Você está na página 1de 282

PE

DROHE
NRI
QUEN.
PAT
ELL
I
CIP - Catalogação na Publicação

Patelli, Pedro Henrique Natalino


DO ARTEFATO AO ARTIFICIO: RECICLAGEM DOS USOS, PREDIAL
E URBANO POR MEIO DA CHAMINÉ DA TECELAGEM JAPY – A
CRIAÇÃO DE UM COMPLEXO EDUCACIONAL / Pedro Henrique
Natalino Patelli. - 2021.
3140 f. : il. color

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto


de Ciência Exatas e Tecnologia da Universidade Paulista, Jundiaí, 2021.
Área de Concentração: Complexo de Educação Ambiental.
Orientador: Prof. Me. Sergio Antonio Santos Junior.

1. Arquitetura. 2. Urbanismo. 3. Reciclagem. 4. Educação ambiental. 5.


Resíduos sólidos. I. Santos Junior, Sergio Antonio (orientador). II.Título.

Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Universidade Paulista


com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
PEDRO HENRIQUE NATALINO PATELLI

DO ARTEFATO AO ARTIFICIO:
RECICLAGEM DOS USOS, PREDIAL E URBANO POR MEIO DA
CHAMINÉ DA TECELAGEM JAPY – A CRIAÇÃO DE UM
COMPLEXO EDUCACIONAL

Monografia apresentada
para a obtenção do título
em nível de graduação em
Arquitetura e Urbanismo
pela Universidade Paulista
(UNIP), sob orientação do
Professor Me. Sergio
Antonio dos Santos Junior.

JUNDIAÍ, SÃO PAULO


2021
Dedico este trabalho a minha
mãe, Elisangela, e aos meus
avós Nelson e Maria José.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, que por sua extrema bondade, me concedeu a
oportunidade, forças e sabedoria para chegar até aqui.

A minha mãe, Elisangela, por ser meu maior exemplo de perseverança,


humildade e bom coração. Não há palavras que representem o que sinto por
você. Obrigado por ter acreditado, apoiado, e por todos sacrifícios que fizeste
por mim, sem você eu não seria metade do homem que me tornei hoje.

Aos meus avós Nelson e Maria José, que sempre acreditaram em mim, e me
apoiavam dia-a-dia, me motivando e sustentando as minhas forças, muito
obrigado.

Ao meu pai, irmã, meus tios Alexssandra e Alan, meus avós Dirce e Bruno (in
memorian) e a toda minha família. Obrigado pelas conversas, conselhos,
incentivos, elogios e por acompanharem minha trajetória até aqui.

Ao melhor orientador possível, Sergio Antonio dos Santos Junior, que,


carinhosamente falando, me apadrinhou academicamente, além de professor,
um grande amigo. Seus conselhos e ensinos me permitiram chegar a lugares
que eu não imaginaria chegar durante minha graduação, obrigado por ter me
dado a oportunidade de aprender semanalmente com você. Obrigado por ter
orientado o Pedro monitor, o Pedro pesquisador, e o Pedro aluno.

Ao meu grande amigo Marcio Gomes de Lima, meu padrinho profissional, a


sua esposa Graziele Oliveira, e toda equipe Romage. Obrigado por terem
acreditado no meu potencial e terem me concedido a oportunidade de trabalhar
com vocês, e de alguma forma contribuir com o crescimento escritório,
agradeço as conversas, brincadeiras, e o carinho que tem por mim, sendo
quase parte da família.

A minha namorada Isabela Kiyohashi e sua família. Obrigado por todo amor,
momentos, risos, conversas, apoio e carinho que sempre tiveram por mim, sem
dúvidas fizeram com que o desenvolvimento desse trabalho fosse leve e fluído.
E a Isabela, obrigado por ter me auxiliado no desenvolvimento desse trabalho e
ter sido minha companhia de visita técnica, sua parceria é muito importante.

As minhas colegas de sala e amigas, Leticia Gutierre e Marcela Bichara, pela


companhia leal em todos os trabalhos, viagens, passeios, vocês tornaram essa
jornada mais alegre e divertida. Obrigado por tudo.

A minha fiel parceira, Giulia Pincinato, que esteve comigo em todos momentos,
desde o primeiro dia de aula. Obrigado por todos momentos que
compartilhamos, ter uma alma tão bondosa ao meu lado fizeste com que as
idas a aula fossem alegres, mesmo nos dias nebulosos. Espero ter retribuído
toda força e carinho que tens por mim.

Aos meus monitorandos, em especial Scarlet e Kenya Santana, Daniela


Lourençon, Vitor Del Rosso e Sabrina Daniel, vocês fizeram parte de um longo
período de aprendizado meu, espero que tenha sido proveitoso para todos.
Obrigado pela paciência, carinho e admiração que tem por mim.

Agradeço a todos professores que fizeram parte da minha jornada até aqui,
desde meu ensino fundamental. Obrigado por acreditarem na educação, e
juntos, terem moldado meu caráter.

A todos meus amigos, que sempre acreditaram em mim e prezaram pelo meu
bem, em diferentes fases da minha vida. Em especial, Augusto, Mateus,
Giuseppe, Victor, Lucas, Heloisa, Raquel, Erica, Gustavo, Murilo, Pablo,
Alexandre, Camila, João, Alexandre e Patricky.

A Veronica Rosaria Polzer, por ter disponibilizado toda sua pesquisa que serviu
como referência principal para esse trabalho, e a empresa Crosslam que
disponibilizou um vasto material para auxiliar no desenvolvimento do mesmo.

A Profa. Dra. Valeria de Paiva, por ter me apoiado durante minha graduação e
ter aceitado ser minha banca; assim como a Profa. Dra. Maria Augusta Justi
Pisani, por ter aceitado o convite em compor minha bancada.
“Encontre otimismo no inevitável.”
REM KOOLHAAS
RESUMO

Sustentabilidade, preservação e poluição ambiental são conceitos que


passaram a ter uma grande relevância nos últimos 50 anos, a preocupação em
como será a Terra no futuro trouxe ao ser humano diversas indagações sobre
quais atitudes devem ser tomadas para preservar a natureza remanescente, e
ter um meio de vida sustentável. Para isso, alternativa mais prática é a
reciclagem, ou seja, dar um novo uso a um objeto, entretanto, não abordar
apenas resíduos ou materiais descartados, mas do meio de vida atual: através
da reciclagem de espaços, de terrenos, de hábitos e pensamentos. Somente
através dessa conscientização do ser humano, esse estilo de vida seria
alcançado. A preocupação com a natureza e meio ambiente deve ser levada
em consideração pelas cidades, uma vez que uma cidade com práticas
ambientalmente sustentáveis oferece melhor qualidade de vida para seus
habitantes. Considerando a pertinência do tema, e a necessidade das
mudanças de hábitos, esse projeto tem como objetivo evidenciar a relevância
da educação ambiental para a sociedade, assim como conscientiza-la e
capacita-la. Para realizar esse objetivo, foi escolhido um terreno que em algum
momento já apresentou um uso, mas que atualmente (2021), encontrasse em
desuso, nesse caminho, através de levantamentos foi encontrado o terreno da
antiga Tecelagem Japy. O presente trabalho busca reciclar esse espaço,
utilizando de sua edificação e chaminé remanescente para a construção de um
complexo de edifícios que aproxime o cotidiano jundiaiense a educação
ambiental. Esse projeto pretende inserir centro de compostagem, uma central
de triagem de resíduos sólidos urbanos, uma escola ambiental, um pavilhão
urbano, espaços de lazer que sejam atrativos para jovens e crianças, além de
ressignificar a chaminé de um símbolo da industrialização para o símbolo da
preservação.

Palavras-chave: Reciclagem; Educação ambiental; Sustentabilidade.


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................. 10
OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 12
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 13
MÉTODO ...................................................................................................... 13
1. CONTEXTO HISTÓRICO ........................................................................... 18
1.1. GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS .......................................................... 24
1.1.1. EQUIPAMENTOS DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS . 25
1.1.2. COLETA................................................................................................ 27
1.1.3. TRIAGEM DE MATERIAIS RECICLÁVEIS.............................................. 28
1.1.4. COMPOSTAGEM ................................................................................. 29
2. JUNDIAÍ................................................................................................... 32
2.1. CLIMA ......................................................................................................... 34
2.2. SERRA DO JAPI E A ARBORIZAÇÃO URBANA .......................................... 35
2.3. PROGRAMAS MUNICIPAIS ....................................................................... 36
2.4. FÁBRICA E TECELAGEM JAPY.................................................................... 38
3. LEVANTAMENTOS ................................................................................... 42
3.1 AMBIENTE INTERNO .................................................................................. 43
3.1.1 FRAQUEZAS.......................................................................................... 45
3.1.2 FORÇAS ................................................................................................ 48
3.2 AMBIENTE EXTERNO ................................................................................. 50
3.2.1 OPORTUNIDADES ............................................................................... 51
3.2.2 AMEAÇAS ............................................................................................. 55
3.3 CRUZAMENTOS .......................................................................................... 56
3.3.1 ESTRATÉGIA OFENSIVA ....................................................................... 57
3.3.2 ESTRATÉGIA DE DEFESA ..................................................................... 58
3.3.3 ESTRATÉGIA DE REFORÇO .................................................................. 61
4. REFERENCIAS PROJETUAIS E ESTUDOS DE CASO................................... 64
4.1 PARC DE LA VILLETTE ................................................................................ 64
4.2 ESCOLA JULES VERNE ................................................................................ 72
4.3. CENTRO DE COLETA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DE SCHWEINERN ... 76
4.4. ESCOLA REDBRIDGE ................................................................................. 81
4.5. ESPLANADA MONTE CASTELO ................................................................ 86
5. DIRETRIZES .............................................................................................. 92
5.1. LEGISLAÇÃO .............................................................................................. 93
5.2. INSTRUMENTOS ECONÔMICOS .............................................................. 93
5.3. INTEGRAR O PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RSU ........ 97
5.4. INTERVENÇÕES URBANAS ....................................................................... 98
5.4.1. REQUALIFICAÇÃO DA VIA LOCAL DE ACESSO ................................. 99
5.4.2. ECOPONTOS: ESTAÇÕES DE ARMAZENAMENTO E COLETA ....... 104
5.4.3. MOBILIÁRIOS RECICLÁVEIS ............................................................ 109
5.4.4. REQUALIFICAÇÃO DE ESTACIONAMENTO .................................... 112
6. PROJETO ARQUITETÔNICO ................................................................... 118
6.1 TERRENO ................................................................................................. 118
6.2. CONDICIONANTES................................................................................. 119
6.3. PROGRAMA DE NECESSIDADES ........................................................... 123
6.6. MODELAGEM E DEFINIÇÃO DA FORMA .............................................. 165
6.7. PAISAGISMO E DESENHO DAS ÁREAS EXTERNAS ............................... 173
6.8. ESTRUTURA ............................................................................................ 192
6.9. CONFORTO AMBIENTAL ....................................................................... 210
6.9.1. CONFORTO TÉRMICO ..................................................................... 210
6.9.2. CONFORTO ACÚSTICO ................................................................... 218
6.10. SUSTENTABILIDADE ............................................................................ 234
7. CADERNO TÉCNICO .............................................................................. 247
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 298
9. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................... 300
10. ANEXOS ............................................................................................... 312
INTRODUÇÃO
O trabalho a seguir trata de um Complexo de Educação Ambiental,
voltado, mais especificamente, à gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU),
que será implantado na cidade de Jundiaí, no Estado de São Paulo.
Segundo o dicionário Oxford (2021), a palavra “complexo” pode ser
entendida como: “construção composta de numerosos elementos interligados
ou que funcionam como um todo”. Neste caso, a proposta do trabalho consiste
em projetar uma gama de componentes que integrem um complexo educativo
e que forneçam aos usuários o entendimento e a relevância dos programas
oferecidos pela edificação.
A educação ambiental, segundo Peneluc e Silva (2008), “é uma
atividade intencional da prática social, que imprime ao desenvolvimento
individual um caráter social em sua relação com a natureza e com outros seres
humanos”, e quando abordamos a gestão de resíduos sólidos urbanos, falamos
de uma longa e complexa cadeia logística. A educação ambiental é relevante
nesse contexto pois somente a partir dela poderíamos conscientizar a
população, criando hábitos que alterem a cadeia de RSU de maneira positiva e
benéfica ao meio ambiente.
O conceito estabelecido para a escolha do terreno – reciclagem -
conecta-se diretamente com a temática do projeto. Para concretizar a aplicação
deste conceito, objetivamos então “reciclar” um terreno, que antigamente
apresentava um uso, mas que hoje se encontra abandonado, vazio ou em
estado depreciativo; segundo Leite e Awad (2012) a reciclagem de territórios
metropolitanos é face da mesma moeda de intervenções tecnológicas.
Subsequentemente, após alguns levantamentos, localizamos um terreno
na região do bairro Vila Arens, mais especificamente situado na Rua Lacerda
Franco em confluência com a Rua Barão do Rio Branco, onde em 1913
implantou-se a Fábrica de Tecidos Japy (Prefeitura de Jundiaí, 2014), e
posteriormente, ainda no século XX, o Supermercado Paes Mendonça.
Enquanto justificativa física, funcional e simbólica, temos uma chaminé
localizada do terreno, sendo resíduo e produto de um período de forte
industrialização nos primórdios da cidade, indicando manufatura e produção

10
serial. A partir dessa acoplagem conceitual [entre tema e local], pretendemos
reciclar e ressignificar os valores citados para as questões prediais e urbanas,
como um marco para uma nova interpretação contemporânea que respeite a
história edificada do local.

Figura 1 - Colagem com referências da região Vila Arens. Fonte mapa base: Google Mapstyle, 2021. Fonte imagens:
Pedro Henrique N. Patelli, 2021; Tribuna de Jundiaí, 2018, disponível em:
<tribunadejundiai.com.br/noticias/cidades/jundiai/3053-jundiai-esta-sem-onibus-a-partir-da-zero-hora-de-
domingo>; Turismo Jundiaí, 2021, disponível em: <turismo.jundiai.sp.gov.br/servicos/estacao-ferroviaria>; Rede
Brasil Atual, 2012, disponível em: <www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2012/05/catadores-tem-papel-central-
na-reciclagem-em-sao-paulo-dizem-especialistas>. Mapa base: Mapstyle, 2021, adaptado.

A área de intervenção, está desta forma em uma região estratégica, com


densa presença de residências e comércios [como será apresentado nos
levantamentos p.44-57], e próxima da estação ferroviária e do terminal de
ônibus municipal.
Por todo o dito, o projeto também pretende se enquadrar no programa
em curso “Cidade das Crianças”,1 atualmente em exercício na cidade de

1
Jundiaí é o primeiro município do estado a integrar a Rede Latino-Americana – Projeto Cidade das
Crianças e o segundo no país, logo após Boa Vista (Roraima). A apresentação do conceito “Cidade das
Crianças” foi feita em dezembro de 2018 e é resultado da integração entre as Unidades de Gestão, que
trabalharam alinhadas pela proposta de governo por plataformas (Prefeitura de Jundiaí, 2021).

11
Jundiaí. O complexo atuaria como um espaço de conscientização do descarte
e manuseio dos resíduos sólidos urbanos, oferecendo atividades educacionais,
lúdicas e de lazer voltadas ao público em geral, mas especialmente para as
crianças, a serem promovidas por meio de mobiliários e elementos decorrentes
da reciclagem. Além da proposta ser um atrativo de entretenimento para todas
as idades, a mesma também facilita o processo educativo dos usuários ao
evidenciar de maneira empírica as diversas possibilidades de um item
reciclado.
Acreditamos que a implantação de um projeto desse porte nessa região,
recicla e ressignifica um espaço vazio - que esteve por um longo tempo
abandonado - em um dos polos mais movimentados da cidade. A possibilidade
de concretizar esta intenção por meio dos conceitos ambientais de
reaproveitamento é igualmente relevante por se tratar de uma abordagem
única, inovadora e fundamentada em referenciais teóricos específicos do tema:
a educação ambiental relacionada a gestão de resíduos sólidos urbano. Com
isto, criar-se-á um complexo de edificações interligadas singulares em toda a
região, que buscarão unir lazer e estudo, utilizar referências do passado para
conscientizar presente e futuro e promover tanto a convivência entre pessoas e
resíduos sólidos descartados, quanto o contraste entre concreto e natureza.
Desta maneira, trabalha-se com conceitos e espaços atrativos que poderão se
tornar referências tanto para a região e quanto para o estado de São Paulo.

OBJETIVO GERAL
A relevância social e urbana desse projeto consiste em enredar
conceitos ecológicos (sustentáveis e resilientes) e de conscientização
socioambiental, por meio de uma central de tratamento de RSU e de
compostagem. Evidenciando o destino final dos resíduos (de todo e qualquer
produto consumido), integrando ao cotidiano urbano e não ocultando-o em
áreas inóspitas nas cidades, pois é um problema gerado por todos e que
atualmente acabam não recebendo a atenção devida.

12
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Ampliar a interação da sociedade acerca de temas ambientais, através
de espaços onde ocorrerão exposições, palestras, aulas e atividades de
lazer;
• Promover oficinas de reciclagem, que através de atividades produzirão
mobiliários com matéria-prima reciclável, que serão utilizados no projeto
e podendo ser replicadas em espaços públicos da região;
• Evidenciar uma vocação educacional existente no terreno que provém
da própria dinâmica de aprendizado das antigas tecelagens, inicialmente
reconhecida por meio da implantação do projeto Cidade das Crianças no
local e a ser amplificada por esta proposta;
• Conceder diretrizes para a implantação de eco-pontos regionais, feitos
em containers, que facilitem a separação dos resíduos para os
munícipes, e a coleta para os serviços de transportes;
• Refletir sobre a importância da criação de uma legislação responsável
por estipular metas e determinar regras para as destinações finais dos
resíduos sólidos, dificultando o envio dos resíduos para o aterro;
• Sugerir a implantação de instrumentos fiscais, seja incentivos ou multas,
que conscientizem e estimulem práticas sustentáveis quando
relacionadas a construção civil, evitando a maior geração de resíduos.

MÉTODO
O desenvolvimento desse trabalho é feito conforme as seguintes etapas:
• Levantamento e revisão bibliográfica: levantamento de artigos, livros
e teses que abordam o histórico do tema e do local que serão feitas
através de pesquisas e bibliotecas digitais.
• Levantamento de dados cartográficos e edições: Para fazer os
levantamentos serão utilizados: o recuso street view presente no
software Google Earth Pro; bases cartográficas presentes no Geoportal
da prefeitura de Jundiaí; os dados legislativos presente no portal
GeoJundiaí e Plano Diretor da cidade. Enquanto o desenvolvimento dos
diagnósticos será feito através de bases cartográficas utilizando os

13
softwares Google Earth Pro e QGIS. Para edição e composição dos
mapas será utilizado Photoshop.
• Levantamento de referências projetuais: com o objetivo de levantar
referências projetuais que possam auxiliar na busca de soluções para
este projeto, serão consultados projetos de parques, centros de
reciclagem, centros de compostagem e escolas ambientais através de
pesquisas bibliográficas. Além disso, será utilizado a produção
acadêmica de Verônica Rosária Polzer como ferramenta de
aproximação do tema (Resíduos sólidos urbanos) com as competências
da arquitetura e urbanismo.
• Levantamento iconográfico e histórico: para identificar a cronologia
da fábrica Japy será utilizado os recursos de satélite disponível no
software Google Earth Pro. Ademais, será consultado a ficha técnica do
local disponível no site da prefeitura de Jundiaí. Para conhecimento do
projeto de reforma que está em vigor (2021) será acessado o site IAB-
SP (Instituto de Arquitetos do Brasil – São Paulo), responsável pela
organização do concurso, e a busca em jornais regionais digitais, como
Jornal de Jundiaí, Jundiaqui e Jundiagora.
• Realização de visitas técnicas: devido a pandemia de Covid-19 as
visitas técnicas estão quase restritas, contudo, para reconhecimento de
local e melhor entendimento das referências citadas acima, serão
realizadas visitas técnicas ao lote estudado e a sua região, respeitando
as regras do distanciamento social e restrições que podem ser pré-
estabelecidas.
• Estudos de caso: para a realização dos estudos de casos, utilizaremos
os métodos apresentados no livro de Robert K. Yin, Estudo de Caso
Planejamento e Métodos, no qual consta que o estudo de caso visa a
responder questões do tipo "como" e "por que", em situações nas quais
o pesquisador tem pouco controle do que está sendo pesquisado. Para
tal, levantaremos obras que se relacionem com a temática proposta e
posteriormente estudar como as mesmas foram aplicadas em seu
contexto e qual seu funcionamento nos dias atuais.

14
• Apresentação de desenhos técnicos: para a apresentação de peças
gráficas, como planta, corte, perspectiva e fachadas serão utilizados
softwares como AutoCAD, SketchUp, Lumion, Photoshop e Indesign;
além disso, para as representações gráficas serão utilizados materiais
de desenho como canetas marcadores a base de álcool, tinta aquarela,
lápis de cor, tinta nanquim e giz pastel; para as representações digitais,
o será utilizado os aplicativos Sketchbook, Procreate e Morpholio.

15
1. CONTEXTO
HISTÓRICO

16
17
1. CONTEXTO HISTÓRICO

Para fundamentar o projeto é preciso entender os principais


acontecimentos históricos que resultaram na necessidade da aplicação da
educação ambiental nos dias atuais. Embora a problemática tenha se tornado
relevante com a ascensão dos movimentos ambientalistas nas décadas de
1960 e 1970 (MATOS, 2009, p.14), alguns acontecimentos são necessários
serem citados para introduzir esse assunto.
Nossa chave de leitura trata-se de compreender o desenvolvimento da
degradação ambiental, segundo Cuba (2010, p.23), foi a revolução agrícola,
aproximadamente 12000 anos a.C., que iniciou os primeiros impactos na
natureza, devido o início de sociedades fixas e deixando o nomadismo de lado.
Esses efeitos foram responsáveis para apresentar ao ser humano uma série de
intempéries físicas, como erosão, queimadas e a poluição do ar.
Posteriormente, durante a antiguidade, na Grécia Clássica e no oriente,
surgia o debate e o pensamento filosófico acerca da natureza: “envolviam
reflexões sobre a criação da vida e do universo; sentido da criação; existência
humana e seu significado; atributos da 15 natureza; imanência e
transcendência; e o conceito de verdade.” (MATOS, 2009, p.14).
A degradação ambiental começa a tomar maiores proporções no final do
século XVII com a chegada do Iluminismo, segundo Kant (1795, p. 11) o
Iluminismo trata-se do ser humano sair de sua menoridade2, atingindo sua
racionalidade e servindo seu próprio entendimento. O século das luzes3 é
relevante para este tema pois é nessa época que se consolida a ascensão da
burguesia, derrubando o sistema mercantilista e absolutista, e dando início ao
que hoje conhecemos por capitalismo (BRAICK, 2007).
O auge desse processo reside no início da Revolução Industrial, com
tecnologias que causavam prejuízos mais intensos ao meio ambiente, como
uso de energia fóssil, super exploração de recursos naturais e descarte de
dejetos feito de maneira impróprias seja pelo solo, ar, rios e mares
(MARCATTO, 2002). É notório que esses impactos são resultantes do início do

2
Segundo Kant: A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento (razão) sem a orientação
de outrem. Tal menoridade é por culpa própria se a sua causa não reside na falta de entendimento, mas
na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo sem a orientação de outrem.
3
O século XVIII ficou conhecido como século das luzes devido ao surgimento do movimento iluminista.

18
processo de industrialização, aonde o mundo carecia de tecnologia, e nem
podem ser comparados com o que o planeta Terra sofre atualmente, mas cria o
início da cronologia.
Haja visto que a degradação do meio ambiente, decorrente de um
sistema de produção e consumo voltado para satisfazer as vontades e as
necessidades dos homens, não é um acontecimento atual, entretanto devido
aos ideais capitalistas, essa degradação tomou proporções imensas, e
somente em 1962 surgiu a primeira crítica e reação a esses acontecimentos,
no livro de Rachel Carson, intitulado “Primavera Silenciosa”4 (MARCATTO,
2002).
As críticas e preocupações com a conservação do meio ambiente
começaram a se tornar frequentes a partir da década de 1970 com a
consolidação do movimento ambientalista (MATOS, 2009). Em 1975, foi
organizado o congresso de Belgrado pela UNESCO5, com a presença de 65
países, tornou-se um dos congressos mais relevantes acerca da discussão
sobre o meio ambiente (MARCATTO, 2002). Esse congresso formulou um
programa para educação ambiental, denominada Carta de Belgrado (UNESCO,
1975).
O parágrafo inicial da Carta de Belgrado reflete um ponto de vista
preocupante para aquela época:
“Nossa geração tem testemunhado um crescimento econômico
e um processo tecnológico sem precedentes, os quais, ao
tempo em que trouxeram benefícios para muitas pessoas,
produziram também serias consequências ambientais e sociais.
As desigualdades entre pobres e ricos nos países, e entre
países, estão crescendo e há evidências de crescente
deterioração do ambiente físico numa escala mundial. Essas
condições, embora primariamente causadas por número
pequeno de países, afetam toda humanidade.” (UNESCO,
1975, p. 01 online)

No referido documento destaca-se ainda a educação ambiental como


um ensino crítico para definir o futuro dos países, sendo responsáveis para
combater a crise ambiental, melhorar a qualidade de vida e designar novos
rumos de desenvolvimento da humanidade (UNESCO, 1975).

4
Do original “Silent Spring”, publicado por Rachel Carson em setembro de 1962, pela editora Houghton
Mifflin. O livro critica principalmente o insumo de produtos químicos, uso excessivo de pesticidas e o
descarte de dejetos de forma inadequada.
5
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (United Nations Educational,
Scientific and Cultural Organization).

19
Da década de 1970 até 1980, alguns países promoveram conselhos
responsáveis pelos debates sobre a importância da conservação ambiental
(CUBA, 2010), sendo um dos mais famosos o Clube de Roma, em 1968 e a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (CNUMAH)
em 1972, na cidade de Estocolmo. Dessa última Polzer (2012) destaca:
“1. Se o crescimento populacional, industrial, assim como suas
consequências (poluição, devastação dos recursos naturais,
geração de resíduos e outros) continuar sem limites, dentro dos
próximos anos a sobrevivência da humanidade estará
ameaçada;
2. Deve-se buscar uma condição de equilíbrio entre as
necessidades humanas de forma que seja possível manter uma
estabilidade ecológica e econômica.” (POLZER, 2012, p.28)

Entretanto, é somente em 1987 quando divulgado o Relatório


Brundtland, nomeado de “Nosso futuro comum”, que se inicia o pensamento do
“desenvolvimento sustentável” (IPIRANGA; GODOY; BRUNSTEIN, 2011).
O Relatório Brundtland constitui-se de uma espécie de manual,
elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
das Nações Unidas, esse manual critica o meio de desenvolvimento de países
desenvolvidos e quase desenvolvidos e expõe um método de desenvolvimento
-ainda que complexo - para que as nações consigam atender as demandas do
presente, sem comprometer as demandas de necessidade das gerações
futuras, sendo essa a definição mais aceita de desenvolvimento sustentável
até então (IPIRANGA; GODOY; BRUNSTEIN, 2011).
Em 1992, chefes de estados de mais de 130 países reuniram-se na
cidade do Rio de Janeiro para debater inúmeros tópicos sobre a civilização e
desenvolvimento social e ambiental, definindo a educação ambiental como uma
matéria crítica e essencial. (CUBA, 2010). A relevância da educação ambiental
ficou documentada no que foi chamada de Agenda 216 (MARCATTO, 2002).
Dez anos mais tarde, aconteceu outra reunião semelhante à de 1992,
denominada Rio+10, segundo Diniz:
“(...) A Rio+10 destaca-se mais por mencionar os problemas da
globalização e detalhar um plano de implementação que,
embora quase não traga metas quantitativas, inicia uma ação
coletiva rumo à proteção ambiental conjugada ao
desenvolvimento econômico e social.” (DINIZ, 2002, p.34)

6
Agenda 21 é um documento assinado em junho de 1992, no Rio de Janeiro, por 179 países, resultado
da “Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento” – Rio 92, trata-se de
“instrumento de planejamento participativo visando o desenvolvimento sustentável”.

20
Para algumas ONGs, a reunião Rio+10 foi uma vergonha, pois elencou
debates, mas não trouxeram soluções relevantes para a sociedade (CUBA,
2010).
No Brasil, em 27 de abril de 1981 foi decretado a lei nº6.902, relatando
sobre estações ambientais e áreas de preservação. A partir de sua descrição, é
possível identificar o início de um pensamento relativo à educação ambiental.
“Estações Ecológicas são áreas representativas de
ecossistemas brasileiros, destinadas à realização de pesquisas
básicas e aplicadas de Ecologia, à proteção do ambiente
natural e ao desenvolvimento da educação conservacionista.”
(BRASIL, 1981, p. 01 online)

Em 1988, uma nova constituição foi estabelecida e em seu artigo nº 225


insinua a educação ambiental como um direito constitucional (BRASIL, 1988).
Contudo, mesmo com a presença de leis, a influência da UNESCO e da
Agenda 21, pouco foi feito para integrar a educação ambiental no currículo
nacional (CUBA, 2010).
Com a crescente expansão da importância da educação ambiental nos
últimos anos, nota-se que essa disciplina não diz apenas sobre estudar a
natureza ou ser uma ferramenta de aprendizado, mas também sobre a
relações sociais, induzindo dinâmicas que podem ser aplicadas em sociedades
e se expandindo para maiores escalas (SAUVÉ, 2005, p. 317).
Tendo conhecimento de uma breve história da degradação da natureza
através dos séculos, é possível entender o motivo do porquê a educação
ambiental ser tão relevante nos dias atuais. A partir desse entendimento
buscamos referências bibliográficas que direcionassem nossos estudos sobre
questões referentes a ferramentas que compõe a educação ambiental aos
espectros da arquitetura e urbanismo, que se alinha e referencia-se nos
trabalhos de Veronica Rosária Polzer7.
Para Polzer (2012, p.26), a qualidade de vida nas cidades está
diretamente interligada com a relação entre recursos naturais disponíveis e
resíduos sólidos gerados. Uma vez que a quantidade de resíduos gerados são
altas, diminui-se a oferta de recursos naturais, reduzindo a qualidade de vida.

7
Arquiteta, professora, consultora em gerenciamento de resíduos sólidos e doutora pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie.

21
1.1. GESTÃO
DE RESÍDUOS
SÓLIDOS

22
23
1.1. GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Outra abordagem desse trabalho torna-se necessário nos aproximarmos
do conceito de gestão de resíduos sólidos. De acordo com a NBR 10004, de
2004, entende-se como resíduos sólidos como:
“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos
nesta definição os lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou
exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis
em face à melhor tecnologia disponível.” (NBR 10004, 2004,
p.1)

Segundo Polzer (2012, p.34) “a gestão de resíduos sólidos urbanos


numa cidade compreende a organização das atividades de coleta, o
armazenamento e o destino final dos resíduos de forma a garantir a
manutenção da saúde pública e o controle da poluição."
Tendo as devidas referencias da autora, entendemos o funcionamento
da gestão a partir do organograma simplificado a seguir:

ARMAZE- COLETA E REAPROVEI- DESTINAÇÃO


GERAÇÃO TRATAMENTO
NAMENTO TRANSPORTE TAMENTO FINAL

Figura 2 - Organograma das etapas referentes a gestão de resíduos sólidos. Editado por Pedro H. N. Patelli, baseado
em POLZER, 2012.

O primeiro tópico, geração de resíduos sólidos, é variável de acordo com


a organização e estilo de vida da cidade (POLZER, 2012, p.34). Como estamos
abordando um centro de reciclagem de menor escala e locado ao centro de um
dos polos influentes da cidade, foram caracterizados os resíduos que serão
aproveitados no projeto como dejetos de: residências, comércios e, em menor
escala, industrial.
Quanto ao armazenamento, é necessário que os resíduos sejam
destinados corretamente e separados da forma mais segregada possível,

24
evitando a contaminação do material e sua perda de propriedades, bloqueando
contato com intempéries físicas e/ou naturais (POLZER, 2012, p.35).
Referente a coleta, deve-se ser dividido em três grupos como forma de
simplificar o processo, sendo eles: resíduo indiferenciado, orgânicos ou
recicláveis, os demais são considerados especiais, pois requerem coletas
programadas (POLZER, 2012, p. 35).

Indiferenciados: Não podem ser reciclados


ou compostados. Ex.: Papel higiênico
COLETA

Orgânicos: Pode ser compostado. Ex.:


Frutas e verduras
Recicláveis: Papel, plástico, vidro e metal.
Figura 3 - Esquema demonstrando como é feito a separação da coleta. Edição Pedro H. N. Patelli, 2021, baseado em
POLZER, 2012, p.35.

Esse processo de incentivo a reutilização de resíduos tem como


principal foco desviar a destinação de dejetos para aterros sanitários e
incineradores, sendo destinos finais um tanto quanto nocivo a natureza
(POLZER, 2011).
Existem inúmeros tipos de resíduos numa cidade, porém nesse artigo
iremos abordar os mais relevantes para nossa pesquisa, sendo eles de origem
majoritária residencial e comercial, e em menor parcela industrial.
Essa classe de resíduos é composta pelos três tópicos indicados na
figura acima. Os orgânicos, denominados “lixo úmido” deve ser separado e
encaminhado direto para compostagem. Os recicláveis são os que merecem
mais atenção pois devem ser separados na própria residência para
posteriormente serrem destinados para a triagem (POLZER, 2012, p.39).

1.1.1. EQUIPAMENTOS DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS


Neste tópico iremos expor e entender quais são os equipamentos
necessários para a gestão de resíduos sólidos urbanos, especificamente os
que serão abordados e inseridos no projeto.
O organograma a seguir facilita a compreensão do fluxo que os dejetos
traçam até seu destino final:

25
Aterro sanitário: resíduos
indiferentes

Usina de compostagem:
resíduos organicos
Estação de
Coleta
transbordo
Incineração (waste to energy):
resíduos indiferentes

Usina de triagem de
recicláveis: resíduos recicláveis

Figura 4 - Fluxograma dos resíduos sólidos. Fonte: POLZER, 2012, p.44.

Entendendo o fluxograma, analisaremos os impactos que cada destino


final proporciona em inúmeros aspectos ao meio ambiente, de forma a avaliar
quais atividades cabem inserção ao projeto, visto que se trata de um ambiente
urbano. Vide tabela abaixo:

Tabela 1 - Comparativo dos impactos ambientais das destinações finais. Fonte: DEFRA, 2004, apud, POLZER, 2012.

A partir dos dados expostos na tabela acima, podemos concluir que os


sistemas de triagem de resíduos recicláveis é a gestão de resíduos que menos
causa impacto no ambiente, seguido pela compostagem. Paralelamente,
entendemos quão prejudicial é o aterro sanitário, sendo ele o último destino
recomendado.
Entendendo o terreno designado de projeto como área urbana
residencial e comercial, buscamos implantar esses dois modelos de gestão, a
usina de resíduos recicláveis e um centro de compostagem minoritariamente.

26
1.1.2. COLETA
Segundo o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
(2015), desenvolvido pela Secretaria de Serviços Públicos da cidade de
Jundiaí, a coleta de resíduos sólidos é feita por uma empresa privada, sendo
suas funções:
“Coleta de resíduo sólido domiciliar, transporte até o transbordo
(GERESOL8) e transferência para veículos transportadores;
Varrição manual, transporte dos resíduos provenientes da
varrição até o transbordo (GERESOL) e transferência para
veículos transportadores; Serviços especiais de limpeza,
transporte até o transbordo (GERESOL) e transferência para
veículos transportadores; Limpeza de locais de feiras livres,
transporte até o transbordo (GERESOL) e transferência para
veículos transportadores; Serviços de caráter intermitente ou
sazonais; Limpeza, manutenção e conservação do local de
transbordo (GERESOL); Transporte de resíduos sólidos
coletados no local de transbordo (GERESOL) até o destino final
(aterro sanitário).” (JUNDIAÍ, 2015, p.63)

A coleta de recicláveis na cidade faz parte do Programa Armazém da


Natureza (Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2021). O site da prefeitura designa
que os resíduos sólidos recicláveis devem estar em condições especificas para
coleta:
“O lixo seco é formado por materiais recicláveis (papel,
papelão, vidros, plásticos e metais). Os papéis devem ser
guardados limpos e secos. Vidros, plásticos e metais devem
ser enxaguados de restos de alimentos. O lixo seco deve ser
entregue aos caminhões de coleta seletiva.” (PMJ, 2021, p.1
online)9

Os demais resíduos que não podem mais ser reciclados (resíduos


indiferentes) são encaminhados pela prefeitura para o aterro sanitário
contratado, localizado em Santana do Parnaíba (PMJ, 2021).
Além disso, a prefeitura também conta com mais um programa de coleta
de resíduo, o Cata Treco, também participante do Programa Armazém da
Natureza, que consiste na coleta de materiais volumosos, sendo como pneus,
madeiras, eletrodomésticos, móveis velhos, entre outros. A coleta é feita em
dias específicos e atende 100% da cidade (PMJ, 2021b). Os destinos finais são
definidos da seguinte forma:
“Madeiras e Pallets: reutilização é dada na execução de formas
para calçadas, gravatas para formas de concreto e outros usos
afins na construção civil e queima em olarias. Pneus: são
encaminhados para empresa recicladora no Distrito Industrial.

8
Central de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
9
Prefeitura Municipal de Jundiaí.

27
Outros: resíduos que não temos ainda como reciclar são
encaminhados para o Aterro Sanitário contratado pela PMJ.”
(PMJ, 2021b, p.1)

Para o descarte de lixos eletrônicos, pilhas e baterias requerem um


descarte especial, sem risco de contaminar os coletores e os demais resíduos,
seu descarte pode ser feito junto dos caminhões ou depositadas em pontos
específicos da cidade (PMJ, 2021b).
Outro projeto de coleta municipal são os ecopontos, localizados em
cinco pontos da cidade. Os ecopontos são locais de entrega voluntária de
pequenos volumes de entulho (até 1m³), grandes objetos e recicláveis (PMJ,
2021c).
Tendo em vista as informações que a prefeitura compartilha,
percebemos que existe uma preocupação ambiental por parte do poder
público, com projetos referência para qualquer cidade.

1.1.3. TRIAGEM DE MATERIAIS RECICLÁVEIS


São os locais responsáveis pela destinação dos resíduos sólidos
recebidos. Ali será definido se o material pode ser reciclado, ou precisará ser
destinado ao aterro sanitário ou o incinerador.
Como forma de simplificar o entendimento do funcionamento da usina de
triagem de materiais recicláveis, seguimos o organograma disponibilizado por
Vanessa Padiá e Veronica Polzer (2011, p.8):

Figura 5 – Organograma simplificado e fictício do funcionamento de uma usina de triagem de materiais recicláveis.
Fonte: POLZER, 2011.

28
O tamanho desse espaço é relativo à quantidade de resíduo produzido
onde será feito a coleta. Atentando-se para o dimensionamento da estrutura e
do estoque (POLZER, 2012). Na cidade de Jundiaí, o serviço de triagem dos
materiais recicláveis é feito em conjunto com a estação de transbordo, no
GERESOL (Central de Gerenciamento de Resíduos Sólidos).

1.1.4. COMPOSTAGEM
Divergindo do centro de triagem de materiais recicláveis, os centros de
compostagem recebem apenas os resíduos orgânicos com o objetivo de
produzir materiais como adubos e fertilizantes, a partir desses resíduos.
A separação desses resíduos orgânicos deve ser minuciosa, afinal, a
presença de outros componentes pode retardar o processo e prejudicar a
qualidade do composto, evitando que posteriormente esse composto possa ser
comercializado e reaproveitado (POLZER, 2012).
Direcionando o recorte para os centros urbanos, Polzer (2016) diz:
“...faz-se necessário o emprego de técnicas de compostagem
acelerada, de forma a aproveitar esse material transformando-o
em recurso para novas atividades, como hortas urbanas,
jardins, combate à erosão, agricultura e outros. Além disso, a
comercialização do composto gera emprego e renda para a
população.” (POLZER, 2016, p.134)
O grande problema da compostagem nos centros urbanos é a falta de
espaço físico, por esse motivo a compostagem acelerada10 aparece como
solução para esses locais, como forma de atender a demanda e produção dos
resíduos (POLZER, 2016).
A compostagem, embora sendo uma estratégia rural e antiga, aparece
como uma alternativa menos danosa para os resíduos, diminuindo as
ocupações de aterros sanitários, além de aliviar os altos custos da manutenção
e operação dos mesmos (POLZER, 2016).
A prefeitura de Jundiaí não oferece nenhum tipo de serviço de
compostagem público, porém o município conta com a empresa Tera
Ambiental, que comercializa esse serviço para indústrias e residências.

10
Utilizar de recursos tecnológicos para acelerar a produção da compostagem. Como exemplificado por
Polzer (2016, p.128) “A tecnologia consiste em utilizar uma camada orgânica que cobre as pilhas, um
processo de aeração negativa e um sistema de biofiltros que minimizam e controlam o odor”.

29
2. JUNDIAÍ

30
31
2. JUNDIAÍ
Segundo Sudjic (2016), “uma cidade é formada por suas pessoas,
dentro dos limites das possibilidades que pode oferecer-lhes: tem uma
identidade singular, que faz dela mais do que uma mera aglomeração de
prédios.”. Nesse contexto, buscaremos entender parte do processo histórico da
cidade de Jundiaí, alguns tópicos relevantes sobre ela, e o que de fato desfaz
dela uma “mera aglomeração de prédios”.
A cidade de Jundiaí está localizada no interior do Estado de São Paulo,
entre as metrópoles de São Paulo e Campinas. Sua ocupação deu-se início em
meados do século XXVII, e até meados do século XIX sua economia se
limitava em pequenas lavouras de subsistência que abasteciam a vila, tropeiros
e bandeirantes, inicialmente utilizando-se de mão-de-obra escrava indígena, e
posteriormente, africana (PMJ, 2021d).
O século XIX é marcante para a cidade, a produção cafeeira ganhou
força e expandiu-se para o oeste, trazendo consigo as ferrovias e indústrias,
tornando Jundiaí uma cidade estratégica, especialmente para o campo
ferroviário. Ainda nesse século, observou-se o declínio da mão-de-obra
escrava e as primeiras aparições de imigrantes europeus, em específico, os
italianos que exercem grande influência no bairro Colônia até os dias atuais
(PMJ, 2021d).
O século XX é marcado por um denso processo de urbanização e
industrialização, assim como a imigração asiática nas décadas de 1920 e 1930.
As indústrias da cidade inicialmente se concentravam nas proximidades da
estação ferroviária, sendo em sua maioria têxteis e cerâmicas. Somente a partir
de 1950, após a inauguração da Via Anhanguera que chegaram as indústrias
metalúrgicas (PMJ, 2021d).

32
Figura 6 - Rua Barão de Jundiaí nos anos 1920. Fonte: Acervo Prof. Mauricio Ferreira, 2020.

Devido a sua vocação agrícola, Jundiaí é destaque nacional na


produção de uvas de mesa, promovendo a Festa da Uva em todos os anos
pares, e a Festa do Morango nos anos ímpares (PMJ, 2021e).
Hoje, Jundiaí se destaca em diversos cenários, seja na produção
industrial, contando com um dos maiores parques industriais da América
Latina; nas áreas culturais e educacionais (PMJ, 2021d). Além disso, a cidade
conta com um IDH (índice de desenvolvimento humano) de 0,822, considerado
muito alto, sendo o 4º maior do estado (PNUD, 2010); assim como seu PIB,
correspondente a 39,78 bilhões de reais (IBGE, 2016).

IDH EM RELAÇÃO AO ESTADO:


645º 4º 1º

PIB EM RELAÇÃO AO PAÍS:


5570º 18º 1º

Figura 7 - Relação IDH de Jundiaí as demais cidades do Estado de São Paulo. Fonte: PNUD, 2010, adaptado; Relação
PIB de Jundiaí as demais cidades do Brasil. Fonte: IBGE, 2010, adaptado.

33
As características econômicas e culturais de Jundiaí se tornaram
destaque e referência a nível nacional, sendo bem colocada em diversos
rankings, seja em qualidade de vida, financeira, etc.

Figura 8 - Manchetes de jornais que exaltam o desempenho de Jundiaí em rankings urbanísticos. Fontes: G1
Sorocaba e Jundiaí, 11 de fevereiro de 2021; TVTEC Jundiaí, 28 de janeiro de 2021; Salles Imóveis, 2021; Jornal de
Jundiaí, 23 de junho de 2021.

2.1. CLIMA

O clima da cidade de Jundiaí é o tropical de altitude, composto de um


verão longo, morno, abafado, com precipitação e de céu quase encoberto;
enquanto o inverno é curto, ameno e de céu quase sem nuvens. Durante o ano
apresenta uma temperatura média entre 13°C a 29°C e raramente é inferior
a 9°C ou superior a 32°C ( CLIMATE-DATA, 2021).
Jundiaí tem variação sazonal extrema na sensação de umidade.
O período mais abafado do ano dura seis meses, sendo de outubro até abril,
onde o nível de conforto é abafado ou extremamente úmido pelo menos em
17% do tempo (WEATHERSPARK, 2021).

Figura 9 - Carta solar da cidade de Jundiaí. Fonte: Prefeitura de Jundiaí, 2021. Disponível em:
<https://jundiai.sp.gov.br/planejamento-e-meio-ambiente/wp-content/uploads/sites/15/2017/03/Gr%C3%A1fico-
Insola%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acessado em: 13 de julho de 2021.

34
A velocidade predominante média do vento em Jundiaí passa por
variações sazonais pequenas ao longo do ano. A época de mais ventos no ano
dura de setembro a novembro, durante a primavera, com velocidades médias
do vento 3,5m/s, e a época com menos vento é durante o verão, de dezembro
a fevereiro, com média de 3m/s (SOL-AR, 2021).

Figura 10 - Direção do vento predominante durante o ano. Fonte: SOL-AR, 2021. Adaptado.

A direção média horária predominante do vento em Jundiaí varia durante


o ano, sendo predominantemente ventos vindo do sudeste, em contrapartida
em alguns meses os ventos também são presentes vindo ao sul, leste e
nordeste.

2.2. SERRA DO JAPI E A ARBORIZAÇÃO URBANA

A Serra do Japi se trata de uma reserva de Mata Atlântica, localizada no


interior de São Paulo, sendo 47,67% de sua extensão presente na cidade de
Jundiaí. Está localizada no encontro de duas formações florestais – as
Umbrófilas da Serra do Mar e as Semideciduais do interior paulista -, isso faz
com que a Serra do Japi conte com uma grande diversidade de formas de vida.
Formada em uma cadeia montanhosa, conta com uma riqueza hídrica, de
fauna e flora, sendo a Serra do Japi, um laboratório natural efetivo para
estudos e pesquisas (PMJ, 2021f).
Em 1983, uma parte da Serra do Japi foi tombada pelo CONDEPHAAT
(Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico do
Estado de São Paulo), e em 1992, foi declarada como um patrimônio da

35
humanidade, e uma “Reserva da Biosfera da Mata Atlântica” pela UNESCO
(PMJ, 2021f)
A Serra do Japi é muito simbólica para os jundiaienses, especialmente
porque a Serra se faz presente visualmente por quase todo perímetro da
cidade, além disso, o espaço atrai moradores e turistas para caminhadas,
corridas, passeios de bicicletas e visitas a cachoeiras.
Em relação a arborização de vias, a cidade de Jundiaí, embora
apresente uma boa e alta porcentagem, ainda não é uma cidade destaque ou
referência nesse tópico.

5570º 2289º 1º

Figura 11 - Relação arborização das vias de Jundiaí as demais cidades do Brasil. Fonte: IBGE, 2010, adaptado.

2.3. PROGRAMAS MUNICIPAIS

A prefeitura de Jundiaí nos últimos anos criou e se tornou adepta de


alguns programas sociais e ambientais que podem auxiliar o desenvolvimento
desse trabalho de forma direta ou indiretamente. Nesse tópico iremos
descrever a influência desses programas, os trabalhos que os mesmos tem
desenvolvido e como eles podem auxiliar a consolidação do projeto aqui
descrito.
• DELÍCIA DE COMPOSTAGEM
Um projeto idealizado pela prefeitura municipal com a proposta de
“educar e conscientizar os moradores sobre a importância da reciclagem. Para
estimular essa prática, todo material entregue é “trocado” por gêneros
alimentícios frescos, produzidos no município.” (PMJ, 2021g)
A troca é feita na horta da Unidam (Unidade de Desenvolvimento
Ambiental), localizada no bairro Jardim Florestal. A colheita de verduras é feita
e distribuída as populações carentes.
“Semanalmente, no mesmo dia e horário, um veículo conduz a
verdura recém recolhida e embalada até os locais de coleta dos
recicláveis, onde a população, principalmente as crianças,
aguardam com os materiais separados, ocorrendo a troca.”
(PMJ, 2021g, p. 1 online).

36
Além disso, os adubos utilizados nas hortas são naturais, produzidos
com terra e esterco, além de galhos, folhas secas e troncos de árvores, que
sobram das podas realizadas na cidade (SPITZCOVSKY, 2016).
Como resultados, além da conscientização da seleção dos resíduos,
apresentou também a diminuição de animais e insetos sinantrópicos, uma vez
que suas fontes de abrigo e alimentação são eliminadas de forma periódica e
permanente (PMJ, 2021g).
O programa já ocorre há mais de 8 anos e tem tido uma boa aceitação
pelo público. Tendo conhecimento do sucesso e funcionamento desse
programa, é possível replicar algumas ideias do mesmo através do cultivo de
hortas orgânicas.

• ARMAZÉM DA NATUREZA
Existente desde 1997, é o programa responsável pela coleta de lixo
reciclável. Mesmo sendo um serviço terceirizado, o programa é responsável
pela coleta e ações educativas. O objetivo do Armazém da Natureza é
reaproveitar o máximo de resíduos, evitando destina-los aos aterros sanitários
(PMJ, 2021a).

• CIDADE DAS CRIANÇAS


O projeto Cidade das Crianças na cidade foi elaborado em dezembro de
2018, e trata-se de um programa da Rede Latino-Americana, sendo um projeto
de valorização da infância a partir de infraestruturas e projetos culturais. O
município foi o primeiro no estado, e o segundo no país a aderir o projeto (PMJ,
2021h).
Para “gerir” esse projeto, foi feito um sorteio com crianças de diversas
regiões da cidade a fim de organizar um comitê, denominado “Comitê das
Crianças”. Foram selecionadas 24 crianças de 6 regiões diferentes, sendo elas
responsáveis por comparecer em reuniões mensais para tratar de ideias e
projetos para as mesmas (PMJ, 2021h).
Dos projetos inclusos nesse projeto, podemos destacar (PMJ, 2021h):
• Ruas de Brincar: fechamento de ruas em pontos específicos de
diferentes bairros com intuito de estimular a brincadeira de rua;

37
• Mundo das Crianças: parque com proposta de integrar brincadeira,
aprendizado e contato com a natureza;
• Guardiões do Patrimônio: visita guiada e temática pelos patrimônios
históricos e culturais da cidade, incentivando a valorização dos mesmos;
• Praça que Acolhe: proposta de revitalização de praças e parques para
deixá-los com aspecto familiar, atraindo sua ocupação.
Além de diversas outras ações que englobam esse projeto. Ele é
relevante pois vai de encontro direto com o objetivo desse trabalho,
especialmente quando relacionado com o Mundo das Crianças.
Uma vez que esse projeto, assim como o Complexo de Educação
Ambiental apresentam características semelhantes, ambos buscam integrar
brincadeiras, aprendizados e natureza, contudo cada qual apresenta sua
peculiaridade.

2.4. FÁBRICA E TECELAGEM JAPY

Fundada em 1913, a fábrica de tecidos do Senador Antônio de Lacerda


Franco iniciou suas atividades em 18 de novembro de 1914 (PMJ, 2014). A
fábrica conta com a presença de um pavimento e uma chaminé, e tem
características arquitetônicas de estilos industriais, sendo um exemplar
representativo do início da industrialização jundiaiense.

Figura 12 - Linha do tempo da fachada da fábrica Japy, iniciando no começo dos anos 2000 até 2021. Edição: Pedro
Henrique N. Patelli, julho de 2021. Fonte: Mario Sergio, Prefeitura de Jundiaí e Google Street View, 2021.

A referida fábrica começou produzindo sacos de estopa no início do


século XX. Passou a ser uma das fábricas de tecidos de Jundiaí, junto da
tecelagem São Bento, numa época de industrialização municipal, estadual e
nacional. A fábrica Japy participou inclusive da Revolução Constitucionalista de
1932, confeccionando os uniformes dos soldados paulistas. (KALMAN, 2014).
O peso e os movimentos dos teares faziam com que o espaço
necessitasse de um pavimento espesso, devido ao seu impacto. A influência do

38
Senador Antonio de Lacerda, auxiliou na importação de teares, e na
modernização da fábrica (PEREIRA, 2019).
A fábrica encerrou suas atividades na década de 1980, após sofrer com
dificuldades administrativas (KALMAN, 2014). Com arquitetura industrial
marcante, o imóvel abrigou por algum tempo as instalações do Supermercado
Paes Mendonça (PMJ, 2014). Entretanto, a partir de 1995, o local ficou
abandonado, e somente em 2008, que o edifício foi incluído no inventário de
bens culturais de Jundiaí, com a tentativa de preservar o que era remanescente
(PEREIRA, 2019).
Na figura acima, nos é apresentada a degradação do espaço durante o
tempo, a partir de 2010, uma série de pichações começaram a ser visíveis na
fachada, assim como a presença de inúmeras vidraças quebradas; mas é a
partir de 2015 que a depredação começa a ser mais intensa, e basicamente, a
única parte remanescente é a fachada que faz divisa direta com a rua, e
permanecendo apenas a estrutura do telhado. Em 2019, abriu-se um concurso
pelo IAB-SP para a restauração e requalificação do espaço, a proposta
vencedora foi a do arquiteto Eduardo Carlos Pereira:
“O novo projeto considerou os novos usos da área de
gestão de cultura, foi enfatizado o acesso universal
com uma grande rampa e um novo e atraente acesso,
mais próximo da estação ferroviária de Jundiaí e o
terminal de ônibus Vila Arens. Para evocar as operárias
tecelãs e a memória da grande indústria, uma empena
foi replicada em ângulo para que proporcionasse um
convite para entrar. Essa empena, coincidentemente,
em forma de pássaro alçando vôo também é o
memorial das tecelãs.” (PEREIRA, 2019, p.1 online)

Como é possível identificar nas imagens, em 2021, o projeto de restauro


está concluído, aguardando um uso definitivo. O edifício é estruturalmente feito
em tijolos de barro maciço, com base em granito e coberto com telhas
francesas tipo shed. Suas esquadrias são em ferro e vidro e abrem de forma
tipo basculante.

Figura 13 - Novo acesso da fábrica Japy. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

39
3. LEVANTA-
MENTOS

40
41
3. LEVANTAMENTOS
Para criar diretrizes que norteiam o desenvolvimento desse trabalho, é
necessária a elaboração de diversos levantamentos, responsáveis para acusar
os potenciais positivos e negativos daquela região quanto ao projeto, se é
viável ou não a aplicação do mesmo neste local.
Conforme foi apresentado durante o desenvolvimento do texto até aqui,
a área que iremos abordar localiza-se na região de Vila Arens, um dos polos
mais antigos da cidade, às margens da estação ferroviária de Jundiaí, vide
mapa:

Figura 14 - Mapa aéreo da mancha urbana da cidade de Jundiaí, ponto vermelho destaca a localização do terreno.
Fonte: GEOJUNDIAÍ, 2021. Editado por Pedro H. N. Patelli, 2021.

Como forma de direcionar o foco para as análises que seriam efetivas e


determinantes para a resolução desse trabalho, utilizamos os recursos nos
apresentados pela análise SWOT11.
Em síntese, esse método de leitura consiste em dividir a interpretação
em dois ambientes: externo e interno; a partir dessa divisão, identificamos
pontos negativos e positivos que esses ambientes oferecem ao projeto
(informação verbal)12, vide esquema a seguir:

11
Strenghts, Weaknesses, Opportunities, Threats. Ou no português: Análise FOFA (Forças,
Oportunidades, Fraquezas e Ameaças.
12
Fala do Profº Sergio Antonio dos Santos Junior durante a disciplina Trabalho de Conclusão, UNIP-
Jundiaí, maio de 2021.

42
FORÇAS
AMBIENTE
INTERNO
FRAQUEZAS
ANÁLISE SWOT
OPORTUNIDADES
AMBIENTE
EXTERNO
AMEAÇAS
Figura 15 - Gráfico hierárquico sintetizando o método denominado “Análise SWOT”. Editado por Pedro H. N. Patelli,
2021.

3.1 AMBIENTE INTERNO

Na análise SWOT, quando dizemos sobre o ambiente interno, nos


referimos diretamente ao espaço do terreno e sua acoplagem temática, e todas
as influências que o mesmo pode prover ao projeto. Essas influências podem
ser designadas como: Forças, que são as qualidades e os potenciais que o
terreno já possui e podem elencar o projeto que visa ser instalado; e fraquezas,
que são as desvantagens e deficiências que o projeto sofre ao ser instalado
naquele local (informação verbal)13.
Após visitas presenciais e estudos dos mapas e legislação, identificamos
alguns pontos que contribuem para elaboração da análise SWOT. A priori foi
elaborado um mapa com as características relevantes internas do terreno.
Como recurso para o desenvolvimento desse levantamento, foram
tomadas as categorias de análise da morfologia urbana elencadas por Lynch
(1960) em sua obra “A Imagem da Cidade”, que foram interpretados, aplicados
e ajustados para a escala do perímetro estudado. Promovendo uma leitura
clara e objetiva da situação. O resultado consiste no mapa a seguir:

13
Profº Sergio Antonio dos Santos Junior durante a disciplina Trabalho de Conclusão, UNIP-Jundiaí, maio
de 2021.

43
Figura 16 - Mapa de análise interna do terreno. Fonte: GEOJUNDIAÍ, 2021. Editado por Pedro H. N. Patelli, 2021.

Primeiramente cabe destacar que o mapa foi desenvolvido em cima de


uma imagem aérea, sendo a parte colorida a área determinada como terreno, e
a região monocromática apenas compõe o entorno.
O terreno está localizado entre as ruas Barão do Rio Branco e a Lacerda
Franco, embora tenha uma área de aproximadamente 14.518,00m², conta com
poucos acessos, o que dificulta a ocupação total do espaço.

Figura 17 - Skyline longitudinal das ruas Moreira Cesar e Lacerda Franco. Fonte: Google Earth, 2021. Editado por
Pedro H. N. Patelli, 2021.

44
3.1.1 FRAQUEZAS

No mapa, os acessos foram destacados por setas brancas identificadas


por letras. Como indica a figura, existem três tipos de acesso ao terreno cada
um com sua particularidade.
O acesso A é feito pela Rua Barão do Rio Branco, através de uma via de
acesso ao lote, esse acesso é edificado e recebe o pedestre em um local que
atuava como centro de carga e descarga do mercado ali existente; O acesso B,
embora não exista hoje devido seu alto declive, é uma proposta futura de
entrada, ele se encontra na confluência entre a Rua Barão do Rio Branco e a
Rua Lacerda Franco, sendo a primeira uma via de concentração, e a segunda
uma via de indução, esse acesso facilitaria os pedestres que utilizam transporte
público para que chegassem mais rapidamente ao terreno; e o acesso C, está
na Rua Lacerda Franco, promovendo ao pedestre uma chegada no mesmo
nível topográfico do terreno.

Figura 18 - Fotos dos acessos indicados no mapa, sendo respectivamente denominados como A, B e C. Fotos por
Pedro H. N. Patelli, abril de 2021.

Esses acessos e suas múltiplas características expõem, a partir da


análise SWOT, uma fraqueza de projeto, visto que uma área tão extensa não
tem a mesma oferta de acesso.
No canto noroeste do mapa, é possível identificar uma hachura amarela,
essa simbologia demonstra que aquela região é uma área edificada, vide as
figuras a seguir:

45
Figura 19 - Fotos das edificações existentes no terreno. Fotos por Pedro H. N. Patelli, abril de 2021.

Essas construções apresentam outra fraqueza para o projeto, visto que


o layout da construção atende a demanda de carga e descarga para um
supermercado, tendo a necessidade de ser remodelada para direcionar esse
espaço – atualmente abandonado – para um novo uso.
Localizado a nordeste do mapa, as linhas rosas representam as
barreiras que impedem o pedestre de acessar a via estando dentro do lote,
nesse caso, o fator definido como barreira é um bosque, totalmente murado
seguido por um muro de arrimo. Embora a presença do bosque como
confrontante seja uma força, a forma como está locado no terreno o torna uma
fraqueza.

Figura 20 - Fotos do bosque e muro de arrimo que cerca o terreno, atuando como barreira. Fotos por Pedro H. N.
Patelli, abril de 2021.

Em relação a legislação, o único fator identificado como fraqueza é


relativo ao gabarito de altura. Para uma melhor compreensão, torna-se preciso
entender como o terreno está inserido na cidade em relação a legislação e
organização das vias.

46
Figura 21 - Mapeamento viário e de zonas. Fonte: GEOJUNDIAÍ, 2021. Editado por Pedro H. N. Patelli, 2021.

Destacado pelo tracejado preto, o terreno se localiza na Zona de


Qualificação dos Bairros e tem sua principal saída para uma via de indução,
onde segundo o plano diretor vigente em 2021, é permitido edificar até 28,00m
de altura (8 pavimentos).

Tabela 2 - Gabarito de altura vigente para Zona de Qualificação dos Bairros. Fonte: Prefeitura de Jundiaí, 2019.
Editado por Pedro H. N. Patelli, 2021.

Uma vez que é premissa do projeto busca a valorização da altura da


chaminé, mantendo-a como um marco, propõe-se que a edificação não
ultrapasse três pavimentos. Essa característica, no entanto, torna-se uma

47
fraqueza, visto que o potencial de verticalização não será completamente
aproveitado.
Por fim, o trabalho de manipulação de lixo que esse projeto agregará
também passou a ser uma fraqueza, visto que esse manuseio pode causar
desorganização e mal odor (conforme tabela 2).

3.1.2 FORÇAS

A hachura laranja, apontada ao sudeste do mapa, indica a construção


remanescente da fábrica de tecelagem Japy, que foi restaurada recentemente
pelo projeto do arquiteto Eduardo Carlos Pereira. Essa construção será
utilizada para fins expositivos e potencialmente educacionais, que reclina ao
tema principal do nosso projeto, se tornando uma grande força e aliada para o
desenvolvimento do mesmo.

Figura 22 - Fotos da fábrica Japy após execução do projeto de restauro feito pelo arqº Eduardo Carlos Pereira. Foto:
Pedro H. N. Patelli, março de 2021.

As setas vermelhas, que interligam o terreno a edificação da fábrica


Japy mostra um potencial de integração entre o Complexo de Educação
Ambiental e a construção existente. Essa característica é considerada como
força.
Por fim, o triângulo roxo próximo ao centro do mapa, marca a chaminé
da antiga fábrica de tecelagem Japy, que foi tombada pela prefeitura como um
bem histórico da cidade. A presença deste bem se tornou um ponto de força,
pois tange o conceito de reciclagem abordado como um dos focos principais do
trabalho – nesse caso, reciclagem de um monumento.

48
Figura 23 - Fotos da chaminé da fábrica Japy, um bem histórico municipal tombado. Foto: Pedro H. N. Patelli, março
de 2021.

O projeto pretende reciclar esse monumento, sendo a chaminé um dos


símbolos da Revolução Industrial – citada anteriormente como um dos
principais estopins a poluição ambiental – busca-se a ressignificação, dando
uma nova poética, valorizando o patrimônio municipal e estimulando a
preservação ambiental, pregando o sentido oposto do funcionamento da
mesma.
Em relação a topografia, o terreno apresenta um declive de cerca de
sete metros, contudo atualmente encontra-se praticamente plano, uma vez que
se trata de uma área de aterro, e ao nordeste, limitando o terreno, muros de
arrimos fazem a contenção de terra. Sendo a topografia atual, outro aspecto
que favorece o projeto, uma força.

Figura 24 - Fotos de diferentes ângulos do terreno, demonstrando sua topografia plana. Foto: Pedro H. N. Patelli,
março de 2021.

Segundo a descrição prevista da Zona de Qualificação dos Bairros


redigidas no Plano Diretor municipal, a implantação de um projeto do porte que
pretendemos é viável e amplamente favorecida pelo mesmo, conforme descrito
a seguir:
“A Zona de Qualificação dos Bairros abrange, predominantemente, os
bairros mais antigos, com alta taxa de urbanização e uso misto. São
objetivos específicos da Zona de Qualificação dos Bairros: I - melhoria
das condições urbanísticas e ambientais dos bairros existentes, com
oferta adequada de comércio, serviços, equipamentos comunitários e

49
infraestruturas para formação e consolidação das centralidades; II -
permissão de atividades não residenciais compatíveis com o uso
residencial, na perspectiva de garantir a manutenção da qualidade
urbana dos bairros tradicionais e reduzir sobrecargas no sistema viário
local; (...) XI - estímulo à arborização urbana e à agricultura urbana. XII
- respeito ao patrimônio histórico cultural.” (PMJ, 2019, p. 28)

Os objetivos específicos da Zona de Qualificação dos Bairros conforme


excerto acima, favorecem e vocacionam a implantação do projeto nessa região,
consolidando sua infraestrutura, aumentando áreas verdes e de convívio e
respeitando diretamente dois patrimônios históricos.

Tabela 3 - Índices urbanísticos para Zona de Qualificação dos Bairros. Fonte: Prefeitura de Jundiaí, 2019. Editado por
Pedro H. N. Patelli, 2021.

A tabela acima indica os índices urbanísticos, que permitem ocupação


máxima de 60% e taxa de aproveitamento máxima de 2,5, para quando o lote
tem sua fachada principal inserida para vias de indução. Essas características
legislativas contribuem como uma força para o projeto.

3.2 AMBIENTE EXTERNO

Na abordagem do ambiente externo, nos referimos aos impactos que os


vizinhos, bairro, cidade e região podem prover para o espaço trabalhado
(ambiente interno). Nesse caso, a divisão é feita em: oportunidades, que trata
do cenário favorável para o projeto; e ameaças que é o ambiente desfavorável
e possíveis problemas que o mesmo poderá vir a enfrentar (informação
verbal)14.
Como o ambiente externo atinge escalas maiores de trabalho, os dados
de levantamentos estarão inclusos nos subtópicos: oportunidades e ameaças,
de forma a deixar claro as ideias aqui expostas.

14
Fala do Profº Sergio Antonio dos Santos Junior durante a disciplina Trabalho de Conclusão, UNIP-
Jundiaí, maio de 2021.

50
3.2.1 OPORTUNIDADES

Com intuito de identificar dados que sejam relevantes para a


implementação desse projeto, foram realizados uma série de levantamentos –
como uso e ocupação; localização de centros de reciclagem, ferros-velhos,
ecopontos e afins; localização de áreas verdes, patrimônios históricos e
acessibilidade a serviços -, de modo a filtrar se os dados que eles fornecem
são positivos ou negativos.
O primeiro mapa (figura 25) desenvolvido teve o intuito de levantar todos
os centros de reciclagem, ecopontos, ferro velhos e outros pontos relevantes
para o trabalho com resíduos sólidos e compostagem.

Figura 25 - Mapa de localização de centros de reciclagem, ferro velho, ecopontos e afins. Fonte: Google Maps.
Edição: Pedro H. N. Patelli, 2021.

A partir da leitura do mapa, entendemos que a grande maioria dos


tópicos destacados no mesmo se concentram as margens da mancha urbana.
O GERESOL (verde) encontra-se isolado na região, pois está localizado no
Distrito Industrial. Os centros de reciclagem e ferros-velhos (rosa) tem sua
maior concentração ao lado leste do mapa, sendo apenas um localizado ao
lado oeste. Os ecopontos (amarelo) estão bem distribuídos ao território, mas a
51
região central (localizada ao centro do mapa, próximo terreno [vermelho])
carece desse tipo de ferramenta.
É possível perceber que existe uma fenda correndo ao meio da
concentração dos pontos destacados, começando ao noroeste indo até o
centro do mapa e terminando em sentido leste. A presença dessa fenda, ou
melhor, a falta desses serviços é uma grande oportunidade, visto que nosso
terreno (vermelho) se encontra no meio deste vão. Essa característica permite
que o projeto possa suprir essas necessidades da região central da cidade.
Como pretendemos criar não apenas ferramentas de manuseio e
tratamento de resíduos sólidos, mas também um complexo educacional e de
lazer, direcionamos as análises para filtrar parques e praças da região e
identificar fatores relevantes que consolidem a implantação do projeto neste
local. Os resultados estão presentes no seguinte mapa:

Figura 26 - Mapa de localização de áreas verdes, patrimônios históricos e acessibilidade. Fonte: GEOJUNDIAÍ, 2021;
Google Maps, 2021. Edição: Pedro H. N. Patelli, 2021.

A partir da leitura do mapa, percebemos que existe uma grande


concentração de áreas permeáveis nesse recorte da cidade, principalmente na

52
região norte e por toda região leste. Embora exista a presença de áreas
permeáveis, os pontos definidos como praças públicas são poucos, sendo uma
na região oeste, outra na região noroeste e uma pequena na região central do
mapa.
Os pontos roxos indicados no mapa, identificam a existência de
patrimônios históricos municipais, possibilitando o entendimento de que se trata
de região antiga, histórica e simbólica da cidade. Além da chaminé e da fábrica
apontadas nesse texto, ainda conta com mais quatros marcos relevantes para
a história do município: Complexo Argos e sua chaminé, Paróquia Nossa
Senhora da Conceição, Chaminé localizada no banco Itaú.

Figura 27 - Da esquerda para direita: Complexo Argos e sua chaminé; Paróquia Nossa Senhora Conceição; Chaminé
localizada no banco Itaú. Foto: Pedro H. N. Patelli, abril de 2021.

O mapa também localiza e registra as conexões existentes entre o


terreno a comércios e serviços essenciais - como escolas, médico, transporte
público e supermercado – ao terreno, esses apontamentos são relevantes pois
mostram que se trata de uma região consolidada, com serviços, instituições e
comércios próximos, que podem prestar assistência ao terreno.
“Bairro Vila Arens: o mais antigo de Jundiaí/SP. Possui a Estação
Ferroviária de Jundiaí, ex-São Paulo Railway, com duas vilas de
Ferroviários tombadas pelo CONDEPHAAT. Tem acesso a Capital do
Estado de São Paulo, e ligação com a ex-Estrada de Ferro Paulista.”
(KALMAN, 2010, p. 1 online)

Além disso, destaca-se no mapa as vias de alto fluxo (designadas por


vias estruturais, concentração e indução, conforme apresentado na figura 26),
a presença da ferrovia e de terminais de transporte público – terminal Vila
Arens e estação da Jundiaí, da CPTM -, a união dessas características
demonstram que o terreno pode ser facilmente acessado, seja por transporte
público ou privado, seu local estratégico também permite o acesso para
pedestres ou veículos.

53
A partir do conhecimento dos pontos que foram destacados
anteriormente: falta de praças, região histórica, infraestrutura consolidada e
acessibilidade; consideramos todos como oportunidades para o projeto, visto
que o complexo de educação ambiental pode prover o que falta nessa região,
utilizando-se dos recursos como: infraestrutura para tratamento de resíduos
sólidos; espaços de convivência e lazer; e a valorização do patrimônio histórico
da cidade.
Conforme apresentado no texto acima, essa região abriga o bairro mais
antigo da cidade, tendo uma infraestrutura completa e densa ocupação, por
esse motivo foi elaborado o mapa de uso e ocupação a seguir:

Figura 28 - Mapeamento de uso e ocupação. Base: GEOJUNDIAÍ, 2021; Fonte e edição: Pedro H. N. Patelli, abril de
2021.

A partir da leitura do mapa, podemos identificar um eixo de intensa


ocupação comercial, iniciando ao quadrante noroeste, seguindo ao sentido sul
do mapa; Na terceira linha (sul), percebemos uma ocupação
predominantemente residencial, em contraste com alguns comércios; onde
existe a predominância comercial, pode-se identificar a presença de

54
estacionamentos; Edifícios de uso misto são comuns por essa região; As
edificações com usos de serviços e instituições dividem espaços com os
comércios, tendo sua predominância na primeira coluna (oeste) e ao centro do
mapa; A presença de vazios são baixas, distribuídas por todo o mapa pelo
mapa; E a presença de indústrias são ainda mais baixas que os vazios nessa
região, presentes apenas nos quadrantes a sudeste e noroeste; Os quadros a
norte, nordeste e leste, apresentam uma região pouco ocupada, pois consiste
no percurso da ferrovia e as oficinas de manutenção dos trens.
Com base na configuração e descrição do mapa, entendemos que o
local onde se pretende implantar o projeto oferece uma infraestrutura
consolidada, com todos os tipos de ocupação presentes em sua região. A
presença de uma ocupação diversa atua como uma grande oportunidade, pois
o projeto pode atuar como área de lazer para trabalhadores e residentes, assim
como coletora dos resíduos sólidos produzidos pelos mesmos.

3.2.2 AMEAÇAS

A única ameaça encontrada durante as visitas e o processo de


levantamento, está relacionada a pressão imobiliária. Na visita realizada ao
terreno havia uma placa escrita “NR EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS
LTDA.” (conforme figura a seguir) fixada no portão que cerca o local, deixando
um rastro e significando que aquele terreno é de propriedade privada e tem
grandes chances de ser verticalizado.

Figura 29 - Placa fixada no portão do terreno. Foto: Pedro H. N. Patelli, março de 2021.

A pressão da verticalização da região teve seu estopim após a


construção dos edifícios Premiatto, Art‘e Prime, Live Home Club, Massimo
Residence e In Design Residence, implantados na mesma quadra e

55
executados durante a década de 2010. Esse processo de verticalização é
entendido como mais uma ameaça a área de intervenção, uma vez que as
dimensões do terreno geram uma grande arrecadação de IPTU. O alto valor de
IPTU pode ser um fator visto com bons olhos pelo poder público, pois a partir
dele, a arrecadação de impostos será maior, fortalecendo a economia da
cidade e podendo reverter esse acúmulo de capital em obras de infraestrutura
ou lazer para a população.

3.3 CRUZAMENTOS

A partir das informações descritas nos subtópicos anteriores, é possível


sintetizar as informações conforme a matriz a seguir (tabela 4):

Tabela 4 - Síntese de forças, fraquezas, ameaças e oportunidades proporcionadas pelos ambientes internos e
externos, a partir da análise SWOT. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

Fazendo a leitura da tabela e entendendo os conceitos apresentados,


seguiremos a análise SWOT fazendo os cruzamentos entre tópicos, com o
objetivo de solucionar o que foi caracterizado como negativo e potencializar o
que foi designado como positivo. Existem quatro métodos de cruzamentos, que
são denominadas por “estratégias”, e são elas:
Estratégia ofensiva, resultante do cruzamento entre forças e
oportunidades. Tem como objetivo garantir o aperfeiçoamento das forças e o
melhor aproveitamento das oportunidades; Estratégia de defesa, junção de
fraquezas e ameaças. É feita com o intuito de diminuir o impacto das fraquezas
no aumento de ameaças; Estratégia de Confronto, forças e ameaças
interseccionadas. O objetivo principal é que as forças sejam utilizadas para

56
atenuar as ameaças; Estratégia de Reforço: resulta do cruzamento entre
oportunidades e fraquezas. Visa identificar o baixo aproveitamento de
oportunidades por conta de fraquezas e corrigir as falhas encontradas (IMME,
2019). Nesse estudo, utilizaremos três dessas estratégias, a ofensiva, de
reforço e de defesa.

3.3.1 ESTRATÉGIA OFENSIVA

Tendo ciência das deficiências apresentadas pelo ambiente interno,


neste subtópico buscamos apresentar propostas de trabalho que tornem as
fraquezas apontadas na tabela, em potenciais forças, favorecendo a
implantação do complexo de educação ambiental no terreno selecionado.
Associando a questão de “escassez de acessos” à “barreira formada
pelo bosque”, a proposta para tornar esses pontos negativos em positivos
reside na integração do edifício com entorno, visando buscar um fluxo intra-
quadra para usuários do edifício e transeuntes, tornando a quadra uma
extensão da calçada. Além disso, pretendemos conferir ao bosque um novo
conceito, o que antes era visto como barreira, passaria a ter um uso estético e
funcional no projeto, proporcionando ao usuário uma experiencia de contato da
natureza e desconexão da vida real em meio ao cenário urbano.

Figura 30 - Diagrama explicando fluxos e integração almejada. Base: Foto aérea feita por drone, junho de 2021.
Elaboração desenho: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

57
O croqui esboça algumas as diretrizes que nortearão o projeto para que
a resolução extraída da análise SWOT e exposta no parágrafo acima seja
executada e coesa. Sendo a linha vermelha tracejada, um caminho criado para
o pedestre explorar o interior da quadra, e as setas verdes representam a
abertura do bosque para o lote. Nesse sentido, são realçadas a importância do
contato com a natureza como válvula de escape das tensões do mundo
contemporâneo, exacerbadas no momento singular em que vivemos devido a
pandemia de Covid-19. De acordo com a análise efetuada, tal prerrogativa vai
de encontro aos pressupostos descritos por Frampton (1983; In.: NESBITT,
1996), uma vez que essa interação é importante para qualidade de vida, e
devido ao atual intenso desenvolvimento tecnológico regido pela globalização,
acaba sendo um aspecto cada vez mais esquecido na arquitetura
contemporânea.
A fraqueza apontada como “edificações existentes” poderia ser
solucionada em conjunto com o “trabalho com lixo”, visto que a estrutura
edificada é projetada para abrigar caminhões, serviria de recurso para abrigar
os caminhões de coleta de lixo e também como local de descarte e separação,
resolvendo, em partes, os problemas anteriormente citados, como: odor e
desorganização.
Por fim, no que tange a questão do baixo aproveitamento do gabarito de
altura permitido, a premissa para adoção de baixo gabarito está associada por
um lado ao caráter do projeto que permitirá o uso do público de qualquer faixa
etária, mas principalmente a proposta de valorização do monumento presente
no terreno – a chaminé. Uma edificação com gabarito mais alto esconderia a
chaminé, descaracterizando seu papel como marco, visado tanto neste texto.

3.3.2 ESTRATÉGIA DE DEFESA

Essa estratégia utiliza dos pontos negativos de ambos os ambientes,


interno e externo, e tem o intuito de criar e consolidar estratégias que
minimizem os impactos que as fraquezas exercem sobre o projeto, e assim
evitem a ascensão dos danos causados pelas ameaças. Portanto, o foco
abordado nesse subtítulo refere-se ao cruzamento das duas tabelas da direita
(Tab. 4).

58
A existência de edificações e o seu reaproveitamento, em conjunto com
a preservação do gabarito de altitude imposto subjetivamente pela chaminé e
pela fábrica Japy, tornam esse terreno o ideal para a implantação do complexo
de educação ambiental. A escassez de acessos abre oportunidades para a
implantação de praças e parques, ampliando a percepção do usuário em
relação a cidade, e criando novos caminhos.
Segundo Gehl (2010), o Homo sapiens é um mamífero ereto de
orientação horizontal, logo, suas experiencias sempre vão ser impactantes na
escala humana. A variação de escala causa ao ser humano diferentes
sensações, como percepção, tato, paladar e etc. Neste projeto, como conceito
físico-experimental, buscamos aproximar o usuário com o edificado e dar
significado ao passado, por esse motivo necessitávamos de algo que abrigasse
o pedestre, e o motivasse a permanecer naquele local.
“Enquanto a rua sinaliza movimento – “por favor, siga em
frente” -, psicologicamente a praça sinaliza a permanência.
Enquanto o espaço de movimento diz “vá, vá, vá”, a praça diz
“pare e veja o que acontece aqui”. Pés e olhos deixaram uma
marca indelével na história do planejamento urbano. Os
componentes básicos da arquitetura urbana são o espaço de
movimento, a rua, e o espaço de experiência, a praça” (GEHL,
2010, p. 38)

A falta de acessos, junto com a falta de praças, associadas ao texto e


pensamento de Jan Gehl afirmam a importância do respeito a escala humana e
a melhoria quanto a experiencia do usuário. Todos esses fatores em conjunto
acabam se tornando um grande cronograma projetual, coeso e coerente.
A crescente pressão imobiliária presente nessa região promete oferecer
moradias e uma grande arrecadação tributária para o município. Contudo, os
impactos causados por empreendimentos residenciais desse tipo devem ser
considerados. A partir do momento em que um ambiente é cercado, tornando-
se privado, se vira as costas para a rua, como um “descarte”, e é essa a
premissa que os empreendimentos residenciais propagam nessa região, como
ilustra a figura a seguir:

59
Figura 31 - Fachada do condomínio Premiatto. Fonte: Google Street View. Acessado em: 26 de julho de 2021.

A imagem evidencia desprezo pelas vias públicas, criando aos


condôminos a sensação de um paraíso particular, onde o pedestre não
consegue ter o mínimo contato físico ou visual do que acontece ali dentro.
Além da excessiva vigilância, com guaritas envidraçadas e câmeras.
Esse tipo de construção tem-se tornado comum, uma vez que cada vez
mais os devido ao medo os cidadãos passaram ter uma obsessão maníaca
pela segurança. O medo, a incerteza e a insegurança passaram a reger a
forma pela qual as cidades começaram a se organizadas, com altos muros, e
condomínios que de fato criam uma cidade a parte (BAUMAN, 2005).
Entretanto, somente quando aplicamos esse conceito de “paraíso
particular” em um terreno com carga histórica é que percebemos o quão
degradador um projeto desse porte ser. Apagando a história e metaforicamente
virando as costas para a cidade, e em verdade para vida urbana.
Além disso, o aumento de circulação de veículos poderia ser um fator
negativo para a implantação de um edifício nessa região, pois geraria maior
tráfego.
O complexo de educação ambiental, mais que um simples equipamento
de infraestrutura, tem como objetivo constituir-se em um espaço de convivência
entre os cidadãos, seja qual for sua classe social; pretende reciclar um espaço
abandonado, ocupando-o justamente com manuseio do lixo; busca a
conscientização da população por meio da educação ambiental e utilizar os

60
patrimônios como uma forma de resgate ao passado, utilizar das virtudes da
arquitetura e urbanismo para ressignifica-los, dando um novo sentido,
conceitual, para esses objetos – antes a chaminé era símbolo de poluição, hoje
busca-se que seja símbolo da reciclagem.
Embora o complexo de educação ambiental não arrecade tantos tributos
quanto um edifício residencial, a sua implantação pode gerar lucro: a curto
prazo com a venda de utensílios fabricados a partir de objetos recicláveis; e a
longo prazo, economizando com os custos do aluguel de aterros sanitários em
cidades vizinhas e sua respectiva logística (incluindo caminhões, combustível e
até tempo), a economia pode ser mais eficaz uma vez que o ensino ambiental
for fortemente difundido, criando uma conscientização para as gerações
futuras, e um ciclo de vantagens.

3.3.3 ESTRATÉGIA DE REFORÇO

A estratégia de reforço une as fraquezas internas e as oportunidades


externas, de modo que a presença das oportunidades atenue os efeitos das
fraquezas no projeto, como o próprio nome insinua, reforçando a implantação
do complexo.
A fraqueza definida como “trabalho com lixo” acaba se tornando
relevante quando uma das oportunidades presentes se trata da falta de
equipamentos de tratamento de RSU nessa região. Além disso, a “falta de
parques e praças” é compensada pela existência do bosque, que
requalificado/remodelado poderá ser reinserido na cidade, pois atualmente se
encontra totalmente murado configurando uma barreira.
Embora o ambiente interno apresente poucos acessos, trata-se de uma
região com vias relevantes e próxima à estação de trem e terminal de ônibus
interurbano (conforme Fig. 26). No que se refere ao problema apontado como
“gabarito de altura” este se dissipa quando a proposta é implantada em uma
zona histórica, pois mesmo que seja um direito legal, o esquecimento e o
desrespeito ao patrimônio histórico acabam se tornando um crime moral.

61
4. REFERÊNCIAS
PROJETUAIS E
ESTUDOS DE
CASO

62
63
4. REFERENCIAS PROJETUAIS E ESTUDOS DE CASO
4.1 PARC DE LA VILLETTE

Tabela 5 - Dados técnicos Parc de La Villete. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-160419/classicos-


da-arquitetura-parc-de-la-villette-slash-bernard-tschumi> Acessado em: 21 de julho de 2021.

O Parc de La Villette é um parque urbano localizado às margens do


Canal de l’Ourcq, na cidade de Paris, na França. O projeto é resultante de um
concurso arquitetônico promovido pelo governo parisiense no início da década
de 1980, projetado pelo arquiteto Bernard Tschumi, sendo concluído em 1987.

Figura 32 - Parc de La Villette visto do Canal l’Ourcq. Fonte: Ella Comberg, 2018. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/900296/como-o-parc-de-la-villette-influenciou-a-maneira-como-projetamos-
nossos-parques-no-seculo-xxi> Acessado em: 17 de maio de 2021. Adaptado.

HISTÓRIA
A área parque conta com 135 hectares e está localizado em um terreno
que no século XIX, durante o governo de Napoleão III, servia como bacia de
abastecimento d’água para períodos de estiagem; posteriormente, em meados
do século 19, o espaço passou a ser utilizado como matadouro, com galpões
de abate de animais, descrito como: o lugar mais anti-natural de Paris
(GUATELLI, 2017).

64
O concurso buscava um projeto que seria referência, algo futurista, do
século XXI, e foi isso que Tschumi, entregou, um projeto totalmente fora dos
padrões dos parques tradicionais (SOUZA, 2013). O Parc de La Villette não
conta com um programa específico, muito menos busca resgatar a imagem de
um espaço de repouso e exclusão da cidade, mas uma série de espaços que
permitem a livre interpretação e interação dos usuários e que atue como uma
extensão da cidade (GUATELLI, 2017).

Figura 33 - Encontro de pessoas próximo a uma folie no Parc de La Villette. Fonte: Archdaily, 2021. Disponível em:
<http://www.tschumi.com/projects/3/> Acessado em: 27 de julho de 2021.

Das edificações existentes na época do antigo matadouro, restou


apenas o galpão de abate principal, o galpão que industrializava e
comercializava as carnes e algumas casas e palacetes. Hoje, o primeiro é um
centro de exposições efêmeras, e o segundo abriga a Cidade da Ciência. Além
desses espaços, o Parc de La Villete conta com uma casa de espetáculos, a
Philharmonie de Paris; o Zenith, se trata de uma espécie de ginásio; a Cidade
da Música, e a Geode (GUATELLI, 2017).

65
ANÁLISE PROJETUAL E FUNCIONAL

Figura 34 - Imagem aérea do Parc de La Villette. Fonte: Philippe Guignard. Disponível em:
<https://www.petitfute.com/d3-paris/actualite/m17-top-10-insolites-voyage/a21858-top-10-des-choses-a-faire-et-
voir-a-la-villette.html> Acessado em: 18 de maio de 2021. Edição: Pedro H. N. Patelli, 2021.

A figura acima representa como as macroestruturas estão instaladas,


como se relacionam uma com as outras e como é facilmente identificável quais
as edificações são novas e quais as pré-existentes, não pelo estado de
conservação, mas sim pelo formato. O contraste entre os galpões e as demais
estruturas é explícito de formas retilíneas e repetitivas – como a Cidade da
Ciência e o Grande Hall-, para moldes curvos e planos distorcidos – como a
Geode, Zenith, Philharmonie e a Cidade da Música.
O canal de l’Ourqc separa a Cidade da Ciência e a Geode das demais
estruturas, contudo, uma passarela elevada conecta os ambientes. Além da
barreira física do canal, também acontece as barreiras promovidas pelas
vegetações, facilmente observada na figura acima, separando a Cidade da
Música do Zenith e do Grande Hall.

66
Figura 35 - Mapa de setorização e fluxos do Parc de La Villette. Disponível em: <http://www.abcd-culture.com/parc-
et-grande-halle-de-la-villette/>. Acessado em: 26 de julho de 2021. Adaptado.

A organização projetual é feita através de pontos, linhas e planos. Os


pontos, denominados por Tschumi como folies15, são estruturas vermelhas
singulares, com área de 12x12 metros, os pontos mantêm um ritmo na
distribuição do terreno, e acaba formando uma malha padrão para a
organização do parque, onde cada folie se encontra a 120 metros de distância
uma da outra, totalizando 35 no total - vide as folies na figura 30. (GUATELLI,
2017). As linhas são os caminhos que o parque possui, e diferentemente dos
pontos, não apresentam um ritmo, nem um padrão, elas se cruzam, podem ser

15
“Tschumi concebe as unidades vermelhas – os pontos – como releituras das
históricas folies dos parques e jardins franceses e ingleses, lugares programados e
desprogramados dedicados ao ócio, divertimento e pequenas apresentações e
acontecimentos. Mas, a malha regular de folies desenhada por Tschumi atualiza a ideia
das folies do passado. Ubiquidade e singularidade são trabalhados em conjunto nas folies do
parque La Villette.” (GUATELLI, 2017)

67
sinuosas ou retilíneas, elevadas ou rebaixadas e em diversos materiais
(SOUZA, 2013). Por fim, os planos, tratam-se de jardins temáticos e dos
gramados, mesmo atuando em um terreno considerado plano, Bernard
Tschumi brinca com a altimetria em alguns pontos. O arquiteto diz que cada um
dos três tópicos foi projetado de forma independente, e posteriormente,
sobrepostos (GUATELLI, 2017). Na figura abaixo é representado as linhas, os
pontos e os planos (de cima para baixo respectivamente), e como estão
inseridos no projeto.

Figura 36 - Perspectiva axonométrica isométrica explodida conceitual do Parc de La Villette. Fonte: Archidaily.
Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-160419/classicos-da-arquitetura-parc-de-la-villette-slash-
bernard-tschumi> Acessado em: 19 de maio de 2021.

As folies são os pontos de referência quando abordamos o parc de La


Villette, inicialmente não apresentavam nenhum uso específico, com exceção
de alguns programas discretos como elevadores, escadas, vasos. Cada folie

68
apresenta um formato diferente, para Tschumi, esses objetos foram projetados
para instigarem o usuário a dar um uso para eles, para serem descobertos e
explorados, um convite ao usuário para desvendar aquele local (GUATELLI,
2017).

Figura 37 - Algumas folies de Tschumi demonstrando diferentes seus diferentes usos, formas e composições. Fonte:
ABCD culture, 2021. Disponível em: <http://www.abcd-culture.com/parc-et-grande-halle-de-la-villette/> Acessado
em: 26 de julho de 2021.

ANÁLISE CONCEITUAL
A proposta inicial é que o parque fosse democrático e com uma proposta
única. Quando comparado ao parque Buttes-Chaumont, localizado a um
quilometro de distância do parc de La Villette, é grande o contraste, enquanto o
Buttes-Chaumont buscava representar um refúgio verde, excluindo o meio
urbano; o Parc de La Villette propunha fazer daquele espaço uma extensão da
cidade. esse contraste vai além da composição dos elementos dos parques,
mas é refletido nas funcionalidades e nos frequentadores do local. Enquanto o
parque Buttes-Chaumont, apresenta como única e exclusiva funcionalidade: o
escapismo naturalista, e recebe um público homogêneo, caucasiano, com leve
ascendência burguesa; o parc de La Villette oferece uma série de atividades de
ócio e lazer, atraindo e proporcionando uma miscigenação social, composta por
corredores, skatistas, músicos, fisiculturistas, flamantes, turistas e inúmeros
outros (GUATELLI, 2017).
“Com uma paisagem futurista e bucólica ao mesmo tempo,
dominada por grandes edifícios de alcance metropolitano –
uma sede com conservatórios e auditório musical, um museu
tecnológico, um imenso pavilhão de exposições, um hotel junto
do porte de La Villette, uma casa de shows – pequenas
edificações comerciais, de serviços, de abrigo e ócio,
intermediando a escala metropolitana e a escala local,
ausência de entraves à circulação, o que leva à presença
concomitante de transeuntes, errantes, passantes, hóspedes
de diferentes raças, classes e etnias, mecanismos de
mobilidade vertical – como um elevador, passarelas, escadas –
estações de metrô nas extremidades articuladas por uma

69
marquise, estacionamento em subsolo, um submarino no ar,
um imenso cinema geodésico, praças pavimentadas, um canal
d’água – parte de um sistema hídrico metropolitano – para lazer
e transporte de carga e passageiros, jardins, play-ground,
carroussel, tendas, passeios arborizados em linha, extensos
gramados planos, estamos diante de um parque urbano ou
uma cidade parqueada?” (GUATELLI, 2017, p.01)

Por conter uma proposta de trabalho totalmente fora dos padrões para a
época (1980), servindo como referência até para os dias atuais, o projeto do
parc de La Villette de Bernard Tschumi se trata de um projeto democrático,
onde o usuário tem a liberdade de moldar a experiencia que deseja receber, as
imagens abaixo demonstram a singularidade que o espaço oferece.

Figura 38 - Cidade da ciência visto do canal L’Ourgc. Fonte: Archdaily, 2018. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/900296/como-o-parc-de-la-villette-influenciou-a-maneira-como-projetamos-
nossos-parques-no-seculo-xxi> Acessado em: 27 de julho de 2021.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste projeto, entendemos a importância de causar a curiosidade no
visitante, de instigar o usuário a buscar e extrair o máximo de cada espaço,
fazendo com que cada visita ao local, uma nova experiencia seja promovida. A
preocupação de Tschumi com o usuário, o jogo de escalas, cheios e vazios,
abertos e fechados, subidas e descidas, altos e baixos, mesmo que subjetiva, é
o que torna o parc de La Villette atraente.

70
Com auxílio das informações acima, entendemos que o parc de La
Villette oferece ao usuário uma experiencia espacial totalmente diferente dos
parques ingleses e franceses da época, desconstruindo o conceito de parque,
elevando-o para um outro nível, é de fato um parque para se descobrir. Além
disso, é possível entender que Bernard Tschumi desconstruiu toda a imagem
do uso anterior que o espaço tinha, adequou edificações novas com antigas, e
concedeu um novo olhar para esse local, essa reflexão recai exatamente em
um dos objetivos desse trabalho: conceder um novo uso para um local, recicla-
lo, neste caso, a fábrica Japy.
Esse estudo de caso auxiliará no desenvolvimento do complexo de
educação ambiental quando aplicado a organização da implantação dos
edifícios e organização de fluxos, mas mais que isto, contribuirá para o
aperfeiçoamento da conceituação projetual, visto que o parc de La Villette se
tornou um case de sucesso por conta de seu conceito arquitetônico e filosófico
fora do tradicional.

71
4.2 ESCOLA JULES VERNE

Tabela 6 - Dados técnicos Escola Jule Vernes. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/806607/escola-


jules-verne-archi5>. Acessado em: 21 de julho de 2021.

A construção tem 10.063m² de área construída, localizada na cidade de


Châtenay-Malabry, na França. O projeto do escritório archi5 se trata de
remodelar a imagem da Escola Jules Verne, focando na comodidade do
usuário, além disso, utilizou-se o terreno em conjunto da Place de L’enfance,
reformulando o espaço, tornando-o referência local e regional. (ARCHI5, 2017).

Figura 39 - Escola Jules Verne. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/806607/escola-jules-verne-archi5>.


Acessado em: 27 de julho de 2021.

ANÁLISE PROJETUAL E FUNCIONAL


A Escola Jules Verne oferece uma setorização organizada em três
blocos com funcionalidades diferentes e conectados por um volume distinto,
orgânico e com diferentes materiais. Os três blocos são identificados através
de sua fachada onde, após a reforma predomina-se o metal nas cores preto e
tons de cinza. Cada um obtém seu uso específico e exerce sua função
72
independentemente do outro, sua ordem de implantação se dá: escola infantil,
ao leste; áreas comuns, ao centro; escola primária, ao oeste (ARCHI5, 2017).
O volume que interliga os edifícios citados acima, trata-se de uma
estrutura em madeira que percorre quase todo o terreno, apresenta um formato
curvo e orgânico em diferentes eixos, o que se assemelha muito com as
irregularidades topográficas do terreno, além disso, contrasta perfeitamente
com os demais edifícios com revestimentos metálicos e formas retangulares e
lineares. Esse volume exerce muito bem a sua função de fluxo conector, tanto
visual quanto funcional. O telhado dessa estrutura em madeira é coberto com
um terraço verde, promovendo um melhor conforto térmico e acústico para o
mesmo (ARCHI5, 2017).

Figura 40 - Mapa de setorização e fluxos da Escola Jules Verne. Disponível em:


<https://www.archdaily.com.br/br/806607/escola-jules-verne-archi5>. Acessado em: 26 de julho de 2021.
Adaptado.

O design da Escola Jules Verne é contemporâneo, apresenta um jogo


entre linhas sinuosas e lineares, com uma geometria suave e flexível, além de
volumes consistentes e orgânicos. Sua materialidade é composta entre
madeira, metais e vidro, mantendo uma palheta de cores entre cinza-bege.

73
Figura 41 - Escola Jules Verne. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/806607/escola-jules-verne-archi5>.
Acessado em: 27 de julho de 2021.

ANÁLISE URBANA E AMBIENTAL


Localizada nas margens da cidade Châtenay-Malabry, em uma zona
predominantemente residencial, rodeado de edifícios residenciais lineares,
próxima a uma reserva florestal, a Escola Jules Verne cumpre seu papel na
cidade, uma vez que se trata de uma escola primária.
Como um dos conceitos do projeto reside em uma edificação de baixo
impacto, a estrutura do edifício foi feita toda em madeira, através de peças pré-
fabricadas, essa técnica possibilitou uma montagem mais rápida e dinâmica,
além de seca e sem geração de entulhos e resíduos, essa técnica também
facilitou a construção em um terreno já ocupado (ARCHI5, 2017).
Além do método de construção ser uma opção de certa forma
sustentável, o edifício buscou, em seus revestimentos, apresentar uma alta
eficiência térmica com um bom isolamento acústico, dessa forma contribuindo
com a economia de energia, por ser uma edificação de baixo consumo
(ARCHI5, 2017).

74
Figura 42 - Escola Jules Verne. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/806607/escola-jules-verne-archi5>.
Acessado em: 27 de julho de 2021.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do projeto para Escola Jules Verne destacam-se para o presente em
especial dois pontos: a forma de construir, através de estrutura de madeira, em
um local já edificado, evitando desgastes e o alto tempo que as obras
tradicionais requerem; e fatores ecológicos e sustentáveis, que mesmo não
apresentando nenhum tipo de certificação validando isso, o edifício consegue
se destacar nesse aspecto. O conceito desse projeto também ressalta, de
forma indireta, como a escola pode ser acolhedora com seus alunos, a partir
dos revestimentos escolhidos, e como uma boa setorização é relevante e
importante para o desenvolvimento de projetos arquitetônicos.

Figura 43 - Escola Jules Verne. Fonte: archi5, 2017. Disponível em:


<https://www.archdaily.com.br/br/806607/escola-jules-verne-archi5>. Acessado em: 27 de julho de 2021.

75
4.3. CENTRO DE COLETA DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DE
SCHWEINERN

Tabela 7 - Dados técnicos Centro de Coleta de Materiais Recicláveis. Disponível em:


<https://www.archdaily.com.br/br/958832/centro-de-coleta-de-materiais-reciclaveis-ruhm-architekten>. Acessado
em: 21 de julho de 2021.

INTRODUÇÃO
O Centro de Coleta de Materiais Recicláveis é um projeto do escritório
RUHM Architekten, localizado na cidade de Schweinern, na Áustria, como o
próprio nome diz trata-se de um centro de reciclagem e gestão de resíduos
sólidos, sendo um projeto comunitário para a proteção ambiental da região
onde o edifício se encontra. O local conta com uma área construída de 1.880m²
e sua construção foi finalizada em 2019 (RUHM ARCHITEKTEN, 2021).

Figura 44 - Centro de Coleta de Materiais Recicláveis. Fonte: Ruhm Architekten, 2021. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/958832/centro-de-coleta-de-materiais-reciclaveis-ruhm-architekten>. Acessado
em: 21 de julho de 2021.

76
ANÁLISE PROJETUAL E FUNCIONAL
Localizado às margens de um pequeno vilarejo da cidade de Schweiner,
na Áustria, rodeado de casas tradicionais da região, o projeto floresceu
inicialmente da ideia de organizar a gestão de resíduos sólidos, atendendo não
somente o pequeno vilarejo em que está localizado, como também as vilas
vizinhas.
O conceito do projeto reside em transformar antigas áreas de descarte
de resíduos em um local com infraestrutura preparada para receber a coleta e
fazer a separação dos resíduos sólidos urbanos, promovendo suporte para o
funcionamento das vilas e cidades locais (RUHM ARCHITEKTEN, 2021).

Figura 45 - Centro de Coleta de Materiais Recicláveis. Fonte: Ruhm Architekten, 2021. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/958832/centro-de-coleta-de-materiais-reciclaveis-ruhm-architekten>. Acessado
em: 21 de julho de 2021.

Para realização desse conceito, o partido deu início através da logística


empregada, sendo o ponto de partida principal do projeto. O edifício se
organiza em duas estruturas, um edifício de serviços construído em madeira e
concreto, tendo uma área pública elevada em relação ao sistema operacional,
delimitada pelas paredes em concreto. De um lado o edifício é aberto, de modo
a receber a circulação de pessoas e veículos, enquanto o outro comporta os
processos de gestão de resíduos sólidos, garantindo uma organização de
fluxos e eficiência no processo (RUHM ARCHITEKTEN, 2021).

77
O terreno em que o projeto foi implantado permite um tráfego ininterrupto
e uma zona de manobra espaçosa que faz com que o funcionamento dos
fluxos não seja conflitante entre seções, seja a de operação ou descarte, que
são deixados pelos clientes e posteriormente levado pela empresa responsável
para que ocorra o processamento (RUHM ARCHITEKTEN, 2021).

Figura 46 - Mapa de setorização e fluxos do Centro de Coleta de Materiais Recicláveis. Fonte: Ruhm Architekten,
2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/958832/centro-de-coleta-de-materiais-reciclaveis-ruhm-
architekten>. Acessado em: 21 de julho de 2021. Adaptado.

Entendendo o bom funcionamento dos fluxos, destaca-se também a boa


resolução projetual quando abordamos a setorização, onde o espaço público
faz o intermédio entre receber a população e observar a área se operação,
assim como a administração. Enquanto áreas de descartes de materiais
elétricos ou perigosos, assim como o setor de compostagem, são feitos em
locais separados (RUHM ARCHITEKTEN, 2021).

78
Figura 47 - Fachada posterior do Centro de Coleta de Materiais Recicláveis. Fonte: Ruhm Architekten,
2021.Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/958832/centro-de-coleta-de-materiais-reciclaveis-ruhm-
architekten>. Acessado em: 21 de julho de 2021.

ANÁLISE URBANA E AMBIENTAL


Conforme anteriormente citado, o espaço integra as margens de um
pequeno vilarejo austríaco, embora apresente um grande volume comparado
as demais edificações, suas dimensões não são impactantes devido ao grande
campo que compõe seu entorno. O Centro de Coleta de Materiais Recicláveis
exerce seu papel, promovendo infraestrutura para a região.
Para manter a coerência entre uso da edificação e edificado, foi tomada
como resolução uma prática construtiva da maneira mais ecológica, econômica
e de baixo impacto. Para isso, a edificação é predominantemente em madeira e
concreto armado, com partes em aço, além de um isolamento ecológico.
Outras medidas consideradas sustentáveis também estão presentes: o telhado
verde, eficiente em questões térmicas e acústicas; painéis solares, que
aproveitam de uma fonte de energia limpa e renovável; e cisternas, que com a
ajuda do telhado verde exerce a captação da água da chuva (RUHM
ARCHITEKTEN, 2021).

79
Figura 48 - Fachada frontal do Centro de Coleta de Materiais Recicláveis. Fonte: Ruhm Architekten, 2021. Disponível
em: <https://www.archdaily.com.br/br/958832/centro-de-coleta-de-materiais-reciclaveis-ruhm-architekten>.
Acessado em: 21 de julho de 2021.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse projeto nos entrega de forma clara e eficiente a importância dos
fluxos em uma central de coleta de resíduos, devendo atentar-se em uma
tríade: descarte-operação-transporte final. Além disso, o projeta exemplifica a
relevância de manter um projeto arquitetônico coerente com seu uso, nesse
caso se trata de um espaço de coleta de resíduos sólidos (lixo), que visa obter
o mínimo de desperdício possível, essa finalidade projetual foi espelhada para
a execução da obra, tornando uma obra de baixo impacto e que aproveita de
recursos naturais para se manter funcionando.

80
4.4. ESCOLA REDBRIDGE

Tabela 8 - Dados técnicos Escola Redbridge. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/935449/escola-


redbridge-arx-portugal-arquitetos>. Acessado em: 21 de julho de 2021.

INTRODUÇÃO
A Escola Redbrige, é um projeto localizado na cidade de Lisboa, no
bairro Campo de Ourique, dentro de uma malha simétrica e ortogonal de ruas,
sendo predominantemente residencial, a Escola ocupa um terreno complicado
como “restos de quadra”, sua área total corresponde a 4.564m², e atua como
uma escola internacional.

Figura 49 - Escola Redbridge. Fonte: ARX Portugal, 2021. Disponível em:


<https://www.archdaily.com.br/br/935449/escola-redbridge-arx-portugal-arquitetos>. Acessado em: 27 de julho de
2021.

81
ANÁLISE PROJETUAL E FUNCIONAL
O grande desafio desse projeto foi ocupar o terreno de forma coesa,
uma vez que o mesmo apresenta duas testadas em lados opostos no
quarteirão, contornando uma residência e se unindo em uma estreita faixa de
terra posterior a casa. Além disso, outros fatores agiram como limitador do
projeto: a lei urbanística, que obrigava a edificação começar alinhada com os
demais edifícios e limitava sua altura em até 4 pavimentos; e árvores de grande
porte a ser preservada na parte sul (ARX PORTUGAL, 2021).
Como solução para esses problemas, o conceito do projeto reside em
criar dois volumes distintos, porém unificados através de um sistema estrutural
e acabamentos semelhantes, sendo o edifício norte integrante da cidade, e o
sul dos jardins (ARX PORTUGAL, 2021).

Figura 50 - Escola Redbridge. Fonte: ARX Portugal, 2021. Disponível em:


<https://www.archdaily.com.br/br/935449/escola-redbridge-arx-portugal-arquitetos>. Acessado em: 27 de julho de
2021

Visualmente, o edifício localizado ao norte é mais imponente, tem formas


mais sólidas, embora sua quina seja curva, semelhante com as demais
construções do bairro; o edifício, com seus quatro pavimentos, compõe a
paisagem da rua e mantém a altura de seus vizinhos; enquanto o edifício sul é
baixo, com somente um pavimento, e um terraço, sua forma é mais fluída e
com recortes côncavos que “abrigam” as árvores, criando um contraste entre
os edifícios da região. Embora os edifícios em questões físicas e formais não
82
sejam nada semelhantes, sua união é feita através dos revestimentos, os
painéis metálicos em tom amarronzado faz com que as formas sejam
irrelevantes e atrela os dois edifícios em uma mesma composição.

Figura 51 - Setorização e fluxos Escola Redbridge. Fonte: ARX Portugal, 2021. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/935449/escola-redbridge-arx-portugal-arquitetos>. Acessado em: 27 de julho de
2021. Adaptado

ANÁLISE URBANA E AMBIENTAL


A Escola Redbrige compõe a face da Rua Francisco Metrass de maneira
homogênea – quando abordamos apenas o skyline – seu formato é o mesmo
dos demais, sua altura é a mesma, até as janelas no telhado são as mesmas, o
que difere dos demais é apenas sua materialidade, talvez a materialidade que
faça a identificação do local, como “o prédio marrom da esquina”, o edifício
norte carece de toda relevância que o “seu irmão menor” tem, o destaque.
Localizado numa região residencial, a construção faz jus ao seu uso, entretanto
sua volumetria poderia ter sido melhor explorada.
Assim como alguns projetos citados nesse trabalho, a escola Redbrige
utilizou da estrutura e acabamentos como piso e forro, em madeira, além de
ser uma opção de baixo impacto, a madeira costuma ser muito utilizada em

83
ambientes escolares, demonstrando calor e acolhimento (ARX PORTUGAL,
2021).

Figura 52 - Escola Redbridge. Fonte: ARX Portugal, 2021. Disponível em:


<https://www.archdaily.com.br/br/935449/escola-redbridge-arx-portugal-arquitetos>. Acessado em: 27 de julho de
2021.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora a Escola Redbridge, apresente um plano de setorização e fluxos
bem resolvidos, e ótimas soluções para resolver os problemas encontrados na
fase projetual, essa edificação, diferente das duas citadas anteriormente,
carece de soluções e propostas sustentáveis, seja na fase de execução de
obra, como no reaproveitamento de recursos naturais. Além disso, embora não
apresente uma volumetria de destaque, o estudo é um case de sucesso ao
fazer a conexão através da utilização de revestimentos iguais, mesmo em
espaços, alturas, formas e volumes diferentes.

84
Figura 53 - Escola Redbridge. Fonte: ARX Portugal, 2021. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/935449/escola-redbridge-arx-portugal-arquitetos>. Acessado em: 27 de julho de
2021.

85
4.5. ESPLANADA MONTE CASTELO

Diferentemente dos estudos apontados até aqui, a Esplanada Monte


Castelo se trata de uma referência projetual, a esplanada está localizada na
cidade de Jundiaí, a cerca de 700 metros da fábrica Japy, sendo um elemento
que conecta o Centro a Vila Arens e participante do projeto Urbanismo
Caminhável.
A Esplanada Monte Castelo é um projeto da década de 1940, se trata de
uma grande escada, com rampas e mirantes que homenageavam os soldados
jundiaienses que foram para a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, na última
década (2011-2020) o espaço passou por algumas intervenções, com o intuito
de criar acessibilidade ao local e “reviver” o mesmo (PMJ, 2021i).
Antes de iniciar os estudos e descrever o que esse local tem de
relevante para o projeto, é necessário entender como o espaço atuava antes e
depois da reforma, para isso, resgatamos alguns comentários em fóruns
virtuais e websites.

Figura 54 - Comentário sobre a Esplanada Monte Castelo em 2014. Disponível em:


<https://votoconscientejundiai.com.br/a-esplanada-monte-castelo-como-espaco-urbano-de-permanencia/>.
Acessado em: 02 de setembro de 2021.

A partir do comentário acima, extraído de um site em 2014, entendemos


que o local não tinha tanto uso como poderia, e nem a devida manutenção
necessária para mantê-lo atrativo, por isso deixaria o local com uma sensação
de inseguro e passível a ocorrência de furtos e assaltos. Após a realização do
projeto de revitalização, os comentários mudaram totalmente, como é descrito
no relato abaixo:

86
Figura 55 - Comentário sobre a Esplanada Monte Castelo em 2019. Disponível em:
<https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g303616-d17390685-Reviews-Esplanada_Monte_Castelo-
Jundiai_State_of_Sao_Paulo.html>. Acessado em: 02 de setembro de 2021.

Tendo conhecimento do passado e do presente do projeto, e também


das avaliações dos usuários, entendemos que a revitalização do espaço foi
bem sucedida, podendo ser replicada em outros pontos. A imagem a seguir
demonstra a Esplanada em agosto de 2012, antes da reforma, e em março de
2021, após a reforma.

Figura 56 - Esplanada Monte Castelo em 2012 e 2021. Fonte: Google Street View, 2021. Adaptado.

Nosso estudo recai sobre esse local, devido a necessidade de vencer


uma topografia de mais de 7 metros, objetivando um acesso compatível com as
diretrizes do desenho universal e que, mesmo sendo um longo trajeto, se torne
uma caminhada interativa, no caso da Esplanada a diferença em nível é ainda
maior, correspondendo a mais de 20 metros. O objetivo desse estudo é
entender como foi organizado os quesitos de acessibilidade, respeitando as
87
inclinações e sinalizações para as pessoas portadoras de necessidades
especiais.

Figura 57 - Foto aérea da Esplanada Monte Castelo. Fonte: Google Earth, 2021. Adaptado.

As rampas oferecem um traçado sinuoso, em que se inicia ao sudeste


da foto e segue em direção ao noroeste, após isso volta a sudeste e segue
esse caminho até chegar em seu topo. Apesar de contar com o “escadão”
antigo, o novo projeto também oferece uma escada que cruza a sinuosidade
das rampas, oferecendo um novo caminho e um novo acesso. O cruzamento
entre escadas e rampas é bem relevante pois atrai o usuário para o meio das
rampas, e não a isolando.

Figura 58 - Novo acesso da Esplanada Monte Castelo. Fonte: Google Street View, 2021. Adaptado.

Grande parte da vegetação alta e maciça, existente anteriormente foi


retirada e deu abertura para um novo paisagismo, as escadas contam com
corrimãos de apoio, enquanto as rampas tem uma inclinação leve, são largas,

88
contam com inúmeros patamares, piso táctil e com guarda corpo e um corrimão
redondo.

Figura 59 - Esplanada Monte Castelo. Fonte: Google Street View, 2021. Adaptado.

Entre os patamares foram criadas áreas de convivência, com mobiliários


urbanos como mesas de piquenique, bancos, placas informativas e lixeiras.
Outro ponto que é importante ressaltar foi a iluminação, o que antes era uma
queixa hoje se tornou essencial para a definição do projeto. Os largos
patamares entre rampas passaram a atuar como pontos de permanência, e
que exerce muitas vezes a função de convite para os transeuntes, para
caminhar pelas rampas ante a escada, uma solução com uma grande ética
social e que atende aos parâmetros do desenho universal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Esplanada Monte Castelo, a poucos metros da área em que
pretendemos implantar o complexo de educação ambiental, surgiu como
solução para um grande desafio: o desnível topográfico x acessibilidade. O
projeto é simples, mas efetivo, as formas e conexões criadas entre escadas e
rampas podem ser referencias onde um espaço deixe de ser apenas um local
de passagem e passe a atuar como um espaço de convivência também.

89
5. DIRETRIZES E
INTERVENÇÕES
URBANAS

90
91
5. DIRETRIZES
Devido à crescente econômica brasileira entre os anos 2000-2013, a
qualidade de vida dos brasileiros aumentou e consequentemente gerou
aumento no consumo, que teve um reflexo direto na produção de resíduos
sólidos. Esse aumento do consumo, no entanto, vem acompanhado de uma
coleta de resíduos regular e diminuição da coleta seletiva. (POLZER, 2017,
p.197-198)
Além disso, Polzer coloca que:
“Em geral, camadas mais necessitados da sociedade geram
maior quantidade de resíduos orgânicos enquanto populações
de alta renda tendem a consumir mais produtos
industrializados, produzindo maior quantidade de embalagens.
Além disso, o desperdício passa ser maior, resultado da maior
abundância de produtos.” (POLZER, 2017, p.197-198)

Tendo conhecimento dessas informações e do contexto nacional, nesse


capítulo iremos apresentar diretrizes projetuais que, junto com a implantação
do complexo de educação ambiental, trariam benefícios para a cidade, tanto a
curto como a longo prazo, atendendo a demanda relacionada ao tratamento de
resíduos sólidos urbanos. Seguindo o tópico, nossa abordagem pretende
estender-se para além do campo da arquitetura e urbanismo, buscando
soluções interdisciplinares que promovam mudanças positivas no município, e
consolide o edifício como um vetor de transformação.
Cabe mencionar que o objetivo das diretrizes sugeridas neste trabalho, é
conscientizar a população quanto ao tratamento de resíduos sólidos e evitar
que seu destino seja o aterro sanitário, por ser extremamente oneroso ao poder
público e agressivo para natureza (ver tabela 1).
Para facilitar a implantação das diretrizes, as propostas terão três fases:
local, regional e municipal - sendo essas denominadas em curto, médio e longo
prazo respectivamente. Como forma de atingir o objetivo inicialmente proposto
para as diretrizes, utilizamos a tese de doutorado de Polzer (2017), que expõe
soluções aprendidas por meio de estudos de casos de cidades referências em
tratamento de RSU na Europa. Para aplicar o gerenciamento de resíduos
sólidos no Brasil de forma sustentável, a autora afirma que para ter sucesso é
necessário utilização de três ferramentas primordiais: legislação, instrumentos
econômicos e infraestrutura.

92
Seguindo esses dados, são componentes das diretrizes que esse
trabalho almeja atingir os seguintes subtópicos:

5.1. LEGISLAÇÃO

A legislação ficaria a cargo do poder público, sendo responsável para


estipular metas e determinar regras para as destinações finais dos resíduos
sólidos, dificultando o envio dos resíduos para o aterro (POLZER, 2017, 187-
188).
A legislação é um dos pontos principais para atingir o sucesso das
diretrizes, pois somente a partir dela, é possível atingir as metas e prazos
determinados, inclusive, é por ela que as fiscalizações podem serem feitas.
Não é do interesse desse trabalho determinar como o poder público deve agir,
mas ressalta-se que suas ações são necessárias para o êxito.

5.2. INSTRUMENTOS ECONÔMICOS

“Os instrumentos econômicos ajudam a estimular os geradores a


evitarem a produção de resíduos e a destinarem para o reuso e reciclagem os
resíduos gerados” (POLZER, 2017, p.187). Entendendo esses dados
expressos na bibliografia, essa diretriz utiliza de multas ou incentivos fiscais
como forma de conscientização da coleta seletiva e reciclagem dos materiais.
Neste projeto iremos trabalhar com três instrumentos fiscais, são eles: taxa
unitária, IPTU Verde e Depósito-retorno.

• Taxa unitária
“Essa taxa tem como objetivo financiar a gestão de resíduos no
município, desde a coleta, pré-tratamentos (reuso, reciclagem, compostagem,
biodigestão anaeróbica), valorização energética até a disposição final.”
(POLZER, 2017, p. 189).
A taxa unitária é um valor cobrado correspondente ao volume de
resíduos sólidos produzidos, tendo como objetivo a conscientização da
população a fazer a separação dos materiais, e destiná-los corretamente para
a reciclagem ou compostagem, visto que quanto melhor separado for os
resíduos, menor será o valor final cobrado.

93
Para implantação dessa cobrança na cidade de Jundiaí, sugere-se que
inicialmente essa taxa seja cobrada das indústrias e empresas, e depois de
três a cinco anos, implantado para comércios e residências, visto que
necessitará de uma nova logística de coleta. Para tornar a implantação da taxa
unitária na cidade viável, o valor arrecadado será diretamente atribuído para a
capacitação da coleta seletiva. Os prazos correspondentes para a aplicação
devem ser estudados pelo poder legislativo.

• IPTU Verde
“Tem como meta reduzir os resíduos na fonte e aumentar os índices de
reciclagem pela população.” (POLZER, 2017, p.189). O IPTU Verde se trata de
uma redução do valor do IPTU para as construções que aderirem técnicas
construtivas sustentáveis como: cisternas, reuso de água, telhados verdes,
sistema de energias renováveis e afins. Como o IPTU verde é cedido apenas
para as construções em que os proprietários solicitarem, não há um prazo
mínimo de instalação desse incentivo, podendo ser instalado
instantaneamente.
A prefeitura de Catanduva, por exemplo, utiliza esse recurso desde
2018, com o objetivo de promover mais construções sustentáveis e maior
responsabilidade com a natureza, concedendo incentivos fiscais para os
cidadãos adeptos de determinadas soluções e práticas em suas construções,
conforme exemplificado no banner a seguir (Prefeitura de Catanduva, 2021):

94
Figura 60 - Banner com as porcentagens de descontos do IPTU verde oferecido pela prefeitura de Catanduva. Fonte:
Prefeitura de Catanduva, 20 de julho de 2021. Disponível em: <http://www.catanduva.sp.gov.br/financas/iptu-
verde>. Adaptado

No final de 2019, o IPTU Verde foi implantado na cidade de Jundiaí por


meio do Plano Diretor Participativo, conforme descrito no artigo nº 49:
“O IPTU verde consiste na concessão de benefícios fiscais,
definidos em legislação específica, para imóveis que adotem as
seguintes práticas: I - sistema de captação de água da chuva
para reuso; II - sistemas de reuso de água; III - sistemas
hidráulico solar, elétrico solar e de energia eólica; IV - utilização
de material sustentável em construções; V - manutenção de
altos índices de permeabilidade e de área verde no imóvel; VI -
calçadas arborizadas; VII - horta urbana; VIII - instalação de
telhado verde e jardim vertical; IX - preservação de áreas de
mata, Áreas de Preservação Permanente - APP e áreas com
potencial de recuperação; X - preservação de Áreas Verdes,
nascentes, lagos e lagoas; XI - outras práticas que resultem em
sustentabilidade ambiental definidas em lei. Parágrafo único:
Os estudos para a regulamentação da aplicação do IPTU verde
serão desenvolvidos no prazo máximo de 18 (dezoito) meses a
partir da publicação desta Lei.” (PREFEITURA DE JUNDIAÍ, p.
32, 2019).

Embora a existência do artigo que aborda o IPTU Verde no Plano Diretor


seja algo para se comemorar, pouco se sabe como a lei funciona, e poucos
sabem da existência da mesma, o que acaba gerando uma grande incógnita
nas pessoas que poderiam solicitar esse benefício.

95
Seria importante que a prefeitura de Jundiaí adotasse medidas
semelhantes ao exemplificado na imagem da prefeitura de Catanduva, com a
implantação de tópicos sustentáveis que oferecem descontos cumulativos no
valor integral do IPTU. Como por exemplo: Se uma residência conta com
sistemas de energia solar e aquecimento solar, além de uma calçada ecológica
– considerando as percentagens da imagem (4%, 4% e 2%) – e o valor do
IPTU corresponde a 100 reais, soma-se os valores de percentagem e o total
reflete em descontos no valor integral do IPTU (4+4+2-100=90), nesse caso, o
valor total do IPTU corresponderia a 90 reais. Cabe mencionar que o texto
reflete o exemplo de uma sugestão para o funcionamento desse projeto e
entende-se que essa é a melhor opção a ser seguida.
Ressalta-se que a consolidação desse projeto também é muito
dependente de sua divulgação, a publicidade e dispersão dessa lei para os
habitantes é muito importante, pois leva a informação para a população e
incentiva a adoção de práticas mais sustentáveis. Pois, embora a existência da
lei seja importante, sua eficácia torna-se muito baixa se essa prática não for
disseminada para o público.

• Depósito Retorno
“Bastante difundido na Europa esse sistema visa incentivar o munícipe a
trazer suas embalagens em pontos específicos recebendo um valor por elas.”
(POLZER, 2017, p.190)
Essa é a taxa mais simples das três, os munícipes juntam determinados
materiais que podem ser trocados por uma quantia em dinheiro proporcional ao
volume de material entregue. Assim como o IPTU verde, essa taxa não tem um
prazo mínimo para ser instalada, sendo recomendada a implantação imediata
do incentivo na cidade de Jundiaí, contudo é necessário preparar um ponto
específico para o recebimento e o armazenamento desses materiais, sendo o
complexo de educação ambiental, e os eco-pontos, essas bases de
recebimento.

96
5.3. INTEGRAR O PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS

Esse aspecto se tornou uma diretriz a longo prazo, que poderia ser
implementada após a conclusão e êxito de todos os programas citados até
aqui. O objetivo dele é promover a redução na geração de resíduos e os pré-
tratamentos. Polzer (2017, p. 199) nos apresenta um esquema simplificado de
como esse programa deve funcionar:

COLETAS SEPARADAS:
- RECICLÁVEIS
- ORGÂNICOS
- REJEITOS

PRÉ-TRATAMENTOS: EDUCAÇÃO AMBIENTAL


- RECICLAGEM
- COMPOSTAGEM WtE (UTILIZAÇÃO DE FONTE DE
ENERGIA DE BAIXO IMPACTO)
- BIO-DIGESTÃO ANAERÓBICA

LOGÍSTICA REVERSA
INDÚSTRIAS DE RECICLAGEM

Figura 61 - Fluxograma das fases de implantação do plano de gerenciamento de RSU para um município. Fonte:
POLZER, 2017, p.199. Adaptado.

Como a cidade de Jundiaí já conta com um Plano de Gerenciamento


Integrado de Resíduos Sólidos desde 2017, acreditamos que as diretrizes aqui
expostas, e o trabalho que será apresentado, possam fortalecer esse Plano,
criando alternativas benéficas que conscientizem a população jundiaiense, e
explanando a importância do tratamento de RSU, para a presente e futuras
gerações.

97
5.4. INTERVENÇÕES URBANAS

Neste tópico iremos apresentar as intervenções urbanas que, dentro do


tema deste trabalho, junto com as diretrizes pode fornecer recursos e forças ao
projeto. As intervenções urbanas que serão pontuadas neste tópico, referem-se
a alterações e requalificações de vias e/ou passeio público existentes, as quais
podem auxiliar na implantação e funcionamento do projeto, nos baseando em
autores e teóricos que fundamentam a eficácia das intervenções, e com
finalidade de proporcionar uma experiencia melhor e mais segura para os
transeuntes e usuários do local.

Figura 62 - Imagem aérea demonstrando as áreas de intervenções. Fonte: Google Earth, 2021. Adaptado.

A fotografia aérea acima demonstra a região imediata do terreno em que


iremos trabalhar (simbolizado pelo preenchimento branco, e contorno tracejado
verde), e as áreas onde sofrerão algum tipo de intervenção. As partes coloridas
representam as áreas onde a intervenção ainda é imprecisa (como a
implantação do mobiliário urbano), enquanto os pontos verdes correspondem
as áreas em que ocorrerão intervenções especificas (como urbanismo tático e

98
utilização de terreno sem uso para estacionamento). Ambos tipos de
proposições serão explicados nos subtópicos a seguir.

5.4.1. REQUALIFICAÇÃO DA VIA LOCAL DE ACESSO

Segundo o Guia Global de Desenho de Ruas (GDCI e NACTO, 2016),


para a definição do local que sofrerá a intervenção é necessário avaliar
aspectos como: o ambiente construído, e como o tecido urbano edificado
exerce influência sobre a malha viária; o contexto social e cultural, identificando
costumes singulares dos usuários daquele bairro, assim como trazer influencia
histórica e cultural como forma de enquadrar a intervenção nas características
do bairro; e o ambiente econômico, tipos de comércios e serviços que utilizam
as vias, incluindo sistemas modais e a quantidade de emprego que a região
gera.
As vias de entorno do lote encontram-se bem arborizadas, e de certa
forma, atendem as demandas dos modos e pedestres que a utilizam,
entretanto, ao norte do terreno, a curta via local que dá acesso a parte
edificada do lote e sua conexão com as demais vias são extremamente
favoráveis aos carros, sendo arriscado a travessia, além do passeio ser curto e
pouco atrativo. Portanto, a área de intervenção recai sobre o perímetro a
seguir:

99
Figura 63 - Colagem destacando a região que sofrerá a intervenção. Fonte imagens: Pedro Henrique N. Patelli, 2021;
Jornal Tribuna de Jundiaí, 2018, disponível em: <tribunadejundiai.com.br/noticias/cidades/jundiai/3053-jundiai-
esta-sem-onibus-a-partir-da-zero-hora-de-domingo>. Fonte mapa base: Google Earth Pro, 2021.

Para aproximar o leitor desse perímetro, foram recortados os principais


pontos de serviços e comércios dessa região, dessa forma entendemos como a
região se comporta.

Figura 64 - Fachadas das edificações de serviços. Fonte: Google Street View, 2021.

Quando analisamos as edificações que fazem parte dessa região e


compõem seu meio urbano, destaca-se principalmente os terminais de

100
transportes coletivos, sendo um de ônibus interurbano, outro fretado e um
ferroviário. Além disso, registra-se a existência de duas imponentes igrejas,
além de um hotel. Não se trata de uma área diversificada em relação aos usos
de serviços.

Figura 65 - Fachadas das edificações de comércios. Fonte: Google Street View, 2021.

Em relação ao setor de comércios, identificamos pequenas lanchonetes


e bares, além de uma distribuidora de bebidas, nessa região não há nenhum
comércio grande ou expressivo e o setor é totalmente direcionado ao ramo
alimentícios e de bebidas.
De acordo com leitura de fluxos e experiências empíricas, o local
destacado caracteriza-se por uma alta intensidade de fluxo de automóveis,
particulares, caminhões e ônibus, entretanto esse fluxo só sofre com
congestionamento entre as 17h e 18h nos dias de semana, e aos domingos,
quando o local recepciona a feira livre. Além disso, observamos que o local
também recebe um alto fluxo de pedestres, visto que essa via faz intermédio
entre o centro comercial da Vila Arens, a garagem da Viação Cometa, a
estação ferroviária e o terminal de ônibus municipal, todas essas
características físicas fazem com que a importância da segurança do pedestre
levada em consideração; entretanto, a despeito dessa importância, o pedestre
encontra-se reprimido nos passeios, tendo uma travessia de via complicada,
sem segurança para o mesmo. O projeto de intervenção é figurado a seguir:

101
Figura 66 - Situação do local atual (superior); Situação projetada (inferior). Fonte: Google Earth Pro, 2021.
Adaptado.

O conceito para essa intervenção consiste em valorizar o pedestre. Para


isso, partimos de ocupar a rua local que cortava a quadra e dava acesso ao
lote, utilizando recursos do urbanismo tático, aumentando o passeio, e
utilizando de pintura em cores vibrantes como forma de impactar o fluxo de
veículos, como ainda existirá a via de acesso para o lote, a rua será orientado
por balizadores, separando os espaços dos veículos, agora reduzido, e dos
transeuntes.

102
Além do aumento do passeio, esse espaço poderá ser utilizado por
comerciantes de ruas – sorveteiros, pipoqueiros, etc. -, além de acomodar
mesas de restaurantes e lanchonetes da região, funcionando como um
boulevard. Parte do mobiliário urbano produzido nas oficinas de reciclagem
será utilizado nessa região – podendo ser mesas, lixeiras, bancos ou
sinalizações. Outra possibilidade que esse calçamento oferece é a criação de
comércios em suas beiradas, onde as edificações existentes poderão abrir
entradas comerciais. A construção desse calçadão acarreta também um
adensamento verde, onde segundo o Guia Global de Desenho de Ruas (GDCI
e NACTO, 2016), esse tipo de adensamento melhora o sombreamento da área,
a qualidade do ar, os sistemas de gestão de águas e o microclima local.
Outros fatores que também se modificarão com essa proposta de
implantação são: o alargamento da calçada ao leste do mapa; faixas de
pedestre com travessia elevada, estendendo o nível da calçada através da rua,
moderando o tráfego, reduzindo a velocidade dos veículos e melhorando o
campo visual dos mesmos, esse tipo de intervenção é recomendada pelo Guia
Global de Desenho de Ruas (GDCI e NACTO, 2016) para vias com fluxo
veicular e de pedestres de médio a alto, sendo utilizadas em cruzamentos ou
meios de quadra, reduzindo a velocidade veicular a 30km/h; no calçamento da
quadra a oeste no mapa, ocorreu o que é conhecido como avanço, ou seja,
extensões de caçada sobre a faixa de estacionamento, aumentando a
visibilidade, aumento do passeio e espaço para paisagismo; a iluminação foi
melhorada na região do calçadão para promover uma maior sensação de
segurança; e por fim, a criação de canteiros centrais, utilizados para reduzir a
largura das vias, organizando o tráfego e criando uma sensação de
responsabilidade com os pedestres.
Por confrontar diretamente com duas igrejas e estar próximo de
terminais intermodais, o aumento de calçada proposto tem um grande potencial
para ser povoado, especialmente a noite, através de uma relação entre órgão
público e cidadãos. As ideias citadas acimas podem ser melhores identificadas
na perspectiva a seguir:

103
Figura 67 - Situação do local atual em fotografia aérea (superior); Situação projetada (inferior). Fonte: Pedro
Henrique N. Patelli. Adaptado.

Finalmente, a diretriz encerra com a proposta de promoção de um


espaço em que o pedestre se sinta seguro ao transitar, aumentando a relação
com a natureza, visto que a arborização urbana se tornaria presente nessa
região, além de um novo espaço de convívio público. As vias se tornaram
melhor organizadas, evitando riscos de acidentes.

5.4.2. ECOPONTOS: ESTAÇÕES DE ARMAZENAMENTO E COLETA

Como forma de facilitar e tornar acessível a coleta para todas as regiões


do município, sugere-se a prefeitura local a criação de estações de
armazenamento de lixos, instaladas em terrain vagues em pontos estratégicos
da cidade. Polzer (2017, p. 192) destaca que o melhor caminho é a instalação
de containers ou estruturas de armazenamento simples, em que os munícipes
podem entregar seus resíduos e que a retirada da estrutura possa ser feita de
maneira fácil pelo caminhão.
A primeira fase do programa de estações de armazenamento e coleta
inicialmente funcionará no complexo de educação ambiental; a segunda fase

104
inicia-se com as implantações dos containers nos bairros da proximidade,
como Centro, Vila Progresso, Vila Vianelo, Jardim Tamoio e Jardim Colônia; e
por fim, na terceira fase, atender todos os bairros da cidade. Embora cada
bairro necessite de um tamanho/projeto de estação específico, o modelo a
seguir, desenvolvido pela prefeitura de Curitiba, serve como base e referência
ao desenvolver as estações de coleta, sendo manual, prática e intuitiva:

Figura 68 - Estação de sustentabilidade, em Curitiba. Fonte: Prefeitura de Curitiba, 2014, disponível em:
<https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/curitiba-instala-primeira-estacao-de-sustentabilidade-para-entrega-
voluntaria-de-residuos/34886>. Acessado em 15 de julho de 2021.

Contudo, a organização desse projeto vai além da implantação das


estações, sendo necessário um plano logístico e organizacional. Além da
instalação das estações em locais de fácil acesso para os pedestres -na figura
acima notamos a desatenção nesse ponto, pois a estação ocupa a faixa de
passeio no canto esquerdo -, também é necessário que as vias que as
estações estejam instaladas possam receber o fluxo dos caminhões que fazem
a coleta dos resíduos e a troca dos containers. Por esse motivo, sugerimos que
a implantação dessas estações seja feita preferencialmente em vias
concentração, indução ou estrutural, pois são vias largas, de fluxo moderado e
influentes para os locais que cruzam.

105
Outro fator importante quando se pretende instalar um projeto desse
porte é diminuir os custos com o transporte, visando a economia e diminuindo a
emissão de gases dos caminhões, uma vez que a coleta aos poucos passaria a
ser executadas pelos civis e não mais pelos caminhões. Como destaca
Veronica Polzer (2017):
“Otimizar o transporte entre fases de coleta, tratamento e
destino final também é um aspecto que precisa ser considerado
no gerenciamento integrado, pois representa uma redução
significativa nas emissões de poluentes, assim como na
produção de odor e ruído.” (POLZER, 2017, p.197)

Por esse motivo as coletas não podem ser semanais, podendo ser
quinzenais ou mensais, o que diminui a rotatividade dos caminhões nas vias.
Portanto, as estações de coleta devem ter a capacidade de armazenar os
resíduos da região por 20 dias. Outro fator importante é que as estações
necessitam estar protegidas das intempéries, pois uma vez que os materiais
entram em contato com a água ou outras substâncias, perdem suas
características, não podendo ser reciclado.
Como diretriz para implantação, após fazer a leitura dos espaços, e
entendendo a teoria descrita nos parágrafos acima, designamos pontos
sugestivos para a implantação dessa estrutura no raio próximo ao terreno
selecionado, e em seguida exemplificamos como a implantação poderia ser
feito em um desses pontos.

106
Figura 69 - Mapa sugestivo para a implantação dos ecopontos. Fonte: GEOJUNDIAÍ, 2021; Google Maps, 2021.
Edição: Pedro H. N. Patelli, 2021.

A partir da leitura do mapa entendemos que a implantação dos


ecopontos sejam predominantes na coluna da esquerda, por abrigar um maior
volume de edificações, especialmente residencial; enquanto a coluna da
esquerda recebe apenas dois pontos no quadrante nordeste, pelo fato de estar
próximo a condomínios verticais de alta densidade, o ponto C é um caso
especial, pois no início desse trabalho, aquela área ainda não abrigava
nenhuma edificação, entretanto com o desenrolar do mesmo, iniciou-se a
construção de um condomínio vertical, o que demonstra a necessidade futura
da implantação de um ecoponto exclusivo para tal. Algumas partes do mapa
não concentram ecopontos pois trata-se de áreas com baixa concentração
residencial, baixo fluxo de pedestres, e muitas vezes contam com o acesso
privado, como é o caso dos quadrantes leste e sudeste. Para exemplificar
melhor os espaços, foi feito o levantamento fotográfico dos pontos para que
haja a melhor visualização espacial dos mesmos.

107
Figura 70 - Terrenos sugestivos para a implantação de ecopontos. Fonte: Google Street View, 2021. Adaptado.

As posições foram colocadas em locais estratégicos que permitem a


implantação dos containers e permitem que a coleta seja feita de uma forma
mais prática. O local A se trata do estacionamento externo do Complexo Argos,
esse local é sugerido pois abriga um fluxo intenso, e semanalmente ocorre uma
feira livre nesse espaço, o que pode ser útil para os frequentadores da mesma;
o local B é um terrain vague em uma zona majoritariamente residencial; o
ponto C é sugerido onde se encontra o showroom do edifício residencial que se
encontra em construção; enquanto o local D é o espaço de outro antigo
showroom que hoje encontra-se desmontado
O local E, por estar localizado em uma região densamente ocupada e
carente de terrain vagues, sugere-se que seja locado na entrada do
estacionamento de uma empresa, em troca de benefícios para a mesma; o
ponto F poderia ser aplicado no que caracterizamos como centro comercial da
região, entre o McDonald’s e a Drogasil, um espaço subutilizado, que
esporadicamente é utilizado como estacionamento; o espaço G encontra-se na
Praça Sebastião Pontes, um espaço amplo e arborizado; o H ocorreria dentro
do estacionamento do mercado Boa, bem próximo ao complexo de educação

108
ambiental, esse ponto é relevante pois é uma passagem de um grande fluxo de
pedestre devido seus confrontantes comerciais; o ponto I é o mais questionável
de todos, está localizado entre três vias, sendo uma bem influente para região,
sua localização é boa para os moradores, mas a topografia deixa alguns
desafios para a retirada e manutenção; o local J se localiza numa zona
predominantemente residencial e poderá ser implantado dentro de um
estacionamento; por fim, o ponto K atuaria de forma semelhante ao E,
utilizando espaços externos de uma empresa, em troca de benefícios
econômicos.
Como sugestão de implantação, utilizamos o ponto A para exemplificar
uma das possibilidades de projetar essa intervenção. É importante ressaltar
que a utilização de containers é indicada pois além de facilitar o transporte,
oferece condições de isolamento para os RSU, e também dá um novo uso para
o que havia sido descartado, reaproveitando-o.

Figura 71 - Exemplificação para a implantação de um ecoponto no estacionamento externo da Argos. Elaboração


desenho: Pedro H. N. Patelli, 2021.

5.4.3. MOBILIÁRIOS RECICLÁVEIS

Após a implantação do complexo, inicialmente pretendemos utilizar das


oficinas de reciclagem para a produção de mobiliários urbanos com materiais
recicláveis, como: bancos, lixeiras, jardineiras e objetos decorativos para datas
festivas, como exemplo os objetos a seguir:

109
Figura 72 - Colagem com referências de mobiliários urbanos feitos através de materiais recicláveis. Fonte imagens:
Pedro Henrique N. Patelli, 2021; Inhabitat, 2009, disponível em: <inhabitat.com/project-bottlestop-a-solar-powered-
bottle-adorned-bus-shelter>; Joanna Helm, 2012, disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-
40932/mobiliario-urbano-reciclado-por-oliver-schau>; Rodrigo Alonso, 2014, disponível em:
<http://ralonso.com/portfolio/100>.

As oficinas seriam abertas ao público, mas com ênfase às populações


mais carentes, podendo utilizar do aprendizado com a reciclagem como uma
forma de trabalho. A distribuição do mobiliário acontecerá em dois modos
diferentes: nas extensões das principais vias da região, onde o fluxo de
pedestre seja recorrente; e em pontos estratégicos, como praças, ou locais
onde possam ocorrer a concentração de transeuntes, como o estacionamento
da Argos, que durante às noites das quintas, abrigam a feira livre16.
O mapa a seguir exemplifica os locais onde os mobiliários podem ser
distribuídos.

16
“As feiras noturnas se tornaram um point para quem quer gastar menos e comer bem. Além de
cobrar frutas, verduras e legumes, os consumidores da região de Jundiaí (SP) tem a opção de gastar
entre R$ 10 e R$ 20 e degustar várias comidas diferentes, como acarajé, tapioca comida árabe e até
japonesa.” G1 Globo (2016). Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-
jundiai/noticia/2016/07/feiras-noturnas-na-regiao-de-jundiai-viram-point-para-jantar-economico.html>.
Acesso em 09 de novembro de 2021.

110
Figura 73 - Mapa sugestivo para a implantação dos mobiliários urbanos. Fonte: GEOJUNDIAÍ, 2021; Google Maps,
2021. Edição: Pedro H. N. Patelli, 2021.

No mapa acima, é possível identificarmos o lote do complexo de


educação ambiental ao centro, e círculos em verde por suas proximidades,
esses círculos correspondem aos espaços de concentração de transeuntes em
que os mobiliários podem interagir com o espaço. Além disso, é possível
visualizar linhas tracejadas (Rua José do Patrocínio, Avenida São Paulo, Rua
Barão do Rio Branco, Rua Frei Caneca, Rua Dr. Emile Pilon e Rua Brasil), que
correspondem as vias que receberão os mobiliários por toda sua extensão.
Como os mobiliários ficariam expostos ao tempo e a população, antes
de replicar em toda cidade, seria necessário um período de experimentação, de
aproximadamente seis meses, para diagnosticar se as ideias foram bem
aceitas pela sociedade, avaliando o estado de conservação dos objetos e por
pesquisas de satisfação dos usuários. Se o diagnóstico de avaliação da
população for positivo, o raio de instalação desses objetos aumentaria
gradualmente até atingir todo o perímetro urbano municipal.

111
5.4.4. REQUALIFICAÇÃO DE ESTACIONAMENTO

Devido a oferta de emprego e visitação que o complexo de educação


ambiental oferece, requer a presença de algumas vagas para estacionamento.
Contudo, mesmo tendo um terreno amplo, seu acesso é limitado por dois
pontos: um exclusivo para o centro de gerenciamento de RSU, e outro estreito,
entre a fábrica Japy e o Supermercado Boa.
A necessidade de presença de vagas além do centro de gerenciamento
de RSU nos fez buscar alternativas, sem que o trajeto interno do pedestre pelo
terreno seja prejudicado por veículos automotores uma vez que se tem como
premissa a priorização do pedestre. Para isso foi feita uma leitura do entorno, e
como confrontante direto temos um amplo espaço utilizado para caminhões
que acessam o depósito do supermercado, entretanto parte desse espaço era
ocupado por um centro automotivo que não funciona mais, portanto essa
fração de espaço hoje serve como local de descarte para embalagens e palets.
As imagens a seguir exemplificam melhor como o local se encontra.

Figura 74 - Situação do estacionamento atual. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli. Adaptado.

Com intuito de conceder utilização ao local, sugere-se que uma fração


desse terreno possa ser ocupada por veículos de visitantes e funcionários do
complexo, um paisagismo também, melhorando o ar e o visual do local. O
estacionamento ocupando esse terreno, além de proporcionar maior segurança

112
para os usuários do parque – visto que não haverá o trânsito de veículos
automotores -, também proporcionará o conforto de alguns usuários que
necessitam do transporte individual para chegar, contudo o excesso de vagas
não é recomendado, visto que o complexo se localiza próximo a terminais de
ônibus e trem, e espera-se que seus usuários optem por um transporte coletivo
e de menos impacto ao meio ambiente.

Figura 75 - Exemplificação para a implantação de estacionamento. Elaboração desenho: Pedro H. N. Patelli, 2021.

113
6. PROJETO
ARQUITETÔNICO

114
115
AV
2,39 .U
NI
1 ÃO
28
ANCO
RUA BARÃO DO RIO BR ,82 DO

8,64
RU S
A FE
AN RR
TO

,65
NI OV
RU

12
,36 O IÁ

7
A RI

9,1
20 LA FU OS
CE RE
RD GA
A TT
FR IG
AN UI
CO M
75

,00
,00

25
,18
15
,00
88
,00

ÁREA: 14.518,02m²
53

PERÍMETRO: 552,20m

60

5
,00

0,0
12
RU
A
LE

CO
ON
,00

AR

AN
15

DO

FR
SC

A
AP

RD
I M

CE
LA
70 20
,00

A
,00
RU
,00
15

IMPLANTAÇÃO DO TERRENO
ESCALA 1:750
6. PROJETO ARQUITETÔNICO

6.1 TERRENO
O terreno que trabalharemos conta com um perímetro disforme que
totaliza uma área de aproximadamente 14.518,00m², está localizado na
confluência das ruas Lacerda Franco e Barão do Rio Branco, inserido no bairro
de Vila Arens, na cidade de Jundiaí.
Pela legislação municipal, o espaço está na Zona de Qualificação dos
Bairros, inserido na Macrozona Urbana. As ruas que contornam o terreno são
caracterizadas como Vias de Organização dos Bairros, sendo a Rua Lacerda
Franco, de Indução, e a Rua Barão do Rio Branco, de Concentração.
Por ter comportado a Tecelagem Japy em meados do século XX, o
terreno apresenta uma topografia nivelada - embora seu perfil natural do
terreno original conte com um desnível de aproximadamente sete metros;
também conta com um galpão inferior voltado para o noroeste, que se encontra
em estado de abandono; nesse galpão é criado um acesso para o pavimento
superior através de uma rampa.
A fachada nordeste, confrontante com a Rua Lacerda Franco, apresenta
dois muros de arrimos, separados por um talude que conta com uma densa
arborização, sendo uma via totalmente residencial e sem acessos. Na face
sudeste do terreno temos a fachada remanescente da antiga tecelagem, que
foi restaurada nos anos de 2020 e 2021, e que futuramente será uma galeria
expositiva. Enquanto a fachada sudoeste confronta com o estacionamento e
com os fundos do supermercado Boa. Ao centro do terreno, além da presença
da rampa, existe também uma chaminé, o ultimo resquício remanescente da
fábrica.
Hoje (2021), esse espaço encontra-se sem uso, embora não esteja
totalmente abandonado, encontra-se todo gradeado, e os dois acessos – Rua
Lacerda Franco, ao sul; e Rua Barão do Rio Branco, pelo galpão, ao norte –
estão fechados por portões. A imagem anterior exemplifica melhor, com
medidas, a organização do terreno e como ele se comporta dentro da quadra.
Cabe mencionar que as medidas expressas no desenho não são fidedignas ao
que se encontra in loco, mas são cotas aproximadas, extraídas de mapas
satélites e da base de dados presente no geoportal da cidade de Jundiaí.

118
6.2. CONDICIONANTES

Os planos de massa trata-se de definir, de forma básica, como as


volumetrias dos edifícios serão definidas, seja por suas estéticas formais, ou
por sua setorização e esquema de fluxos. Para chegar nesse volume, existem
alguns fatores que atuam como limitadores, no nosso caso são dois: os índices
urbanísticos e as construções existentes dentro do terreno. De modo
simplificado, o que encontramos no terreno atualmente se resume a imagem a
seguir:

Figura 76 - Isométrica situação atual do terreno. Elaboração desenho: Pedro H. N. Patelli, 2021.

Os índices urbanísticos trata-se de dados que controlam a quantidade


edificada de cada obra, em seus registros devemos considerar primordialmente
os aspectos: taxa de permeabilidade, coeficiente de aproveitamento, taxa de
ocupação, recuos e gabarito de altura.
Para obtermos esses dados é necessário saber em qual zona o projeto
se encontra no Plano Diretor vigente, no nosso caso, conforme citado
anteriormente é a Zona de Qualificação dos Bairros. A taxa de permeabilidade
imposta no Plano Diretor, corresponde a uma área mínima em que o lote
precisa ter solo permeável, nesse caso 20% da área total do lote deve estar
desprovida de qualquer cobertura; o coeficiente de aproveitamento
corresponde a quantidade de área que o edificado poderá ter em relação a

119
área do terreno, nesse caso o valor mínimo corresponde a 0.1 e o máximo 2.5
(o mínimo edificado deverá ter 10% da área do terreno, enquanto o máximo
poderá ser de 250%), cabe mencionar que a área de aproveitamento
corresponde a soma final de todos os pavimentos; a taxa de ocupação
corresponde a um limite máximo de quanto o solo poderá ser utilizado, no
nosso caso 60% da área do lote, sendo os outros 40% desprovidos de
qualquer cobertura ou construção; os recuos são dados que orientam a posição
da construção em relação aos limites do lote, o frontal corresponde a 4 metros,
enquanto os laterais e dos fundos variam de acordo com a altura da edificação;
os conceitos de gabarito de altura já foram exemplificados nesse trabalho e o
valor correspondente está na tabela 2.
A tabela a seguir exemplifica de maneira mais precisa como as áreas
deverão ser limitadas de acordo com o Plano Diretor vigente.

Tabela 9 - Áreas correspondentes aos índices urbanísticos. Fonte: Plano Diretor Participativo, Prefeitura de Jundiaí,
2019. Disponível em: <https://planodiretor.jundiai.sp.gov.br/wp-content/uploads/2019/12/LEI-9.321.pdf>. Acessado
em: 29 de julho de 2021. Adaptado.

Segundo os índices urbanísticos, o volume máximo permitido, levando


em consideração os 28 metros limitantes do gabarito de altura, e computando a
área edificada já existente atinge a seguinte proporção no terreno:

120
Figura 77 - Isométrica situação utilizando o máximo dos índices urbanísticos. Elaboração desenho: Pedro H. N.
Patelli, 2021.

Outro fator importante para iniciar o projeto é conhecendo a incidência


de sombra que os edifícios confrontantes oferecem ao lote. Para chegar nessa
informação, foi elaborado um envelope de sombreamento.

Figura 78 - Envelope de sombreamento. Fonte: Kenya Santana, 2021. Elaborado durante a disciplina PA (Top. Exec).
Adaptado.

A partir da carta solar acima, notamos que as sombras no terreno


ocorrem em poucos momentos do ano, mais especificamente antes das 5:45 e
após as 19:00 durante o solstício de verão; antes das 6:00 e após as 16:30 nos
equinócios de outono e primavera; e antes das 6:45 e após as 16:00 no
solstício de inverno.

121
Tendo conhecimento dos fatores externos e internos que geram
impactos no terreno, anteriormente apresentados pela análise SWOT, a
definição dos planos de massa pode ser definida de forma superficial, através
de volumes sólidos que poderão ser modulados ou refinados posteriormente.
Para isso, foi necessário juntar as informações em um novo diagrama,
avaliando insolação, ventos, ruídos e os demais fatores apresentados, a partir
da união de todas as informações, a implantação poderia ser definida de forma
coesa e coerente com as características que o terreno oferece.

Figura 79 - Diagrama exemplificando as condicionantes naturais e artificiais existentes no terreno. Base: Foto aérea
feita por drone, junho de 2021. Elaboração desenho: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

O diagrama acima exemplifica como acontece: insolação do local,


através o trajeto do sol demonstrado pelo arco alaranjado; como também
demonstra o sentido dos ventos predominantes através das ondas azuis
sinuosas; as setas em vinho mostram os potenciais acessos que o local pode
receber, enquanto as setas vermelhas representam o fluxo das vias; os traços
em zigue-zague azulados exemplificam locais emissores de ruídos, enquanto
os blocos em bege são as edificações que fazem confronto direto com o

122
terreno; por fim, a estrela que almejamos que atue como marco para o local: a
chaminé da fábrica Japy.

6.3. PROGRAMA DE NECESSIDADES


Utilizando a base dos estudos de caso como referência para a
organização do programa de necessidades, optamos por separar cada ação
em um tipo de edifício, assim como o escritório archi5 (2017) realizou na
Escola Jules Verne. Nesse caso, o projeto contará com um edifício central, que
atuará como um pavilhão; um que será a escola ambiental; outro como centro
de compostagem; e reaproveitaremos a estrutura existente para transforma-lo
em um centro de reciclagem; além disso, também se articula a fábrica Japy,
que mesmo não sendo instrumento desse projeto, faz-se parte da sua
composição.
Após a análise acerca ao estudo de caso da escola Redbridge, do
escritório ARX Portugal (2021), notamos que a sala dos professores e os
setores administrativos se encontram em um edifício anexo a escola, esse tipo
de setorização torna os espaços mais característicos com seu uso.
Tendo conhecimento de ambos projetos, foi iniciado o programa de
necessidades através dos usos administrativos, e posteriormente os sociais
internos.

Tabela 10 - Programa de Necessidades: Administrativo. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

O programa de necessidades é utilizado para retratar os ambientes


necessários para a composição dos edifícios. Nesse caso, foi montado uma
tabela, onde descrevemos o que é cada ambiente; quantos ambientes
semelhantes serão necessários; como é feito o controle de acesso (privado,
sendo exclusivo de funcionários; semi-público, onde existe um controle de

123
acesso; e público, onde todos possam entrar); além de apresentar como deve
ser modulado o local (utilizando 1,25m como base).
A tabela acima representa os ambientes que devem existir no projeto,
sendo pertencentes ao cunho administrativo. Cada agrupamento de cor na
tabela, representa que esses espaços devem interagir entre si. Podemos
observar que a diretoria, secretaria e sala de reunião, devem estar unidas,
assim como a copa e os vestiários. A maioria dos espaços são caracterizados
de acesso privado, pois tratam da parte administrativa do projeto.
Seguindo esse padrão de organização, a tabela a seguir representa o
programa das áreas sociais internas.

Tabela 11 - Programa de Necessidades: Social Interno. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Na tabela acima, é possível identificarmos uma variedade de grupo


maior, com ambientes pedagógicos e de uso comum. A tabela mostra que as
salas de aula devem estar agrupadas ao bloco sanitário, assim como os
laboratórios devem estar próximos um do outro, e os componentes que formam
o auditório, como sala técnica, antecâmara, plateia, palco, camarim e banheiro.
Essas divisões e agrupamentos podem serem feitas em diferentes edifícios ou
no interior de um edifício, tendo como referência a Escola Redbridge que isola
seu setor administrativo, e a Escola Jules Verne, que separa seus usos, mas
utiliza de um elemento arquitetônico como conector desses usos.

124
Seguindo o desenvolvimento do programa de necessidades, foi
desenvolvido um programa que exemplifica os ambientes que o centro de
triagem de resíduos sólidos (ou reciclagem) e o centro de compostagem
precisam ter.

Tabela 12 - Programa de Necessidades: Social Interno. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Nessa tabela nota-se que existem apenas quatro agrupamentos


necessários – centro de compostagem, sala de gerenciamento, centro de
triagem de RSU /reciclagem e seus serviços-, e que a maioria detém de acesso
privado, pois nesses espaços acontecem os trabalhos de compostagem e
reciclagem, e a presença livre do público pode fornecer prejuízos para esses
serviços.
Assim como no Centro de RSU de Schweinern (KUHM, 2021), a parte
de reciclagem deve estar distante do setor de reciclagem, pois segundo Polzer
(2017) os resíduos não recicláveis (ou orgânicos), danificam a propriedade do
material, interferindo na possibilidade de reciclagem do mesmo.
Por fim, a tabela a seguir representa as áreas sociais internas,
desprezando caminhos, gramados ou paisagismo.

125
Tabela 13 - Programa de Necessidades: Social Externo. Fonte Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

No programa social externo destacamos apenas a horta orgânica que deve


estar nas proximidades do centro de compostagem, a quadra de basquete e pista de
skate que podem estar distribuídas por qualquer área do lote, atuando como pontos
atrativos para a ocupação diversa do local.
Com o objetivo de simplificar o entendimento do programa de necessidades, foi
elaborado um organograma, onde os cômodos e ambientes demonstram como deve
ser o agrupamento durante o desenvolvimento do projeto.

Tabela 14 - Organograma. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

126
Além de mostrar o agrupamento e divisões dos ambientes, o
organograma expõe conexões e relações que cada grupo deve exercer com os
demais, como é o caso do grupo do meio na coluna superior, ele interage com
a estufa, devido seu caráter pedagógico; requer conexão com o setor de
reciclagem, pois oferece a matéria para ser trabalhadas na oficina; assim como
pede conexões com as áreas sociais externas e administrativas.

6.4. CONCEITO E PARTIDO


O projeto conta com três conceitos majoritários, estes conceitos formam
uma base para as demais conceituações em que cada situação exigirá, e são
eles: reciclagem, construção de baixo impacto e respeito a escala humana.
Utilizando o termo reciclagem como conceito não nos limitamos apenas
ao tratamento e coleta seletiva coerente de resíduos sólidos, mas também a
diversos outros fatores metafóricos e figurados. O dicionário Oxford (2001)
define reciclagem como “adaptação a uma nova utilização”, dessa forma
entendemos que tudo pode ser reciclado, desde que oferecemos um novo uso
para esse objeto. Alguns pontos que utilizamos o conceito de reciclagem são:
reciclagem do terreno, dando ao espaço de uma fábrica um novo uso, onde
antes era um ambiente de aprendizado à manufatura, hoje é um aprendizado
para reaproveitar o que já foi manufaturado, reciclando materiais com o intuito
de utilizá-los como mobiliário urbano.
A construção de baixo impacto está atrelada diretamente a proposta do
projeto complexo de educação ambiental, visto que se ocorre a necessidade de
educar ambientalmente a sociedade, o exemplo deve partir do próprio local de
ensino, por esse motivo, antes das decisões e escolhas de projeto deve-se
pensar quais alternativas atendem melhor os pilares da sustentabilidade:
ambientalmente correto, economicamente viável e socialmente justo.
O conceito de respeito a escala humana surgiu da associação das ideias
de Jan Gehl, no livro “Cidades para pessoas” (2010), e da diretriz do Plano
Diretor que exige o “respeito ao patrimônio histórico”.
“Por décadas, a dimensão humana tem sido um tópico
do planejamento urbano esquecido e tratado a esmo,
enquanto várias outras questões ganham mais força,
como a acomodação do vertiginoso aumento do tráfego
de automóveis. Além disso, as ideologias dominantes
do planejamento – em especial, o modernismo – deram

127
baixa prioridade ao espaço público, às áreas de
pedestres e ao papel do espaço urbano como local de
encontro dos moradores da cidade. Por fim,
gradativamente, as forças no mercado e as tendencias
arquitetônicas afins mudaram seu foco, saindo das
interrelações e espaços comuns da cidade para os
edifícios individuais, os quais, durante o processo,
tornaram-se cada vez mais isolados, autossuficientes e
indiferentes.” (GEHL, 2010, p. 3)

Gehl (2010) destaca o esquecimento da escala humana no


planejamento urbano recente, esse tipo de planejamento estimula o
afastamento social, e diminui as relações interpessoais, resultando numa
sociedade preguiçosa, antissocial e individualista.
Essa individualização faz com que temas como tratamento de resíduos
sólidos seja desprezado cada vez mais, uma vez que os resíduos somem da
perspectiva visual dos cidadãos. Ainda no mesmo texto, o Jan Gehl (2010)
enfatiza a importância dos espaços públicos para a sociedade:
“As cidades devem pressionar os urbanistas e os
arquitetos a reforçarem as áreas de pedestres como
uma política urbana integrada para desenvolver
cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis.
Igualmente urgente é reforçar a função social do
espaço da cidade como local de encontro que contribui
para os objetivos de sustentabilidade social e para uma
sociedade democrática e aberta.” (GEHL, 2010, p. 6)

A partir desse entendimento e da ciência da presença de uma chaminé


no meio da área de projeto, decidimos criar espaços em que a escala da
chaminé seja respeitada, para que dessa forma ela possa constituir-se como
ponto de referência e moderadora das alturas das edificações que serão
projetadas. Por esse motivo, decidimos utilizar um gabarito de altura baixo,
respeitando não apenas a escala da arquitetura industrial de meados do século
XX, como também a escala humana.

128
Figura 80 - Relação das alturas: Chaminé, fábrica Japy e escala humana. Elaboração desenho: Pedro Henrique N.
Patelli, 2021

A imagem (figura 80) ilustra essa relação proposta para as alturas entre
a chaminé, a fábrica Japy e a escala humana. Como é possível identificar, a
chaminé tem altura maior que o dobro da edificação. Para o projeto, desejamos
trabalhar com um gabarito de altura parecido com a edificação – entre dois e
três pavimentos – mantendo a relevância e imponência do patrimônio.
Ao iniciar o projeto, identificamos os locais ideais para a implantação dos
diferentes blocos, sendo eles: Escola ambiental (amarelo), pavilhão urbano
(laranja), centro de compostagem (marrom escuro), horta comunitária (marrom
claro), estufas (verde escuro) e centro de triagem de resíduos sólidos. Os
blocos foram representados por manchas no diagrama a seguir:

129
Figura 81 - Diagrama exemplificando as manchas e fluxos para a implantação do projeto. Base: Foto aérea feita por
drone, junho de 2021. Elaboração desenho: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Como o terreno já conta com uma grande edificação com docas para
caminhões e um vasto espaço para manobras, decidimos implantar o centro de
triagem de resíduos sólidos nessa, dessa forma produziremos pouco entulho e
reaproveitaremos uma edificação que se encontra em estado de abandono,
sendo coerente com as ideias de reciclagem e construção de baixo impacto
anteriormente impostas. Os demais blocos serão implantados no nível em que
se encontra a fábrica Japy; O centro de compostagem (marrom escuro) deve
estar próximo a horta comunitária (marrom claro), assim como deve estar
próximo ao limite do lote no sentido oposto ao vento predominante, pois a
ventilação natural é um dos grandes responsáveis para controlar e dissipar o
odor que o sistema de compostagem emite; A escola ambiental (amarelo) deve
receber iluminação solar o dia todo, entretanto deve-se evitar a incidência

130
direta do sol da tarde nas salas de aulas e deve estar conectada de alguma
forma ao pavilhão urbano, além disso, a escola deve ficar próximo a rampa
existente que dá acesso ao pavimento inferior, pois abrigará as oficinas de
reciclagem e essa rampa facilitaria o transporte dos resíduos que serão
utilizados nas oficinas; As estufas devem estar próximas a escola, pois irá atuar
como um bloco de apoio para os alunos; O pavilhão urbano é o articulador
central do projeto, deve ser conectado com a fábrica Japy e com a escola
ambiental, também deve atuar como barreira para o pedestre que pretende
cruzar o espaço na diagonal, forçando o mesmo a caminhar por mais partes do
terreno.
As manchas verdes claras são locais onde pretende-se criar áreas livres
gramadas, sem a presença de espécies vegetais do paisagismo, para
permitirem sua utilização para realização de exposições de artes; feiras
orgânicas ou de brechós; playground; reuniões ou encontros; atividades físicas,
como ioga ou vôlei; e para o uso livre dos visitantes.

Figura 82 - Democratização do espaço: tendas x práticas esportivas. Elaboração desenho: Pedro Henrique N. Patelli,
2021.

A mancha azul claro é o local onde serão implantados os espelhos


d’água e jardins aquáticos, o conceito de implantar os espelhos ao redor do
patrimônio visa estabelecer uma distância entre o visitante e a chaminé, que
simbolizaria Revolução Industrial e seu resíduo de poluição. Essa estratégia
está relacionada a metáfora de que os usuários comecem a entender o resíduo

131
como parte do cotidiano e mantendo um consumo consciente, afastando ou
diminuindo o contato do consumidor final com produtos industrializados.

Figura 83 - Relação pedestres x espelhos d’água x chaminé. Elaboração desenho: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Por fim, as linhas tracejadas em vinho representam potenciais fluxos


peatonais no complexo. O conceito desses fluxos fundamenta-se nas ideias de
Gehl (2010): “Caminhar é o início, o ponto de partida. O homem foi criado para
caminhar. Contudo, a perspectiva mais ampla é que uma infinidade de valiosas
oportunidades sociais e recreativas apareça quando se reforça a vida a pé” e
nas Careri (2013).
“Uma vez satisfeitas as exigências primárias, o caminhar
transformou-se numa fórmula simbólica que tem permitido que
o homem habite o mundo. Modificando os significados do
espaço atravessado, o percurso foi a primeira ação estética
que penetrou o território do caos, construindo aí uma nova
ordem sobre a qual se tem desenvolvido a arquitetura dos
objetos situados. O caminhar é uma arte que traz em seu seio
o menir, a escultura, a arquitetura e a paisagem.” (CARERI,
2013, pp. 27-28)

Careri (2013) deixa claro que o percurso é uma ação estética negativa,
ao qual manipula o pedestre que passa pelo trajeto, controlando sua visual e
limitando sua liberdade, por esse motivo pretendemos que o complexo de

132
educação ambiental atue como um local de exploração, onde o visitante possa
explorar e investigar cada canto do espaço de maneira livre, seja através de
caminhos definidos, gramados, bosques ou mesmo dentro dos edifícios,
durante uma simples caminhada, quanto para uma visita mais longa.
“O que se quer é indicar o caminhar como um instrumento
estético capaz de descrever e modificar os espaços
metropolitanos que muitas vezes apresentam uma natureza
que ainda deve ser compreendida e preenchida de significados,
antes que projetadas e preenchida de coisas. Assim, o
caminhar revela-se um instrumento que, precisamente pela sua
intrínseca característica de simultânea leitura e escrita do
espaço, se presta a escutar e interagir na variabilidade desses
espaços, a intervir no seu contínuo devir com uma ação sobre
o campo, no aqui e agora das transformações, compartilhando
desde dentro as mutações daqueles espaços que põem em
crise o projeto contemporâneo.” (CARERI, 2013, pp.32-33)

O principal objetivo é que o visitante descubra cada canto do complexo,


caminhando e despertando a sua curiosidade. O projeto deve ser atrativo
evitando ao máximo atuar apenas como um espaço de passagem, que ofereça
o caminho mais curto. “Caminhar é um meio de transporte, mas também um
início potencial ou uma ocasião para outras atividades” (GEHL, 2010, p. 120).
Para atingir os objetivos descritos e facilitar esse processo, foi disposta
uma malha de 5x5 metros por toda a extensão do terreno criando dessa forma
ritmos, ordenando os volumes que antes estavam dispostos como manchas e
organizando inclusive um sistema estrutural.

133
Figura 84 - Diagrama exemplificando a aplicação da malha sobre o terreno. Base: Foto aérea feita por drone, junho
de 2021. Elaboração desenho: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Entendendo os conceitos majoritários e as principais condicionantes


para a implantação do projeto, buscamos conceitos que direcionassem o
posicionamento dos volumes no terreno. Para isso, buscamos referência na
corrente artística suprematista, que através da composição de suas obras nos
direcionou para a elaboração do projeto e as respectivas formas.
O suprematismo foi uma corrente artística que aconteceu na primeira
metade do século XX, tendo como seu principal representante o russo Kazimir
Malevich, as artes suprematistas utilizavam as formas geométricas planas, sem
um padrão de composição, que buscava representar sentimentos humanos
profundos, além disso, é considerada uma das correntes artísticas pioneiras do
abstracionismo (ARTOUT, 2021).

134
Figura 85 - Kazimir Malevich “Suprematismo Dinâmico”, 1915 ou 1916. Fonte: TATE, 2021. Disponível em:
<https://www.tate.org.uk/art/artworks/malevich-dynamic-suprematism-t02319>. Acessado: 17 de setembro de
2021.

Malevich (1928) definiu duas tendencias artísticas existentes no início do


século XX, as “objetivas” e “não-objetivas”, onde na primeira, o valor artístico
era superior ao funcional, enquanto o segundo entendia que a funcionalidade e
a forma como bases essenciais para atingir a expressão artística. Kazimir
Malevich (1928) define o suprematismo como:
“Esse grupo não objetivo confirma o fato de que somente após
a libertação de certas funções da vida que não pertencem à
arte pode-se criar uma forma artística como tal, e que as
funções utilitárias têm um papel na vida, diferente as funções
da arte. Ambos têm direito a suas próprias existências não
objetivas ao lado da existência de objetos em coleções de
museus.” (MALEVICH, 1928, p. 1 online, tradução nossa)

O autor ressalta a importância da forma em seu manifesto sobre o novo


realismo “tem que dar vida as formas e o direito da existência individual”
(MALEVICH, 1915, tradução nossa), e em 1928, no seu texto Painting and the
Architecture Problem “O problema da forma tem jogado e ainda desempenha
um papel imenso na arte suprematista. Sem ele, é impossível revelar qualquer
um dos elementos da percepção: cor, dinâmica, estática, mecânica, motivo
etc.” (MALEVICH, 1928, tradução nossa)

135
Figura 86 - Kazimir Malevich “Composição Suprematista: Avião Voando”, 1915. Fonte: MoMA, 2021. Disponível em:
<https://www.moma.org/collection/works/79269A>. Acessado: 17 de setembro de 2021.

Ao observar as obras, inúmeras interpretações podem ser sugeridas, e a


implantação de diversos edifícios pode ser uma delas, sobretudo, a ligação
entre o suprematismo e a arquitetura não é nova e foi prevista na época por
Malevich (1928):
“Há um começo, uma renovação da vida através da forma
artística. A partir de uma comparação da forma de nova
arquitetura com a do Suprematismo, vemos que ela está
intimamente ligada ao problema da forma artística. (...)
Exemplos característicos podem ser encontrados na nova obra
arquitetônica de artistas-arquitetos como Theo van
Doesburg, Le Corbusier, Gerrit Rietveld, Walter Gropius, Arthur
Korn et al. (...) Analisando a nova arquitetura, descobrimos que
ela está sob a influência da "pintura de plano", ou seja, de
forma artística contendo o elemento plano. Por essa razão, a
arquitetura contemporânea dá a impressão de ser
bidimensional. (...) Na arquitetura clássica do passado havia
também um elemento formador invariável presente, que foi
trabalhado por muitos arquitetos. Eles estavam unidos pelo
mesmo elemento formador objetivo que agora encontramos na
nova arquitetura suprematista. Agora, como então, com a ajuda
do mesmo elemento formador que cria uma expressão
arquitetônica da vida, o arquiteto é capaz de revelar sua própria
personalidade. Esta última característica não altera nem forma

136
nem estilo, mas apenas produz uma nuance individual. Assim,
a pintura no século XX descobriu um novo "elemento formador
adicional" que nos levou ao problema da forma na arquitetônica
e daí à nova arquitetura suprematista.” (MALEVICH, 1928, p. 1,
tradução nossa)

A forma em que Kazimir (1928) define que a arte atue como uma
renovação da vida, um recomeço, assemelha-se com a proposta principal do
projeto do complexo de educação ambiental, onde a reciclagem e o
reaproveitamento são papéis fundamentais, tanto no aspecto funcional,
atuando como um centro de reciclagem de resíduos; no aspecto simbólico,
dando um novo significado para a chaminé; quanto no aspecto físico, onde
estaremos reciclando um terreno que antes havia um uso, mas que por alguns
anos encontra-se desocupado.
Cabe mencionar que a inspiração do suprematismo nas formas não
reside apenas dos blocos de edificações, mas também aos desenhos de áreas
externas, deu se através da influência dos quadros suprematistas, com formas
geométricas bem definidas.
O suprematismo, com sua ideia de renovar as artes através da
valorização das formas, vem para coroar e materializar o conceito de
ressignificação presente em todo projeto. Um recomeço para a fábrica Japy,
para os resíduos sólidos e para a cidade de Jundiaí.
Entendendo as composições suprematistas e os comportamentos das
formas geométricas nela, utilizamo-las como referências para a composição do
projeto. Tendo em base as manchas de ocupação, sobrepostas pela malha, o
objetivo nessa etapa é refinar as formas, formando uma composição que
responda a todos requisitos propostos.

137
Figura 87 - Diagrama exemplificando a composição das formas sobre a malha. Base: Foto aérea feita por drone,
junho de 2021. Elaboração desenho: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

O desenho acima demonstra uma composição de diversas formas


geométricas e a sobreposição de planos e linhas. As linhas mais espessas
representam as edificações, enquanto as mais finas representam as áreas
externas. É possível identificar que as formas que foram desenhadas nessa
etapa do trabalho surgiram com base nas manchas coloridas. Nessa
composição são utilizadas as linhas de influência da fábrica Japy para sua
definição, embora se organize de maneira totalmente distintas com suas linhas
diagonais se cruzando. Embora a fábrica Japy seja um projeto a parte, existe a
preocupação em interligar essa edificação com o projeto que pensamos. Para
isso um caminho parte do centro da fábrica em direção ao pavilhão urbano em
direção a chaminé, simbolizando a transição da indústria para a reutilização.

138
Para melhor clareza na representação, foram eliminadas as linhas de
construção do desenho referentes as linhas de influência e malha 5x5 e
humanizamos seus ambientes, o resultado é observado na imagem a seguir:

Figura 88 - Diagrama exemplificando a implantação. Base: Foto aérea feita por drone, junho de 2021. Elaboração
desenho: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Na composição acima, identificamos a presença de quatro camadas


sobrepostas: as edificações (branco), os caminhos (cinza), os gramados (azul
claro), as áreas para paisagismo (azul escuro), e os componentes
complementares (azul, bege e marrom). Os acessos propostos foram
cumpridos, um ao norte, outro pelo subsolo, dois partindo da fábrica Japy, e um
partindo da Rua Lacerda Franco, ao sul do mapa. As formas retangulares,

139
triangulares e até disformes, criadas a partir da malha (5x5m) remetem as
influências suprematistas do início do século XX.
As sobreposições de camadas citadas no parágrafo acima, foram
baseadas no estudo de caso do Parc de la Villete, onde no mesmo ocorria a
sobreposição de três elementos -as linhas, os pontos e os planos- a união
desses três aspectos resultam na composição do projeto de Tschumi. Nesse
projeto não é diferente, as linhas são representadas pelos caminhos, o ponto
(devido ao tamanho do terreno trabalhamos apenas com um) representado
pela chaminé, e os planos que são as edificações, gramados, jardins e áreas
externas.

Figura 89 - Sobreposições de planos linhas e ponto. Base: Foto aérea feita por drone, junho de 2021. Elaboração
desenho: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

A figura acima retrata como a composição foi feita, iniciando com o


terreno vazio, apenas com as construções remanescentes da fábrica Japy e a
chaminé, posteriormente integramos os planos das edificações, e em seguida
as camadas de paisagismo são definidas, subsequente as linhas são
aplicadas, definindo onde ocorrerão os fluxos dos pedestres, e por fim as
demais camadas de áreas externas compõe a implantação do terreno.

140
É importante ressaltar que além do resultado final obtido, outras formas
também foram desenvolvidas. Esses volumes foram debatidos, estudados e
posteriormente descartados pois careciam em alguns aspectos importantes
para o melhor funcionamento do projeto.

Figura 90 - Isométrica exemplificando o primeiro estudo de volume e implantação. Elaboração desenho: Pedro H. N.
Patelli, 2021.

O volume exemplificado pela perspectiva isométrica acima foi uma das


primeiras ideias de forma para o projeto, seus volumes são definidos através
de cores, onde o marrom representa o centro de compostagem, o amarelo o
pavilhão urbano, o laranja a escola ambiental e o verde representa a área
edificada existente no terreno, entretanto, tanto sua forma quanto sua
implantação causaram ruídos para a funcionalidade do projeto.

141
Figura 91 - Perspectiva humanizada como sugestão para interpretação da forma. Elaboração desenho: Pedro H. N.
Patelli, 2021.

As formas pontiagudas presentes nesse desenho expõem uma


agressividade física-visual que não condiz com os conceitos iniciais do projeto,
além de expor a ausência de uma malha. Outro fator determinante para o
descarte dessa opção é o posicionamento do centro de compostagem, embora
esteja próxima a entrada de veículos da fábrica Japy, sua implantação não está
ideal se analisarmos a direção do vento predominante, pois o centro de
compostagem necessita de um auxilio natural para dispersar os odores
indesejáveis, e nessa situação o vento levaria o odor direto para o pavilhão
urbano.
Além dessa, outra proposta foi desenvolvida, agora buscando amenizar
os impactos negativos identificados na proposta acima. O resultado é
identificado na imagem a seguir:

142
Figura 92 - Isométrica exemplificando o segundo estudo de volume e implantação. Elaboração desenho: Pedro H. N.
Patelli, 2021.

As cores usadas nesse desenho representam as mesmas da


implantação anterior, ademais, nesse caso encontramos com o roxo que
representa as estufas. Nesse desenho o centro de compostagem está locado
na parte ideal para ventilação, no ponto mais alto em relação a rua e no fim do
lote, no sentido da ventilação predominante. As formas estão mais amigáveis e
atuam como se estivessem acolhendo a chaminé.

Figura 93 - Perspectiva humanizada como sugestão para interpretação da forma (segundo estudo). Elaboração
desenho: Pedro H. N. Patelli, 2021.

143
Essa forma se assemelha muito com a final, as setorizações e
posicionamento dos volumes, entretanto criou-se uma passagem central entre
os edifícios que atuam como um caminho mais rápido para o transeunte, não
atendendo uma das propostas de caminhabilidade e exploração do espaço.
Queríamos que em nosso projeto o pedestre fosse forçado a desviar ao
máximo da linha diagonal que cruza o terreno de ponta-a-ponta, além disso, o
edifício ponte nessa proposta não teria muita funcionalidade pois a presença de
uma segunda ponte não faria tanta diferença para a transição entre edifícios.
Por esses motivos, optamos por descartar essa forma, e buscar soluções para
os problemas encontrados.
O estudo final escolhido, exemplificado inicialmente, soluciona os dois
problemas encontrados nessa proposta, visto que a forma em que o pavilhão
se estende cria uma barreira física para os pedestres, forçando-o a aumentar
sua caminhada. Bem como, a forma em que as pontes entre edifícios foram
colocadas (nas pontas do pavilhão) reafirmam a funcionalidade das pontes
como ligação entre edifícios.

SETORIZAÇÃO
Saindo da escala macro da implantação do terreno, partindo para a
modulação das edificações, inicialmente trabalharemos com as setorizações e
fluxos dos mesmos, para que posteriormente solucionemos as suas
respectivas formas, layout e materiais. Em nossa primeira abordagem
exemplificaremos a construção do centro de compostagem e como ele
funcionará.

144
Figura 94 - Perspectiva isométrica da setorização do centro de compostagem. Elaboração: Pedro H. N. Patelli, 2021.

O desenho acima representa a setorização e as condicionantes atuantes


no centro de compostagem. A linha tracejada simplifica a trajetória do Sol, as
linhas sinuosas azuis representam a direção da ventilação predominante,
enquanto as setas vermelhas demonstram os acessos.
Para desenvolver o interior desse edifício precisávamos focar em dois
pontos: a ventilação e no fluxo de serviços. Para isso foi designado um espaço
completamente aberto e ventilado dividido em dois pátios: Um implantado ao
sul, no fundo do edifício, alinhado com o acesso de veículos da fábrica Japy, na
rua Lacerda Franco (ver figura a seguir), se tornando acesso para serviços; e
outro localizado próximo ao acesso de pedestres na confluência das ruas
Lacerda Franco e Barão do Rio Branco.

145
Figura 95 - Acesso de veículos existente na fábrica Japy localizado na Rua Lacerda Franco. Fonte: Pedro Henrique
Natalino Patelli, abril de 2021.

O pátio dos fundos conta com catorze estandes de compostagem


comportando volumes de 16m³ cada, sendo sete locados ao lado direito e sete
ao lado esquerdo do acesso de veículos (demonstrada pela seta superior na
imagem acima), entre os estandes sobrou um espaço para manobras dos
veículos que transportam os resíduos, além de ter uma grelha linear para
escoamento de líquidos, os fluxos nesse pátio é exclusivo para serviços; o
segundo pátio atua como “recepção” do centro de compostagem, nesse espaço
contamos com um acesso para visitantes (representada pela seta inferior
esquerda), os sanitários, depósito, sala de gerenciamento e apoio, e um jardim
que atua como barreira visual para esconder as atividades que ocorrem ao
fundo, dessa forma despertando a curiosidades dos visitantes para descobrir o
que ocorre ali; entre o pátio de serviço e o pátio da recepção, contém um
acesso direto para a horta (demonstrada pela seta inferior direita na imagem), a
necessidade dessa proximidade com a horta deve-se ao fato que as
vegetações ali plantadas receberão adubos produzidos através da
compostagem.
A implantação desse edifício alinhado com dois acessos diferentes
permite que sua funcionalidade principal – compostagem – ocorra sem
intervenções de visitantes ou demais usuários, pois traça um percurso livre

146
para tráfego – embora que pouco - de maquinários como tratores,
empilhadeiras e caminhões, evitando a possibilidade de acidentes.
Migrando de edifício, agora abordando a setorização do pavilhão e da
escola ambiental. Como os edifícios estão conectados através de pontes,
existe a necessidade desse conjunto interagir entre si, dessa forma o programa
de necessidade foi dividido entre as edificações, exemplificado pela imagem
em sequência:

Figura 96 - Perspectiva isométrica da setorização do pavilhão urbano (esquerda) e escola ambiental (direita).
Elaboração: Pedro H. N. Patelli, 2021.

Analisando a forma exposta acima entendemos que os fluxos irão


ocorrer através de corredores externos e abertos que contornam as
edificações, além de área de passagem, atuam como marquises de proteção
contra intempéries para os ambientes internos. Cada cor representada – tanto
na figura acima, como nas seguintes – simboliza um setor, sendo: azul, os
blocos sanitários; vermelho, setor administrativo; laranja, espaços de serviço,
como depósitos ou comércios; amarelo, setor pedagógico; verde, jardins; rosa,
a circulação vertical; verde-água, auditório e seus elementos; e roxo, que
simboliza as pontes.
O posicionamento dos blocos faz com que o pavilhão urbano crie uma
barreira para a ventilação da escola ambiental, por esse motivo, diversos vãos
foram criados, dessa forma possibilitando a ventilação entre edifícios e

147
chegando no bloco da escola. A insolação, no período da manhã incide sobre o
pavilhão, e apenas no período da tarde a incidência ocorre na escola
ambiental. Os acessos podem ser feitos através dos corredores externos.

Figura 97 - Perspectiva isométrica dos pavimentos térros da setorização do pavilhão (esquerda) e escola ambiental
(direita). Elaboração: Pedro H. N. Patelli, 2021.

A figura acima expõe como a setorização ocorre nos pavimentos térreos


do pavilhão (esquerda) e da escola ambiental (direita). No primeiro, notamos a
presença de três blocos: comércio (1); sanitários e circulação vertical (3, 4 e 5);
e o auditório (6 a 10). Entre esses blocos, existe a presença de jardins internos,
que atuam como subtração do volume, permitindo a passagem dos pedestres,
ventilação natural e acesso aos ambientes internos.
Os comércios (1), lanchonete e loja de artesanato, serão espaços com
grande abertura para a praça de alimentação e se estendendo até o jardim
interno – que atuará como barreira visual – para a entrada dos sanitários. O
bloco central (3, 4 e 5), por ser espaço de sanitários e circulação vertical, foi
disposto no meio da edificação com objetivo de atender as duas lâminas do
edifício. E por fim, o último bloco corresponde ao auditório, a sala técnica e
antecâmara estão voltadas para o interior do edifício, pois conta com cobertura,
protegendo o acesso do sol e chuva, o auditório se estende até o fim do edifício
onde encontramos o camarim e o ambulatório, locado nessa região pois é o

148
acesso mais próximo a saída para Rua Lacerda Franco, caso haja casos de
maior gravidade é um caminho mais acessível para a ambulância.
Enquanto no térreo da escola ambiental, a forma se consolida como um
bloco único, com exceção da rampa que dá acesso ao pavimento inferior –
centro de reciclagem. Nesse espaço encontramos as oficinas, os sanitários e
as circulações verticais dispostos em forma linear. As oficinas (11), por se tratar
de um ambiente de longa permanência, conta com ventilação cruzada e com
uma longa marquise frontal que evita a incidência solar direta no ambiente; o
bloco sanitário (3), foi locado ao fim da edificação, pois se trata de um local de
menor permanência, dessa forma podendo sofrer maior incidência solar, e
também estando no caminho do vento predominante, dissipando o mal odor; o
bloco de circulação vertical (4) se encontra paralelo a rampa que dá acesso ao
centro de reciclagem (12), um dos objetivos do projeto era manter essa rampa,
diminuindo a produção de entulho e reutilizando um artificio que o próprio
terreno ofereceu.

Figura 98 - Rampa existente no terreno. Fonte: Pedro Henrique Natalino Patelli, abril de 2021.

A rampa (12) deveria estar localizada próximo as oficinas, pois permitiria


o fluxo mais rápido para o acesso aos materiais recicláveis, além de permitir o
trânsito de empilhadeiras ou carrinhos, dessa forma, o fluxo de resíduos sólidos

149
nesse pavimento fica exclusivo ao trajeto oficina-rampa (11-12), evitando
conflitos de fluxos e diminuindo o risco de acidentes.
Seguindo para o pavimento superior, é possível entender como os
edifícios conversam, e interagem através das pontes. Vide a imagem a seguir:

Figura 99 - Perspectiva isométrica dos pavimentos superiores da setorização do pavilhão (esquerda) e escola
ambiental (direita). Elaboração: Pedro H. N. Patelli, 2021.

No pavimento superior, observamos a predominância de espaços de


teor pedagógico (amarelo) e administrativo (vermelho). No pavilhão, dessa vez
notamos a presença de quatro blocos intercalados, enquanto na escola, segue-
se o padrão volumétrico linear. As pontes conectam a escola ambiental em dois
vãos, em abas diferentes do pavilhão, uma na região administrativa e outra na
pedagógica.
Os vãos encontrados no pavilhão têm como função permitir a ventilação
natural, assim como oferecer atalhos nos corredores. É possível identificar o
bloco de circulação vertical (6 a 8) fazendo o intermédio entre setor
administrativo e pedagógico, não havendo conflitos de fluxos, visto que cada
setor está locado em uma aba do edifício. Os laboratórios (9 a 11) oferecem
acesso tanto a sul quanto a norte, possibilitando assim também, a circulação
da ventilação por dentro do ambiente, enquanto o bloco da biblioteca ocupa a
área em que a incidência solar é menor, oferecendo um ambiente com clima

150
ameno, com ventilação cruzada e ideal para manter a preservação dos livros
de intempéries físicas naturais.
Por sua vez, o bloco administrativo (1 a 5) está no outro extremo do
edifício, sendo as salas que receberão maior incidência solar (2 e 4) espaços
de pouca permanência, como copa e vestiários; os locais de maior
permanência, como diretoria, sala de reunião e secretaria (1, 3 e 5) ficaram
voltados para a face sudeste, recebendo insolação apenas pela manhã.
A presença de ambientes de cunho pedagógico no pavilhão, mesmo que
não seja de uso exclusivo da escola – como as salas de aula e oficinas –
realiza um intermédio de função, pois a área pedagógica pode ser uma
extensão da escola, como também um local para visita isolada. Essa
semelhança torna coerente a conexão dos edifícios.
O volume da escola ambiental é caracterizado por um único corredor
que dá acesso a todos ambientes dispostos paralelos em linha. As salas de
aula (14), assim como as oficinas, recebem proteção solar através da marquise
e por cruzarem todo o edifício, contam com a ventilação cruzada. O bloco de
circulação vertical (7) faz intermédio entre as salas e os espaços de menor uso,
como é o caso do depósito e banheiro (7 e 8), estão locados na ponta do
edifício, onde a incidência solar perdura por quase o dia todo.
O último edificado que iremos analisar trata-se do centro de reciclagem,
dessa vez sua análise é um pouco mais complexa, pois além das limitações
impostas por ser um espaço existente, também é necessário entender sua
funcionalidade, e como os equipamentos se comportam.
No estudo de caso do Centro de Coleta de Materiais Recicláveis de
Schweinern, entendemos o centro como um ciclo, onde os veículos entram,
descartam seus resíduos em contêineres e saem. Entretanto, devido aos
limitadores físicos do espaço trabalhando, esse ciclo de funcionamento deverá
ser alterado, todavia, o conceito ainda seguirá como um ciclo.
Aprofundando os estudos acerca do tema, nos debruçamos em cima da
produção de Padiá e Polzer (2011) as quais determinam parâmetros para o
projeto de uma usina de triagem de resíduos sólidos.
“A Usina de Triagem de Resíduos será construída sobre uma
base elevada de 1,20m garantindo o acesso dos caminhões
através de docas ao redor do edifício. (...) O programa da Usina
compreende as seguintes áreas: Estoque de plástico, metal,
materiais inflamáveis, madeira, papel e papelão, vidro,

151
lâmpadas, pilhas e baterias, sucata eletrônica, óleo de cozinha,
entulho, área para indiferenciados, área para recebimento, área
para triagem, recepção, treinamento, almoxarifado, sanitários e
vestiários, copa, salas técnicas, ambulatório, depósito de
materiais de limpeza e um mirante para a área de triagem.”
(PADIÁ e POLZER, 2011, p. 6)

Entendendo alguns parâmetros que o texto impõe, e aproveitando as


docas de caminhões existente, o programa do nosso edifício fica designado em
quatro grandes aspectos, sendo eles:

PRENSAGEM
RECEPÇÃO TRIAGEM ESTOQUE
TRITURAÇÃO

Figura 100 - Gráfico hierárquico sintetizando o programa de necessidades do centro de reciclagem. Fonte: Pedro H.
N. Patelli, 2021.

Na área de recepção encontramos a área de manobra, o ambulatório, os


vestiários, o almoxarifado, o setor administrativo, o fosso de descarga de RSU
e o maquinário para carregamento desse material destinando-o para a área de
triagem; nesta, projetamos uma esteira que auxilia no processo de seleção do
material; a seção de prensagem e trituração são separadas, a trituração é um
local restrito a qual os matérias não recicláveis são destinados, enquanto a
prensagem é feita em nos recicláveis (plástico e papel); e por fim, no estoque
contamos com estandes para armazenamento de papeis, plásticos, metal,
vidro, madeira, sucata eletrônica, lâmpadas, materiais inflamáveis, pilhas,
baterias e entulho. Após entender o funcionamento do programa, projetamos
os fluxos com base na figura 100 mostrada anteriormente, e em seguida a
setorização, que deve estar bem designada para não ocorrer conflitos e ruído
nos fluxos.

152
Figura 101 - Perspectiva isométrica da setorização centro de reciclagem. Elaboração: Pedro H. N. Patelli, 2021.

A setorização acima é representada por oito cores diferentes, sendo


agrupadas conforme a figura 101. Para compor a área de recepção, temos as
cores: azul (3), simbolizando os vestiários; o laranja claro (1 e 2), os serviços;
laranja escuro (17 e 18), demonstrando a área de recepção dos RSU; o
vermelho (16), como setor administrativo. Todas essas colorações emergem da
área de manobra (20), finalizando a parte de recepção. A imagem em
sequência expõe onde iniciaria a intervenção no espaço de recepção.

153
Figura 102 - Edificado onde será a recepção do centro de reciclagem. Fonte: Pedro Henrique Natalino Patelli, abril de
2021

A área de triagem é representada pelo amarelo (15), que conecta a


recepção até o setor de prensagem e trituração, identificada pela cor amarelo
claro (13 e 14), após essa parte os resíduos serão destinados aos seus
estandes de armazenamento – cor lilás (4-9, 12, 13 e 19) -, o que for prensado
é destinado para seus respectivos estandes, enquanto o que for triturado (não
reciclável) é destinado para o estoque de triturado (19) que fica na área de
manobra, para facilitar a retirada desses RSU e encaminhando-o para o aterro
sanitário de uso municipal.
A cor lilás é identificada fazendo o contorno do espaço, interrompida
apenas pela circulação vertical (existente). Nota-se também que existem
diversos tamanhos dos estandes, essa variação ocorre de acordo com o
volume que cada material é reciclado, no entanto, se houver a necessidade de
expansão de algum estande, será possível, pois suas divisórias serão feitas
através de alambrados, permitindo o redimensionamento de cada ambiente e
também a circulação da ventilação.
O corte a seguir exemplifica o processo de recepção-triagem-trituração
de resíduos sólidos urbanos:

154
Figura 103 - Corte esquemático do processo de recepção-triagem-trituração de RSU. Elaboração: Pedro H. N. Patelli,
2021.

A forma que os ambientes foram dispostos cria um ciclo de início e fim,


assim como o Centro de Coleta de Materiais Recicláveis de Schweinern. Os
resíduos sólidos urbanos chegam pela área de manobra, passam pela triagem,
compactação e trituração, e por fim armazenadas ou destinadas para o
estande destinada para o aterro sanitário (19), também localizado na área de
manobra. Ou seja, os RSU entram e saem pelo mesmo lugar.

6.5. MATERIALIDADE
Ao desenvolver um projeto arquitetônico, uma série de fatores estão
inclusas nesse processo, como: design estético; conforto térmico e acústico;
processos construtivos; manutenção e durabilidade; flexibilidade do uso
interno; não geração de resíduos e entulhos; materialidade e origem dos
produtos. Todos esses fatores são resultados de escolhas, as quais
necessitam de um intenso aprofundamento para serem assertivas nas
tentativas de resolver seus problemas. Segundo Pallasmaa (2015), em sua
entrevista para a Indian Architect & Builder: “O importante é que sua mente
continue buscando novas coisas e suas inter-relações. Além disso, o melhor
remédio contra as consequências negativas do envelhecimento é manter seu
senso de curiosidade”.
Tendo ciência do discurso de Pallasmaa, buscamos alternativas
projetuais que sejam ambientalmente corretas, duráveis, economicamente
viáveis e socialmente justas. Para encontrar um material que se enquadre
nesse contexto, diversos fatores diretos e indiretos devem ser analisados

155
como: quão industrializado o material foi até chegar ao consumidor final?
quanto de energia o material consumiu para ser produzido? quanto de entulho
esse material gera? quão complexa é a logística para levar esse material até o
canteiro de obras? dentre outras perguntas.
O primeiro material que associamos a construção civil é o concreto, por
esse motivo estendemos nossa pesquisa acerca dele, segundo Jonathan
Watts, do site The Guardian (2019), embora o concreto seja a maior substância
utilizada no planeta, ele esconde diversos perigos, sepultando áreas férteis e
permeáveis, obstruindo rios, e sendo um dos maiores emissores de CO2, com
mais de 2,8 bilhões de toneladas.

Figura 104 - Manchete do site The Guardian “Concreto: o material mais destrutivo da Terra”. Disponível em:
<https://www.theguardian.com/cities/2019/feb/25/concrete-the-most-destructive-material-on-earth>. Acessado
em: 28 de julho de 2021.

Como um dos conceitos do projeto é construção de baixo impacto, esse


conceito deve refletir na materialidade, por isso, buscamos outras alternativas
estruturais que tenham um desempenho semelhante ao concreto, e que
ofereçam menores impactos ao meio ambiente. Para isso, foram levantados
alguns dados defrontando o desempenho dos diferentes materiais presentes na
construção civil. O gráfico a seguir faz o comparativo entre a madeira, o aço e o
concreto em relação ao seu ciclo de vida, os gráficos demonstram a emissão
de dióxido de enxofre que cada material emite em quatro momentos diferentes,
sendo eles: produção, transporte, operação (por 20 anos) e demolição.

156
Figura 105 – Gráfico de emissão de SO2 dos materiais em construção civil. FAO: Environmental impacts and energy
balances of wood products and major substitutes. SCHARAI-RAD e WELLING, 2002. Disponível em:
<http://www.fao.org/3/Y3609E/y3609e00.htm#TopOfPage>. Editado por: Marcelo Aflalo e Rodrigo Giorgi, 2021.

Nesse contexto, destacamos a madeira, pois apresenta uma menor


emissão de dióxido de enxofre avaliando todos os seus momentos; em seguida
aparece o aço, que produz mais SO2 que a madeira durante sua produção e
operação, por ser pré-fabricado, assim como a madeira, suas emissões de
transporte são equivalentes, enquanto durante sua demolição emite menos
quando comparado a madeira; e por fim, o concreto, sendo o maior produtor de
SO2 em todos aspectos apresentados acima, consequentemente, a pior
escolha dentre os três quando avaliamos “danos ao meio ambiente”.
Embora os dados apresentados acima revelem a madeira como melhor
escolha em relação a emissão de SO2, outro aspecto é importante ser
avaliado: a quantidade de energia necessária para se produzir determinada
quantidade de material. O gráfico a seguir expõe essa relação com quatro
materiais diferentes, a madeira serrada, o perfil de aço, o concreto armado e o
bloco cerâmico.

157
Figura 106 – Gráfico de relação de material (kg) e energia (kWh) dos materiais em construção civil. Fonte: KLOB, J –
presente em “Systems in Timber Engineering” (2008); KUITTINEN, Matti; ORGANSCHI, Alan; RUFF, Andrew –
presente em “Carbon – A Field for Designers and Builder” (2019). Editado por: Marcelo Aflalo e Rodrigo Giorgi, 2021.

A partir da leitura do gráfico podemos entender para a produção de


madeira, a proporção material: energia corresponde a 1:1, enquanto a
proporção do aço é de aproximadamente 1:7, o que corresponde a uma
necessidade muito maior de energia para elaboração do material. No concreto
armado, e para a produção dos blocos cerâmicos, a quantidade de energia
necessária é inferior ao peso do material produzido.
Além dos dados apresentados, a madeira tem como vantagem ser
processo construtivo mais rápido, seco, com menor geração de entulho e com
menor índice de retrabalho, pois as peças são pré-fabricadas e chegam
prontas no canteiro de obras, desconfigurando o processo de construção e se
tornando um processo de montagem. Esse método construtivo diminui
imprevistos na obra e evita a necessidade de redesenho.
A madeira também se mostrou eficiente quando aplicadas em ambientes
educativos devido a sua resiliência e versatilidade, criando ambientes seguros,
saudáveis e inspiradores. Ademais, a madeira também exerce um papel
desestressante nos ocupantes, relacionando-se com o design biofílico
(SOUZA, 2020).

158
A madeira é um material renovável e versátil, podendo ser utilizado tanto
em questões estruturais, quanto aos revestimentos das edificações. Além
disso, devido as características porosas da madeira, ela oferece benefícios
acústicos, podendo moderar a umidade do ar, melhorando sua qualidade.
Entretanto, a madeira requer manutenções frequentes, especialmente se
estiver exposta diretamente a água e aos raios solares (SOUZA, 2020).
“Desenvolver soluções que unam o bem-estar dos usuários a
um uso mais inteligente e respeitoso dos nossos recursos
naturais é imprescindível para o futuro da indústria da
construção civil. As escolas são tipologias que exigem soluções
econômicas, robustas e duráveis e incluir sistemas e materiais
ambientalmente sustentáveis, como a madeira, podem ter uma
função pedagógica e de educação importante para as gerações
futuras e provocar mudanças importantes nas comunidades.”
(SOUZA, 2020).

As vantagens das madeiras não se esgotam apenas nesse texto, a


construção com esse material emite menos CO2 do que construções a base de
terra, esse fato acontece, pois, a madeira absorve o CO2 da atmosfera, criando
um efeito contrário aos demais métodos construtivos (informação verbal).17
Por esses motivos definimos que a estrutura do projeto seria em
madeira, entretanto, devido aos avanços tecnológicos, existem diversas opções
desse material disponível no mercado, cada qual com suas características
especificas. Optamos por madeiras engenheiradas de eucalipto provenientes
de florestas plantadas no sul e sudeste do Brasil (com ensaios e certificações
de qualidade), pois dando prioridade a este tipo de madeira, diminui a pressão
em cima das florestas naturais, refletindo em um menor desmatamento da
vegetação original.
Mas o que é madeira engenheirada? Segundo Marcelo Aflalo, é a
madeira produzida por meio de processo industrializado de combinação e
colagem de múltiplas camadas possibilitando a criação de elementos
construtivos duráveis, de alta resistência e mecânica de performance estrutural
previsível (informação verbal).18
Das opções de trabalho que a madeira engenheirada nos permite
trabalhar, escolhemos o sistema de pilares e vigas, para isso, utilizaremos a

17
Fala do arquiteto Fernando Minto durante o curso “Arquitetura com Terra”, Escola Coletiva de
Projetos, 18 de setembro de 2021.
18
Fala do arquiteto Marcelo Aflalo durante o curso “Da Floresta ao Edificio: a Cadeia e Aplicação da
Madeira na Construção Civil”, Escola Coletiva de Projetos, 12 de junho de 2021.

159
madeira laminada cruzada (MLC). No Brasil, o MLC é feito com eucalipto, e são
peças formadas a partir de lâminas de madeira unidas entre si por um adesivo
certificado para uso estrutural, à prova d’água (ITA, 2014). A imagem a seguir
representa uma estrutura feita a partir de MLC.

Figura 107 - Centro de Eventos Iporanga. Fonte: ITA Construtora, 2011. Disponível em:
<https://www.itaconstrutora.com.br/portfolio/centro-de-eventos-iporanga/>. Acessado em 21 de outubro de 2021.

Nota-se pela imagem, que o material não interfere e nem limita a forma,
podendo vencer grandes vãos e serem dispostos inclinados, eretos ou em
curvas. Entretanto, existem três pontos devem ser considerados quando
realizamos projetos com estrutura em madeira: a presença de agentes
xilófagos19, a exposição aos raios solares e chuva.
Os agentes xilófagos são organismos vivos que utilizam a madeira como
fonte de alimento (vide figura a seguir). A industrialização da madeira, junto
com aplicações de produtos, como inseticidas e fungicidas, que conservam a
qualidade do material fazem com que a atuação desses microorganismos seja
reduzida ou quase nula. Segundo a empresa fabricante de MLC, Crosslam
(2021a):
“Os microrganismos são incapazes de atacarem
madeiras que apresentem um teor de umidade da
madeira abaixo do seu ponto de saturação das fibras.
Isso ocorre, pois os constituintes da madeira devem ser
quebrados em moléculas menores, solúveis em água,
para que sirvam de fonte de energia para um
microrganismo. Assim, os microrganismos produzem
enzimas que atuam como catalisadores sobre os
constituintes da madeira, possibilitando sua quebra. No

19
Do grego: Xylo = Madeira/ Phage = Aquele que come. Podendo ser: Fungos; Cupins; Brocas-de-
Madeiras; Perfuradores Marinhos. Informação verbal, fala do arquiteto Rodrigo Giorgi durante o curso
“Da Floresta ao Edificio: a Cadeia e Aplicação da Madeira na Construção Civil”, Escola Coletiva de
Projetos, 12 de junho de 2021.

160
entanto, a difusão dessas enzimas pela parede celular
exige a criação de aberturas que permitam a passagem
das enzimas, sendo essas aberturas proporcionadas
pelo inchamento da parede celular quando saturada.
Além disso, a água livre na madeira também irá atuar
como solvente, possibilitando o transporte das enzimas
dos microrganismos até o substrato e das moléculas
resultantes da decomposição do substrato até os
microrganismos. Por esse motivo, a maioria dos
organismos não provoca danos em peças com
umidade abaixo do ponto de saturação das fibras, que
corresponde a um teor de umidade da madeira entre 25
e 30%.” (CROSSLAM, 2021a, p. 1)

Figura 108 - Agentes xilófagos. Fonte: Pluggo, 2017. Disponível em: <https://www.pluggo.pt/patologias/>. Acessado
em 21 de outubro de 2021.

Em relação ao contato com a água, a madeira é um material


higroscópico, ou seja, ela pode absorver e liberar umidade com o ar em seu
entorno. Entretanto, quando uma madeira é molhada ela dilata, e quando seca,
contrai, essa movimentação da madeira pode danificar, em longo prazo a
madeira, por isso deve-se evitar colocar as madeiras em contato direto com o
solo, além de utilizar produtos como stains como medidas preventivas para a
preservação do material (CROSSLAM, 2021a).
O contato com o sol é um dos principais motivos do acontecimento do
fenômeno chamado wheatering, esse fenômeno causa um desgaste na cor da
madeira, tornando-a em uma colorização acinzentada. O wheatering ocorre de
maneira superficial no material, não sendo danoso estruturalmente para a

161
madeira. Para evitar esse acontecimento – se desejado - deve-se criar
proteções que diminuam a incidência de raios solares nas peças de madeira
(CROSSLAM, 2021a).

Figura 109 - Fenômeno wheathering. Fonte: CROSSLAM, 2021. Disponível em: Guia Orientativo Para Uso e
Manutenção de MLC e CLT <https://www.crosslam.com.br/site/downloads/>. Acessado em 21 de outubro de 2021.

Outro fator relevante para ser apontado a respeito das estruturas em


madeira, é sobre sua resistência ao fogo, tende-se um falso pensamento
popular que estruturas em madeira são mais frágeis pois em caso de incêndios
ela queimaria mais rápido e toda a estrutura viria à tona. Esse pensamento é
incorreto e reflete desconhecimento acerca do material. A madeira apresenta
uma resistência ao fogo melhor que o aço, pois sua carbonização ocorre de
maneira mais lenta e em temperaturas mais altas (informação verbal)20.
Como serão extraídos aproximadamente 8.000m³ de terra para a
execução de um acesso no encontro das ruas Lacerda Franco e Barão do Rio
Branco, além da utilização da madeira, decidimos trabalhar também com tijolo
solo-cimento, a ideia de usar esse material surgiu da união entre os conceitos
construção de baixo impacto e reciclagem; uma construção de baixo impacto
tem como premissa produzir o mínimo de entulho possível, enquanto a
reciclagem oferece a um objeto um novo uso.

20
Fala do arquiteto Marcelo Aflalo durante o curso “Da Floresta ao Edificio: a Cadeia e Aplicação da
Madeira na Construção Civil”, Escola Coletiva de Projetos, 12 de junho de 2021.

162
Se optássemos por realizar uma edificação inteira em madeira, esses
8.000m³ de terra teriam que ser deslocados para outro local, contrapondo com
o conceito de construção de baixo impacto uma vez que essa terra iria afetar
outro meio ambiente, além da poluição gerada pelo tráfego das centenas de
caminhões necessários para remoção dessa terra do local. Por esse motivo
decidimos manter esse volume no terreno, entretanto dessa vez, ele não teria
mais função de solo, mas de elemento construtivo – reciclando-o.
Os tijolos de solo-cimento são feitos através de uma mistura de terra e
cimento, são blocos ocos e muito resistentes. Sua execução pode ser feita in
loco através de prensa ou moldes, e o canteiro deve ser dividido em: área
fabricação e área de secagem (VAN LENGEN, 2021).

Figura 110 - Tijolo solo-cimento. Fonte: Engenharia 360. Disponível em: <https://engenharia360.com/saiba-o-que-e-
solo-cimento/>. Acessado em 21 de outubro de 2021.

Para melhorar a terra pobre, pode-se adicionar porções de cimento e


cal, ou até asfalto, na composição do bloco. A mistura pode ser feita dentro do
terreno, e por pessoas sem instrução técnica na área. É necessário a utilização
de equipamentos de segurança para realizar a mistura pois o contato com
cimento pode ser danoso a pele, devendo utilizar prensas mecânicas para a
realização do mesmo (VAN LENGEN, 2021).
Os tijolos de solo-cimento proporcionam às construções
impermeabilidade, conforto ambiental e controle de pragas, atendendo às

163
condições mínimas de habitabilidade. Sua manutenção é fácil e não há
necessidade da aplicação de chapisco ou reboco, nem de cuidados especiais –
como acontece na estrutura de madeira (TAGLIANI, 2017).

Figura 111 - Processo de produção do tijolo solo-cimento. Imagem base: VAN LENGEN, 2021. Elaboração desenho:
Pedro Henrique Natalino Patelli, outubro de 2021.

O aspecto estético que o tijolo solo-cimento oferece é muito interessante


no contexto desse projeto, pois se assemelha com os tijolos utilizados na
fachada da fábrica Japy e na chaminé que está presente no centro do terreno.
A utilização desse material, além de ser benéfica ao meio ambiente, também
será uma conexão visual entre o passado (tecelagem) e o presente (complexo
de educação ambiental.
“A utilização de peças em solo-cimento se mostra
sempre vantajosa. Fabricação, cura e secagem dos
elementos, além da montagem das paredes ou pisos,
são atividades muito simples e rápidas. Há muita
economia de tempo e de material. Mas, talvez, o
principal benefício esteja na questão ecológica, já que,
diferente dos tijolos convencionais, nessa tecnologia
não há a necessidade da queima de nenhum material.”
(TAGLIANI, 2017)

Além desses dois materiais, no centro de reciclagem decidimos utilizar o


conceito reciclagem – não ironicamente, representando a ação que ocorre
naquele ambiente – utilizando telhas metálicas reaproveitadas para fazer o
fechamento das fachadas.
A imagem a seguir exemplifica a composição dos materiais que serão
usados predominantemente no projeto.

164
Figura 112 - Moodboard da materialidade. Fonte: Tua Casa, 2021. Disponível em:
<https://www.tuacasa.com.br/tijolo-ecologico/>; Telhas Galvanizadas Bahia, 2018. Disponível em:
<http://www.telhasgalvanizadasbahia.com.br/>; Leroy Merlin, 2021. Disponível em: <https:/

6.6. MODELAGEM E DEFINIÇÃO DA FORMA


Nesse capítulo falaremos sobre a modelagem dos volumes que
apresentamos nos capítulos anteriores, e quais foram suas influencias para a
definição formal da obra.
Seguindo o conceito da corrente artística suprematista, direcionamos
nossos estudos para o espectro espacial da arte. Segundo Malevich (1928,
tradução nossa) “O suprematismo tem dois métodos de revelar os elementos
da percepção: o método "espacial" e o método "cavalete": espaço e tela são os
lugares onde aparecem...”.
Anteriormente apresentamos o desenho suprematista expresso em
planta, ou “em cavalete”, agora esses mesmos espaços serão expostos em
planos tridimensionais, explicitando as diferenças em relações aos dois tipos
de percepções, essas influencias são tomadas a partir dos arkhitektons de
Kasimir Malevich.
“De 1923 até o início da década de 1930, Malevich também
produziu vários modelos tridimensionais, conjuntos de formas

165
abstratas que parecem semelhantes aos modelos de arranha-
céus, chamados" arkhitektons". Os desenhos que compõem a
construção dos modelos são chamados de "planits". Os
arkhitektons são principalmente modelos de gesso branco
compostos por vários blocos retangulares adicionados uns aos
outros. (...) Com sua espacialização da abstração e sua não
objetividade formal, os arkhitektons incorporam o esforço de
Malevich para traduzir os princípios suprematistas da
composição para formas tridimensionais e arquitetura.”
(FABRIZI, 2015, p.1 online, tradução nossa)

Figura 113 - Modelo de arkhitekton de Malevich. Fonte: FABRIZI, 2015. Disponível em: <https://socks-
studio.com/2015/07/15/kazimir-malevichs-arkhitektons/>. Acessado em 25 de outubro de 2021.

Sabendo que as planits representam uma forma e quando aplicada aos


arkhitektons, essa mesma forma pode ser vista de maneira totalmente
diferente, entendemos a arte suprematista uma composição arquitetônica e a
relação planta x maquete.

“O problema da forma tem jogado e ainda desempenha um


papel imenso na arte suprematista. Sem ele, é impossível
revelar qualquer um dos elementos da percepção: cor,
dinâmica, estática, mecânica, motivo, etc. Percebe-se,
portanto, que o primeiro essencial é criar um elemento objetivo
de forma, com a ajuda de que se pode expressar percepções
mudando a relação de um com o outro.” (MALEVICH, 1928, p.
1 online, tradução nossa)

No excerto acima, Malevich define a forma como um objeto revelador –


em diversos aspectos, como composição, materialidade, função, organização,
etc. -, dessa maneira, entendemos que aplicando a forma previamente definida
– em cavalete, ou planits – em seu plano espacial, a percepção inicial é
descaracterizada, resultando em uma nova perspectiva do objeto ou espaço.

166
Tendo conhecimento das características do suprematismo no espectro
da arquitetura e urbanismo, e as relações que criam os arkhitektons, iniciamos
nosso projeto a partir dos volumes sólidos e chapados, apresentados
anteriormente no tópico setorização (figura a seguir); e das características dos
materiais apresentados.

Figura 114 - Volume inicial. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Inicialmente, abordando o bloco do pavilhão e escola ambiental,


pensamos em estender algumas características do desenho da implantação
para os desenhos das fachadas, nesse contexto foram desenhados modelos
de pilares em “V”, fazendo referência aos caminhos que se cruzam por todo o
terreno. Vide figura a seguir:

167
Figura 115 - Pilares em V em MLC. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

O pilar à esquerda será utilizado na escola ambiental, com um pilar em


90º com o solo, e outro com 15º de inclinação do primeiro; enquanto o pilar da
direita será utilizado no pavilhão, tendo uma inclinação de 75º em cada ponta,
formando um ângulo central de 30º. Ambos os pilares foram desenhados para
que sejam executados em madeira laminada colada, sendo na parte inferior
parafusados com um aparelho de apoio metálico, posicionado sobre uma base
em graute. Essa ordem de elementos é importante pois evita o contato da
madeira direto com o solo, diminuindo a possibilidade de a madeira entrar em
contato com a água.
Após a definição dos desenhos dos pilares, aplicamos os mesmos
dentro da forma descrita no parágrafo acima, enquanto o pilar da esquerda é
colocado no sentido transversal de seu bloco, o da direita acompanha as linhas
do perímetro da edificação. Vide a figura a seguir:

168
Figura 116 - Volume com os pilares. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Na imagem acima, o desenho em vermelho representa as alterações


feitas no volume inicial. Assim como os pilares, decidimos criar angulações
para a cobertura, de modo que os pilares interajam com a parte superior da
edificação.
As angulações no telhado satisfazem a ambição volumétrica do projeto,
entretanto, na tentativa de fazer um resgate ao passado, buscamos referencias
que fizessem os visitantes terem memórias da antiga Tecelagem Japy. Por
esse motivo, suavizamos as quebras no telhado e ao invés dos vértices de
encontros, criamos curvas suaves, com o objetivo de simbolizar os tecidos que
ali eram fabricados e ensinados aos funcionários, evidenciando subjetivamente
um caráter educacional.

Figura 117 - Volume com cobertura ondulada. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

169
Malevich (1928) destaca a importância de um elemento formador
invariável no desenvolvimento da forma suprematista, sendo um elemento de
destaque nas obras arquitetônicas.
“O elemento formador invariável objetivo adquire enorme
importância no desenvolvimento geral da forma suprematista.
Muitas individualidades podem trabalhar nesta forma. Eles
ajudam a revelar sua sensação aguçada aos outros e a criar
uma diversidade de forma característica de uma individualidade
particular, sem abandonar o estilo suprematista.” (MALEVICH,
1928, p.1 online, tradução nossa)

Nesse caso, o elemento formador invariável que escolhemos é o resgate


ao passado, utilizando de recursos que tragam e explicitem a memória do
terreno, mesmo tendo um uso diferente de seu inicial.
Os desenhos das curvas foram exaustivamente testados até chegar em
um padrão consistente e proporcional, especialmente no bloco da escola
ambiental, onde criamos um intervalo entre a linha, possibilitando a abertura
para a iluminação zenital. O traçado é explicado em corte na figura a seguir:

Figura 118 - Corte demonstrando o shed. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

A figura acima demonstra como foi estruturado o pavimento superior da


escola ambiental, nota-se que a cobertura se inicia com uma curva suave e
depois temos outra curva mais acentuada que faz a abertura para o shed.
Como essa parte do bloco está voltado para o sudoeste, nessa abertura
entrará predominantemente luz solar indireta, recebendo baixa insolação direta,
favorecendo o ambiente em questões de conforto ambiental e diminuindo a
quantidade necessária de iluminação artificial, visto que por ser uma sala de

170
aula essa área necessita de bastante iluminação. No canto esquerdo é possível
identificar o pilar em “V”.
Esse padrão de pilares em “V” e curvas também foram replicados no
edifício do centro de compostagem, mantendo a coerência entre os edifícios do
complexo. A imagem a seguir demonstra como essas características foram
implantadas dentro da forma.

Figura 119 - Volume centro de compostagem. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

A figura acima demonstra um croqui da forma do centro de


compostagem, em preto, representa o volume apresentado pelo estudo de
setorização, enquanto o vermelho simboliza as alterações e modelagens na
forma. Como o centro de compostagem necessita de um grande vão e com
pilares nas pontas, buscamos uma estrutura mais simples – visto que é uma
área para serviço – e que encaixa nos conceitos pré-estabelecidos.

171
Figura 120 - Seção estrutura centro de compostagem. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

O desenho acima representa uma parte da estrutura do centro de


compostagem, a forma em que solucionamos os desafios citados no parágrafo
anterior, foi através de uma estrutura biarticulada, onde os pilares em “V”, com
ângulo de 20º, estão apoiados sobre rótulas metálicas. Os pilares trabalham a
flexão da estrutura, impedindo o giro e mantendo-a estável. Esse tipo de
estrutura permite uma viga superior em curva contínua, como é sintetizado no
desenho à direita, o princípio da estabilidade através de um pórtico biarticulado.
O último ambiente que abordaremos nesse capítulo, é o centro de
reciclagem, contudo a abordagem desse espaço deve ser diferente dos
demais, pois é um local existente, onde temos que fazer algumas intervenções.
A imagem a seguir expõe como será a intervenção no local.

Figura 121 - Volume centro de reciclagem. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

172
A figura acima expõe alguma das intervenções na área externa do
centro de reciclagem, o desenho na cor preta representa o espaço existente,
enquanto o vermelho representa as alterações que foram feitas no local.
Basicamente, o galpão foi todo fechado com telhas metálicas
sanduíches reciclados, tendo uma faixa superior para ventilação, enquanto na
parte inferior, nas docas, foram implantados portões basculantes articulados.
Para a área de serviços/administrativa, foi implantado uma passarela metálica
com uma cobertura ondulada, se conectando com a cobertura dos demais
pavimentos.

6.7. PAISAGISMO E DESENHO DAS ÁREAS EXTERNAS


Nesse tópico será explicado o processo projetual utilizado para o
desenho das áreas externas, além de exemplificar com imagens e referencias
algumas das espécies que se pretende utilizar nesse lote. Cabe mencionar que
o objetivo desse tópico não é descrever especificamente onde será plantada
cada espécie de vegetação, mas sim, criar parâmetros, levando em
consideração as formas e tamanhos das plantas, fornecendo uma base para
um futuro projeto mais detalhado.
Parte das áreas externas já foram projetadas anteriormente, os
caminhos, gramados e espaços para as vegetações, utilizando como referência
a vanguarda suprematista. A imagem a seguir exemplifica como esse desenho
ficou em definitivo.

173
Figura 122 - Implantação. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Conforme descrito anteriormente, os volumes em branco representam as


edificações; as linhas em cinza, os caminhos; as partes em azul, os espelhos
d’água; enquanto as partes verdes claros são os gramados; e as verdes
escuras são partes destinadas ao plantio de espécies. As árvores
representadas no desenho são existentes, e as construções em bege são os
vizinhos. Nota-se que a predominância dos espaços não-edificados é marcada
pela cor verde escuro, no entanto, quando nos referimos a “partes destinadas
ao plantio de espécies”, essas espécies são variadas, tanto na origem, floração
ou tamanho, podendo ser desde forrações, até árvores com copas altas.
Para entender melhor como essas partes funcionam, desenvolvemos um
estudo em cima da ilustração, simbolizando os fluxos.

174
Figura 123 - Estudo de fluxos nas áreas externas. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Cada linha tracejada colorida no desenho representam um fluxo, as


linhas amarelas representam trajetos percorridos por pedestres; as linhas
vermelhas representam os fluxos de serviços, onde pode ocorrer a presença de
veículos automotores para transporte de materiais de trabalho (resíduos sólidos
e orgânicos), como também materiais de uso interno (como produtos de
limpeza e até alimentícios para a lanchonete); por fim, as linhas em azul
representam trajetos de emergência, caso ocorra algum acidente e haja a
necessidade de ambulâncias adentrarem ao terreno, foram projetadas rotas de
escape mais rápidas para essas situações. O trajeto do pedestre não se limita
ao tracejado exposto na figura, uma vez que os jardins e gramados são livres
para a ocupação, porém uma representação completa de fluxos, resultaria em
um emaranhado de linhas impossíveis de serem lidos.
Pensando na ocupação dos jardins, e buscando atrair ainda mais o
público geral, em especial o infantil, foram projetados quatro espaços temáticos

175
e lúdicos dentro dos locais destinados para o plantio de vegetações. A figura a
seguir expõe como esses novos espaços interagem com os demais.

Figura 124 - Implantação com os jardins temáticos. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Para o desenho das formas desses novos espaços foram utilizadas


como referência as próprias linhas de influência dos caminhos e jardins,
mantendo uma coerência no desenho das áreas externas. A ideia de criar
espaços temáticos, além de atrair o público infantil, tende a manter um caráter
pedagógico, visto que terão placas explicativas sobre o tema que cada local
aborda. Ademais, serão utilizados materiais reciclados para a composição
desses espaços, expondo que é possível criar lugares criativos e divertidos a
partir de resíduos sólidos urbanos.
Cada local é representado por um animal, e oferece uma atividade
totalmente diferente da outra, onde cada usuário pode ter uma interpretação
e/ou uso único do local. O espaço apontado como número 1 pela figura acima,
corresponde ao Nado do peixe, nesse lugar, os visitantes poderão ter contato

176
com fontes de água, além de um “riozinho”, que funcionarão durante um
período específico do dia.
Seu local foi estrategicamente posicionado ao lado do espelho d’água,
diminuindo a necessidade de maiores tubulações; o piso utilizado para esse
espaço será emborrachado, composto resíduos de borracha reciclada; por fim,
apresentará painéis educativos, onde expõem sobre a importância dos rios e
dos animais aquáticos no ecossistema, atrelando diversão-educação.
O número 2, corresponde ao Salto do macaco. Nessa área os visitantes
serão apresentados a uma composição de postes reciclados, onde poderão
praticar parkour, escalar, rodar, e o que mais a mente permitir. O piso, assim
como o Nado do peixe, é emborrachado e feito a partir de borracha reciclada, e
esse espaço também conta com painéis informativos, nesse caso, sobre os
macacos.
No espaço número 3 está presente o Pulo do canguru. Nesse ambiente,
serão posicionados diferentes tipos de pneus, com borrachas entrelaçadas,
formando várias espécies de trampolins. O piso e as placas são semelhantes
aos demais espaços.
Por fim, o ambiente número 4 corresponde a Colmeia de abelhas. Esse
ambiente é o mais diferente de todos, seu formato hexagonal remete aos favos
de mel, entretanto, os transeuntes que visitarem a Colmeia de abelhas,
encontrará diferentes espaços, em um favo acontece um playground; em outro
foram dispostos módulos feitos de metal reciclado, hexagonais, podendo ser
utilizados como bancos, mesas, arquibancada, etc; por fim são dispostos três
favos que comportam um jardim aromático, fazendo referência ao processo de
polinização realizado pelas abelhas. O piso, assim como todos, é feito em
borracha reciclada, evitando acidentes em caso de queda; assim como também
é existente a presença de painéis explicativos sobre as abelhas.
Tendo conhecimento de todos os espaços externos, iremos posicionar a
vegetação no terreno, utilizando como conceito: fatores sensoriais, ou seja, as
vegetações serão posicionadas objetivando gerar sensações especificas nos
visitantes a partir do seu porte e a composição feita junto a arquitetura.

177
Figura 125 - Implantação com os jardins temáticos. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Para a representação da figura acima, utilizamos quatro figuras que


representam o porte da vegetação que será utilizada em cada região. As
árvores mais escuras, são árvores que podem atingir de 4 a 8 metros;
enquanto as mais claras, são árvores de porte maior que 8 metros; as
“estrelas” representam as palmeiras; enquanto a hachura de piso verde escuro,
demonstra que naquele local pretende-se implantar vegetações arbustivas ou
forrações.
Para melhor entendimento do porque a vegetação foi disposta desse
jeito, iremos setorizar o mapa, com o objetivo de demonstrar o que cada região
especifica representa.

178
Figura 126 - Destaque jardim de entrada. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Na figura acima foi destacado uma área do projeto, esse jardim está
localizado na entrada do lote existente pela rua Lacerda Franco, entre a fábrica
Japy e o vizinho confrontante. As vegetações foram posicionadas de tal
maneira, pois o objetivo era reduzir o campo de visão do visitante que observa
o prédio da rua, e assim que se adentra ao lote, seu campo de perspectiva
seria aumentado gradualmente, oferecendo uma sensação de descoberta e
surpresa. Nota-se que na imagem existe um ponto preto com uma extensão
vermelha, trata-se do campo de visão que será abordado em perspectivas.

Figura 127 - Ilustração do campo de visão na figura x. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

179
A partir da ilustração percebemos como a vegetação atuaria no portão
de entrada, atuando como barreira visual, escondendo o que o terreno abriga,
e funcionando, em partes como barreira física, estreitando o caminho do
pedestre.

Figura 128 - Destaque Nado do peixe. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Foi desejado que o espelho d’água ficasse próximo ao Nado do peixe,


criando uma relação com o uso da água, além disso, dentro do espelho
pretendemos utilizar de algumas plantas aquáticas. Como o contato com a
água nesse espaço é recorrente, mantivemos o espaço próximo ao gramado e
evitando posicionar árvores sobre o ambiente, dessa forma, permitindo a
abertura a luz e incidência solar, evitando sombras.
Outro motivo do jardim ser composto com uma faixa gramada, é
aumentar a sensação de dimensão, onde o visitante após sair do primeiro funil
de árvores se depara com um extenso gramado, com árvores ao fundo e
apenas uma parte da arquitetura, instigando a curiosidade do pedestre,
fazendo desejar explorar o que aquela paisagem esconde.

180
Figura 129 - Ilustração do campo de visão na figura 128. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Na perspectiva abordada pela ilustração, notamos a presença do jardim


de entrada no canto direito, parte da arquitetura no canto esquerdo, o jardim
temático Nado do peixe ao centro, seguido de um extenso gramado, e ao fundo
mais uma maciço verde que esconde o resto do lote. A presença da vegetação
faz com que aquele lote plano inicial ofereça ambientes diversos dentro dele.

Figura 130 - Destaque jardim da estufa. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

181
Nesse local, a vegetação na proximidade da escola ambiental, foi
posicionada com o objetivo de que quem tivesse no interior das salas de aulas
e oficinas, quando observassem pelas janelas, pudessem ter contato direto
com as árvores. Enquanto a vegetação posicionada ao lado do confrontante,
atual como barreira visual para as pessoas que observam o lote pelo
estacionamento do supermercado. Por fim, a vegetação no fundo do lote é
marcada por forrações e arbustivos, objetivando criar um mirante e manter a
visual da cidade que aquele ponto possui.
Com o objetivo de proteger a rampa de acesso ao centro de reciclagem,
foi projetado um pergolado sobre essa rampa, feito em madeira laminada
colada, e coberto com placas de policarbonato posicionados com inclinação de
1%. Também foi projetada uma rampa que a cruzasse por cima, dessa forma
elevamos um pouco o caminho, fazendo uma rampa de inclinação de 5%, que
cruza superiormente o acesso ao centro de reciclagem.

Figura 131 - Ilustração do campo de visão na figura 130. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Na figura acima, é perceptível entender como foram feitas as relações


da vegetação atrás da estufa (à esquerda), junto a presença de forrações, que
atuam subjetivamente como uma barreira física, e também a interação entre
vegetação-escola (à direita). Nota-se também o pergolado ao fundo, sem a
presença de vegetações altas, que emolduram o mirante da cidade.

182
Figura 132 - Destaque Salto do macaco. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

No Salto do macaco, utilizamos do maciço verde como recurso para


compor a área, criando realmente um aspecto de floresta em que faça o
visitante explorar adentro da mesma. Utilizamos de uma árvore de maior porte
ao centro, que atuará como referência, visto que os aparatos projetados nessa
área utilizarão da mesma como complemento. Além disso, essa composição
verde, funciona como uma barreira física separando os dois gramados.

Figura 133 - Ilustração do campo de visão na figura 132. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

183
A ilustração representa como a vegetação isola o espaço Salto do
macaco do seu arredor, possibilitando ao transeunte uma imersão dentro das
árvores para descobrir o que se esconde ali dentro. Nota-se também que a
vegetação permite apenas observar resquícios da arquitetura, onde cada
abertura entre arvores possibilita a visualização de um detalhe arquitetônico.
Entendendo assim a vegetação como um complemento a arquitetura, visto que
a cada local possibilita uma nova visual do espaço, e que em cada visita ao
complexo os visitantes descobrirão uma nova perspectiva.

Figura 134 - Destaque quadras de basquete. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

As cestas de basquete foram posicionadas no sentido norte-sul, evitando


o ofuscamento na hora do jogo. Enquanto para a vegetação nessa parte, foram
utilizadas poucas árvores, apenas com o objetivo de fazer sombra na
proximidade das quadras, evitando também a presença de folhas e sujeiras no
interior da quadra.

184
Figura 135 - Ilustração do campo de visão na figura 134. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Na ilustração acima é possível identificar que a vista da quadra permite


um amplo visual da arquitetura, assim como uma parte da chaminé. Suas
árvores encontram-se presentes atrás das cestas e são pouco expressivas
nessa perspectiva. O pouco uso de vegetações, acompanhado do gramado na
lateral, oferece uma sensação de amplitude, tendo perspectiva que as quadras
parecem ser maiores do que realmente são.

Figura 136 - Destaque Pulo do canguru. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

185
A vegetação utilizada para o Pulo do canguru é semelhante a que foi
projetada no Salto do macaco, uma vegetação mais densa e fechada, que
permite que os transeuntes explorem o interior dessa área, trazendo a
sensação de curiosidade e descoberta para os usuários.

Figura 137 - Ilustração do campo de visão na figura 136. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

A ilustração representa como a vegetação interage com o espaço,


criando uma barreira visual que permite a visualizações de fragmentos da
arquitetura. As arvores são de porte entre 4 a 10 metros e foram posicionados
de modo a fornecer sombra para os usuários do espaço. Os caminhos de piso
emborrachado criam trilhas no interior do jardim, permitindo também o tráfego
de cadeirantes e pessoas com necessidades especiais.

186
Figura 138 - Destaque Colmeia de abelhas. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Para a vegetação na Colmeia das abelhas, objetivamos criar uma densa


vegetação ao redor do centro de compostagem, por questões de conforto, e
também criando uma relação de extensão com o bosque existente, a
vegetação se mantém densa também nas proximidades ao acesso de serviço
do centro de compostagem. A vegetação se cessa nas proximidades da horta,
dessa forma, possibilitando a entrada de luz solar, necessária para o
crescimento das hortaliças. O porte das plantas vai diminuindo gradualmente
conforme vão se aproximado do pavilhão urbano, chegando até a forração.
Além disso, a Colmeia de abelha apresenta uma distinção das demais: o
jardim aromático, relacionada com a polinização feita pelas abelhas, pensamos
em utilizar flores e plantas aromáticas nesse ambiente.

187
Figura 139 - Ilustração do campo de visão na figura 138. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Na figura podemos ver os diferentes espaços que a Colmeia da abelha


oferece, sendo o mais próximo, um jardim aromático, logo atrás uma praça de
encontro; ao fundo, à esquerda, o playground; e à direita, o resto do jardim
aromático.
Nota-se também a presença intensa de vegetação nessa região, era
como se o bosque existente tivesse tomado conta do terreno, aproximando a
relação com a natureza e atrelando ao esquecimento da vida urbana. Ao fundo
da imagem, à esquerda, é possível observar detalhes arquitetônicos e a fluidez
do edifício, assim como a chaminé; à direita da figura observamos fragmentos
do centro de compostagem entre os vãos das árvores, escondendo o que
ocorre ali, despertando a curiosidade dos visitantes, fazendo-os irem até lá
para descobrir o que ocorre ali.

188
Figura 140 - Destaque rampa de acesso da Rua Barão do Rio Branco, e pátio central. Fonte: Pedro Henrique N.
Patelli, 2021.

A figura acima destaca os jardins localizados a norte do terreno,


localizado próximo acesso da esquina entre as ruas Lacerda Franco e Barão
do Rio Branco. Nessa área foram utilizadas poucas árvores, sendo
predominante a presença de forrações e arbustos, além de utilizar palmeiras
em alguns pontos.

Figura 141 - Ilustração do campo de visão na figura 140. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

189
Para o desenvolvimento do acesso, obedecendo as ideias do desenho
universal, foi projetado um circuito de escadas e rampas, utilizando como
referência a Esplanada Monte Castelo. Seu percurso em zigue-zague, torna
sua travessia mais agradável, pois o transeunte vê segmentos que deve
percorrer, e não em sua totalidade, aparentando ser um percurso menos
cansativo.
Foram posicionadas árvores de nos cantos das rampas, como o objetivo
de fornecer áreas de sombra durante o trajeto, enquanto nos demais canteiros
foram projetados a ocupação com arbustos e forrações, objetivando
demonstrar a amplitude do espaço, visto que conforme a subida pelas escadas
e rampas são feitas, mais partes do espaço são reveladas gradualmente. Por
esse motivo, colocar barreiras visuais quebrariam a percepção do edifício.
Como dito anteriormente, o objetivo do paisagismo neste projeto é criar
parâmetros a partir do porte das vegetações, entretanto, serão sugeridas
algumas espécies que se encaixam nos portes pré-estabelecidos, e que podem
ser plantadas no clima de Jundiaí. É conveniente que seja priorizado plantas
nativas, pois como estão acostumadas com o ambiente requerem menos rega.
Algumas das sugestões de plantas nativas arbustivas e forrações que
podem ser utilizadas no projeto são:

Figura 142 -Exemplos de plantas nativas arbustivas e forrações. Fonte: Sitio da Mata, 2021. Disponível em:
<https://www.sitiodamata.com.br/especies-de-plantas/mudas-de-plantas/especies-nativas/>. Acessado em: 04 de
novembro de 2021. Adaptado.

190
Como sugestão de espécies com porte entre 4 a 10 metros, nativas são:

Figura 143 - Exemplos de plantas nativas de porte entre 4 a 10 metros. Fonte: Sitio da Mata, 2021. Disponível em:
<https://www.sitiodamata.com.br/especies-de-plantas/mudas-de-plantas/especies-nativas/>. Acessado em: 04 de
novembro de 2021. Adaptado.

Em seguida serão apresentadas sugestões de árvores nativas com porte


maior de 10 metros:

Figura 144 - Exemplos de plantas nativas de porte entre 4 a 10 metros. Fonte: Sitio da Mata, 2021. Disponível em:
<https://www.sitiodamata.com.br/especies-de-plantas/mudas-de-plantas/especies-nativas/>. Acessado em: 04 de
novembro de 2021. Adaptado.

191
6.8. ESTRUTURA
Tendo conhecimento que o material escolhido para a estrutura do
projeto da escola ambiental, pavilhão, centro de compostagem e estufa é a
madeira laminada colada, algumas soluções foram pensadas para a montagem
das estruturas, para seus dimensionamentos foram utilizadas as referências de
Yopanan C. P. Rebello (2000), em seu livro “A concepção estrutural e a
arquitetura”; Ching, Onouye e Zuberbuhler (2015), no livro “Sistemas
Estruturais Ilustrados”; e dados fornecidos por um dos fabricantes de MLC no
Brasil, a Crosslam (2021b). As imagens a seguir expõem detalhes da estrutura
da escola ambiental.

Figura 145 - Perspectiva explodida da estrutura da escola ambiental e pavilhão. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli,
2021.

192
A figura acima representa como foi elaborada a estrutura da escola
ambiental e do pavilhão urbano. Entendemos a estrutura sendo feita de pilares
e vigas de madeiras sobrepostas, sendo necessário a presença de parafusos e
conectores para a composição da mesma. Conectores são peças metálicas
que transferem os esforços de cisalhamento entre as faces de dois
componentes de madeira (CHING, ONOUYE e ZUBERBUHLER, 2015).
Para o dimensionamento dos pilares utilizamos os dados de Rebello
(2000), onde levamos em consideração os pontos mais críticos dos pilares:
mais altos e com mais carga.

Figura 146 - Gráfico de dimensionamento dos pilares em madeira. Largura coluna x altura não travada. Fonte:
REBELLO, Yopanan, 2000. Adaptado.

O gráfico demonstra a relação entre a largura da coluna e a altura não


travada, onde a mancha cinza escura demonstra as dimensões ideais para o
dimensionamento dos pilares, onde a linha inferior corresponde ao mínimo, e a
superior o máximo, entretanto essas medidas podem sofrer variações
(REBELLO, 2000). Considerando que o pilar mais alto tem aproximadamente
8,5 metros, e utilizando o máximo de segurança, a largura corresponde a
40cm.
193
Para descobrir a outra dimensão dos pilares utilizamos o gráfico de
Rebello (2000), que faz relação entre largura da coluna e número de andares.

Figura 147 - Gráfico de dimensionamento dos pilares em madeira. Largura coluna x número de andares. Fonte:
REBELLO, Yopanan, 2000. Adaptado.

A interpretação dos dados expostos no gráfico é semelhante ao anterior.


Considerando os dados apresentados pelos gráficos, definimos todos os
pilares da escola ambiental e do pavilhão com a seção de 20x40cm
padronizando-os.
Para o dimensionamento das vigas, utilizamos as informações presentes
no anexo A, a tabela de pré-dimensionamento de estruturas em madeira,
desenvolvida pelo Engenheiro Alan Dias, da Crosslam Brasil (2021b). O anexo
é descrito os diferentes sistemas estruturais em madeira, e algumas de suas
características técnicas.
Para o projeto da escola ambiental e do pavilhão urbano, utilizamos
vigas laminadas coladas bi-apoiadas, retas e em curvas, embora as vigas em
curva sejam mais caras que as vigas retas, a composição da linha orgânica faz
parte do conceito projetual, servindo como elemento estético de resgate ao
passado, como funcional, para o posicionamento das placas fotovoltaicas e as
aberturas para entrada de iluminação natural.

194
Utilizando os dados referenciais do anexo A, as alturas das vigas bi-
apoiadas podem ser calculadas através da seguinte fórmula:

onde:
H = altura da viga (cm);
l = vão (cm).

Seguindo a fórmula de pré-dimensionamento fornecido pela Crosslam


(2021b), obtivemos diversas seções de vigas, tendo uma variação entre
20x20cm nas vigas com menores vãos, chegando até 60x20cm nas de maiores
vãos.
Para a montagem dessa estrutura, é necessário o detalhamento de uma
série de elementos, são parte desses elementos as figuras a seguir:

Figura 148 - Detalhamento fixação estrutura de madeira ao solo. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

195
A figura acima detalha como deve ser feita a fixação dos pilares ao solo.
Como a estrutura de madeira é frágil quando entra em contato com a água, a
sua fixação não pode ser feita diretamente ao solo, sendo necessária diversas
camadas de proteção – pescoço de concreto, graute e aparelho de apoio - até
chegar ao pilar de madeira. O apoio metálico é fixado ao solo e atua como
intermediário entre solo-pilar.

Figura 149 - Fixação estrutura de madeira ao solo. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

As figuras acima demonstram como o pilar fica acabado. Nota-se que o


pilar fica elevado sobre uma camada fina de graute, para se fazer essa
camada, segundo a construtora ITA (informação verbal)21, a fundação deve
estar pronta com espera (tubo de PVC 3’’), sendo retirado após a concretagem
da fundação; os pilares são posicionados, escorados, alinhados e prumados; o
furo é preenchido com graute (1ª fase); após endurecido, o escoramento é
retirado e é feita a montagem de caixas ao redor dos pilares, preenchendo o
restante com graute (2ª fase); após endurecido, retira-se a caixa e quebra-se a

21
Fala do engenheiro João Pini durante o curso “Concepção de Estruturas em Madeiras”, Escola Coletiva
de Projetos, 17 de o de 2021.

196
saliência resultante. Esse processo de fixação pode ser feito tanto para os
pilares retos, quanto para os pilares em V.

Figura 150 - Conexões vigas-pilares em MLC. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

A figura acima demonstra como é feitos os encaixes das vigas e pilares.


As peças estruturais vêm com encaixes entre si, permitindo a fixação com
pouco uso de aparatos metálicos. Os pinos atuam fixando toda a estrutura
entre si. Entretanto essa não é a única maneira de conectas vigas e pilares. A
imagem a seguir utiliza de um apoio metálico para a fixação das vigas e pilares.

Figura 151 - Conexões vigas-pilares em MLC com cantoneira. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

197
Para a montagem da laje, utilizamos de placas cimentícias e concreto
com sinasita para formar a espessura, e sobre o concreto é aplicada uma fina
massa reguladora que permite a instalação de pisos e revestimentos, na
maioria do projeto, será o piso vinílico com PVC reciclado.

Figura 152 - Perspectiva isométrica axonométrica da estrutura da laje. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

A imagem acima demonstra de forma explodida como acontecerá a


montagem dessa laje, nota-se que nessa escala tomamos conhecimento de

198
como a laje irá interagir com os tijolos em solo-cimento. A imagem a seguir
representa como essa laje será finalizada.

Figura 153 - Perspectiva isométrica da composição da laje. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

Para a armação da cobertura, trabalhamos com uma malha estrutural


em MLC, sendo as vigas principais paralelas em curva, com uma seção de
40x20cm, e as vigas/barrotes complementares que detém de uma seção de
20x20cm, posicionadas a aproximadamente 1,10m de distância entre elas.
Essas peças são unidas através de parafusos 45º que permitem que essas
vigas sejam fixadas faceadas uma na outra. A figura a seguir exemplifica esse
processo.

199
Figura 154 - Perspectiva isométrica da estrutura da cobertura. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021

Após entender a fixação das vigas que estruturam o telhado, será


explicado como a cobertura se comporta. Nos finais das vigas em curva, foram
projetados cortes angulares que diminua a incidência solar ou da chuva nessas
peças, além de contarem com tábuas de sacrifício que fazem a proteção dessa
estrutura. A cobertura é composta por quatro camadas, de dentro pra fora:
chapas em OSB, isolante termoacústico, mais uma camada de chapa em OSB
e por fim a cobertura em Alwitra, permitindo que o telhado acompanhe o
formato de sua estrutura.

200
Figura 155 - Perspectiva isométrica axonométrica da cobertura. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

A figura acima demonstra de maneira explodida como será feito as


camadas da cobertura. Já a imagem a seguir representa como será o telhado
quando for finalizado.

201
Figura 156 - Perspectiva isométrica da cobertura. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

Para solucionar a estrutura de madeira nos sanitários, utilizamos o


fechamento em drywall verde, atuando como um shaft, permitindo que a
tubulação de esgoto passe por dentro de um vão dentro da edificação. Esse
tipo de abordagem facilita a manutenção em casos de vazamentos, além de
afastar o contato entre madeira-água.

Figura 157 - Detalhamento dos shafts sanitários em corte. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

202
O corte acima demonstra como é feita a passagem da tubulação de
esgoto dos vasos sanitários. Entretanto, assim como a tubulação do esgoto é
necessária explicar nas estruturas em madeira, as passagens de ralo dentro do
box também são importantes. A figura a seguir exemplifica como é feito essa
abertura na laje.

Figura 158 - Detalhamento do box dos banheiros. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

A partir desse parágrafo abordaremos detalhes estruturais do centro de


compostagem, assim como explicado anteriormente, a estrutura do cento de
compostagem pode ser resumida em um arco bi-articulado em rótulas.

203
Figura 159 - Perspectiva isométrica axonométrica explodida da estrutura do centro de compostagem. Fonte: Pedro
H. N. Patelli, 2021.

Por atuar como um arco bi-articulado, é necessário que a parte superior


dos pilares seja maior que a parte inferior, dessa forma, foi decidido que o pilar
em V era uma alternativa que atendia estruturalmente o desafio que nos foi
apresentado: vão longo sem apoios intermediários. Então com respaldo da
tabela da Crosslam (2021b, anexo A), onde o Engenheiro Alan Dias apresenta
que o vão que dessa abordagem pode ser até 100m, calculamos qual a altura
da viga necessária para solucionar essa estrutura. Seguindo a fórmula dada
pelo mesmo:

204
onde:
H = altura da viga (cm);
l = vão (cm).

A resultante da fórmula nos apresenta uma altura de viga


correspondente a 25cm, tendo uma seção final de 25x25cm. Tendo ciência
disso, foi desenvolvido alguns detalhes com o objetivo de facilitar o processo
de montagem dessa estrutura, mesmo sendo uma estrutura de fácil montagem,
visto que são apenas pilares e vigas.

Figura 160 - Detalhamento fixação estrutura de madeira ao solo. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

205
A imagem acima demonstra como é o processo de montagem dos
pilares no centro de compostagem, basicamente sua montagem é idêntica a
descrita na figura 149, com apenas dois diferenciais, na figura anterior, o apoio
metálico é fixo, enquanto nesse caso foi utilizado uma rótula articulável, e
também, outro pilar inclinado é fixado com pinos lisos na lateral do pilar locado
no eixo y. A imagem a seguir demonstra como ficariam esses pilares acabados.

Figura 161 - Fixação estrutura de madeira ao solo. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

Por fim, é exemplificado como é feito o encaixe das vigas que irão
suportar o telhado, com o seu apoio em arco. A ligação é feita através de
parafusos aplicados no eixo y, na ponta das vigas de apoio, foram feitos
recortes na diagonal que protegem a estrutura de intempéries físicas.

206
Figura 162 - Fixação das vigas em arco Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

A última abordagem feita nesse tópico é sobre os pilares da estufa. A


forma em que a estrutura da varanda foi pensada, é a mais complexa do
trabalho, trata-se de um pórtico em bumerangue tri-articulado, ou seja, são dois
elementos apoiados em rótulas e unidos ao centro por outra rótula.
No anexo A, esse tipo de estrutura nos é apresentado como treliça,
entretanto foi viabilizado uma maneira de aplicação desse pilar de forma
maciça, sendo o resultado o seguinte.

207
Figura 163 - Fixação estrutura em pórtico bumerangue tri-articulado em solo. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

Embora a fixação no solo deste elemento seja através de rótulas


articuláveis, semelhante ao pilar da figura 149, o diferencial desse tipo de
estrutura é que não existe a necessidade de vigas, o próprio pilar faz essa
função, e a união entre os pilares é feita por outra rótula articulável. Entretanto,
foram projetadas vigas que emparelham os pórticos paralelos, sendo fixadas

208
através de cantoneiras metálicas, conforme exemplificado na figura 163. A
figura a seguir exemplifica o que foi descrito.

Figura 164 - Pórtico bumerangue tri-articulado. Fonte: Pedro H. N. Patelli, 2021.

209
6.9. CONFORTO AMBIENTAL
O termo conforto ambiental, na arquitetura, refere-se as condições e
características do projeto que utilizam recursos naturais fornecendo boas
condições de uso e habitabilidade do espaço. Essas abordagens estão
presentes no controle acústico do espaço, na ventilação, insolação e
iluminação.

6.9.1. CONFORTO TÉRMICO

Nesse tópico iremos identificar características da insolação presente em


cada fachada das edificações do pavilhão urbano e da escola ambiental. Os
dados foram obtidos utilizando a carta solar 24º sul e relacionando com o
contexto projetual.
As imagens a seguir demonstram a carta solar (em preto), a mancha das
edificações (em cinza), as fachadas que estão sendo estudadas (em vermelho)
e o período em que ocorre a insolação nas devidas fachadas (em laranja),
parcialmente ou totalmente. Abaixo, destacamos quais fachadas estão sendo
estudadas.

Figura 165 - Carta solar e insolação nas fachadas. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Os dados da carta da esquerda apresentam as características da


fachada noroeste da escola ambiental. A partir da imagem, entendemos que
essa fachada recebe insolação – total ou parcial – durante todo o ano no

210
período da tarde, no solstício de inverno, a insolação se inicia em torno de
10:00, se pondo às 17:15, enquanto no solstício de verão, se inicia às 11:30 e
se pondo próximo às 19:00.
Enquanto os dados da carta da direita expõem o estudo acerca das
fachadas sudoeste da escola e do pavilhão. Nesse sentido, o Sol incide
durante a tarde por todo o ano. No solstício de inverno, a incidência começa às
15:45 horas, se pondo às 17:15, enquanto no solstício de verão, se inicia perto
das 12:25 e se estende até o fim da tarde.

Figura 166 - Carta solar e insolação nas fachadas. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Na figura esquerda acima apresentamos os dados da fachada sudeste


do pavilhão urbano, recebendo insolação pela manhã por todo o ano. No
solstício de inverno, se inicia às 6:15 e se estende até 9:45; enquanto o
solstício de verão, o sol nasce às 5:00 e deixa de incidir nessa face às 11:45.
Enquanto a figura da direita, analisamos a fachada leste do pavilhão,
assim como o anterior, o sol incide durante a manhã em todos períodos do ano.
No solstício de inverno, se inicia ao nascer do Sol e se encerra às 12:30; já o
solstício de verão, a fachada recebe insolação das 5:00 às 12:10 horas.

211
Figura 167 - Carta solar e insolação nas fachadas. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Na figura acima, são expostos os estudos da fachada norte (esquerda) e


oeste (direita) do pavilhão. Na primeira, nota-se que o Sol incide na fachada
por quase o ano todo, durante o dia inteiro. A insolação ocorre no dia todo
durante o solstício de inverno, enquanto no solstício de verão, o Sol aparece
nessa face às 11:00 e se estende até 16:30.
Já no segundo desenho, o sol é predominante em toda a tarde, durante
todo o ano. No solstício de verão, a insolação se inicia às 12:15 e se estende
até às 18:45; enquanto o solstício de inverno, começa às 12:30 até o pôr-do-
sol.

Figura 168 - Carta solar e insolação nas fachadas. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

212
Por fim, iremos fazer a leitura das cartas (figura acima) em relação a
fachada noroeste do pavilhão (esquerda) e nordeste da escola ambiental
(direita). A primeira recebe insolação durante todo período da tarde o ano todo.
No solstício de inverno o Sol aparece nessa face às 11:30 e se estende até o
pôr-do-sol; enquanto no solstício de verão, a insolação se inicia às 11:45 e dura
até o fim do dia, aproximadamente às 19:00.
Na segunda, a insolação ocorre predominantemente pela manhã. Onde
no solstício de inverno se inicia no nascer do sol e se estende até 15:30,
enquanto no solstício de verão, ocorre durante todo período matutino, das 5:00
às 12:15.
Existem algumas alternativas que controlam a incidência solar nos
ambientes, podendo evita-la ou regula-la, como é o caso dos brises e das
marquises, que são ferramentas arquitetônicas criadas com o objetivo de
proteger ambientes internos de intempéries físicas. Como a setorização dos
edifícios foi feita utilizando de corredores externos para controle de fluxos,
esses corredores também funcionarão como marquises de proteção contra
intempéries físicas (sol e chuva).
Entendendo como a proteção das áreas internas foram pensadas no
trabalho, utilizamos dos recursos da carta solar, junto do transferidor para
designar a proteção que cada marquise apresenta.

Figura 169 - Carta solar e área de sombras. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

213
As imagens acima tem como objetivo demonstrar em que período do dia
as marquises de proteção fazem sombra – completamente - nas janelas e
aberturas da escola ambiental. Sendo a imagem da esquerda referente ao
pavimento térreo, e a da direita o pavimento superior. A parte azul representa
os dias e horários em que as janelas estarão inteiramente cobertas de
sombras.
Conforme mostrado anteriormente na figura 168, a incidência solar
nessa face ocorre durante o período matutino podendo se estender até no
máximo 15:30, que é no solstício de inverno. Devido a largura do corredor e
sua angulação alfa correspondente a 28º no pavimento superior e 43º no
inferior (ângulo referente ao peitoril das aberturas até a o ponto final do beiral),
a escola ambiental se mantem protegida da insolação direta a partir das 8:15
no pavimento inferior, e das 8:00 no superior.

Figura 170 - Carta solar e área de sombras. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

A figura acima, diferente da abordagem feita na escola ambiental é


referente aos dois pavimentos simultaneamente. Entretanto cabe mencionar
que para o pavimento superior foi tirado um ângulo médio, por se tratar de uma
cobertura ondulada, existindo uma variação intensa na angulação, sendo o
ponto mínimo 50º e o máximo 63º. Por isso, levamos em consideração a
angulação de 56º, que coincidentemente corresponde com o pavimento
inferior. Dessa forma, tanto o pavimento superior quanto inferior correspondem
a mesma proporção de sombreamento.

214
Assim como na abordagem anterior, devemos fazer o comparativo com
as figuras recentemente apresentadas, nesse caso as figuras 167 e 168. Na
fachada em destaque pela figura à esquerda, percebemos que a marquise
exerce uma proteção eficiente durante o período da tarde, no solstício de
inverno o Sol começa a adentrar os espaços a partir de 14:45, enquanto no
solstício de verão, a partir de 15:45. A fachada à direita exerce uma proteção
semelhante a da sua vizinha, havendo uma pequena variação de minutos entre
elas.

Figura 171 - Carta solar e área de sombras. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Por fim, as serão avaliadas as fachadas voltadas para a Rua Lacerda


Franco, como anteriormente apresentado (figura 166), nessas fachadas são
predominantes a insolação pela manhã. Na imagem da esquerda, identificamos
que a marquise exerce proteção contra o Sol a partir das 8:00 no solstício de
verão, e 8:15 no solstício de inverno.
Enquanto a fachada da direita, devido sua angulação ser quase paralela
com a linha do norte, recebe insolação durante o período vespertino no
solstício de inverno. Contudo, a proteção que a marquise exerce das aberturas
se inicia às 9:45 nesse período, enquanto no solstício de verão, as áreas se
mantem sombreadas a partir das 8:15.
Os estudos de insolação revelam a necessidade de controlar a
incidência solar em outra fachada além das que contam com a marquise de
proteção. Trata-se da fachada sudeste da escola ambiental, embora a mesma

215
apresente sua face voltada para o sul, tende-se a falsa impressão de que esse
local não receba incidência solar, como nos foi apresentado pela figura 166.
Essa fachada recebe insolação durante toda a tarde no solstício de verão, e a
partir das 15:45 no solstício de inverno.
Tendo ciência das condicionantes naturais apresentadas, buscamos
alternativas que solucionem esse problema, visto que essa fachada apresenta
as aberturas das salas de aula e oficinas, sendo um espaço de permanência e
de importância no controle térmico. Para isso, propusemos brises horizontais
em placas sanfonadas, que podem ser manuseados, e quando fechado oferece
proteção contra a incidência solar e entrada de luz natural.
Utilizando o transferidor de ângulos e a figura 165 como base,
estipulamos uma angulação que permita a sombra completa no ambiente até
17:00, para isso, foi estipulado um ângulo de 20º, definindo o intervalo entre as
barreiras. Como os brises ficarão fixos dentro do recorte do vão, não houve a
necessidade de calcular os ângulos laterais, pois corresponde a zero.
A figura a seguir demonstra em quais horários a fachada receberá
sombra e sugere-se como deverá ser feita a montagem dos brises.

Figura 172 - Carta solar e área de sombras e detalhamento dos brises. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

Na carta solar, corresponde ao período de sombreamento as datas


pintadas em azul, e com incidência solar, em laranja. Dessa forma,
percebemos que no solstício de inverno, as salas de aula e oficinas poderão
contar com sombras até 16:50, enquanto no solstício de verão, essa sombra se
prolonga até 17:20.

216
A figura à direita corresponde ao modo de fixação dos brises, será feita
uma armação em perfis metálicos medindo 40x60mm, e nessa armadura
contará com perfis intermediários de 10x30mm que serão estruturas para
suportar os bambus, conforme demonstrado na figura.
Além da incidência solar acerca das edificações, é necessário
avaliarmos as sombras que as edificações vizinhas fornecem para o interior do
lote. Para isso, foi elaborado um envelope de sombreamento.
Como última abordagem dentro do tópico de conforto térmico, será
exemplificado como a ventilação foi abordada em espaços de permanência,
como salas de aula, oficinas, bibliotecas e laboratórios.
Nesses espaços, buscamos utilizar da ventilação cruzada (conforme
representada nas imagens acima) como recurso para manter a temperatura do
ambiente em qualidade para a permanência, dessa forma, diminuindo a
necessidade de ventiladores ou ares-condicionados, refletindo na economia de
energia.

Figura 173 - Ventilação cruzada nas salas de aula e oficinas. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

217
6.9.2. CONFORTO ACÚSTICO

Por se tratar de um espaço de cunho educacional, a acústica é um fator


importante nessas situações, e deve ser analisada com cautela, especialmente
em locais como o auditório e a sala de aula, onde a fala deve ser entendida
com clareza por todos presentes. O excesso de ruído e reverberação em uma
sala de aula pode apresentar uma barreira para o aprendizado (LUBMAN,
SUTHERLAND, 2003 apud. ZANNIN et al., 2005)
O tempo de reverberação (TR) é o decréscimo suave da energia contida
nas reflexões sucessivas (informação verbal)22, ou seja, o quanto a fala se
prolonga até cessar. Para um ambiente adequado para a aprendizagem, deve-
se atingir um valor recomendado de TR, segundo a World Health Organization
(2000 apud. ZANNIN et al., 2005) esse valor é igual a 0,6.
Para calcular o TR das salas de aula e do auditório, utilizaremos as
informações presentes na fórmula de Sabine, na NBR 12179/92 e na tabela de
coeficientes de absorção sonora da norma ou dos fabricantes.

Fórmula de Sabine (ZANNIN et al., 2005):

onde:
TR = tempo de reverberação do ambiente (s);
V = volume da sala (m³);
A = área de absorção sonora equivalente devido aos seus elementos construtivos (m²).

Tendo conhecimento da fórmula de Sabine, buscamos materiais e


revestimentos em que a partir de seus coeficientes de absorção (em 500Hz)
pudessem fornecer a melhor acústica no local, além de qualidade estética para
o ambiente, então após alguns estudos foram definidos os revestimentos
internos, presentes na tabela a seguir.

22
Fala da Profº Vanessa Takahashi durante a disciplina Seminário de Conforto Ambiental, UNIP, outubro
de 2021.

218
Tabela 15 - Tempo de reverberação nas salas de aula. Base de tabela fornecida por: Scarlet Santana. Fonte: Pedro
Henrique N. Patelli, 2021.

Para a resolução da conta, substituímos o V por 227,72, e A por


61,4055, moldando a equação:

Sendo 0,6 um padrão ótimo para o ambiente de sala de aula, atingimos


0,593, oferecendo um conforto acústico muito bom para os frequentadores.
O piso será vinílico fabricado através de PVC reciclado, enquanto duas
das paredes receberão gesso, a da porta principal será revestida com material
de absorção – lã de madeira – e a parede do fundo é toda revestida em vidro.
O mobiliário como armários, carteiras e prateleiras serão em madeira pinus; e o
forro, seguirá a curvatura do teto, sendo posicionados placas de cortiça entre o
vigamento. As peças gráficas a seguir representam como o projeto será
constituído.

219
SALA DE AULA 3
727.40

CIRCULAÇÃO
727.38
MAPA DE LOCALIZAÇÃO
SEM ESCALA

SALA DE AULA 2 APLICAÇÃO DE GESSO EM


PAREDE SÓLIDA CONSTRUÍDA
727.40
EM TIJOLO SOLO-CIMENTO
MOLDADO IN LOCO

ARMÁRIOS EM MADEIRA
PINUS 30MM PARA
ARMAZENAR MATERIAL
PEDAGÓGICO
QUADRO NEGRO EM
COMPENSADO DE MADEIRA PORTA DE GIRO EM
VIDRO TEMPERADO 10MM MADEIRA MACIÇA
SALA DE AULA 1
CARTEIRA DO PROFESSOR
CARTEIRA ESTUDANTIL EM MADEIRA 727.40 ESQUADRIA EM MADEIRA E
EM MADEIRA VIDRO TEMPERADO 10MM

CADEIRA EM MADEIRA NICHOS EM MADEIRA PINUS


ESP. 30MM PARA ARMAZENAR
MATERIAIS PEDAGÓGICOS
A A

CHAPA DE LÃ DE MADEIRA 15MM


FIXADA EM PAREDE SÓLIDA
B B CONSTRUÍDA EM TIJOLO SOLO-
CIMENTO MOLDADO IN LOCO
BRISE ARTICULÁVEL EM
ESTRUTURA METÁLICA E
LAMINAS EM BAMBU

APLICAÇÃO DE GESSO EM
PAREDE SÓLIDA CONSTRUÍDA
EM TIJOLO SOLO-CIMENTO PISO VINÍLICO EM PVC
MOLDADO IN LOCO RECICLADO ESP. 4MM
COLADO NO SOLO

NESSA PEÇA GRÁFICA É EXEMPLIFICADO COMO SERÁ COMPOSTA A


PLANTA: REVESTIMENTOS SALA DE AULA MATERIALIDADE DA SALA DE AULA, E COMO SE INTERAGEM ENTRE SI
ESCALA 1:75 EM RELAÇÃO A SUA PERCEPÇÃO HORIZONTAL
CHAPA DE LÃ DE MADEIRA
15MM

PERFIL METÁLICO PARA


ENCAIXE

CHAPA DE LÃ DE MADEIRA
15MM

DETALHE DE FIXAÇÃO CHAPAS DE LÃ


APLICAÇÃO DE GESSO EM ESCALA 1:1
FECHAMENTO DO SHED EM
VIDRO TEMPERADO 8MM PAREDE SÓLIDA CONSTRUÍDA
COM ABERTURA TIPO EM TIJOLO SOLO-CIMENTO
MAXI-AR PARA VENTILAÇÃO MOLDADO IN LOCO FORRO EM MADEIRA
BRISE ARTICULÁVEL EM
REVESTIDA COM CORTIÇA
ESTRUTURA METÁLICA E
FIXADA ENTRE VIGAS
LAMINAS EM BAMBU
CHAPA DE LÃ DE MADEIRA 15MM
FIXADA EM PAREDE SÓLIDA
CONSTRUÍDA EM TIJOLO SOLO-
CIMENTO MOLDADO IN LOCO

QUADRO NEGRO EM
COMPENSADO DE MADEIRA

PRATELEIRA EM MADEIRA
PINUS ESP. 30MM PARA
ARMAZENAR MATERIAIS
PEDAGÓGICOS SALA DE AULA
CIRCULAÇÃO
CADEIRA EM MADEIRA 727.40 727.38

OFICINA CIRCULAÇÃO

723.10 723.08

PISO VINÍLICO EM PVC CARTEIRA ESTUDANTIL NICHOS EM MADEIRA PINUS


RECICLADO ESP. 4MM EM MADEIRA ESP. 30MM PARA ARMAZENAR
COLADO NO SOLO MATERIAIS PEDAGÓGICOS

NESSA PEÇA GRÁFICA É EXEMPLIFICADO COMO SERÁ COMPOSTA A


CORTE A-A: REVESTIMENTOS SALA DE AULA MATERIALIDADE DA SALA DE AULA, E COMO SE INTERAGEM ENTRE SI
ESCALA 1:75 EM RELAÇÃO A PERCEPÇÃO VERTICAL
Perfil metálico retangular
medindo 30x10mm

Bambu com diâmetros


aproximados à 40mm

40mm
Parafuso sextavado
flangelada 60mm

10mm

DETALHE DE FIXAÇÃO DOS BRISES


ESCALA 1:1
CHAPA DE LÃ DE MADEIRA 15MM APLICAÇÃO DE GESSO EM
FIXADA EM PAREDE SÓLIDA FORRO EM MADEIRA PAREDE SÓLIDA CONSTRUÍDA
CONSTRUÍDA EM TIJOLO SOLO- FECHAMENTO DO SHED EM BRISE ARTICULÁVEL EM
REVESTIDA COM CORTIÇA EM TIJOLO SOLO-CIMENTO
CIMENTO MOLDADO IN LOCO VIDRO TEMPERADO 8MM ESTRUTURA METÁLICA E
FIXADA ENTRE VIGAS MOLDADO IN LOCO
COM ABERTURA TIPO LAMINAS EM BAMBU
MAXI-AR PARA VENTILAÇÃO

CIRCULAÇÃO SALA DE AULA

727.38 727.40

OFICINA
CIRCULAÇÃO

723.08 723.10

NICHOS EM MADEIRA PINUS PISO VINÍLICO EM PVC CARTEIRA ESTUDANTIL CADEIRA EM


ESP. 30MM PARA ARMAZENAR RECICLADO ESP. 4MM EM MADEIRA MADEIRA
MATERIAIS PEDAGÓGICOS COLADO NO SOLO

NESSA PEÇA GRÁFICA É EXEMPLIFICADO COMO SERÁ COMPOSTA A


CORTE B-B: REVESTIMENTOS SALA DE AULA MATERIALIDADE DA SALA DE AULA, E COMO SE INTERAGEM ENTRE SI
ESCALA 1:75 EM RELAÇÃO A PERCEPÇÃO VERTICAL
Resolvendo os desafios de acústica das salas de aulas, migramos nosso
foco para os problemas do auditório, inicialmente é necessário descobrir qual o
tempo de reverberação ideal para este local, para isso, iremos utilizar os dados
fornecidos por Mehta, Johnson e Rocafort (1999, apud. OGASAWARA, 2006),
ao qual estabelece uma relação entre volume do ambiente e o TR em
frequencia de 500Hz, ao centro do gráfico encontramos linhas que definem o
TR ótimo para cada atividade.

Figura 174 – Gráfico do tempo ótimo de reverberação para várias atividades na freqüência de 500 Hz. Fonte:
OGASAWARA (2006, apud. MEHTA, JOHNSON e ROCAFORT, 1999). Adaptado

O volume do auditório corresponde a 850,39m², ou seja, 0,85 em


1000m³, para encontrar o valor ideal, criou-se uma linha no eixo y até se cruzar
com a linha correspondente a “auditórios para fala”, ao encontrar essa
intersecção, direcionamos uma linha no eixo x, com o objetivo de encontrar
qual seria o ponto de reverberação ideal. Após fazer esse processo,
identificamos que o TR ideal para um auditório de volume igual ao projetado
corresponde a aproximadamente 0,6.
Após descobrir o TR ótimo, deve-se listar os materiais e relacionar seu
coeficiente de absorção, em 500Hz, com a área da superficie em que esse
material se aplica.

226
Tabela 16 - Tempo de reverberação no auditório. Base de tabela fornecida por: Scarlet Santana. Fonte: Pedro
Henrique N. Patelli, 2021.

Substituindo os dados na fórmula:

Considerando 0,6 um padrão ótimo para o ambiente de sala de aula,


atingimos o ideal. Sendo composto por carpete new boucle no piso e madeiras
em vigas no palco; nas paredes serão instalados revestimentos nexacustic 100
e vidros temperados; as portas serão duplas em madeira maciça; e as
poltronas serão em madeira compensada e o assento em couro sintético.
Além disso, serão instalados painéis refletores no teto com o objetivo de
refletir a voz por todo o ambiente, para chegar na inclinação ideal dos painéis
foi utilizado o método ensinado por Vanessa Takahashi (informação verbal) 23,
porém, como o auditório é de pequeno porte e de pé direito baixo, apenas um
painel foi projetado, sendo seccionado por toda a extensão do auditório.

Figura 175 - Cálculo dos refletores. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

23
Fala da Profº Vanessa Takahashi durante a disciplina Seminário de Conforto Ambiental, UNIP, outubro
de 2021.

227
CIRCULAÇÃO EXTERNA
B
723.05

REVESTIMENTO PAREDE
NEXACUSTIC LISO 100
PARA REFLEXÃO PORTA DUPLA EM REVESTIMENTO PAREDE
MADEIRA MACIÇA NEXACUSTIC LISO 100
PARA REFLEXÃO MAPA DE LOCALIZAÇÃO
VIDRO TEMPERADO 10MM VIDRO TEMPERADO 10MM SEM ESCALA

AUDITÓRIO
BANHEIRO
723.10
723.10 SALA TECNICA
PNE PNE 723.10
REVESTIMENTO PNE VIDRO
NEXACUSTIC LISO
TEMPERADO
100 PARA REFLEXÃO
10MM
CAMARIM
723.10

PALCO
723.80

REVESTIMENTO
NEXACUSTIC 16
NRC 0,65
ANTECAMARA
AMBULATÓRIO 723.10
723.10

PNE
A PNE PNE A

PORTA DUPLA
PLATAFORMA ELEVATÓRIA EM MADEIRA
MACIÇA

VIDRO TEMPERADO 10MM VIDRO TEMPERADO 10MM


PISO DO PALCO EM PORTA DUPLA EM
MADEIRA MACIÇA PISO: CARPETE SÃO REVESTIMENTO PAREDE
MADEIRA MACIÇA REVESTIMENTO PAREDE CARLOS NEW BOUCLE NEXACUSTIC LISO 100
NEXACUSTIC LISO 100 COR PALHA PARA REFLEXÃO
PARA REFLEXÃO
POLTRONA EM MADEIRA
COM ESTOFADO EM COURO
SINTÉTICO BRANCO
CIRCULAÇÃO EXTERNA
B
723.05

NESSA PEÇA GRÁFICA É EXEMPLIFICADO COMO SERÁ COMPOSTA A


PLANTA: REVESTIMENTOS AUDITÓRIO MATERIALIDADE DO AUDITÓRIO, E COMO SE INTERAGEM ENTRE SI
ESCALA 1:75 EM RELAÇÃO A PERCEPÇÃO HORIZONTAL
TIRANTE FIXADO AO TETO

REVESTIMENTO
NEXACUSTIC 330

LÃ DE ROCHA

REVESTIMENTO
NEXACUSTIC 100

CORTE DETALHADO REFLETORES


ESCALA 1:10

LÃ DE ROCHA PARA A FORRO EM REVESTIMENTO


ABSORÇÃO APLICADA PAINÉIS REFLETORES NEXACUSTIC 300 PARA A
ENTRE LAJE E FORRO (VER DETALHE) ABSORÇÃO

BIBLIOTECA CIRCULAÇÃO LAB. DE INFORMÁTICA LAB. DE BIOLOGIA LAB. DE QUÍMICA

727.40 727.40 727.40 727.40 727.40

PALCO
AMBULATÓRIO AUDITÓRIO ANTECÂMARA
723.80

723.10 723.10 723.10

REVESTIMENTO PAREDE PISO: CARPETE SÃO REVESTIMENTO PAREDE


PISO DO PALCO EM NEXACUSTIC 100 PARA ESTOFADO EM COURO CARLOS NEW BOUCLE NEXACUSTIC 330 RIPADO
MADEIRA MACIÇA REFLEXÃO SINTÉTICO BRANCO COR PALHA COM LÃ DE ROCHA PARA
A ABSORÇÃO

NESSA PEÇA GRÁFICA É EXEMPLIFICADO COMO SERÁ COMPOSTA A


CORTE A-A: REVESTIMENTOS AUDITÓRIO MATERIALIDADE DO AUDITÓRIO, E COMO SE INTERAGEM ENTRE SI
ESCALA 1:75 EM RELAÇÃO A PERCEPÇÃO VERTICAL
TIRANTE FIXADO AO TETO

REVESTIMENTO
NEXACUSTIC 330

LÃ DE ROCHA

REVESTIMENTO
NEXACUSTIC 100

CORTE DETALHADO REFLETORES


ESCALA 1:10

LÃ DE ROCHA PARA A PAINÉIS REFLETORES FORRO EM REVESTIMENTO


ABSORÇÃO APLICADA (VER DETALHE) NEXACUSTIC 300 PARA A
ENTRE LAJE E FORRO ABSORÇÃO

CIRCULAÇÃO CIRCULAÇÃO CIRCULAÇÃO

727.38 727.40 727.38

AUDITÓRIO

723.10

ESTOFADO EM COURO PISO: CARPETE SÃO REVESTIMENTO PAREDE


SINTÉTICO BRANCO CARLOS NEW BOUCLE NEXACUSTIC 330 RIPADO
COR PALHA COM LÃ DE ROCHA PARA
A ABSORÇÃO

NESSA PEÇA GRÁFICA É EXEMPLIFICADO COMO SERÁ COMPOSTA A


CORTE: REVESTIMENTOS AUDITÓRIO MATERIALIDADE DO AUDITÓRIO, E COMO SE INTERAGEM ENTRE SI
ESCALA 1:75 EM RELAÇÃO A PERCEPÇÃO VERTICAL
6.10. SUSTENTABILIDADE
Com as grandes expansões urbanas e a poluição desenfreada, uma
nova agenda política emergiu, representada pelo movimento da “arquitetura
verde”, essa teoria pretende criar uma relação mais amigável com a natureza,
utilizando de materiais recicláveis e renováveis no processo de construção civil,
combatendo especialmente a produção da arquitetura em alta densidade e o
espraiamento urbano. A noção de “sustentabilidade” esbarra diretamente na
relação homem-natureza (NESBITT, 1996, p.74).
“Os rastros danosos dos impactos ambientais
deixados por nossos predecessores, somados aos
impactos atuais, podem tornar a terra inabitável,
caso não sejam tomadas providências para
minimizar e reverter essas ações perniciosas. Nas
áreas da construção civil, da arquitetura e do
urbanismo, os impactos gerados pela produção e
pela gestão do espaço devem ser reduzidos para
que a humanidade possa ter chances presentes e
futuras de viver com qualidade.” (PISANI, 2016,
p.173)

A abordagem e introdução desse tópico para esse tema é relevante pois


como desejamos criar um complexo de educação ambiental, é necessário que
essa educação esteja presente não apenas na utilização que o espaço terá,
mas também em seu processo construtivo, dessa forma tornando um local
condizente com a premissa que pretende entregar.
Para McDonough (1993; In.: NESBITT, 1996), a arquitetura deve ser
repensada, como forma de respeitar a natureza e garantir a geração futura um
espaço saudável e com qualidade de vida; para ele, a continuação da prática
construtiva atual é uma prática negligente, tendo em vista o conhecimento
acerca dos materiais utilizados na construção civil e seus respectivos
potenciais degradantes.
De certo modo, os pensamentos do arquiteto William McDonough
coincidem com o uso que o projeto busca a oferecer aos seus usuários, uma
vez que o complexo de educação ambiental tem como objetivo-mor a
conscientização do público e repensar suas atitudes em diversas esferas da
sociedade, incluindo a arquitetura.
Afinal, o que é uma edificação sustentável? Para Ching e Shapiro
(2014), essa pergunta ainda não tem uma resposta definitiva, embora existam

234
diversos certificados de construções sustentáveis, algumas acabam tendo um
desequilíbrio em relação ao seu consumo energético, enquanto há inúmeras
construções mais sustentáveis sem certificações. Segundo os autores, uma
forma de avaliar a eficiência e sustentabilidade das construções é através do
questionamento “Essa abordagem é a mais ecológica?”. Segundo os autores,
construções sustentáveis são edificações que minimizam o seu impacto sobre
o meio ambiente, seja pela redução do consumo elétrico e hidráulico, como ela
quantidade de recursos utilizados e entulhos produzidos durante sua
construção.
Pisani (2016, p.173) ressalta o desgaste que o termo “sustentabilidade”,
vem tendo, devido seu uso genérico e indevido, entretanto, a autora diz que
ainda é a expressão presente nas legislações, normas e em conceitos nas
distintas áreas do saber.
Entendendo que o conceito de “sustentabilidade” ainda não tem uma
definição concreta, e suas aplicações sempre podem ser debatidas,
buscaremos para o desenvolvimento desse projeto alternativas que possam ser
viáveis e eficazes. Para explicar quais alternativas foram tomadas, utilizaremos
como base os catorze tópicos presentes para a obtenção do selo AQUA24, que
são: Edifício e seu entorno; Produtos, Sistemas e processos construtivos;
Canteiro de obras; Energia; Água; Resíduos; Manutenção; Conforto
higrotérmico; Conforto acústico; Conforto visual; Conforto olfativo; Qualidade
dos espaços; Qualidade do ar; Qualidade da água.

1. EDIFICIO E SEU ENTORNO


Essa avaliação deve ser feita em estreita relação com os elementos que
emergiram da análise do local do empreendimento, considerando a relação do
empreendimento – complexo de educação ambiental – e o entorno
(VANZOLINI, 2018).
As características do projeto que se enquadram nesse tópico são:
• Reativação de um terreno em desuso, aproveitando suas características
físicas (topografia, galpão inferior e chaminé);

24
“AQUA-HQE é uma certificação internacional da construção de alta qualidade ambiental, desenvolvida
a partir da renomada certificação francesa Démarche HQE e aplicada no Brasil exclusivamente pela
Fundação Vanzolini.” (VANZOLIN, 2020)

235
• Construção de cunho cultural-pedagógico assim como a fábrica Japy,
que será uma galeria, mantendo a coerência dos usos e a extensão da
mesma;
• Empreendimento oferece tratamento de resíduos sólidos urbanos para
toda a população, além de cursos e oficinas de manuseio de RSU;
• Aproveitamento das árvores existentes, e as que foram retiradas serão
repostas em dobro dentro do lote;
• Os acessos de serviços são separados dos acessos de pedestres, tanto
no pavimento superior quanto no pavimento inferior, criando barreiras
físicas e sinalizações por motivos de segurança e conforto dos
pedestres;
• O projeto se encontra a 120 metros da Estação Jundiaí da Companhia
Metropolitana de Trens Metropolitanos, e a 85 metros do Terminal Vila
Arens de ônibus, que conta com 26 linhas (PMJ, 2021j);
• Por estar em local privilegiado em relação ao transporte público, as
vagas de estacionamento criadas serão exclusivas para comportar
funcionários, idosos ou pessoas com necessidades especiais,
estimulando meios de deslocamento menos poluentes;
• Presença de bicicletários cobertos e banheiros com duchas (localizados
dentro dos edifícios);
• Todos os espaços externos contam com áreas vegetalizadas, assim
como a praça de alimentação;
• Paisagismo composto de vegetação majoritariamente nativa, adaptadas
ao clima e ao terreno, de modo a diminuir a necessidade de manutenção
das mesmas;

Figura 176 - Plantas Nativas: Ipê-Branco, Pau-Brasil e Ipê-Amarelo. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

236
• Implantação proposta com o objetivo de aproveitar os ventos
predominantes e a insolação natural, sem causar prejuízo para os
vizinhos nesses dois aspectos;
• Diminuição do efeito de ilhas de calor através de uma densa arborização
em locais estratégicos e a utilização de espelhos d’água para umedecer
o ambiente;
• As construções projetadas não obstruem as vistas dos pedestres e dos
vizinhos, além do plantio de diversas árvores e plantas, oferecendo um
conforto visual satisfatório;
• O centro de compostagem foi implantado no raio mais distante dos
vizinhos, na parte alta do terreno alinhado com os ventos
predominantes, dissipando o odor que poderá vir a ocorrer, da maneira
menos desagradável a vizinhança.

2. PRODUTOS, SISTEMAS E PROCESSOS CONSTRUTIVOS


Nesse tópico serão abordadas as escolhas feitas durante o processo
projetual que garantam durabilidade e adaptabilidade da edificação, que
facilitem sua conservação, que limitam os impactos socioambientais e na
saúde humana (VANZOLINI, 2018).
As características do projeto que se enquadram nesse tópico são:
• Utilização de madeira laminada colada para as estruturas e esquadrias,
por ser um material pré-fabricado, mantem a obra seca e pode ser
desmontada, além de ser um recurso renovável;

237
Figura 177 - Transporte das madeiras. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

• Vedações feitas em tijolo solo-cimento utilizando a terra que foi


movimentada no interior do terreno, sendo moldado in loco;
• Uso de bambu para a execução de brises e guarda-corpos, podendo ser
extraídos na própria cidade;
• Uso de piso drenante em placas e moldado in loco, permitindo a
permeabilidade do local;
• Uso de piso emborrachado feito a partir de pneus reciclados;
• Uso de telhas metálicas reaproveitadas para o fechamento do centro de
reciclagem;
• Uso de vidro autolimpante, de alto desempenho e baixo fator solar,
economizando água;
• Utilização de materiais recicláveis como madeira, metal e plástico para a
elaboração do mobiliário urbano.

3. CANTEIRO DE OBRAS
Nesse tópico serão expostos meios de otimizar a gestão dos resíduos do
canteiro de obras, meios de reduzir os incômodos e poluição causada pelo
mesmo, assim como redução do consumo de recursos.
As características do projeto que se enquadram nesse tópico são:
• Por utilizar a estrutura em madeira laminada colada, haverá poucos
resíduos, pois se trata de um processo de montagem, e não construção;

238
• O material utilizado para fechamento e vedação será obtido no próprio
solo do terreno;
• Contratação de profissionais qualificados para a execução e
acompanhamento da obra;

Figura 178 - Funcionários do canteiro de obras. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

• A obra será vedada com tapume, com o objetivo de proteger os


pedestres, e todos os materiais ficarão estocados dentro do lote, não
utilizando as ruas, ou lotes vizinhos;
• Pontos de coleta e captação de água da chuva serão implantados para a
utilização no canteiro de obras;
• Uso de contêineres na construção, que posteriormente pode se
transformar em um eco-ponto;
• Uso correto de equipamentos de proteção individual, oferecendo
segurança aos trabalhadores da obra;
• Divisão dos resíduos em classe e promovendo a coleta seletiva no
interior do lote, e futuramente transportados para seus destinos no
centro de reciclagem;
• Canteiro organizado em: área de montagem, área de modulação dos
blocos, área de secagem, depósito de materiais, depósito de resíduos e
barracão;
• Banheiros ecológicos com tratamento séptico de esgoto adequado;
• Utilização de equipamentos e materiais de lei e certificados;

239
• Atividades que exerçam ruídos só poderão serem executadas no
período de 9:00 à 17:00, evitando incômodos para a vizinhança;
• Utilização de equipamentos e materiais provenientes da região (sempre
que possível), possibilitando uma logística mais rápida e a diminuição da
emissão de gases poluentes.

4. ENERGIA
Nesse tópico iremos pontuar meios que permitem a redução do
consumo por meio da concepção arquitetônica e de energia primária, assim
como redução das emissões poluentes na atmosfera (VANZOLINI, 2018).
Algumas das características do projeto que se enquadram nesse tópico
são:
• As áreas que apresentam caráter pedagógico (salas de aula, oficinas,
laboratórios e biblioteca) contam com janelas em dois opostos,
possibilitando a entrada de iluminação natural e ventilação cruzada por
todo ambiente;
• As salas de aula contam com um shed que permite a iluminação natural
zenital;
• Nas aberturas em que houveram a necessidade de proteção contra
insolação direta, foram projetadas marquises ou brises, fornecendo
sombra para o local, diminuindo a necessidade de ar-condicionado;
• Os espaços de baixa permanência (como banheiros e depósitos) foram
posicionados em locais que recebem a maior incidência solar durante o
dia;
• Utilização de materiais que não emitem CO2 na atmosfera, como o tijolo
solo-cimento, e materiais que reduzem CO2, como a madeira
(informação verbal)25;

25
Fala do arquiteto Fernando Minto durante o curso “Arquitetura com Terra”, Escola Coletiva de
Projetos, 18 de setembro de 2021.

240
Figura 179 - Shed nas salas de aula em corte. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

• Utilização de cores claras no interior dos ambientes, permitindo menor


absorção de calor e a reflexão da luz natural;
• Utilização de placas fotovoltaicas como fonte de captação de energia
solar, sendo uma fonte limpa e renovável;
• Oferta de educação ambiental que explique a respeito da energia e
como fazer uma gestão econômica da mesma;
• Toda iluminação artificial necessária no projeto será feita em LED.

5. ÁGUA
Nesse tópico iremos abordar medidas apresentadas no projeto que
reduzem o consumo de água potável, e dados referentes a gestão de águas
pluviais e servidas (VANZOLINI, 2018).
São componentes do projeto arquitetônico e pertinentes ao tema os
seguintes dados:
• Utilização de águas cinzas e sem cloro, para a rega de vegetações não
frutíferas;
• Armazenamento das águas da chuva em cisternas coletadas através de
calhas nos telhados e nos espelhos d’água, podendo serem utilizadas
para a jardinagem e limpeza das áreas externas;
• Parte do paisagismo será de origem nativa, não havendo a necessidade
de intensa rega;
• Vidro autolimpante que armazena água;
• Oferta de educação ambiental que explique as diferenças das águas e
como é possível reaproveitar cada uma delas;

241
• Áreas molhadas setorizadas no projeto, sendo desenvolvida através de
shafts que facilitam sua manutenção.

6. RESÍDUOS
Nesse tópico iremos apresentar medidas e escolhas de projeto que
dizem a respeito da otimização da valorização dos resíduos de uso e operação
do edifício, assim como a qualidade do sistema de gerenciamento dos mesmos
(VANZOLINI, 2018).
São características do projeto os seguintes tópicos:
• Os resíduos orgânicos serão tratados no centro de compostagem,
resultando em adubo que será utilizado na horta orgânica presente
dentro do terreno;

Figura 180 - Processos da compostagem a adubação. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

• Os demais resíduos sólidos sofrerão o processo de triagem,


posteriormente prensagem ou trituração e serão destinados aos
estandes corretos de estocagem;
• Prestação de serviços de coleta de RSU dentro do terreno e em pontos
estratégicos da região para a população;
• Prestação de serviços de compostagem para a população;
• Oferta de educação ambiental para ensinar como os RSU devem ser
tratados e educação de um consumo consciente;
• Oferta de emprego para trabalho com a triagem e estocagem dos
resíduos, assim como na parte de compostagem;
• Oferta de cursos e oficinas de artesanato com reciclagem;

242
• Utilização de material reciclável para a elaboração de mobiliário urbano
que será utilizado dentro e fora do terreno;
• Seção bibliotecária criada a partir de livros reciclados;
• Oferecimento de benefícios econômicos para os cidadãos que
participarem do projeto.

7. MANUTENÇÃO
Nesse tópico iremos abordar a otimização da concepção dos sistemas
do edifício para simplificar a conservação e a manutenção, a concepção para o
acompanhamento e controle dos consumos e do desempenho dos sistemas e
das condições de conforto (VANZOLINI, 2018).
São pertinentes ao tema, as seguintes características do projeto:
• Acesso facilitado de funcionários aos equipamentos e sistemas técnicos
do edifício, através de salas restritas, como depósitos e caixa d’água;
• Áreas molhadas, quando projetadas no sentido vertical, foram dispostas
agrupadas e a sua tubulação foi feita através de shafts, que facilitam a
manutenção e a identificação em caso de vazamentos;
• Utilização de materiais de primeira qualidade e com certificações;
• Utilização de estratégias da engenharia que protegem as estruturas de
madeira, criando marquises e peças de sacrifício;
• Elaboração de questionários sazonais aos visitantes a respeito da
qualidade dos edifícios em sua visita.

8. CONFORTO HIGROTÉRMICO
Nesse tópico serão apresentadas as medidas arquitetônicas tomadas
para otimizar o conforto higrotérmico, seja por aquecimento ou resfriamento
(VANZOLINI, 2018).
São pertinentes ao tema, as seguintes características do projeto:
• Implantação coerente com insolação e ventilação natural;
• Utilização de espelhos d’água como artificio para aumentar a umidade
do local;
• Utilização de recursos que impeçam a incidência solar direta nos
ambientes, como brises e marquises.

243
9. CONFORTO ACÚSTICO
Esse tópico aborda as ações que criam uma qualidade acústica
apropriada aos ambientes, diminuindo o incomodo aos usuários e a poluição
sonora (VANZOLINI, 2018).
São características do projeto os seguintes tópicos:
• Utilização de materiais com potencial em reduzir a poluição sonora,
como madeira e lã-de-rocha;
• Projetos de acústica foram desenvolvidos para espaços como: auditório,
salas de aula e sala de reunião;
• Atividades que produzem ruídos funcionarão com horário demarcado
entre 9:00 às 17:00.

10. CONFORTO VISUAL


Nesse tópico abordaremos questões a respeito da iluminação natural e
artificial, e como interagem com o ambiente (VANZOLINI, 2018). São
características do projeto os seguintes tópicos:
• Os ambientes pedagógicos contam com grandes aberturas que
aproveitam a iluminação natural;
• Disposição arquitetônica que objetiva aproveitar os benefícios solares
para cada respectivo ambiente;
• Todos os ambientes apresentam vistas para as áreas externas e jardins
do complexo;
• Contato com a natureza e os elementos: terra, água e vento;
• As salas de aula contam com um shed voltado para o sentido sudoeste,
aproveitando a entrada de luz natural com baixa incidência solar, além
dos sentidos das janelas estarem presentes no sentido nordeste-
sudoeste, evitando o ofuscamento;

244
Figura 181 - Shed nas salas de aula em corte. Fonte: Pedro Henrique N. Patelli, 2021.

• Garantia de qualidade das luzes de emissão artificial;


• Quadras dispostas no sentindo norte-sul, evitando o ofuscamento.

11. CONFORTO OLFATIVO


Nesse tópico falaremos a respeito do controle das fontes de odores
desagradáveis (VANZOLINI, 2018). São pertinentes ao tema, a seguinte
característica do projeto:
• As fontes de mau cheiro foram posicionadas aproveitando o sentido da
ventilação predominante, em direção ao fim do lote.

12. QUALIDADE DOS ESPAÇOS


Esse tópico abriga características relacionadas a redução da exposição
magnética e a condições de higiene pessoal (VANZOLINI, 2018). São
pertinentes ao tema, as seguintes características do projeto:
• Ambientes bem iluminados e ventilados;
• Necessário um gerenciamento de cuidados, limpeza e manutenção;
• Ambientes de fluxos abertos;
• Acabamentos internos de fácil limpeza e manutenção.

13. QUALIDADE DO AR
Esse tópico avalia a eficácia da ventilação e o controle das fontes de
poluição internas (VANZOLINI, 2018). Entretanto, as características de projetos
relativas a ventilação e seus reflexos na qualidade do ar já foram explicados
em tópicos anteriores.

245
14. QUALIDADE DA ÁGUA
Nesse tópico serão expostas características do projeto que expõe a
qualidade da concepção e temperatura da rede interna, assim como controle
dos tratamentos e qualidade da água em áreas de banho (VANZOLINI, 2018).
Sendo elas:
• Tratamento de águas pluviais e cinzas, sendo parte delas
reaproveitadas em pontos específicos dentro do lote, como paisagismo e
limpeza.

246
7. CADERNO TÉCNICO

As informações a seguir compõem o caderno de desenho técnico,


abrigando peças gráficas como plantas, implantação, situação, cortes,
fachadas e perspectivas, representando o projeto descrito até aqui.
As plantas são peças gráficas que representam o projeto de forma
paralela destacando as medidas horizontais, tal qual seus acessos, esquadrias,
dimensões dos cômodos. Enquanto os cortes, são peças gráficas onde se
destacam as medidas verticais, altura dos espaços, seu pé direito, a diferença
entre níveis, a relação entre alturas, posição de esquadrias, etc.
Enquanto as fachadas representam de vertical, e mais claro, como é
feita a composição entre cortes-plantas. As perspectivas foram feitas à mão,
sendo uma característica do autor durante todo seu curso, dessa forma, foi
descartado imagens renderizadas na produção desse trabalho.

247
DADOS DO PROJETO

RU
TERMINAL

AX
ÁREA TERRENO: 14.518,02m²
ONIBUS

VD
ÁREA PAVIMENTO INFERIOR: 1.901,62m²
ÁREA PAVIMENTO TÉRREO: 2.209,74m²

EN
ÁREA PAVIMENTO SUPERIOR: 1.666,26m²

OV
ÁREA TOTAL: 5.777,62m²

EM
COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO: 0.4

BR
O
ÁREA PERMEÁVEL: 45%
TAXA DE OCUPAÇÃO: 27%
RUA B
ARÃO
DO RIO
BRANC
O ESTAÇÃO
CPTM

RU
A
LA

RU
CE

A
RD

AN
A

TO
FR

NI
AN

O
CO

FU
RE

AV
G

.U
AT

NI
TI

ÃO
G
UI

DO
M

S
FE
RR
OV

RI
OS
CO

RU
AN
FR

A
LE
DA

O
PARÓQUIA R

NA
SUPER- ACE

RD
NSA. SRA. L
AV

MERCADO A

O
RU
EN

CONCEIÇÃO

SC
BOA
ID

AP
A

IM

O
PA
UL
O

ESSA PLANTA EVIDENCIA, EM UMA MAIOR ESCALA, ONDE O TERRENO


SE LOCALIZA EM RELAÇÃO AO BAIRRO, E COMO INTERAGE COM SEUS
ARREDORES, DETALHES DO PROJETO INTERNO SÃO DESPREZADOS
SITUAÇÃO NESSA ESCALA E ABORDAGEM
ESCALA 1:1000
RUA B
ARÃO
LEGENDA DO RIO
BRANC RAMPAS COM I=7.5%
1. ÁREA DE MANOBRA RECICLAGEM O E CORRIMÃO
2. CENTRO DE COMPOSTAGEM
3. ESPELHOS D'ÁGUA ACESSO
4. CHAMINÉ
5. PERGOLADO

AV
6. ESCOLA AMBIENTAL

.U
7. PULO DO CANGURU

NI
8. HORTA ORGÂNICA

ÃO
9. COLMEIA DE ABELHAS ACESSO CENTRO

RU

DO
10. ESTUFA DE RECICLAGEM

S
AN

FE
11. PAVILHÃO

RU

TO

RR
12. QUADRA BASQUETE 3X3

NI

OV
LA
13. PISTA DE SKATE

O
CE


FU
14. SALTO DO MACACO

RI
1

RD

RE
15. FÁBRICA JAPY

OS
A

G
16. NADO DO PEIXE

AT
FR
2

TI
AN

G
CO

UI
M
COBERTURA PAV. INFERIOR
EM PAINÉIS DE POLICARBONATO 4 COBERTURA EM ALWITRA
INCLINAÇÕES VARIÁVEIS
TRANSLÚCIDOS 3 ACOMPANHANDO ESTRUTURA

8
PAINÉIS FOTO-
VOLTAICOS
6 7 9
FACEADOS PARA 5
O NORTE

CALHA PARA CAPTAÇÃO DE 13


ÁGUAS PLUVIAIS 11 12
10
COBERTURA EM ALWITRA ACESSO
INCLINAÇÕES VARIÁVEIS SERVIÇOS
ACOMPANHANDO ESTRUTURA
14
CISTERNAS EXTERNAS ACESSO
VERTICAL 1000L FÁBRICA JAPY

NCO
A
COBERTURA EM ALWITRA
15 FR
DA
INCLINAÇÕES VARIÁVEIS
ACOMPANHANDO ESTRUTURA R
CE
LA
A CALHAS NAS PARTES MAIS BAIXAS
RU DO TELHADO, PARA CAPTAÇÃO DE
PISOS DRENANTES 16 ÁGUAS PLUVIAIS

RU
MOLDADOS IN LOCO
ESPAÇO PARA

A
CAIXA D'ÁGUA

LE
O
NA
PAINÉIS FOTO-VOLTAICOS

RD
VOLTADOS PARA FACE NORTE

O
SC
PORTAL DE ACESSO EM

AP
MADEIRA LAMINADA COLADA

IM
ACESSO
IMPLANTAÇÃO
ESCALA 1:750
b B
75
3. A

F
MURETAS DE DIVISA

7.
50
H=1.00M + ALAMBRADO PISO DRENANTE
H=1.20M
TO
MOLDADO IN LOCO
ONA 2% M N
RB M I
= O P Q
0 2.50
I
L 1
CA 0M 0.0 ESPELHOS D'ÁGUA EM
2.50

5.
PO TE 1 PEDRA HIJAU VERDE 5.00 5.00

00
A N
UR RE
ERT SPA 2
B N 15'
CO TRA
2

5.
1 18

00

5.00
19
723.05 D PISO EMBORRACHADO
ES
3 C
E RECICLADO
14'

6.
CISTERNAS
C

25
EXTERNAS 723.05
A 1000L
4 17
5% 723.10
I=

10.00
BE E
SO

6.
25
B 21

6.
12'

25
C
5
APARELHOS DE LAZER
B

7.50
FEITOS COM PNEUS
RECICLADOS

6.
D

25
723.10
5%
I=
BE
SO 11'

15 16

5.00
E 00
5 5.

10'
00 13
A 3 5.
723.10 F

5.00
2 00
6 5. PISO DE BORRACHA
9'
723.10 14 VULCANIZADA
G 11
00
5.
723.05 1 12
00
H 5. 723.05 LEGENDA
8'
1. SANIT. MASCULINO
00
C CISTERNAS
5. 2. SANIT. SEM GÊNERO
EXTERNAS 1000L 7' 3. SANIT. FEMININO
4. RAMPA DE ACESSO
00
5. 5. OFICINA
PISO EMBORRACHADO
6'
RECICLADO
6. ESTUFA
7. VESTIÁRIO
PLANTA DE LOCALIZAÇÃO 8. CAMARIM
SEM ESCALA 5' 9. AMBULATÓRIO
7 10
10. AUDITÓRIO
2.

8 11. SALA TÉCNICA


50

I 20
4' 12. ANTECÂMARA
J 13. SANIT. FAMÍLIA
9
APARELHOS DE LAZER 14. DEPÓSITO/ INFORM.
3' FEITOS COM POSTES DE 15. SANIT. FEMININO
10
.0

MADEIRA RECICLADOS
PLANTA PAV. TÉRREO: PAVILHÃO E ESCOLA 16. SANIT. MASCULINO
0

ESCALA 1:250 17. PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO


2' b 18. LOJA DE ARTESANATO
2.

NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO O LAYOUT DO PRIMEIRO PAVIMENTO DO 19. LANCHONETE
50

F
PAVILHÃO E DA ESCOLA AMBIENTAL TENDO SUA VISTA EM PLANTA, ONDE OS EIXOS K
E 20. SALTO DO MACACO
APRESENTAM SUAS MEDIDAS, E A NUMERAÇÃO NO INTERIOR DOS AMBIENTES 1'
REPRESENTAM QUAL É O COMODO CORRESPONDENTE NA LEGENDA L 21. PULO DO CANGURU
b B
75
3. A

F
7.
50
GUARDA-CORPO EM
BAMBU H=1.10M
M N
O P Q
0 2.50
0.0 2.50

5.
1 5.00 5.00

00
2 15'
2

5.
1 17

00

5.00
18
3
14'

6.
C

25
4

5.00
A
15 16
727.40
E

6.
GUARDA-CORPO 13'

25
EM BAMBU H=1.10M
14

5.00
B
O %
DR =5
VI M I

6.
EM 0M 12'

25
RA E1
C
5
U NT FECHAMENTO LATERAL DAS
ERT RE
B PA PASSARELAS EM BAMBU
B CO NS

7.50
A 5
TR

6.
D 6

25
727.40

11'

12 13

5.00
E 00
5 5.

10'
5 00 11
A 3 5.
F

5.00
TR
CO NS
A
BE PA
RT RE

2 00
5.
UR NT
A E1

9'
EM 0M

10
VI M I

G 6 00
DR =5

5.
O %

9
1
00
H 5.
9 8'

00
C 5. LEGENDA
8 7'
1. SANIT. MASCULINO
00 2. SANIT. SEM GÊNERO
5.
727.40 6' 3. SANIT. FEMININO
4. DEPÓSITO
PLANTA DE LOCALIZAÇÃO 5. SALA DE AULA
SEM ESCALA 5' 6. PASSARELA
7 7. BIBLIOTECA
2.

8. LAB. INFORMÁTICA
50

I
4' 9. LAB. QUÍMICA
J 10. LAB. BIOLOGIA
11. SANIT. FAMÍLIA
GUARDA-CORPO
3' 12. SANIT. MASCULINO
10

EM BAMBU H=1.10M
13. SANIT. FEMININO
.0

PLANTA PAV. SUPERIOR: PAVILHÃO E ESCOLA


0

ESCALA 1:250
14. SECRETARIA
2' b 15. COPA
NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO O LAYOUT DO SEGUNDO PAVIMENTO DO
2.

16. SALA DE REUNIÃO


50

F
PAVILHÃO E DA ESCOLA AMBIENTAL TENDO SUA VISTA EM PLANTA, ONDE OS EIXOS K
APRESENTAM SUAS MEDIDAS, E A NUMERAÇÃO NO INTERIOR DOS AMBIENTES E 17. VESTIÁRIOS
REPRESENTA QUAL É O COMODO CORRESPONDENTE NA LEGENDA L 1' 18. SALA DA DIREÇÃO
00

5.
5.

00
75
3. 1
B

5.
00
ACESSO CENTRO
DE RECICLAGEM 50
7. 2

10
.0
0
PASSARELA METÁLICA
PLANTA DE LOCALIZAÇÃO 50
7. ELEVADA H=1.20M
SEM ESCALA
3 A

7.
50

00
7. 4
MOEGA METÁLICA 713.90

2.
50
CARREGADOR METÁLICA 270º DE GIRO E CAÇAMBAS DE
50
PLATAFORMA DE OPERAÇÃO INDIVIDUAL 7. ENTULHO PARA 5

PR
ATERRO SANIT.

O
12

J.
C
O
SO

BE
BE
TRANSPORTADOR EM ESTEIRA

R
TU
50
7.

R
11

A
ESTEIRA DE SELEÇÃO MANUAL 6
H=2.00M E PLATAFORMA METÁLICA 10 10
ELEVADA, COM 16 BICAS DE 375L
E 16 CARRINHOS MANUAIS DE 270L
7 9
50
7. 8
8%
I=
MOINHO TRITURADOR E 9
11 12
TRANSPORTE EM ESTEIRA
25
b 6.
13
8
14
TRÊS PRENSAS VERTICAIS HIDRÁULICAS
PARA ENFARDAMENTO ATÉ 250KG

7
5 715.10 15
3.7
1

6
LEGENDA
16 1. AMBULATÓRIO
5
.2 2. DEPÓSITO
SO

11 DIVISÓRIAS EM ALAMBRADO
BE

3. VESTIÁRIOS
17 18 4. ÁREA DE MANOBRA
5
5. DEPÓSITO ENTULHO
20 MOINHO TRITURADOR DE VIDRO 6. ÁREA DE RECEBIMENTO
ATÉ 200KG/H 7. CORREDOR
SO
BE 19 8. DEPÓS. PILHAS E BATERIAS
4 9. DEPÓS. MAT. INFLAMÁVEL
A 10. DEPÓS. LÂMPADAS
DUAS PRENSAS HIDRÁULICAS HORIZONTAIS 11.CONTROLE DE ACESSO
21 PARA ENFARDAMENTO ATÉ 250KG 12. DEPÓS. SUCATA ELET.
3 13. ÁREA DE TRIAGEM
B
A 14. DEPÓS. MADEIRA
REL PLANTA CENTRO DE RECICLAGEM
B SA E ESCALA 1:250 15. DEPÓS. VIDRO
AS b
C J. P 16. DEPÓS. METAL
O 2 F NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO O LAYOUT DO
PR CENTRO DE RECICLAGEM TENDO SUA VISTA EM PLANTA, ONDE OS
17. ÁREA DE PRENSAGEM
PROJEÇÃO DE PASSARELA METÁLICA ELEVADA PA 18. RAMPA
EIXOS APRESENTAM SUAS MEDIDAS, E A NUMERAÇÃO NO
EM 2.80M PARA OBSERVAÇÃO SUPERIOR AM
J . R A INTERIOR DOS AMBIENTES REPRESENTA QUAL É O COMODO 19. CIRCULAÇÃO VERTICAL
O CORRESPONDENTE NA LEGENDA, ALGUMAS INFORMAÇÕES
PR 20. DEPÓS. PLÁSTICO
FORAM INSERIDAS COM O OBJETIVO DE COMPLEMENTAR O
D ENTENDIMENTO
21. DEPÓS. PAPEL
1
I=
7.
5%

GUARDA-CORPO H=1.10M
a

MU
I=7.5%

SOBE

RO
SOBE

I=7

SO
BE

.5%
DE
SO

BE
00M
H=1.10M

AR
H=2.
.5%

RIM
IMO

SO
M I=7 RR

BE
10 A

O
1. DE

H=
GUARDA-CORPO

=
BE RO
I=7.5%

H
SO MU

2.0
O
RP

0M
GU
O
-C 2 D PLANTA DE LOCALIZAÇÃO

AR
DA

DA
R
UA SEM ESCALA

-C
G

OR

5.
PO

00
H=
1.
10
M
3

5.

RU
00

A
3

LA
4

5.

CE
00
1

RD
A
5.

FR
1

00

AN
2 8

CO
5.
A

TA
00
5

LU
DE
723.10

5.
B

00

G
6

RA
M
C 7

AD
5

O
8
ESTANDES DE COMPOSTAGEM
723.05 EM TIJOLO SOLO-CIMENTO D
MOLDADO IN LOCO, E NIVELA-
DORES EM MADEIRA PISO EM CONCRETO
IMPERMEABILIZADO
E 0
.5
17
0
.0
15 F a
ESPELHO D'ÁGUA
REVESTIDO EM
PEDRA HIJAU

25
G
PISO DRENANTE

.0
0
MOLDADO IN LOCO

D 9
723.00 723.05
LEGENDA
1. SALA DE GERENCIAMENTO
2. ADMINISTRATIVO
11 3. VESTIÁRIOS
4. DEPÓSITO
5. ESTANDES DE COMPOSTAGEM
PLANTA CENTRO DE COMPOSTAGEM PISO EMBORRACHADO 6. ÁREA DE MANOBRA
ESCALA 1:250 RECICLADO
10 7. GRELHA DE LAVAGEM
NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO O LAYOUT DO CENTRO 8. GRELHA DE PROTEÇÃO
DE COMPOSTAGEM, TENDO SUA VISTA EM PLANTA, ONDE OS EIXOS 9. HORTA ORGÂNICA
APRESENTAM SUAS MEDIDAS,COTANDO A ESTRUTURA DA COBERTURA, 10. COLMEIA DE ABELHAS
E A NUMERAÇÃO NO INTERIOR DOS AMBIENTES REPRESENTA QUAL É O
COMODO CORRESPONDENTE NA LEGENDA 11. SALTO DO CANGURU
COBERTURA
EM ALWITRA

727.40

723.10

FECHAMENTO EM BAMBU

CAIXA DE ELEVADOR

715.10

DIVISÓRIAS EM ALAMBRADO NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO EM FORMATO DE


CORTE LONGITUDINAL A-A CORTE COMO O CENTRO DE RECICLAGEM SE CONECTA COM A
ESCOLA AMBIENTAL ATRAVÉS DA SUA CAIXA DE CIRCULAÇÃO
ESCALA 1:250 VERTICAL

COBERTURA EM ALWITRA

727.40

MURO DE DIVISA H=1.00M


+ ALAMBRADO H=1.10M

723.10

CARREGADOR METÁLICA 270º DE GIRO E


PLATAFORMA DE OPERAÇÃO INDIVIDUAL

715.10
PLATAFORMA
713.90
METÁLICA

TRÊS PRENSAS VERTICAIS HIDRÁULICAS


PARA ENFARDAMENTO ATÉ 250KG ESTEIRA DE SELEÇÃO MANUAL
H=2.00M E PLATAFORMA METÁLICA
MOINHO TRITURADOR E ELEVADA, COM 16 BICAS DE 375L
TRANSPORTE EM ESTEIRA E 16 CARRINHOS MANUAIS DE 270L
CORTE LONGITUDINAL B-B NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO EM FORMATO DE
ESCALA 1:250 CORTE COMO O OS APARELHOS DO CENTRO DE RECICLAGEM SE
CONVERSAM, E A RELAÇÃO DA ESCOLA AMBIENTAL NO
PAVIMENTO SUPERIOR
CHAMINÉ TECELAGEM JAPY

ESPAÇO PARA
CAIXA D'ÁGUA

731.20

727.40

723.10

ESTANDES DE COMPOSTAGEM
COBERTURA EM ALWITRA VIGAS ARQUEADAS EM MLC
EM TIJOLO SOLO-CIMENTO
E NIVELADORES EM MADEIRA MURO DE ARRIMO
RAMPA INCLINAÇÃO 7,5%

NESTA PEÇA GRÁFICA ESTÁ REPRESENTADO O CENTRO DE


COMPOSTAGEM, EM FORMA DE CORTE, A PARTIR DE SUA
CORTE TRANSVERSAL a-a INTERPRETAÇÃO, CONSEGUIMOS IDENTIFICAR SUA RELAÇÃO
ESCALA 1:250 COM O DESENHO DO TERRENO, CHAMINÉ E DEMAIS EDIFICIOS.

COBERTURA EM ALWITRA
CHAPAS DE OSB E ISOLANTE
TERMOACÚSTICO
VIGAMENTO EM MLC

VIDRO 4MM TRANSLÚCIDO


MAXI-AR

VIGAMENTO EM MLC

DETALHE SHED
ESCALA 1:50

COBERTURA
EM ALWITRA SHED (VER DETALHE)

727.40

723.10

ELEMENTO VAZADO BRISE EM BAMBU


FORMADO POR ASSENTAMENTO GUARDA-CORPO BRISE EM BAMBU
DE BLOCO EM DIAGONAL EM BAMBU H=1.10M

CORTE LONGITUDINAL C-C NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO A ESCOLA


AMBIENTAL EM CORTE, E COMO ESTE EDIFICIO CONVERSA COM
ESCALA 1:250 O PAVILHÃO URBANO.
PAINÉIS FOTOVOLTÁICOS

COBERTURA EM ALWITRA

TECELAGEM JAPY

MURO DE ARRIMO EXISTENTE


+1.10M DE ALAMBRADO COBERTURA EM ALWITRA
RUA LACERDA FRANCO

723.10

GUARDA-CORPO EM
BAMBU H=1.10M

NESSA PEÇA GRÁFICA BUSCA-SE EXEMPLIFICAR EM FORMATO


CORTE LONGITUDINAL D-D DE CORTE O CENTRO DE COMPOSTAGEM E COMO ELE FOI
ESCALA 1:250 IMPLANTADO EM RELAÇÃO AOS DEMAIS EDIFICIOS.

CHAMINÉ TECELAGEM JAPY

COBERTURA EM ALWITRA
SHAFT COBERTURA EM ALWITRA SHED

GUARDA-CORPO EM BAMBU
H=1.10M

727.40
MURO DE DIVISA
H=1.00M + ALAMBRADO
H=1.10M

723.10

FECHAMENTO DA
PASSARELA EM
CAIXA DO ELEVADOR BRISE EM BAMBU BAMBU
718.60

PLATAFORMA DE OBSERVAÇÃO
DO CENTRO DE RECICLAGEM
H=3.50M, ACESSO PELA RAMPA 715.10

MOINHO TRITURADOR
NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO O PAVILHÃO, A
RAMPA EXISTENTE ESCOLA AMBIENTAL E O CENTRO DE RECICLAGEM. ESSE CORTE
CORTE TRANSVERSAL b-b TAMBÉM DEMONSTRA COMO OCORRE O NÚCLEO DE
ESCALA 1:250 CIRCULAÇÃO VERTICAL DA ESCOLA
CHAMINÉ TECELAGEM JAPY

ESPAÇO PARA
CAIXAS D'ÁGUA
COBERTURA EM ALWITRA
731.20

GUARDA-CORPO EM BAMBU
727.40

MURO DE DIVISA H=1.00M


+ ALAMBRADO H=1.10M
723.10

BRISE EM BAMBU

NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO UMA SEÇÃO DO


PAVILHÃO URBANO, ATÉ A CAIXA DE CIRCULAÇÃO VERTICAL, A
PARTIR DA LEITURA DESSE DESENHO É POSS[IVEL ENTENDER A
CORTE LONGITUDINAL E-E SINUOSIDADE DA COBERTURA E A RELAÇÃO ENTRE EDIFÍCIO-
ESCALA 1:250 CHAMINÉ

UNIÃO DOS ANGULOS


FORMADOS COM CIMENTO
APLICADO COM BISNAGA

CHAMINÉ TECELAGEM JAPY

DETALHE ASSENTAMENTO DOS BLOCOS 45º


ESCALA 1:25

PAINÉIS FOTO-VOLTAICOS

COBERTURA EM ALWITRA ESPAÇO PARA CAIXAS D'ÁGUA

731.20

727.40

MURO DE DIVISA H=1.00M


+ ALAMBRADO H=1.10M

723.10

GUARDA-CORPO EM BAMBU H=1.10M ELEMENTO VAZADO


FEITO A PARTIR DE
BRISE EM BAMBU ASSENTAMENTO EM
CORTE LONGITUDINAL F-F DIAGONAL DE BLOCO SOLO NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO A SEÇÃO DO
ESCALA 1:250 CIMENTO (VER DETALHE) PAVILHÃO EM QUE SE ABORDA O SETOR ADMINISTRATIVO E A
PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. ESSE CORTE, ASSIM COMO O
ANTERIOR, TAMBÉM EXPÕE A RELAÇÃO CHAMINÉ-EDIFICIO.
CHAMINÉ TECELAGEM JAPY

PLANTA DE LOCALIZAÇÃO
SEM ESCALA GUARDA-CORPO
EM BAMBU

ESTRUTURA EM MADEIRA TIJOLO SOLO-CIMENTO


LAMINADA COLADA PAINÉIS FOTO- MOLDADO IN LOCO
VOLTAICOS COBERTURA EM ALWITRA

FACHADA A: PAVILHÃO E ESCOLA


ESCALA 1:250
NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO A COMPOSIÇÃO
DAS FACHADAS DO PAVILHÃO E DA ESCOLA AMBIENTAL, ALÉM DE
EXPOR ALGUNS DETALHES SOBRE A SUA MATERIALIDADE

CHAMINÉ TECELAGEM JAPY

POSTES
RECICLADOS
ASSENTAMENTO DE ESTRUTURA EM MADEIRA
TIJOLO EM DIAGONAL LAMINADA COLADA
BRISE ARTICULÁVEL
COBERTURA EM ALWITRA FORMANDO ELEMENTOS SHED EM VIDRO
EM BAMBU
VAZADOS

TIJOLO SOLO-CIMENTO
MOLDADO IN LOCO

CISTERNAS EXTERNAS

FACHADA B: PAVILHÃO E ESCOLA


ESCALA 1:250
NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO A COMPOSIÇÃO
DAS FACHADAS DO PAVILHÃO E DA ESCOLA AMBIENTAL, ALÉM DE
EXPOR ALGUNS DETALHES SOBRE A SUA MATERIALIDADE
CHAMINÉ TECELAGEM JAPY

FECHAMENTO DA
GUARDA-CORPO PASSARELA EM BAMBU
EM BAMBU
PLANTA DE LOCALIZAÇÃO ESTRUTURA EM MADEIRA PAINÉIS FOTO TIJOLO SOLO-CIMENTO BRISE EM BAMBU
SEM ESCALA LAMINADA COLADA VOLTAICOS MOLDADO IN LOCO

TECELAGEM JAPY

TELHAS METÁLICAS RECICLADADAS


PORTÃO BASCULANTE ABERTURAS PARA VENTILAÇÃO
ARTICULADO FACHADA A: PAVILHÃO E ESCOLA
REVESTIMENTO EM TIJOLO SOLO-CIMENTO ESCALA 1:250
MOLDADO IN LOCO
NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO A COMPOSIÇÃO
DAS FACHADAS DO PAVILHÃO E DA ESCOLA AMBIENTAL, ALÉM DE
EXPOR ALGUNS DETALHES SOBRE A SUA MATERIALIDADE

CHAMINÉ TECELAGEM JAPY

PAINÉIS FOTO-
VOLTAICOS BRISE ARTICULÁVEL
TIJOLO SOLO-CIMENTO
EM BAMBU
MOLDADO IN LOCO ESTRUTURA EM MADEIRA
LAMINADA COLADA COBERTURA EM
ALWITRA GUARDA-CORPO
EM BAMBU

ELEMENTOS VAZADOS
FORMADOS ATRAVÉS
DE ASSENTAMENTO DE
TIJOLOS NA DIAGONAL

GUARDA-CORPO
EM BAMBU BRISE EM BAMBU

FACHADA D: PAVILHÃO E ESCOLA


ESCALA 1:250
NESSA PEÇA GRÁFICA, ESTÁ REPRESENTADO A COMPOSIÇÃO
DAS FACHADAS DO PAVILHÃO E DA ESCOLA AMBIENTAL, ALÉM DE
EXPOR ALGUNS DETALHES SOBRE A SUA MATERIALIDADE
CONFRONTANTE: SUPERMERCADO BOA

CHAMINÉ TECELAGEM JAPY

RUA LACERDA FRANCO


PAVILHÃO URBANO TECELAGEM JAPY

ESCOLA AMBIENTAL

ESTUFA

ACESSO RUA LACERDA FRANCO

FACHADA TERRENO: SUL


ESCALA 1:500

CHAMINÉ TECELAGEM JAPY


RUA LACERDA FRANCO

CENTRO DE COMPOSTAGEM
TECELAGEM JAPY PAVILHÃO URBANO

RUA BARÃO DO RIO BRANCO


ESCOLA AMBIENTAL

ACESSO RUA LACERDA FRANCO

ACESSO ESQUINA DA RUA LACERDA FRANCO


COM A RUA BARÃO DO RIO BRANCO
FACHADA TERRENO: LESTE
ESCALA 1:500
CONFRONTANTE: SUPERMERCADO BOA
CENTRO DE COMPOSTAGEM
TECELAGEM JAPY
CHAMINÉ TECELAGEM JAPY
RUA LACERDA FRANCO

PAVILHÃO URBANO ESCOLA AMBIENTAL

FACHADA TERRENO: NORTE CENTRO DE RECICLAGEM


ESCALA 1:500 ACESSO ESQUINA RUA LACERDA FRANCO
COM A RUA BARÃO DO RIO BRANCO ACESSO CENTRO DE RECICLAGEM
POR VIA LOCAL

CHAMINÉ TECELAGEM JAPY


CENTRO DE COMPOSTAGEM PAVILHÃO URBANO

RUA LACERDA FRANCO


RUA BARÃO DO RIO BRANCO

CENTRO DE RECICLAGEM ESCOLA AMBIENTAL


TECELAGEM JAPY

ESTUFA
ACESSO RUA LACERDA FRANCO
PERGOLADO

FACHADA TERRENO: OESTE


ESCALA 1:500
PE
RSPE
CTI
VADEP
ÁSS
ARODARUABARÃODORI
OBRANCO
PE
RSPE
CTI
VAVOODEP
ÁSS
ARODARUAL
ACE
RDAF
RANCO
PE
RSPE
CTI
VADOACE
SSODOCE
NTRODERE
CICL
AGE
M
PERSPECTI
VADAPARTESUDESTEDO LOTE
PE
RSPE
CTI
VADAP
ART
ENOROE
STEDOT
ERRE
NO
PE
RSPE
CTI
VADOI
NTE
RIORDAE
STUF
A
PE
RSPE
CTI
VADOI
NTE
RIORDOCE
NTRODECOMPOS
TAGE
M
PE
RSPE
CTI
VADOCE
NTRODERE
CICL
AGE
M
PE
RSPE
CTI
VADOI
NTE
RIORDAS
ALADEAUL
A
PE
RSPE
CTI
VADOI
NTE
RIORDOAUDI
TÓRI
O
PE
RSPE
CTI
VADOI
NTE
RIORDAOF
ICI
NA
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse projeto ressalta a importância de se atentar a conceitos


sustentáveis durante a estratégia projetual, seja na escolha dos materiais,
objetivando sempre por materiais de baixo impacto ambiental, ou no
posicionamento da edificação, de modo que cada ambiente receba a
quantidade de insolação e ventilação na medida em que se necessita,
diminuindo a utilização de aparelhos eletrônicos que forneçam características
de conforto de forma artificial, como o caso do ar condicionado e ventiladores.
Uma vez que o projeto todo foi concebido a partir da ideia de reciclagem.

E também buscamos reutilizar materiais durante todo processo, seja a


terra para a elaboração dos blocos solo-cimento, ou dos materiais recicláveis
coletados no edifício para a produção de mobiliário urbano.

Neste projeto buscamos integrar conceitos importantes para a sociedade


atrelados a atividades de lazer, como é o caso das áreas temáticas, quadras,
pista de skate e biblioteca, atuando como uma educação subjetiva. Dessa
forma, o projeto fica atrativo para todos os públicos, em especial, o infantil, de
qualquer classe social, seja para aprendizagem ou para diversão. Com o intuito
de integrar consciência e lazer, acreditamos que esse projeto possa participar
do programa Cidade das Crianças, da Prefeitura de Jundiaí.

O complexo de educação ambiental, devido sua conexão com a recém


reformada Fábrica Japy, pode se tornar um complexo cultural, e até formando
uma rota cultural: Fábrica Japy – complexo de educação ambiental – estação
ferroviária – Argos – Ponte Torta.

Pretendemos que esse projeto possa servir como parâmetro do que


pode ser inserido naquele terreno, reaproveitando edificações, evitando a
produção de entulho. Assim como pode também se tornar referência para a
elaboração de diferentes escolas ambientais, ou para projetistas que almejam
trabalhar com questões menos degradantes a natureza, evidenciando que
outros materiais podem obter a mesma versatilidade que o concreto.

Todo o projeto do complexo de educação ambiental foi fundamentado


com algum conceito, dentre eles, o resgate ao passado, e a sua reciclagem.

298
Sendo exposto ao conceber um novo significado para a chaminé, antes
poluente, agora o símbolo da preservação (tanto física quanto ambiental, visto
que se trata de um patrimônio tombado); e na sua materialidade, utilizando a
construção com barro (tijolo solo-cimento), um método relativamente antigo, e
que simboliza em valor estético a arquitetura industrial da fábrica, junto a
madeira engenheirada (MLC), que é uma estratégia construtiva recente.

Além disso, esse trabalho evidencia a importância de uma gestão de


resíduos sólidos, e a extrema dependência que essa gestão tem dos cidadãos,
pois é a partir deles que esses projetos tendem a funcionar. Sem o apoio da
população, não adianta ter o melhor plano de gestão de RSU do mundo, não
irá funcionar – por esse motivo as escolas ambientais são tão necessárias,
para a conscientização das pessoas, especialmente das crianças, que tendem
a crescer com essa ideologia em mente.

Esse projeto foi concebido não apenas com o objetivo de obter o título
de arquiteto e urbanista, mas também para conscientizar os leitores sobre a
importância da reciclagem, e a consciência ambiental.

299
9. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• AGENDA 21. Conexão Ambiental, 2018. Disponível em:


<http://www.conexaoambiental.pr.gov.br/Pagina/Agenda-21>. Acesso
em: 23 nov. 2021.

• ARMAZÉM da Natureza. Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2021a.


Disponível em: <https://jundiai.sp.gov.br/infraestrutura-e-servicos-
publicos/limpeza-publica/residuos-solidos/reciclagem/armazem-da-
natureza/>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• A Serra do Japi. Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2021f. Disponível


em: <https://serradojapi.jundiai.sp.gov.br/institucional/>. Acesso em: 23
nov. 2021.

• BAUMAN, Z. Confiança e medo na cidade. Traduzido por Eliana


Aguiar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

• BRAICK, P. R. História das cavernas ao terceiro milênio. 3.ed. São


Paulo: Moderna, 2007.

• CARRERI, F. Walkscapes: O caminhar como prática estética.


Traduzido por Frederico Bonaldo. São Paulo: Gustavo Gili Brasil, 2013.

• CHING, F. D. K.; ONOUYE, B. S.; ZUBERBUHLER, D. Sistemas


Estruturais Ilustrados: Padrões, sistemas e projeto. Traduzido por
Alexandre Salvaterra. 2a ed. Porto Alegre: Editora Bookman, 2015.

• CHING, F. D. K.; SHAPIRO, I. M. Edificações Sustentáveis Ilustradas.


Traduzido por Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Editora Bookman,
2017.

• CIDADE das crianças. Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2021h.


Disponível em: <https://cidadedascriancas.jundiai.sp.gov.br/cidade-das-
criancas/>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Disponível em:

300
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
Acesso em: 23 nov. 2021.

• BRASIL. Lei° 6.902, de 27 de abril de 1981. Dispõe sobre a criação de


Estações Ecológicas, Áreas de Proteção Ambiental e dá outras
previdências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6902.htm>. Acesso em: 23
nov. 2021.

• “Carta de Belgrado”. UNESCO. 1975. Disponível em:


<https://observatorio-eco.jusbrasil.com.br/noticias/803674916/26-de-
janeiro-dia-mundial-da-educacao-ambiental>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• CATA treco. Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2021b. Disponível em: <


https://jundiai.sp.gov.br/infraestrutura-e-servicos-publicos/limpeza-
publica/residuos-residenciais/reciclavel/cata-treco/>. Acesso em: 26 nov.
2021.

• "Centro de Coleta de Materiais Recicláveis / RUHM Architekten"


[Collection Center for Recyclable Materials / RUHM Architekten] 29 Mar
2021. ArchDaily Brasil. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/958832/centro-de-coleta-de-materiais-
reciclaveis-ruhm-architekten> ISSN 0719-8906. Acesso em: 23 nov.
2021.

• CLIMA e condições meteorológicas médias em Jundiaí no ano todo.


Weather Spark, 2021. Disponível em:
<https://pt.weatherspark.com/y/30285/Clima-caracter%C3%ADstico-em-
Jundia%C3%AD-Brasil-durante-o-ano>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• CLIMA Jundiaí. Climate-Data Org., 2021. Disponível em:


<https://pt.climate-data.org/america-do-sul/brasil/sao-paulo/jundiai-749/>.
Acesso em: 23 nov. 2021.

• COMBERG, E. "Como o Parc de la Villette influenciou a maneira como


projetamos nossos parques no século XXI" [How the Parc de la Villette
Kickstarted a New Era for Urban Design] 23 Ago 2018. ArchDaily
Brasil. (Trad. Libardoni, Vinicius). Disponível em:

301
<https://www.archdaily.com.br/br/900296/como-o-parc-de-la-villette-
influenciou-a-maneira-como-projetamos-nossos-parques-no-seculo-xxi>
ISSN 0719-8906. Acesso em: 17 mai. 2021.

• CUBA, M. A. Educação ambiental nas escolas. ECCOM, Taubaté, v.1,


n.2, p.23-31, jul./dez., 2010. Disponível em:
<http://unifatea.com.br/seer3/index.php/ECCOM/article/view/607/557>.
Acesso em: 23 nov. 2021.

• CURITIBA instala primeira Estação de Sustentabilidade para entrega


voluntária de resíduos. Prefeitura de Curitiba, 25 nov. 2014. Disponível
em: <https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/curitiba-instala-primeira-
estacao-de-sustentabilidade-para-entrega-voluntaria-de-
residuos/34886>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• DELÍCIA de Reciclagem. Prefeitura de Jundiaí, 2021g. Disponível em:


<https://jundiai.sp.gov.br/infraestrutura-e-servicos-publicos/limpeza-
publica/residuos-solidos/reciclagem/delicia-de-reciclagem/>. Acesso em:
23 nov. 2021.

• DINIZ, E. M. Os Resultados do Rio+10. Revista do Departamento de


Geografia, n. 15, p. 31-35, 2002. Disponível em: <>. Acesso em: 23 nov.
2021.

• ECOPONTOS. Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2021c. Disponível em:


<https://jundiai.sp.gov.br/infraestrutura-e-servicos-publicos/limpeza-
publica/ecopontos/>. Acesso em: 26 nov. 2021.

• "Escola Jules Verne / archi5" [Jules Verne School / archi5] 06 Mar


2017. ArchDaily Brasil. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/806607/escola-jules-verne-archi5>
ISSN 0719-8906. Acesso em: 21 jul. 2021.

• "Escola Redbridge / ARX PORTUGAL" 20 Jul 2021. ArchDaily Brasil.


Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/935449/escola-
redbridge-arx-portugal-arquitetos> ISSN 0719-8906. Acesso em: 21 jul.
2021.

302
• ESPLANADA Monte Castelo. Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2021i.
Disponível em: <https://rotasturisticas.jundiai.sp.gov.br/centrohistorico/o-
que-visitar/esplanada-monte-castelo/ >. Acesso em: 23 nov. 2021.

• FÁBRICA Japi. Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2019. Disponível em:


<https://jundiai.sp.gov.br/planejamento-e-meio-ambiente/wp-
content/uploads/sites/15/2014/08/F%C3%A1brica-Japi.pdf>. Acesso em:
23 nov. 2021.

• FABRIZI, M. Kazimir Malevich’s Arkhitektons. Socks Studio, 2015.


Disponível em: <https://socks-studio.com/2015/07/15/kazimir-malevichs-
arkhitektons/>. Acesso em: 26 nov. 2021.

• FESTA da uva. Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2021e. Disponível em:


<https://turismo.jundiai.sp.gov.br/atrativos/festa-da-uva/>. Acesso em: 26
nov. 2021.

• FRAMPTON, K. Perspectivas para um Regionalismo Crítico, 1983.


In.: NESBITT, K. Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica
(1965-1995). Traduzido por Vera Pereira. São Paulo: Cosac Naify, 2ª ed,
2013.

• Fundação Vanzolini. Edifícios não residenciais em construção.


Disponível em: <https://vanzolini.org.br/produto/aqua-hqe/>. Acesso em:
23 nov. 2021.

• LEITE, C.; AWAD, J. C. M., 2012. Cidades sustentáveis, cidades


inteligentes: desenvolvimento sustentável em um planeta
urbano. Porto Alegre: BOOKMAN.

• LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Traduzido por Jefferson Luiz


Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1997.

• GDCI; NACTO. Guia global de desenho de rua. 1 ed. São Paulo:


Senac, 2016.

• GEHL, J. Cidades para pessoas. Traduzido por Anitta di Marco. 3 ed.


São Paulo, Perspectiva, 2015.

303
• GUATELLI, Igor. Edificar parques. O [parergonal] Parc de La Villette e o
futuro do passado. Arquitextos, São Paulo, 2018, n. 208.01, Vitruvius,
Set 2017. Disponível em:
<https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/18.208/6715>. Acesso
em: 10 jun. 2021.

• GUIA orientativo para uso e manutenção de estruturas de MLC e CLT.


Crosslam, 2021a. Disponível em:
<https://www.crosslam.com.br/site/PDFs/GUIA%20ORIENTATIVO%20P
ARA%20USO%20E%20MANUTEN%C3%87%C3%83O%20DE%20EST
RUTURAS%20DE%20MLC%20E%20CLT%20-%20CROSSLAM.pdf>.
Acesso em: 23 nov. 2021.

• HELM, J. "Mobiliário Urbano Reciclado por Oliver Schau", 01 abr


2012. ArchDaily Brasil. <https://www.archdaily.com.br/br/01-
40932/mobiliario-urbano-reciclado-por-oliver-schau> ISSN 0719-8906.
Acesso em: 26 jul. 2021.

• HISTÓRIA. Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2021d. Disponível em:


<https://jundiai.sp.gov.br/a-cidade/historia/>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.


Cidades e Estados, Jundiaí: IBGE, 2016. Disponível em:
<https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/sp/jundiai.html>. Acesso
em: 23 nov. 2021.

• IPTU Verde incentiva uso de medidas sustentáveis em Catanduva.


Prefeitura de Catanduva, 2021. Disponível em:
<http://www.catanduva.sp.gov.br/financas/iptu-verde/>. Acesso em: 23
nov. 2021.

• IMME, A. Tudo sobre análise SWOT: o que é, como fazer e muito mais.
Resultados Digitais, 17 out 2019. Disponível em:
<https://resultadosdigitais.com.br/blog/analise-swot/>. Acesso em: 23
nov. 2021.

• INDIAN Architect & Builder. "Juhani Pallasmaa on Writing, Teaching and


Becoming a Phenomenologist" 07 nov 2015. ArchDaily. Disponível em:

304
<https://www.archdaily.com/776761/juhani-pallasmaa-on-writing-
teaching-and-becoming-a-phenomenologist> ISSN 0719-8884. Acesso
em: 28 jul. 2021.

• IPIRANGA, A. S. R.; GODOY, A. S.; BRUNSTEIN, J. Apresentação:


Desenvolvimento sustentável: um desafio para o mundo acadêmico, a
práxis profissional e as escolas de Administração. Revista de
Administração Mackenzie, v. 12, n. 3, p. 12-12, 2011. Disponível em: <
http://www.spell.org.br/documentos/ver/4257/apresentacao--
desenvolvimento-sustentavel--um-desafio-para-o-mundo-academico--a-
praxis-profissional-e-as-escolas-de-administracao>. Acesso em: 23 nov.
2021.

• JUNDIAÍ foi eleita a 8ª melhor cidade do Brasil para empreender.


TVTEC Jundiaí, Jundiaí, 28 jan. 2021. Disponível em:
<https://tvtecjundiai.com.br/news/2021/01/28/jundiai-foi-eleita-a-8a-
melhor-cidade-do-brasil-para-empreender>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• JUNDIAÍ é considerada a 2ª melhor cidade do país em qualidade de


vida, segundo estudo. G1 Sorocaba e Jundiaí, 11 fev. 2018. Disponível
em: <https://g1.globo.com/sp/sorocaba-
jundiai/noticia/2021/02/11/jundiai-e-considerada-a-2a-melhor-cidade-do-
pais-em-qualidade-de-vida-segundo-estudo.ghtml>. Acesso em: 23 nov.
2021.

• JUNDIAÍ é a 13ª melhor cidade para atrair investimentos. JORNAL DE


JUNDIAÍ, Jundiaí, 23 jun. 2021. Disponível em:
<https://www.jj.com.br/politica/2021/06/126224-jundiai-e-a-13---melhor-
cidade-para-atrair-investimentos.html>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• JUNDIAÍ é a terceira melhor cidade do Brasil em desenvolvimento


social. Salles Imóveis, 2021. Disponível em:
<https://www.salles.imb.br/conteudo/843/jundiai-terceira-melhor-cidade-
do-brasil>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• KALMAN, R. Fábrica de tecelagem Japy – Jundiaí/SP. Recanto das


Letras. Jundiaí, 2010. Disponível em:

305
<https://www.recantodasletras.com.br/artigos/2822010>. Acesso em: 26
nov. 2021.

• KALMAN, R. A Fábrica de tecelagem Japy: Cem anos de Desafios e


resistência de um patrimônio jundiaiense. Recanto das Letras, Jundiaí,
2014. Disponível em:
<https://www.recantodasletras.com.br/artigos/5057279>. Acesso em: 23
nov. 2021.

• KANT, I. “Resposta à pergunta: Que é o Iluminismo?”, In: A paz


perpétua e outros opúsculos, p.11. 1795. Tradução Mourão, Artur.
Disponível em:
<http://www.lusosofia.net/textos/kant_o_iluminismo_1784.pdf>. Acesso
em: 23 nov. 2021.

• LABEE – Laboratório de Eficiência Energética em Edificações. Analysis


SOL-AR, 2021. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/downloads/softwares/analysis-sol-ar>. Acesso
em: 23 nov. 2021.

• LEITE, C.; AWAD, J. C. M., 2012. Cidades sustentáveis, cidades


inteligentes: desenvolvimento sustentável em um planeta
urbano. Porto Alegre: BOOKMAN.

• LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Traduzido por Jefferson Luiz


Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1997.

• MADEIRA laminada colada. Ita Construtora, 2014. Disponível em:


<https://www.itaconstrutora.com.br/madeira-e-tecnologia/madeira-
laminada-colada/>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• MALEVICH, K. From Cubism and Futurism to Suprematism: The new


painterly Realism, 1915. Disponível em:
<https://monoskop.org/images/b/bc/Malevich_Kazimir_1915_1976_From
_Cubism_and_Futurism_to_Suprematism.pdf>. Acesso em: 26 nov.
2021.

• MALEVICH, K. Painting and the Problem of Architecture, vol. 3, n° 2,


1928. Disponível em:

306
<https://thecharnelhouse.org/2014/03/12/suprematism-in-architecture-
kazimir-malevich-and-the-arkhitektons/>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• MARCATTO, C. Educação ambiental: conceitos e princípios. Belo


Horizonte: FEAM, 2002. 64 p.: il. Disponível em: <
http://www.feam.br/images/stories/arquivos/Educacao_Ambiental_Conce
itos_Principios.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• MATOS, M. C. F. G. Panorama da educação ambiental brasileira a


partir do V fórum brasileiro de educação ambiental. Tese (Mestrado
em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro, p. 138. 2009. Disponível em:
<http://www.epea.tmp.br/epea2009_anais/pdfs/plenary/T67.pdf>. Acesso
em: 23 nov. 2021.

• MCDONOUGH, W. Projeto, ecologia, ética e a produção das coisas,


1993. In.: NESBITT, K. Uma nova agenda para a arquitetura: antologia
teórica (1965-1995). Traduzido por Vera Pereira. São Paulo: Cosac
Naify, 2ª ed, 2013.

• NESBITT, K. Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica


(1965-1995). Traduzido por Vera Pereira. São Paulo: Cosac Naify, 2ª ed,
2013.

• OGASAWARA, A. P. Avaliação acústica de oito salas destinadas a


apresentações teatrais da cidade de Campinas, SP, através da
técnica impulsiva. Tese (Mestrado em Engenharia Civil) – Faculdade
de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de
Campinas, Campinas, p. 251. 2006.

• PENELUC, M. C.; SILVA, S. A. H. Educação ambiental aplicada à


gestão de resíduos sólidos: análise física e das representações sociais.
Faced, Salvador, n. 14, p. 135-165, jul./dez. 2008. Disponível em:
<https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/1427>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• PEREIRA, E. Fábrica Japy. Premiação IAB/SP 2019: Categoria


restauro e requalificação, 2019. Disponível em:
<https://www.iabsp.org.br/fabrica_japy.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2021.

307
• PISANI, M. A. J. Sustentabilidade na habitação: posturas e
certificações, 2016. In.: FONTES, M. S. G. C.; FARIA, J. R. G.
Ambiente construído e sustentabilidade. Tupã: ANAP, 2016.

• PLANO Diretor. Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2019. Disponível em:


<https://planodiretor.jundiai.sp.gov.br/wp-content/uploads/2019/12/LEI-
9.321.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2021.

• PLANO Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Prefeitura


Municipal de Jundiaí, 2015. Disponível em:
<https://jundiai.sp.gov.br/infraestrutura-e-servicos-publicos/wp-
content/uploads/sites/18/2017/10/merged.pdf>. Acesso em: 26 nov.
2021.

• PNUD Brasil – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.


Índice de Desenvolvimento Humano, 2010. Disponível em:
<https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/rankings/idhm-
municipios-2010.html>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• POLZER, V. R. Gestão dos resíduos sólidos urbanos domiciliares


em São Paulo e Vancouver. Tese (Mestrado em Arquitetura e
Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade
Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, p. 229. 2012.

• POLZER, V. R. Compostagem: uma necessidade dos centros


urbanos. Revista Brasileira de Ciências Ambientais (Online), São
Paulo, n. 40, p. 124-136, jun. 2016. Zeppelini Editorial e Comunicação.
Disponível em: <https://doi.org/10.5327/Z2176-947820164014>. Acesso
em: 23 nov. 2021.

• POLZER, V. R. Desafios e perspectivas rumo ao gerenciamento


integrado de resíduos sólidos nas cidades brasileiras:
contribuições a partir de estudo de caso europeus. Tese (Doutorado
em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, p. 416. 2017.

• POLZER, V.; PADIÁ, V. Usina de triagem de resíduos em Heliópolis.


Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2011.

308
• REBELLO, Y. C. P. A Concepção Estrutural e a Arquitetura. São
Paulo: Zigurate Editora, 2000.

• SAUVÉ, L. Educação ambiental: possibilidades e limitações. Educação


e pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 317-322, maio/ago. 2005.
Disponível em: <https://www.foar.unesp.br/Home/projetoviverbem/sauve-
ea-possibilidades-limitacoes-meio-ambiente---tipos.pdf>. Acesso em: 23
nov. 2021.

• SOUZA, E. “Acústica mal projetada em salas de aula prejudica o


desempenho e o bem estar dos alunos e professores”, 28 mai. 2021.
ArchDaily Brasil. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/924089/acustica-mal-projetada-em-
salas-de-aula-prejudica-o-desempenho-dos-alunos>. Acesso em: 26 out.
2021.

• SOUZA, E. "Clássicos da Arquitetura: Parc de la Villette / Bernard


Tschumi" [AD Classics: Parc de la Villette / Bernard Tschumi Architects]
21 Dez 2013. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo). Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/01-160419/classicos-da-arquitetura-
parc-de-la-villette-slash-bernard-tschumi> ISSN 0719-8906 Acesso
em: 17 mai 2021.

• SOUZA, E. "Por que a madeira é um material interessante para a


construção de escolas" 23 Dez 2020. ArchDaily Brasil. Acessado 26
Nov 2021. <https://www.archdaily.com.br/br/946547/por-que-a-madeira-
e-um-material-interessante-para-a-construcao-de-escolas> ISSN 0719-
8906.

• SPITZCOVSKY, D. Delícia de Reciclagem: moradores de Jundiaí trocam


recicláveis por alimentos. Super Interessante, 2016. Disponível em:
<https://super.abril.com.br/blog/planeta/delicia-de-reciclagem-
moradores-de-jundiai-trocam-reciclaveis-por-alimentos/> Acesso em: 23
nov. 2021.

• SUDJIC, D., 2019. A linguagem das cidades (Tradução Salvaterra,


Alexandre). Osasco: Gustavo Gili Brasil.

309
• SUPREMATISMO: importante movimento artístico russo. Artout, 2021.
Disponível em: <https://artout.com.br/suprematismo/>. Disponível em: 23
nov. 2021.

• TABELAS de pré-dimensionamento MLC. Crosslam, 2021b. Disponível


em: <https://www.crosslam.com.br/site/PDFs/Predimensionamento.pdf>.
Acesso em: 23 nov. 2021.

• TAGLIANI, S. Saiba o que é o solo-cimento e qual sua aplicação na


construção civil. Engenharia 360, 2017. Disponível em:
<https://engenharia360.com/saiba-o-que-e-solo-cimento/>. Acesso em:
23 nov. 2021.

• TERMINAL Vila Arens. Prefeitura Municipal de Jundiaí, 2021j.


Disponível em: <https://situ.jundiai.sp.gov.br/vilaarens.php>. Acesso em:
23 nov. 2021.

• VAN LENGEN, J. Manual do arquiteto descalço. 2a Ed. Porto Alegre:


Editora Bookman, 2021.

• WATTS, J. Concrete: the most destructive material on Earth. The


Guardian (Trad. Patelli, Pedro), 25 Fev 2019. Disponível em:
<https://www.theguardian.com/cities/2019/feb/25/concrete-the-most-
destructive-material-on-earth>. Acesso em: 23 nov. 2021.

• YIN, Robert K. Estudo de Caso Planejamento e Métodos. 3a Ed. São


Paulo: Editora Bookman, 2006.

• ZANNIN, P. H. T. et al. Comparação entre tempos de reverberação


calculados e medidos. Ambiente Construído, Porto Alegre, v.5, n.4, p.
75-85, out./dez. 2005. Disponível em:
<https://seer.ufrgs.br/ambienteconstruido/article/view/3658>. Acesso em:
23 nov. 2021.

NORMAS BRASILEIRAS (NBR)

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492:


Representação de projetos de arquitetura. Rio de Janeiro, 1994.

310
• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190:
Projeto de estrutura de madeira. Rio de Janeiro, 1996.

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050:


Acessibilidade. Rio de Janeiro, 2015.

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004:


Resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004.

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12179:


Tratamentos acústicos em recintos fechados – procedimento. Rio
de Janeiro, 2017.

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13532:


Elaboração de projetos de edificações. Rio de Janeiro, 1995.

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16636:


Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados
de projetos arquitetônicos e urbanísticos. Rio de Janeiro, 2017.

311
10. ANEXOS
• ANEXO A:

312

Você também pode gostar