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AS RAÍZES DA VIOLÊNCIA CONTRA A

MULHER NA SOCIEDADE BRASILEIRA


SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM II – VIOLÊNCIA CONTRA A
MULHER

CMLEM - Ensino Médio – Área de Ciência Humanas

Professores: Cilmara; Ginaldo; Ihonara; Nice.

Anos: 3º e 2º.
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM II – As raízes da violência
contra a mulher na sociedade brasileira.
Caros alunos,

Isolamento social , pandemia, rotina, estudos... Em tempos de corona vírus, esses


assuntos que fazem parte de nossa realidade, acabam gerando diversas mudanças na
forma como nós ensinamos, estudamos, aprendemos e vivemos. Portanto, diante dessa
realidade complexa, faz-se necessário de todos – professores, alunos, enfim membros
da sociedade - um esforço de adaptação. Nesse momento, as mídias digitais e as
tecnologias são, portanto, ferramentas importantes de auxilio nas novas práticas
pedagógicas.

Nós, professores da Área de Humanas do CMLEM, também tivemos que mudar nosso
conteúdo, metodologia e prática pedagógica. Para isso, foi necessário, conectarmos
muito mais com as mídias digitais e aprender rapidamente a manuseá-las. Para planejar
aulas remotas, foi necessário novas pesquisas e participação de fórum sobre o rumo da
Educação. Então, para nós, profissionais da Educação Pública, a angustia e o novo são
constantes. Acredito que vocês já perceberam o resultado destas mudanças pelas
atividades!

O grande desafio continua sendo o de sensibilizar, motivar e mostrar aos alunos que a
mudança de postura na rotina de estudo é fundamental. Tanto professorares quanto
alunos precisam manter-se sempre abertos ao novo e motivados, somente assim
venceremos essa batalha!
ATIVIDADE 1 – Introdução: Lei X práticas culturais históricas
Assistir ao vídeo : Violência contra a
mulher – Agência Senado.

Endereço:
https://www.youtube.com/watch?v=tKk
cY2W50Gs#action=share

Nos 14 anos da Lei Maria da Penha, senadoras pedem ações e mais educação
Anderson Vieira | 07/08/2020, 08h27
Fonte: Agência Senado
Nesta sexta-feira (7), a Lei Maria da Penha completa 14 anos desde a sanção. A norma, que foi aprovada para
dar proteção às mulheres vítimas de violência doméstica, passou por mudanças ao longo dos anos, apesar de
ser considerada uma legislação avançada em relação ao tema. Senadoras ouvidas pela Agência Senado
consideram que mais mecanismos de proteção ainda podem ser incorporados e acreditam também que leis
apenas não são o suficiente para o combate aos criminosos: é preciso investimento em educação. 
(...)
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/08/07/nos-14-anos-da-lei-maria-da-
penha-senadoras-pedem-acoes-e-mais-educacao
O BRASIL, A MULHER E A VIOLÊNCIA

Dificilmente encontraremos na história da humanidade um momento em que a mulher não tenha sido subjugada. Entretanto, existe um período
histórico específico em que essa subjugação tomou uma conotação estrutural. E esse período é a Idade Média, como se pode verificar pelo discurso
da medicina, dos teólogos e dos juristas que influenciaram, e influenciam, os comportamentos sociais, por ditarem normas e regras com base
científicas hipoteticamente neutras e objetivas, e também por (re) produzirem valores que conduzem mentalidades. O conjunto destes discursos
(médico, jurídico e teológico) constroem uma figura intelectual e moral da mulher, com a intenção de evidenciar que à ela são inevitáveis
comportamentos como fraqueza e ciúme.1

A violência doméstica e familiar contra a mulher é um fenômeno histórico. Havia a figura patriarcal, em que o pai era o eixo da família e todos os
demais eram submissos a ele, o homem crescia com a ideia de que também quando chegasse a fase adulta iria se tornar aquela figura, e sua mulher,
consequentemente será submissa. Assim, a mulher era tida como um ser sem expressão, que não podia manifestar a sua vontade, e por isso
sempre foi discriminada, humilhada e desprezada.

Por mais que a sociedade lute para que não haja desigualdade entre homens e mulheres, como visa a própria Constituição Federal, ainda é cultivada
essa ideia da família patriarcal e de desigualdade entre os sexos, assim, como consequência a criança que cresce vendo sua mãe sendo vítima da
violência doméstica, e considera a situação natural.

Mesmo após as lutas promovidas pelo movimento feminista, a integração da mulher no mercado de trabalho exercendo funções que antes
pertenciam só aos homens, e até mesmo a criação de métodos contraceptivos, grande parte das mulheres têm medo, vergonha, temor de não serem
compreendidas, se sentem incapazes, impotentes, e assim não fazem nada para que a violência sofrida por elas. (...)

cessehttps://monogrl.com.br/direito/afias.brasilescola.uolei-maria-penha-x-ineficacia-das-medidas-protetivas.htm.
1. Após assistir ao vídeo e a leitura do texto indicado, responda:

A Por que, apesar das conquistas em forma de leis de proteção, a violência contra
a mulher ainda temos altos índices no Brasil? Justifique sua resposta.

B A violência doméstica contra a mulher ocorre diariamente e é um problema


social que precisa ser sanado. O texto destaca que essa violência é um
fenômeno histórico. Como esse fenômeno é descrito no texto? Você concorda
que ele influencia nos casos de violência que acontecem atualmente?

C É rotineiro lermos ou vermos alguma notícia sobre violência doméstica,


vitimando inúmeras mulheres. A Lei Maria da Penha trouxe mecanismos
inovadores destacando: a medidas acautelatória de urgência, insculpida no
artigo 22 e seguintes, cuja finalidade é estancar a violência doméstica e familiar
contra a mulher com mecanismos rápidos que possam imobilizar a ação do
infrator, todavia, vários pontos devemos questionar no que tange a sua
aplicabilidade, a ação penal competente e os objetivos a serem alcançados com a
referida lei. Cite e explique os tipos de violência domesticas segundo o vídeo.

Dica: As Opções de site de pesquisa – You tube /


InfoEscola/ NovaEscola /BrasilESCOLA.
ATIVIDADE 2 – A música Mulher (Sexo frágil) de Erasmo Carlos.

Cinco Moças de Guaratinguetá,


Dizem que a mulher é o sexo frágil O outro já reclama a sua mão 1930,Di Cavalcanti
Mas que mentira absurda! E o outro quer o amor que ela tiver

Eu que faço parte da rotina de uma Quatro homens dependentes e carentes

delas Da força da mulher

Sei que a força está com elas


Mulher! Mulher!

Vejam como é forte a que eu conheço Do barro de que você foi gerada

Sua sapiência não tem preço Me veio inspiração

Satisfaz meu ego, se fingindo submissa Pra decantar você nessa canção

Mas no fundo me enfeitiça


Mulher! Mulher!

Quando eu chego em casa à noitinha Na escola em que você foi ensinada

Quero uma mulher só minha Jamais tirei um 10

Mas pra quem deu luz não tem mais Sou forte, mas não chego aos seus pés

jeito
O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE

Muito recentemente, a propaganda de televisão de uma grande marca mundial de automóveis tentava vender seu produto
ilustrando a mudança do papel social da mulher. Uma jovem com trajes de executiva chegava em casa após um dia de trabalho
e cumprimentava seu marido, o qual estava ocupado preparando a refeição da família. Para surpresa desse homem, que
“comandava” a cozinha e cuidava de suas filhas, sua esposa o presentearia com um carro novo. A partir dessa cena, rapidamente
aqui descrita, pode surgir a seguinte pergunta: esse comercial faria sentido décadas atrás? Certamente que não. Contudo, essa resposta
carece de uma explicação menos simplista, e requer uma maior compreensão do que se chama de questões de gênero e papéis sociais.
(...)
Mulheres e homens ao longo de boa parte da história da humanidade desempenhavam papéis sociais muito diferentes. Mas do que se
trata o papel social? Segundo a Sociologia, trata-se das funções e atividades exercidas pelo indivíduo em sociedade, principalmente ao
desempenhar suas relações sociais ao viver em grupo. A vida social pressupõe expectativas de comportamentos entre os indivíduos, e
dos indivíduos consigo mesmos. Essas funções e esses padrões comportamentais variam conforme diversos fatores, como classe social,
posição na divisão social do trabalho, grau de instrução, credo religioso e, principalmente, segundo o sexo. (...)

(...) As diferenças sexuais sempre foram valorizadas ao longo dos séculos pelos mais diferentes povos em todo o mundo. Algumas
culturas – como a ocidental – associaram a figura feminina ao pecado e à corrupção do homem, como pode ser visto na tradição
judaico-cristã. Da mesma forma, a figura feminina foi também associada à ideia de uma fragilidade maior que a colocasse em uma
situação de total dependência da figura masculina, seja do pai, do irmão, ou do marido, dando origem aos moldes de uma cultura
patriarcalista e machista. Assim, esse modelo sugeria a tutela constante das mulheres ao longo de suas vidas pelos homens, antes e
depois do matrimônio. (...)
Mas como aqui já se abordou, se as noções de feminilidade e masculinidade podem mudar ao longo da história conforme as
transformações sociais ocorridas, isto foi o que aconteceu na cultura ocidental, berço do modo capitalista de produção. Com o
surgimento da sociedade industrial, a mulher assume uma posição como operária nas fábricas e indústrias, deixando o espaço
doméstico como único locus de seu trabalho diário. Se outrora a mulher deveria apenas servir ao marido e aos filhos nos afazeres
domésticos, ou apenas se limitando às tarefas no campo – no caso das camponesas europeias, a Revolução Industrial traria uma nova
realidade econômica que a levaria ao trabalho junto às máquinas de tear. (...)
Após um longo período de opressão e discriminação, a passagem do século XIX para o XX ficou marcada pelo recrudescimento do
movimento feminista, o qual ganharia voz e representatividade política mais tarde em todo o mundo na luta pelos direitos das
mulheres, dentre eles o direito ao voto. Essa luta pela cidadania não seria fácil, arrastando-se por anos. Prova disso está no fato de que a
participação do voto feminino é um fenômeno também recente para a história do Brasil. Embora a proclamação da República tenha
ocorrido em 1889, foi apenas em 1932 que as mulheres brasileiras puderam votar efetivamente. Esta restrição ao voto e à participação
feminina no Brasil seriam consequência do predomínio de uma organização social patriarcal, na qual a figura feminina estava em
segundo plano. (...)
Como se sabe, o desenvolvimento de novas tecnologias para a produção requer cada vez menos o trabalho braçal, necessitando-se
cada vez mais de trabalho intelectual. Consequentemente, criam-se condições cada vez mais favoráveis para a inserção do trabalho da
mulher nos mais diferentes ramos de atividade. Ao estudar cada vez mais, as mulheres se preparam para assumir não apenas outras
funções no mercado de trabalho, mas sim para assumir aquelas de comando, liderança, cargos em que antes predominavam o terno e a
gravata. Essa guinada em seu papel social reflete não apenas nas relações de trabalhos em si, mas fundamentalmente nas relações
sociais com os homens de maneira em geral. (...)
Contudo, é preciso se pensar que mesmo com todas essas mudanças no papel da mulher, ainda não há igualdade de salários, mesmo
que desempenhem as mesmas funções profissionais, ainda havendo o que se chama de preconceito de gênero. Além disso, a mulher
ainda acaba por acumular algumas funções domésticas assimiladas culturalmente como se fossem sua obrigação e não do homem –
funções de dona de casa. Da mesma forma, infelizmente a questão da violência contra a mulher ainda é um dos problemas a serem
superados, embora a “Lei Maria da Penha” signifique um avanço na luta pela defesa da integridade da mulher brasileira.(...) Mas a
pergunta principal vem à tona: qual o papel da mulher na sociedade atual?
https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-papel-mulher-na-sociedade.htm
2. Depois da leitura da letra da música e do texto, realize as atividades
propostas a seguir.
Refletindo a realidade atual do papel da mulher na vida social brasileira, reescreva no caderno a frase mais impactante da música. (resposta pessoal)

A música Mulher (Sexo frágil) faz parte do álbum “Mulher” do cantor e compositor Erasmo Carlos, lançado em agosto de 1981 e é considerado pelo artista
“a plenitude de sua vida pessoal e de sua maturidade” Você conhece outra música sobre que descreve a mulher dessa maneira. Qual? Você concorda com a forma
em que o compositor retratado a mulher nos versos da música? Justifique

Após a leitura realizada elabore uma reflexão sobre o tema: Qual o papel atual da mulher na sociedade?

Desafio – Vamos analisar uma pintura como documento histórico!

A obra de Di Cavalcanti é cheia de retratações de mulheres. Apaixonado pela vida boêmia carioca, pintou as mulheres em seus diversos momentos sob novos
olhares para a época. Apaixonado pela vida boêmia carioca pintou as mulheres em seus diversos momentos, em bares, cenas de carnaval, festas populares,
prostíbulos, postos de trabalho etc, pois acreditava também que a arte possuía papel de engajamento social. Observe novamente a obra “ Cinco Moças de
Guaratinguetá”, na coluna ao lado da letra da musica, para responder as seguintes questões:

a) Quais são os temas retratados nesta obra? b) O artista foi contemporâneo ao tema retratado (1930)? Ou lançou novos olhares?

c) Que sentimentos o artista transmite em relação as mulheres retratadas? d) Como você caracteriza esse tipo de arte: realista ou idealista, imparcial ou parcial?
2.2 De acordo com os conhecimentos adquiridos até aqui, reflita e opine:

Observando a mulher inserida dentro dos espaços público e privado do Brasil , quais
as maiores conquistas das mulheres até hoje dentro desse espaço social?

Em sua opinião, cite os principais objetivos para se alcançar igualdade de gênero


dentro dos espaços públicos.

Faça uma lista que contenha mulheres famosas inseridas no espaço público e privado
(Atenção! Não esqueça de refletir sobre os fatores que influenciaram para que
alcançassem tais postos).
ATIVIDADE 3 – Violência contra a mulher em tempos de pandemia.
3.1 - Assista aos vídeos a seguir :
1. Casos de violência contra a mulher crescem no mundo durante pandemia
2. Leandro Karnal • Violência contra as MULHERES

De acordo com aos fatos apresentados nos dois vídeos sobre a “Violência contra as MULHERES”,
respectivamente a TV Cultura (reportagem) e UNICAMP (palestra do escritor Leandro Karnal), pense e reflita
para depois responder as questões propostas nesta atividade:
a) A partir da realidade atual sobre o tema, destaque e comente, no caderno, a (s) informação (ões) mais impactantes
dos vídeos. (resposta pessoal).
b) De acordo com a analise dos vídeos, quais os possíveis motivos para a existência da Violência contra a mulher,
apesar das leis que já regulamentam essa questão? E o porquê do seu aumento durante a pandemia? Sustente
suas opiniões com argumentos.
A evolução da sociedade patriarcal e sua influência sobre a identidade feminina e a
violência de gênero

A influência do patriarcado na construção e evolução social humana, seu impacto na imagem feminina em nível social,
familiar, profissional, e sua relação com dispositivos legais como a Lei Maria da Penha e o Feminicídio.

Este artigo busca expor a influência do patriarcado na construção e evolução social humana, impactando diretamente a imagem feminina e seu papel
social, familiar e profissional. Como resultado dessa influência, inúmeras agressões a figura feminina ganharam espaço para surgirem e crescerem,
promovendo uma cisão entre os dois gêneros. O Estado não pode se eximir do dever de proteger e promover uma maior igualdade entre gêneros.
Inúmeras medidas de reeducação, mudanças legislativas e discussões foram realizadas e promovidas com o intuito de se chegar a uma solução.
Tratados internacionais, leis específicas como a Lei Maria da Penha e a definição do novo crime de Feminicídio foram algumas das ferramentas
utilizadas pelo Estado Brasileiro para atingir esse objetivo. Discutir a eficácia de medidas já realizadas e propor novas é uma atribuição de toda a
sociedade e um dever do Estado.

(...)

2 - DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA FAMILIAR E DE GÊNERO

2.1. SOCIEDADE PATRIARCAL


A associação entre famílias e patriarcado remete à origem do termo "família", oriundo do vocábulo latino famulus, que significa "escravo doméstico". Esse novo
conceito de união de indivíduos consolidou-se enquanto instituição na Roma Antiga, se tornando a base da formação de toda estrutura social da humanidade.(...)
É válido ressaltar que o patriarcado não significa o poder do pai, mas o poder masculino, centrado na figura do homem. Segundo Scott, J. (1995), “o patriarcado é
uma forma de organização social onde suas relações são regidas por dois princípios basilares: as mulheres são hierarquicamente subordinadas aos homens, e os
jovens estão subordinados hierarquicamente aos homens mais velhos, patriarcas da comunidade”. Este sentido de patriarcado caracterizado pela supremacia
masculina, desvalorização da identidade feminina e atribuição funcional do ser mulher, apenas para procriação, remonta a História Antiga e Idade Média.

(...)

Apesar das eventuais mudanças socioculturais ocasionadas pela miscigenação de povos, surgimento de novos países, guerras, desenvolvimento tecnológico e a
própria evolução humana como ser social, o sistema patriarcal sobreviveu, alterando apenas alguns aspectos. Pode-se dizer que o mesmo evoluiu, todavia,
concentrou em seu cerne as mesmas bases de superioridade e subordinação. Tal mudança originou o que Machado (2000) chama de “patriarcado
contemporâneo”. Neste contexto, a relação homem x mulher, continua herdando muitas características desiguais, mas estas agora se encontram em menor
evidência, ainda assim presentes tanto em meio social, quanto profissional e familiar, influenciando o modelo ideal feminino contemporâneo.

3 - DA DESIGUALDADE DE GÊNERO

3.1. Familiar

(...) Mesmo com a atual discussão a respeito da proteção a dignidade feminina e busca pela igualdade em todos os aspectos, ainda encontramos indícios, em
pequenas atitudes que em primeira análise não parecem ofensivos ou preconceituosos, mas de fato representam a forte influência do patriarcado na nossa
formação como indivíduos. Exemplo disso é a própria divisão de tarefas domésticas, onde em sua maioria o homem fica encarregado apenas do trabalho em
âmbito profissional, enquanto que a mulher fica responsável pela casa e a educação dos filhos. Outro ponto presente nesta família é, segundo Bruschini (1993), o
predomínio da “dupla moral sexual”. Ou seja, a sexualidade feminina ainda é desvalorizada e reprimida, potencializando a condenação do adultério praticado
por mulheres, enquanto que para os homens a sexualidade é estimulada em todos os aspectos, ocasionando a aceitação social dessa prática. (...) A nova
imagem de esposa moderna passa a adquirir características de independência em relação ao marido, busca pela carreira profissional e independência
financeira, sem prejudicar em nenhum momento sua dedicação ao lar e a família.

3.2. Profissional

É justamente esse dever para com os filhos e atividades domésticas que acaba gerando outra dificuldade: como conciliar a carreira profissional e o dever de
mãe e chefe do lar? Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) demonstra que
a maior participação feminina no mercado de trabalho (53% segundo o IBGE em 2007) é diretamente proporcional ao maior desafio de se criar melhores
condições de trabalho, para que as mesmas concorram de forma justa e igualitária com outros profissionais. Isso porque, há uma grande dificuldade em se
conciliar trabalho e família. (...) O problema atinge até mesmo a média salarial entre cargos ocupados por homens e mulheres. Segundo estudo realizado pela
Fundação de Economia e Estatística, do governo do Rio Grande do Sul, a diferença salarial baseada em gênero se aproxima dos 7% em favor dos homens, ao
contrário do que alguns grupos feministas afirmam (cerca de 30%). No mesmo ano, um estudo realizado nos Estado Unidos da América, pela economista de
Harvard, Claudia Goldin, seguindo os mesmos parâmetros, chegou a diferença salarial de 5%, convergindo com a realidade brasileira. (...)

3.3. Social

Quanto ao meio social, os inegáveis séculos de total submissão ao gênero dominante, acabaram imprimindo tanto na sociedade quanto no Estado a ideia de
“gênero frágil” o que acaba por catalisar e intensificar possíveis agressões de toda espécie contra mulheres. Segundo Saffioti (1996), o meio público não tem
importância para o patriarcado. Além de contaminar a sociedade civil, as relações hierarquizadas de poder e dominação, se estendem ao Estado. Chauí conside
ra “violência como toda e qualquer violação da liberdade e do direito de alguém ser sujeito constituinte de sua própria história. Liberdade aqui entendida como ausência de autonomia”.
É claro que o uso de poder ou qualquer outro artificio para dominar e explorar a outrem, nada mais é que uma forma de violência. A violência contra a mulher começa quando esta
se sujeita a este apenas por uma condição de sexo. A identidade feminina é construída muitas vezes sobre esta concepção. (...)

4 DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

A primeira iniciativa brasileira contra a violência de gênero foi a ratificação da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher, de
1º de fevereiro de 1984. Em 1988, a nova Constituição da Republica Federativa do Brasil reconheceu a igualdade entre homens e mulheres. Em 1995, o Brasil
ratificou a Convenção Interamericana para prevenir e erradicar a Violência contra a Mulher, conhecida como Convenção de Belém do Pará. E em 2002, a assinatura do
Protocolo Facultativo sobre todas as formas de Discriminação Contra a Mulher. Foi somente em 2006, após pressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos
que uma norma específica foi publicada no Brasil, a lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, em homenagem a Sra. Maria da Penha Maia Fernandes,
vítima de inúmeras agressões de seu marido que resultaram em uma paralisia de seus membros inferiores.

4.1. LEI 11.340 - MARIA DA PENHA

Art. 1º - Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

(...)
Feminicídio

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) nos últimos anos cerca de 50 mil mulheres foram mortas em decorrência do feminicídio, crime este
ocasionado pelo conflito de gênero e classificado como homicídio qualificado pelo código penal. (...) Segundo a socióloga Lourdes Bandeira, esse ato criminoso
possui algumas características específicas como: “pratica com objetivo de destruir o corpo feminino, utilizando-se de excessiva crueldade e chegando a causar a
desfiguração do mesmo; perpetrado com meios sexuais, ainda que sem manifestar o intento sexual; cometido no contexto de relações interpessoais e íntimas ou
por alguma razão pessoal por parte do agressor, podendo estar associado à violência doméstica; seu caráter violento evidencia a predominância de relações de
gênero hierárquicas e desiguais; é um crime de apropriação do corpo feminino pelo marido-proprietário como sendo um território para uso e/ou comercialização
em tudo o que esse corpo pode oferecer, isto é, desde a prostituição até mesmo o tráfico de órgãos. (...)”

(...) A qualificação do Feminicídio, sancionada no dia 9 de março de 2015, teve como objetivo reforçar a ideia de que qualquer forma de opressão e subjugação
sobre o gênero feminino não pode ser tolerado. (...)

5 CONCLUSÃO

É indubitável o avanço galgado pelas mulheres nos últimos séculos. Saindo de uma posição completamente submissa durante o século XIX, as mesmas
conquistaram o direito de trabalhar e escolher seus maridos. (...)

A partir do século XXI, a luta feminina entra em uma nova fase: a busca pela igualdade material e de gênero. Incentivo para a produção de inúmeros artigos
científicos, pesquisas, teses e obras literárias, esta luta ganhou espaço e se avolumou, se solidificando e influenciando decisões, medidas sociais e governamentais
por todo o mundo. A mulher tem buscado seu espaço e conseguido inúmeras vitórias, reduzindo drasticamente a fronteira que existia entre os gêneros. Ainda
assim, permanece o dilema enfrentado entre a mulher moderna e a mulher mãe, entre a nova estrutura social e profissional ao qual a mulher se inseriu e seu dever
natural e extintivo maternal. (...) https://renzomagno.jusbrasil.com.br/artigos/348594945/a-evolucao-da-sociedade-patriarcal-e-sua-influencia-sobre-a-identidade-feminina-e-a-violencia-de-genero
3. 2 – Após a leitura de trechos do Artigo “ A evolução da sociedade patriarcal e sua influência sobre
a identidade feminina e a violência de gênero” responda as questões abaixo:
1) Quais ferramentas utilizadas pelo Estado Brasileiro atualmente para proteger e promover uma
maior igualdade entre gêneros?
2) E inegável a influência do patriarcado na construção e evolução social humana. Comente seu
impacto na imagem feminina em nível:
a- social; b – familiar; c – profissional.
3) Lei Maria da Penha (nº 11.340) - VOCÊ SABIA QUE,...
• com a criação deste regulamento, todo caso de violência doméstica e familiar passou a ser
considerado crime? Antes não era assim.

• desde 2006, aquele ditado popular “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”, parou
de fazer sentido.

a) Ampliando o conhecimento – Pesquise:


§ O que diz a Lei Maria da Penha?
§ Por que a Lei Maria da Penha tem esse nome?

b) Opine: A Lei Maria da Penha é mesmo necessária? Justifique.


ATIVIDADE PRÁTICA – Nossa realidade

Ronda Maria da Penha – AS MARIAS - Guanambi – Bahia.


v Construir um material informativo
Assista o vídeo com Tenente Jacimara (veja no blog) conscientizando a população a
respeito da necessidade de superar
O projeto foi criado através do Termo de Cooperação, assinado em 08 de março de 2015 –
essa grave problemática social que
fere os direitos humanos;
Dia Internacional da Mulher. O projeto foi inaugurado, na cidade, no dia 6 julho de 2018. v Você aluno pode idealizar e criar
uma cartilha ou capa de jornal,
Além da Operação Ronda Maria da Penha Presente (OPRMP), o município recebeu uma sala
charges, cordel, poema, paródia,
de atendimento e um núcleo de apoio às mulheres vítimas de violência. A sala de
gravar um vídeo, dentre outros que
você considera relevante;
atendimento está localizada na sede do Centro de Referência Especializado de Assistência v Depois de passar pela correção da
professora, postar no blog do
Social (Creas), na Avenida Joaquim Chaves, 404 B, no bairro Santo Antônio.
Colégio Modelo.

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