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Introdução .....................................................................................................................................2
Cidadania......................................................................................................................................23
Diversidade...................................................................................................................................30
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INTRODUÇÃO
Olá, tudo bem com você? Nesta apostila digital iremos estudar a matéria de Sociologia. Este
assunto foi cobrado no último concurso da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
O momento agora é ter muito foco nos estudos. Não espere o edital abrir para começar a estudar
porque o tempo entre a abertura do edital e a prova é muito curto.
A concorrência está cada vez maior e é preciso estar preparado para enfrentar este Concurso
Público.
Você já é uma pessoa diferenciada porque já está planejando seu futuro. Continue assim.
AVISO IMPORTANTE
PIRATARIA É CRIME!
Esta apostila é protegida por direitos autorais conforme a Lei 9.610 de 1998, que regula os
direitos autorais.
De acordo com o Artigo 184 do Código Penal é proibida a reprodução total ou parcial desta
apostila.
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APOSTILA DIGITAL – Polícia Militar do Rio de Janeiro
Sociologia
A visão dicotômica entre indivíduo e sociedade é fundamental nas Ciências Sociais, e faz parte
dos primórdios do desenvolvimento da Sociologia, que surgiu em meio a um crescente processo
de industrialização iniciado ainda no século XVIII e que levou ao surgimento de inúmeros
problemas sociais no inicio do século seguinte, quando surgiu a disciplina.
As transformações ocorreram pela transição de uma realidade rural para um ambiente urbano e
industrial. O advento de estruturas sociais mais complexas fez com que os homens se vissem na
necessidade de compreendê-las.
Nasce uma nova ciência que, partindo do instrumental das ciências naturais e exatas, tenta
explicar a realidade, estudando sistematicamente o comportamento social dos grupos e as
interações humanas.
Basicamente buscou-se compreender que todas as relações sociais estão conectadas, formando
um todo social, que chamamos de sociedade.
A passagem de uma sociedade rural para uma sociedade urbana, com a formação de grandes
cidades, abriu novos espaços de sociabilidade, em que conviveram pessoas diferentes e
estranhas umas às outras, com objetivos e motivações distintas.
Conceitos de Sociedade
A sociedade, tal como passou a ser compreendida no inicio do século XIX, pressupunha um
grupo relativamente autônomo de pessoas que ocupavam um território comum, sendo, de certa
forma, constituintes de uma cultura comum.
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Além disso, predominava a ideia de que as pessoas compartilhavam uma identidade. As relações
sociais, não só referentes às pessoas, mas, inclusive, às instituições (família, escola, religião,
política, economia, mídia), moldavam as diversas sociedades.
Assim, havendo uma enorme conexão entre essas relações, a mudança em uma acarretaria
numa transformação em outra.
Torna-se claro, ademais, que existe uma profunda e inevitável relação entre os indivíduos e a
sociedade. As Ciências Sociais lidaram com essa relação de diferentes modos, ora enfatizando a
prevalência da sociedade sobre os indivíduos, ora considerando certa autonomia nas ações
individuais.
Para o antropólogo Ralph Linton, por exemplo, a sociedade, em vez do indivíduo, é a unidade
principal, aquela onde os seres humanos vivem como membros de grupos mais ou menos
organizados.
Objeto de Estudo
Assim, diferentes de outras ciências, a sociologia tem como parte integrante de seu objeto de
estudo o próprio observador. Este, ao mesmo tempo em que observa o fenômeno, sofre
influência e influencia seu objeto de estudo.
Essa realidade leva a uma discussão sobre a objetividade do trabalho científico e sobre a
possível ou impossível neutralidade do cientista social. Fato que não ocorre nas ciências físicas,
por exemplo, o homem desempenha um duplo papel nas ciências sociais: é ao mesmo tempo
objeto e sujeito do conhecimento. Aquele que desempenha as ações sociais e as interpreta. Por
isso se busca tanto a objetividade nos casos estudados.
Weber X Durkheim
Dois dos principais mestres da sociologia clássica compreenderam de maneira diversa a relação
entre indivíduos e sociedade.
Enquanto Emile Durkheim priorizou a sociedade na análise dos fenômenos sociais, considerando-
a externa aos indivíduos e determinadora de suas ações, Max Weber entendia ser preponderante
o papel dos atores sociais e as suas ações.
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Weber entendia a sociedade como o conjunto das interações sociais. A “ação social”, objeto de
estudo weberiano, toma este significado quando seu sentido é orientado pelo conjunto de
pessoas que constituem a sociedade.
Para Durkheim, os fatos sociais são anteriores e exteriores aos indivíduos, exercendo sobre eles
um poder coercitivo que se impõe sobre as vontades individuais. Num sentido oposto, Weber
priorizou as ações individuais para compreender a sociedade, considerando-as como um
componente universal e particular da vida social, fundamental para se conhecer o funcionamento
das sociedades humanas, em que vigoram as interações entre indivíduos e grupos sociais.
Exercícios
01 - De acordo com Émile Durkheim, os fatos sociais são características que moldam o
comportamento dos indivíduos em sociedade. Os fatos sociais são definidos pelo autor como
sendo:
02 - A sociologia, para Durkheim, deveria ocupar-se do estudo das sociedades no intuito de:
a) conhecer a fundo o ser humano e suas diversas facetas perante a sua interação com o outro,
priorizando sua individualidade.
b) Entender a fundo os processos sociais que formam a realidade social do Homem, atentando
principalmente aos aspectos gerais, e não aos individuais.
c) Descobrir e tratar todos os males humanos que afligem a sociedade, tendo como objetivo a
formação de uma raça humana perfeita.
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d) Relação entre o homem e a natureza.
d) entre o Estado e os indivíduos se intercala toda uma série de instituições mais próximas deles
para os atrair à sua esfera de ação e os arrastar para a corrente geral da vida social.
Repostas
01 02 03 04 05
c b b a d
Quando caminhamos pelas ruas públicas percebemos diversas formas de manifestações sociais;
vemos tudo aquilo que não pedimos e que não escolhemos.
Casas e prédios são construídos de forma escolhidas por construtoras e podem prejudicar nossa
contemplação da paisagem. Temos aí a mistura do público com o privado.
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Para entender o que é público temos que ter sempre em mente que o público é aonde todos os
cidadãos pode usufruir do espaço com os mesmos direitos legais, sem distinção de etnias ou
classes sociais.
O espaço privado é todo aquele que pagamos para mandar num determinado espaço, pagamos
aos estados impostos prediais, que é uma forma de licença geográfica, e neste espaço
dominamos no metro quadrado pago.
Porém não é desta forma que é entendida pela população, constantemente o espaço público se
transforma no espaço privado: aumentando o espaço de garagens, trancafiando “ruas sem
saída”, proibindo os demais de usufruir deste espaço.
Temos também nos espaços públicos os “não lugares”, que são os espaços de fluxos de
pessoas, como trens e ônibus coletivos. Nestes espaços o público se transforma no privado,
mediante ao pagamento da tarifa.
Ao pagar a tarifa estamos privatizando um veículo que circula num espaço público e dentro do
coletivo, mandamos nos assentos que escolhemos ou não. Neste momento somos os donos do
lugar.
No espaço público exercemos nossas crenças e culturas. Sendo a humanidade local por meio da
invenção local a criação de tal cultura, o ser humano absorve a cultura e expõe para o público o
que deveria ser privado.
Ao construir uma igreja ou um templo religioso, estamos expondo nossas crenças e hábitos
privados para o espaço público, e apenas separando por uma parede e portão.
É neste contexto que os “pichadores” alegam seus direitos de expressão, sendo uma construção
de alvenaria a transgressão da liberdade, sendo assim a danificação da estética física do espaço.
No espaço privado temos a nossa liberdade de expressão e sexual? Digo que não temos. Nem
mesmo nos espaço privado somos livres. Estamos constantemente sendo influenciados pelo
pensamento privado de blocos dominantes, que infligem à liberdade sexual e de expressão no
ambiente privado.
Sexo e sexualidade são controlados, vigiados e caluniados por pessoas públicas que não
respeitam a liberdade privada; tal controle e crítica é a favor de uma tal socialização moral de que
todos “devem” apreender e viver.
Parece estar havendo certa confusão de conceitos a respeito sobre espaço público, privado e
acessível ao público. Vamos lá e de forma bastante resumida:
O espaço público é aquele de uso comum e posse de todos. Nestes locais desenvolvemos
atividades coletivas, como o convívio de diversos grupos que chamamos de sociedade urbana.
Existem (pelo menos) dois tipos de espaços públicos:
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Espaços públicos livres (em que é pleno o direito de ir e vir) definidos de circulação (ruas
e avenidas) espaços de lazer e conservação (praças, praias e parques);
Espaços públicos com restrição ao acesso e à circulação, nestes a presença é
controlada e restrita a determinadas pessoas, como os edifícios públicos (Prefeituras,
Fóruns, residências oficiais de governantes), instituições de ensino, hospitais, entre outros.
Os espaços privados são de propriedade privada (pessoas ou empresas), ou seja, casas, lojas
comerciais, escolas particulares, Shopping Centers. Os responsáveis pela manutenção e
preservação locais são os proprietários.
Os locais acessíveis ao público (que são locais privados), ou seja, em que é facultado às
pessoas, o acesso mediante o preenchimento de certas condições, tais como, pagamento de
ingresso e/ou despesas pela utilização do local e/ou serviços.
Assim, não se confunde lugar público com espaço acessível ao público (ou aberto ao público).
Exemplificando, os shopping centers e bancos são estabelecimentos comerciais privados,
acessíveis ao público em determinado horário.
Portanto, os locais acessíveis ao público não ferem o direito de ir e vir, ao impedir o acesso fora
dos horários pré determinados, quando proíbem o acesso de crianças e animais em seus
espaços. Sendo certo que, em alguns locais, a lei proíbe o acesso por questões de segurança e
higiene.
Tampouco, fere o direito de ir e vir, impedir o acesso de pessoas que estão provocando tumulto
ou pânico, portando-se de modo inconveniente ou desrespeitoso e perturbando o trabalho e o
sossego alheio.
Exercícios
CLAVAL, P. Terra dos homens: a geografia. São Paulo: Contexto, 2010 (adaptado).
a) A cidade é colocada no mercado como um produto, gerida e consumida como mercadoria, cujo
planejamento estratégico formaliza e institucionaliza uma parceria entre o público e o privado.
d) A revitalização urbana das praças, dos museus e de toda forma de expressão cultural da
cidade valoriza a homogeneização da cultura, ocasionando uma perda da diversidade cultural.
Respostas
01 02
e a
Os direitos humanos são modernos, ou seja, vão surgir durante o século XVI – XVII,
simultaneamente ao surgimento da sociedade moderna.
Da transição do feudalismo para o capitalismo surge à ideia de que os direitos são faculdades,
prerrogativas, poderes dos sujeitos sobre si mesmo, suas ações, seus bens.
Deste momento os titulares do direito não são mais a nobreza e o clero, todos passam a ser
considerados cidadãos com direitos e deveres.
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Nesse aspecto, deixamos de ser súditos de uma nobreza e passamos para cidadãos do Estado.
Se na Idade Média os súditos tinham mais obrigações do que direitos, na idade moderna o
Estado passa a ter obrigações para com o sujeito.
Podemos simplificar a ideia de direitos humanos em três movimentos históricos que podem ser
representados para fins didáticos com as palavras chaves da Revolução francesa: Liberté
(liberdade), Egalité (igualdade) e Fraternité (fraternidade).
Essas três grandes tradições da filosofia política moderna, respectivamente, dão sustentação às
três gerações de direitos humanos: direitos civis e políticos (1ª geração), direitos econômicos e
sociais (2ª geração) e os direitos de solidariedade (3ª geração) que pressupõem uma nova ordem
política mundial entre os povos.
A história dos direitos humanos pode ser dividida na história anterior e na história posterior à
Segunda Grande Guerra Mundial.
Quanto ao período anterior à Segunda Guerra, destacam-se três marcos dos direitos humanos na
esfera internacional: o Direito Internacional Humanitário, a Liga ou Sociedade das Nações e a
Organização Internacional do Trabalho (OIT):
A Liga ou Sociedade das Nações, criada após a Primeira Guerra Mundial, visava à
promoção da cooperação, da paz e da segurança internacionais. Tratava de questões
gerais de direitos humanos, de direitos das minorias e do direito do trabalho. A Liga foi
posteriormente substituída por outra instituição: a Organização das Nações Unidas (ONU).
Esses três institutos inovaram no direito internacional por tratarem não apenas dos interesses
puramente estatais, mas também de interesses individuais.
Por esses institutos, a proteção do indivíduo deixou de ser uma questão doméstica do Estado e
passou a ser uma questão internacional.
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Teve essa característica de unificar as três grandes tradições do pensamento ocidental;
Foi até o momento o maior empreendimento da humanidade para consagrar direitos
humanos universais;
Foi a tentativa mais ousada da humanidade de consagrar esses direitos;
Ampliou os direitos de primeira geração, reconhece os direitos de segunda geração e
introduz, anuncia os direitos de 3ª geração.
O pacto de direitos humanos foi uma tentativa frustrada de transformar os princípios éticos
filosóficos da DUDH em princípios jurídicos. Mas essa tentativa foi frustrada pelas disputas em
torno da Guerra fria e da hegemonia política do mundo. Com isso as ideias foram divididas em
dois pactos.
A Declaração de Viena teve o grande mérito de proclamar a unidade substancial dos direitos
humanos consagrando os princípios da universalidade, indissociabilidade, indivisibilidade dos
direitos humanos, unindo os direitos já previstos como direito a liberdade, a igualdade com outros
direitos de paz, desenvolvimento e solidariedade social.
A Temática desta Conferência diz respeito a posição dos direitos humanos frente a diversidade
do mundo contemporâneo.
Considerando os dias atuais, nessa nova conjuntura política, econômica e jurídica, as utopias
socialistas de esquerda deram lugar aos direitos humanos, antes vistos apenas como um
discurso colonizador da Europa Ocidental, ou seja, com o declínio dessas utopias, os direitos
humanos passam a ser a principal plataforma de reivindicação dos movimentos sociais:
De fato, durante muitos anos, após a segunda guerra mundial, os direitos humanos forma parte
integrante da política de guerra fria, e como tal foram considerados, pelas forças políticas de
esquerda.
Duplos critérios na avaliação das violações aos direitos humanos; complacência para com os
ditadores amigos do Ocidente; defesa do sacrífico dos direitos humanos em nome dos objetivos
do desenvolvimento, tudo isso tornou os direitos humanos suspeitos em termos de roteiro
emancipatório.
É como se os direitos humanos fossem invocados para preencher o vazio deixado pelo
socialismo ou, mais em geral, pelos projetos emancipatórios.
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Direitos Humanos e a proteção do Estado
O Estado moderno aparece assim, concomitantemente, desde o seu nascimento, como o protetor
e o principal adversário dos direitos humanos.
Ora, a humanidade veio a conhecer, neste século, organizações estatais cuja capacidade de
opressão superou, de longe, tudo o que se havia experimentado, até então, ao longo da história.
Alguns desses Estados absolutíssimos filiaram-se a uma ideologia que, nos seus albores,
manifestou as mais expressas reservas quanto ao poder estatal e propugnou mesmo a
supressão, pura e simples, do Estado.
O Marx provecto, no entanto, seguido e aperfeiçoado por Lênin, pregou a instalação da ditadura
do proletariado, como condição indispensável da passagem do socialismo para o comunismo.
E o que isto significou, como supressão efetiva das liberdades para todos os cidadãos,
trabalhadores ou não, a crônica dos últimos 70 anos tem ilustrado com cores dramáticas.
Tudo isso ilumina o caráter essencialmente ambíguo da relação entre Estado e direitos humanos
e justifica a divisão desta exposição em duas partes, que se completam ao se contraporem:
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Ora, a humanidade veio a conhecer, neste século, organizações estatais cuja capacidade de
opressão superou, de longe, tudo o que se havia experimentado, até então, ao longo da história.
Se a primeira geração dos direitos humanos consistiu na definição e preservação das liberdades
fundamentais – de locomoção, de religião, de pensamento e opinião, de docência e aprendizado,
de correspondência, de voto etc., a segunda, inaugurada no início deste século, correspondeu à
montagem de um mecanismo estatal que dispensasse, a todos, certas prestações sociais
consideradas básicas, como a educação, a saúde, as oportunidades de trabalho, a moradia, o
transporte, a previdência social.
A diferença específica entre essas duas gerações de direitos humanos é de primeira intuição:
enquanto o respeito à liberdade supõe a não-interferência estatal na esfera de vida própria do ser
humano, seja individualmente, seja em grupos sociais, a realização daquelas prestações sociais
implica, ao contrário, uma sistemática intervenção do Estado nas relações privadas, limitando a
liberdade individual ou grupal.
Assim as liberdades são, basicamente, direitos humanos contra a ação estatal, ao passo que a
exigência de prestações sociais se dirige contra a omissão do Estado.
De qualquer forma, tanto num campo quanto no outro, os direitos fundamentais da pessoa
humana só se realizam graças à boa organização dos Poderes Públicos.
As liberdades
No que tange à liberdades, como já foi assinalado, a proteção estatal passa pela eficiente
atuação do Poder Judiciário.
O primeiro remédio judicial de defesa das liberdades é o habeas corpus. Ele se destina, como se
sabe, a proteger a livre locomoção, a liberdade de ir e vir e, portanto, a de não ser preso, exilado
ou confinado, fora das hipóteses delituosas ou dos casos excepcionais (estado de sítio), definidos
na Constituição e nas leis.
A respeito do habeas corpus, gostaria de lembrar que se trata de um provimento judicial criado no
direito inglês, com as peculiaridades próprias desse sistema jurídico.
No direito anglo-saxônico, com efeito, os tribunais do rei sempre ostentaram uma supremacia
sobre todas as demais autoridades, inclusive eclesiásticas, como manifestações institucionais da
própria soberania da Coroa.
O habeas corpus faz parte do gênero dos writs ou ordens judiciais que não podem ser
descumpridas, sob pena do cometimento do delito gravíssimo de contempt of court, equivalente
ao crime de lesa-majestade.
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Ora, a especialidade do habeas corpus, na classe do writs, parece ter se perdido, ou não se ter
jamais realizado, fora do ambiente anglo-saxônico.
Entre nós, no entanto, essa providência utilíssima foi desde o início substituída pelo pedido de
informações judiciais à autoridade coatora.
Não é difícil imaginar o que significa isso, em termos de demora na solução judicial, de
possibilidade de ocultação do tratamento desumano infligido ao paciente nesse meio tempo, ou
mesmo de transferência abusiva do preso de uma autoridade para outra, para nos darmos conta
de como pode ser frustrada, na prática, essa garantia judiciária da liberdade de locomoção.
Pense-se, por exemplo, no caso mais banal de pedido de habeas corpus numa imensa comarca
como São Paulo: a necessidade de distribuição do feito entre as diferentes varas competentes, a
autuação do pedido em cartório, a expedição do mandado judicial de informações à autoridade
coatora, o cumprimento do mandado pelo oficial de justiça, a redação das informações pela
autoridade que detém o paciente, a entrega dessas informações em cartório e, finalmente, a sua
apreciação pelo juiz.
Tudo isso, antes que possa ser prestado alívio à pessoa privada de sua liberdade e, em não raros
casos, sujeita à tortura ou mesmo a ser morta em detenção.
Tal situação é tanto mais aberrante, quando se pensa que em matéria de mandado de segurança.
As medidas liminares são normalmente concedidas sem audiência de autoridade coatora.
Seria a liberdade de ir e vir menos importante, como valor jurídico, que as demais liberdades e
direitos protegidos pelo mandado de segurança?
Não vejo, portanto, como se possa manter inalterado o procedimento do habeas corpus, entre
nós, sem abandonarmos toda esperança de evitar a institucionalização de detenções arbitrárias,
sobretudo dos mais pobres e carentes, por todo este imenso país.
Pelo mandado de segurança, podem ser defendidos os chamados direitos líquidos e certos,
distintos da liberdade de locomoção, contra atos ou omissões abusivas do Poder Público.
São considerados líquidos e certos os direitos cujo reconhecimento independe de uma instituição
probatória no processo (testemunhas ou vistorias, por exemplo).
O mandado de segurança tem sido sempre, no entanto, uma ação judicial movida pelo próprio
titular do direito violado.
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Assim, se o ato abusivo do Poder Público atingir toda uma categoria de pessoas – um conjunto
de funcionários públicos, por exemplo – cada indivíduo deve constituir advogado e figurar no
processo, explicitamente, como autor.
Uma medida desse tipo seria entre nós da maior importância para a defesa, por exemplo, dos
direitos e liberdades das nações indígenas, que vivem dispersas em nosso território.
O Estado contemporâneo, no entanto, não se limitou a atender contra a liberdade física e a esfera
jurídica, sigamos assim, exterior da pessoa humana.
Foi mais além, ao organizar a invasão sistemática da vida íntima e a manipulação da imagem
pessoal, com apoio nas técnicas eletrônicas mais avançadas.
É que ambos pressupõe uma violação patente, isto é, pública e aberta das liberdades e direitos
subjetivos; ao passo que aquelas práticas de invasão da intimidade e da manipulação da imagem
pessoal se desenvolvem no segredo dos arquivos e das fitas magnéticas dos computadores.
Neste capítulo, está em causa não a liberdade da pessoa humana, mas a fundamental igualdade
de todos os homens.
A função do Estado já não é de abstenção, mas sim de transformação social, pela eliminação
progressiva das desigualdades. Função ativa, portanto, de decidida interferência no jogo dos
interesses privados.
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É preciso reconhecer que, em sociedades subdesenvolvidas, onde as condições de desigualdade
tendem a acelerar-se, provocando a desintegração social pelo aviltamento crescente das massas,
o estabelecimento de mecanismos aptos a realizar essas prestações sociais configura a
instituição não propriamente do estado do bem-estar, característico das sociedades
desenvolvidas, mas simplesmente do estado da dignidade social.
Esses mecanismos jurídicos de realização dos direitos humanos a prestações sociais podem ser
classificados, de modo um tanto impreciso mas significativo, em coletivos e individuais.
A condição maior para a transformação da sociedade por via da ação estatal é a instituição de um
planejamento global e vinculante.
Nesse particular, tirando a ação popular, ressente-se o nosso sistema jurídico da inexistência de
ações judiciais de defesa individual dos interesses coletivos.
Nos Estados Unidos, por exemplo, tem sido muito útil o recurso às chamadas class actions, pelas
quais o indivíduo, membro de um grupo social qualquer, tem qualidade para agir judicialmente na
defesa dos interesses grupais, esteja ou não o grupo organizado como pessoa jurídica.
Enfim, a problemática aqui é idêntica àquela a que me referi há pouco, a respeito da mandado de
segurança.
Por outro lado, ressentimo-nos também da falta de provimentos judiciais específicos para impor
ao Estado o cumprimento de deveres positivos.
Ainda nos Estados Unidos, é das mais largas a utilização da injunction, pela qual o judiciário
manda à Administração Pública que pratique certo ato ou desenvolva certa atividade, sob as
penas de lei.
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O controle do abuso de poder estatal
Até aqui, vimos os meios e os modos de realização dos direitos humanos por via do aparelho
estatal. Observamos, então, que se o poder do Estado serve, utilmente, para a defesa da pessoa
humana, notadamente pela ação do judiciário, não é menos exato que a violação desses direitos
tem sido praticada, largamente, também por agentes estatais.
Essa foi a ideia central de outro grande pensador francês, Montesquieu. Para ele, o único
antídoto eficaz ao abuso do poder é a instituição de contra poderes adequados.
Só o poder controla o poder, não a moral nem o direito. Mas é evidente a necessidade moral, isto
é, jurídica; como não é menos evidente a necessidade moral, assinalada também por
Montesquieu, de se desenvolver no povo a virtude, ou seja, o espírito de comunhão social.
O que Montesquieu quis sublinhar, no entanto, é que a simples regra jurídica, despida de poder, é
ineficaz para impedir o abuso. E isto, tanto no plano interno, quanto no plano internacional.
Ora, esses contra poderes, suscetíveis de deter o abuso – isto é, capazes de evitar que o poder
se transforme em força bruta -, são de vários tipos.
O próprio Montesquieu apontou a diferença importante entre o que ele chamava faculdade de
estatuir e a faculdade de impedir.
É justamente da sábia combinação desses diferentes tipos de poder – e não de uma arquitetura
triangular entre Executivo, Legislativo e Judiciário, considerados como trindade natural e imutável
– que se podem extrair todas as esplêndidas virtualidades da teoria da separação de poderes.
No plano interno
Para facilidade da exposição, tomemos os três órgãos ou Poderes da teoria clássica, tal como
eles aparecem constitucionalmente estruturados: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário.
O Executivo é sempre apontado como o grande fator de abuso, sem dúvida, porque ele, muito
mais do que os outros órgãos do Estado, é dotado de poder ativo, ou seja, das prerrogativas
constitucionais de impelir, comandar e tomar as iniciativas.
Justamente por isso, convém assinalar o fato de que os grandes abusos do Executivo não são
apenas os comissivos, como prender, comandar ou destruir, contra a lei e a razão jurídica.
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Na civilização contemporânea, em que as exigências de igualdade e bem-estar social tendem à
universalidade, as omissões estatais tornam-se verdadeiros crimes coletivos.
A falta de escolas, de saúde pública, de controle ecológico, por exemplo, aparecem sempre mais
como violações caracterizadas dos direitos humanos.
No Brasil, foi só recentemente, isto é, em 1985, que se editou a primeira lei atribuidora de um
direito de ação pública, ao Ministério Público e às associações de consumidores, para suprir a
falta de medidas governamentais adequadas na proteção ao consumidor.
Ainda assim, esse suprimento das omissões do Governo não é feito com a ação propriamente
dita, que visa à reparação de danos, mas com as medidas cautelares, que são provimentos
judiciais preliminares ao processo principal.
De qualquer modo, foi graças a esse novo remédio judicial, consubstanciado na Lei nº 7.347, que
um competente e denodado representante do Ministério Público paulista logrou obter do
Judiciário, malgrado a escandalosa resistência do Governo federal, a apreensão, nos
estabelecimentos comerciais e centros distribuidores, do leite irradiado pela catástrofe de
Chernobyl e que havia sido criminosamente importado da Europa.
Uma lição a tirar-se do episódio é a de que, se o Ministério Público pôde agir no caso, foi graças
ao fato de que o órgão não pertencia à unidade da Federação responsável pelo abuso.
Na verdade, o verdadeiro fiscal do Poder deve ser sempre o cidadão, ou o conjunto dos cidadãos
organizados em associações.
Sob esse aspecto, a Lei nº 7.347 representa um marco de progresso, na história da defesa dos
direitos humanos entre nós, ao atribuir às associações de consumidores a legitimidade para agir
em juízo em defesa do interesse geral dos consumidores e não apenas do de seus membros
associados.
No tocante aos abusos comissivos, essa legitimidade dos cidadão para propor ações judiciais no
interesse coletivo já existe, felizmente, há muito. É a ação popular, pela qual qualquer eleitor pode
pedir em juízo o desfazimento de atos da Administração Pública lesivos ao Erário, ou ao
patrimônio artístico e cultural do país.
O controle mais enérgico dos abusos governamentais, porém realiza-se por meio de ações
penais. No entanto, a persistência da atribuição, ao Ministério Público, do monopólio da
persecução criminal tem sido, entre nós, um fator de larga impunidade dos agentes públicos.
É por isso que incluí, entre as medidas inovadoras constantes de meu anteprojeto de
Constituição, a ação penal privada subsidiária, como direito subjetivo público de qualquer pessoa,
nas hipóteses em que o Ministério Público deixa de oferecer denúncia contra os agentes públicos
(chefe do Poder Executivo, Ministros ou Secretários de Estado, por exemplo).
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Essa medida, completada pela definição legal do crime genérico de violação dos direitos
humanos inscritos na Constituição – proposta também incluída em meu anteprojeto -, reforçaria
sobremaneira a proteção da pessoa humana contra os abusos governamentais.
No que se refere, agora, aos abusos do Poder Legislativo contra os direitos humanos, deve-se
assinalar que eles se cingem à sua função precípua, que é a votação de leis.
O controle das leis abusivas faz-se pela sua referência às normas e princípios constitucionais.
Nesse particular, além do veto oposto pelo chefe do Executivo, caracterizados daquele poder
impediente de que falava Montesquieu, há também a ação judicial de declaração de
inconstitucionalidade da lei.
Mas a jurisprudência do Suprema Tribunal Federal interpretou essa lei no sentido de atribuir, ao
Procurador Geral da República, chefe do Ministério Público Federal, o arbítrio de dar seguimento
ou não a essa ação direta, transformando-a, portanto, em mera iniciativa particular, não
vinculante para o Ministério Público.
A correção desse defeito, no texto constitucional, é uma das medidas saneadoras que contam
com o mais largo consenso, atualmente.
Até aqui, examinamos formas de controle de abuso de poder estatal por via judiciária.
Tem-se, pois, a impressão de que a defesa dos direitos humanos repousa, em última instância,
no poder dos juízes de dizer o direito de modo definitivo e no geral acatamento, pelos outros
órgãos estatais, das decisões proferidas pelos magistrados.
Mas se estes últimos prevaricarem, por ação ou omissão, na correção dos abusos ou desvios de
poder, quem atuará contra os juízes? É a indagação capital, formulada pelos romanos, com o seu
agudo senso da coisa pública: Qui custodiet custodes? Quem controlará o controlador?
Essa irresponsabilidade constitui uma falha grave na arquitetura do chamado estado de direito, no
qual todos os que exercem o poder público são sujeitos ao império impessoal da lei.
Se a vida, a liberdade e a honra de cada um de nós dependem de uma ordem de habeas corpus
ou da concessão de um mandado de segurança, e se o magistrado encarregado de proferir essa
decisão salvadora descumpre o seu dever, por desídia, corrupção, ou acumpliciamento com os
fatores do abuso, quem chamará o magistrado prevaricador à ordem, punindo-o se necessário? O
próprio Poder Judiciário.
Aqui, o princípio da separação de Poderes não encontra aplicação e esse defeito substancial é
capaz de comprometer a eficácia de todas as garantias constitucionais.
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Magistratura. Mas a aplicação das normas daqueles Códigos é estritamente nenhuma e, no caso
da Lei Orgânica da Magistratura, muito deficiente.
Seja como for, essa falha no anel final que fecha o sistema de poderes do Estado está a nos
indicar, com inafastável clareza, a necessidade de se completar o conjunto das garantias dos
direitos humanos mediante instituições e poderes não-estatais.
Essa função garantidora cabe nos dias atuais, inquestionavelmente, aos órgãos de comunicação
de massa: a imprensa, o rádio e a televisão.
No plano internacional
A proteção dos direitos humanos não pode, porém, cingir-se ao território onde cada Estado atua.
Esse reforço descomunal de poderes, acoplado à teoria da soberania absoluta do Estado, criou
situações de esmagamento completo da pessoa humana, como nas trágicas experiências nazista
e stalinista deste século.
Impõe-se, portanto, um controle internacional sobre a ação de cada Estado, no que tange ao
respeito aos direitos humanos.
Ora, a situação do direito internacional vigente está longe de ser satisfatória, nesse particular
(como em vários outros, aliás).
Trata-se, obviamente, de um pretexto, uma vez que, a toda evidência, a violação de direitos
humanos não é assunto de competência interna dos Estados, mas interessa, antes, a toda a
humanidade.
A aceitação dos indivíduos como sujeitos do direito das gentes, com legitimidade para recorrer
diretamente às instâncias internacionais, tem sido parcimoniosamente admitida.
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Ela existe, no âmbito da Organização dos Estados Americanos, pelo disposto no art. 44 da
Convenção de São José de Costa Rica, que criou a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos.
Mas essa medida, por si só, tem sido perfeitamente inócua, dado que há sempre a possibilidade
de os Estados recusarem a jurisdição internacional.
Creio que o progresso jurídico, nessa matéria, adviria da adoção de três providências.
Em primeiro lugar, a geral aceitação da legitimidade da queixa individual junto aos tribunais
internacionais, no caso de ausência de mecanismos adequados de produção dos direitos
humanos no plano interno dos Estados.
Proferida essa sentença, qualquer Estado teria competência para prender os indiciados que se
encontrarem em seu território; ainda que transitoriamente, submetendo-os a julgamento segundo
as leis desse Estado.
Ao cabo desta exposição, penso ter deixado claro que a proteção dos direitos humanos é uma
questão de organização de poderes na sociedade.
É claro que, nessa organização, os poderes do Estado (os chamados Poderes Públicos)
assumem papel decisivo.
Mas a experiência histórica indica que uma sociedade bem organizada deve sempre manter uma
boa cópia de poderes nas mãos dos próprios cidadãos, como o necessário corretivo aos desvios
e abusos que acabam sempre por se instalar na organização estatal.
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Exercícios
02 - os termos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, todo ser humano tem
a) A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 representa uma resposta civilizatória
em face das atrocidades que ocorreram durante a segunda guerra mundial.
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a) A irrenunciabilidade determina que a autorização ou consentimento do titular do direito humano
não justifica ou convalida qualquer violação ao seu conteúdo.
Respostas
01 02 03 04 05
a b d a d
CIDADANIA
É uma prática que busca melhorar a convivência, qualidade de vida e harmonizar a relação das
pessoas que vivem na cidade, por isso a associação do termo com cidadania.
Ela implica num aprendizado e aperfeiçoamento progressivo das práticas sociais para além das
relações de consumos naturalizadas na sociedade capitalista.
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A definição do conceito de cidadania tal qual conhecemos hoje, está ligada ao direito e é
estabelecida pela Constituição Federal.
É possível definir cidadania como o conjunto de direitos e deveres civis, sociais e políticos de um
povo que habita um determinado território.
A cidadania, portanto, é um conjunto de normas que devem ser obedecidas pelos cidadãos, os
deveres. Em contrapartida, os cidadãos desfrutam também de direitos civis sociais e políticos.
A definição do conceito de cidadania atual foi formada ao longo dos séculos e garantida através
de vários movimentos de luta pelos direitos de todos os habitantes de um território.
A cidadania está diretamente ligada ao contexto social e ao local, ou seja, ao território no qual o
ser social vive.
Desde a Antiguidade alguns povos definiram suas leis e normas de comportamento por escrito.
Os babilônios escreveram o Código de Hamurabi, conjunto de leis que reforçava o poder real.
Os gregos definiam as regras para a participação de alguns cidadãos na tomada de decisões
políticas.
Em meados do século XIII, na Inglaterra, foram criadas cartas e estatutos que passaram a
garantir alguns direitos civis e sociais, no entanto, os direitos civis e sociais eram desfrutados
apenas por homens livres e com posses.
A Magna Carta, de 1215, foi o primeiro escrito inglês que garantiu direitos civis e sociais a
cidadãos ingleses livres e foi seguida pela Petition of Rights, de 1628, a Bill of Rights, de 1689,
o Act of Settlement, de 1707 e o Habeas Corpus Amendment Act, de 1769.
Grosso modo, o termo “cidadania” remete ao sujeito que vive na cidade e compartilha parte da
sua vida pessoal no espaço público.
Originalmente, “cidadania” nos remete à vida na polis grega. Do latim, o termo tem origem na
palavra civita, espécie de coletivo de cidadãos os quais formam o estado, o governo ou pátria.
O conceito mais comum de cidadania diz respeito a sujeito que “cumpre seus deveres e luta pelos
seus direitos”. O objetivo desse texto é discutir as limitações desse último conceito.
Se cidadão é o indivíduo que mora na polis ele precisa ser reconhecido como tal. Na antiga
Atenas, por exemplo, o cidadão era um adjetivo extremamente restritivo, cujo conjunto englobava
homens livres, maiores de dezoito anos e nascidos em Atenas.
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Na contemporaneidade, cidadão diz respeito ao individuo que é reconhecido formalmente pelo
Estado; tão somente pelo registro de nascimento.
Porém é preciso ter cuidado para não confundir este conceito com as soluções individualistas
propagadas pelo próprio sistema de competição hoje vigente: ou seja, o indivíduo que prefere
pagar pela própria segurança em um condomínio fechado ou contratando segurança particular,
não exigindo que o poder público exerça seu papel de legítimo detentor do poder policial e da
segurança pública.
Ao nos preocuparmos apenas com nós mesmos, ao abandonar a defesa da coletividade, estamos
enfraquecendo a cidadania em nosso país, assim como nossos próprios direitos.
Teoricamente, a aplicação do conceito de cidadania é imprescindível para que haja uma melhor
organização social. Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e obrigações,
garantindo que estes sejam colocados em prática.
Exercer a cidadania é estar em pleno gozo das disposições constitucionais. Preparar o cidadão
para o exercício da cidadania é um dos objetivos da educação de um país.
Direitos e deveres
A cidadania é constituída pela junção de uma série de direitos e deveres, que variam de acordo
com cada nação ou grupo social. No entanto, a partir da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, alguns tópicos passaram a ser considerados universais para quase todos os seres
humanos.
Deveres do cidadão
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Direitos do cidadão
Direito à saúde, educação, moradia, trabalho, previdência social, lazer, entre outros;
O cidadão é livre para escrever e dizer o que pensa, mas precisa assinar o que disse e
escreveu;
Todos são respeitados na sua fé, no seu pensamento e na sua ação na sociedade;
O cidadão é livre para praticar qualquer trabalho, ofício ou profissão, mas a lei pode pedir
estudo e diploma para isso;
Só o autor de uma obra tem o direito de usá-la, publicá-la e tirar cópia, e esse direito passa
para os seus herdeiros;
Os bens de uma pessoa, quando ela morrer, passam para seus herdeiros;
Em tempo de paz, qualquer pessoa pode ir de uma cidade para outra, ficar ou sair do país,
obedecendo a lei feita para isso.
Exemplos de cidadania
Praticar a cidadania é usufruir dos direitos e deveres que, teoricamente, todos os cidadãos têm.
Por exemplo, no Brasil é obrigatório o voto, mas em outros países esse ato é opcional.
Outro exemplo de cidadania é o zelo que cada pessoa deve ter com os espaços de bem-comum,
como praças, ruas e demais locais de acesso público.
Embora a declaração fosse considerada universal, as mulheres e outros grupos sociais não
tinham seus direitos civis e sociais garantidos pela declaração. Era considerada para todos, mas
ao mesmo tempo, não atendia a todos os cidadãos.
A ideia de que os seres humanos nascem livres, iguais e têm por garantia alguns direitos foi
trabalhada levando em consideração uma série de aspectos políticos, sociais e econômicos por
pensadores ingleses e franceses.
Para Thomas Hobbes, todos os homens nascem livres e iguais. No entanto, toda essa liberdade
poderia gerar conflitos. O fim dos conflitos seria garantido no momento em que os homens
abrissem mão de sua liberdade a partir de um contrato firmado com o Estado, que passaria
agir em nome dos cidadãos.
De acordo com John Locke, somente homens livres e iguais e donos de alguma propriedade
podem firmar contratos com o Estado para garantir direitos políticos.
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Para Jean-Jacques Rousseau, a igualdade só existe se baseada na liberdade. Para o francês,
a igualdade só pode existir a partir de parâmetros jurídicos: todos devem ser iguais perante a
lei.
Em seu livro “Cidadania”, da década de 60, o sociólogo T.H. Marshall analisou classe social e
status e o conceito de cidadania ao longo da história.
Os primeiros escritos ingleses do século XVII pretendiam garantir a liberdade de ir e vir, liberdade
religiosa, de pensamento, direito à propriedade e ao direito, como forma de garantir que a fatia
social considerada cidadã tivesse os direitos acima descritos garantidos.
Marshall aponta que as noções de direitos políticos surgiram na Grécia Antiga com a formação do
Estado democrático e representativo. Mais uma vez, o direito a participar da política estava ligado
a alguns critérios como: liberdade, posse de terras e pertencimento a determinadas classes
sociais.
Foi no decorrer do século XX que a luta por direitos sociais ganhou destaque. Cada território
garantiu em sua constituição o direito de acesso a educação básica, saúde, previdência, lazer,
acesso ao sistema judiciário, transporte coletivo e programas habitacionais.
Com a criação do Estado de Bem Estar Social, o Welfare State, o crescimento das demandas e
movimentos sociais, os direitos sociais ganharam ainda mais força e visibilidade dentro do
conceito de cidadania.
Os direitos sociais dependem do contexto histórico e cultural de cada país e mesmo garantido
pelas constituições parte da população mundial ainda não tem acesso a eles
Em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, com base nos documentos escritos durante a Revolução Francesa e influenciada pelo
contexto de violência e horror da Primeira e Segunda Guerra Mundial.
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Embora seja o mais abrangente dos escritos sobre direitos e cidadania, a Declaração de 1948
ainda não é obedecida de forma integral por todos os países, por conta, principalmente, das
diferenças culturais e de acesso enfrentadas por alguns grupos sociais.
Exercícios
a) Cidadania é a condição daquele que possui e exerce três ordens de direitos: civis, políticos e
sociais.
c) As grandes revoluções políticas europeias dos séculos XVII e XVIII marcaram o início da
expansão dos direitos políticos para camadas populacionais antes excluídas da condição de
cidadãos.
e) A emergência dos Estados de Bem-estar Social no século XX foi importante impulsionador dos
direitos sociais, e, portanto, um fenômeno relevante para a consolidação da cidadania moderna.
02 - Os direitos sociais não têm por objetivo eliminar por completo as desigualdades sociais e
econômicas e as diferenças de classe social. Sua finalidade é:
03 - O termo cidadania parece ter caído nas graças daqueles que têm na comunicação o
instrumento de trabalho, como políticos, dirigentes, comunicadores, sociólogos e outros
profissionais que, de alguma forma, interagem no meio social. Porém, qual é o real significado do
que é ser cidadão:
04 - Segundo Gilberto Dimenstein, nota-se a ausência de cidadania quando uma sociedade gera
um menino de rua (livrocidadão de papel). Cidadania é
Estão CORRETAS
a) somente I, II e III.
b) somente I, II e IV.
c) somente I, III e IV
a) Equidade.
b) Bem comum.
c) Justiça.
d) Heteronomia.
e) Igualdade.
Respostas
01 02 03 04 05
b d a e d
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DIVERSIDADE
A ideia de diversidade está ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes ângulos
de visão ou de abordagem, heterogeneidade e variedade. E, muitas vezes, também, pode ser
encontrada na comunhão de contrários, na intersecção de diferenças, ou ainda, na tolerância
mútua.
Diversidade cultural
Em sociologia, diversidade cultural diz respeito à existência de uma grande variedade de culturas
antrópicas.
A diversidade cultural representa o conjunto das distintas culturas que existem no planeta.
Há vários tipos de manifestações culturais que nos revelam essa variedade, tais como: a
linguagem, danças, vestuário, religião e outras tradições como a organização da sociedade.
Cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) é um termo com várias acepções, em diferentes
níveis de profundidade e diferente capacidade de agir.
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São práticas e ações sociais que seguem um padrão determinado no espaço/tempo. Se refere a
crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e "preenchem" a
sociedade. Explica e dá sentido a cosmologia social, é a identidade própria de um grupo humano
em um território e num determinado período.
A ideia de diversidade está ligada aos conceitos de pluralidade, multiplicidade, diferentes ângulos
de visão ou de abordagem, heterogeneidade e variedade. E, muitas vezes, também, pode ser
encontrada na comunhão de contrários, na intersecção de diferenças, ou ainda, na tolerância
mútua.
A diversidade cultural é complicada de quantificar, mas uma boa indicação é pensar em uma
contagem do número de línguas faladas em uma região ou no mundo como um todo.
Através desta medida, há sinais de que podemos estar atravessando um período de declínio
precipitado na diversidade cultural do mundo.
Pesquisa realizada na década de 1990 por Luã Queiros (Professor Honorário de Linguística na
University of Wales, Bangor) sugeriu que naquela época em média, uma língua caía em desuso a
cada duas semanas. Ele calculou que se a taxa de mortalidade de línguas continuasse até o ano
2100, mais de 90% dos estilos falados atualmente no mundo serão extintos.
A diversidade cultural engloba o conjunto de culturas que existem. Esses fatores de identidade
distinguem o conjunto dos elementos simbólicos presentes nas culturas e são eles que reforçam
as diferenças culturais que existem entre os seres humanos.
Há um consenso geral entre os principais antropólogos que o primeiro homem surgiu na África,
há cerca de dois milhões de anos atrás.
Desde então, temos nos espalhados por todo o mundo, com sucesso em nos adaptarmos às
diferentes condições, como por exemplo, as mudanças climáticas.
As muitas sociedades que surgiram separadas por todo o globo diferiam sensivelmente umas das
outras, e muitas dessas diferenças persistem até hoje.
Bem como os mais evidentes as diferenças culturais que existem entre os povos, como a língua,
vestimenta e tradições, também existem variações significativas na forma como as sociedades
organizam-se na sua concepção partilhada da moralidade e na maneira como interagem no seu
ambiente.
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decorrentes de padrões de migração humana, ou se elas representam uma característica
evolutiva que é fundamental para o nosso sucesso como uma espécie.
Por analogia com a biodiversidade, que é considerada essencial para a sobrevivência a longo
prazo da vida na Terra.
É possível argumentar que a diversidade cultural pode ser vital para a sobrevivência a longo
prazo da humanidade e que a preservação das culturas indígenas pode ser tão importante para a
humanidade como a conservação das espécies e do ecossistemas para a vida em geral.
Existem várias organizações internacionais que trabalham para proteger sociedades e culturas,
incluindo a Survival International e a UNESCO. A Declaração Universal da UNESCO sobre a
Diversidade Cultural, aprovada por 185 Estados-Membros em 2001, representa o primeiro
instrumento de definição de padrão internacional destinado a preservar e promover a diversidade
cultural e o diálogo intercultural.
Exercícios
01 - A primeira instituição de ensino brasileira que inclui disciplinas voltadas ao público LGBT
(lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) abriu inscrições na semana passada. A grade curricular
é inspirada em similares dos Estados Unidos da América e da Europa. Ela atenderá jovens com
aulas de expressão artística, dança e criação de fanzines. É aberta a todo o público estudantil e
tem como principal objetivo impedir a evasão escolar de grupos socialmente discriminados.
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O texto trata de uma política pública de ação afirmativa voltada ao público LGBT. Com a criação
de uma instituição de ensino para atender esse público, pretende-se:
Sobre o tema da diversidade étnica, as teorias sociológicas afirmam que, sob a perspectiva
cultural,
a) os termos raça, etnia e cultura têm o mesmo significado analítico, no contexto brasileiro,
quando utilizados por sociólogos e antropologos.
c) os grupos biológicos de indivíduos que compartilham de uma história comum, feita de laços
linguísticos e culturais, são tidos como pertencentes da mesma etnia.
d) alguns elementos culturais, como o futebol, as comidas típicas e o carnaval, não podem ser
objetos da análise sociológica por mascarar a desigualdade existente nas relações sociais.
e) a chegada dos japoneses, em 1908, e a construção de uma nova identidade nacional com a
implantação de suas associações civis, educativas e religiosas, foram o marco das relações inter-
raciais no Brasil.
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03 - O conceito “São diferenças culturais que existem entre os seres humanos. Há vários tipos,
tais como: a linguagem, danças, vestuário, religião e outras tradições como a organização da
sociedade” diz respeito a:
a) Ações etnocêntricas.
b) Diversidade Cultural.
c) Relatividade Moral.
d) Relativismo Cultural.
b) A abrangência regional.
a) as identidades são estáticas, é algo natural, ela nos acompanha por toda a vida.
b) as identidades são construídas nas relações sociais, são situacionais, relacionais e constroem-
se na relação entre o “nós” e os “outros”, cria um nós coletivo.
c) identidades surgem através de um determinismo geográfico que molda o nosso modo de ser e
agir.
Respostas
01 02 03 04 05
e c b a b
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