalho tornaram-se sua opção de habitação.
Percebemos uma tendência que se refere à “elitização da população residente em áreas com
significativa intervenção do capital imobiliário, responsável pelas mudanças de uso do espaço”.
Tratam-se, basicamente, de áreas consolidadas e já valorizadas como Botafogo, Leblon e Lagoa.
Além dessas, a Barra da Tijuca se junta a elas como nova área de expansão.
A ação policial, que teria “expulsado” os traficantes, seria acompanhada de uma “invasão social”,
que traria atividades educativas e culturais, acesso aos serviços públicos e etc. Contudo, segundo
o presidente da Associação de Moradores, a invasão social ainda não chegou.
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Pereira Passos (IPP), na primeira quinzena de janeiro de
2009, afirma que o Rio de Janeiro já contabiliza 968 favelas, ou seja, 218 a mais do que em 2004.
A pesquisa mostra ainda que a população favelada passou a ocupar mais três milhões de metros
quadrados do que ocupava em 1999. Segundo o IPP, as favelas passaram a ocupar 3,7% do
território do município.
Assusta-nos que, nos dias atuais, os governos acreditem que isolar em guetos parte específica
da população – a classe pobre – por achá-la inconveniente ou perigosa vá resolver algo.
A instalação de equipamentos, como infraestrutura de água e esgoto, luz e energia, gás, coleta
de lixo, serviço de correio, saúde e educação facilmente encontradas no asfalto não chegaram às
favelas.
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Exercícios
a) Favelas e condomínios.
b) Favelas e cortiços.
c) Mansões e vilas.
d) Vilas e bairros.
e) Lugarejos e condomínios.
a) Uma parcela considerável dos terrenos invadidos que deram origem às favelas pertencia ao
poder público.
c) Área de concentração populacional em que os terrenos não foram adquiridos originalmente por
meio de relações de compra e venda, mas, sim, invasão de pessoas segregadas urbana e
socialmente.
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e) Espaços onde há pouca ou nenhuma intervenção estatal no sentido de prover infraestrutura
básica para os seus moradores.
I. A existência das favelas está relacionada diretamente com o desequilíbrio entre baixa oferta de
imóveis para compra e alta demanda de mercado.
II. A ocupação desordenada das favelas degrada o meio físico e causa problemas ambientais.
III. O aumento das favelas está associado ao ingresso, nas últimas décadas, de latino-americanos
e asiáticos, que entram ilegalmente no país.
IV. O êxodo rural e os baixos salários pagos nas áreas urbanas explicam o aumento das favelas.
a) I e II.
b) I e III.
c) I e IV.
d) II e IV.
e) II, III e IV
Respostas
01 02 03 04
a b b d
A recessão, a grave crise financeira do Estado do Rio, a escassez de recursos para a polícia e o
desemprego estão entre os fatores que contribuem para a atual crise de segurança.
Para o antropólogo e especialista em segurança pública Luiz Eduardo Soares, o quadro atual
resulta da intensificação de práticas e circunstâncias que estão em curso há muito tempo.
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“O padrão tem sido o mesmo: confronto com ‘o tráfico’, adotando incursões bélicas às favelas,
que matam inocentes, suspeitos e até mesmo policiais. A velha ‘política’ da conhecida - e
derrotada - guerra às drogas”, lamenta.
Entenda quais são os principais fatores estão por trás da atual crise de segurança no Rio.
Nos últimos cinco anos, o número de tiroteios em comunidades com UPPs aumentou 13.746%,
de acordo com um estudo feito pela própria Polícia Militar. O número de confrontos nas favelas
com UPPs passou de 13, em 2011, para 1.555, em 2016.
O entusiasmo em torno da política das UPPs foi inicialmente justificado por uma queda
vertiginosa nos índices de criminalidade nas comunidades. Com o tempo e a expansão do
programa para comunidades maiores e mais complexas - como a Rocinha e o próprio Complexo
da Maré -, a situação começou a se deteriorar.
“Quando a política das UPPs entrou em falência, o Estado não conseguiu se movimentar
rapidamente para se reestruturar”, diz Lemgruber.
Para ela, os episódios violentos que a cidade tem presenciado são “reações pontuais para apagar
incêndios”, levando o Rio de volta à situação de “anos atrás”.
“Isso não é uma política de segurança pública. Isso são ações violentas que não levam a lugar
nenhum. Temos visto uma média de quatro mortes provocadas pela polícia por dia, e mais de 60
policiais já morreram no Rio só neste ano. Isso seria um escândalo em qualquer parte do mundo.
Aqui, faz parte da paisagem.”
Para Ignacio Cano, pesquisador da Uerj, o Estado se ancorou nos bons resultados iniciais das
UPPs sem que as políticas fossem “ampliadas, corrigidas, modificadas ou complementadas por
novas políticas”.
“Os gestores se limitaram a uma expansão quase automática das UPPs e do pagamento de
bonificações a policias”, considera Cano. Ele diz que as UPPs viraram o “fetiche” da segurança
pública no Rio; convencionou-se atribuir a elas tudo de bom que acontecia, ou tomar todos os
problemas como indicativos de seu fracasso. A situação, porém, envolve muitos outros fatores.
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Crise financeira no Estado e na Polícia
O cenário de recessão e grave crise financeira no Estado do Rio tem castigado servidores
públicos estaduais de vários setores (e não é diferente com a Polícia Militar).
Turistas desavisados que chegavam ao aeroporto do Galeão para a Olimpíada no ano passado
foram recebidos por um grupo de policiais em protesto empunhando bandeiras dando as boas
vindas ao “inferno” – “welcome to hell”, dizia em inglês, avisando que policiais e bombeiros não
estavam recebendo seus salários, e quem chegasse ao Rio não estaria seguro.
De lá para cá, a situação se tornou mais crítica. Devido à crise, policiais ainda não receberam 13º
salário nem as bonificações a que têm direito. Maria Isabel Couto, da Diretoria de Análise de
Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV/DAPP), diz que a escassez de recursos vem
prejudicando a infraestrutura e as condições de trabalho da polícia, aumentando a situação de
vulnerabilidade.
“O aumento dos indicadores de violência significa que os policiais na ponta estão sendo
colocados sob muito mais pressão - isso enquanto o Estado passa por uma crise financeira
violentíssima que gera ansiedade sobre se vão receber salários, e boatos de que o Estado não
tem dinheiro para comprar gasolina, de que as viaturas estão sucateadas, de que coletes a prova
de bala estão vencidos e armas estão sem manutenção. Tudo isso gera um cenário de muito
estresse para um funcionário cuja função é ir para a rua e proteger a população.”
Neste ano, mais de 60 policiais já foram mortos no Rio. “A sociedade precisa responsabilizar o
policial quando ele precisar ser responsabilizado, mas também precisa entender que policiais
estão sob extrema pressão e profundo estresse, e que eles também são vítimas desse processo.”
A década entre 2006 e 2016 foi marcada por um período de otimismo que teve seu ápice em
2011, ano que apresentou os melhores indicadores de segurança. Em seguida, a situação
começou a se deteriorar. Ao fim do período, a violência não voltou ao que era; mas se
reconfigurou e se espalhou geograficamente pelo Estado.
Uma pesquisa realizada pela FGV/DAPP com base nos dados compilados pelo Instituto de
Segurança Pública (ISP) mostrou que, quando a violência voltou a aumentar, ela se distribuiu
pelo Estado.
“Antes, a capital sempre acumulava os maiores números de violência”, diz Maria Isabel Couto,
uma das autoras da pesquisa. Isso foi mudando ao longo dos últimos anos, com o aumento do
crime no interior do Estado e na Baixada Fluminense (região metropolitana do Rio, já fora das
fronteiras do município).
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“A concentração na capital significava que, do ponto de vista da segurança pública, os esforços e
o contingente também podiam ser concentrados. Hoje, a violência está muito mais dispersa, e é
preciso distribuir esforços, recursos e adotar estratégias mais complexas”, diz Couto.
A distribuição criminal pode ser atribuída, em parte, à fuga de traficantes de áreas ocupadas por
UPPs para consolidar o domínio e outros territórios. Mas Couto considera também que o
descrédito das UPPs teve um importante papel. “As UPPs trouxeram a sensação de que o Rio ia
finalmente dar conta do problema do tráfico. Os primeiros episódios de violência fizeram essa
ideia desmantelar e mostraram que as UPPs não eram infalíveis.”
“Você acha que a criminalidade não percebe que o Rio está à deriva, com um ex-governador
preso, o mandato do atual correndo risco (referência a acusações de corrupção contra o
governador Luiz Fernando Pezão), um Tribunal de Contas que está na cadeia? É uma situação
de falta de legitimidade do Estado, um Estado que está um pouco à deriva, e a criminalidade
percebe isso claramente”, argumenta Lemgruber.
Mais do que isso, a desigualdade social e a falta de oportunidade para jovens nas comunidades
continua a contribuir para atrair meninos e adolescentes para o tráfico e munir as facções de
recursos humanos.
Sem outra porta de saída que ofereça outras oportunidades, jovens pobres de comunidades idem
são atraídos pelos benefícios “sedutores” do tráfico - que não se reduzem a bens materiais, diz o
antropólogo e especialista em segurança pública Luiz Eduardo Soares. “Mais do que isso, estão
em jogo acolhimento, reconhecimento, valorização e pertencimento”, afirma.
“É possível disputar menino a menino com a fonte de recrutamento criminosa. Disputar significa
oferecer pelo menos os mesmos benefícios, com sinal invertido, evidentemente”, considera
Soares, dando o exemplo do campo de políticas culturais, que tem muitas experiências bem
sucedidas no Brasil e no mundo.
Maria Isabel Couto, da FGV/DAPP, diz que a falta de uma política nacional de segurança também
ajuda a fortalecer as facções - que substituíram a disputa de uma ou outra favela por disputas
mais amplas e ambiciosas.
“A gestão do crime não respeita fronteiras”, diz Maria Isabel Couto. “As facções estão se
comunicando, criando parcerias, buscando expandir sua influência e suas rotas. Há uma clara
disputa nacional e internacional por territórios.”
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Em contraposição, ela diz ser urgente elaborar uma política nacional de segurança pública. “O
governo federal precisa entender que se trata de uma questão nacional e que é seu dever lidar
com isso. Nenhum Estado tem condições de dar conta desse controle sozinho.”
A política das UPPs foi baseada em estratégias de policiamento comunitária - embora, considera
Julita Lemgruber, elas não tenham sido bem sucedidas em consolidar esse vínculo com as
comunidades.
Porém, o velho modelo das operações policiais em favelas para confrontar o tráfico não foi
abandonado, e, com o acirramento da crise e da violência, volta a se intensificar.
O aumento do número de pessoas mortas pela polícia reflete o aumento de confrontos. Nos
últimos cinco anos (2012-2016), o número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção
policial aumentou 120%, chegando a 920. Em 2012, o patamar mais baixo na última década,
foram 419 mortes. Já em 2007, antes das UPPs, o número de mortos por policiais chegou a
1.330.
“As perdas de vida decorrentes desse conjunto de ações são definidas, cinicamente, como
casualties, efeitos colaterais de medidas ‘necessárias’. Como dizia (o ex-secretário de Segurança
Pública José Mariano) Beltrame, e outros antes dele: ‘Não se fazem omeletes sem quebrar
ovos’”, diz Luiz Eduardo Soares.
“Eu acrescento: desde que não sejam seus filhos. Os efeitos dessa orientação irresponsável,
mesmo criminosa, são trágicos.”
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