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O
aquicultor brasileiro segue aprendendo a lidar Sem que possamos nos mexer muito, cada
com os problemas que as baixas temperatu- um segue procurando soluções possíveis para as
ras do inverno costumam trazer. Animais se dificuldades que estamos vivendo. Entretanto, solu-
alimentam menos, crescem menos e têm o sistema ções tomadas em conjunto podem ser mais efetivas,
imune fragilizado. Um cenário favorável para as do- como aponta Yuval Noah Harari, autor do best-seller
enças típicas dessa época do ano. Esse momento é “Sapiens” em ensaio sobre o Coronavírus para a
particularmente delicado para produtores de uma boa revista Time. Segundo o escritor, historicamente a
parte do país, compromissados em despescar com cooperação é a melhor ferramenta para sairmos das
volume e qualidade suficientes para fechar o ciclo crises sanitárias e suas repercussões econômicas.
com as contas pagas e dinheiro no caixa. Harari destaca ainda que a confiança na ciência e nas
Fora da porteira das fazendas, e num segundo instituições precisa ser preservada nestes momentos.
ano da pandemia do Coronavírus, produtores acompa- Esforços de união e cooperação foram as estra-
nham com olhar atento a crise sanitária para entender tégias de enfrentamento usadas pela carcinicultura
melhor a queda acentuada no consumo das famílias. O mexicana diante da Síndrome da Mortalidade Pre-
cenário atual aponta que, com raras exceções, o pes- coce (EMS) que, em 2013, interrompeu um ciclo de
cado produzido no Brasil não poderá ser escoado para prosperidade da indústria do camarão do país. Nesta
países onde a economia está mais preservada, tendo edição, esse tema é trazido pelos pesquisadores Guil-
que ser consumido por aqui mesmo. A exportação se lermo Portillo Clark e Walter Seiffert, em um artigo
mantém permanentemente no radar do setor produtivo inspirador que mostra a bem sucedida experiência dos
mas, na prática, ela ainda acontece de forma pontual, produtores mexicanos.
já que trata-se de um comércio que exige um alto grau Voltando para a nossa realidade e seguindo na
de cooperação entre as instituições envolvidas, e isso busca de soluções para as nossas dificuldades, traze-
ainda não foi alcançado em grande escala dentro da mos também, entre outros temas, algumas sugestões
cadeia produtiva do pescado cultivado no nosso país. para um manejo da aeração focada na gestão mais
Como se não bastassem tantos esforços, o eficiente do uso da energia. Você vai ler ainda um ex-
produtor ainda sofre com o aumento sem precedentes celente artigo preparado por pesquisadores da UNESP,
no preço do farelo de soja e do milho, commodities do Instituto de Pesca e da FURG, que apresenta um
que juntas representam cerca de 70% do valor das panorama atualizado da aquicultura brasileira ava-
rações aqua, cujos preços dispararam. Esse setor liada em 1 bilhão de dólares, e vai descobrir porque
incansável vai continuar produzindo em um cenário essa promissora atividade ainda tem muito espaço
difícil de fechar as contas, pelo menos até que seja para crescer, razão pela qual deve ser vista como uma
decretada a suspenção da cobrança do PIS/COFINS realidade e não mais como um potencial.
incidente na ração. Esse benefício tributário é um
pleito antigo do setor aquícola, e já foi concedido A todos, uma ótima leitura.
a produtores de aves e suínos. Sua implementação
nesse momento seria muito bem-vinda para aliviar Jomar Carvalho Filho
o bolso do aquicultor. Biólogo e Editor
Edição 182
Capa: Arte Panorama da AQÜICULTURA
FENACAM’21
Atenção!!! Reserve essa data na sua agenda
A Feira Nacional do Camarão, na sua 17a edição - FENACAM’21
será realizada no período de 16 a 19/11/2021, no Centro de
Convenções de Natal (RN). A solenidade de abertura do evento
está programada para as 19 horas do dia 16 de novembro.
Oxigênio (mg/l)
>4 2a4 <2
Tabela 2. Efeito dos níveis
Peso final (g) 28,2 25,0 25,9
de oxigênio dissolvido (OD
em mg/l) sobre o peso final, Sobrevivência (%) 92,0 81,0 57,0
sobrevivência, resposta Total de hemócitos (x 10 /ml)
5
201,0 199,0 161,0
imunológica e tolerância do
Percentual de fagocitose 37,3 37,0 26,3
camarão branco do Pacífico,
Litopenaeus vannamei à Atividade da fenoloxidade 299,0 289,0 268,0
infecção por Vibrio harveyi Superóxido dismutase (unid/ml) 47,9 45,1 36,0
Um estudo com juvenis de tilápia averiguou o desafiados injetando nos mesmos uma solução com
impacto da exposição a baixos níveis de oxigênio na as bactérias. Os juvenis que foram expostos a baixa
tolerância dos animais ao Streptococcus iniae. Lotes concentração de oxigênio apresentaram mortalidade
de juvenis foram mantidos por 24 horas em águas com acumulada de 27 a 80%, contra zero de mortalidade
oxigênio baixo (1 mg/l) ou com oxigênio próximo à sa- entre os juvenis que foram mantidos em água com
turação (7 mg/l). Após essa exposição, os peixes foram oxigênio próximo da saturação (Evans et al, 2003).
A aeração por ar difuso combina o uso de so- Na Tabela 3 é apresentada uma análise comparativa das
pradores de ar (compressores radiais ou do tipo “root”) e taxas padrões de eficiência de transferência de oxigênio (SAE)
difusores de membrana, mangueiras porosas, pedras po- de diferentes tipos de aeradores. A SAE é então expressa em kg
rosas, tubos perfurados, entre outros (Figura 3). No geral, de oxigênio/CV/hora ou kg de oxigênio/kW/hora. Os valores
os sistemas de ar difuso apresentam menor eficiência de de SAE são obtidos em testes com metodologia padronizada,
incorporação de oxigênio comparado aos demais. Assim, onde os aeradores são instalados em piscinas com volume de
seu uso para prover aeração deve ser limitado a tanques de água conhecido (Figura 4). O oxigênio na água das piscinas é
cultivo de menor tamanho (de até 10 ou 20 m3), nos quais zerado com a adição de sulfito de sódio para remover o oxigênio
geralmente não é possível usar outros tipos de aeradores. e cloreto de cobalto como catalizador da reação. Os aeradores são
O uso de ar difuso é comum nos cultivos em bioflocos, ligados e a concentração de oxigênio é mensurada a intervalos
especialmente com o objetivo de manter continuamente de tempo. O teste se estende até o momento em que a saturação
os sólidos em suspensão na coluna d’água. de oxigênio na água chega a 80%. O consumo de energia do equi-
Figura 3. Imagens de sistemas de aeração com ar difuso, usados geralmente em tanques de menor tamanho para cultivo intensivo de peixes.
(A,B) sopradores de ar (compressores radiais); (C,D) difusores de ar (filtros e membranas)
A B
C D
pamento é registrado em um medidor e a quantidade de oxigênio os 24 aeradores de pás testados, a SOTR variou desde 2,5 a 22
incorporada à água é calculada com base nos níveis de oxigênio kg de oxigênio incorporados por hora. E para os 15 aeradores
mensurados e no volume de água da piscina. chafariz testados, o valor de SOTR variou desde 0,3 a 10,9 kg
Observe na Tabela 3 que, com base nos valores médios de oxigênio incorporados por hora. Essa grande variação nos
de SAE, os aeradores de pás são geralmente mais eficientes valores de SOTR reflete o grande número de aeradores avalia-
do que os demais. No entanto, há alguns aeradores do tipo dos, cada um com uma potência de motor e tamanho de aerador
chafariz, propulsores de ar e bombas de água que podem ser diferente. Geralmente, quanto maior a potência total do aerador
tão ou mais eficientes do que alguns modelos de aeradores de e maior o tamanho do aerador, maior será o valor de SOTR, ou
pás. Por outro lado, os sistemas de ar difuso, em geral, possuem seja, maior a quantidade total de oxigênio incorporada por hora
menores valores de SAE, ou seja, menor eficiência de trans- pelo aerador. Um aerador de pás de 10 CV tem maior SOTR
ferência de oxigênio do ar para a água. Na Tabela 3 ainda são que um de 2 CV. Mas isso não quer dizer que sua SAE vai ser
apresentados os valores de SOTR (Taxa padrão de transferência maior. A SAE leva em consideração a potência ou o consumo
de oxigênio), que indica quantos quilos de oxigênio por hora de energia gasto pelo aerador, e é calculada dividindo o valor de
um aerador é capaz de incorporar na água. Observe que para SOTR pela potência ou consumo de energia do equipamento.
Propagador de
ondas SAE = 0,31
Aerador de pás modificado – SAE = 1,51 Aerador de pás convencional – SAE = 1,08
Fator de correção da SAE de acordo com a concentração de oxigênio da água a ser aerada
Muitos testes de aeradores reportam um va- SAE dos aeradores usando esse nomograma é útil quando se projeta
lor de SAE obtido em uma faixa de baixa saturação um sistema de aeração, para definir a necessidade de aeradores
de oxigênio na água, muitas vezes entre 0 e 40% (número e potência dos aeradores que precisam ser instalados) em
da saturação, ou seja média de 20% da saturação, um empreendimento.
ou 1,6 mg de oxigênio por litro. Nessa faixa de
saturação de oxigênio os valores de SAE tendem
a ser mais elevados, pois é mais fácil incorporar
oxigênio quanto menor for a concentração de
oxigênio na água.
O nomograma pode ser usado para a corre-
ção dos valores de SAE. Esse nomograma ilustra
como diminui a eficiência dos aeradores quando
a concentração de oxigênio na água se aproxima
da concentração na saturação (entre 7 e 8 mg/l a
28ºC). Consideremos que um aerador teve seu
valor de SAE quantificado a uma concentração
média de oxigênio de 40% da saturação, ou seja,
perto de 3 mg de oxigênio por litro, ou 3 ppm
(considerando 40% x 7,8 mg/l, que é a concen-
tração de saturação de oxigênio em água doce a
28ºC). E sua SAE nessas condições foi de 1 kg de
O2/CV/hora. Se esse aerador operar a uma faixa
de concentração de oxigênio de 70% da saturação
(próximo de 5 mg/litro), ao invés de 0,6, seu fator Nomograma usado para correção da SAE dos sistemas de aeração,
de correção de SAE passa a ser 0,34. Dessa forma, útil no dimensionamento da potência de aeração a ser instalada
em um empreendimento de aquicultura. Esse nomograma mostra
a SAE efetiva do aerador diminui e, ao invés de 1 como cai a eficiência de transferência de oxigênio conforme a
kg O2/CV/hora, ela deve ficar mais próxima de 1 concentração de oxigênio na água se aproxima da saturação
x (0,34/0,6) = 0,57 kg O2/CV/hora. A correção da (entre 7 e 8 mg/litro a 28ºC)
A B
Figura 1. Quadro agudo de franciselose em tilápia, indicando o avanço dos nódulos pelos órgãos (A – nódulos em baço e B – nódulos no rim cranial)
após necrópsia dos animais, observa-se uma característica de “squash” (Figura 3), e passam a ser visualizados
muito típica de franciselose que são os nódulos de coloração a olho nu em outros órgãos, podendo ser vistos em
branco-amarelados (granulomas), principalmente nos órgãos
do sistema imune como baço e rim (Figura 1). Com o avanço
da doença, os nódulos vão se espalhando para outros órgãos
como fígado, brânquias, podendo chegar até mesmo ao cora- “Esperar o aparecimento
ção, em casos mais avançados, ao ponto de acarretar perda das
funções desses órgãos.
de peixes mortos para
O monitoramento preventivo dos lotes é uma rotina pouco iniciar o diagnóstico,
utilizada no dia a dia das pisciculturas. Esperar o aparecimento
de peixes mortos para iniciar o diagnóstico e monitoramento, monitoramento e terapias
assim como para iniciar as terapias com antimicrobianos, é uma
estratégia reativa, pois a perda de apetite dos animais aliado às com antimicrobianos é
baixas temperaturas, dificultará ainda mais o consumo de ração
medicada e consequentemente a efetividade do tratamento no uma estratégia reativa,
controle da doença. Portanto, criar uma rotina frequente de
monitoramento de alevinos e juvenis durante este período de
pois a perda de apetite
alto desafio, é a estratégia mais recomendada. dos animais aliado às
Uma das formas utilizadas à campo para o monitoramen-
to preventivo é a técnica denominada “squash”, que consiste baixas temperaturas,
na coleta de um fragmento de órgão, principalmente o baço,
esmagando-o entre duas lâminas de vidro e fazendo a análise dificultará ainda mais o
visual, para verificar a presença de granulomas ou nódulos
branco amarelados. Na Figura 2, podemos observar na lâmina consumo de ração medicada
A um “squash” de baço saudável e, na lâmina B, de baço com
presença de pequenos nódulos branco-amarelados em fase ini-
e consequentemente a
cial (fase 1 e fase 2), em que ainda não é possível a visualização efetividade do tratamento
de nódulos a olho nu em baço, após biópsia.
Nessa fase inicial, ainda não encontramos granulomas no no controle da doença”.
baço que possam ser vistos a olho nu. À medida que a doença
avança, os granulomas vão aumentando de tamanho nas análises
“O impacto da franciselose
na produção de tilápia
é significativo. Afeta
alevinos e juvenis no
inverno, e causa altas
mortalidades e custos
adicionais com o uso de
antibióticos em altas doses
Figura 4. Pontos negros (melanomacrófagos) em filés de tilápia,
e tratamentos prolongados. causados pela infecção por Francisella orientalis
Foto: Gustavo Alves
Além de gerarem
perdas expressivas de
Aqua fossem testados in vivo para avaliar sua capacidade de
desempenho, os animais minimizar os efeitos da infecção em tilápias por Francisella
ficam mais susceptíveis a orientalis. Para ambos experimentos, juvenis de tilápias
(35 - 40 gramas) foram aclimatados por 7 dias e receberam
estreptococose no verão.” Sanacore® GM via alimento com inclusão de 3 g/kg de
ração (experimento 01) e Bacti-nil® Aqua com inclusão de
5 g/kg de alimento (experimento 02), durante 20 dias até a
infecção experimental. Foi utilizado cepa de Francisella
Desafio experimental in vivo orientalis e a rota de infecção foi por imersão por 3 horas
com concentração de 1,5 x 107 CFU/ml.
Uma parceria com a equipe do Laboratório de Bac- Durante o período de pré-infecção (20 dias) em
teriologia em Peixes da Universidade Estadual de Londrina que os peixes receberam os aditivos, observou-se melhora
(LABBEP), permitiu que o Sanacore® GM e o Bacti-nil® significativa no desempenho zootécnico para Sanacore®
Mortaldade acumulada (%)
Figura 5.
Mortalidade
acumulada de
tilápia, desafiada
com Francisella
orientalis
com infecção
experimental via
imersão, tratada
com Sanacore®
GM (3 g/kg)
experimental via
imersão, tratada
com Bacti-nil®
Aqua (5g/kg)
GM, com crescimento 22% maior e conversão alimentar 30% celular e alterações intracelulares (redução de pH, bloqueio
menor comparado ao controle. Para Bacti-nil® Aqua uma do metabolismo e absorção de nutrientes). Bacti-nil® Aqua
redução de 10% na conversão alimentar quando comparada é uma solução econômica e eficiente para uso contínuo em
ao controle. Embora ambas soluções sejam eficientes na re- todas as fases de produção (alevino, juvenil e engorda).
dução da carga patogênica, Sanacore® GM tem benefícios
adicionais, como a melhora significativa da integridade intes-
tinal, o que pode explicar os melhores índices de crescimento
e eficiência alimentar.
Após o período de pré-infecção foi realizado o desafio “O uso dos aditivos
experimental através da infecção dos animais por imersão
em água com Francisella orientalis. O grupo de tilápias
durante a produção da
tratadas previamente com Sanacore® GM apresentou mor- tilápia tem proporcionado
talidade 32% menor que o grupo controle sem aditivo e
infectado (Figura 5), e com evolução mais branda da doença. uma diminuição das
O grupo de tilápias tratadas previamente com Bacti-nil® Aqua
apresentou mortalidade 26% menor que o grupo controle sem mortalidades por
aditivo e infectado (Figura 6).
Sanacore® GM tem como mecanismo de ação, redu- franciselose, e do impacto
zir a carga patogênica, prevenindo assim sua proliferação.
Também melhora a resistência dos peixes às enfermidades,
da doença na forma sub
devido ao aumento da imunidade (modulação da flora in- clínica e assintomática,
testinal e reforço do sistema imune). Os extratos botânicos
afetam a viabilidade da bactéria e interrompem o sistema de que pode ser comprovada
comunicação QS (Quorum sensing). Outros componentes,
estimulam o sistema imune e melhoram a integridade do epi- pela melhora dos índices
télio intestinal. Isso faz do Sanacore® GM, uma ferramenta
eficaz para as situações de alto risco e desafio, bem como na zootécnicos pós inverno,
produção de alevinos e juvenis.
Bacti-nil® Aqua é um aditivo que tem como alvo, os
pela diminuição da
principais patógenos que afetam a aquacultura, pelo efeito ocorrência e da mortalidade
sinérgico da combinação dos ácidos orgânicos com objetivo
de inibir o crescimento e o desenvolvimento das principais por estreptococose”.
bactérias patogênicas (Gram + e -). Age diretamente na parede
celular das bactérias patogênicas, causando danos à parede
Por:
Wagner C. Valenti1 Helenice P. Barros² Patricia Moraes-Valenti1 Guilherme W. Bueno1 Ronaldo O. Cavalli3
w.valenti@unesp.br helenice.barros@sp.gov.br moraes-valenti@gmail.com guilherme.wolff@unesp.br ronaldocavalli@gmail.com
1
Centro de Aquicultura da UNESP – CAUNESP
2
Instituto de Pesca/APTA/SAA
3
Estação Marinha de Aquacultura, Universidade Federal do Rio Grande – FURG
Aquicultura no Brasil
A estatística pesqueira no Brasil sempre foi falha devido “A produção da pesca
a um sistema ineficiente de coleta de dados. As informações
sobre a produção da pesca marinha são fragmentadas e desatua-
de captura no Brasil
lizadas, enquanto os números das capturas nas águas interiores se manteve estável na
são subestimados. Felizmente, desde 2013 o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) coleta dados estatísticos última década, enquanto
sobre a aquicultura (Disponível em: https://sidra.ibge.gov.
br/Tabela/3940 e https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/6938). Em que a aquicultura vem
paralelo, a Associação Brasileira dos Criadores de Camarão
(ABCC) e a Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR) apresentando crescimento.
também apresentam estimativas de seus setores, embora os
números sejam diferentes dos dados oficiais do IBGE.
A produção aquícola
Estima-se que a produção brasileira de pescado tenha brasileira corresponde a
atingido algo em torno de 1,6 milhão de t, com a aquicultura
respondendo por aproximadamente 50%. Acompanhando uma cerca de R$ 5,5 bilhões de
tendência mundial, a produção da pesca de captura no Brasil
se manteve estável na última década, enquanto a produção receita bruta, ou um bilhão
da aquicultura vem apresentando um crescimento contínuo.
A produção da aquicultura brasileira corresponde atualmente de dólares americanos.
a cerca de R$ 5,5 bilhões de receita bruta, ou um bilhão de
dólares americanos. Com base nisso, o valor médio pago ao
O valor médio pago ao
produtor seria de aproximadamente R$ 6,90 por kg de produto produtor é de R$ 6,90
da aquicultura.
por kg de produto da
As espécies produzidas
aquicultura.”
Mais de 60 espécies de organismos aquáticos para
consumo humano e aproximadamente 250 espécies de peixes
ornamentais, invertebrados e plantas aquáticas foram produ-
zidos no Brasil nos últimos anos. A produção comercial de estados, enquanto os camarões do gênero Macrobrachium são
peixes é dominada pela tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) produzidos em 19 estados e em todas as regiões do país. A aqui-
e pelos peixes redondos (tambaqui, pacu e híbridos). Com base cultura de outras espécies se restringe a uma região geográfica
na tradição, características de produção, cadeia produtiva e específica: a produção de moluscos ocorre em todos os estados
organização dos produtores, a aquicultura brasileira pode ser costeiros, a carcinicultura marinha concentra-se nos estados do
dividida em cinco grupos principais: peixes de água doce Nordeste e a produção de rãs, no Sudeste (Figura 1). Algumas
(várias espécies), camarão de água doce (Macrobrachium espécies respondem pela maior parte da produção. Segundo
rosenbergii), rãs (Lithobates catesbeianus), camarão mari- o IBGE, a tilápia-do-nilo vem em primeiro lugar com 57,9%
nho (camarão-branco-do-pacífico Litopenaeus vannamei) e da produção total da aquicultura brasileira. Em segundo, com
moluscos bivalves marinhos (mexilhões Perna perna e ostras 25,2%, estão o tambaqui e seus híbridos. O camarão marinho
Crassostrea gigas e Crassostrea gasar = C. tulipa). Além disso, responde por 9,7% da produção nacional, sendo o terceiro
tartarugas (Podocnemis expansa, P. unifilis e P. sextubercula- mais produzido. Nas posições 4 e 5 estão as carpas (comuns
ta), jacaré (Caiman crocodilus), peixes marinhos (beijupirá e chinesas) e o mexilhão P. perna, respectivamente. Muitas
Rachycentron canadum, garoupa Epinephelus marginatus e publicações trazem dados de produção do tambaqui e pacu
cerca de 25 espécies ornamentais), invertebrados marinhos incluindo os híbridos, o que dificulta a estimativa da produção
(cerca de 100 espécies de corais e o microcrustáceo Artemia das espécies puras.
franciscana), macroalgas (Porphyra, Hypnea, Gracilaria e
Kappaphycus alvarezii), microalgas (Spirulina, Arthrospira As fazendas aquícolas
platensis e várias espécies usadas na alimentação de larvas de
camarão) e a planta halófita salicórnia (Sarcocornia ambigua) A aquicultura brasileira depende basicamente de peque-
são cultivadas em menor escala. nas unidades de produção. Tradicionalmente, as aquiculturas no
Diferentes sistemas de produção aquícola foram encon- Brasil são classificadas de acordo com a área do espelho d´água.
trados em 4.198 dos 5.570 municípios do Brasil pelo IBGE. Este critério pode se adequar para a produção em viveiros,
Os peixes de água doce são o único grupo criado em todos os que corresponde à maioria da produção do país, mas não para
ou de peixes em tanques-rede. Nestes casos, a classificação de criação, energia e mão-de-obra. Muitas vezes, a empresa líder
deveria considerar o volume efetivamente usado para criar tem sua unidade processadora e também é responsável pela co-
os organismos ou incluir o volume de água disponível para a mercialização e distribuição dos produtos finais.
diluição dos resíduos. Propriedades com viveiros podem ser
classificadas como muito pequenas (< 2 ha), pequenas (2,1 a Larviculturas
4,9 ha), médias (5 a 49,9 ha) e grandes (> 50 ha). O número
de fazendas de aquicultura em 2017 foi estimado pelo IBGE As larviculturas variam em tamanho e no nível de tecno-
em cerca de 233.000. Cerca de 95% são muito pequenas, logia aplicado. Algumas podem ser grandes e tecnologicamente
enquanto apenas 0,1% são classificadas como grandes. Estas sofisticadas, enquanto unidades pequenas e simples também
normalmente produzem camarão marinho, tambaqui/tam- são encontradas. Peixes nativos, como tambaqui e pacu,
batinga ou tilápia. Uma estrutura semelhante, dominada por precisam ser induzidos a desovar; o manejo de ovos, larvas e
pequenas fazendas com viveiros, é encontrada nos principais alevinos é feito em tanques internos, enquanto a criação até os
países produtores asiáticos. A grande diferença é a frequência alevinos é realizada, principalmente, em viveiros fertilizados.
de uso de sistemas integrados de produção, que no Brasil é Para a tilápia, larvas recém-eclodidas podem ser coletadas em
pequena, mas frequente na Ásia. tanques ou viveiros de reprodutores ou diretamente da boca das
A aquicultura no Brasil é muitas vezes uma atividade fêmeas para serem transferidas para ambientes controlados. A
secundária. As empresas mais resilientes são aquelas operadas inversão do sexo em tilápia pode ser realizada em pequenos
pelos proprietários. A maioria das fazendas está organizada tanques internos ou externos com rígido controle das con-
horizontalmente, com os aquicultores comprando alevinos ou dições ambientais, em tanques-rede em viveiros ou mesmo
pós-larvas, rações de outras empresas e vendendo sua produção livremente nos viveiros. Existem milhares de larviculturas de
para plantas de processamento, atacadistas, varejistas ou direta- diferentes espécies. Segundo o IBGE, a produção anual de
mente aos consumidores. Alguns empreendimentos produtores alevinos, pós-larvas (PL) e sementes de moluscos em 2019
de tilápia, tambaqui, truta, camarão marinho e rãs são parciais ou foi de cerca de 1,35 bilhão, 12,0 bilhões e 46,2 milhões de
totalmente verticalizados e possuem larvicultura própria, infra- unidades, respectivamente.
estrutura para engorda, fábrica de ração e planta processadora.
A integração entre diferentes empresas é um modelo utilizado Sistemas de produção
em algumas cadeias produtivas. A empresa líder fornece supor-
te técnico e insumos (alevinos, ração, calcário e fertilizantes), De modo geral, a engorda de peixes e de camarões ma-
pessoal e equipamentos para a despesca, e compra a produção. rinhos e de água doce é realizada em viveiros de fundo natural.
Atualmente, a piscicultura em tanques-rede tem aumentado
significativamente e é priorizada por vários órgãos governa-
mentais. Segundo alguns pesquisadores, o Brasil tem potencial
para produzir 2,5 milhões de t de pescado por ano neste sistema.
Os tanques-rede são instalados em pequenos reservatórios
em propriedades rurais, bem como em reservatórios maiores
construídos para geração de energia ou fornecimento de água.
O uso de raceways é praticamente restrito à criação de
trutas, enquanto tanques com troca contínua de água limitam-
-se à produção de larvas e alevinos de peixes de água doce e
à criação de ornamentais. Os sistemas de recirculação (RAS)
Aquicultura no Brasil
produção de ornamentais, mas tem havido alguns estudos com
peixes marinhos. Sistemas de produção usando a tecnologia Figura 2. Principais espécies de peixe de
água doce produzidas no Brasil em 2019
de bioflocos (BFT) vêm sendo desenvolvidos para a criação
superintensiva de L. vannamei e tilápia. A tecnologia BFT tem
alta produtividade, baixa demanda por água e menor conversão Aquicultura Continental
Principais espécies
alimentar, mas grande necessidade de energia e requer pessoal Total: 529.223 t
qualificado e investimento inicial elevado.
A maioria dos peixes e crustáceos são produzidos em
monocultivos com fornecimento de ração. A produção em
aquicultura integrada é representada pela criação da carpa
comum e das carpas chinesas em viveiros, integrada ou não
com suínos, e dos camarões de água doce combinados com
peixes. O policultivo de carpas é praticado há mais de quatro
décadas no sul do Brasil. A tilápia e o jundiá (Rhamdia que-
len) vêm sendo adicionados a este policultivo. O interesse em
outras formas de produção integrada, incluindo aquaponia e
aquicultura multitrófica integrada (IMTA na sigla em inglês)
de espécies marinhas, vêm aumentando, mas ainda são reali-
zadas em escala piloto. Sistemas de criação não-alimentados,
ou seja, sem o uso de rações, ocorrem na produção de juvenis
de peixes de água doce em pequenos viveiros fertilizados, na
criação de peixes de água doce em grandes reservatórios, no tamanho médio de despesca varia de 0,7 a 1,2 kg. Aeradores e
policultivo de carpas, e na produção de moluscos e algas. A alimentadores automáticos são usados com frequência. Produ-
aquicultura urbana se restringe à produção de ornamentais, tividades anuais de 30 a 60 t/ha são comuns, mas valores mais
algumas larviculturas, aquaponia e à produção de microalgas. baixos, de 10 t/ha, ocorrem em muitas pequenas propriedades
em diferentes estados. Peixes de viveiros com off-flavor (sabor
Peixes de água doce estranho devido à presença de cianobactérias) são um proble-
ma frequente. Em tanques-rede, peixes com 1 a 5 g (juvenis
O IBGE indica que, em 2019, a produção de peixes de com 25-40 g também são usados) são inicialmente estocados
água doce representou quase 95% da produção da aquicultura em altas densidades, sendo divididos duas ou três vezes até
do Brasil e 98% do número de fazendas, sendo que quase 80% a despesca. O ciclo pode durar seis meses no Nordeste e de
da atividade é realizada em viveiros. As principais espécies são 7 a 9 meses no Sudeste. A produtividade geralmente varia de
a tilápia-do-nilo sexualmente revertida, tambaqui (C. macropo- 30 a 70 kg/m3/ciclo. A conversão alimentar é de cerca de 1,4
mum) e seus híbridos, quatro espécies de carpas, e o pacu (P. nos viveiros, e de 1,6 a 1,8 nos tanques-rede. Mil alevinos de
mesopotamicus) e seus híbridos (Figura 2). Cerca de 120.000 tilápia de 0,5 a 1 g custam de R$ 82,50 a 165,00, enquanto o
produtores de carpa foram identificados em todos os estados, produtor recebe de R$ 4,40 a 6,60/kg.
exceto Roraima. A carpa comum (C. carpio), a carpa capim (C. Nas últimas duas décadas, a produção de tilápia tem
idella), a carpa prateada (H. molitrix) e a carpa cabeça-grande se expandido do tradicional sistema em viveiros para o de
(H. nobilis) são as principais espécies de carpas criadas em tanques-rede em reservatórios. Os produtores de tilápia em
sistemas integrados, muitas vezes com a produção de suínos no tanques-rede têm enfrentado dificuldades, como baixos ní-
sul do Brasil. A produção de tilápia foi registrada em 110.000 veis de água nos reservatórios devido às secas, ocorrência de
estabelecimentos rurais em todos os estados. Muitas pequenas doenças bacterianas e até problemas de mercado. A margem
fazendas produzem carpas e tilápias. de lucro de pequenas fazendas de tanques-rede é baixa e,
portanto, quaisquer dificuldades durante a produção podem
Tilápia - A tilápia é criada em viveiros e em tanques-rede em afetar a lucratividade. A restrição ambiental mais crítica ocorre
reservatórios. Chitralada e Gift são as linhagens mais frequen- no inverno, quando as águas superficiais esfriam, ficam mais
tes, sendo comum a produção de mais de uma linhagem na densas e afundam. Como resultado, águas profundas com baixo
mesma fazenda. Vários laboratórios fornecem juvenis com alto teor de oxigênio e ricas em compostos tóxicos são forçadas para
valor genético, enquanto muitas empresas oferecem dietas de cima e podem causar a morte dos peixes. O uso de altas den-
qualidade. O Estado do Paraná é o maior produtor, e a maior sidades pode aumentar a produtividade e reduzir os custos de
parte da produção é proveniente de pequenos viveiros (0,1 a produção, mas causa estresse crônico, facilitando a instalação
0,5 ha) em fazendas com área de 1 a 10 ha. As tilápias são de vírus e bactérias. Tanto o Tilapia Lake Virus (TiLV) como o
inicialmente estocadas com 1 a 15 g e, após 6 a 10 meses, o Iridovirus (ISKNV - vírus da necrose infecciosa do baço e rim)
dessas espécies de baixo nível trófico tem um ciclo de criação devem ser realizados para esclarecer esta questão. Alguns
de cerca de um ano, a qual é realizada principalmente em produtores preferem a tambatinga devido à cor prateada e
viveiros, mas também em tanques-rede. Os peixes redondos opérculo avermelhado, que se adequam ao gosto dos consumi-
têm boa aceitação no mercado, sendo vendidos inteiros, em dores. O processo de produção do tambaqui e da tambatinga
postas, cortados ao meio segundo um plano sagital, costela, é similar. Ambos são criados em viveiros em fazendas de
ventrecha ou filé. Trabalhadores treinados podem remover fa- pequeno, médio e grande porte, algumas com mais de 400
cilmente os espinhos em forma de Y durante o processamento, ha de espelho de água. A estocagem direta de juvenis com
mas, infelizmente, essa técnica ainda não é aplicada em todo o 2-5 g na densidade de 0,4 a 0,7/m2 por 12 meses é a prática
país, o que limita o mercado em algumas regiões. O tambaqui padrão, mas também é comum uma fase anterior de 3 meses,
e híbridos, em corte sagital desossado, são comumente encon- quando os peixes atingem 70-80 g. Estes juvenis maiores são
trados nos mercados do norte do país. A produção de peixes transferidos para viveiros na densidade de 0,5 a 2/m2. Após
de tamanho heterogêneo, a susceptibilidade à contaminação 10 meses, atingem cerca de 1,5 a 3,0 kg e sobrevivência
por Salmonella e a presença de parasitas são alguns obstáculos em torno de 70%. Em algumas áreas da região Norte, os
na produção de peixes redondos que podem ser superados por aquicultores estocam juvenis com 300-500 g em viveiros e,
boas práticas de manejo tanto nas fazendas quanto nas unidades após 8 meses, obtêm 6-8 t/ha. Outros preferem duas fases
de processamento. anteriores de cultivo e estocam os viveiros de engorda com
peixes de 0,8 kg. A conversão alimentar varia de 1,6 a 1,8,
Tambaqui e tambatinga - A produção de tambaqui concentra- mas valores mais baixos são comuns porque o tambaqui se
-se no Centro-Oeste e Norte, principalmente em Rondônia, alimenta de zooplâncton. A produtividade varia de 5 a 12 t/
Roraima e Maranhão. Embora Rondônia se especialize na ha/ano, e o preço de venda de peixes entre 0,8 e 3,0 kg é de
produção de tambaqui puro, a produção de tambatinga está R$ 5,00 a 6,60/kg. O estado do Amazonas possui um nicho
crescendo. Na região Nordeste e no Mato Grosso, a produção de mercado para tambaquis com 500 g, conhecido como
de híbridos tem ganhado espaço em relação a do tambaqui puro. “tambaqui curumim”.
Muitos aquicultores acreditam que a tambatinga tem melhor
desempenho em viveiros e seria mais fácil de ser processada. Pacu e seus híbridos - O pacu, patinga e tambacu são produ-
Ao contrário, alguns pesquisadores afirmam que o tambaqui zidos principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
tem um desempenho superior, e a substituição do tambaqui O tambacu também é produzido no Norte e Nordeste. Alguns
puro por híbridos estaria associada à procura dos piscicultores piscicultores acreditam que o tambacu seria mais resistente a
por novas espécies ou linhagens. Experimentos controlados temperaturas baixas que o tambaqui, e também que cresceria
mentais não confirmam o desempenho superior do híbrido m²) são usadas. O peixe é vendido a atacadistas, varejistas ou
em relação ao pacu puro. Ambos toleram temperaturas de empresas de pesque-e-pague por R$ 7,00-10,50/kg. Os tanques-
águas mais frias prevalentes no inverno em latitudes de -rede são estocados com 50-60 peixes/m3, e a produtividade
25°S, quando o crescimento e a ingestão de alimentos são chega ao redor de 40 kg/m3. Falhas na organização da cadeia
reduzidos. No entanto, com temperaturas mais altas na de valor e dificuldades na tecnologia de processamento são
primavera e no verão, taxas de crescimento compensatórias os principais entraves para o desenvolvimento da aquicultura
de 8 g por dia são observadas. A patinga é menos gordurosa do pacu no Brasil.
que o pacu, o que é considerado uma vantagem no mercado.
Além disso, muitos piscicultores acreditam que a patinga Curimbatá - A produção de Prochilodus é uma atividade
cresça mais rápido que o pacu. A criação de pacu, tambacu tão tradicional que é praticada em todos os estados do país.
e patinga segue protocolos semelhantes. Geralmente são Prochilodus constitui o quinto grupo de espécies nativas
produzidos em viveiros, mas também em tanques-rede. Em mais produzido para consumo humano no Brasil. Um grande
viveiros, juvenis de 2-3 cm são estocados com 0,5 a 2 pei- número de juvenis de diferentes tamanhos é liberado em ba-
xes/m² por 10-12 meses, quando os peixes atingem de 1,2 cias hidrológicas impactadas por barragens no Sul e Sudeste,
a 2 kg. Normalmente são usadas rações com 24 a 32% de constituindo um grande mercado para a mitigação ambiental.
proteína sem diferenças evidentes no desempenho, prova- O repovoamento sustenta a pesca artesanal, que é muito impor-
velmente porque o pacu e o tambacu se alimentam também tante em várias regiões. Exemplares de Prochilodus lineatus
de alimentos naturais presentes nos viveiros. A variação da com aproximadamente 15 cm também são vendidos como iscas
conversão alimentar entre fazendas é grande (de 1,3 a 2,5), vivas para a pesca esportiva. Além disso, o curimbatá tem grande
provavelmente devido a diferenças no manejo, particular- potencial para ser produzido em cultivos multitróficos integrados
mente a densidade. A produtividade anual varia de 10 a 12 (IMTA), pois habita a porção inferior dos ambientes aquáticos
t/ha, mas menos de 5 t/ha são obtidas por produtores menos e se alimenta da matéria orgânica no sedimento.
Aquicultura no Brasil
amazônica, a demanda por Ara-
paima gigas tem sido atendida
pela pesca manejada de popu-
lações naturais em Reservas de
Desenvolvimento Sustentável
ou Reservas Extrativistas. Um
grande esforço de pesquisa tem
sido realizado visando o seu
cultivo. A produção comercial é
feita em viveiros estocados com
juvenis de aproximadamente10
cm (cerca de 1 kg) na densidade
de 1 peixe/10 m2. O preço dos
juvenis varia de R$ 5,50 a 16,50
por unidade de acordo com a re-
gião e estação do ano. O pirarucu
é alimentado com rações comer-
ciais para peixes carnívoros que
custam ao redor R$ 2,75/kg, e
geram uma conversão alimentar
próxima a 2,1. O pirarucu nor-
malmente atinge 10-12 kg em Exemplar de pirarucu da Bacia Amazônica - Arapaima gigas
um ano e pode chegar a 25-30
kg em dois anos. Embora ainda
não haja um protocolo de criação
estabelecido, a produção em cativeiro tem grande potencial e lambaris congelados, eviscerados e sem espinhas para con-
aumenta gradativamente. Segundo o IBGE, em 2019 foram sumo humano. Devido à sua tolerância às águas salinas, a
produzidas 1.900 t. O preço ao produtor varia de R$ 11,00 a produção do lambari da Mata Atlântica (Deuterodon iguape)
17,50/kg. O pirarucu é tradicionalmente comercializado em está sendo considerada para uso como isca para a pesca de
filés secos e salgados, mas empresas de aquicultura também atuns. A produção dessa espécie pode ser uma ferramenta
fornecem filés frescos e congelados. A principal limitação tec- importante para o desenvolvimento sustentável de populações
nológica na criação desta espécie está relacionada à reprodução rurais e uma fonte alternativa de renda para as comunidades
(identificação do sexo, baixa fecundidade e falta de controle em áreas de conservação florestal.
sobre as desovas). Outras limitações incluem a disponibilidade
de juvenis, altos custos de produção e questões de mercado. Outros nativos - A produção de outras espécies nativas de
Alguns aquicultores relataram dificuldades em vender sua peixes, especialmente as de baixo nível trófico, como ma-
produção a preços compensatórios. trinxã ou jatuarana (Brycon cephalus), piracanjuba (Brycon
orbignyanus), curimbatá ou curimatã (Prochilodus spp.) e
Lambari - O mercado de pequenas espécies de peixes nativos piau (Leporinus spp.), também têm representatividade na
para uso como isca viva é grande e pouco conhecido pelos aqui- aquicultura nacional, embora o volume de produção certa-
cultores. O lambari (Astyanax lacustris) é a principal espécie mente seja subestimado. As estimativas oficiais de produção
que atende este mercado. Embora presente em todo o país, a dessas espécies em 2019 variaram de 3.000 a 3.500 t, sendo
produção está concentrada no Sul e Sudeste, principalmente em que, em 2017, aproximadamente 5.000, 9.000 e 8.000 pro-
São Paulo. O lambari é criado em viveiros pequenos (0,03 a 0,3 priedades produziam matrinxã, curimbatá e piau, respecti-
ha) em pequenas propriedades, embora duas grandes empresas vamente, de acordo com o IBGE. O piau (Leporinus spp.)
estejam atualmente em operação. A produção anual estimada é produzido principalmente para subsistência, para atender
supera 1.000 t, sendo comercializada principalmente para o mercados locais ou direcionado para estabelecimentos de
mercado de iscas, mas também para consumo como aperitivo. pesque-e-pague e para o mercado de mitigação ambiental. O
O tamanho de comercialização varia de 6 a 8 cm (adultos), piavuçu, Leporinus microcephalus, e o ximboré, Schizodon
mas alguns pescadores esportivos preferem lambaris entre 3 a borelli, são produzidos para o consumo humano e para o
5 cm. Independentemente do tamanho, o produtor recebe cerca mercado de iscas vivas. A utilização de sistemas intensivos
de R$ 275,00 por mil unidades. Uma planta de processamento em tanques-rede poderá impulsionar a produção de algumas
específica para essa espécie paga cerca de R$ 17,50/kg e vende dessas espécies nativas.
implantadas em Pernambuco. Embora essas iniciativas tenham realizadas. Esta espécie é usada como isca viva na pesca do
mostrado que a atividade pode ser economicamente viável, os atum, além de sustentar uma grande indústria de conservas.
altos riscos associados ao pioneirismo da atividade levaram Desovas espontâneas e induzidas de reprodutores captu-
essas fazendas a fechar. Entre as principais dificuldades estão rados na natureza e criados em laboratório foram obtidas,
a necessidade de importação de equipamentos especializados o que permitiu a realização de larviculturas e testes de
com elevada carga tributária, alto investimento inicial, dificul- engorda. Após 10 meses, sardinhas pesando 45-58 g foram
dade na obtenção de rações e juvenis de qualidade, e a falta obtidas em tanques dentro de estufas e em tanques-rede.
de pessoal experiente e de serviços de patologia. A piscicultura ornamental marinha também é um
Paralelamente às tentativas de criação de beijupirá setor promissor, e que conta com mais de 20 produtores.
no Nordeste, fazendas menores, próximas à costa, estão Pelo menos 25 espécies, das famílias Pomacentridae (12),
em operação no Sudeste (especificamente no RJ, SP e Gobiidae (4), Blenniidae (4), Pseudochromidae (5) e
ES). Em SP, uma larvicultura comercial produz juvenis Apogonidae (1), são produzidas. Os peixes são vendidos
de beijupirá e garoupa. Estima-se que a produção anual de para atacadistas ou diretamente para lojas com preços
beijupirá nesta região tenha aumentado de 25 t em 2015 médios de R$ 33,00/unidade. A produção é urbana e
para 100 t em 2019. A maioria das fazendas de beijupirá normalmente realizada em pequenos aquários ou tanques
opera pequenos tanques-rede com diâmetro menor ou operados em RAS. Os peixes-palhaço (Amphiprion ocella-
igual a 16 m. Após um ciclo médio de 12 meses, peixes ris, Amphiprion percula e Premnas biaculeatus) são as
com 3,5 a 5 kg são despescados e vendidos localmente, principais espécies produzidas. Outras espécies comuns
principalmente para restaurantes de luxo. Embora o são o “dottyback fridmani” (Pseudochromis fridmani)
interesse inicial tenha se concentrado no beijupirá, tem e “striped blenny” (Meiacanthus grammistes). Todas as
havido um interesse crescente na produção da garoupa. cinco espécies acima são exóticas, mas a tecnologia para
Recentemente, uma fazenda em São Paulo passou a pro- produzir espécies nativas, como o neon goby (Elacatinus
duzir essa espécie em parceria com um grupo estrangeiro, figaro) e o cavalo-marinho (Hippocampus reidi), estão
e um projeto de repovoamento no litoral norte de São disponíveis. Os cavalos-marinhos têm um grande mercado,
Paulo está em andamento. As principais restrições para pois são usados em práticas religiosas no país e como pro-
o desenvolvimento da produção de peixes marinhos no dutos nutracêuticos e farmacêuticos na Ásia, sobretudo na
Sudeste são a dificuldade de obtenção do licenciamento China. Esse mercado é atendido pelo extrativismo ilegal,
ambiental e a disponibilidade de rações de qualidade que impacta as populações naturais. Uma tecnologia de
específicas para peixes marinhos. baixo custo usando tanques-rede em viveiros de camarão
Nos últimos anos, pesquisas sobre a produção da está disponível, e pode atender a esse mercado com boa
sardinha brasileira (Sardinella brasiliensis) vêm sendo lucratividade. As principais restrições incluem a dificul-
Aquicultura no Brasil
A criação de moluscos no Brasil teve
início na década de 1970 com iniciativas na
BA, RJ e SP, mas a atividade só passou a ter
importância socioeconômica no final dos anos
1980 em Santa Catarina e em Cananéia, SP. No
início, a maioria dos produtores eram pescadores
artesanais, para os quais os moluscos represen-
tavam uma renda complementar. Em muitos
casos, porém, a criação de moluscos tornou-se
a principal fonte de renda. Nos últimos anos,
tem-se verificado uma diversificação no perfil
dos produtores, com um aumento no número
de pequenos empresários. Mesmo com essa
Longlines duplos usados para produção de mexilhões em sistema
mudança, a criação de moluscos no Brasil ainda contínuo em Santa Catarina | Foto: G. Manzoni
tem caráter familiar e artesanal e, na maioria
dos casos, atende exclusivamente aos mercados
locais. A organização é incipiente, com poucas
iniciativas como cooperativas ou associações de produtores. vulgaris), do sururu ou mexilhão (Mytella charruana)
Todos os estados costeiros do Brasil produzem molus- e do marisco branco (Amarilladesma mactroides) tam-
cos pela aquicultura, mas a produção concentra-se na região bém estão em desenvolvimento. As pequenas fazendas
Sul. O IBGE estimou a produção de 15,2 mil t de moluscos de moluscos são geralmente familiares e, portanto, de
em 2019. Desse total, o Sul é responsável por mais de 95%. grande importância socioeconômica, mesmo em áreas
O mexilhão (P. perna) é a principal espécie, com produção com pequeno volume de produção.
anual próxima a 13.000 t. A ostra do Pacífico (C. gigas) vem A estrutura mais usada na produção de mexilhões
em segundo, com quase 2.000 t. Há também uma pequena, são longlines com 50 a 100 m. Embora a tecnologia para
mas crescente, produção de vieiras (Nodipecten nodosus), a produção de sementes em laboratório esteja disponível,
principalmente no RJ, SP e SC. A criação de ostras de man- a produção de mexilhão se baseia na coleta de sementes
gue (C. rhizophorae e C. gasar) é realizada desde a década silvestres. Em Santa Catarina, principal produtor do país,
de 1980 em São Paulo. Atualmente, vários pequenos produ- o período recomendado para instalação dos coletores
tores estão estabelecidos nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste de sementes é de agosto a dezembro. Dependendo do
e Norte. Tecnologias para a criação do berbigão, marisco ou tamanho inicial da semente e das condições ambientais,
chumbinho (Anomalocardia brasiliana, syn. A. flexuosa), da P. perna pode levar de 7 a 12 meses para atingir o tama-
ostra perlífera (Pteria hirundo), do polvo comum (Octopus nho comercial de 6 a 9 cm. Recentemente, tem havido
um interesse crescente no uso de sistemas
contínuos a fim de aumentar a produtivi-
dade e a competitividade da indústria. Os
sistemas contínuos permitiriam a mecani-
zação, o que facilita o manejo das cordas,
a despesca e o transporte para as unidades
de depuração e processamento.
A produção da ostra do Pacífico (C.
gigas) depende de sementes produzidas
por um laboratório público e um privado
em Santa Catarina. Por outro lado, os pro-
dutores da ostra nativa (C. gasar) coletam
as sementes na natureza. Um pequeno
laboratório comercial no Rio Grande do
Norte fornece sementes de C. gasar, mas
sua produção tem sido irregular. Segundo
o IBGE, cerca de 46.000 milheiros de se-
Coletores de sementes de mexilhão em Santa Catarina | Foto: G. Manzoni
mentes foram produzidas em 2019, sendo
a maioria de C. gigas. Nenhum cultivo de
fundo é praticado no Brasil, mas sistemas
Recomendações práticas
para avaliação da qualidade da
água na produção de
tilápia em tanques-rede
Circular Técnica 31
Em 1998-99, em plena expansão, a carcinicultura A maioria das fazendas se agrupa por corpos
mexicana se viu severamente afetada por uma possível mu- d’água, em bacias hidrográficas locais ou parques
tação, ou nova cepa, do vírus da Síndrome de Taura (TSV), que compartilham a infraestrutura de consumo e
fato que levou produtores a buscar alternativas para superar descarga de água.
este problema, entre elas a mudança da espécie cultivada,
que passou a ser o camarão branco do Pacífico Litopenaeus
vannamei. Isso se explica pelo fato de que, no México, essa
espécie tende a ser mais tolerante a infecções por TSV. “Em plena expansão, a
A partir desta alteração, a carcinicultura mexicana
retoma seu crescimento e, de 2002 a 2008, um amplo pro- carcinicultura mexicana se
grama para fortalecimento da indústria, representado pelo
setor produtivo, governo, comitês de sanidade e instituições viu afetada por uma possível
de pesquisa, possibilitou uma nova retomada na produção.
mutação, ou nova cepa, do
Características da carcinicultura mexicana vírus da Síndrome de Taura.
Localizados na costa leste do Pacífico, e favorecidos Para superar este problema
por uma zona de ressurgência provocada pelo encontro da
corrente da Califórnia (fria) com a Equatoriana (quente), optou-se pela mudança da
os estados da Baja California, Baja California Sur, Sonora,
Sinaloa e Nayarit são responsáveis por cerca de 90% das espécie cultivada, que passou
161.212 toneladas de camarões produzidas no país no ano
passado (Figura 1). Os 10% restantes são produzidos nos
a ser o camarão branco
estados de Jalisco, Colima, Michoacán e Guerrero, também do Pacífico Litopenaeus
localizados na costa do Pacífico; e Tamaulipas, Veracruz,
Campeche, Yucatan e Tabasco, na costa oeste do Atlântico. vannamei, pelo fato de que,
Embora existam projetos intensivos e hiper-inten-
sivos, o sistema de cultivo predominante no México é o no México, essa espécie
semi-intensivo com viveiros de tamanhos variados, com
média de 5 ha. Existem fazendas pequenas, com menos
tende a ser mais tolerante a
de 40 hectares, até fazendas com mais de 400 hectares de infecções por TSV.”
lâmina d’água. A maior parte delas dispõe de eletrificação,
e as que não têm utilizam motores a diesel.
Carcinicultura no México
dem ser realizados de 1 a 3 cultivos por ano. Nas regiões de águas
mais frias, como Sonora e norte de Sinaloa, são produzidas apenas “Com o desenvolvimento da
uma safra anual, de março a novembro (nos casos do ciclo mais
longo de 240 dias) e de maio a novembro (ciclo mais curto de
carcinicultura, processadoras
180 dias). Já onde a água é mais quente e as fazendas são semi- passaram a ter outra fonte
-intensivas, são realizados dois ciclos por ano, de março a julho
e julho a novembro. Nas operações intensivas, por encurtarem o de abastecimento para suas
tempo de entressafra, são obtidas até 2,3 despescas anuais. Mas a
maior parte das fazendas fazem de 1 e 2 ciclos por ano. Os ciclos operações. Essa infraestrutura
curtos produzem camarão de aproximadamente 15 g, enquanto
ciclos longos podem produzir tamanhos de 15 a 35 g, utilizando faz com que o camarão
para isso um manejo com despescas parciais.
No México existe uma grande rede de processamento que
mexicano seja reconhecido
atua na indústria de camarão. A maior parte destas instalações por atender aos mais rígidos
foram concebidas para o processamento do camarão e do atum
provenientes da frota pesqueira e das comunidades litorâneas padrões de qualidade,
de pesca. Com o desenvolvimento da carcinicultura esses pro-
cessadores passaram a ter outra fonte de abastecimento para aprovados pelo Food and
suas operações. Toda essa infraestrutura faz com que o camarão
mexicano seja reconhecido por atender aos mais rígidos padrões
Drug Administration (FDA)
de qualidade, aprovados pelo Food and Drug Administration dos Estados Unidos, que os
(FDA) dos Estados Unidos, que os distinguem como um produto
confiável e de alta qualidade. distinguem como um produto
A enfermidade da mortalidade precoce confiável e de alta qualidade.”
De 2002 a 2008, a produção mexicana de camarão
cultivado passou por um crescimento exponencial, saltando
das 23.798 t em 2002, para 132.342 t em 2008 (Figura 2). cultivo para fortalecer as medidas sanitárias e promover as
Foram anos em que a indústria passou a adotar protocolos de boas práticas de cultivo nas unidades de produção.
Figura 2. O gráfico
mostra uma tendência
de crescimento da
produção a partir
161.212
de 2002, ano que
mal ultrapassou as
132.789
20.000 toneladas, até
2008 em que foram
despescadas 132.789
toneladas. Mostra
também uma queda
na produção de 2008
103.706
a 2013, ano em que
foram produzidas
apenas 53.047
toneladas, seguida
de uma recuperação 53.047
espetacular nos
últimos 7 anos, 23.798
atingindo uma
produção, em 2020,
de 161.212 toneladas
Em 2009 foram produzidas 132.789 t, praticamente toda sorte de produtos que outrora costumavam funcionar no
o mesmo volume produzido no ano anterior. A expectativa, controle do WSSV, entre eles antibióticos - que já não estão
no entanto, era despescar pelo menos 10.000 t a mais, o que mais sendo utilizados -, cloro, imunoestimulantes, húmus,
não foi alcançado devido a um surto da Mancha Branca sulfato de cobre, gesso, peróxidos, probióticos, quaternários
(WSSV) na parte final do ciclo. de amônia, ácidos orgânicos, alho, entre outros. Nada mais
Em 2010 o produtor mexicano viu a Mancha funcionava como antes na luta contra o que se pensava ser
Branca se intensificar ainda mais, e a indústria despes- apenas a Mancha Branca. Até mesmo nos locais onde a
cou 103.706 t. Na ocasião, produtores, pesquisadores e temperatura atingia níveis superiores a 30-35 graus, e onde
autoridades estavam certos de que já tinham encontrado as o WSSV praticamente não se manifestava, as mortalidades
melhores estratégias para lidar com esse vírus. Berçários continuaram de forma crescente.
haviam sido incorporados no intuito de estocar os viveiros Entretanto, novos padrões de mortalidades começaram
um pouco mais tardiamente, com larvas mais fortalecidas a ser identificados. Na Mancha Branca, mesmo na presença
e de maior tamanho. No entanto, mesmo com um manejo de níveis adequados de oxigênio, os animais morrem por
especial, aditivos e mudanças no protocolo visando o anóxia e boiam até as margens (Figura 3). Mas o que estava
controle do WSSV, as taxas de sobrevivência seguiram sendo observado era totalmente diferente. Apareciam cama-
despencando ao longo de 2011 e 2012, quando 100 mil rões mortos próximo das comportas, espalhados pelo fundo,
toneladas foram despescadas. Mas o pior estava por vir. sendo todos muito jovens.
Em 2013, as sobrevivências despencaram. Neste Por conta disso, optou-se por utilizar no povoamento
ano a indústria viveu seu pior momento, tendo produzido animais já crescidos, de 5 gramas, e mesmo assim, as mor-
apenas 53.047 t. Todos os manejos até então conhecidos talidades continuaram, relacionadas também com os ciclos
contra a Mancha Branca foram utilizados, assim como lunares. Os camarões apresentavam uma coloração escura
Figura 3. Camarões mortos pela Mancha Branca, boiam e se acumulam nas margens
A
Figura 4. Disparidade de tamanhos entre as pós-larvas (A),
e os camarões adultos cultivados (B)
MARECHAL REDES 08
participantes a experiência espetacular
desejada, que inclui networking e recursos
MCASSAB – ACQUAPAC LIFE 50
adicionais de engajamento.
A participação no evento, que
terá tradução simultânea, será mediante PISCICULTURA AQUABEL 68
doações em valores a partir de R$ 200,
Com o compromisso de entregar e toda a arrecadação será revertida para POTIPORÃ 60
inovação e qualidade únicas, além de instituições de caridade como auxílio
construir um encontro mais robusto aos impactos causados pela pandemia de RAÇÕES GUABI 46
e com experiência interativa aos Covid-19. Os participantes terão acesso às
participantes do evento, a Alltech apresentações, networking, perguntas e RAGUIFE IND. COM. DE RAÇÕES 50
anuncia novas datas. O encontro respostas com palestrantes selecionados,
virtual, que aconteceria em maio, acesso aos conteúdos sob demanda, TÊXTIL SAUTER 13
será realizado de 22 a 24 de junho. A podcast do ONE, salão de exposições
decisão foi tomada pois observou-se virtuais e mais de 100 vídeos, conteúdo TREVISAN AQUICULTURA 18
que a tecnologia digital necessária para novo e premium publicado regularmente,
apoiar o grande objetivo não estava além de ofertas exclusivas para o próximo VAZFLUX 08
totalmente pronta. Assim, a Alltech ONE. Os interessados em realizar as
optou por não abrir as portas do ONE doações e saber mais sobre o evento WENGER MANUFACTURING 62
virtual até que todas as ferramentas podem acessar aqui: https://go.alltech.
estejam prontas para entregar aos com/pt-br/one21 ZEIGLER 02