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A complexidade da realidade social

 Os seres humanos nascem incompletos e inacabados. É em sociedade, na convivência e interação com os


outros, que vão construindo a humanidade, que se realizam como seres humanos, no sentido completo de
termo.
 Os Homens são fruto de uma aprendizagem que apenas se pode realizar no meio social, na interação com os
seus semelhantes.
 Aprender a falar, a pensar, a andar verticalmente, aprender o que comer e como comer, a gostar dos outros
e a respeitá-los, a distinguir o bom o mau, o justo e o injusto, são competências que nos são transmitidas
pela família, pela escola e pelos meios de comunicação social. Efetivamente, o homem não nasce a saber
isso, nasce apenas com as potencialidades para desenvolver essas características. Essas potencialidades são
inatas, nascem connosco, fazem parte da nossa dimensão biológica e genética, mas só as desenvolvemos, de
facto, quando inseridos num determinado meio social.
 Daí que possamos afirmar que a sociabilidade é, no ser humano, uma característica essencial. O ser humano
é um ser social, ou como diria Aristóteles “ o homem é um animal politico”, que se desenvolve m grupo, na
polis (cidade politicamente organizada).
 A vida em grupo e as relações de cooperação que os seres humanos estabelecem entre si são condição para
a sobrevivência da espécie e facilitam a superação das dificuldades e dos constrangimentos impostos pela
própria natureza.
 As sociedades organizam-se estabelecendo regras, formas de comunicação e procedimentos comuns que
facilitam as interações entre os seres humanos tornando mais fácil a vida em sociedade e permitindo a
própria subsistência do grupo.
 São estas regras e procedimentos comuns, produzidos pelas próprias sociedades que permitem que as
pessoas se entendam cooperarem na divisão do trabalho, transformem a própria natureza de forma a
facilitar sobrevivência do grupo social ao longo dos tempos.
 A expressão “social” está ligada a esta ideia de coletividade, de vida em grupo, sendo a realidade social
constituída pelas relações que decorrem da vida em grupos. As interações entre os seres humanos e entre
estes e aquilo que os rodeia.
 É evidente que estas interações têm que ser contextualizadas no tempo e no espaço. A organização social, as
regras, os valores, os costumes, a alimentação, as formas de comunicação alteraram-se nos últimos
cinquenta anos e são diferentes conforme a sociedade que estivermos a analisar.
 O tempo cronológico e o contexto geográfico são variáveis que não podemos negligenciar quando
estudamos uma realidade social, isto é, o que se passa em determinada sociedade, as interações que aí se
estabelecem.
 Se pensarmos na instituição família, veremos como os tipos de família se alteram em poucas gerações
encontrando hoje novos tipos de famílias como as monoparentais, recompostas, homossexuais, etc.
 Se olharmos para outras realidades, em contextos geográficos diferentes, poderemos verificar a
criminalização da homossexualidade, dos casamentos polígamos, do aborto, etc.
 No mesmo tempo cronológico, sociedades culturalmente semelhantes podem organizar-se de forma
diferente conforme o contexto geográfico em que estão inseridas.
 Um clima tropical ou temperado, umas regiões interiores ou ribeirinhas levam a formas diferentes de
comunicação, interação e organização social. Determinam realidades diferentes.
A complexidade do social
 A realidade social tem muitas dimensões, muitas variáveis que a tornam complexa, pois é constituída por
tudo o que se passa no meio social, pelos fenómenos sociais como a família, a imigração, o desemprego, a
religião, a delinquência juvenil, a sida, entre outros, que têm implicações a vários níveis do social e não
podem ser isolados uns dos outros.
 Os fenómenos sociais não podem ser analisados de forma isolada, mas sim, através das interações que entre
eles existem. Se os isolarmos do todo em que estão inseridos e das interações que têm com as outras
dimensões do social, deixam de ter significado.
 A sociedade não é o mero conjunto das pessoas que a constituem. A sociedade carateriza-se, sobretudo,
pelas relações que entre elas se estabelecem. Os fenómenos sociais só existem e têm sentido na relação que
têm com outros fenómenos sociais. Daí a sua complexidade e a necessidade de uma abordagem de várias
ciências sociais, nunca os isolando do “todo social”.
 A realidade social é complexa porque os fenómenos sociais que nela se desenrolam são complexos e
multidimensionais.

Fenómeno social total


 Os fenómenos sociais, tendo em conta a sua complexidade e multidimensionalidade, têm sempre, como
vimos, de ser encarados em todas as suas dimensões, considerando sempre as interações que estabelecem
com outros fenómenos sociais e com o todo social. Todo o fenómeno social é simultaneamente político,
jurídico, económico histórico, etc.
 Só compreenderemos o fenómeno da emigração se o analisarmos em todas as suas dimensões. Tem
implicações sociais, jurídicas, políticas, económicas, etc., sendo por essa razão objeto de interesse de várias
ciências sociais ou mesmo de todas. Só o conjunto de todas estas dimensões e implicações permitirá
conhecer e entender o fenómeno.

Interdisciplinaridade e objeto das ciências socias


 Como vimos até agora o que é social é, em simultâneo, económico político, jurídico, histórico, antropológico,
etc. Todo o fenómeno social é um fenómeno social total. Daí a necessidade de intervenção das várias
ciências sociais. Todas ciências sociais as estudam a mesma realidade, mas sobre perspetivas distintas. Todas
elas têm um conjunto de fenómenos que só elas estudam, que constitui o seu objeto de estudo. As ciências
sociais estudam a mesma realidade social. O objeto real de estudo é o mesmo para todas. Contudo, cada
uma delas tem um objeto específico é diferente em todas elas porque cada uma analisa o mesmo fenómeno
social real numa uma perspetiva específica, própria de cada ciência social e que só a ela cabe estudar. Só o
conjunto dos dados fornecidos por cada ciência social permitirá conhecer o fenómeno social em todas as
suas dimensões. A necessidade de interdisciplinaridade e complementaridade entre estas diferentes visões é
inultrapassável. Nenhuma disciplina social pode, isoladamente, explicar o social. Cada uma das ciências
sociais recolhe e integra o contributo das outras para a explicação de um fenómeno social.
 Uma das ciências sociais que estudam a realidade social é a sociologia. O seu objeto, como vermos mais
adiante, é o estudo da vida do homem em sociedade. Enquanto ciência, a sociologia tem objeto e método de
investigação científica próprios.

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