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M528v
2023
Melo, Cristiane Magalhães de.
Violência sexual: o que você deve saber / Cristiane Magalhães de Melo;
Ana Clara Rocha Franco; Paula Dias Bevilacqua. - Belo Horizonte:
Instituto René Rachou, 2023.
20 p. : il. color.
ISBN: 978-65-994869-6-8
1. Estupro/diagnóstico. 2. Direitos Sexuais e Reprodutivos/lesões.
3. Delitos Sexuais/prevenção & controle. 4. Serviços de Saúde/tendências.
I. Título.
CDD 364.1532
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APRESENTAÇÃO
A violência sexual é um pro- grupo de pesquisa em Violên-
blema grave e persistente que cias, Gênero e Saúde, do Institu-
afeta principalmente mulheres to René Rachou (IRR-FIOCRUZ/
e meninas com consequências MG), em parceria com o grupo
para a saúde individual de quem de trabalho do Comitê Estadual
a sofre e para toda a sociedade. de Gestão do Atendimento Hu-
O acolhimento e atendimento manizado às Vítimas de Violência
adequado e no tempo oportuno Sexual (CEAHVIS), no âmbito da
contribui para reduzir o impacto pesquisa “Atendimento às mu-
dessas consequências. Porém, lheres em situação de violência
muitas pessoas nessa situação sexual e coleta de vestígios: pes-
não recebem o suporte neces- quisa avaliativa em unidades de
sário por motivos como: dificul- referência do setor saúde”, de-
dade de reconhecer que sofreu senvolvida com recurso da Fun-
uma violência ou por não sabe- dação de Amparo à Pesquisa do
rem que existem atendimentos Estado de Minas Gerais (FAPE-
específicos para esses casos. MIG), por meio do Programa
Assim, é preciso informar de Pesquisa para o SUS: Gestão
a população sobre o que é vio- Compartilhada em Saúde (PP-
lência sexual, o que fazer nos SUS) - Chamada 3/2020 (Proces-
casos de estupro, como e onde so APQ-00814-20).
buscar ajuda. O enfrentamento Ao final deste material, é
à violência sexual é necessário e possível encontrar informações
o atendimento de qualidade um úteis sobre como e onde acionar
direito de todos e todas! serviços da rede de atendimento
Este material foi desen- às pessoas em situação de vio-
volvido de forma coletiva pelo lência sexual.
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O que é violência sexual?
É qualquer ação na qual uma A violência sexual pode
pessoa, fazendo uso de manipu- acontecer em qualquer lugar,
lação, chantagem, intimidação, como na rua ou mesmo dentro de
suborno, ameaça ou força física, casa, e pode ser praticada por pes-
obriga outra pessoa a presenciar, soas desconhecidas, por pessoas
participar ou ter relação sexual de convivência próxima ou da fa-
não desejada. mília. Em alguns casos, a pessoa
Pode ocorrer contra mulher, agressora pode ser alguém com
criança, homem ou pessoa trans. quem a vítima tem ou teve uma
Mundialmente, devido ao machis- relação afetiva, como namoro ou
mo, mulheres e meninas são as mesmo casamento.
mais afetadas. No caso de crianças e ado-
Esse tipo de violência tam- lescentes, a grande maioria das
bém acontece quando as mulhe- abusadoras e dos abusadores é
res e meninas tem seus direitos se- de confiança da família e da pró-
xuais e reprodutivos limitados, por pria criança, como cuidadores,
exemplo, quando são impedidas pais, padrastos, irmãos, tios, avós
de usarem método contraceptivo ou amigos de familiares.
ou quando são forçadas ao casa-
mento, à gravidez, à prostituição O estupro é uma forma de
ou ao aborto. violência sexual em que uma pes-
soa é forçada, com violência ou
grave ameaça, a ter relação sexual
com penetração ou outro tipo de
O QUE
seja vaginal, anal ou oral. Para tan-
es
to, a pessoa agressora pode utili-
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Importante!
Qualquer ato sexual com
crianças e adolescentes de até 14
anos será sempre considerado es-
tupro! Isso porque a lei presume
que nessa faixa etária não há con-
dições necessárias para consentir
com a prática sexual.
Essa situação também acon-
tece quando a pessoa, mesmo
com mais de 14 anos, não estiver
em condições de concordar com
o ato sexual, por exemplo, quando
estiver sob efeito de álcool e/ou
outras drogas, quando estiver dor-
mindo e também no caso de ter al-
guma enfermidade ou deficiência
intelectual que a impeça de tomar
decisões ou de se defender.
Direitos sexuais e
reprodutivos:
• Ter acesso à informação e à edu- mente transmissíveis, como HIV/
cação sexual e reprodutiva. AIDS.
• Decidir se quer ou não ter relação • Ter acesso aos serviços de saúde
sexual e com quem se relacionar. que garantam privacidade, sigilo
• Viver e expressar livremente a e atendimento de qualidade e
sexualidade e a reprodução sem sem discriminação.
violência, discriminações e im-
posições, com respeito pleno ao
corpo da parceira ou do parceiro.
• Receber informações e ter acesso a PRIVAR ALGUÉM DESSES
meios, métodos e técnicas para DIREITOS É UMA FORMA
ter ou não filhas e filhos e para
DE VIOLÊNCIA SEXUAL!
prevenção de infecções sexual-
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Por que é dificil pedir ajuda quando
acontece uma violência sexual?
• Porque a vítima acredita que a cul-
pa é dela, que poderia ter evitado a
situação de alguma maneira;
• Por medo da pessoa agressora ou Lembre-se:
de criar algum conflito familiar;
• Relação sexual sem con-
• Por vergonha de falar sobre o as-
sentimento é violência.
sunto;
Violência sexual é crime!
• Por achar que as pessoas não acre-
ditarão nela; • Toda pessoa que sofre
• Por não identificar a situação como violência sexual precisa
uma violência, o que é comum ser apoiada e protegida.
quando a pessoa agressora é co- • A culpa da violência se-
nhecida ou familiar, principalmente, xual nunca é da vítima.
nos casos de crianças e adolescen-
tes; • Não se cale! Com o aten-
• Por não saber como e onde encon- dimento adequado, é
trar ajuda. possível cuidar da saúde
física e mental.
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E se a vítima for criança ou adolescente?
Se você é familiar, cuida- ras típicas de crianças mais novas ou
dora/cuidador, profissional de dependência de responsáveis para
setores como saúde, assistência atividades que já faziam sozinhas,
social e educação, fique atenta/ por exemplo, ir ao banheiro, tomar
banho ou comer;
atento a alguns sinais que po-
dem indicar a ocorrência de vio- • Existência de segredos que a crian-
lência sexual: ça não conta às/aos responsáveis;
• Interesse exagerado por sexo ou
• Mudanças de comportamento,
órgãos genitais, que pode apare-
tais como desejo ou medo de
cer nas falas, atitudes, desenhos ou
ficar sozinha/sozinho, maior ir-
brincadeiras;
ritabilidade, perda ou aumento
do apetite ou do sono, choro • Machucados no corpo sem explica-
frequente, machucar o próprio ção, corrimento, coceira, ardência
corpo, vergonha exagerada; ou dores na área genital e gravidez
precoce;
• Atraso ou retrocesso no desen-
volvimento, como comporta- • Sintomas como dores de cabeça,
mentos muito infantis para a dificuldade de engolir, enjôos ou
idade, preferência por brincadei- vômitos sem motivo aparente.
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E se você identificar algum desses sinais
e sintomas ou se a criança contar sobre
a violência ?
O que se DEVE fazer: O que NÃO fazer:
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O que fazer após a violência sexual e onde
procurar ajuda?
U E
Não se sinta sozinha nesse
momento! Conte com as institui-
ções de atendimento da sua cida- Q
FI a !!!!
at e n t
de, como unidades de saúde do
SUS ou da rede privada, Conselho
Tutelar, Conselho da Pessoa Ido-
sa, CRAS, CREAS, Centros de Refe- A rapidez no atendimento
rência de Atendimento à Mulher, reduz a possibilidade de infec-
Delegacias Especializadas, Polícia ções sexualmente transmissíveis
Civil, Polícia Militar, Ministério Pú- e de gravidez decorrente dessa
blico ou Defensoria Pública. violência.
Quanto mais rápido for o
Nos casos de estupro, procure atendimento, melhores serão os
uma unidade de saúde com a resultados das medidas preven-
máxima urgência! tivas e dos tratamentos, pois al-
Alguns hospitais na rede SUS guns tem prazo de até 72 horas
são referência para esse aten- (3 dias) para serem realizados
dimento especializado. Con- após a ocorrência do estupro.
sulte os serviços de sua região Ainda que tenha passado
ao final desta cartilha. esse tempo, não deixe de pro-
curar o hospital de referência da
sua região o mais rápido possí-
vel. Se o estupro tiver ocorrido
R AR
há mais de 10 dias, procure a
OCU
PR ital de
Unidade Básica de Saúde para os
encaminhamentos necessários.
o hosp até
ref e r ê nc i a e m
72 horas!!!!
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Quais cuidados são ofertados nos
hospitais de referência?
Cada caso deverá ser ava- • Disponibilização da pílula do dia se-
liado cuidadosamente pelos pro- guinte para prevenção da gravidez;
fissionais de saúde, que definirão • Coleta de materiais (peças de
o melhor a se fazer. Em geral, roupa, sêmen, sangue, saliva ou
são ofertados os seguintes cui- cabelo) para posterior reconhe-
dados: cimento da pessoa agressora, se
for desejo da vítima;
• Acolhimento e tratamento ime-
diato das lesões; • Atendimento psicossocial, de-
mais orientações e encaminha-
• Realização de exames para diag- mentos.
nóstico de infecções sexualmen-
te transmissíveis (ISTs); Clique aqui e descubra
• Oferta de medicamentos e vaci- o hospital de referência
nas para prevenção e tratamen- para o atendimento de
to das ISTs, como HIV e hepati- urgência mais perto de
tes virais, tétano, dentre outras; você.
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Importante! Lembre-se: os cuidados
Caso você engravide em
não terminam aqui!
Após o acolhimento inicial
decorrência do estupro, a inter-
no hospital de referência, toda
rupção da gestação é um direito.
pessoa que sofreu violência se-
Se você e/ou sua representante
xual deverá ser acompanhada
legal desejarem, o hospital de
pelas unidades de saúde para
referência deverá realizar o
receber atenção psicossocial,
abortamento ou encaminhá-la
avaliação clínica, indicação de
para uma instituição que o
exames e medicamentos. A víti-
realize. Lembre-se que é funda-
ma também deverá ser encami-
mental agir rapidamente, pois
nhada para outras instituições
o avanço da gestação pode
da rede de atendimento como
dificultar a realização do proce-
Defensoria Pública, Delegacia de
dimento. Na hipótese de o seu
Polícia, Centro de Referência da
direito não ser atendido, você
Mulher e outros.
poderá procurar a Defensoria
Pública ou o Ministério Público
da sua cidade. É direito de toda pessoa que
sofra violência sexual o aten-
dimento gratuito, realizado
pelo SUS, e o sigilo das infor-
mações fornecidas, que não
Abort ecisa de
seu consentimento.
não p
r r r ê nc i a
m d eco
O L.
i
Bolet zação JU D I C I A Quer saber mais sobre o
atendimento de pessoas
auto ri em situação de violência
OU sexual e sobre a rede de
serviços? Clique aqui
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Se você deseja preservar as provas do crime
de estupro, siga as orientações abaixo:
1. Não se lave e não troque a rou- Denunciar a violência para a
pa que usava no momento do polícia, além de ser um direito,
crime, pois ela será recolhida no pode evitar novas agressões.
hospital de referência;
Essa comunicação, porém, de-
2. Se você precisar se trocar, não
tome banho; penderá sempre da vontade da
3. Guarde suas peças de roupa pessoa que sofreu o estupro. É
e demais objetos que possam importante agir rapidamente:
conter sêmen, sangue, saliva ou CUIDAR PRIMEIRO DA SAÚDE e
cabelo da pessoa agressora e au- depois buscar atendimento po-
xiliem a investigação;
licial para a RESPONSABILIZA-
4. Armazene esses itens em saco-
las de papel, envelopes ou cai- ÇÃO DO AGRESSOR.
xas de papelão fechadas, cada
um em local separado, e não os
exponha ao sol; Lembrete: Em casos de estupro
5. Nunca use embalagens plás- contra crianças e adolescentes
ticas, pois podem favorecer o
é obrigatório reportar os fatos
crescimento de fungos e bacté-
rias, estragando o material gené- à autoridade competente, que
tico contido nos objetos armaze- pode ser o Conselho Tutelar, a
nados. Delegacia de Polícia Civil, a Polí-
6. Leve esses itens ao hospital de cia Militar, o Ministério Público
referência ou à Delegacia de Po- ou a Defensoria Pública.
lícia Civil o mais rápido possível.
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Alguns serviços de atendimento e conta-
tos importantes:
Nos contatos a seguir, você
pode encontrar informações e
denunciar casos de violências.
As ligações são sigilosas, com
identificação opcional. Alguns
dos serviços são nacionais, fun-
cionam 24 horas, 7 dias por se-
mana e a ligação é gratuita.
CEDEM CAOVD
Coordenadoria Estadual de Pro- Centro de Apoio Operacional das
moção e Defesa dos Direitos das Promotorias de Justiça de Com-
Mulheres. E-mail: cedem@de- bate à Violência Doméstica e
fensoria.mg.def.br Familiar contra a Mulher. E-mail:
caovd@mpmg.mp.br
CEDEDICA
CAODCA
Coordenadoria Estratégica de
Defesa e Promoção dos Direi- Centro de Apoio Operacional das
tos das Crianças e Adolescentes. Promotorias de Justiça das Crian-
E-mail: cededica@defensoria. ças e Adolescentes. E-mail: caod-
mg.def.br ca@mpmg.mp.br
atendimentonudembh@defen- Promotorias locais (especializa-
soria.mg.def.br das ou não)
Defensorias locais, especializa-
das (NUDEM ou DEDICA) ou não.
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Disque 100 Aplicativo MG Mulher
Disque Direitos Humanos. Aten- É uma ferramenta voltada à mu-
de violações dos direitos huma- lher em situação de violência do-
nos e repassa os casos aos ór- méstica e/ou familiar, com ma-
gãos competentes. terial informativo, endereços e
telefones das unidades policiais
Ligue 180 e instituições de apoio à mulher
Central de Atendimento à Mu- mais próximas de sua localiza-
lher. Registra denúncias de vio- ção. Há também a possibilidade
lações dos direitos das mulheres de criação de uma lista de con-
e repassa aos órgãos competen- tatos, por meio da qual a usuá-
tes, além de disseminar informa- ria poderá pedir ajuda em caso
ções sobre direitos da mulher, de alguma emergência. Pode
amparo legal e a rede de atendi- ser baixado gratuitamente pelo
mento. Google Play ou Apple Store.
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Hospitais de referência para atendimento
às pessoas em situação de violência sexual
em Belo Horizonte:
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Se você está em outro município de Minas
Gerais
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