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VIOLENCIA DOMESTICA NO MUNICIPIO

DE ABAETETUBA

Adriana de Jesus Valente de Brito


Carlem De Matos Baia
Jessica De Paula
Ronald Ribeiro
Prof. Isane Caripuna
FAM
Serviço Social (2021.2) – Trabalho de Graduação
13\06\2023

RESUMO

O presente trabalho é resultado de uma pesquisa á campo no município


de Abaetetuba-PA, traz dados dos órgãos de defesa dos direitos da mulher
que sofrem violência domestica. Para a obtenção de dados realizou-se uma
entrevista com as assistentes socias dos órgãos CREAN (Centro de
referencias especializado de atendimento a mulher) e a Delegacia de Policia.
O objetivo desta pesquisa é identificar quantas mulheres sofrem ou já sofreram
violência domésticas nos últimos anos 2022 e nos primeiros meses de 2023 no
município de Abaetetuba. E como o assistente social atua em prol a essa
politica de assistência

Palavras-chave: Violência contra mulher; Serviço Social; Garantia de Direitos;

ABSTRACT

The present work is the result of a field research in the municipality of

Abaetetuba-PA, it brings data from the bodies for the defense of women's rights
that are domestic violence. In order to obtain data, an interview was carried out

with the social assistants of the CREAN bodies (Specialized Reference Center

for Women) and the Police Station. The objective of this research is to identify

how many women suffer or have already suffered domestic violence in the last

years 2022 and in the first months of 2023. And how the social worker acts in

favor of this assistance policy

Keywords: Violence against women; Social service; Guarantee of Rights

1 INTRODUÇÃO

Todos os momentos históricos em que os homens dominaram as mulheres estão


enraizados em incidentes em que as mulheres foram vítimas de várias formas de
violência. A mulher era proibida de expressar sua opinião, seus desejos, e uma vez que
ela desrespeitava o sistema, ela era punida ou até mesmo morta, enquanto em outros
momentos ela era apenas um órgão reprodutor, servindo apenas aos desejos e ordens
dos homens, não podendo demonstrar a sua intelectualidade e criticidade.
A história nos mostra a luta de mulheres que não aceitaram o que lhes foi
imposto e iniciaram o movimento feminista, no Brasil alguns temas tiveram destaques
importantes no movimento feminista desde a década de 1970 até os dias atuais
ganharam mais espaço, a violência contra a mulher , o direito da mulher a saúde,
sexualidade e direitos reprodutivos. Esses temas correspondem à politização do privado.
Politizar os assuntos privados é denunciar o poder desigual de homens e mulheres nas
esferas de relações afetivas, conjugais, familiares e doméstica.
SERVIÇO SOCIAL NO CREAM
No dia trinta e um de março realizou-se a pesquisa no CREAM/ que atende
desde 2009, atendendo a demanda de mulheres violentadas que chegam de
forma espontânea ou encaminhadas por outras instituições. A equipe
multiprofissional do centro é constituída por três assistentes sociais, duas
psicólogas e uma advogada. O CREAM atende demandas tanto da zona
urbana como rural (estradas, ramais e ilhas) inclusive chega a atender vítimas
de outros municípios que não possuem esse atendimento específico da mulher.
Em determinados dias são atendidos cinco casos por turno, chegando a 35 por
mês.
Segundo a assistente social do Centro, ela relata que esse profissional é de
suma importância, diz que a maior incidência de violência contra a mulher é
geralmente a psicológica, já que as vítimas possuem certo receio de denunciar
a violência física, porém apesar destas possuírem uma maior incidência todos
os tipos de violência são registradas. Quando a mulher toma a iniciativa de
chegar ao CREAN, é realizado os seguintes procedimentos: registro da
situação; escuta humanizada, orientação feita por uma assistente social que
preenche a carteira de atendimento da mulher com os dados da vítima que se
desejar é encaminhada para a delegacia para realizar a denúncia quando
preparada. Em um segundo momento é feito o acompanhamento psicossocial
e atendimento jurídico a mulher, com a advogada, em caso de separação,
guarda dos filhos, pensão alimentícia, entre outros. Durante este procedimento
é realizada a avaliação para se apurar os motivos

que impedem a mulher de fazer a denúncia e através de técnicas as


profissionais explicam as cinco formas de violência, conforme o Art. 7o da lei
Maria da Penha que são:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua
integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause
dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento,
humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição
contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito
de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e
à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou
a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à
prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que
limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos
de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia,
difamação ou injúria.
Durante a explicação as vítimas se identificam com aquelas que sofreram,
porque muitas acham natural ouvir xingamentos, palavrões e não
compreendiam que estas atitudes do agressor consistiam na violência
psicológica e moral.
Segundo a entrevistada a violência possui um aumento constante e contra a
mulher não poderia ser diferente. No entanto, com a divulgação do Centro mais
mulheres procuram os seus direitos e esta violência é desvelada, já que antes
ficava no âmbito da família e hoje extrapola este espaço podendo ser
visualizada por todos, havendo assim, um esclarecimento de que essa
violência não é mais aceitável.
O acompanhamento no Centro buscar o Empoderamento autonomia dessa
mulher.
A violência é considerada um ciclo, pois a mulher muitas vezes retoma o
relacionamento com o companheiro devido ele demonstrar certo
“arrependimento” e a violência volta a ocorrer. Mas é feita através de oficinas e
palestras a conscientização para que a mulher se visualize na mesma situação
em que outras

O centro trabalha também com a família uma vez que a mulher se encontra e
se liberte desta vida de violência. Por isso é importante trazer para o
acompanhamento todas as pessoas do convívio familiar da mulher para
amenizar frustração e baixa autoestima da mulher. (Assistente social do
CREAM)

Segundo a entrevistada seu exercício profissional no CREAM está relacionado


principalmente com o empoderamento que é feito para que a vítima decida
fazer a denúncia e os demais procedimentos. Na medida do possível a
profissional busca conhecer a rede de serviços para poder orientar a mulher
sobre os procedimentos que ela deve tomar. No entanto:
A rede de direitos ainda é um grande desafio apesar dos avanços, pois com a
presença de uma delegada específica, este direito foi melhor garantido. Porém
muitas vezes a mulher chega a delegacia e não encontra apoio suficiente,
principalmente porque os delegados de plantão não atendem na maioria das
vezes durante os finais de semana, agendando assim pra segunda feira.

O SERVIÇO SOCIAL NA DELEGACIA DE POLICIA

A pesquisa com a assistente social na delegacia de atendimento a mulher ( Dean ), a


vítimas de violência doméstica se sucedeu no dia vinte e um de março deste ano. Foi
feita uma entrevista e segunda a interrogada, a maior incidência foi e, é a violência
psicológica, caracterizada pela ameaça e difamação. As ofensas também são frequentes
caracterizando a violência moral. Contudo, as físicas também são registradas, mas, a
partir destas é feito os procedimentos legais cabíveis.
O exercício profissional está relacionado com a mediação de conflitos, principalmente
nos casos de violência psicológica, simbólica e física. Muitas mulheres procuram a
delegacia sem a intenção de realizar o procedimento criminal, desejando apenas um o
apoio da instituição para coibir futuras agressões, a partir do momento que se inicia o
inquérito criminal ela não pode querer recuar. Então, enquanto ainda há o conflito, o
devido procedimento é feito com a assistente social.
De acordo com a profissional a criação da DEAM contribuiu para diminuir o índice de
violência doméstica e familiar no município, mas este continua alarmante no âmbito
social: mulheres que desconhecem seus direitos, sociedade machista, mulheres
submissas, principalmente porque ainda há um número pequeno de vítimas que
procuram a delegacia para denunciar. Em relação a isso a mesma destaca que no ano de
2022 até o ano de 2023 em janeiro e março:

Foram 148 mulheres atendidas. Principais crimes comunicados: Ameaça....50% Lesão


Corporal......14% Outros (cárcere, importunação sexual, estupro,
perseguição...).......22% Média de 30 a 35 medidas protetivas solicitadas por mês.
Quando a mulher chega com hematomas e lesões, mesmo que a mesma não queira, deve
ser feito o procedimento criminal, e isso é uma obrigação nossa, dos profissionais desta
delegacia, e a lei obriga a isso, é a chamada representação incondicionada, pois não
depende da vontade da vítima. E isso é para a segurança dela. Quando ainda é
psicológica ou moral depende da sua vontade abrir procedimento ou não. (Assistente
Social da DEAM)
A maioria das mulheres no município desconhece a real função da DEAM e do
CREAM/Maria do Pará e isso prejudica a realização de denúncias. Referente à
divulgação desta Política Social, a assistente social afirmou que ela existe, porém muitas
não sabem que o ideal seria procurar a delegacia para abrir procedimento criminal,
porque nem todas chegam determinadas a fazer a denúncia. Por isso:
Quando é necessário, a mulher é encaminhada para a rede de direito: Defensoria
pública, CREAM, conselho tutelar, CREAS em caso de abuso sexual de crianças,
adolescentes ou idosos, o CRAS referencio muito pouco porque quando o caso chega
aqui os diretos já foram violentados. Porque aqui não se trata de questões cíveis. Então
separação, guarda de filhos, é encaminhada para a defensoria pública. O CREAM age
para ela se empoderar e perceber que tem condições de superar isso. Pois o homem faz
com que a mulher se desestimule a construir projetos para sua vida, usando adjetivos
para denegrir a imagem da mulher e nestes casos é encaminhada para o CREAM, para
que ela desenvolva a ideia de denunciar o agressor. Aqui não se faz acompanhamento, e
sim atendimento. Porém atendemos a todas e encaminhamos para o CREAM quando
necessário. Alguns momentos nós saímos para comunidades de bairros da periferia e
ilhas. Mas o polícia civil não tem função preventiva e atua quando o caso já ocorreu, na
apuração, ou seja, tem função administrativa. Porém a função não é realizar palestras,
por exemplo, isso não está dentro das competências da polícia, mas sim aberturas de
procedimentos, ouvir testemunhas, depoimentos da vítima, do acusado, fazer relatórios,
encaminhar para exames sexológicos, caso necessite e outros exames. (Assistente Social
da DEAM)
Hoje, se sente mais aliviada pois essa política pública estar devidamente efetivada.
também temos avanços que consistem na nova equipe de delegados que entrou e
melhorou o atendimento, com outra visão sobre esses casos de violência doméstica e
familiar. A polícia militar tem muita resistência sobre esses casos, pois muitas vezes
dentro da própria viatura a mulher desiste de fazer a ocorrência e implora para que o
agressor não vá preso e desiste desta responsabilização. Então a polícia militar usa esses
casos de desistência para justificar o não atendimento a esses casos de violência contra a
mulher. (Assistente Social da DEAM)
Assim, a assistente social afirma que o empoderamento da vítima pode ser uma das
ferramentas mais viáveis para transformar este cenário de violência contra a mulher.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988.


Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm. Acesso em
08 de novembro de 2022.

CFESS. Código de Ética profissional do assistente social. Brasília, 1993.

MEYER-PFLUG, Samantha Ribeiro. Liberdade de Expressão e Discurso do


Ódio. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2009

NETTO, José Paulo. A Construção do Projeto Ético-político do Serviço


Social frente à crise contemporânea. In HENRIQUEZ, A (Org). Serviço
Social, Ética, Deontologia e projetos profissionais. Lisboa: Centro Português de
Investigação em História e Trabalho Social, 2001.

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