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RECIFE
2021
THAIS FRANCIELLE ALVES DE MESQUITA
MÁRCIA BARROS DO NASCIMENTO
RECIFE
2021
CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL
Orientador:
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Prof. Ms. Pollyana Fausta Pimentel de Medeiros
UNINASSAU
Banca Examinadora:
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Prof. Titulação. Nome
Local de trabalho
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Prof. Titulação. Nome
Local de trabalho
AGRADECIMENTOS
Nós, Thais Francielle e Márcia Barros, agradecemos primeiramente a Deus que nos
permitiu chegar até aqui, por ter nos dado saúde e força para superar as
dificuldades, mais uma conquista alcançada pela sua infinita graça sobre nossas
vidas. Foram inúmeras experiências que levaremos por toda a vida.
INTRODUÇÃO 8
RESUMO EXPANDIDO 12
REFERÊNCIAS 24
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INTRODUÇÃO
De acordo com Guerreiro et. al, (2020) a violência contra mulher é uma temática
cotidiana para o profissional do serviço social, cabe a esse profissional identificar e
conhecer as formas de violência que se desenvolve na sociedade e no ambiente
familiar. Os casos de violência que tem na mulher sua vítima mais comum, não se
limitam apenas a agressão corporal, vai além, sendo composta por outras formas de
violência que agravam ainda mais a situação de vulnerabilidade da mulher.
Segundo Silva e Tavares (2017) a violência afeta de forma direta e indireta o bem-
estar e o desenvolvimento emocional, social, familiar e profissional das mulheres.
Além da vítima direta, a violência de gênero, atinge suas famílias, a comunidade,
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como também o país, pois é um comportamento que tem enormes custos, desde
gastos com saúde e despesas legais, perdas de produtividade podendo impactar
nos orçamentos nacionais e o desenvolvimento global. Neste sentido, nosso
trabalho foi desenvolvido a partir da seguinte questão problemática: Em que medida
o Estado de Pernambuco tem intervido no enfrentamento e prevenção a violência
contra mulher e quais as contribuições da atuação do Assistente Social na área de
violência contra mulher?
No Brasil, por exemplo, a mulher era vista como uma propriedade ou passível de
violência por seu marido em caso de acato a sua desonra afirma Ramos, (2012).
Além disso, a compreensão da determinação de gênero, não resultante de estudos
biológicos que falam diretamente do sexo (reprodução, pois tal fato importa para as
ciências naturais), é importante para a delimitação de noção instrumental. A cultura
de um povo representa seus principais costumes e condutas, dessa forma, como
supracitado, a mulher ocupa posição de submissão em diversos locais da sociedade
e a cultura acaba tornando-se um tradutor dessa opressão por diversas vias: a
comportamental, a linguística e a psicológica.
Neste contexto, Bourdieu (1995), estruturou a idéia de que o mundo poderia ser
dividido a partir das diferenças biológicas, tendo em vista a existência do mundo do
trabalho e da reprodução humana, sendo elas consideradas ilusões coletivas. Ou
seja, o gênero poderia estruturar uma percepção de uma organização concreta e
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Entretanto o gênero serve como uma forma de identificação de posição social que é
resultante de ideias patriarcais em que a família surge justamente como uma
instituição de controle liderada geralmente por um homem e que a não realização de
algumas práticas, fazem com que gere certo ônus para a mulher. Na qual as
problemáticas de gênero são intensificadas também a questão racial e com a
questão econômica. Sendo assim, a questão da raça é importante no que refere as
relações de gênero dentro de um sistema patriarcal, além disso, a questão da classe
também funciona como um grau determinante, mas não único, que impede a
resolução de periódicos de dominação, no entanto, neste momento é importante
compreender os graus de vivência entre os indivíduos.
O patriarcado surge na relação que existe entre desigualdades sociais entre homens
e mulheres. E principalmente, no que tange as violências praticadas contra as
mulheres (CUNHA, 2014, p. 150).
porque, fica evidente que até em construção, as mulheres pareciam ocupar posições
de fragilidade ou que as reduzissem apenas a fertilidade ou sexualidade (CISNE,
2012, p. 114-115).
“A sociedade feudal, por exemplo, foi, sem dúvida, patriarcal e, para muitos
autores, estaríamos falando de uma época histórica na qual as mulheres
estavam obrigadas a circular exclusivamente na esfera privada. E, ainda
assim, estaríamos falando de uma circulação somente permitida dentro dos
limites da casa paterna, da casa marital ou do convento” (NASCIMENTO,
1997, p. 82).
Entende-se que patriarcado não é apenas um sistema social, mas uma instituição
subjetiva que influencia condutas, pensamentos e ideologias políticas. Em
continuidade, a compreensão do patriarcado em seu contexto social funciona como
um auxílio para com as relações entre os indivíduos. Por exemplo, no contexto da
escravidão no Brasil, o patriarcado parece assumir uma posição violenta e discreta
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No Brasil, assim como em várias outras partes da América Latina, durante o período
colonial e no século XIX, esses papéis improvisados utilizados como recurso de
sobrevivência principalmente nas áreas urbanas, fizeram com que estudiosos
repensassem o sistema patriarcal e a rígida divisão de tarefas e incumbências entre
os sexos (...). Sem dúvida, nesse tempo, as mulheres não estavam envolvidas em
movimentos de reforma social e seus protestos eram individuais com aspirações de
melhorias na sua vida pessoal (SAMARA, 2009, p.89).
Cabe mencionar que o patriarcado não designa o poder do pai, mas sim o poder do
sexo masculino, enquanto categoria social. O patriarcado é uma forma de
organização social na qual as relações são regidas por dois princípios básicos: as
mulheres estão hierarquicamente subordinadas aos homens e, os jovens estão
hierarquicamente subordinados aos homens mais velhos. A supremacia masculina
ditada pelos valores do patriarcado atribuiu um maior valor às atividades masculinas
em detrimento das atividades femininas; legitimou o controle da sexualidade, da
autonomia feminina; e, estabeleceu papéis sexuais e sociais nos quais o masculino
tem vantagens e prerrogativas (SCOTT, 1995, p. 59).
Para Pateman (1993, p.167) os homens possuem um poder natural dos homens
como indivíduos abarcam todos os aspectos da vida civil, considerando a sociedade
civil como patriarcal. O pensamento que constrói o patriarcado envolve as
proposições de que tomam o poder do pai na família como origem e modelo de
todas as relações de autoridade. Um exemplo disso é o discurso histórico a nomear
líderes como “pais” de determinadas ocasiões, como Vargas, considerado “pai” dos
pobres, sendo um jogo linguístico e semântico que traz a percepção de poder.
Uma das formas instrumentais do patriarcado utilizar sua força sobre o sexo
feminino é a misoginia, no entanto, é necessário compreender que o machismo
também é fruto do sistema patriarcal (SAFFIOTI, 2001, p.18), a misoginia vai além
pregando o ódio ou a aversão às mulheres. Contudo, a misoginia é a base
fundamental para a opressão de mulheres em sociedades patriarcais, pois é
manifestada em diferentes formas de violência contra mulher na sociedade. A família
patriarcal é fundada sobre essa autoridade absoluta do patriarca ou chefe de família,
sendo o homem uma figura que representa o poder absoluto do ambiente. A
naturalização do abismo discriminatório voltado para os gêneros evidencia diversas
manifestações da dominação como a violência contra mulher.
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De acordo com D’Oliveira (1996), a violência passa a ser reconhecida como uma
questão pública a partir do século XIX no mundo, através de estudos sociais, não
por sua intensidade, mas pelo surgimento do discurso moral e ético que ocasionou
diversas tentativas de compreender o fenômeno que vincula a idéia moderna de
igualdade social.
Neste sentido, a violência é uma força intencional que busca provocar danos contra
o outro e pode ser expressa através da opressão, do abuso da força, da
discriminação, da ameaça, da violência física ou psicológica, entre outras formas. No
entanto, no contexto tratado, isto é, na sociedade patriarcal, a violência contra as
mulheres possui uma referência diferente dos outros tipos de violência porque o
sofrimento causado e as agressões estão enraizados na vida social e são
percebidos como normais ou até mesmo naturais.
Diante dos fatos históricos, a violência contra a mulher não é algo novo e existe por
muito tempo na história e um tanto naturalizada pela sociedade, criando certa
tolerância quanto ao fenômeno.
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(...) qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I
- no âmbito da unidade doméstica (...) II - no âmbito da família (...) III - em
qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação (BRASIL,
2006, p. 1 e 2).
Fica evidente, portanto, que o sexo feminino não está incluído, culturalmente, nas
prioridades de defensivas porque a violência e a dominação estão naturalizadas no
consciente coletivo da sociedade. A omissão funciona como um instrumento cultural
de opressão, utilizado por uma idéia patriarcal em que “briga de marido e mulher,
não pode se intrometer” tendo em vista que a relação de subordinação entre o
marido e a esposa se dá justamente pela superioridade, idealizada, do homem.
Portanto, que a violência está inserida nesse fenômeno diverso e complexo. Existem
muitas formas de violência. E elas estão tão presentes em nosso cotidiano que se
tornam, muitas vezes, algo banalizado, “naturalizado” ou até mesmo ignorado.
Araújo (1995) aponta para a gravidade desse processo de banalização e
naturalização. Para definir a violência, tendo em vista que esse fenômeno pode se
dar como violência de gênero, violência doméstica ou violência intrafamiliar e que
pode ser cometida por parceiros, ex-parceiros e até mesmo pais. Tal fenômeno é
atualmente reconhecido como um tópico social porque o movimento feminista deixou
em evidência sua importância para com a sociedade para sanar a dor e a angústia
das diversas gerações de famílias e mulheres.
Cabe mencionar ainda que a violência seja uma forma de regulação de conduta para
que se busque a internalização de um determinado comportamento através da força
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O primeiro mito ocorre da idéia que o ambiente familiar é um ambiente seguro. Isso
porque há uma naturalização na violência em que acaba sendo um pouco mais
complexo favorecendo a continuidade da dinâmica. De acordo com a pesquisa do
CNJ (2018), maridos, companheiros e ex-namorados são os principais autores da
violência contra mulher, causando lesões ou agravos à saúde; aliás, tais lesões não
são descritas como expectativas podendo ser de pequeno ou altíssimo grau e até
mesmo levando a morte.
homens, mesmo que realizem a mesma função que os denunciados por violência.
Neste sentido, não se encontra contradição quanto ao sentido do objeto que tange a
pesquisa, isto porque a violência contra a mulher é um problema que afeta diversas
classes da sociedade e preocupa diretamente a possibilidade de garantia ao direito
a vida.
REFERÊNCIAS
CISNE, M. Gênero, divisão sexual do trabalho e serviço social. 1. ed. São Paulo,
Outras Expressões, 2012.
SCOTT, J. Gender and the politics of history. New York, Columbia University
Press, 1988.