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Citricultura

Revista do Grupo de Consultores em Citros


atual
ANO XVI - Nº 95 - Agosto DE 2013 - PREÇO R$ 5,00

Mancha Marrom
de Alternária
Ensaios mostram redução da
severidade da doença nos frutos

Ver para crer


Resultados positivos do
manejo Fisiológico do Greening

Plantas daninhas
Como manejá-las na
citricultura
Editorial
Foto:
Depto. Técnico
Caros leitores,
GCONCI

E
xcepcionalmente, este ano teve um inverno chuvoso, com bons
índices pluviométricos, o que acabou por estimular a formação de
botões florais, saindo uma florada desuniforme, mas acentuada,
nos pomares novos. Esta condição poderá influenciar a próxima
safra e devemos aguardar os índicies pluviométricos e de temperatura
de agosto e setembro. Caso ocorra falta de chuvas com altas tempera-
turas, poderá ocorrer uma derriça dos ‘chumbinhos’, afetando a próxima
safra, deixando-a menor. Índice

4. Exportações

Quanto a safra atual, ocorreu e está ocorrendo uma grande queda
de frutos, o que não aconteceu apenas nas plantas infectadas pelo HLB, brasileiras de suco
mas parte dos frutos que estão caindo são das primeiras floradas, nos se sustentam em 2012/2013
talhões onde já foram realizadas as colheitas, e os resultados estão, em
sua maioria, menores do que as estimativas. 6. P ara que serve o Cadastro
Nesta edição, apresentamos artigos sobre a Mancha Marrom Ambiental Rural?
(Alternária), doença que causa enormes prejuízos em algumas varieda-
des, e entre a mais afetada está a Murcote. Para o seu controle, alguns 10. Controle da Pinta Preta
12. P lantas daninhas na citricultura:
citricultores chegam a fazer mais de 18 aplicações de fungicidas, ele-
vando, desta forma, o custo de sua produção. Ter variedades mais tole-
rantes é muito importante como opção para o produtor, contudo antes como manejá-las?
de plantá-las é importante fazer uma avalição da aceitação destas frutas
pelo mercado consumidor. 16. A quisição e transmissão
Caro leitor, fazemos uma importante observação: quando for con- da bactéria do HLB na fase
sumir suco de laranja adquirido em supermercados, o de ‘caixinha’, leia
adulta de desenvolvimento
com atenção o rótulo e atente se é descrito na embalagem como néctar.
Este tipo de produto tem muito pouco suco natural, muito açúcar, além dos psilídeos
de conservante. Por isso, fique atento!
Por tudo que está ocorrendo na citricultura nestas últimas safras, fica
20. A tualizações sobre o manejo da
claro que o setor ainda não conseguiu se mobilizar (organizar), e são re- Mancha Marrom de Alternária
petidos os mesmos erros, que é um problema cultural. Mas está ficando
cada vez mais claro que as quedas de produção serão bem maiores que
24. Tribunais têm anulado
as quedas do consumo. Muitos consumidores, no futuro, serão privados autos de infração contra
de consumir um dos melhores alimentos, o suco de laranja. produtores rurais
Tenha uma excelente leitura.
26. V er para crer
28. A dministrar em mudanças
José Eduardo Teófilo
Presidente do GCONCI

Expediente
GCONCI – Diretoria Executiva Lázaro Medina, Eduardo Antonio Lucato, Ernesto Luiz P. Jornalista responsável: Deborah Peleias – Mtb 15.212/SP
José Eduardo M. Teófilo (Presidente), Hamilton F. de de Almeida, Francisco Pierri Neto, Gilberto Tozatti, Giovane
Carvalho Rocha (Secretário), Wilson Roberto Chignolli Barroti, Hamilton F. de Carvalho Rocha, José Eduardo M. Edição e projeto gráfico: Cambacica Projetos Editoriais
(Tesoureiro) e Francisco Pierri Neto (Relações Teófilo, Maurício Lemos M. da Silva, Mauro Fagotti, Oscar
Públicas) Augusto Simonetti, Paulo Eduardo B. Paiva, Reinaldo Donizeti Impressão: Gráfica Mundo
Corte, Sidney Marcos Rosa e Wilson Roberto Chignolli www.graficamundo.com.br
Conselho Editorial
Mauro Fagotti (Coordenador), Cliciane R. Dalfré, Endereço Tiragem: 6 mil exemplares – Periodicidade Bimestral
Giovane Barroti, Hamilton F. de Carvalho Rocha, José Rua Santos Dumont, nº 307 Centro, Cordeirópolis/SP -
Eduardo M. Teófilo e Keli Cristina Minatel Brasil A revista Citricultura Atual pertence ao GCONCI – Grupo
CEP 13490-000 – Caixa Postal 39 de Consultores em Citros. Os artigos assinados são de
Membros Fone/Fax 19 3546-1715 responsabilidade de seus autores. A reprodução de matérias
Amauri Tadeu Peratelli, Antônio Celso Sanches, Camilo www.gconci.com.br – falecom@gconci.com.br publicadas por esta revista é permitida desde que citada a fonte.

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Economia

Exportações brasileiras de suco


se sustentam em 2012/2013
Certa adaptação das volume embarcado é 1% maior, en- te concentrado. Porém, esse volume
indústrias ao carbendazim quanto a receita é 9,6% superior. não foi suficiente para superar a mé-
Os envios brasileiros aos Esta- dia de embarque de safras anteriores
e menor produção da dos Unidos estão em bom ritmo e, – entre 2000/2001 a 2010/2011, a
Flórida permitem melhor inclusive, são responsáveis pelo me- média de envio à UE foi de 871 mil
desempenho em volume lhor desempenho na temporada. Em toneladas. Já a receita da venda ao
2012/2013, houve aumento expres- bloco totalizou US$ 1,549 bilhão na

O
sivo de 35% em volume, totalizando safra que se encerra. Esse montante
volume de suco de laranja 206,78 mil toneladas em equivalente foi 5% menor que o de 2011/2012,
exportado pelo Brasil fechou concentrado. Para este destino, os en- que havia sido recorde, mas supe-
firme na safra 2012/2013, vios superaram o total exportado nas rou o total obtido em todas as tem-
apesar de ter iniciado a tem- quatro últimas safras – de 2008/2009 poradas anteriores – de 2000/2001
porada com fraco desempenho. A a 2011/2012. a 2010/2011, a média da receita ao
quantidade embarcada, inclusive, foi Em receita (dólar), o montante ob- bloco foi de US$ 966 milhões.
suficiente para superar as duas tem- tido pelos envios aos Estados Unidos Os dados de exportação de su-
poradas anteriores (em equivalente está 16% maior que a temporada co de laranja evidenciam que hou-
suco concentrado). Os embarques fo- anterior, acumulando US$ 372,2 mi- ve queda no preço médio (FOB) para
ram favorecidos pela maior disponibi- lhões. A receita total para os Estados ambos os destinos na comparação da
lidade de suco no país, aquecimento Unidos é a segunda maior de toda a safra 2012/2013 com a 2011/2012.
das vendas do produto brasileiro aos série da Secex, mesmo com o suco de Este cenário foi reflexo dos preços in-
Estados Unidos e relativa adaptação laranja sendo comercializado em pa- ternacionais, que também recuaram
das indústrias nacionais aos níveis do tamares inferiores aos da 2011/2012. nesta comparação. O suco de laran-
fungicida carbendazim permitidos no Para 2013/2014, a tendência é ja concentrado e congelado (FCOJ)
mercado norte-americano. Na tem- que os embarques brasileiros man- teve média de US$ 1.847/tonelada
porada 2010/2011, os envios dimi- tenham o ritmo, principalmente pe- na Bolsa de Nova York na temporada
nuíram pela menor oferta e deman- la expectativa da menor produção que se encerra, queda de 22%. Ape-
da desaquecida; já na safra seguinte de laranja nos Estados Unidos. A Fló- sar desta retração na média, foi regis-
(2011/2012) foi, principalmente, a rida, principal estado produtor do trada recuperação nas cotações nos
restrição dos norte-americanos ao su- país, tem tido sérios problemas com o últimos meses.
co com resíduo do fungicida que im- HLB (Greening), doença até o momen- O principal motivo para a recente
pactou os embarques. to sem cura, de fácil disseminação e firmeza das cotações é o temor quan-
Segundo a Secretaria de Comér- que reduz drasticamente a produti- to à produção de laranja da Flórida,
cio Exterior (Secex), na safra-expor- vidade das plantas – seja pela queda que reduziu 13,3 milhões de caixas
tadora 2012/2013 (julho de 2012 a prematura dos frutos, seja pelo me- de 2011/2012 para 2012/2013, se-
junho de 2013), o embarque de suco nor calibre. A demanda europeia, por gundo estimativa de julho do USDA
de laranja a todos os destinos foi 2% sua vez, já está bem abaixo da média (Departamento de Agricultura dos
maior em relação à temporada ante- das safras anteriores e não há indícios Estados Unidos) – totalizando 133,4
rior, totalizando cerca de 1,2 milhão de que registre significativas quedas. milhões de caixas de 40,8 kg. Em ju-
de toneladas de suco em equivalen- Para a União Europeia, principal nho de 2012, o FCOJ na Bolsa de No-
te concentrado. A receita em dólar destino do suco brasileiro, houve li- va York era negociado em torno de
encerrou 6% menor, limitando-se a geiro aumento de 0,3% nesta tempo- US$ 1.700/tonelada, mas no mesmo
US$ 2,302 bilhões. Quando compa- rada ante a anterior, totalizando mais mês deste ano fechou acima de US$
rado com a temporada 2010/2011, o de 779,9 mil toneladas em equivalen- 2.000/tonelada.

4 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


Economia

Evolução das exportações brasileiras de suco de laranja a todos os destinos

3.000

2.500

2.000

1.500

1.000

500

0
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13
/20 /20 /20 /20 /20 /20 /20 /20 /20 /20 /20 /20 /20
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20 20

Volume (mil toneladas) Receita (US$ milhões)

Obs.: volume de suco de laranja em equivalente a suco concentrado; receita em termos nominais Fonte: Secretaria de Comércio Exterior (Secex)

Já em Roterdã, os preços se man- vas, reduzindo a projeção de oferta. O de julho, apenas duas das grandes
tiveram semelhantes na maioria dos motivo para a menor produção da Fló- processadoras fizeram novos contra-
meses da safra 2012/2013, mas na rida é o avanço do HLB nos pomares, tos com produtores independentes,
média estão bem abaixo das duas enquanto em São Paulo, além do HLB, porém os patamares oferecidos não
temporadas anteriores. A fraca de- a baixa rentabilidade nas últimas tem- foram considerados remuneradores –
manda europeia e os elevados esto- poradas tem reduzido drasticamente o no máximo R$ 7,00/cx, incluindo um
ques de suco são os principais mo- parque citrícola paulista. adicional de participação no preço de
tivos para os atuais patamares de A expectativa de citricultores é venda do suco de laranja em certos
preços. Em 2012/2013, o suco em que essa conjuntura resulte em preços casos. Alguns produtores aceitaram
Roterdã (base FoodNews) foi nego- mais firmes na venda à indústria, prin- as propostas vigentes, enquanto ou-
ciado em média a US$ 2.300/tonela- cipalmente a partir de 2014, no mo- tros preferiram postergar as negocia-
da, 11% abaixo da passada. mento em que os estoques nacionais ções de suas frutas na expectativa de
Assim, que for consolidado o cená- reduzirem. Outro fator que favorece a mudança no cenário.
rio de oferta brasileira de suco de la- indústria exportadora e gera perspec-
ranja em 2013/2014, é possível que tivas de cotações mais remuneradoras
os preços internacionais continuem ao produtor é a previsão do dólar mais
sinalizando um cenário mais positivo. valorizado neste ano e no próximo. Ci-
Considerando as previsões de menor tricultores com contratos de longo pra-
produção nacional para a temporada zo firmados em dólar já seriam direta-
atual, há evidências de que os esto- mente beneficiados pelo câmbio.
ques de passagem, que serão carrega- Atualmente, o possível cenário Eng. Agr. Margarete Boteon
Pesquisadora Cepea/Esalq – USP
dos para a safra 2014/2015, também mais positivo ainda não reverteu os
tenham redução. Além disso, as pers- baixos preços no mercado spot, tam- Mayra Monteiro Viana
Fernanda Geraldini
pectivas para as próximas safras em pouco aqueceu as compras por parte Analistas de Mercado
São Paulo e na Flórida não são positi- das indústrias. Em 2013, até meados Cepea/Esalq – USP

GCONCI – Grupo de Consultores em Citros 5


Meio Ambiente

Para o que serve o


Cadastro Ambiental Rural?
Principal ferramenta do Outros objetivos apontados são: 17 de outubro de 2012, que trata
Código Florestal, prevê a finalidade de integração das infor- sobre o Sistema de Cadastro Am-
mações ambientais das proprieda- biental Rural e estabelece normas
a conservação do meio des e posses rurais e enviadas ao Si- de caráter geral aos Programas de
ambiente a partir da car – Sistema de Cadastro Ambiental Regularização Ambiental – PRA
adequação ambiental das Rural compondo base de dados pa- bem como para os proprietários
ra controle, monitoramento, plane- que já averbaram sua Reserva Le-
propriedades. Entenda mais jamento ambiental e econômico e gal em cartório, identificada e loca-
sobre o assunto combate ao desmatamento. lizada pelo perímetro (divisa), não
A quantidade de exigências e serão obrigados a fornecer ao ór-

O
penalidades que o CAR impõe não gão ambiental as informações rela-
Cadastro Ambiental Ru- é pequena, mas é bom lembrar que tivas à Reserva Legal como previs-
ral (CAR) é o principal item este cadastro foi incluído na Lei to no inciso III do parágrafo 1º do
mais discutido ao nível de 12.651/2012 depois de anos de de- artigo 29.
produtores quando, se bem bate entre a bancada ruralista e os Porém, o proprietário rural de-
aplicado e fiscalizado, promoverá ambientalistas. ve ficar atento ao cumprimento
profundas mudanças na forma que Para entendermos melhor, va- deste artigo, pois alguns cartó-
os proprietários rurais e posseiros mos observar que o Art. 5o do De- rios ainda exigem a averbação da
se relacionam com sua propriedade creto 7830/2012 diz que o CAR de- Reserva Legal o que é ilegal para
no aspecto ambiental. verá contemplar: o CAR, de acordo com alguns ad-
Por se tratar de registro público 1. Os dados do proprietário, possui- vogados especialistas em direi-
eletrônico de abrangência nacional dor rural ou responsável direto to ambiental, já que trata-se de
obrigatório, de acordo com os arti- pelo imóvel rural, lei federal. A saída, segundo eles,
gos 29 e 30 da Lei Federal 12.651 2. A respectiva planta georreferen- em caso de impasse é entrar com
e do Decreto 7830/2012 Capítulo ciada do perímetro do imóvel; ação na justiça para preservar os
I Art. 2º parágrafo II, para todos os 3. Das áreas de interesse social; direitos adquiridos por lei. Contu-
imóveis rurais, de acordo com o Sis- 4. Das áreas de utilidade pública; do, há solicitação de averbação de
tema Nacional de Informações sobre 5. A informação da localização dos re- Reserva Legal nos casos de atos
Meio Ambiente (Sinima), o CAR não é manescentes de vegetação nativa; registrais de imóveis rurais (com-
uma inovação da Lei 12.651/2012, 6. Das Áreas de Preservação Perma- pra e venda, desmembramentos,
pois este cadastro já estava sendo nente; remembramentos, cessões de di-
previsto do Dec. 7029/2009 como 7. Das Áreas de Uso Restrito; reitos, retificações de área e de
um dos instrumentos do Programa 8. Das áreas consolidadas e registros públicos).
Mais Ambiente. 9. Da localização das Reservas Legais.
O CAR é a principal ferramenta, Prazo
no Código Florestal, para a conserva- Mas para que os proprietários ou O prazo de cadastramento será de
ção do meio ambiente por meio da posseiros que já aderiram ao Pro- um ano a partir da data de sua im-
adequação ambiental dos imóveis grama Mais Ambiente tenham seus plantação, podendo ser prorrogado,
rurais a partir do compromisso dos direitos preservados quando firma- uma única vez, por igual período por
proprietários rurais ou posseiros de ram o Termo de Adesão e Compro- ato do Chefe do Poder Executivo. O
recuperar e manter as APPs eventu- misso de que trata o Art. 3º, inci- registro das propriedades rurais no
almente degradadas e de averbar a so I do Decreto 7029/2009, que foi CAR será feito eletronicamente e é
Reserva Legal de sua propriedade. substituído pelo Decreto 7830 de autodeclaratório.

6 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


Com os benefícios AgCelence®,
vai ser difícil sua qualidade cair.

Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens


e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle de doenças/pragas/plantas
infestantes (ex.: controle cultural, biológico etc) dentro do programa do Manejo
Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Para maiores informações
referentes às recomendações de uso do produto e ao descarte correto de embalagens,
leia atentamente o rótulo, a bula e o receituário agronômico do produto. Produto
temporariamente restrito no Estado do Paraná para Elsinoe australis na cultura do citros.
Produto registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sob nº 8801.

Comet®, o fungicida da BASF para o seu pomar.


• Alta eficiência no controle da Pinta-preta e Verrugose
• Maior pegamento de frutos
• Maior período de frutos retidos no pé

0800 0192 500


www.agro.basf.com.br
Meio Ambiente

Instrumentos de adesão Faixa de


O Decreto 7830 de 17/10/2012 no recomposição Depende Largura
Módulos Fiscais APP
seu capítulo III, Art. 9º, onde trata do para cada Curso d’água?
margem (m)
Programa de Regularização Ambien-
tal define que os instrumentos para Até 1 Sim 5 Não
adesão são: 1 até 2 Sim 8 Não
• O Cadastro Ambiental Rural;
2 até 4 Sim 15 Não
• Termo de compromisso;
• O projeto de recomposição de 4 até 20 Sim 20 Até 10 m
Áreas Degradadas e Alteradas; Maior que 20 Sim De 30 a 100 Sim
• As cotas de Reserva Ambienta -
CRA quando couber. Fonte: Decreto Federal 7830/2012

Para os produtores que não ade-


rirem ao programa não será permiti-
do acesso às linhas de crédito agríco- de Preservação Permanente ao lon- Multas
la. Os bancos poderão solicitar o CAR go de cursos d’água naturais, será Para os proprietários ou posseiro que
antes do final do prazo de um ano a obrigatória a recomposição das res- tenham aderido ao Programa de Ade-
partir da data de lançamento. pectivas faixas marginais em 8 me- quação Ambiental PRA e enquanto
Como o prazo de adesão ao PRA tros, contados da borda da calha do estiver cumprindo o termo de com-
é de um ano a partir da publicação leito regular, independentemente da promisso não poderá ser autuado por
da Lei 12.651 de 2012, prorrogável largura do curso d’água. infrações cometidas antes de 22 de
por um ano (Art. 10º), os produtores Para os imóveis rurais com área julho de 2008, relativas à supressão
terão um prazo relativamente curto superior a dois módulos fiscais e de irregular de vegetação em APPs, de
para cumprirem todas as exigências até quatro módulos fiscais que pos- Reserva Legal e de uso restrito.
que este programa estabelece. suam áreas consolidadas em Áreas Há ainda outro benefício aos pro-
Para a efetiva aplicação do PRA, de Preservação Permanente ao lon- prietários e posseiros porque, após a
o Governo estabeleceu exigências go de cursos d’água naturais, será assinatura do termo de compromisso,
como a liberação de crédito agríco- obrigatória a recomposição das res- serão suspensas as sanções decorren-
la e/ou para compras de máquinas pectivas faixas marginais em 15 me- tes das infrações cometidas antes de
após a adesão ao CAR. tros, contados da borda da calha do 22 de julho de 2008 desde que cum-
Vale lembrar que para proprieda- leito regular, independentemente da pridas as obrigações estabelecidas
des com até quatro módulos rurais largura do curso d’água. no PRA ou no termo de regularização
que desenvolvam atividades agros- Segundo o que dispõe o inciso II ambiental das exigências previstas no
silvipastoris será possível o preen- do § 4º do art. 61-A da Lei nº 12.651, Código Florestal de 2012, nos prazos e
chimento do CAR simplificado. de 2012, a recomposição das faixas condições nele estabelecido.
Para os imóveis rurais com área marginais ao longo dos cursos d’água Ainda consta no Decreto 7830
de até um módulo fiscal que pos- naturais será de, no mínimo: de 2012 que as multas decorren-
suam áreas consolidadas em Áreas I. 20 metros, contados da borda da ca- tes das infrações estabelecidas nas
de Preservação Permanente ao lon- lha do leito regular, para imóveis com condições descritas acima serão
go de cursos d’água naturais, será área superior a quatro e de até dez consideradas como convertidas em
obrigatória a recomposição das res- módulos fiscais, nos cursos d’água serviços de prestação, melhoria e
pectivas faixas marginais em 5 me- com até dez metros de largura; recuperação da qualidade do meio
tros, contados da borda da calha do II. nos demais casos, extensão cor- ambiente, regularizando o uso de
leito regular, independentemente da respondente à metade da largura áreas rurais consolidadas conforme
largura do curso d’água. do curso d’água, observado o mí- definido no PRA.
Para os imóveis rurais com área nimo de 30 e o máximo de 100
superior a um módulo fiscal e de metros, contados da borda da ca-
Eng.Agr. Roberto Gullo Filho
até dois módulos fiscais que pos- lha do leito regular. www.sustentarambiental.com.br
suam áreas consolidadas em Áreas Ver quadro acima. Consultoria em Meio Ambiente

8 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


Pragas e Doenças

Controle da tro ou cinco pulverizações feitas


em áreas onde a doença é severa

Pinta Preta
faz com que ocorra a redução da
queda de frutos, em média 65%
se comparado com plantas sem
controle, entretanto, entre 20% e
50% dos frutos continuarão a ter
Informações geradas a partir de extensas pesquisas sintomas da doença. Isso ocorre
porque o período de cobertura de
iniciadas em 1992 são importantes para que, hoje, os
cinco pulverizações, para uma flo-
produtores possam ter um controle adequado da rada que inicia em outubro, pro-
Pinta Preta em seus pomares tege a planta até início de março.
A quantidade de inóculo (esporos

N
do fungo) após esse período é me-
o Brasil, a Pinta Preta foi re- ta pelos produtos aplicados. Gra- nor, mas o suficiente para causar
latada pela primeira vez no ças a essas pesquisas, São Paulo novas lesões. Portanto, para fru-
Estado do Rio de Janeiro, tem atualmente um programa pa- tos que serão comercializados no
em 1980. Em São Paulo, o ra controle da Pinta Preta, para ci- mercado de fruta fresca, o núme-
primeiro relato ocorreu na região tricultores que comercializam a sa- ro de pulverizações deverá ser es-
de Conchal e Engenheiro Coelho, fra tanto para a indústria de suco tendido até o período de estiagem,
em 1992. A partir deste ano, pes- quanto para mercados interno e quando não há condições ambien-
quisadores do Instituto Biológico, externo de fruta fresca. tais favoráveis a novas infecções.
Unesp-Jaboticabal, Centro APTA-Ci- O Brasil é referência em estu- Outro motivo para que essa quan-
tros, Esalq/USP, IAC e Fundecitrus dos e manejo da Pinta Preta no tidade de frutos com sintomas seja
iniciaram pesquisas com o objeti- mundo. Por esse motivo, eu gosta- elevada está diretamente relacio-
vo de entender o comportamento ria de citar nominalmente os pes- nado ao intervalo entre aplicações
da Pinta Preta em pomares paulis- quisadores que contribuíram pa- de produtos cúpricos, que não po-
tas. As informações geradas foram ra o entendimento da doença nas de exceder 28 dias, e da mistura
de suma importância para que ho- condições paulistas e em seu con- entre produtos sistêmicos e pro-
je os produtores pudessem ter um trole: Dr. Eduardo Feichtenberger, tetores, 42 dias. Para produtores
controle adequado da doença em Prof. Antonio de Goes, Dr. Carlos que exportam frutos, devido a Pin-
seus pomares. Aguilar-Vildoso, Dr. José Maria Fer- ta Preta ser uma doença quaren-
A enorme quantidade de expe- nandes dos Santos, Dr. Hamilton tenária A1 para a União Europeia,
rimentos de controle químico fei- Ramos, Dr. Fernando A. Azevedo, principal comprador das laranjas
tos pelos pesquisadores paulistas, Dr. Geraldo José da Silva, Dr. Rena- brasileiras, deve-se eleger talhões
nas distintas regiões do Estado de to B. Bassanezi, Profa. Lilian Amo- com baixa intensidade da doença,
São Paulo, serviu para avaliar quais rim, Prof. Modesto Barreto, Profa. aumentar o número de pulveriza-
os fungicidas eficazes no controle Chirlei Glienke, Prof. Welington ções por safra e reduzir o intervalo
da doença e suas doses; qual o in- Luiz Araújo, seus alunos e respec- entre essas pulverizações.
tervalo entre as aplicações de fun- tivas equipes de trabalho. Um grande problema que ocor-
gicidas de um mesmo grupo quí- O tratamento químico conven- reu para o controle da Pinta Preta
mico e entre diferentes grupos cional no controle da Pinta Preta, foi a proibição do uso de benzimida-
químicos; a necessidade ou não visando frutos para a indústria, é zóis nos pomares. Esse grupo quími-
de adjuvantes para o incremento feito com quatro a cinco pulveriza- co possui ingredientes ativos muito
do controle; a quantidade de calda ções a partir da queda de pétalas. eficazes no controle da doença, co-
por planta e o número, tipo de bi- O citricultor deve conhecer a sua mo o carbendazim e o tiofanato me-
cos e tamanho de gotas dos turbo- propriedade e saber a intensidade tílico. A restrição do uso de benzimi-
pulverizadores para que se tenha da doença nos diferentes talhões dazóis reduziu as opções de grupos
uma melhor cobertura da plan- para ajustar o controle. As qua- químicos eficazes no controle da

10 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


Foto Depto. Técnico GCONCI Pragas e Doenças

po das estrobilurinas por safra. As


pulverizações com cúpricos ou es-
trobilurinas devem ser feitas em
mistura com óleo mineral ou vege-
tal a 0,25%, o que ajuda a redistri-
buir o produto na planta, além de
fixá-lo melhor.
O citricultor também deve ter
conhecimento de que o controle da
Pinta Preta não se baseia exclusiva-
mente no uso de fungicidas. Esses
produtos são importantes e devem
ser usados com critério no pomar,
mas outras práticas culturais po-
dem, a médio prazo, minimizar pro-
Frutos com sintomas de Pinta Preta dos Citros blemas com a Pinta Preta no cam-
po, quando feitas em conjunto com
Pinta Preta para basicamente dois O FRAC (comitê formado por o controle químico. O plantio de
grupos: os cúpricos (oxicloreto de representantes dos principais pro- adubo verde nas ruas dos talhões
cobre, hidróxido de cobre, sulfato de dutores de fungicidas no Brasil e e sua roçada com o uso de roçadei-
cobre e óxido cuproso) e as estrobi- que coordena ações conjuntas que ra ecológica reduzem a dispersão
lurinas (piraclostrobin, azoxistrobin visam, principalmente, minimizar do fungo dentro do pomar; a poda
e trifloxistrobin, e suas misturas). o problema de resistência de fun- de inverno, como era amplamente
As estrobilurinas atuam em um sí- gos a fungicidas no país), estipu- realizada antigamente, também re-
tio muito específico dos fungos e o lou que em pomares onde se faz duz o fungo na área uma vez que
seu uso continuado no pomar pode de quatro a sete pulverizações pa- ele pode sobreviver entre safras
selecionar fungos resistentes a es- ra o controle de doenças fúngicas em galhos secos. Essa prática me-
se grupo químico. Existe um traba- na safra (isso em citros deve levar lhora a aeração dentro da copa o
lho recente desenvolvido na África em consideração o controle da Po- que diminui a umidade reduzindo
do Sul que relata ser baixa a possibi- dridão Floral e da Pinta Preta) de- infecções pelo fungo além de pos-
lidade de ocorrer resistência do fun- ve-se pulverizar no máximo duas sibilitar uma maior penetração de
go da Pinta Preta às estrobilurinas, vezes com estrobilurinas sem mis- fungicidas na copa, o que melhora
entretanto temos de tratar esse re- tura. Para o produtor que faz de o controle químico.
sultado com cautela, pois até o mo- quatro a cinco pulverizações na Claro que todas essas práticas
mento não foram feitos experimen- safra e usa estrobilurinas em mis- têm custo e isso onera, e muito, o
tos sobre esse tema aqui no Brasil. tura, esse deve manter no máximo produtor. Portanto, não há como
Quando a resistência é total, não há duas pulverizações com a mistu- ter um bom controle da Pinta Pre-
mais possibilidade de utilizar prin- ra e o restante com produtos cú- ta, assim como de outras doenças
cípios ativos desse grupo no pomar, pricos. Para quem faz seis ou sete e pragas dos citros, se o produtor
ou seja, perde-se a ação do produto. pulverizações o número de apli- não receber um preço justo por
Lembre-se que produtos comerciais cações na safra com mistura po- sua produção.
como Comet®, Amistar®, Flint®, ou de ser aumentado para no máximo
as misturas como Nativo®, Amistar três vezes. Essas informações são
Prof. Marcel
Top® e Midas BR®, são estrobiluri- importantes e devem ser segui- Bellato Sposito
nas ou têm o mesmo modo de ação das à risca. Portanto, na condição Departamento
de Produção
e caso ocorra resistência para um atual, o produtor deve priorizar o Vegetal – Esalq/
desses produtos, nenhum dos ou- uso de produtos cúpricos e fazer USP

tros terá mais efeito no controle da uso de no máximo duas a três pul-
Pinta Preta. verizações com produtos do gru-

GCONCI – Grupo de Consultores em Citros 11


Manejo

Plantas daninhas na citricultura:


como manejá-las?
O CONTROLE DE
Foto: Pedro Jacob Christoffoleti

PLANTAS DANINHAS É UM
IMPORTANTE COMPONENTE
DA RENTABILIDADE
DO SISTEMA DE
PRODUÇÃO. O CONTROLE
QUÍMICO, EMBORA
DEVA SER UTILIZADO
CONSCIENTEMENTE, É O
MAIS USADO DEVIDO A SUA
ALTA PRATICIDADE
Pulverizador de aplicação de herbicida em citros

A
infestação de plantas dani- ções climáticas. Assim, faz-se necessá- de controle podem ser subdivididos em
nhas é um dos mais depre- ria uma boa implantação do pomar e controle mecânico, físico, cultural, quí-
ciantes fatores de produção diversificação das estratégias de ma- mico e biológico, e o conjunto desses
da economia agrícola devi- nejo da vegetação para que o sistema métodos compõe o Manejo Integrado
do à capacidade que possuem de se seja produtivo e rentável, permitindo a de Plantas Daninhas (MIPD). Será dada
adaptar e colonizar o ambiente. Não convivência adequada entre a cultura maior atenção aos controles mecânico,
diferentemente na cultura do citros, as e as plantas daninhas. químico e manejo integrado, que são os
plantas infestantes podem atuar libe- As perdas causadas pela infestação mais amplamente utilizados.
rando compostos alelopáticos, hospe- de plantas daninhas podem variar en-
dando pragas, moléstias e nematoides tre 5% e 80%. O manejo inadequa- Uso de roçadeiras e enxada
e competindo por água, luz e nutrien- do, principalmente no verão, período rotativa
tes. Para a cultura de citros a presen- anual de maior desenvolvimento da O controle mecânico abrange basica-
ça de plantas daninhas nas entrelinhas cultura, pode causar prejuízos ao pro- mente: capina manual, enxada rotativa
da cultura, como o capim-braquiária dutor em decorrência da limitação no e roçadora. Cada modalidade é usada
(Brachiaria spp), é uma forma benéfi- crescimento do tronco, do seu diâme- em uma situação específica. A capi-
ca de convivência entre a cultura e a tro e da altura da copa, acompanhadas na manual, por exemplo, é justificável
planta daninha. Contudo, quando es- de decréscimo no nível de nitrogênio quando se necessita retirar mecanica-
ta planta daninha ou outras de qual- das folhas e, consequentemente, da mente as plantas daninhas em áreas
quer espécie estão infestando a linha qualidade dos frutos produzidos. de difícil acesso pelas máquinas, co-
da cultura, então teremos prejuízos na O manejo de plantas daninhas em mo ao redor do tronco e em áreas de-
produção e na longevidade do talhão. pomares de citros engloba métodos clivosas. É muito utilizada também em
A predominância de uma espécie preventivos (evitar o estabelecimento regiões em que há mão de obra bara-
vegetativa competidora no ambiente de espécies infestantes), erradicantes ta disponível. A enxada rotativa é um
de produção e, consequentemente, (eliminação das plantas daninhas da implemento de grande utilidade, pois
seu grau de interferência podem ser área) e de controle (manutenção das permite a remoção das plantas dani-
determinados pelo manejo do solo, plantas daninhas em níveis abaixo do nhas rapidamente. No entanto, se não
pela disponibilidade de água e condi- nível de dano econômico). Os métodos utilizada corretamente pode expor o

12 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


A produtividade da sua
lavoura merece o melhor
portfólio.
Solução completa para o
controle de pragas, doenças
e plantas daninhas.

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ATENÇÃO. Este produto é perigoso à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as
instruções contidas no rótulo, na bula e na receita. Utilize sempre equipamentos de proteção individual. Nunca permita a
utilização do produto por menores de idade. Consulte sempre um Engenheiro Agrônomo. Venda sob receituário agronômico.
Manejo

terreno à ação da erosão, que poderá citros é o glifosato. Por ser um produ- cultor. Para que esse problema seja
carregar as partículas de solo e, além to de amplo espectro de controle e evitado, deve-se utilizar a rotação de
disso, a maior parte do sistema radicu- de custo bastante acessível, o mesmo herbicidas com diferentes mecanis-
lar das plantas de citros é superficial, tem sido usado de forma negligente, mos de ação, bem como a associação
e por isso grandes danos podem ser gerando casos de resistência de plan- destes com o glifosato e a utilização
causados se a profundidade de ação tas daninhas ao herbicida, sendo a de outros métodos de controle.
deste implemento não for bem ajus- cultura de citros a principal respon- Existe uma carência de herbicidas
tada. Outros fatores limitantes são o sável pelo surgimento de plantas da- na cultura do citros, principalmente
baixo rendimento das operações e a ninhas resistentes no Estado de São no que se refere a herbicidas grami-
possível disseminação das partes ve- Paulo. A seleção de biótipos resis- nicidas (Inibidores da ACCase). A ta-
getativas de plantas daninhas na área. tentes de plantas daninhas a herbici- bela mostra a relação de ingredientes
Outro implemento utilizado é a das ocorre, principalmente, devido à ativos registrados para a utilização em
roçadora. Esta possui as vantagens de pressão de seleção exercida pelo her- pomares cítricos no Brasil.
reduzir a utilização de herbicidas e bicida sobre as espécies infestantes,
proporcionar maior rendimento ope- causada pelo uso excessivo de herbi- Manejo integrado
racional; além disso, permite a con- cidas repetidas vezes durante o ciclo de plantas daninhas.
servação do solo, uma vez que a ve- da cultura. Na citricultura são plan- O programa governamental de Pro-
getação na entrelinha é mantida e a tas daninhas resistentes ao glifosato dução Integrada de Frutas (PIF) para
parte aérea ao ser roçada é deposita- a buva (Conyza spp) e o capim-amar- a produção de laranjas de alta quali-
da sobre a linha da cultura (roçagem goso (Digitaria insularis). Ainda exis- dade propõe o manejo integrado de
ecológica), inibindo a germinação de tem plantas de baixa suscetibilidade plantas daninhas, que consiste na uti-
algumas espécies de plantas dani- ao glifosato, como a trapoeraba (Com- lização associada de todos os méto-
nhas próximas ao tronco. melina spp), a corda-de-viola (Ipo- dos de controle, considerando ques-
moea spp e Merremia spp), as quais tões sociais, ecológicas e econômicas.
Aplicação de herbicidas na também são de difícil controle em O manejo integrado visa, também,
citricultura uma situação em que o uso do gli- manter as populações infestantes
O conhecimento da flora infestante, fosato é a única ferramenta do citri- abaixo dos níveis de dano econômico.
do produto químico e do solo é ne-
cessário para efetuar um bom contro- Ingrediente Ativo Grupo Químico
le, evitando possíveis injúrias na cul-
Ametrina Triazina
tura. Existem duas modalidades de
Bromacila Uracila
aplicação de herbicidas que podem
ser utilizadas em pomares: pré-emer- Carfentrazona-etílica Triazolona
gência e pós-emergência. Os herbi- Dibrometo de Diquate Bipiridilio
cidas pré-emergentes são aplicados Dibrometo de Paraquate Bipiridilio
diretamente ao solo e necessitam de Diurom Ureia
umidade para exercerem sua função, Fluazifope-P-butílico Ácido Ariloxifenoxipropiônico
e sua dosagem é definida, principal-
Flumioxazina Ciclohexenodicarboximida
mente, quanto ao teor de argila e ma-
téria orgânica do solo (a pluviosidade Glifosato Glicina Substituída
também influencia na escolha do her- Glufosinato - Sal de Amônio Homoalanina Substituída
bicida devido à sua solubilidade). No MSMA Organoarsênico
caso dos herbicidas pós-emergentes, Oxifluorfem Éter Difenílico
a aplicação é feita depois que as plan- Paraquate Bipiridilio
tas daninhas estão estabelecidas, e
Simazina Triazina
por isso a aplicação deste tipo de pro-
Sulfentrazona Triazolona
duto deve ser feita adequadamente,
de maneira que o herbicida não en- Trifuralina Dinitroanilina
tre em contato com a cultura. O prin- Relação de ingredientes ativos registrados para utilização no controle de plantas
cipal herbicida utilizado na cultura de daninhas em pomares cítricos no Brasil

14 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


Foto: Pedro Jacob Christoffoleti Manejo

te também deve ser utilizado cons-


cientemente, integrando métodos
mecânicos e culturais, visando maior
sustentabilidade do sistema agríco-
la. O glifosato é a maior ferramenta
do citricultor para manejo de plantas
daninhas e deve ser preservada, uti-
lizando-se outros herbicidas em par-
ceria e de forma seletiva.

Aplicação de herbicida Glyphosate na linha da cultura


Pedro Jacob Christoffoleti
Professor Associado III Esalq/USP – Área de
Conclusões possibilidades não são devidamen- Biologia e Manejo de Plantas Daninhas
O cultivo do citros exige, cada vez te atendidos. Por isso, o controle da Caio Brunharo
mais, um ambiente com alta tecnifi- comunidade de plantas daninhas in- Mestrando na Esalq/USP – Programa de Pós-
-graduação em Fitotecnia
cação e controle das variáveis: pro- festantes deve também ser conside-
dutividade e retorno econômico. De- rado como um importante fator que Marcelo Alves Figueiredo
Mestrando na Esalq/USP – Programa de Pós-
vido à preocupação de controlar o atua na rentabilidade desse sistema -graduação em Fitotecnia
grande número de pragas e doenças de produção. Nesse ambiente, o con-
Marcelo Nicolai
incidentes na cultura, muitas vezes o trole químico é importante do ponto Pesquisador e Dr. em Agronomia na Agrocon –
controle de plantas daninhas e suas de vista de sua praticidade, mas es- Assessoria Agronômica

GCONCI – Grupo de Consultores em Citros 15


Pragas e Doenças

Aquisição e transmissão da
bactéria do HLB na fase adulta
de desenvolvimento dos psilídeos
Estudo mostra dados experimentais de aquisição e transmissão da bactéria do HLB pelo
vetor quando alimentado em planta-fonte com diferentes concentrações de bactéria

O
Foto: Universidade da Flórida

manejo de doenças onde o porém muito variável em função do


agente causal é transmitido próprio inseto e/ou da planta-fonte
por vetores, seja de ocor- na qual o inseto está se alimentando.
rência no reino vegetal ou Neste artigo, iremos discutir alguns
animal, é complexo e faz-se neces- dados experimentais sobre a aquisi-
sário integrar informações da biolo- ção e transmissão de Las por psilíde-
gia do patógeno causador da doen- os na fase adulta do desenvolvimento
ça, do hospedeiro e do próprio vetor. (ver figura 1) quando alimentados em
Um bom exemplo desta complexi- plantas-fonte com diferentes concen-
dade pode ser tirado dos recentes trações da bactéria.
surtos de dengue, uma doença cuja
epidemia está relacionada com a in- Concentração de Las na
Figura 1. Psilídeo adulto (Diaphorina citri)
tensa presença do vetor. No caso do alimentando-se em planta cítrica planta x frequência de
Huanglongbing (HLB), ou Greening, aquisição pelo vetor
embora a abundância do vetor, o A taxa de aquisição de Las, ou seja,
psilídeo Diaphorina citri, seja mui- na transmissão da bactéria Candida- a porcentagem de indivíduos que fi-
tas vezes questionada em relação à tus Liberibacter, principalmente a es- caram infectados com a bactéria ao
incidência da doença, sua eficiência pécie asiática (Las), é inquestionável, se alimentarem das plantas-fonte,
variou de 14% (média para as plan-
tas com Las na concentração de ≈
Figura 2. Eficiência da 106 bactérias/grama de tecido) para
100

Modelo linear – AIC = 495.84


aquisição de Las por 73,2%, na média das plantas infec-
Modelo exponencial – AIC = 492.35
Modelo logístico – AIC = 493.35
Diaphorina citri (eixo tadas com Las ≈ 108 bactérias/grama
% de psilídeos infectados com Las

Y) alimentando-se em de tecido, onde a presença de sinto-


80

plantas com diferentes


concentrações da
mas de HLB era evidente. Portanto,
bactéria (eixo X). há uma clara e positiva relação en-
60

No canto superior tre a quantidade de Las na planta e


esquerdo estão os a porcentagem de psilídeos que fi-
modelos de regressão
40

caram infectados ao se alimentarem


Planta-fonte assintomática
testados, tendo o
exponencial melhor se nestas. Essa relação é melhor expli-
Planta-fonte sintomática
ajustado aos dados. cada por um modelo exponencial
20

O círculo mostra (linha tracejada) de correlação (ver


concentração de figura 2). Por outro lado, as aquisi-
plantas com sintomas
0

de HLB onde houve ções não ocorreram, ou ocorreram


0 2 4 6 8 10 maior frequência de em uma frequência muito baixa,
Concentração de Las (Log10) nas plantas-fonte psilídeos positivos quando os insetos se alimentaram

16 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


GCONCI – Grupo de Consultores em Citros 17
Pragas e Doenças

Tabela Transmissão de Las para a progênie (F1) a partir de fêmeas de


em plantas com ≈ 104 = 100 mil bac- Diaphorina citri contaminadas com Ca. Liberibacter asiaticus
térias/grama de tecido sem qualquer
tipo de sintomas associados ao HLB. Estágio de Nº amostras % de amostras
Conclui-se, portanto, que plantas com desenvolvimento analisadas positivas
sintomas de HLB em campo são fon- Ovo* 49 2.0
tes seguras para a aquisição de Las
Ninfa 48 6.0
pelos psilídeos, mesmo estes estando
na fase adulta do desenvolvimento. Adulto 42 2.4
*pool de 20 a 50 ovos e de 20 a 30 ninfas por amostra Fonte: Pelz-Stelinski et al. 2010
Psilídeos infectados com Las x
transmissibilidade
Embora psilídeos adultos adqui- ecdise, os psilídeos uma vez infec- flexos significativos na transmissão.
ram Las quando alimentaram-se em tados pela bactéria do HLB man- No entanto, a possibilidade da ocor-
plantas com HLB, a transmissão da têm-se como tal por toda a vida. rência de transmissões horizontal e
bactéria para plantas sadias ocorre- vertical potencializa a manutenção
ram em uma frequência muito baixa, Psilídeos adultos recém- de Las nas populações destes veto-
ao redor de 2,0%, com uma correla- -infectados x epidemiologia res. Portanto, no manejo do HLB é im-
ção positiva de ocorrência somen- do HLB prescindível a manutenção da popu-
te para as populações de psilíde- Como visto anteriormente, psilí- lação de psilídeos em níveis baixos,
os que se alimentaram nas plantas deos que se tornaram infectados não esquecendo que as plantas sin-
com sintomas de HLB. Estes dados na fase adulta de desenvolvimen- tomáticas são excelentes reservató-
reforçam os já publicados, sendo to são ineficientes vetores de Las. rios para aquisição de Las.
unânimes em afirmar que psilídeos Porém, informações recentes mos-
na fase adulta do desenvolvimen- traram que os insetos recém-infec-
to que adquiriram Las não são efi- tados contribuem para a manuten- Literatura consultada
cientes na transmissão da bactéria ção de Las nos pomares, apesar da Pelz-Stelinski KS, Brlansky RH, Ebert
para outras plantas. No entanto, es- ineficiência na transmissão entre TA, Rogers ME. 2010. Transmission
tes trabalhos obtiveram eficiências plantas. Foi demonstrada a ocor- parameters for Candidatus
Liberibacter asiaticus by Asian citrus
de transmissão de Las superiores a rência de transmissões transova-
psyllid (Hemiptera: Psyllidae). J Econ
65% por psilídeos adultos que na rianas nestes insetos, ou seja, par- Entomol 103: 1531–1541.
fase de ninfa (ver figura 3) adquiram te dos ovos de fêmeas infectadas
Mann RS, Pelz-Stelinski K, Hermann
a bactéria (para detalhes consultar já estariam com a bactéria do HLB, SL, Tiwari S, Stelinski LL. 2011. Sexual
Inoue et al., 2009; Pelz-Stelinski et dando origem a indivíduos já infec- transmission of a plant pathogenic
al., 2010). Lembrando que diferen- tados na progênie (ver tabela, Pelz- bacterium, Candidatus Liberibacter
temente das cigarrinhas transmis- -Stelinski et al., 2010). Além desta asiaticus, between conspecific insect
vectors during mating. PLoS ONE.
soras da Xylella fastidiosa da CVC transmissão vertical, foi comprova-
6(12): e29197.
que perdem a bactéria durante a do que Las foi sexualmente trans-
Inoue H, Ohnishi J, Ito T, Tomimura
mitida de machos adultos infecta-
K, Miyata S, Iwanami T, Ashihara W.
Foto: California Citrus Research Board

dos para fêmeas sadias (Mann et al., 2009. Enhanced proliferation and
2012). Neste caso, as fêmeas sexu- efficient transmission of Candidatus
almente infectadas não ovoposita- Liberibacter asiaticus by adult
ram ovos infectados. Diaphorina citri after acquisition
feeding in the nymphal stage . Ann
Appl Biol 155: 29–36.
Conclusão
Os resultados obtidos nos experi-
mentos confirmam que a taxa de in- Eng. Agr. Helvécio Della Coletta Filho
fecção por Las de psilídeos adultos IAC/Centro de Citricultura

Figura 3. Psilídeos da fase de ninfa (Diaphorina alimentando-se em plantas conten- Eng. Agr. João R. Spotti Lopes
citri) alimentando-se em planta cítrica do esta bactéria é alta, porém sem re- Esalq/Depto. Entomologia

18 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


Doenças

Atualizações sobre o manejo


da Mancha Marrom de Alternária
Ensaios observaram a derada de grande importância pa- de 12,22% da produção em relação
redução da severidade da ra a cultura. a 2010. Isso faz referência ao cons-
doença nos frutos com o A MMA é uma doença causa- tante abandono e deslocamento da
da pelo fungo Alternaria alterna- citricultura na busca de novos seg-
emprego da poda e com ta, caracterizada pela produção de mentos produtivos, muito em de-
o uso de variedades uma toxina de ação específica em corrência da MMA e do Huanglong-
resistentes tangerinas, denominada ACT. A in- bing (HLB), principais doenças hoje
fecção ocorre em folhas, ramos e das tangerineiras.

A
frutos em desenvolvimento, oca- As duas principais variedades do
citricultura vem passan- sionando desfolha dos ponteiros, grupo das tangerinas cultivadas no
do por importantes modi- seca dos ramos novos e queda pre- Brasil são altamente suscetíveis ao
ficações nos últimos anos, matura dos frutos decorrentes das fungo causador da MMA, destacan-
uma vez que os produto- lesões necróticas deprimidas sa- do-se o tangor Murcott. Um agravan-
res estão cada vez mais especiali- lientes de aspecto corticoso na su- te é que as condições climáticas, nas
zados e sempre carentes de infor- perfície (ver figura 1). principais regiões citrícolas do país,
mações para salvar suas lavouras. Em 2011, a produção brasilei- são muito favoráveis ao desenvolvi-
No segmento de frutas cítricas de ra de tangerinas foi de um pouco mento da doença, exigindo do pro-
mesa, representado principalmen- mais de 1 milhão de toneladas em dutor grande número de pulveriza-
te pelo grupo das tangerinas, os uma área de 53,2 mil hectares co- ções com fungicidas, caso queira
produtores estão com dificuldade lhidos. São Paulo colheu, em 2011, produzir com qualidade.
para obter safras de boa qualidade 382,8 mil toneladas em uma área A poda de inverno, ou limpe-
e produtivas devido à incidência de 13,7 mil hectares. Houve, segun- za, que consiste na retirada de ra-
da Mancha Marrom de Alternária do dados do IBGE (2013), uma re- mos secos e doentes do interior da
(MMA), uma doença fúngica consi- dução de 25,25% da área colhida e copa é uma medida importante de
controle da MMA, pois pode reduzir
A B a fonte de inóculo de A. alternata,
que é um fungo que sobrevive em
material em decomposição ou mor-
to. Estudos realizados pelo Centro
de Citricultura, de manejo cultural
em pomares comerciais de tangor
Foto: Camilla de A. Pacheco e Ivan B. Martelli

Murcott, entre os anos de 2008 e


2013, nos municípios paulistas de
Araras e Aguaí, comprovam que tal
C prática proporciona significativa
redução, da severidade da doença.
Um primeiro ensaio foi realiza-
do em pomar de tangor Murcott en-
xertado sobre limão Cravo com 13
anos de idade, localizado na Fazen-
Figura 1. Lesões típicas da Mancha Marrom de Alternária em tangor Murcott: A são da Santa Rosália, município de Araras
ponteiros e B e C são frutos verdes e maduros, respectivamente (SP). Onde a poda de limpeza, para

20 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


Doenças

Foto Fernando A. de Azevedo


retirada de ramos secos e doentes,
foi realizada na primeira quinzena
de julho, dois meses antes do pe-
ríodo de floração. Esse ensaio foi
conduzido por duas safras conse-
cutivas, 2008/2009 e 2009/2010.
Nessa área, o produtor, realizou ape-
nas três aplicações de fungicidas,
para o manejo conjunto da Mancha
Preta dos Citros, espaçada em um
mês após a queda de pétalas. A B
Um segundo ensaio foi condu-
zido também em pomar comercial
de tangor Murcott, localizado na Fa-
zenda Água Boa, município de Aguaí
(SP), por duas safras 2011/2012 e
2012/2013. Escolheu-se um talhão
de plantas adultas (8 anos) com his-
tórico de alta incidência de Mancha
Marrom de Alternária. Nesse ensaio, C D
a poda foi drástica, onde se retira-
Figura 2. Aspecto geral das plantas com poda (A e C) e sem poda (B e D) - Fazenda Água
ram ramos finos, médios e mais gros- Boa - Aguaí/SP, 2013
sos com serrotes, visando abertura
da copa (ver figura 2). Todo o mate- birulinas, sendo a poda complemen- da realizada nesse ensaio foi mais
rial cortado foi retirado do talhão e tar aos manejos realizados. drástica (abertura da copa) e maior
queimado. Posteriormente a essas Em ambos os ensaios observa- número de aplicações de fungicida
operações, realizou-se o pincela- ram-se redução da severidade da foi realizado. Ainda nesse ensaio,
mento com pasta cúprica para pre- Mancha Marrom de Alternária nos observou-se que a poda proporcio-
venir a entrada de patógenos e faci- frutos, com o emprego da poda, nou redução de, aproximadamente,
litar a cicatrização. Salienta-se que o sendo esta mais expressiva nas sa- 50% na queda dos frutos sintomá-
produtor realizou, nesse talhão, dez fras 2011/2012 e 2012/2013, em ticos, acarretando, consequente-
pulverizações por safra, intercalando Aguaí (ver figura 3). O resultado é mente, na maior produção das plan-
fungicidas cúpricos, triazóis e estro- justificado pelo fato de que a po- tas podadas (ver figura 4).

A B Figura 3.
6,00 6,00 Severidade
(% área do fruto
5,00 5,00 lesionada) da
Mancha Marrom
Área do fruto lesionada

Área do fruto lesionada

4,00 4,00 de Alternária


em frutos de
tangor Murcott:
3,00 3,00
A. Fazenda Santa
Rosália, Araras
2,00 2,00
(SP) e B. Fazenda
Água Boa, Aguaí
1,00 1,00 (SP)

0,00 0,00
dez-2008 nov-2009 jan-2009 dez-2009 fev-2009 jan-2010 out-2011 nov-2012 dez-2011 jan-2013 mar-2012 mar-2013

Com poda Sem poda Com poda Sem poda

GCONCI – Grupo de Consultores em Citros 21


Doenças

O agente etiológico causador gindo, desta forma, do microclima dade da doença. Foram altamente
da MMA, Alternaria alternata, tem favorável para o desenvolvimento suscetíveis as variedades África do
como característica a facilidade em da doença, o que foi comprovado Sul, Ponkan e Murcott; por outro la-
se estabelecer em locais com alta com esse trabalho. do, Fremont, Nules, Cravo, Ortani-
umidade, dessa forma a poda de É importante ressaltar que o uso que, Dekopon e W Murcott desta-
limpeza altera o microclima do po- exclusivo da poda mostra-se insufi- caram-se positivamente por não
mar, diminuindo a fonte de inócu- ciente para o controle do patógeno, apresentarem sintomas da Mancha
lo e, consequentemente, o número sendo necessário seu uso em assos- Marrom de Alternária (ver figura 5).
de frutos apresentando sintomas, siação com manejo químico. Reco- Para confirmação dos resultados de
garantindo, assim, sua permanên- mendam-se fungicidas dos grupos campo, realizaram-se inoculações
cia na planta. Uma das causas res- das estrobilurinas, dicarboximidas do fungo A. alternata em plântulas
ponsáveis pela menor produtivi- e triazóis. Os ditiocarbamatos à ba- e em folhas destacadas, dos mes-
dade em plantas fechadas (sem se de cobre também têm efeito; mos genótipos, chegando-se à con-
poda) é o autossombreamento das entretanto, como a disseminação clusões similares.
árvores, causado muitas vezes pelo do fungo está altamente condicio- A seguir uma pequena descrição
uso da técnica do adensamento do nada às condições ambientais, são de cada material.
plantio. Desta forma, a necessida- necessárias várias aplicações para Nules: possivelmente híbrido do
de de um controle vegetativo apro- reduzir a severidade da doença, o cruzamento entre a mexerica co-
priado da copa é essencial, sendo a que aumenta bastante o custo de mum do Mediterrâneo e a laranja-
poda muito utilizada para este fim. produção. É importante mencionar -azeda. Frutos com pico de matura-
O uso da poda proporciona uma que os benzimidazóis não apresen- ção em abril, de tamanho pequeno a
maior entrada de luz no interior tam eficácia no controle da doença. médio, com casca fina e pouco albe-
das plantas, ou seja, um aumen- O uso de variedades resistentes do, com coloração alaranjada forte.
to da temperatura no interior das também é importante para a con- Também produz frutos sem semen-
copas. Temperaturas entre 20ºC e vivência com a doença. O Progra- tes quando plantada em lotes isola-
27°C são consideradas ideais pa- ma de Melhoramento de Citros do dos. Muito cultivada na Espanha e
ra a ocorrência de novas infecções Centro de Citricultura avaliou, nos Uruguai.
de Alternaria alternata, e portanto últimos anos, mais de uma centena W Murcott: é uma mutação da
a execução da poda eleva a tem- de variedades e híbridos de tan- Murcott, porém sem sementes, os
peratura, deixando-a acima da fai- gerinas nos municípios paulistas frutos apresentam casca aderente,
xa propícia para a infecção do pa- Águas de Lindoia, Capão Bonito, fácil de ser retirada, suco alaranjado
tógeno, além de promover uma Cordeirópolis, Itirapina, Mogi Mi- intenso e sabor agradável, que em
diminuição da umidade relativa no rim e Porto Feliz, permitindo cons- São Paulo estão maduros em junho
interior das copas das plantas, fu- tatar diferentes níveis de severi- e agosto. Em São Paulo, vem sendo
Fotos: Thiago F. Milaneze

Figura 4. Produção nas plantas de tangor Murcott podadas à esquerda e das não podadas à direita (Aguaí, 2012)

22 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


Doenças

Fotos Centro de Citricultura/IAC


Figura 5. Variedades de tangerinas, pré-comerciais, com potencial para cultivo no Brasil (Centro de Citricultura/IAC, 2013)

produzida e comercializada tam- Dekopon: híbrido de tangerina tangor Murcott e laranja Pera com
bém com o nome de Verona. Ponkan e tangor Kyomi, desenvolvi- trangerina Cravo também serão
Fremont: originária de cruzamento do no Japão, de meia-estação, ten- disponibilizados, por apresenta-
das tangerinas Clementina e Ponkan, do safras temporãs de setembro a rem resistência à Alternaria alter-
feito pelo Departamento de Agricul- dezembro. Apresenta frutos gran- nata, causador da Mancha Marrom
tura dos Estados Unidos, em Orlando, des, peso médio de 400 g, casca de Alternária.
Flórida. Apresenta frutos de matura- levemente enrugada, fácil de des- Recomenda-se aos produtores
ção precoce, com colheita em maio, cascar, coloração intensa e ausên- a adoção de práticas culturas, tais
de tamanho médio, forma oblata, cia de sementes. Material produzi- como formação de pomares em
casca lisa e ligeiramente frouxa, com do e consumido pela comunidade áreas com bastante circulação de
casca e polpa de coloração alaranja- japonesa no Brasil, principalmente ar, cuidados com excesso de adu-
da forte. Muito cultivada e apreciada da região de Pilar do Sul (SP). bos nitrogenados, o qual induz um
no México. Com áreas pré-comerciais Ortanique: híbrido entre laranja grande crescimento vegetativo à
em Mogi Mirim (SP). doce e tangerina, detectado na Ja- planta, bem como podas de limpe-
Nova: híbrido do cruzamento entre maica. Os frutos são de tamanho za (inverno) para diminuir o inócu-
tangerina Clementina Fina e tangelo médio, ligeiramente achatado, lo das doenças e também arejar a
Orlando, obtido na Flórida. Frutos de com casca suavemente rugosa e planta, aliado ao controle químico
maturação meia-estação, com tama- bastante aderente. Variedade api- e uso de novas variedades quan-
nho médio, oblato casca lisa e ade- rena quando em plantios isolados. do viável.
rente, peso médio de 193 g, casca Suco abundante, maturação tardia
de coloração laranja avermelhada e entre agosto e outubro.
Eng. Agr. Fernando Alves de Azevedo
polpa alaranjada forte. Quando cul- As avaliações e obtenções de Pesquisador Centro de Citricultura/IAC
tivado em plantas isolados apresen- novos materiais, principalmen-
ta frutos sem sementes. Esse mate- te híbridos é um processo contí- Eng. Agr. Camilla de Andrade Pacheco
rial vem sendo cultivado na região nuo no Centro de Citricultura. Em Eng. Agr. Ivan Bortolato Martelli
Eng. Agr. Thiago Fernando Milaneze
de Porto Feliz (SP). E tem se mostra- breve novos materiais oriundos do Mestre em Agricultura Tropical e
do suscetível à Alternaria alternata; cruzamento entre laranja Pera e Subtropical/IAC

GCONCI – Grupo de Consultores em Citros 23


Legislação

Tribunais têm anulado autos de


infração contra produtores rurais
É importante a insurgência por meio do Poder Judiciário sempre que houver abuso de poder
de autoridades públicas, pois é um direito previsto em lei e assegurado pela Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988

T
odos se lembrarão da atuação A administração pública se va- administração proceder a tentativa
midiática que o Ministério do le de intimação por Edital ao argu- de intimação pessoal, procedimento
Trabalho promoveu contra o mento de que não encontra o pro- que lhe é plenamente possível. Pas-
produtor rural, lavrando mul- dutor rural. Ora, como encontrou o mem! Os agentes públicos levaram
tas milionárias, algemando gente produtor rural em seu roçado para rede de televisão para filmar o es-
que produz, entre tantas mazelas lhe colocar algemas e o tratar co- petáculo, mas agora não conseguem
que o poder público comete sem se mo meliante? meios de intimar o administrado ou-
preocupar com a obrigação de in- Não bastasse, as disposições da trora achacado.
formar e educar. O sistema legalista Lei nº 9.784/99, que estabelece as Por derradeiro, é importante a in-
mal administrado pode ceifar a so- normas básicas sobre o processo ad- surgência por meio do Poder Judi-
ciedade da ordem objetivada. ministrativo federal, determinam que ciário sempre que houver abuso de
O resultado disso está nas deci- o autuado tem o direito à 'ciência da poder de autoridades públicas, pois
sões de Tribunais que, sabiamente, tramitação dos processos administra- é um direito previsto em lei e asse-
estão anulando os autos de quem tivos em que tenha a condição de in- gurado pela bem elaborada Consti-
buscou o socorro do Poder Judiciá- teressado', também com requisito de tuição da República Federativa do
rio. Sempre afirmei que muitas solu- comprovação desta ciência, conforme Brasil de 1988.
ções para o produtor rural estavam arguido acima.
no Poder Judiciário, inclusive para a Portanto, sempre que se consta-
manutenção da ordem, de uns con- tar a ineficácia da tentativa de inti- Fábio A. Fadel
Advogado especializado em Direito Processual
tra aqueles que não fazem uso ade- mação via postal, antes de se valer e em Direito Empresarial
quado da propriedade e que, com da publicação de editais, cumpre à Sócio do Escritório Fábio Fadel & Associados
isso, fulmina boa condição fitossa-
nitária alheia. Cumpre-se, agora, o
objetivo da lei.
As decisões se alicerçam no
Decreto nº 70.235/72, que dispõe
especificamente sobre o proces-
so administrativo fiscal – cuja atu-
al redação estabelece a obrigato-
riedade da intimação pessoal do
autuado quando não se consegue
êxito pelas vias dos correios, com
'prova de recebimento no domi-
cílio tributário eleito pelo sujeito
passivo. Poderá por meio eletrôni-
co, mas com prova de recebimento
e desde que no endereço de e-mail
pessoal do produtor'.

24 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


Legislação

GCONCI – Grupo de Consultores em Citros 25


Informe Publicitário

Ver para crer


RESULTADOS POSITIVOS DO MFG –
MANEJO FISIOLÓGICO DO GREENING

V
er para crer, essa é a melhor
forma de se divulgar uma tec-
nologia no ambiente agrícola.
Os agricultores são extrema-
mente práticos e não apegados a re-
finamentos teóricos, excesso de expli-
cações e de números. Mas o que não

Fotos: Ricardo Silvério Machado


dispensam é a percepção visual e de
comunicação entre eles, pois conta
muito a experiência vivida, a correção
de erros passados e os resultados po-
sitivos conseguidos por cada um deles.
Se ele conseguiu eu também posso!
Assim, temos vivido uma experi- Figura 1. Laranjal em Bauru (SP) com três anos de MFG
ência animadora com alguns produto-
res de citros que estão atravessando apoiados por outros consultores do desacreditados por técnicos e pro-
talvez a mais séria crise da citricultu- GCONCI. E como consultores nós tam- dutores brasileiros.
ra tanto do ponto de vista econômico bém nos vemos seriamente afetados Sem dúvida é uma tarefa difícil
bem como da disseminação e estragos por esta crise, pois nosso trabalho de- provar que pode haver uma alterna-
provocados pelo HLB. pende do sucesso e da continuidade tiva a esses manejos nutricionais e à
A maioria desses produtores são da atividade desses citricultores. erradicação dos pés doentes. Isso só
nossos clientes de consultoria ou Diante deste quadro, há quatro se concretizou quando um conheci-
anos alguns desses produtores acei- mento da fisiologia das plantas afe-
taram o desafio de nos apoiar em um tadas pela bactéria foi mais bem es-
trabalho de desenvolvimento tecno- tudado. O MFG, como já divulgado, é
lógico visando uma alternativa de um procedimento que procura dar a
convivência de plantas afetadas pela planta condição de superar as limi-
bactéria do HLB. tações causadas nela pela presença
Já foi amplamente divulgado em da bactéria. Precisa ser aplicado de
textos, palestras e congressos o tra- preferência quando a severidade e
balho desenvolvido pela empresa o índice de infestação ainda são bai-
Conplant, sob a liderança do Dr. Ca- xos no pomar. Não se trata de uma
milo L. Medina, especialista em Fi- cura da doença, mas de prevenir a
siologia Vegetal, o processo de tra- manifestação e presença de plantas
tamento de plantas afetadas pelo sintomáticas e consequentemen-
HLB denominado MFG ou Manejo te a manutenção do pomar de mo-
Fisiológico do Greening. Trata-se de do produtivo e viável garantindo a
um processo diferenciado em rela- retenção de frutos na planta, a pro-
ção aos convencionais manejos nu- dutividade, e consequentemente a
Figura 2. Laranja Valência em São João tricionais praticados na Flórida por continuidade da atividade citrícola
do Boa Vista (SP) – MFG quatro anos diversos produtores já conhecidos e na propriedade.

26 GCONCI – Grupo de Consultores em Citros


Informe Publicitário

Mas vamos voltar ao início de nos-


sa discussão. Estávamos falando da
demonstração como forma de transfe-

Foto: Ricardo Silvério Machado


rência de tecnologia e da importância
do papel desempenhado pelos produ-
tores envolvidos.
Como se trata de um estudo em de-
senvolvimento, a opção de divulgação
foi iniciar um trabalho junto com pro-
dutores assistidos pelos consultores
Figura 3. Pomar novo formado em fazenda com alta incidência de HLB sem sintomas
do GCONCI. Desta forma, já foram rea- ou erradicações
lizados três dias de campo. O primeiro
envolveu principalmente os próprios propriedade em São João da Boa Vis- das, é preciso entender que o a melho-
consultores que durante um dia todo ta, a qual tem áreas sendo tratadas há ria não é instantânea, mas que ao lon-
visitaram e puderam conferir alguns quatro anos, desde o início do desen- go das aplicações logo no primeiro ano
dos testes desenvolvidos pela Con- volvimento do MFG. Esta visita foi rea- de trabalho é possível notar melhoria
plant junto aos seus clientes parceiros. lizada em pleno inverno, que é o ápice da área tratada. A maior eficácia de-
O segundo e terceiro dias de de aparecimento de sintomas do Gree- pende de alguns fatores, como a por-
campo ocorreram em 11 de junho, ning. Nesta área os produtores tiveram centagem inicial de plantas doentes, a
na região de Pratânia e Bauru, e em a oportunidade de ver que com o MFG severidade da doença no pomar, o tra-
4 de julho, na região de São João da é possível conviver com a doença e tamento continuado, os procedimen-
Boa Vista, no Estado de São Paulo, que o pomar tratado corretamente se tos e produtos recomendados.
nestas visitas com presença predo- mantém com os sintomas controlados A citricultura brasileira já passou
minante de citricultores. e com os frutos na planta sem ter que- por diversas crises e dificuldades su-
Em Pratânia, estão sendo tratadas das significativas decorrentes do Gre- peradas pelo desenvolvimento tecno-
áreas com tangerina Ponkan, laranjas ening. As plantas se mantêm verdes e lógico e dedicação dos produtores. To-
Pera e Lima. Apesar de ser recente o com emissões de brotações novas sa- davia, a chegada do HLB em momento
tratamento nestas áreas, já foi pos- dias. Nesta propriedade observaram- de crise econômica da citricultura tal-
sível observar reação muito positiva -se também áreas de plantio novas, vez seja a mais séria de todas. A supe-
nas plantas, onde novas brotações já com idades de 1 a 4 anos, o que de- ração técnica do problema pela ciên-
vêm ocorrendo após poda de ramos monstra a confiança do produtor no cia tem sido um desafio mundial e não
doentes e percebe-se que os frutos tratamento em uso, e segundo seu de- se tem esperança de solução a curto
deixaram de cair. poimento o Greening o assusta menos prazo. E quem depende dessa ativida-
Em Bauru, pomares de laranjas Pera do que as limitações econômicas atu- de não tem como esperar tanto tempo.
e Valência estão sendo tratadas há dois ais da citricultura. Talvez por isso muitos dos produtores
anos. Em uma das quadras com aduba- Uma afirmação unânime entre os que visitaram os testes aqui relatados
ção orgânica de chorume de suínos, as produtores que estão envolvidos com vêm mostrando interesse em conhe-
plantas apresentam excelente desen- o desenvolvimento do MFG é que esta cer melhor e aplicar os conhecimentos
volvimento vegetativo e plantas sinto- é uma possível alternativa no contro- sobre a fisiologia das plantas afetadas
máticas pouco visíveis. Em uma área de le do avanço e da severidade do Gree- pelo HLB desenvolvidos na forma do
plantas mais jovens onde a infestação ning e que na atual conjuntura está fi- MFG para continuarem na atividade ci-
de Greening já estava fora do contro- cando inviável economicamente so- trícola no momento.
le, após o início do MFG há dois anos breviver com a política de erradicação. Por tudo isso, o grande interesse da
o pomar voltou a funcionar. As plantas Todavia, deve-se deixar claro que o su- “Operação Ver para Crer”.
estão em plena produção e não ocor- cesso do MFG depende dos esforços
rem perdas, embora ainda ocorram sin- em conjunto do consultor em indicar
Eng. Agr. Ondino Cleante Bataglia
tomas em algumas plantas. o manejo corretamente e do produtor Eng. Agr. Camilo L. Medina
No terceiro dia de campo, com par- em fazer o tratamento, que inicialmen- Eng. Agr. Pedro R. Furlani
Eng. Agr. Ricardo S. Machado
ticipação de consultores e um bom nú- te pode parecer de custo elevado. Conplant - Consultoria, Pesquisa e
mero de produtores ocorreu em uma Respondendo às perguntas e dúvi- Desenvolvimento Agrícola Ltda.

GCONCI – Grupo de Consultores em Citros 27


Custos

Administrar em mudanças
Com as mudanças e judique ainda mais a próxima sa- da. Como exemplo, podemos men-
fra. O excesso de chuvas neste mo- cionar que houve redução média
dificuldades pelas quais
mento também poderá fazer com de 17% na quantidade de horas de
passam a citricultura que a próxima safra seja como a mão de obra e de máquinas deman-
brasileira é preciso atual, com mais de uma florada nas das por hectare de laranja da safra
árvores, mantendo, assim, o maior 2011/2012 para a 2012/2013. Os
aprender administrar
custo para a colheita das frutas no custos de produção, como um todo,
e ser flexível para não momento ideal de maturação de estão em média 27% inferiores no
perder oportunidades e cada florada. primeiro semestre de 2013 em re-
Mesmo que estejamos em uma lação ao mesmo período de 2012.
melhorar a cada dia
região brasileira com melhores es- O único aspecto que não so-

E
truturas rodoviárias, nossas es- freu alteração foi a demanda por
stamos passando por um tradas, principalmente as secun- produtividade elevada. Para maxi-
ano de fortes dificuldades dárias, não suportam a chuva, mizar resultados com margem de
no setor citrícola, mas is- sucumbindo e formando buracos e lucro reduzida é preciso criar vo-
to todos já sabem e convi- atoleiros. Assim, escoar a safra de lume, tirar o máximo de proveito
vem diariamente com a situação. laranja em dias chuvosos também da terra existente para produzir
Porém, temos notado alguns pon- tem sido desafio para o setor. Em mais caixas, e, consequentemente,
tos que podem estar clareando o muitos casos, são necessários tra- no volume total, com um controle
céu da citricultura, como a redu- tores como reboque de caminhões de custos adequado, será possível
ção nos estoques globais de su- para que possam se aproximar dos aferir resultados satisfatórios.
co concentrado, um pequeno au- pomares e transportar a laranja. Olhando a citricultura hoje,
mento do consumo de suco nos Quero crer que esta também seja diante desses desafios e dos es-
mercados internacionais, princi- uma oportunidade para aprender- forços que a maioria tem feito pa-
palmente em relação aos últimos mos e melhorarmos ainda mais a ra a manutenção de suas posições
anos, movimentos para o incentivo estrutura para o setor, pois com a no mercado, podemos afirmar que
ao consumo de frutas in natura e a baixa mecanização e investimen- é cada dia mais necessário apren-
produção de suco direcionado ao tos a citricultura tem ficado sem- der a administrar em mudanças,
mercado interno, além do aumen- pre com o que há de pior em es- não mais considerando a mudan-
to do dólar, que também pode fa- trutura e gestão logística, e desta ça como um ato isolado, mas como
vorecer alguns contratos firmados. forma devemos encarar as dificul- um processo contínuo e constante
Estamos em uma safra com mais dades como desafios para melho- onde cada um deve se organizar,
de uma florada nas árvores, o que rarmos nossa estrutura, evoluindo planejar, mudar e melhorar cada
dificulta a colheita, encarecendo- mais a cada dia, tornando o setor elo da cadeia produtiva para que
-a, e com um inverno sem frio e forte e resistente, preparado para todos possam colher fartos frutos
chuvoso, que, além de prejudicar anos melhores. em um breve futuro.
a maturação das frutas, pode au- As dificuldades, por outro lado,
mentar os custos, principalmente auxiliaram na redução dos custos
com herbidizações, roçagens e cui- de produção para este ano, fize-
Adm. de Empresas
dados com uma floração que pode ram com que os produtores pen- Luciano Piteli
até não pegar se tivermos um pe- sassem mais sobre seus pomares, Consultor Farm
Assistência
ríodo de seca no início do segun- ajustassem aplicações e customi- Técnica
do semestre, mas que, de qualquer zassem recursos. Desta forma, hou- luciano@
farmatac.com.br
forma, precisa ser tratada para não ve uma melhora nas perspectivas
cultivar uma infestação que pre- para o custo final da caixa produzi-

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