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Editores
Ulysses Cecato
Fabiola Cristine de Almeida Rego
Gracielle Caroline Mari
Sandra Galbeiro
Equipe Operacional
Selma de Souza Correia – UNOPAR
Camila Hernandes de Oliveira – UNOPAR
Rafaela Machado dos Santos – UNOPAR
ISBN 978-65-00-47479-4
CDD 633.2
2022
AGRADECIMENTOS
PLANEJAMENTO FORRAGEIRO:
05
ESTRATÉGIAS PARA REGIÕES
PROPENSAS A GEADAS
Gracielle Caroline Mari
Ulysses Cecato
Sandra Galbeiro
Fabíola Cristine de Almeida Rego
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CUSTOS DE PRODUÇÃO
DE BOVINOS DE CORTE
A PASTO
GRicardo Carneiro Brumatti
NOVAS ALTERNATIVAS DE
40
PLANTAS FORRAGEIRAS E
SEU MANEJO
Rondineli Pavezzi Barbero
Vanessa Zirondi Longhini
Anna Carolina de Carvalho Ribeiro
Carlos Augusto Brandão de Carvalho
Adenílson José Paiva
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GESTÃO NO SISTEMA
AGROPECUÁRIO
Clovenilson Claudio Cano
Gracielle Caroline Mari
WWW.SIMPAPASTO.COM.BR
Planejamento forrageiro: Estratégias para regiões
propensas a geadas
A importância social e econômica das pastagens é cosmopolita. A produção animal exclusiva a pasto
é a mais viável economicamente e a mais correta dentro da fisiologia dos ruminantes. No Brasil a produção
de animais sob regime de pastejo é a forma de criação que impera absoluta no cenário da pecuária. O
rebanho brasileiro, é em algum momento na vida, composto por animais criados sob o regime de pastejo
(Dias-Filho, 2016). Em 2021, a área de pastagens destinadas a produção animal foi de 165 milhões de
hectares, sustentando 187 milhões de cabeças de bovinos (ABIEC, 2021).
Apesar do avanço visível que a produção animal nacional a pasto vem alcançado nas últimas
décadas, nossos indicativos produtivos ainda estão muito aquém da capacidade de produção que pode ser
alcançada com corretas ferramentas de manejo. Como exemplo, podemos tomar a taxa de lotação nas
pastagens; o Brasil conta hoje com uma taxa de lotação média de 0,91 unidade animal por hectare (UA/ha),
enquanto países como a como a Holanda e a Irlanda, possuem taxas de lotação de 2,67 UA/ ha e 1,91
UA/ha, respectivamente (FAO, 2021).
Dentro deste contexto, podemos citar a falta de planejamento forrageiro como um dos grandes
gargalos do sucesso produtivo na produção animal sob regime de pastejo. Esse planejamento visa o
equilíbrio entre a oferta e a demanda de alimento pelos animais durante o ano produtivo. Apesar de
parecer um conceito simples, essa é uma elaborada tarefa de ordem multifatorial, dinâmica e que está à
mercê principalmente de fatores que não podem ser controlados por intervenção antropológica: as
variações climáticas. Essas variações de temperatura, índice pluviométrico e luminosidade que ocorrem
durante o ano, impactam diretamente na fenologia das plantas forrageiras tropicais, que são as mais
utilizadas para compor os sistemas pastoris brasileiros.
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Planejamento forrageiro: Estratégias para regiões
propensas a geadas
Assim, o que observa a campo nas estações quentes, com maior fotoperíodo e chuvosas é a safra
forrageira, com abundância na produção de forragem, pela alta taxa de renovação de tecidos, e em outras
épocas, onde permanecem condições adversas para o crescimento das forrageiras tropicais, a entressafra
com baixa renovação de tecidos e até mesmo a dormência das plantas. Esta queda na produção atrasa o
desempenho animal, e pode até mesmo, ocasionar perdas de peso ao rebanho (Dias-Filho, 2016).
O Brasil, de dimensões continentais, possui uma grande diversidade de biomas, com a presença de
floresta amazônica, mata atlântica, cerrado, caatinga, pantanal e pampas. Tão monumental é o território
brasileiro que possuímos inclusive duas zonas climáticas: tropical e subtropical (ou zona temperada sul).
Esses diferentes cenários compõem microrregiões que possuem particularidades que permitem o cultivo de
uma gama de espécies de plantas forrageiras, de ciclo anual, estival ou hibernal.
A produção animal a pasto é sustentada por espécies forrageiras de clima tropical, quase sempre
tendo como origem geográfica o continente africano. Essas plantas têm seu crescimento diretamente
influenciado pelo clima, principalmente em regiões com grandes flutuações na temperatura / luminosidade.
Maranhão et al. (2010) relataram que durante o ano, a produção diária de MS diminuiu em média 74,3% do
verão para o outono e, mais de 93,4% para inverno. A altura do dossel forrageiro diminuiu em média 20,1%
do verão para o outono e de 49,6% para o inverno, também há redução da massa de folhas e colmos.
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Planejamento forrageiro: Estratégias para regiões
propensas a geadas
Fonte: https://agroceresmultimix.com.br/blog/como-se-planejar-seca/
denominado sazonalidade produtiva, sendo responsável pela instabilidade na oferta de boi gordo e na
produção de leite, pela escassez do recurso forrageiro, nos períodos de entressafra onde a oferta e a
demanda de forragem ficam desequilibrados. Essa diminuição na produtividade é ainda mais pronunciada
nas regiões subtropicais, onde as estações de outono e inverno são mais marcantes, com acentuada
diminuição na temperatura e luminosidade e episódios de geada, e eventualmente, neve. Nestes locais,
com essas características climáticas e esses eventos adversos, o planejamento forrageiro assume crucial
importância para alimentação dos animais.
Este vazio forrageiro ocorre em todas as regiões do país, porém torna-se ainda mais acentuado e
requer maior atenção dos pecuaristas em regiões subtropicais, quanto a suplementação deste déficit
quantitativo (Figura 01). Neste sentido, o produtor precisa conhecer bem a demanda de forragem do
rebanho durante o ano, sempre considerando que esta é dinâmica e dependente de vários fatores, e
equilibrar com a produção de forragem, considerando as flutuações produtivas.
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Planejamento forrageiro: Estratégias para regiões
propensas a geadas
Planejamento Forrageiro
Para realizar um planejamento forrageiro, é necessário ter uma visão global do sistema. Deve-se
conhecer a região, o solo, os recursos forrageiros, os animais, a disponibilidade de recursos financeiros,
mão de obra e maquinário e as oportunidades do mercado. Dessa forma, antes de realizar o planejamento
forrageiro propriamente dito, deve-se fazer um levantamento de todos os dados e recursos que podem
fazer parte deste sistema, sendo que estes terão uma interligação, e serão bases para estratégias e tomadas
de decisão.
Pensando nas estratégias a serem utilizadas para a garantir um recurso forrageiro em quantidade e
qualidade adequados para a alimentação do rebanho, amostras de solo devem ser tomadas para que se
tenha um banco de dados sobre a fertilidade atual das áreas que serão destinadas a produção forrageira.
Dessa forma a adubação poderá ser planejada e programada de acordo com a necessidade da planta e do
objetivo de produção dada para aquele talhão (pastagem, feno, silagem, capineira, etc).
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Planejamento forrageiro: Estratégias para regiões
propensas a geadas
Os animais a serem produzidos nesse sistema deverão ser compatíveis com o grau de tecnologia que
pode ser implementado no sistema, com a capacidade produtiva da área e também com o clima, já que
animais melhor adaptados convertem melhor os alimentos ofertados. Para acrescentar mais uma variante
de suma importância na minuciosa tomada de decisão sobre quais espécies forrageiras deverão ser
utilizadas, está então, a espécie animal / finalidade produtiva. Algumas forrageiras não devem ser
recomendadas a depender da espécie animal a ser utilizada pois podem gerar algum tipo de distúrbio,
como é o caso da osteodistrofia fibrosa quando os cavalos tem acesso ao pastejo em área de Brachiaria
humidicula (SMITH, 1994). Essa forrageira possui uma grande quantidade de oxalatos que complexam
minerais e causam deficiência de Ca, gerando essa enfermidade.
Outro ponto muito importante sobre os animais e a escolha das forrageiras está diretamente ligada
ao potencial produtivo. Animais altamente especializados, com alta produtividade leiteira irão exigir um
alimento de maior qualidade comparados a animais de baixa produção leiteira, impactando diretamente na
escolha das forrageiras e do grau tecnológico e investimento financeiro a serem destinados a essa
produção.
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Planejamento forrageiro: Estratégias para regiões
propensas a geadas
Elencada a espécie, categorizado o rebanho, realizada a aferição do peso médio de cada categoria e
determinada por fontes seguras a ingestão de matéria seca, pode-se calcular, portanto o requerimento do
rebanho durante períodos (dia, quinzena, mês). Assim é possível fazer uma previsão da demanda forrageira
dos animais. Com esses valores em mãos é possível fazer uma contraposição entre a demanda e a
produtividade das pastagens, realizar a tomada de decisão sobre as melhores estratégias de alimentação,
pastejo, suplementação e comercialização dos animais (compra e venda).
As regiões do Brasil que ficam abaixo do trópico de capricórnio possuem um clima classificado como
subtropical e observa-se nas estações de outono e inverno sobre a Região Sul, Sudeste e Centro-Oeste do
Brasil, a ocorrência de temperaturas baixas, que favorecem a formação de geadas. Esse fenômeno
caracteriza-se pela ocorrência de temperaturas do ar abaixo de 0oC, com a formação de gelo nas superfícies
expostas. Sua intensidade varia e pode ser forte quando resulta da associação de dois fenômenos: a
incursão de massa de ar polar sobre o continente, seguida de perda noturna de energia pela superfície
devido à emissão de radiação infravermelha para o espaço (Molion et al., 1981).
Nesses períodos mais frios do ano, as plantas forrageiras tropicais têm seu crescimento fortemente
afetados, não somente pela temperatura, mas também pela diminuição da luminosidade e das águas
pluviais. Nessa época as pastagens tropicais entram em período de entressafra e faz-se necessária a
utilização de estratégias de suplementação desse déficit forrageiro.
Se considerarmos uma hipotética situação de demanda constante de matéria seca por um dado
rebanho durante o ano, temos o conhecimento de quanto alimento devemos produzir e estocar para essas
épocas. Nesse caso podemos usar forragens conservadas, plantas hibernais, capineiras, vedação de
pastagens ou integração lavoura-pecuária.
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Planejamento forrageiro: Estratégias para regiões
propensas a geadas
Com relação as áreas de capineiras, pensando em regiões com propensão a geadas, as espécies
mais indicadas seriam as do gênero Penisetum e do gênero Saccharum. São espécies que tem alto potencial
produtivo por área e que podem ser servidas como suplementação de volumosos em período de escassez.
A depender do grau de exigência dos animais a serem alimentados, diferentes formas de suplementação
podem ser adotadas para melhorar os parâmetros nutricionais, como é o caso do fornecimento de
nitrogênio não proteico juntamente com a cana-de-açúcar.
Pensando no cultivo de plantas hibernais como a aveia, azevém, cevada, centeio, trigo, ervilhaca,
trevos e outras espécies dessa categoria, desde que haja suficiente quantidade de chuvas, e a possibilidade
de semeadura em épocas corretas, faz-se um importante e interessante alternativa para o pastejo no
inverno. Nessa categoria, podem-se utilizar cultivos solteiros ou consorciados entre as espécies hibernais e
ainda a sobressemadura em pastagens tropicais. As aveias, por exemplo, podem produzir de 2 a 6 toneladas
de massa seca por hectare e seu ciclo produtivo pode variar de 110 a 130 dias, sendo a época de
semeadura realizada de março a junho, dependendo da região (EMBRAPA, 2000; IAPAR, 2011).
A integração lavoura-pecuária também surge como uma boa alternativa para a produção de
volumoso em épocas de déficit forrageiro. Para tanto forrageiras devem ser plantadas nas entrelinhas de
culturas agrícolas, como o milho e a soja. Nesse processo, após a colheita dos grãos, a área apresenta-se
com a forrageira já formada e pronta para o consumo dois animais, que também beneficiam-se com os
restos culturais.
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Planejamento forrageiro: Estratégias para regiões
propensas a geadas
Considerações finais
O equilíbrio entre a demanda de alimentos e a produção das forrageiras é ainda um grande gargalo
dentro da produção animal a pasto. Para a realização de um planejamento forrageiro diversos
conhecimentos devem ser colocados em prática e uma visão global do sistema deve ser adotada. Diferentes
estratégias podem ser adotadas e a melhor delas é escolher o que é mais compatível com a região, sistema
e capacidade tecnológica da propriedade.
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Planejamento forrageiro: Estratégias para regiões
propensas a geadas
Referências bibliográficas
ABIEC. BEEF REPORT: Perfil da pecuária no Brasil. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de
Carnes, 2021. Disponível em: www.abiec.com.br/publicacoes/beef-report-2021/
DIAS-FILHO, M. B. Uso de pastagens para a produção de bovinos de corte no Brasil: passado, presente e
futuro. Embrapa Amazônia Oriental. 2016. Disponível em
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1042092 /1/DOCUMENTOS418.pdf.
EMBRAPA. Empresa Brasileira De Pesquisa Agropecuária: Uso da Aveia como planta forrageira. Campo
Grande, 35 p. n. 45. 2000.
EMPRESA. Embrapa Brasileira De Pesquisa Agropecuária: Perguntas e respostas. Embrapa Gado de Corte.
Quantos-quilos-de-materia-seca-kg-de-ms-um-animal-adulto-consome-por-dia. 2016 Disponível em:
https://www.google.com/search?q=inget%C3%A3o+de+mat%C3%A9ria+seca+aniamis&oq=inget%C3%A3o
+de+mat%C3%A9ria+seca+aniamis&aqs=chrome..69i57j33i10i160.12725j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8.
MOLION, L. C. B.; FERREIRA, N. J.; MEIRA FILHO, L. G. O. Uso de satélites ambientais para monitoramento de
geadas. INPE, São José dos Campos. Jun, 1981.
SMITH, B. P.; Tratado de medicina interna de Grandes Animais, v.2, ed.1, p.1738. São Paulo: Manole,1994.
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Custos de produção de bovinos de corte a
pasto
Introdução
A pecuária de corte brasileira atingiu um nível tecnológico adequado para torná-la um dos principais
agentes de todo segmento de carne bovina mundial, tanto em termos produtivos, quanto em termos de
consumo interno, quanto em termos de domínio do mercado internacional.
Dados apresentados pelo Beef Report (2021) mostra que o PIB da cadeia agroindustrial da carne
bovina brasileira atingiu o patamar de R$ 747,05 bilhões, o que significa 10% do PIB do país, evidenciando
um crescimento de 20,8% em relação ao ano anterior.
Além disto, a mesma fonte, mostra o poder das vendas internacionais da pecuária brasileira, com
um total de 2.690,9 mil TEC, colocando o Brasil como líder mundial de exportações de carne bovina (Beef
Report, 2021).
Tal cenário macroeconômico precisa andar em consonância com o cenário microeconômico, com
especial atenção a gestão de custos agropecuários pelos produtores rurais brasileiros.
Este artigo complementa a palestra apresentada no mesmo evento, e será estruturado seguindo os
temas abaixo:
● Impactos da demanda por carne bovina e Impactos dos insumos no custo produtivo;
● Ferramentas Gerenciais, entre elas: centros de controle; controle de custos; fluxo de caixa; técnica de
planejamento orçamentário e determinação dos indicadores técnicos - econômicos
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Custos de produção de bovinos de corte a
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Com isso, o objetivo deste artigo é a apresentação das estimativas de custos pecuários e das
principais técnicas gerenciais aplicadas sobre a gestão de custos agropecuários.
Revisão de literatura
A cadeia agroindustrial da carne bovina apresenta uma complexidade importante, sendo dividida em
pelo menos três grandes segmentos, sendo o mercado de insumos agropecuários o primeiro deles, as
propriedades rurais propriamente dito a segunda parte e toda o processamento, distribuição e consumo
final a terceira parte. Além disto, há todo um complexo de atividades econômicas essenciais ao
funcionamento da cadeia e que interage com os diversos agentes presentes.
Entre todos os segmentos, a parte dos produtores rurais tem uma particularidade em relação a
precificação de seus produtos, uma vez que este segmento se caracteriza por serem tomadores de preço,
incapazes de determinarem por si só um valor, e ficando a mercê do que o mercado irá determinar.
A Figura 1 abaixo, ilustra todos os segmentos que compõem a cadeia agroindustrial da carne bovina.
A percepção das mais distintas relações evidencia a potencialidade do produto bovino, uma vez que deste
praticamente tudo é utilizado, e não somente seu produto principal, a carne bovina.
O setor é responsável por um grande superávit primário, uma vez que o volume de itens exportados,
e seu faturamento internacional, sobrepõem em muito os valores gastos com as importações.
Contudo, cabe a ressalva que os principais itens de importação desta cadeia impactam
principalmente o produtor rural, uma vez que este absorve os custos produtivos e seus aumentos em
função de serem produtos com influência do mercado internacional, e não conseguem repassar tais custos
ao preço do boi gordo, visto que o produtor, conforme já explicado, é um tomador de preços.
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Com a diminuição da oferta de animais de reposição, a oferta de animais para abate será afetada,
ocasionando o início da segunda fase, esta conhecida como Ascendente, uma vez que os preços pagos pelo
boi gordo tendem a aumentar em virtude da escassez do produto. Contudo, está alta de preços propiciará
uma maior receita ao produtor, e este irá diminuir seu abate de matrizes, retendo mais desta categoria, o
que levará a um reestabelecimento da oferta de animais de reposição nos anos seguintes.
Fatores climáticos, embargos econômicos e ocorrências sanitárias, podem interferir nestes ciclos,
oscilando o preço pago ao produtor em virtude de problemas de demanda, tanto para cima como para
baixo, dependendo do tipo de ocorrência.
As Figuras 4 e 5 trazem o comportamento dos preços pagos ao produtor pela arroba de boi gordo e
por bezerro, sendo estes dados oficiais, e que mostram uma grande recuperação destes preços até agosto
de 2021, sendo retraídos a partir daí, por embargos sofridos pelo mercado brasileiros de seu
principalmente comprador internacional. Contudo, tal embargo deve cair, e a perspectiva é de recuperação
destes valores no curto prazo em virtude de uma demanda aquecida por carne bovina.
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Neste sentido os impactos na demanda por carne bovina podem ser explicados pelas seguintes
ocorrências:
● Datas e períodos específicos no calendário nacional tendem a elevar a demanda de carne bovina,
sendo exemplos disto: as festas de fim de ano e o período de férias.
● Por se tratar de alimento preferencial do consumidor brasileiro, oscilações nos preços são
particularmente perceptíveis pelo consumidor.
● Os países asiáticos, em especial China e Hong Kong, representam 60% das exportações de carne in
natura brasileira, e oscilações de demanda, além de possíveis embargos, tendem a alterar as relações
de preços no mercado interno brasileiro.
Mesmo considerando que se tem um produtor rural tomador de preços, os aumentos de receitas
garantem os pagamentos dos custos produtivos na maioria das vezes, porém, deve-se observar que os
principais custos produtivos sofrem com oscilações internacionais, e em momentos de crises mundiais, tais
aumentos nos custos produtivos podem ser superiores aos possíveis aumentos de receitas, e levar o
produtor rural a uma situação de vulnerabilidade financeira.
Este biênio, 2020 / 2021, apresentou tal característica, uma vez que ocorrem aumentos significativos
nos preços pagos ao produtor pelo boi gordo, porém também houve um forte aumento nos principais
custos produtivos, como no preço do bezerro, evidenciando uma reposição mais cara, além dos aumentos
nos valores dos insumos agrícolas, como soja, milho, adubos e corretivos, apresentados nas Figuras 6, 7 e 8.
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Posto este cenário econômico, o produtor rural precisa passar a usar as ferramentas gerenciais
aplicadas a gestão de custos agropecuários, entre elas o entendimento dos componentes do custo
produtivo básico, como apresentados na Figura 9, e os resultados apontados nas estimativas divulgadas nas
tabelas 1, 2 e 3 realizadas pela equipe do Beef Report (2021).
Estas estimativas servem como base de comparação dos resultados aferidos por cada produtor rural
em sua realidade produtiva.
Em tempos de crises econômicas, com possível queda nas receitas e aumentos nos custos
produtivos, o devido planejamento financeiro irá determinar o sucesso do empreendimento rural. Somado
a isso, a preocupação em se manter eficiente nas principais áreas da produção, entre elas, as questões
nutricionais e forrageiras, caracterizadas pela alta participação monetária no custo produtivo, as questões
reprodutivas e sanitárias, onde falhas levam a grandes prejuízos, e o controle dos gastos com a folha de
pagamento e as manutenções da infraestrutura, levarão o produtor rural de gado de corte a uma maior ou
menor eficiência financeira.
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Tabela 1 - Estimativas de custos pecuários para o ano de 2020 em sistemas produtivos tipo ciclo completo,
sob o enfoque do padrão produtivo.
Ciclo Completo - R$/@ Extrativista Baixa tec. Média tec. Adequada Alta tec. Intensivo
COMPOSIÇÃO DE RESULTADOS 1-3 @/ha 3-6@/ha 6-12@/ha 12-18@/ha 18-26@/ha 26-38@/ha
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Tabela 1 - Estimativas de custos pecuários para o ano de 2020 em sistemas produtivos tipo ciclo completo,
sob o enfoque do padrão produtivo.
Ciclo Completo - R$/@ Extrativista Baixa tec. Média tec. Adequada Alta tec. Intensivo
COMPOSIÇÃO DE RESULTADOS 1-3 @/ha 3-6@/ha 6-12@/ha 12-18@/ha 18-26@/ha 26-38@/ha
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Tabela 2 - Estimativas de custos pecuários para o ano de 2020 em sistemas produtivos tipo cria, sob o
enfoque do padrão produtivo.
Ciclo Completo - R$/@ Extrativista Baixa tec. Média tec. Adequada Alta tec. Intensivo
COMPOSIÇÃO DE RESULTADOS 1-3 @/ha 3-6@/ha 6-12@/ha 12-18@/ha 18-26@/ha 26-38@/ha
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Tabela 3 - Estimativas de custos pecuários para o ano de 2020 em sistemas produtivos tipo recria e
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Figura 10 - Quadro ilustrativo para definição dos centros de controle a serem aplicados em sistemas de
gestão de custos agropecuários.
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Definido este plano de contas, pode ser desenvolvido em uma planilha eletrônica uma tela de
lançamento de dados, onde serão cadastrados cada movimentação financeira e classificada conforme seus
centros de controle e categorias animais envolvidas (Figura 11).
Uma vez realizados estas duas etapas, o produtor rural poderá utilizar as ferramentas abaixo
exemplificadas para ter uma clara visão da situação financeira da sua produção pecuária.
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Custos de produção de bovinos de corte a
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Contudo, além destas ações do dia a dia, o emprego das próximas duas técnicas, trará ao produtor
pecuário, uma visão ampla e um planejamento futuro de grande importância para o acompanhamento da
sua situação financeira.
A Tabela 5 traz a ideia do Fluxo de Caixa, que mostra em uma linha temporal a situação de caixa da
propriedade rural, principalmente ao se avaliar a linha de Saldo de Caixa Acumulado.
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Tabela 5- Exemplo de controle de fluxo de caixa a ser aplicado em sistemas de gestão de custos
agropecuários.
Movimento Fluxo de Caixa Anual
Janeiro - 21 Fevereir Março – 21 Abril – 21 Maio – 21 Junho - 21 Julho – 21
o – 21
Receitas R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Receitas - abates
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Custo forrageiro R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Custo sanitário R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Equip. Instal.
Custo Folha de pagamento R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Despesas
Despesa Frete
Despesa Escritório / R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Material de expediente
Despesa Combustível e R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
pagamento
Despesa Taxas / Impostos R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Despesa Marketing / R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Promoção / Divulgação
Despesas Totais R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Custo Total R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Saldo de Caixa R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Saldo Acumulado R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Desembolsos Investimentos R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Infraestrutura
Desembolsos Investimentos R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Equipamentos
Desembolsos Investimentos R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Veículos / Máquinas
Investimentos Totais R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Fluxo de Caixa de R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
Investimentos
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Despesa frete
Despesa Escritório / Material de R$ R$ R$
expediente
Despesa Combustível e taxas R$ R$ R$
veiculares (adm)
Despesa Folha de pagamento R$ R$ R$
Despensa Taxas / Impostos R$ R$ R$
Despesas Marketing / Promoção / R$ R$ R$
Divulgação
Despesas Totais R$ R$ R$
Custo Total R$ R$ R$
Saldo de Caixa R$ R$ R$
Saldo Acumulado R$ R$ R$
Desembolsos Investimentos R$ R$ R$
Infraestrutura
Desembolsos Investimentos R$ R$ R$
Equipamentos
Desembolsos Investimentos Veículos R$ R$ R$
/ Máquinas
Investimentos Totais R$ R$ R$
Fluxo de Caixa de Investimentos R$ R$ R$
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Custos de produção de bovinos de corte a
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Por fim, a Tabela 6 traz exemplos de indicadores técnicos – econômicos que ajudam o produtor rural
de gado de corte a definir seus valores pontuais de eficiência econômica, e com isso, poder comparar seus
resultados com os divulgados nacionalmente por agentes que estudam a eficiência da bovinocultura de
corte brasileira. A ideia básica é conseguir obter valores médios, sejam por cabeça, por arroba, ou por
hectare, dos principais pontos econômicos, como as receitas, custos e lucros médios obtidos na
propriedade rural.
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Custos de produção de bovinos de corte a
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Considerações Finais
O produtor de gado de corte deve se atentar as ferramentas de gestão de custos para poder passar
por momentos econômicos turbulentos, evitando possíveis prejuízos, e nos momentos de crescimento
econômico, conseguir evoluir sua eficiência financeira ao máximo.
A expectativa é de um ano com maiores custos produtivos e certa estabilidade de preços da arroba
do boi gordo, o que deve levar a um estreitamento das margens ao produtor.
Contudo, com o fim da pandemia e a retomada econômica mundial, este cenário tende a mudar no
médio prazo.
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Custos de produção de bovinos de corte a
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Referências Bibliográficas
ABIEC. BEEF REPORT: Perfil da pecuária no Brasil. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de
Carnes, 2021. Disponível em: http://abiec.com.br/publicacoes/beef-report-2021. Acesso em: 15/11/2021.
BRUMATTI, R.C.; ABREU, R.A.M.; FERNANDES, L.O. et al. Avaliação econômica do Programa Zebu PO:
Produção de carne de qualidade com eficiência e sustentabilidade. Projeto de Pesquisa em andamento.
UFMS. ABCZ. Uberaba, 2021.
MALZONI, M.; SOUZA, R.; BONIFÁCIO, R.; BEZZON, L. Custos de produção: contextualização e tendências
para o setor sucroenergético. StoneX. 2021. Disponível em: https://www.mercadosagricolas.com.br/acucar-
e-etanol/custos-de-producao-contextualizacao-e-tendencias-para-o-setor-sucroenergetico/. Acesso em:
15/11/2021.
SCHUNTZEMBERGER. A.M.S. Análise do comportamento dos preços do boi gordo na pecuária de corte
paranaense: período de 1994-2009. Dissertação. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010.
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
Rondineli Pavezzi Barbero
Vanessa Zirondi Longhini
Anna Carolina de Carvalho Ribeiro
Carlos Augusto Brandão de Carvalho
Adenílson José Paiva
1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ, Seropédica, RJ, Brasil
Introdução
O Brasil possui uma vasta extensão territorial, com sistemas de produção animal em pastagens ocupando
diferentes biomas, em diferentes condições de solo e clima. Dada necessidade de uso de plantas forrageiras
com elevada produtividade e valor nutritivo para incrementos na produção animal, a escolha da forrageira
considerando as características regionais e sistema de produção é fundamental para o sucesso da atividade
(BARBERO et al., 2021).
A busca por forrageiras com características favoráveis para eficiência de produção animal implica aos
programas de melhoramento genético o desenvolvimento de novas cultivares. O lançamento de novas
cultivares não assegura uma forrageira ideal para todas as situações, mas aumenta a variedade de
possibilidades para cada situação. O objetivo deste material foi compilar informações da literatura, de
forma objetiva e informativa, sobre algumas das novas forrageiras disponíveis aos sistemas de produção
animal, abordando suas principais características e recomendações de manejo.
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
BRS Capiaçu
A cultivar foi desenvolvida como opção para produção de forragem picada e/ou para produção de
silagem, destacando-se pelo alto potencial produtivo com valores médios anuais de 50 t ha-1 de matéria
seca (MS), e boa tolerância ao estresse hídrico, não sendo indicada para solos úmidos e encharcados
(PEREIRA et al., 2021). MS estiver abaixo dos valores indicados
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
A cultivar foi desenvolvida como opção para produção de forragem picada e/ou para produção de
silagem, destacando-se pelo alto potencial produtivo com valores médios anuais de 50 t ha-1 de matéria
seca (MS), e boa tolerância ao estresse hídrico, não sendo indicada para solos úmidos e encharcados
(PEREIRA et al., 2021).
Monção et al. (2019) avaliaram a produção de MS e o valor nutritivo da BRS Capiaçu submetida a
intervalos de cortes entre 30 e 150 dias de rebrota, em uma região semiárida durante o período das chuvas,
e verificaram que com aumento da idade de rebrota houve aumento da produção de MS, de 12 para 24 t
ha-1 por corte, porém com redução da digestibilidade in vitro da MS (DIVMS), de 68 para 47%, e do teor de
proteína bruta (PB), de 12,3 para 7,7%. Segundo Pereira et al. (2021), se o capim for ensilado puro,
recomenda-se que o teor de MS esteja entre 18 e 20% que, dependendo das condições ambientais, a
cultivar tende a atingir esse teor de MS a partir dos 90 dias de idade da rebrota. Porém, quando o teor de
MS estiver abaixo dos valores indicados recomenda-se a realização de pré-emurchecimento por um período
6 a 30 horas combinado com o uso de aditivo bacteriano (RIBAS et al., 2021) ou o uso de aditivos secantes
que aumentem o teor de MS como, por exemplo, fubá de milho e polpa cítrica (PEREIRA et al., 2021). Para
fornecimento da forragem picada verde no cocho, recomenda-se que o corte seja realizado quando a planta
atingir de 2,5 a 3,0 m de altura (aproximadamente; 50-70 dias na estação das águas) (PEREIRA et al., 2016).
BRS Quênia
A cultivar BRS Quênia (Megathyrsus maximus cv. BRS Quênia) foi lançada em 2017 pela
EMBRAPA/Unipasto, após seleção de cultivares coletadas na Tanzânia, como opção de porte médio (61,8
cm em pré-pastejo), alta produtividade (13200 kg ha-1 de MS folhas) e qualidade de forragem (11,3% PB e
61,9% DIVMS), com folhas macias e colmos tenros, alto perfilhamento, fácil manejo devido ao menor
alongamento de colmos, aliada à alta resistência às cigarrinhas das pastagens (JANK et al., 2017). É indicada
para uso em solos bem drenados de média a alta fertilidade, sob pastejo em lotação rotacionada de
bovinos com 75-80 e 35-40 cm no pré e pós-pastejo, respectivamente (JANK et al., 2017; EMBRAPA, 2017a).
Não há contraindicação de sua utilização para ensilagem (Figura 2).
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
Possui hábito de crescimento cespitoso, folhas e colmos mais finos, maior perfilhamento e
cobertura do solo, além de florescimento precoce (fevereiro/março em Coronel Pacheco-MG) em relação às
cultivares Mombaça, Tanzânia-1 e BRS Zuri; concomitantemente ao florescimento apresenta contínua
produção de folhas e perfilhos, o que permite seu uso sob pastejo até maio/junho (JANK et al., 2017;
EMBRAPA, 2018; VALOTE et al., 2021). Sob manejo de lotação rotacionada com 95% de interceptação
luminosa, de dezembro/2016 a abril/2018, foram observadas alturas de 77,9 e 45,5 cm respectivamente no
pré e pós-pastejo, além de 30 a 50% de rebaixamento do dossel (VALOTE et al., 2021). Neste período, a BRS
Quênia produziu 29278 kg ha-1 de massa seca, com 17,0% PB, 59,8% DIVMS e 66,9% fibra em detergente
neutro (FDN), sob 52,8% eficiência de uso da forragem (FREITAS, 2019); com boa estrutura do dossel,
caracterizada por 1,5 a 2,9 de relação folha: colmo, 349 a 589 perfilhos m2 e densidade volumétrica da
forragem de 54 a 90 kg ha-1 cm-1 (VALOTE et al., 2021).
Foram obtidas taxas de lotação de 9,4 UA ha-1 e produção diária de leite de 12,7 dia-1 e 112,6 ha-1
em Coronel Pacheco, MG (FREITAS, 2019); além de variação de 5,1 e 1,9 unidade animal (UA: 450 kg de
peso corporal) ha-1 durante os períodos chuvoso e seco, e 975 kg ha-1 de ganho de peso em Campo
Grande, MS (17% superior ao cv. Mombaça), respectivamente (EMBRAPA, 2018).
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
A melhor arquitetura das plantas e fenologia da BRS Quênia facilitam o manejo do pastejo e a
manutenção da estrutura do pasto mais favorável ao elevado consumo de forragem, sob alta produção e
com excelente qualidade.
BRS Paiaguás
A cultivar BRS Paiaguás (Urochloa (syn. Brachiaria) brizantha cv. BRS Paiaguás) possui hábito de
crescimento cespitoso (EMBRAPA, 2013) (Figura 3). As taxas diárias de acúmulo de forragem variam entre
17,2 e 61,6 kg ha-1, teor de PB de 9,0 e 10,5 %, DIVMO de 57,3 e 59,8 % e taxa de lotação de 1,53 e 3,67 UA
ha-1 na estação seca e das águas, respectivamente (EUCLIDES et al., 2016). Lançada pela EMBRAPA em
2013, a cultivar BRS Paiaguás é indicada para solos de média fertilidade, apresenta alto potencial de
produção para estação seca, não sendo indicada para pastejos contínuos abaixo de 30 cm, em
contrapartida, não possuem resistência ao ataque das cigarrinhas das pastagens (VALLE et al., 2013).
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
BRS Piatã
A cultivar BRS Piatã (Urochloa (syn. Brachiaria) brizantha cv. BRS Piatã) apresenta crescimento
cespitoso (EMBRAPA, 2006) (Figura 4). As taxas diárias de acúmulo de forragem variam entre 6,0 e 64,1 kg
ha-1, teor de PB de 7,3 e 9,7 %, DIVMO de 53,0 e 58,9 % e taxa de lotação de 1,07 e 3,78 UA ha-1 na estação
seca e das águas, respectivamente (EUCLIDES et al., 2016).
Figura 4 - BRS Piatã.
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
Lançada pela Embrapa em 2006, a cultivar BRS piatã é recomendada para solos de fertilidade
mediana, tolerante às cigarrinhas das pastagens, mas medianamente resistente à ferrugem das gramíneas
(Puccinia levis var. panici-sanguinalis) e suscetível ao carvão das sementes (Ustilago operta) (VALLE et al.,
2007). O capim-piatã apresenta tolerância intermediária ao alagamento (CAETANO et al., 2008), sendo mais
tolerante ao estresse hídrico quando comparada aos cultivares Marandu, Xaraés e BRS Paiaguás, em
estudos de casa de vegetação (PEZZOPANE et al., 2015).
BRS Tamani
O BRS Tamani pertence a um dos maiores gêneros em relevância no país, o Megathyrsus (syn.
Panicum). É híbrido do cruzamento entre dois genótipos pré-selecionados da coleção na Embrapa Gado de
Corte. O hábito de crescimento é cespitoso, possui porte baixo, com folhas finas, alto perfilhamento,
cobertura do solo, alto teor de PB (8 a 16%) e DIVMS (Figura 5). A produtividade anual pode atingir 15
toneladas de MS ha-1 (EMBRAPA, 2015).
A cultivar BRS Tamani é recomendada para solos de média a alta fertilidade ou após o cultivo de
lavouras anuais quando em solos de baixa a média fertilidade. As principais características positivas são
rápido crescimento, valor nutricional e produtividade (VASCONCELOS et al., 2020), resistência à cigarrinha-
das-pastagens, facilidade de manejo e é indicada para diversificação das pastagens no bioma Cerrado, mas
possui alto rendimento nos biomas Amazônia e Mata Atlântica. Como limitação, não tolera o
encharcamento do solo, não sendo indicada para áreas sujeitas a alagamentos (EMBRAPA, 2015).
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
A cultivar BRS Tamani é recomendada para solos de média a alta fertilidade ou após o cultivo de
lavouras anuais quando em solos de baixa a média fertilidade. As principais características positivas são
rápido crescimento, valor nutricional e produtividade (VASCONCELOS et al., 2020), resistência à cigarrinha-
das-pastagens, facilidade de manejo e é indicada para diversificação das pastagens no bioma Cerrado, mas
possui alto rendimento nos biomas Amazônia e Mata Atlântica. Como limitação, não tolera o
encharcamento do solo, não sendo indicada para áreas sujeitas a alagamentos (EMBRAPA, 2015).
É recomendada em sistemas de pastejo alternado com ciclo de pastejo de 56 dias (28 dias de
ocupação e 28 de descanso) (EMBRAPA, 2015). Como opção para os períodos de pouca oferta de forragem,
os métodos de conservação de forragem, especialmente a ensilagem com as gramíneas tropicais é utilizada
pelos produtores, devido alta produtividade e disponibilidade na oferta no período chuvoso (RIBEIRO et al.,
2017).
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
BRS Ypyporã
O BRS Ypyporã é um híbrido interespecífico de Urochloa que foi desenvolvido pelo cruzamento,
realizado em 1992, entre um genótipo de Urochloa ruziziensis e um acesso de Urochloa brizantha
(EMBRAPA, 2017b; ECHEVERRIA et al. 2016). O híbrido forma touceiras de porte baixo, prostradas, com
baixa emissão de estolões e com alto perfilhamento basal, colmos curtos e delgados, com alta pilosidade
nas bainhas e, também, nas duas faces da lâmina foliar, inflorescências curtas com 4 a 5 racemos, estigmas
roxos e espiguetas uniseriadas com pouca ou sem a presença de pilosidade (VALLE et al. 2017) (Figura 6).
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
Em trabalho conduzido por Euclides et al. (2018), que se avaliou o BRS Ypyporã e o capim Marandu,
sob lotação intermitente e com dias pré-definidos de ocupação e intervalo entre pastejos, o acúmulo anual
de forragem foi de 13,3 e 15,5 t ha-1 de MS, respectivamente. Por outro lado, relativamente a cv. Marandu,
o BRS Ypyporã apresentou maior proporção de folha e menores proporções de colmo e material morto que,
por sua vez, impactaram na composição bromatológica da forragem com maiores teores de PB e DIVMS.
Resultando em menor taxa de lotação e maior ganho médio diário dos animais para o BRS Ypyporã, quando
comparado a cv. Marandu.
O manejo do pastejo com base em dias fixos e pré-definidos de ocupação e de descanso não
considera as diferentes taxas de crescimento das gramíneas forrageiras. Nesse sentido, Echeverria et al.
(2016) avaliaram o acúmulo de forragem e valor nutritivo do BRS Ypyporã sob lotação intermitente, porém
manejado com base na interceptação luminosa, e obtiveram como resultados acúmulo anual de forragem
de, aproximadamente, 16 t ha-1 de MS e teores de PB e DIVMS de 11 e 65%, respectivamente. A altura pré-
pastejo que se correlacionou com 95% de IL foi 30 cm, já a altura do resíduo recomendada foi de 15 cm
(ECHEVERRIA et al., 2016).
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
BRS Zuri
A cultivar BRS Zuri (Megathyrsus maximus cv. BRS Zuri) foi lançada em 2014, após seleção de
cultivares de M. maximus coletadas na Tanzânia ao Leste da África; com recomendação de uso para pastejo
de bovinos com lotação rotacionada respeitando 70-75 e 30-35 cm, em pré e pós-pastejo, respectivamente
(EMBRAPA, 2014). Possui hábito de crescimento cespitoso, porte alto e colmos grossos, e foi selecionada
com base em sua produtividade, valor nutritivo, vigor de rebrota e capacidade de suporte, além de alta
resistência à mancha foliar causada pelo fungo Bipolaris maydis (comum no cultivar Tanzânia-1) e
resistência às cigarrinhas das pastagens (Unipasto/EMBRAPA, 2014 e 2018) (Figura 7). Apresenta resposta à
calagem e adubação similares àquelas das cultivares Tanzânia-1 e Mombaça, sendo recomendada para
solos de média a alta fertilidade (EMBRAPA, 2014). Não há contraindicação de sua utilização para
ensilagem.
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
Foram obtidas taxas de lotação de 9,0 UA ha-1 e produções diárias de leite de 12,7 vaca-1 e 112,6 ha-1
em Coronel Pacheco, MG (FREITAS, 2019); além de 5,0 e 2,9 UA ha-1 e de 511 e 175 kg ha-1 de ganho de
peso em Campo Grande – MS (10% superior ao cv. Mombaça) durante os períodos chuvoso e seco,
respectivamente (EMPBRAPA, 2018) para esta cultivar.
Estes resultados, obtidos sob pastejo de lotação rotacionada da BRS Zuri, evidenciam sua alta
produção e qualidade da forragem para uso na produção pecuária bovina nacional devido, sobretudo, à sua
boa adaptação edafoclimática às regiões brasileiras e potencial de produção de forragem de boa qualidade.
Na busca por soluções e incrementos na eficiência de produção dos sistemas de produção, é comum
a implementação de novas tecnologias como as novas opções de plantas forrageiras lançadas recentemente
no mercado. Previamente ao lançamento, as plantas forrageiras são submetidas a rigorosos testes
experimentais, fornecendo indicadores quantitativos e qualitativos para recomendações de manejo. No
entanto, é válido destacar que para o sucesso da implementação de uma nova forrageira em um sistema de
produção, é necessária avaliação das condições locais, bem como alinhamento das características do
sistema de produção e manejo da planta. Características gerais de acúmulo, composição química,
recomendações de manejo, exigências de fertilidade dos solos e tolerância de algumas das novas opções de
plantas forrageiras em condições adversas são apresentadas nas Tabelas 1 e 2.
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
Tabela 1. Acúmulo anual de forragem e composição química de algumas plantas forrageiras disponíveis no
mercado.
Composição química (%)
. Acúmulo
Forrageira Gênero Proteína bruta Digestibilidade
(ton. ha-1) Águas Seca Águas Seca
BRS Capiaçu Pennisetum 47 a 50 7 a 12 5a7 52 a 58 51 a 56
BRS Quênia Megathyrsus 11 a 23 9 a 20 7 a 15 52 a 80 59 a 75
BRS Paiaguás Urochloa 8 a 15 9 a 10 7a8 55 a 60 55 a 58
BRS Piatã Urochloa 8 a 15 9 a 10 7a8 53 a 56 55 a 65
BRS Tamani Megathyrsus 14 a 15 8 a 12 7a8 55 a 75 52 a 58
BRS Ypyporã Urochloa 8 a 15 10 a 11 9 a 10 60 a 70 59 a 62
BRS Zuri Megathyrsus 12 a 23 8 a 18 7 a 12 53 a 66 51 a 69
Digestibilidade in vitro (DIV) da matéria seca. Fonte: adaptado de EMBRAPA - aplicativo Pasto Certo® (www.pastocerto.com), acesso
em 26/10/2021.
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
Considerações finais
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Novas alternativas de plantas forrageiras e seu
manejo
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increasing nitrogen doses. Pes Agrop Bras, v. 55, 2020.
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Gestão no Sistema agropecuário
O conceito de transformar a fazenda numa empresa, tem exigido dos produtores a conhecer e
entender o seu sistema produtivo e financeiro através dos números.
As propriedades rurais estão passando por inúmeras transformações no seu sistema produtivo, que
vão desde melhorias das vias de acesso, a utilização de tecnologias, máquinas e implementos
automatizados, treinamento de equipe, acesso rápido a informação com a chegada da internet ao campo e
isso também passa pela necessidade de entender a propriedade como um negócio, com um objetivo muito
simples, obter “lucro”.
A capacidade de produção de alimentos do Brasil, tem nos tornado responsáveis por alimentar uma
a cada cinco pessoas nos continentes. De acordo com a FAO (2009), as mudanças que ocorrerão no padrão
da produção agrícola e pecuária nas próximas décadas serão decisivas para promover a segurança alimentar
de um bilhão de famintos no mundo e para dobrar a produção de alimentos para atender 9,2 bilhões de
pessoas em 2050. Essa capacidade traz uma responsabilidade socioeconômica muito grande e a exigência
de sermos eficientes em produzir alimentos em quantidade e qualidade. O esforço para produzir bem e
barato, para sermos competitivos é uma realidade, e para tanto precisamos conhecer profundamente a
nossa propriedade, encarando os desafios e crescendo com as oportunidades.
Gestão na Prática
Toda vez que passamos por alguma necessidade de mudança, produtiva ou financeira na atividade
rural para ser competitivo e ter lucro, vem a primeira frase “preciso melhorar a administração do meu
negócio”. Essa abertura a mudanças inicia-se pela busca em conhecer os números da atividade. A análise e
reflexão profunda do que está indo bem e o que precisa ser melhorado passa por diversas etapas e
transformações, que vão desde o sistema organizacional, o desenvolvimento de um bom planejamento, na
implantação de controles e acompanhamento dos resultados através de checagens.
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Gestão no Sistema agropecuário
É necessário avaliar se o que foi previsto está sendo realizado. De acordo com Tavares (2009), essa
participação requer a conscientização dos funcionários, por meio de treinamentos, palestras, campanhas de
incentivo, comunicação interna e monitoramento por parte dos gestores no dia a dia. A gestão na prática é
uma ferramenta simples para tomada de decisão, que pode ser utilizada em qualquer atividade ou tamanho
de negócio.
Fazer o diagnóstico da atividade é o momento em que juntamos as informações que temos do nosso
negócio para avaliar através de números e indicadores como estamos. É a oportunidade de tirar uma foto,
revelar e analisar. Um bom diagnóstico dos indicadores é essencial para conseguir fazer o planejamento. O
diagnóstico muitas vezes vem recheado de surpresas tanto positivas como negativas, mas é a grande
oportunidade de entender o famoso PONTO A. O levantamento dos dados, nem sempre é fácil, quando
começamos a listar e juntar o que temos em mãos, a primeira impressão é que não vai dar certo e que não
vou conseguir chegar a uma conclusão por falta de informações. Ainda segundo Mormito (2010), o
planejamento estratégico visa reunir informações relevantes sobre a atuação da organização, ressaltando
assim seus pontos fortes e fracos, além de analisar o macro e microambiente em que ela está inserida. A
sugestão para não entrar em desespero e desistir é buscar ajuda, pois existem várias formas de se conseguir
fazer um bom levantamento. O fato de não conseguir fazer um levantamento e diagnóstico da atividade já
mostra a necessidade de mudança e busca por melhoria.
Com o diagnóstico da propriedade passamos a ter os indicadores que compõem os resultados
produtivos e financeiros, isto possibilita a quem administra entender o comportamento e fatores que estão
influenciando nos resultados. Quando fazemos mudanças sem ter um indicador em mãos estamos
pautados apenas na nossa intuição,
58
Gestão no Sistema agropecuário
o que é certamente muito importante, mas sem referência. As referências nos tiram do “achismo” e
criam evidências para buscar o melhor caminho e que decisão tomar.
Começamos a dar passos valiosos: fizemos o diagnóstico, passamos a entender o que é importante
e quais fatores fazem diferença no resultado da atividade. Precisamos agora fazer o planejamento para
promover as mudanças e ampliar o lucro. O sucesso no planejamento está em ser realista em responder
algumas perguntas: o que quero e estou disposto a fazer, que recursos tenho e preciso para fazer, como vou
fazer, quem vai fazer e quanto vai custar para fazer? Essas perguntas simples, porém, muito objetivas, tem
que ser feitas para o responsável pelo negócio, o que traz clareza e possibilidade de reduzir os erros ou
retrabalhos durante a execução. Não podemos cometer o erro de fazer o planejamento, sem fazer as
perguntas acima para o dono do negócio, a clareza das respostas reduzirá a dificuldade de colocar em
prática. A correção no meio do caminho apesar de possível, traz desgastes, custos e perda de pessoas
importantes para o projeto. Segundo Vargas (2009), o gerenciamento de projetos não propõe nada
revolucionário e novo. Sua proposta é estabelecer um processo estruturado e lógico para lidar com eventos
que se caracterizam pela novidade, complexidade e dinâmica ambiental.
O entendimento do momento e situação atual da atividade é uma ferramenta poderosa para fazer o
planejamento e definir o PONTO B do negócio e suas metas. Os planejamentos estratégico, tático e
operacional têm que anteceder antes da nossa vontade e velocidade de sair fazendo. Isso fica evidente,
quando olhamos para trás e observamos que várias atividades foram iniciadas e interrompidas no meio do
caminho, pelo simples fato de não ter pensado antes de fazer. Na hora de definir as premissas para o
planejamento é importante definir o alvo, ou seja, ficar claro aonde quero chegar, em um determinado
período. Ouvir e envolver quem será responsável pela execução do planejamento faz toda diferença no
sucesso. Planejar se torna simples quando conseguimos tirar da cabeça dos envolvidos e colocar no papel.
59
Gestão no Sistema agropecuário
Existe uma máxima na administração que diz “se não conseguimos colocar uma ideia no papel e
explicar para quem irá fazer, repense, porque ainda falta alguma informação para ser analisada antes da sua
execução”. Pense no seu dia a dia se isso acontece, nos deparamos diariamente com insucessos de
atividades simples apenas pelo fato de ter acreditado no óbvio, o famoso, já sei, já fiz.
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Gestão no Sistema agropecuário
O simples fato de ter o plano de ação bem elaborado não garante o sucesso na sua execução.
Entretanto, quando passamos a eleger um responsável pelo seu monitoramento, as chances de insucesso
são reduzidas. É necessário ter alguém responsável pela checagem com o olhar atento, verificando se o que
foi planejado está sendo executado. É de suma importância eleger um dia da semana, para programar e
montar com os envolvidos as ações da próxima semana e avaliar o status das atividades planejadas na
semana anterior, dessa forma as ações corretivas terão no máximo uma semana de atraso.
Podemos ter inúmeros indicadores do nosso negócio, mas aprendi nesses anos de experiência
que toda vez que vamos analisar uma atividade conseguimos chegar no seu resultado com apenas 4
(quatro) indicadores. Mais que medir muito, é importante saber o que está sendo medido e como a
informação gerada será utilizada. Na Figura 1, segue um formato que podemos utilizar para analisar o
resultado de qualquer atividade, seja um carrinho de pipoca na esquina ou uma grande empresa.
61
Gestão no Sistema agropecuário
62
Gestão no Sistema agropecuário
A alguns anos fiz um curso de gestão financeira e me deparei com um exemplo muito simples do
que é um fluxo de caixa. O palestrante muito prático e objetivo pegou 2 pinceis um azul e outro vermelho e
fez 2 linhas se cruzando em um quadro, a linha azul representando a receita e a linha vermelha as despesas
e perguntou: a sua empresa ou sua vida pessoal já viveu um momento desse? todos os participantes
responderam, que sim. Aí veio o grande aprendizado: quando planejamos o mês, o ano, temos que
entender qual será o comportamento das receitas e despesas e buscar o equilíbrio. É importante buscar se
antecipar a falta de caixa e saber aproveitar as oportunidades de mercado quando o caixa está positivo.
Quando estruturamos o caixa para ter uma reserva que suporte os próximos de 3 meses, nós temos a
grande oportunidade de comprar e vender bem na hora certa. Vale ressaltar que um bom negócio é aquele
que atende a sua necessidade.
Quando cumprimos as previsões de compras e pagamentos, alinhadas com a entrada das receitas,
passamos a trabalhar com segurança e fazer melhores negociações. O grande objetivo de tudo isso é evitar
surpresas, juros desnecessários e ter que interromper alguma atividade pela falta de recurso financeiro.
Quando implantamos controles para ter os indicadores que fazem o resultado, o primeiro item a
avaliar é quem será o responsável por fazer acontecer. Parece complicado, porque alguém assumirá os
riscos e precisa estar preparado para suportar a pressão da posição. É necessário seguir firme durante as
etapas, nesse momento é importante ter disciplina para seguir o planejamento e fazer o que precisa ser
feito no momento correto. Muitos erros acontecem porque perdemos o foco e não a avaliamos a
necessidade e o impacto das mudanças. Muitas vezes mudar o caminho é a opção para atingir o resultado.
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Buscar uma equipe realizadora é o grande sonho de qualquer gestor, principalmente se essa equipe
foi desenvolvida e tem a capacidade de trazer mais solução do que problemas. Parece sonho, mas isso se
torna possível, quando criamos mecanismos de conhecer os pontos fortes e fracos da equipe e passamos a
utilizá-los no momento correto. Ter a pessoa certa no lugar certo reduz bastante as chances de as coisas
darem errado.
Equilíbrio faz toda a diferença no resultado, mas quando identificamos qual é o diferencial
competitivo do negócio temos a grande oportunidade de focar nele. Por exemplo, se tenho uma equipe
muito boa em comprar, tenho a grande oportunidade de fazer melhores negociações. Estar atento em
comprar com preços e prazos melhores, me antecipando ao mercado, tem alto impacto e possibilita reduzir
os custos de produção.
Desenvolvimento de equipe
Lidar com pessoas sempre é complexo, exige no mínimo muita paciência em ouvir e dedicação em
transmitir conhecimento teórico e prático para conseguir que dentro de um projeto cada um dos envolvidos
consiga entender o que precisa ser feito para atingir o resultado esperado.
Criar meios de se comunicar com a equipe de forma clara e simples exige primeiro o entendimento
que cada um é importante na sua função, e todas as funções se complementam. É comum que um
responsável por setor pense que pelo fato de estar em um nível acima, dos demais seja o dono da verdade
ou que seja obrigado a saber tudo. Isso normalmente reduz a liberdade dos liderados e atrapalha a
comunicação, pelo simples fato de não ter abertura para expor uma opinião e trocar ideias de como se
pode executar uma atividade e solucionar um problema.
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Investir em treinar a equipe é uma ferramenta poderosa porque traz o benefício de multiplicar o
conhecimento, de capacitar para iniciar ou desenvolver uma atividade nova, de conseguir transmitir a
importância e entendimento do que se espera de resultado de determinada atividade. Comumente
fazemos treinamentos técnicos porque queremos ganhar eficiência na execução de determinado serviço e
erroneamente após os treinamentos iniciamos um processo de cobrança, com o argumento de que agora
que eu te treinei você não pode mais errar e tem que produzir mais. Isso acontece porque esquecemos que
existe a curva de aprendizado, cada um tem uma curva de aprendizado e é nessa hora que o responsável
pelo setor precisa observar atentamente a equipe e entender se aquilo que foi treinado está sendo
colocado em prática ou se precisa de ajustes, para a atividade virar rotina. O objetivo de promover
melhorias passa pela etapa de checagem do que foi treinado. Antes de fazer um novo treinamento, pode
ser necessário repetir o mesmo treinamento, ou seja, precisamos ter certeza que conseguimos
implementar a melhoria na rotina da equipe.
Na gestão da equipe é importante ter a rotina de reuniões, podendo ser de vários formatos,
reuniões só para informar e para discutir e decidir. O mais importante é que independente do formato
esteja presente quem realmente precisa saber ou discutir sobre aquele assunto. Uma forma de tornar a
reunião produtiva, é criar uma pauta com antecedência e de conhecimento prévio, assim damos condições
para os envolvidos se preparem e organizarem os assuntos, bem como trazer a sua contribuição. Horário
para começar e terminar uma reunião é muito importante pois traz o benefício de reduzir o cansaço de
reuniões longas e de baixa produtividade. As reuniões com a equipe quando finalizadas com um Plano de
Ação traz a segurança de alinhamento do que foi discutido e definido para que seja realizado.
Uma equipe EMPODERADA pode produzir mais e isso se consegue em um ambiente onde os
colaboradores estejam envolvidos e comprometidos com o resultado da empresa. O líder precisa saber qual
o sonho dos seus colaboradores, cada um tem um sonho diferente e busca a realização, criando uma causa
para estar ali. Sabendo o que motiva cada um para realizar o seu sonho, pode contribuir para manter as
equipes motivadas e vencedoras com a causa da empresa. As etapas de realizar treinamentos constantes,
checagem e ajustes até a atingir a implementação contribuem para ampliar os resultados. O empoderar um
colaborador não é apenas dar um cargo ou título a ele, e sim fazer ele se sentir dono do negócio.
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5. Considerações
Ter a propriedade nas mãos pode se tornar simples quando fazemos o que precisa ser feito na
hora certa e de forma simples, buscando sempre a melhoria contínua.
Podemos pensar em gente como sendo o problema ou a solução, a escolha que fizermos vai
determinar o sucesso ou insucesso do nosso negócio, lembrando que mesmo com inúmeras tecnologias
sendo desenvolvidas e empregadas no campo, vamos sempre precisar de gente.
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6. Referências
EL-MEMARI, N. E. T. O.; CHAKER, Antonio. Como ganhar dinheiro na pecuária: os segredos da gestão
descomplicada. Paraná: Maringá, ed. 1, p. 243, 2018.
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. The State of Food and Agriculture. Livestock
in the balance, Roma: 2009. 166p. Disponível em: http://www.fao.org/docrep/012/i0680e/i0680e.pdf
MORMITO, A. O sucesso do gerenciamento de projetos nas empresas. Banas Qualidade p. 18, 2010.
TAVARES, M. Comunicação empresarial e planos de comunicação: integrando teoria e prática. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2009.
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