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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTA

CURSO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL


NAYRA ARAÚJO SILVA

PROJETO DE INTERVENÇÃO
Dando voz à sua dor: um olhar voltado para as mulheres vítimas de violência doméstica

ALTO ALEGRE
2021
NAYRA ARAÚJO SILVA

DANDO VOZ À SUA DOR: UM OLHAR VOLTADO PARA AS MULHERES VÍTIMAS DE


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Projeto de intervenção apresentado à disciplina de


Estágio I do Curso de Serviço Social no Centro
Universitário Inta como parte do requisito para obtenção
de nota.
Supervisor Acadêmico: Valéria Cristina Soares Sousa de
Miranda
Supervisora de Campo: Gylce Klennya Rêgo da Silva

ALTO ALEGRE
2021
RESUMO
O presente trabalho consiste em um projeto de intervenção apresentado ao curso de
Bacharelado em Serviço Social.
Este projeto tem por público alvo mulheres vítimas de violência doméstica, assistidas pelo
CREAS na cidade de Joselândia. Conta com revisão bibliográfica para embasamento e
contextualização, e demais conteúdos metodológicos que descrevem as etapas do projeto
de intervenção e respondem aos questionamentos levantados acerca da violência
doméstica. Almeja-se, através deste projeto, rastrear os casos de violência doméstica e
minimizar os danos provocados por essa prática danosa às mulheres, através de terapias
ocupacionais e tratamentos conjuntos e interdisciplinares entre a equipe de Psicologia e
equipe de Assistência Social do CREAS, a serem detalhados no decorrer do projeto.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................4
2. OBJETIVOS..............................................................................................................................6
3. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................................7
4. METODOLOGIA.......................................................................................................................9
5.RECURSOS.............................................................................................................................1
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6.AVALIAÇÃO..........................................................................................................................11
7.CRONOGRAMA.................................................................................................................12
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1. INTRODUÇÃO

A prevalência da violência contra a mulher na sociedade brasileira tem se constituído um


entrave desde o início da construção do corpo social. Vítimas de uma sociedade machista,
violenta e patriarcal, a classe feminina vem sofrendo diversas formas de violências,
simbólicas ou não; a partir do silenciamento dessas dores, o problema das violências várias
que se abatem sobre as mulheres torna-se naturalizado, e, portanto, estrutural.
Desde o início da década de 70, a violência contra a mulher tem recebido uma atenção
especial de movimentos sociais. Assassinatos, estupros, abusos emocionais, prostituição
compulsória, violência racial, violência em razão de orientação sexual, cometida por
parceiros, familiares, conhecidos, estranhos ou instituições. (SCHRAIBER; OLIVEIRA; FRANÇA-
JUNIOR; PINHO, 2002).
No entanto, diversos avanços já foram conquistados no sentido de dirimir essa
problemática e evidenciar que a opressão contra as mulheres se manifesta de diversas
formas na sociedade, sendo a mais grave delas a violência, seja ela física, psicológica,
patrimonial ou simbólica. Um desses avanços foi a Lei 11.340, denominada Lei Maria da
Penha, que data do ano de 2006, recebendo esta denominação em virtude da mulher de
mesmo nome, que foi vítima de sucessivas agressões praticadas pelo ex marido, resultando
em tetraplegia.
A lei supracitada assegura que as mulheres possam contar com um estatuto sobretudo
protetor, não apenas de ordem repressiva, mas preventiva e assistencial. Por meio desta,são
criados e executados mecanismos que coibem a agressão e a intimidação. (CUNHA; PINTO,
2020).
A violência doméstica é um dos índices mais preocupantes, tendo em vista a situação em
que muitas mulheres se encontram, de total dependência do parceiro. As relações
fundamentadas na dependência emocional cabam por se tornando de tal forma prejudiciais
que podem culminar nas violências várias já citadas. O parceiro sente-se na posição de
dominador, subjugando e humilhando a companheira, mantendo-na dependente por vezes
até financeiramente, o que a impede de quebrar esse ciclo de violências.
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“Apresentam também um padrão centrado na violência doméstica, sendo o parceiro ou


ex-parceiro o agressor em aproximadamente 77,6% dos casos registrados.” (SCHRAIBER;
OLIVEIRA; FRANÇA-JUNIOR; PINHO, 2002).

Neste sentido, propõe-se através deste estudo intervir na situação de mulheres


violentadas física, sexual, moral, patrimonial ou psicologicamente. Através de mecanismos
como, em primeiro plano, a escuta profissional e posterior encaminhamento aos órgãos e
autoridades competentes, sejam eles jurídicos, policiais ou de saúde, pretende-se rastrear,
auxiliar e assistir casos de mulheres vítimas de violência doméstica.
Este projeto faz-se necessário, primeiramente, em virtude da urgência e da prevalência
da violência doméstica na sociedade como um todo, e em segundo plano, em face de
diversos casos suspeitos de violência doméstica investigados em campo.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral

O objetivo do projeto de intervenção é rastrear e auxiliar casos de violência rastreado


no Centro de Referência em Assistência Social (CREAS).

2.2. Objetivos específicos

Rastrear, auxiliar, escutar profissionalmente e promover, em conjunto com os


profissionais da unidade de assistência social, terapias diversas e os devidos
encaminhamentos que auxiliem e minimizem as consequências causadas pela violência
doméstica nas mulheres do grupo identificado.
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3. REVISÃO DE LITERATURA

A condição de violência é, antes de tudo, uma violação dos direitos humanos. Pode estar
associada a problemas variados, de naturezas diferentes, questões conceituais referentes à
diferença entre poder e coação, vontade consciente e impulso, determinismo e liberdade. A
violência contra a mulher é um fenômeno multicausal, multidimensional e multifacetado.
(FONSECA; RIBEIRO; LEAL, 2012)
Profissionais inseridos nos serviços de atendimento à vítimas se deparam com situações
de violências domésticas que começam de modo silencioso, a ponto de não serem
percebidas sequer pelas vítimas. Os primeiros sinais de violência que o agressor doméstico
manifesta e, ainda que não em todos os casos, geralmente acarreta violências mais graves e
danosas. De forma lenta e silenciosa, a violência se inicia e progride em intensidade e
consequências. O autor da violência não começa com agressões físicas, mas com
intimidações, cerceamento, humilhações e exigências que privem a vítima de sua
integridade, dignidade e liberdades individuais, até que obtenha total controle emocional
sobre a vítima. (SILVA; COELHO; CAPONI, 2006).
Agressão, morte e estupro são fenômenos mais naturalizados do que deveriam ser
historicamente. Em todos os países civilizados e dotados de ordem, moral e civismo,
independente da economia e da política, são situações mais naturalizadas do que deveriam
ser. No entanto, as realidades são diferentes e a magnitude das agressões também variam. É
mais frequente em países de cultura masculina, portanto patriarcal e machista, e menor em
culturas que procuram soluções igualitárias para diferenças de gênero. Órgãos
internacionais começaram a se mobilizar contra esse tipo de violência depois de 1975,
quando a ONU implementou o Dia Internacional da Mulher, no entando foi na Reunião de
Viena de 1993 que a Comissão de Direitos Humanos incluiu um capítulo de denúncia e
medidas para dirimir a violência de gênero. (BLAY, 2003)
Com uma frequência muito grande, o problema da violência contra a mulher repercute
para a saúde e a qualidade de vida das mulheres. Violência conjugal e estupro têm sido
aspectos frequentemente relacionados à aumento das taxas de suicídio, abuso de drogas e
álcool, cefaleia, distúrbios psíquicos, gastrointestinais. A violência contra a mulher também
tem seus efeitos reprodutivos, aumentando o índice de doenças sexualmente transmissíveis,
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dores pélvicas crônicas, doenças pélvicas inflamatórias e gravidez indesejada. (SCHRAIBER;


OLIVEIRA; FRANÇA-JUNIOR; PINHO, 2002).
Em alguns países, o percentual de mulheres que relatam agressão física chegou à 50%.
Estatísticas mostram que a cada 15 segundos uma mulher é agredida no Brasil, e mais de 2
milhões de mulheres são espancadas pelos companheiros. (FONSECA; RIBEIRO; LEAL, 2012)
Geralmente, os casos de violência são repetitivos e gradativamente mais graves. Os
estudos apontam para uso mais intenso dos serviços de saúde, ambulatoriais e hospitalares,
o que configura uma clientela expressiva. A violência nas relações de gênero não é
reconhecida nos diagnósticos realizados nos serviços de saúde, tornando o diagnóstico,
rastreio e assistência mais difícil.
Estudos internacionais mostram alta prevalência do problema nos serviços de sáude.
Pesquisa em atenção primária mostram que 21.4% das mulheres relatam violência
doméstica a partir dos 18 anos. Em serviços de emergência, as ocorrências variam entre 22%
e 35% durante a vida feminina. O serviço básico de saúde é importante para que o problema
seja detectado e assistido, visto que tem grande cobertura e contato com as mulheres,
podendo acolher, reconhecer e prevenir um agravamento do caso, fazendo os devidos
encaminhamentos. (SCHRAIBER; OLIVEIRA; FRANÇA-JUNIOR; PINHO, 2002)
Reunindo-se as informações da literatura, é visível que a condição e a situação da
prevalência da violência contra a mulher na sociedade perdura por diversas razões, dentre
elas a cultura de subordinação da mulher ao homem, dramatização do amor passional,
facilidade de fuga dos réus dos processos judiciais, importância que não é dada como
deveria ser pelo Estado ao julgamento, rastreio e proteção das mulheres e meninas. Para
enfrentar essa cultura, são necessárias políticas públicas que modifiquem a discriminação e
incompreensão de que os Direitos das Mulheres são Direitos Humanos. (BLAY, 2003)
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4. METODOLOGIA
O projeto de intervenção ocorrerá segundo as seguintes etapas: sondagem das
mulheres que cheguem ao CREAS de Joselandia apresentando indícios de serem vítimas de
violência sexual; feito isto, as mulheres serão abordadas pelo profissional psicólogo e grupo
de assistência social do CREAS; o grupo selecionado que aceite participar das terapias
ocupacionais e escutas acolhedoras serão submetidos à estas, de modo a atenuar os danos
causados pelos episódios de violência, e aquelas que necessitarem de acompanhamento
médico, serão encaminhadas. Espera-se que empregando certas terapias ocupacionais,
utilizando a escuta como meio terapêutico e os devidos encaminhamentos médicos, possa-
se compreender a realidade da violência doméstica na comunidade, bem como dirimir seus
danos.
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5. RECURSOS

5.1. Recursos humanos

I- Psicólogo ou equipe de psicólogos


II- Equipe de assistência social do CREAS
III- Corpo de profissionais da saúde no hospital para receber possíveis encaminhamentos

5.2. Recursos materiais

I- Telas, tecidos, pincéis e tintas para pintura (como terapia ocupacional)


II- Materiais para artesanato (linhas, linhas para crochê, agulhas)
6.AVALIAÇÃO

A avaliação do andamento e sucesso do projeto será feita após a aplicação dos recursos
terapêuticos e tratamentos, consultando e entrevistando o grupo de mulheres a respeito de
como as iniciativas do projeto as ajudaram a melhorar sua qualidade de vida.
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7.CRONOGRAMA

Atividades SET/ OUT/2020 NOV/2020 DEZ/2020 JAN/2021 FEV/2021 MAR


2020
Coleta e sondagem X X X
de dados e grupo
de mulheres em
campo (estágio)
Construção e X X
redação do projeto
de intervenção
Escuta profissional X
dos relatos
Encaminhamentos X X
dos casos para os
serviços de saúde
Aplicação das X X
terapias (escuta
conjunta, oficinas
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de artesanato) em
conjunto com
psicólogos no
CREAS
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REFERÊNCIAS

BLAY, Eva Alterman. Violência contra a mulher e políticas públicas. Estudos avançados, v. 17,
n. 49, p. 87-98, 2003.

CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência doméstica. Lei Maria da Penha,
2007.

FONSECA, Denire Holanda da; RIBEIRO, Cristiane Galvão; LEAL, Noêmia Soares Barbosa.
Violência doméstica contra a mulher: realidades e representações sociais. Psicologia &
Sociedade, v. 24, n. 2, p. 307-314, 2012.

SCHRAIBER, Lilia Blima et al. Violência contra a mulher: estudo em uma unidade de atenção
primária à saúde. Revista de Saúde Pública, v. 36, n. 4, p. 470-477, 2002.

SILVA, Luciane Lemos da; COELHO, Elza Berger Salema; CAPONI, Sandra Noemi Cucurullo de.
Violência silenciosa: violência psicológica como condição da violência física
doméstica. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 11, p. 93-103, 2007.

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