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LORETO DA ROCHA,
de Santa Bárbara do Sul (RS):
adubação orgânica e
integração lavoura-pecuária
N OV E M B R O 2 0 2 3 I N º 4 5 2 I R $ 2 5 , 0 0
CONECTIVIDADE COMO É A ‘JORNADA DOS DADOS’ NAS LAVOURAS CARGA TRIBUTÁRIA FEDERAL APROXIMADA 4,65%
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planosafra
e saiba mais
CONHEÇA OS INCENTIVOS
QUE DÃO FORÇA PARA O
PRODUTOR E FAZEM O
BRASIL CRESCER COM
SUSTENTABILIDADE.
Mais recursos de custeio para o
médio produtor.
Investimento em máquinas com taxa
de juros de 10,5% a.a. (Pronamp).
Renovagro: financiamento para
recuperação de áreas naturais.
Redução nas taxas de juros para quem
tem práticas sustentáveis.
Mais investimentos para a construção
e ampliação de armazéns.
MINISTÉRIO DA
A G R I C U LT U R A E
PECUÁRIA
SUMÁRIO Capa_FREDY VIEIRA
NOVEMBRO_ 2023
34
AGROPECUÁRIA
As boas práticas e os
globorural.globo.com Globo+
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CARTA DO EDITOR
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O Bureau Veritas Certification, com base nos processos e procedimentos descritos no seu Relatório de
Verificação, adotando um nível de confiança razoável, declara que o Inventário de Gases de Efeito Estufa - Ano
2012, da Editora Globo S.A., é preciso, confiável e livre de erro ou distorção e é uma representação equitativa
dos dados e informações de GEE sobre o período de referência, para o escopo definido; foi elaborado em
conformidade com a NBR ISO 14064-1:2007 e Especificações do Programa Brasileiro GHG Protocol.
APRESENTADO POR
R
SYNGENTA
cada nova safra, os agricul-
tores brasileiros presenciam
um incremento da produção
nacional de grãos baseado no aumento
da produtividade, no uso intensivo de
tecnologia e nas boas práticas de plan-
tio. Além de culturas como soja, milho
e trigo, o algodão também desponta
com enorme destaque nas lavouras
do país. Nos últimos dez anos, a produ-
ção de algodão saiu de 2,01 milhões de
toneladas para 4,52 milhões, ou seja,
mais do que dobrou no período. Muito
desse resultado se deve ao avanço da
produtividade, que era de 2,2 tonela-
das por hectare na safra 2012/2013 e
alcançou 2,7 toneladas por hectare A principal praga da cotonicultura ataca a planta na sua base reprodutiva
na safra 2022/2023.
Para continuar com esse trabalho defensivos de alta performance. “O de pragas na cotonicultura passa
de excelência e evitar a proliferação de nosso objetivo é projetar um produto por diversas características, que,
pragas como o bicudo-do-algodoeiro, capaz de atender às necessidades juntas, proporcionam três diferen-
ácaros como o ácaro-rajado, tripes e do cotonicultor no que tange supe- ciais: controle ou novo patamar de
percevejos, o produtor rural precisa rar os desafios de manejar as prin- controle do bicudo-do-algodoeiro;
utilizar técnicas de aplicação de cipais pragas do algodão”, afirma o espectro ou alta eficácia no combate
defensivos presentes no manejo inte- gerente de Inovações em Inseticidas a ácaros e tripes; e conveniência ou
grado de pragas (MIP). Entretanto, com da Syngenta, Marcos Queiroz. aplicação aérea e terrestre, por meio
as constantes mudanças climáticas De acordo com pesquisadores da de baixa dosagem e sem causar fito-
que prejudicam o plantio e o uso recor- Empresa Brasileira de Pesquisa Agro- toxidade na área.
rente do solo, somente essas estraté- pecuária (Embrapa), o bicudo, que é Outro ponto importante é que
gias não são suficientes para evitar considerado a principal praga da coto- a nova solução é capaz, também,
novas doenças e reduzir os riscos de nicultura, ataca a planta na sua ba- de lidar com a resistência cruzada
perda da produção. É preciso contar se reprodutiva, perfurando os botões – quando os insetos presentes na
com produtos eficientes e reconheci- florais com o objetivo de se alimentar propriedade apresentam mecanis-
dos pelo mercado. ou de ovipositar. Como consequência, mos de resistência contra produtos
A Syngenta, uma das maiores há uma queda de flores e botões florais. aplicados anteriormente. “É um novo
empresas de proteção de cultivos Na fase final da colheita, o bicudo cos- modo de ação, um grupo químico
e biotecnologia do mundo, traba- tuma se deslocar para áreas que ser- inédito e único. O Sponta foi projetado
lhou durante mais de dez anos entre virão de refúgio na entressafra, onde com Resistance-Breaker, ou seja,
pesquisa e desenvolvimento para reduz o metabolismo e se alimenta de combate as pragas mais resistentes
apresentar ao mercado o Sponta, um diversas espécies de vegetais. e mais difíceis de serem controladas,
inseticida à base de Plinazolin, molé- Assi m, o conceito do Sponta sem nenhum caso de resistência
cula empregada em um grupo de como item essencial para o manejo cruzada no campo”, conclui.
D
iretor da Organização das Nações Unidas para a cadas depois é de “fome generalizada”, afligindo cerca de
Alimentação e a Agricultura (FAO) entre 2012 e 70 milhões de pessoas em todo o território, a maioria nas
2019, o engenheiro agrônomo e doutor em eco- grandes cidades. Em um contexto de mudanças climáticas,
nomia pela Unicamp José Graziano avalia os no- ele destaca não ser possível dissociar os dois problemas,
vos desafios que o Brasil enfrenta para sair do Mapa da e alerta: estamos correndo o risco de voltar a ter uma si-
Fome, lista para a qual retornou oito anos depois de ter tuação de incerteza na oferta de alimentos similar ao que
saído. Um dos responsáveis pela implantação do progra- ocorria antes da invenção da agricultura. Confira abaixo os
ma Fome Zero, ele ressalta que a situação do país duas dé- principais trechos da conversa.
GLOBO RURAL_ O senhor foi responsável unicamente na transferência de renda, pagar aluguel. Tem uma série de ou-
pela criação do Fome Zero, programa tem uma série de vazamentos. Quan- tras necessidades que uma popula-
que ajudou a tirar o Brasil do Mapa da do, na época, você dava R$ 50 para a ção metropolitana tem a mais do que
Fome em 2014, mas para o qual país dona de casa, ela comprava R$ 50 de tem uma população rural ou de uma
retornou recentemente. Que lições po- alimentos. Hoje, se você dá o valor do pequena cidade do interior. É isso
demos tirar daquela época e o que pre- Bolsa Família, que às vezes pode che- que faz com que a medida de trans-
cisaria ser feito para enfrentar o atual gar a até R$ 1 mil, essa pessoa tem que ferência de renda não seja tão efi-
quadro de insegurança alimentar? pagar aluguel, tem que comprar gás, ciente. Além do mais, hoje, a dimen-
JOSÉ GRAZIANO_ Com certeza, a situação pagar transporte e o material da esco- são da fome no Brasil é muito maior.
na época do Fome Zero, 20 anos atrás, la dos filhos. Em 2002, nós falamos de 40 milhões
não é a de hoje. Hoje, a fome é muito na população da época. A estimativa
diferente no Brasil. Naquela época, a GR_ Durante o período da pandemia, mais recente da FAO, do fim de 2022,
fome estava concentrada na zona ru- alguns levantamentos sobre a utiliza- apontou que, atualmente, são 70 mi-
ral, nos pequenos municípios, de até ção do auxílio emergencial do governo lhões só no Brasil. Antes, nós estáva-
50 mil habitantes. Hoje, ela está nas apontavam que mais de 70% do bene- mos falando do interior do Nordeste,
grandes cidades, nas regiões metropo- fício ia para a alimentação. Ainda que do semiárido da região. Eram os lo-
litanas, na população de rua, esse é o tenha efeito limitado, a distribuição de cais em que tínhamos mais dificulda-
núcleo duro da fome atualmente. Isso renda parece ser um pilar importante de de promover a produção e aumen-
exige uma estratégia de enfrentamento do combate à fome, certo? tar a oferta de alimentos. Hoje, a fome
muito diferente. A estratégia do Fome GRAZIANO_ Sem dúvida, é uma injeção se espraiou. A Amazônia passou na
Zero era basicamente dar dinheiro às na veia. O cara não tem recurso para frente do Nordeste, com 40% da po-
pessoas para se alimentar. Mas, hoje, comprar alimentação, agora ele tam- pulação em insegurança alimentar.
se você faz um programa de combate à bém não tem recurso para comprar No Nordeste, são 35%. Mesmo os Es-
fome nas grandes metrópoles baseado gás, ele também não tem recurso para tados do Sul, por exemplo, que ti-
“A agricultura veio
trazer a certeza
de que você tinha
nham uma proporção muito baixa de o que comer. A pacto sobre a produtividade do traba-
gente passando fome, hoje têm uma mudança climática lho das pessoas mal alimentadas. Em
proporção que chega a mais de 15%. um deles, dos anos 1980, na época do
está reintroduzindo auge dos boias-frias, um médico de Ri-
GR_ Isso torna a área rural menos a incerteza” beirão Preto (SP), o doutor Oliveira Du-
suscetível? tra, pesquisou sobre a influência da ali-
GRAZIANO_ Não, pelo contrário. A área mentação dos trabalhadores volantes.
rural continua tendo uma proporção A constatação foi a mesma de Josué de
maior que a urbana de gente passando 30%. Não pode ser que o Brasil tenha Castro: os caras não tinham força para
fome, por incrível que pareça. E o mais 70 milhões de vagabundos. cortar cana. O potencial de dez a 12 to-
assustador: muitos agricultores fami- neladas, mas eles cortavam menos de
liares não conseguem produzir nem GR_ O problema está em nossa estrutu- três ou quatro. Em geral, as estimati-
para subsistência da própria família, ra econômica? vas mostram que os países perdem de
não conseguem retirar uma renda que GRAZIANO_ Tem uma coisa mais es- 5% a 8% do seu produto interno bruto
permita à família ter uma alimentação trutural, que são os baixos salários. A com a fome, seja em virtude do aumen-
adequada. Em termos proporcionais, grande política que tirou o Brasil do to dos custos com saúde, seja por cau-
a fome continua sendo maior nas zo- Mapa da Fome não foi o Bolsa Famí- sa da queda de produtividade. Imagine
nas rurais, mas o volume de gente, a lia. Ele foi um grande atenuador da mi- uma perda de 4% a 5% por ano. Se não
quantidade de pessoas, é muito maior séria. O que tirou o Brasil do Mapa da houvesse a fome, daria para crescer de
nas regiões metropolitanas. Fome foi a geração de emprego e o au- 6% a 6,5%, e não 2% ou 2,5%, como a
mento do salário mínimo. Ele cria uma gente fica discutindo.
GR_ Quais debilidades fazem com que base para as rendas no país. Nós tive-
tenhamos 70 milhões de pessoas em mos, durante os dez primeiros anos GR_ A fome também é uma das conse-
situação de insegurança alimentar da década de 2010, até 2011, 2012, um quências das mudanças climáticas.
no Brasil? programa de valorização do salário Como atacar os dois problemas e como
GRAZIANO_ O Josué de Castro [embai- mínimo. O salário mínimo subiu aci- eles se relacionam?
xador e cientista social, autor de Geo- ma da inflação, e depois disso, no fim GRAZIANO_ A agenda da mudança cli-
grafia da Fome] dizia com todas as do governo Dilma e nos seguintes, isso mática é tão fundamental quanto a da
letras que "a fome é o resultado do deixou de acontecer. Nós temos que ter fome. A FAO divulgou recentemente a
subdesenvolvimento". Ela não é uma no país um salário que seja mínimo e primeira estimativa global do impac-
questão dos indivíduos que passam que garanta as mínimas condições de to dos desastres naturais sobre a pro-
fome, mas fruto de um estágio de sub- vida para a população poder comer, dução de alimentos que é interessante
desenvolvimento. E ele definia esse poder viajar de transporte, poder mo- porque a América do Sul, que é a maior
estágio extremo de fome e miséria rar. Acho que a grande contribuição exportadora de grãos, é uma das que
como a ausência das condições bási- do Josué de Castro foi dizer que a fome sofrem o maior impacto. Ela perde 7%
cas de sobrevivência e de desenvolvi- não é um problema individual. Comer da sua produção com desastres natu-
mento da espécie humana. É isso que não é um ato do indivíduo, é um ato so- rais como seca, inundação e outros. Só
nós estamos falando. As pessoas não cial, de reprodução da espécie. está abaixo da África, que perde quase
passam fome porque não trabalham, 10%. O relatório da FAO destaca tam-
as pessoas não passam fome porque GR_ Ou seja, a fome tem impactos eco- bém outra perda, sobre a qual ainda se
bebem, jogam o dinheiro fora. Não é nômicos. O que o Brasil perde ao não fala pouco: a da qualidade do produto.
isso. Nós estamos falando de 70 mi- conseguir resolver o problema? Os cereais, por exemplo, estão conten-
lhões num país com 200 milhões de GRAZIANO_ Há vários trabalhos sobre do muito mais amido e muito menos
habitantes, estamos chegando aí nos isso, mas os principais apontam um im- proteínas e alguns minerais essenciais.
© DIVULGAÇÃO
agronegócio é um dos
pilares da economia
brasileira, responsá-
vel por cerca de um quarto do
PIB nacional, de acordo com a
Confederação de Agricultura e
Pecuária do Brasil. Diante da alta
demanda de produção, é funda-
mental que os agricultores e
empresários possam contar com
maquinário adequado e eficiente
para otimizar as tarefas.
Quem busca soluções em alta
tecnologia de pulverização po-
de contar com toda a qualidade
e versatilidade dos produtos
Valtra, que são capazes de en-
carar variadas condições de to-
pografia e diferentes culturas
(como grãos, algodão ou cana).
“Seu chassi parafusado, além de
mais robusto, tem maior capa-
cidade de tração, pois, em con-
junto com os eixos independen-
Pulverizador
tes, mantém os pneus sempre Nele, o sistema de agitação atua permitindo assim a identificação Valtra Série R
em contato com o solo”, explica de acordo com o volume – o que e solução imediata de imprevis- conta com
Rafael Peruchi, coordenador de é possível graças à régua eletrô- tos, como um bico entupido. A es- chassi
parafusado,
Marketing de Produto da Valtra. nica inteligente, que mede o vo- tação meteorológica pode gerar que, além de
Além da versatilidade, os lume preciso dentro do tanque, alarmes e fornecer mapas das mais robusto,
pulverizadores Valtra da Série em tempo real. condições de aplicações. tem maior
capacidade de
R podem adicionar até 4,5 sc/ha A rede de concessioná- tração, pois
à sua safra. O maior vão livre do Eficiência a diesel rios possui ampla cobertu- mantém os
mercado (1,65m) permite uma O motor AGCO Power de seis ci- ra e atendimento em campo. pneus sempre
em contato
aplicação mais limpa e o abas- lindros e 200 cv com transmissão “Disponibilizamos peças genuí- com o solo.
tecimento frontal com engate inteligente 4x4 tem controle ele- nas para qualquer concessionária
rápido. Já a fixação do sistema trônicoindependente,permitindo do Brasil em até 24 horas”, expli-
de barras na parte superior do uma capacidade de rampa de 36%. ca Ivan Santos, gerente Sênior de
chassi o mantém isolado da mo- A posição frontal ajuda a ampliar a Marketing Pós-venda da Valtra.
vimentação dos eixos, garantin- sua longevidade e facilita o aces- Os produtores ainda contam com
do aplicação uniforme e precisa. so na hora da manutenção. o app Valtra na Mão para agendar
Mas o destaque tecnológico é A Série R conta com sistema de e acompanhar a manutenção e o
o Liquid Logic, sistema de geren- telemetria para monitoramen- Portal do Valtreiro, primeiro pro-
ciamento inteligente de calda. to avançado e duas câmeras, grama de fidelidade do segmento.
mas a mudança climática está reintro- em pelo menos 150 países do mundo, ção assustadora, são milhões de pes-
duzindo a incerteza. Você planta, vem e nunca encontrei um sindicato de fa- soas que estão, de repente, condena-
uma seca ou uma inundação, e você mintos ou uma associação de pessoas das à fome. Mas isso não tem nada a
não sabe se você vai colher ou não. com fome. Então, encontrá-los é uma ver com a capacidade de produção de
coisa difícil, mas é possível, e uma so- alimentos, tem a ver com um conflito
GR_ Parece um caminho cada vez mais ciedade pode estar atenta a isso. Eu, basicamente político e local. Então, se
difícil. É possível chegarmos a uma si- particularmente, acho que nós esta- nós conseguirmos superar esses pro-
tuação em que não haja fome ou ela mos numa situação muito favorável blemas, eu acho que temos o espaço
sempre será um fantasma? hoje para erradicar a fome, que é uma aberto para erradicar a fome.
O
ano de 2023, segundo especia- moção do equivalente a 1 tonelada de O Acordo de Paris, em 2015, fren-
listas, deverá ser o mais quen- carbono, o que permitiu, finalmente, te ao compromisso de limitar o aque-
te já registrado na história. A as operações de mercado. cimento global até o final do século
concentração de gases de efeito estufa O Protocolo de Quioto fortaleceu o em 2°C acima dos valores pré-indus-
(GEE) na atmosfera cresceu 149% des- comércio de emissões com a criação de triais, teve êxito ao estabelecer as
de a Revolução Industrial, em 1750, um sistema global de compra e venda Contribuições Nacionais Determina-
ocasionando mudanças climáticas, al- de emissões de carbono, transforman- das, permitindo aos países designa-
gumas já consideradas irreversíveis. do-o em uma commodity. rem sua quota individual de redução.
Para mitigar esses efeitos, gover- No início, os países signatários se O Brasil se comprometeu em reduzir
nos e a pesquisa buscam alternativas dividiram em dois grupos: o primei- suas emissões em 37%, em 2025, e em
para limitar as emissões de GEE. Nes- ro, formado pelos que usufruíram do 43% em 2030, comparativamente aos
se contexto é que surge o ainda con- níveis de 2005.
troverso mercado de carbono, cujo Paralelo a esse mercado oficial, sur-
conceito foi estabelecido pelo econo- giu um mercado de redução voluntária
mista americano Thomas Crocker, em de emissões, formado por empresas
1966, quando postulou a possibilida- comprometidas com o meio ambiente
de de que uma atividade poluente po- e que viram nisso uma oportunidade
deria compensar sua emissão de GEE de fortalecimento de imagem.
adquirindo créditos de outra empresa Atualmente, não obstante per-
que se abstivesse de poluir. sistam discordâncias políticas so-
Essa diferença de taxas de emissão bre o mercado de carbono e ques-
de poluentes viria a ser os créditos de tionamentos sobre a eficiência e
carbono. No meio século que se se- transparência do sistema de comer-
guiu, um mercado real de créditos de cialização, é um fato que ele irá se
carbono flutuou de uma abstração ao concretizar, pois cresce, em escala
impraticável, por ser intangível e ain- mundial, a percepção da sociedade
da sem uma métrica estabelecida. crescimento proporcionado pela Re- de que teremos que caminhar para
Contudo, agendas globais avança- volução Industrial, sobre os quais re- uma economia de baixa emissão de
ram no estabelecimento de um arca- caíam as maiores responsabilidades; o carbono, porque o atual modelo tem
bouço de regras e mecanismos que, segundo – no qual o Brasil foi incluído sinais inequívocos de insustentabili-
além de atuarem na redução dos ris- – formado por aqueles que só apresen- dade e receberá, cada vez menos, fi-
cos ambientais, estimularam oportu- taram crescimento econômico após a nanciamento e apoio social.
nidades e mercados. Segunda Guerra Mundial, com com-
Após a RIO-92, estabeleceram-se promissos mais brandos. Essa divisão
protocolos e instituiu-se a unidade fez com que Estados Unidos e Canadá Luiz Josahkian é zootecnista,
professor de melhoramento genético e
de comércio "crédito de carbono", a 1 não aderissem ao protocolo, dificul- superintendente técnico da Associação
tCO2, que representa a redução ou re- tando o avanço do processo. Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ)
TEMPO DE
CHEIA E ESTIAGEM
De maneira quase simultânea, o Rio
Grande do Sul sofreu com o excesso de
chuvas e o Amazonas com a falta delas
Dito de outra forma, o clima “normal” é, hoje, arti- As chuvas começaram a rarear no
Amazonas a partir de agosto. A estiagem
go cada vez mais raro. “Isso significa que a atividade transformou em rota de pedestres alguns
agropecuária está sempre sob efeito adverso, o que é dos rios mais caudalosos do mundo
bastante desafiador para os produtores”, afirma Natá-
LEILA HARFUCH,
sócia da consultoria Agroicone
AVALANCHE DE PERDAS
COMO OS EXTREMOS DO CLIMA AFETAM O AGRO
PERDAS NO AGRO
CAUSADAS POR EXTREMOS CLIMÁTICOS
(DE 2013 A 2022)
R$ 287 BILHÕES
EXCESSO
ESTIAGEM DE CHUVAS
ÁREA AFETADA EM HECTARES
6,8 MILHÕES 87
R$ 251,1
13
R$ 35,9
BILHÕES BILHÕES
PERDAS EM 2023 (JANEIRO A SETEMBRO)
AGRICULTURA PECUÁRIA
R$ 24,6 BI R$ 9,1 BI
PERDAS POR REGIÃO PREJUÍZOS COM ESTIAGENS (R$ BILHÕES)
PREJUÍZOS COM EXCESSO DE CHUVAS
(R$ BILHÕES) TOTAL GERAL
31,3 55,3
31,0
2021 13,5
44,6
74,7
2022 10,2
85,0
SUL 251,1
TOTAL 35,9
94,2
287,0
0,002 0,042 0,219 0,210 0,157 0,440 0,210 0,591 0,719 0,318 0,476 0,218 0,962 0,854 1,2
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2017
2018
2019
2014
2015
2016
2020
2021
VALORES ACUMULADOS POR TIPO DE EVENTO
EVENTO INDENIZAÇÕES (R$ BILHÕES) Fonte: Ministério da Agricultura
Seca 7,6
Granizo 1,7
Geada 1,4
Chuva excessiva 0,654
Inundação 0,130
Ventos fortes 0,059
Incêndio 0,055
Var. excessiva de temperatura 0,029
Morte 0,016
Demais causas 0,009
Raio 0,001
Queda de parreiral 0,001
Variação de preço 0,001
Perda de qualidade 0,003
Replantio 0,001
2014
2015
2016
2017
2019
2018
2020
2021
2022
DELMAR RODRIGUES,
agricultor
FOTO YAN BOECHAT
modelo para o momento atual”, diz Giampaolo Pellegri- SUL DAS ÁGUAS
no, coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da Inundação forma ondas em rua de
Porto Alegre; eventos que ocorreram
Embrapa. O esquenta e esfria do clima embrulhou tudo. em setembro causaram prejuízos de mais de
O que se precisa agora é, também, coragem. R$ 1 bilhão ao agro do Rio Grande do Sul
O NOVO ANORMAL
COMO AGEM OS FENÔMENOS EL NIÑO E LA NIÑA, CADA VEZ MAIS RECORRENTES
ANO NORMAL
COSTA DA VENTOS ALÍSIOS COSTA DA
INDONÉSIA AMÉRICA DO SUL
OCEANO PACÍFICO
ÁGUA AQUECIDA
OCEANO PACÍFICO
ÁGUA AQUECIDA
ÁGUA FRIA
OCEANO PACÍFICO
ÁGUA AQUECIDA
15-16
Muito forte 97-98
72-73 82-83
2,0 57-58
Forte SET/23
1,5
EL NIÑO Moderado
1,0
Fraco
0,5
-0,5
Fraco
-1,0
LA NIÑA Moderado
-1,5
Forte
-2,0
Muito forte
2000
1950
1960
1970
1980
1990
2010
2020
Fonte: NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional)
EL NIÑO LA NIÑA
Irregularidade da chuva no Sudeste e Centro-Oeste Inverno mais longo, com mais ondas de frio e potenciais geadas tardias
Risco de fim precoce da chuva no verão (dificuldades para a safrinha) Risco de seca prolongada no Sul, sobretudo no Rio Grande do Sul
Chuva abaixo da média no "Matopiba" Risco de invernada para Sudeste, Centro-Oeste e parte do Norte, o que
dificulta os tratos fitossanitários, colheita e escoamento da safra de verão
Primavera com muita chuva no Sul
Excesso de umidade eleva número de doenças causadas por fungos
Surgimento de pragas e doenças
ALIANÇA
COM O
SOLO
NÃO SE PODE CONTROLAR AS
OSCILAÇÕES DO CLIMA, MAS O
PRODUTOR PODE ATENUAR
SEUS EFEITOS COM BOAS
PRÁTICAS DE MANEJO, QUE
MELHORAM A RESISTÊNCIA DAS
PLANTAS E DO MEIO AMBIENTE
CURVA DE ALTA
Luis Teodoro Noviski,
de Carambeí (PR),
comemora aumento
de produtividade
com técnicas
como o plantio em
curvas de nível
V
em aí a oitava edição do Prêmio Fazenda Sustentável. Em breve, produtores de todas
as regiões do país poderão se inscrever na premiação realizada há oito anos pela GLO-
BO RURAL e que reconhece a adoção de boas práticas de sustentabilidade ambiental,
econômica e social no campo. Na sétima edição, a disputa entre as concorrentes foi a
mais acirrada em toda a história do prêmio. A comissão julgadora avaliou informa-
ções e resultados de 44 fazendas. Desse total, 15 chegaram à última etapa. Cinco propriedades
ficaram entre as finalistas em cada uma das três categorias – pequenas, médias e grandes pro-
priedades rurais. As mais bem avaliadas receberam troféus de primeiro, segundo e terceiro lu-
gar em cada categoria, e as demais classificadas, além do reconhecimento na cerimônia de entre-
ga do prêmio, realizada no fim de julho, em São Paulo, receberam relatórios em que os parceiros
de metodologia de avaliação apontaram aspectos positivos de suas práticas sustentáveis e indi-
caram melhorias que consideram necessárias.
Os produtores inscritos participam de diferentes etapas de seleção. Na primeira fase, eles apre-
sentam informações como dados sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR), a situação trabalhista
dos funcionários e técnicas de manejo de baixo impacto ambiental.
Na segunda etapa, os parceiros que atuam na avaliação partem para uma análise mais detalha-
da sobre as propriedades, como a informação sobre a quantidade exata de insumos que elas utili-
zam em cada cultivo. Em seguida, as propriedades que se classificam passam por uma análise de
crédito que avalia especificamente sua situação financeira. As visitas técnicas às fazendas ocorrem
na terceira etapa, um trabalho que atesta a veracidade das informações. Esses dados servem de
base para a produção de relatórios a serem analisados por uma comissão julgadora independente.
Acompanhe as novidades sobre a oitava edição do Prêmio Fazenda Sustentável no site globo-
rural.com.br e nas redes sociais da GLOBO RURAL.
SOLUÇÕES
NA JORNADA
INICIATIVAS QUE FACILITAM O COMPARTILHAMENTO
DE DADOS QUE CHEGAM DO CAMPO MELHORAM
A INCLUSÃO DIGITAL DE PRODUTORES
E
M UM PAÍS COM NOTÓRIA desigualdade econô- “Eles [os grandes do agro] têm capacidade de levar co-
mica e social e de enorme território como o nectividade ao campo e comprar os equipamentos que co-
Brasil, as dificuldades de acesso à internet letarão as informações e que depois as encaminharão a
ficam ainda mais evidentes no meio rural. uma central de processamento. Lá, é possível trabalhar
“Para o grande produtor, a jornada dos da- com os dados ainda mais no detalhe, o que permite fazer
dos é uma; para pequenos e médios, é outra", com que a organização da produção tenha a maior efici-
afirma a pesquisadora Luciana Alvim Romani, da Em- ência e o maior rendimento possíveis”, diz Luciana.
brapa Agricultura Digital, de Campinas (SP). No entanto, a realidade para os pequenos e médios
Em um mundo ideal, com pleno acesso à conectivida- produtores ainda é bem diferente. Para boa parte des-
de em todos os lugares, o processo ocorre em três etapas: se universo de agricultores, a limitação da conectividade
coleta, interpretação e aplicação das informações. Na fase impede o funcionamento pleno de aplicativos triviais e
da coleta, maquinários, implementos e ferramentas equi- (quase) imprescindíveis no dia a dia, como o WhatsApp.
pados com sensores mapeiam os diferentes elementos que Nesse contexto, tratores e colheitadeiras conectados po-
compõem as lavouras e agem sobre elas, como índice de dem soar como elementos de ficção científica.
umidade, condições meteorológicas, sanidade das plan- No Brasil, 13 milhões de pessoas que vivem em áreas
tas e características nutricionais do solo. Essa costuma ser rurais não têm acesso à internet de qualidade, informa
a realidade de grandes propriedades, que têm recursos levantamento do Instituto Interamericano de Coope-
para investir na infraestrutura necessária para a adoção ração para a Agricultura (IICA), realizado em parceria
das tecnologias. Para quem pode investir, em pouco tem- com Banco Mundial, Bayer, Banco de Desenvolvimen-
po, essas ferramentas acabam se pagando. to da América Latina, Microsoft e Syngenta. Uma das
EDUCAÇÃO É A CHAVE
Para Luciana Romani
(acima) e Deise DallaNora,
o bom uso dos dados
exige, também, investir na
qualificação dos produtores
FOTOS DIVULGAÇÃO
acesse globorural.globo.com
G E S TÃ O | S U C E S S Ã O F A M I L I A R
SUCESSÃO
INTELIGENTE
DOIS CASOS DE TRANSIÇÃO DE GERAÇÕES NO AGRO REFORÇAM A
IMPORTÂNCIA DE SE PLANEJAR ESSE PROCESSO COM ANTECEDÊNCIA
“N
ão sigam o meu exemplo.” Embora inu- grande produtora de sementes e grãos de soja, milho,
sitada, essa é a principal recomendação trigo e aveia. Sérgio Ross, o pai, morreu em decorrência
do produtor rural Lorenzo Ross, que de um câncer, aos 57 anos. No complicado processo de
também dá palestras sobre sucessão fa- transferência da liderança dos negócios, Lorenzo teve
miliar e engaja milhares de seguidores a ajuda da irmã Camila, três anos mais velha que ele, e
em suas redes sociais. Engenheiro agrô- da mãe, Tiana.
nomo, representante da terceira geração da família, ele “Foi triste e inesperado. Meu pai cuidava da pro-
fala sobre a sua trajetória a estudantes de cursos de dução, e tudo estava no nome dele. Desde criança, eu
agronomia e administração no Sul do país. acompanhava as atividades da fazenda, mas na época
Ao perder o pai, de maneira repetina, cinco anos estava na faculdade. Naquele tempo, minha preocupa-
atrás, Lorenzo, então com 21 anos, assumiu a fazen- ção era obter boas notas para me formar e poder voltar
da Sementes Lucia Ross, de Não-Me-Toque (RS), uma para casa para ajudar meu pai no negócio”, relata.
FOTOS DIVULGAÇÃO
PLANO DE VOO_ no Grupo Morena, de Campo Novo do Parecis (MT), Dulce e Romeu Ciochetta, os fundadores, já preparam a sucessão
Capacitar a família e o negócio. Incluir pessoas no negócio Não ter pressa para
Uma grande dificuldade nas trocas por competência, e não concluir o processo
de gerações é a família crescer somente por parentesco
mais do que a empresa e todos
dependerem exclusivamente
do negócio para sobreviver
balhar no campo. Não basta apenas saber dirigir o tra- Ciochetta e sua esposa, Dulce, nasceu a partir do ar-
tor, tem que saber usar a tecnologia das máquinas, rendamento de 200 hectares da Fazenda Morena para
usar agricultura digital, ter conhecimentos de gestão plantio de grãos e hoje cultiva 10 mil hectares de soja e
e muito mais”, salienta. milho, entre área própria e de arrendamento. Ela atua
Lorenzo acha que não há uma idade certa para uma ainda com pecuária, silvicultura e unidade de benefi-
pessoa começar a se envolver com o planejamento da ciamento e armazenamento. Luís Otávio, de 27 anos, fi-
sucessão de um negócio familiar. Ele sugere, no entan- lho do casal, é o gestor comercial. Ele vem sendo pre-
to, que o processo deve ter início assim que o herdeiro parado desde o ano passado para assumir no futuro o
(ou herdeira) estiver estabelecido. lugar de Romeu, que está com 61 anos e ainda não tem
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e planos de se aposentar.
Estatística (IBGE), apenas 30% das empresas familia- A mais velha, Paula Vitória, de 28 anos, preferiu se-
res chegam à segunda geração e só 5% conseguem resis- guir carreira em outra área. Já Luís sempre gostou do
tir até a terceira. Especialistas em sucessão concordam trabalho no campo e passou por uma mentoria para ver
que, para ser bem-sucedido, o processo de sucessão tem se realmente queria cuidar do negócio. “Sabemos que o
que ser feito com planejamento antecipado, sem pressa e número de empresas que morrem na segunda geração
com participação de todos os membros da família, mes- é muito expressivo. Por isso, se a gente quiser que a em-
mo os que não querem trabalhar no negócio. presa continue com nosso sobrenome, precisamos nos
No Grupo Morena, de Campo Novo do Parecis (MT), preparar quanto antes para a sucessão. Já está defini-
que entrou em operação em 1989, o planejamento da do na nossa governança o que vai acontecer: Paula será
sucessão já começou – e já se sabe quem vai liderar o herdeira e Luís será o sucessor. Ele ainda é muito jovem,
negócio no futuro. A empresa, fundada por Romeu José mas já participa da gestão e do conselho”, declara a mãe.
PATRIMÔNIO DE
BIODIVERSIDADE
OS SOLOS BRASILEIROS GUARDAM UM TESOURO DE
MOLÉCULAS QUE AUXILIAM NA REGENERAÇÃO, NA
OFERTA DE BIOINSUMOS E NA RESILIÊNCIA CLIMÁTICA
"E
u sou a fonte original de toda vida. A mina pecialista, há um potencial desperdiçado nos solos bra-
constante de teu poço. Sou a espiga generosa sileiros, consequência de uma negligência velada nos úl-
de teu gado e certeza tranquila ao teu esfor- timos anos.
ço.” Os versos da poetisa goiana Cora Corali- No entanto, o processo não significa um descaso por
na entoam a conexão profunda entre homem parte dos produtores. Mapear e analisar solos custa caro
e terra, mas também evidenciam a urgência dos cuida- e pode levar semanas, assim como recuperar áreas de-
dos com o solo em um cenário de extremos climáticos gradadas depende de investimentos robustos. No caso
cada vez mais frequentes. do Brasil, a dificuldade aumenta, pois não há uma pa-
Prática em expansão na agropecuária brasileira, a ado- dronização de solos. De acordo com o professor, é possí-
ção de biológicos requer, primeiramente, atenção às ca- vel citar, ao menos, 50 tipos gerais de terrenos agricultá-
racterísticas e demandas do solo, condição essencial para veis que requerem manejos singulares.
o sucesso de determinada técnica ou tecnologia. As especificidades impõem o desafio de extrair da na-
Há muito a ser explorado, avalia o pesquisador Fer- tureza moléculas aderentes a cada tipo de solo para que
nando Andreote, da Escola Superior de Agricultura os bioinsumos auxiliem, por exemplo, na maior absorção
Luiz de Queiroz (Esalq/USP), ao mencionar que “menos de água, de nutrientes e de carbono. Andreote cita que na
de 10% dos microrganismos presentes no solo foram estrutura dos solos há uma biodiversidade muito maior
aproveitados pela indústria de bioinsumos”. Para o es- do que se tem registro, de aproximadamente 5.000 orga-
SEARA DE DESCOBERTAS
nismos. É um tesouro que, em poucos anos, pode fazer do condidos nos solos brasileiros, basta entendê-los e ex-
Brasil líder mundial na produção de insumos biológicos. plorá-los, pois são elementares para controlar os efeitos
É o que o pesquisador chama de microbiota do solo, dos extremos climáticos no campo”, destaca.
definida pelo conjunto de bactérias, fungos e outros or- A preocupação com solos também faz parte da agen-
ganismos. O professor salienta que conhecer essa com- da de entidades internacionais, como a Organização das
posição ajuda, cada vez mais, a ter insumos biológicos Nações Unidas (ONU), que, em 2015, instituiu o ano in-
potentes para conservar o solo. Mas, nessa jornada, os ternacional do solo. O objetivo foi alertar a sociedade so-
produtores precisam de assistência técnica para moni- bre os perigos da degradação. Na época, o órgão apon-
torar a composição e aderir a outras práticas sustentá- tou que a quantidade de solo fértil no mundo cairia pela
veis, que também representam maneiras de moldar a metade até 2050.
biodiversidade. “Há uma infinidade de bioinsumos es- Entre os biológicos, um segmento que tem ajudado
Entretanto, os efeitos dos bioinsumos podem não ser cenário, a união entre cuidados com o solo e a aplica-
instantâneos a depender da situação da lavoura. “O uso ção de bioinsumos se torna crucial para combater es-
de biofertilizantes pode estimular o sistema antioxidan- ses riscos, fugir dos estresses climáticos e ainda garan-
te das plantas, melhorando a sua adaptação aos estres- tir segurança alimentar.
S
e para mulheres brancas a busca por mais A mineira já tem 13 anos de formada. Por ser uma das
espaço no agronegócio já é uma tarefa ár- poucas mulheres negras do agro em sua rede de traba-
dua, para as negras a luta é ainda maior. lho, ela percebeu, com o tempo, que essa realidade tam-
Apesar de serem quase um quarto da po- bém passou a fazer dela uma referência. Isso a levou
pulação brasileira, no campo elas são mino- a estudar mais sobre letramento racial, diversidade e
ria. Mas existem, e estão prontas para abrir caminho às sobre a importância de ocupar espaços como o que ela
próximas que virão, seja por meio de ações de inclusão hoje ocupa, ainda formado majoritariamente por ho-
nas empresas do setor ou contribuindo para que a cate- mens brancos. "Ser a única em um ambiente profissio-
goria tenha mais representatividade. nal muitas vezes foi difícil, mas também percebi que eu
É o caso da agrônoma Samilla Candida, gerente téc- tinha que me posicionar. Assim, outras mulheres não
nica da Nutrien. Mulher preta e de origem humilde, na- precisam passar pela trajetória que eu passei", afirma.
tural de Uberlândia (MG), ela começou a se interessar
pelo meio rural ainda jovem, quando seu tio foi casei- Ela trabalha na Nutrien há pouco mais de dois anos.
ro em uma fazenda. "Quando falei para minha família Na empresa, conta, a agrônoma tem oportunidades para
que ia fazer agronomia, foi um susto. Na época, há qua- tratar sobre o tema da diversidade racial, quando divide
se 20 anos, não tinha muitas mulheres na área", conta. com os demais funcionários a mensagem sobre a impor-
Em seus tempos de universitária, ela foi uma das únicas tância da pluralidade. Por cerca de um ano, Samilla ocu-
negras na Universidade Estadual de Goiás, em Ipameri. pou a posição de líder de um projeto de diversidade, raças e
Difícil mesmo foi o acesso ao mercado de trabalho. Com etnias dentro da companhia, papel no qual desenvolvia de-
os processos de sucessão familiar no horizonte, parte dos bates, lives de conscientização sobre a questão racial.
estudantes de agronomia do Centro-Oeste do país é com- Ela diz que, no campo, o número de negros é hoje
posta de filhos de produtores rurais ou pessoas que já têm maior do que quando ela ingressou na carreira, ain-
alguma relação com profissionais do setor, o que ajuda os da que continue muito inferior ao de pessoas brancas.
recém-formados na criação de uma rede de relaciona- Além disso, continua, entre os profissionais negros, os
mentos profissionais – e na conquista de empregos. homens compõem maioria em proporção até maior do
que no caso dos trabalhadores brancos.
Samilla, que não tinha histórico nem parentes no agro, No mês em que se celebra o Dia da Consciência Ne-
precisou voltar para Uberlândia quando concluiu a gra- gra no Brasil, a ascensão profissional de pessoas como
duação. Ela estava desempregada, e assim permaneceu Samilla mostra que a redução das desigualdades passa
por alguns meses. Para se manter na ativa, a agrônoma necessariamente pela abertura de oportunidades. En-
partiu para um mestrado na área agrícola e, em paralelo, tre os produtores rurais, menos de 9% se declaram pre-
trabalhava com revenda de roupas, que buscava em São tos, segundo o Censo Agropecuário do Instituto Brasi-
Paulo. "Depois de nove meses desempregada e fazendo leiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2017 – não há
mestrado, conheci uma mulher para quem fui vender rou- dados específicos sobre mulheres negras na pesquisa.
pas. Ela perguntou o que eu fazia, eu respondi, e ela me Outros 44,5% identificam-se como pardos.
disse que o marido também era agrônomo. Ela pegou meu
contato e passou para ele. A partir dessa conversa, acabei Niellen Santos, de 33 anos, coordenadora de gover-
entrando em um processo seletivo. Foi como consegui mi- nança e processos para proteção de cultivos da Bayer,
nha primeira vaga em uma empresa do setor", relata. teve uma trajetória um pouco diferente. Paulista da ci-
MESTRE DO CAMPO_Sem emprego após a faculdade, Samilla Candida entrou no mestrado enquanto buscava oportunidades
FOTO_ DIVULGAÇÃO
PROCESSO AFIRMATIVO_Niellen Santos migrou para cargo de liderança na Bayer após participar de programa interno da empresa
E
m Campinas (SP), até 16/10, o preço médio do milho subiu 6,6% frente à mé- SUÍNO / DEMANDA AUMENTA
dia em setembro. Segundo levantamento da Scot Consultoria, a referência fi- O preço do suíno vivo, em São
cou em R$ 58,90/saca 60 kg. Mas, em doze meses, a cotação caiu 33%. Paulo, subiu 1,5% em outubro
A cotação do dólar, o bom ritmo da exportação e a expectativa de menor área se- (até 16/10), puxado pela maior
meada na primeira safra brasileira sustentaram as cotações no país, apesar da co- demanda interna. Até a segunda
lheita norte-americana. semana do mês foram exporta-
Para a primeira safra, em semeadura, espera-se queda de 4,4% na produção, es- das 4,41 mil toneladas de carne
timada em 26,1 milhões de toneladas, apesar da expectativa de maior produtividade suína in natura por dia, desempe-
(2,4%). A área com a cultura deverá cair para 4,1 milhões. nho 6,9% menor ante outubro/22.
No Brasil, o plantio da primeira safra está avançando bem. Os trabalhos estão
Ago. 117,7 Set. 124,5 Out.* 126,3
mais adiantados no Paraná (82,0%), com aumento de 15 pontos percentuais na
PREÇO MÉDIO DO SUÍNO TERMINADO,
comparação anual. No Rio Grande do Sul (65,0%), o clima tem atrasado a semeadu- EM SAO PAULO, EM R$/ARROBA *ATÉ O DIA 16/10
88,52
87,67
87,28
58,90
56,88
55,25
53,74
185,76
146,68
145,93
144,35
137,93
NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT*
FONTE: SCOT CONSULTORIA LTDA. *ATÉ O DIA 16/10
ARROZ / MAIOR PRODUÇÃO
Com expectativa de aumento em
D
esde o início de setembro a cotação da arroba do boi gordo
está em recuperação e, em outubro, até meados do mês,
>PREÇOS DO BOI GORDO
foi assim. EM ARAÇATUBA (SP)
A cotação média da arroba, em São Paulo, até 15/10, foi de R$ (EM R$/ARROBA, A PRAZO)
227,61/@, alta de 11,1%. •2022 •2023
Essa firmeza advém da redução na oferta de bovinos devido à
277,71
entressafra, do melhor desempenho da exportação, da melhora no
275,50
275,50
272,39
270,90
269,09
consumo doméstico e do dólar acima de R$ 5,00.
253,55
Em setembro, 195 mil toneladas de carne bovina in natura foram
239,40
239,55
exportadas, segundo melhor desempenho para setembro na histó-
227,61
ria. Em outubro, na primeira quinzena, a média diária exportada foi
212,63
204,85
de 10,2 mil toneladas, 2,3% maior comparado à média em out/22.
O preço pago por tonelada e o faturamento, porém, caíram 21,1%
e 19,4%, respectivamente, na mesma comparação.
O consumo doméstico e a exportação tendem a melhorar e a NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT
oferta de boiadas, em novembro, deve ser menor. Assim, no curto
FONTE: SCOT CONSULTORIA LTDA. *ESTIMATIVA MÉDIA NACIONAL PONDERADA *ATÉ O DIA 15/10
prazo, os preços devem seguir firmes.
O
s preços do leite pago ao produtor tiveram mais um mês
>PREÇO DO LEITE PAGO de queda. Este foi o quarto mês consecutivo de recuo
AO PRODUTOR nas cotações. No pagamento de setembro, que remune-
(EM R$/LITRO)
ra a produção entregue em agosto, o recuo foi 3,4% no mês.
•2022 •2023 Considerando a média nacional ponderada nos estados pes-
quisados, o litro de leite ficou cotado em R$ 2,274. Desde o início
2,560
2,539
2,440
2,427
2,385
2,355
O design na agricultura
A CRIATIVIDADE E A INOVAÇÃO SÃO ESSENCIAIS PARA CRIAR SOLUÇÕES QUE OTIMIZEM O
ARMAZENAMENTO, A EMBALAGEM E A DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS
O
design é uma ferramenta po- criando alimentos culturalmente di- útil dos alimentos, o layout de lojas
derosa que muitas vezes asso- versos e enriquecendo a relação entre para influenciar o comportamento
ciamos a produtos estilosos e alimento, tradição, cultura, gastrono- do consumidor e aplicativos que faci-
criações visuais sofisticadas, mas sua mia – e até o turismo. litem a doação de alimentos exceden-
influência se estende muito além do Já vemos também emergir um novo tes. Além disso, o design pode ajudar
mundo da moda e da estética. O design paradigma para o sistema alimentar na comunicação e conscientização
desempenha um papel crucial também global, que reconhece questões como dos consumidores.
na agricultura e na alimentação, mol- impacto ambiental, segurança ali- O design pode também desempe-
dando não apenas a aparência dos ali- mentar, estabilidade dos mercados e nhar um papel crucial na redução do
mentos que chegam às nossas mesas, a interligação entre alimento, nature- desperdício de alimentos. Estima-se
mas também sua funcionalidade e a za, saúde e clima. que, globalmente, um terço de todos
maneira como são cultivados, colhidos, os alimentos produzidos são desper-
processados e distribuídos. diçados: um custo de cerca de US$ 1
Imagine uma embalagem de ali- trilhão por ano. A criatividade e a ino-
mentos que seja mais fácil de reciclar vação do design são essenciais para
e que reduza o desperdício de alimen- criar soluções que otimizem o arma-
tos. Imagine um sistema de irrigação zenamento, a embalagem e a distri-
que seja mais eficiente e que economi- buição de alimentos, prolongando sua
ze água. Imagine uma máquina agrí- vida útil e reduzindo perdas ao longo
cola que seja multifuncional, segura e da cadeia de suprimentos.
reduza a poluição. A criatividade e inovação do de-
O design será, cada vez mais, uma sign são fundamentais para melhorar
força motriz por trás da inovação na a imagem da agricultura no Brasil e a
agricultura e na alimentação, espe- reputação internacional do país. Ao
cialmente pelo papel que pode cum- aplicar a criatividade em prol da sus-
prir na produção de alimentos segu- tentabilidade, eficiência econômica e
ros, saudáveis e diversos. Por isso a tendência é que o design conformidade regulatória, a agricul-
A urbanização, o envelhecimento se torne uma espécie de “copiloto” que tura brasileira se torna mais atrativa a
da população, a crescente preocupa- oriente o desenvolvimento de produ- investidores, gera empregos e se des-
ção com o meio ambiente e o aumen- tos alimentares com foco em requisi- taca em mercados globais exigentes
to da demanda por alimentos em um tos técnicos, econômicos, ambientais, em termos de responsabilidade am-
ILUSTRAÇÃO_ GETTY IMAGES
cenário de recursos limitados são de- sociais e culturais. biental e qualidade dos produtos.
safios que estão moldando os sistemas Desde a fase de produção até o
alimentares globais. consumo, o design poderá criar sis-
Nesse contexto, o design desempe- temas mais eficientes e conscientes. Maurício Antônio Lopes é
engenheiro agrônomo e pesquisador
nha um papel importante, ao explo- Isso inclui o planejamento agrícola, da Empresa Brasileira de Pesquisa
rar novas experiências alimentares, embalagens para prolongar a vida Agropecuária (Embrapa)
A
s chuvas e temperaturas previstas para o mês de novembro seguem Mundo
sob os efeitos do fenômeno climático El Niño, que está em vigência e
já atingiu forte intensidade. Com isso, as precipitações tendem a conti- ARGENTINA_ A Argentina voltou a ter
nuar mais intensas e acima da média sobre o Sul do país, enquanto o Centro- a projeção de produção de trigo re-
Norte deve continuar enfrentando irregularidade e calor acima da média. duzida pela Bolsa de Cereais de
Buenos Aires no mês de outubro.
Apesar das chuvas fortes que atin-
Sul_ Para o Sul do país, a tendência é de chuvas acima da média nos três es- gem áreas do Sul do Brasil, as ins-
tados da região, mas as tempestades não devem ser tão frequentes e intensas tabilidades não têm chegado com a
como nos meses de setembro e outubro. Ainda assim, o risco para transtor- mesma intensidade e frequência so-
nos e enchentes continuará elevado, já que o solo vai continuar muito enchar- bre o país vizinho, que foi impacta-
cado e os rios cheios, devido aos altos volumes de precipitação registrados do neste último mês por baixas tem-
nos meses anteriores. As temperaturas, de uma forma geral, vão continuar peraturas, que provocaram prejuízos
acima da média. em lavouras de trigo na fase final de
desenvolvimento e lavouras de mi-
Sudeste_ No Sudeste são esperadas condições mais úmidas sobre áreas lho que estão emergindo. Apesar da
entre São Paulo, o extremo sul de Minas Gerais e o Rio de Janeiro. Nessas situação adversa, as condições ain-
áreas, as chuvas mais regulares devem contribuir para a instalação e o de- da são melhores em relação à última
senvolvimento dos cultivos de verão. Enquanto a maior parte de Minas Ge- safra e a tendência a partir de agora
rais, incluindo as áreas do Cerrado e o Espírito Santo, devem enfrentar con- é para a ocorrência de chuvas mais
dições mais secas do que o normal. regulares e com volumes entre a mé-
dia ou até mesmo acima da média, o
Centro-Oeste_ As chuvas devem ser mais frequentes e com maiores vo- que deve garantir condições favorá-
lumes entre o leste de Mato Groso do Sul e o sul de Goiás. A maior parte da veis para a safra de verão.
região deve enfrentar condições mais secas e quentes do que o normal. A
chuva deve aumentar gradualmente de frequência no decorrer do mês, po- EUA_ As condições climáticas têm
rém os episódios devem ocorrer na forma de pancadas isoladas e com volu- sido favoráveis às atividades de
mes baixos, por isso se esperam desvios mensais negativos de precipitação. colheita de milho e soja nos Es-
tados Unidos, que tem avançado
Norte_ No Norte, a chuva costuma aumentar sobre o interior da região em ritmo acelerado em relação à
durante novembro e, neste ano, são esperados volumes abaixo da média, última safra. Porém as condições
de forma mais acentuada entre Pará e Tocantins. Nessas áreas, o atraso no das lavouras ainda têm oscilado,
retorno regular das chuvas tende a prejudicar a instalação das culturas de devido principalmente aos perío-
verão. No Amazonas, apesar de as chuvas aumentarem gradualmente ao dos prolongados de tempo seco e
longo do mês, trazendo um alívio para as queimadas, ainda terão volumes com calor excessivo na fase final
abaixo da média e insuficientes para recuperar os rios da seca. de desenvolvimento. Até meados
de outubro, a colheita do milho
Nordeste_ No Nordeste, espera-se uma condição mais seca do que o nor- avançava 5 pontos percentuais
mal entre a Bahia, o sul do Piauí e o sul do Maranhão, áreas que costumam frente ao ano passado e 3 pontos
receber mais chuvas nesta época para o início da safra de verão. Neste ano, à frente da média, enquanto a co-
é esperada bastante irregularidade no início do período chuvoso – e, inclu- lheita da soja avançavam 2 em re-
sive, atraso no retorno da chuva, o que tende a dificultar principalmente o lação ao ano passado e 6 pontos
plantio da soja. O calor vai continuar acima da média. frente à média.
-500 -300 -200 -100 -50 -25 0 25 50 100 200 300 500
e setembro, o volume deve-se ao aumento da de queda. Segundo o têm optado por vender
dos embarques do demanda pelo derivado, Cepea, o esmagamento lotes apenas para
produto cresceu 13%, sobretudo por parte está fraco devido aos cumprir compromissos
e a receita, 38%. de fábricas de ração. estoques elevados. de curto prazo.
CHUVAS EM NOVEMBRO
NO MAPA E NA PALETA, AS CORES INDICAM A PREVISÃO DE VOLUME
DAS PRECIPITAÇÕES (EM MILÍMETROS) AO LONGO DO MÊS
P
resente em muitos produtos de pétalas sem os grãos de pólen amargos Destilado das flores, caules e folhas,
uso diário, o aroma de lavanda podem ser aproveitadas para dar sabor o óleo essencial, por sua vez, é utiliza-
é um dos mais apreciados em a sorvetes, biscoitos, pães, bolos e ou- do para perfumar diversas mercado-
itens de higiene e limpeza e cosméti- tros alimentos, incluindo pratos com rias devido à presença de linalol e ace-
cos vendidos no varejo. A fragrância carnes e ensopados por ser da mesma tato de linalila, entre outros compostos.
que agrada a maior parte dos consu- família do alecrim. Também é usado na aromaterapia e na
midores, contudo, não é o único apelo Há muitos séculos, ao mesmo tempo fabricação de antissépticos. Como erva,
comercial da planta chamada alfazema que usavam a lavanda para lavar roupa a lavanda tem um de seus principais
pelos portugueses. De plantio em jar- e tomar banho, os romanos já sabiam pontos de venda o mercado Ver-o-Peso
dins, campos e vasos a versão seca em dos benefícios do efeito calmante da em Belém (PA), onde é ingrediente típi-
arranjos decorativos, as flores púrpu- planta no controle de insônia, estres- co da infusão “banho de cheiro” de uso
ras e ornamentais da cultura oferecem se e ansiedade. Anti-inflamatória, ci- tradicional em comemorações locais,
ainda diferentes possibilidades de fon- catrizante, analgésica, antidepressiva, seguindo um ritual existente desde o
te de renda ao produtor que se dedica antirreumática e antiespasmódica são século XIX para atrair amor, felicidade
ao seu cultivo. as demais propriedades terapêuticas e prosperidade.
Além de contar com néctar para a atribuídas à cultura pela medicina po- Do gênero Lavandula e da família
obtenção de mel de alta qualidade, as pular. O chá elaborado com as flores é Lamiaceae, a lavanda é um arbusto pe-
flores dentro de saquinhos de tecido considerado um aliado no tratamento queno, perene e anual nativo das Ilhas
FOTO_PEXELS
costurados são aromatizadoras de am- de problemas digestivos, náuseas, do- Canárias, do norte e oeste da África, sul
bientes e, em gavetas, ajudam a afastar res pelo corpo, problemas respiratórios da Europa e áreas montanhosas do Me-
traças das vestimentas. Na culinária, as e melhoria da pele. diterrâneo, além da Índia e região da
MÃOS À OBRA
CONSULTORIA_ CICERO DESCHAMPS, PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, JARDIM DAS AMÉRICAS, CURITIBA (PR) ONDE COMPRAR_ SEMENTES SÃO VENDIDAS EM CASAS AGROPECU-
ÁRIAS MAIS INFORMAÇÕES_ INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL DO PARANÁ (IDR-PARANÁ/IAPAR/EMATER), RUA DA BANDEIRA, 500, CABRAL, CEP 80035-270, CURITIBA (PR), TEL. (41) 3250-2100, OU
RODOVIA CELSO GARCIA CID, KM 375, CEP 86047-902, LONDRINA (PR), TEL. 43 3376-2000
Iguaria litorânea
E
m dias quentes que não faltam artificiais manejados pelo próprio pro- descartadas pelos barcos pesqueiros.
por aqui, ainda mais com as con- dutor no hábitat natural do molusco, lo- Considerada afrodisíaca, nutritiva,
dições climáticas extremas levan- calizado em áreas rasas do mar, baías ou de baixo teor de gordura e bastante
do as temperaturas às alturas, alimen- mangues. Aliás, de manguezais, a ostra proteica, a ostra é composta de vitami-
tos de sabor refrescante são um pedido tem textura mais suave e é levemente nas A, B1, B2, C e D, glicogênio, ferro,
certo, o que garante a venda de produtos doce em comparação à da água salgada. iodo, fósforo e cálcio. Chega a ser in-
como a ostra, uma iguaria que também Para o manejo, investimentos eleva- dicada na medicina popular para au-
tem pouca oferta no mercado, abrindo dos não são exigidos e, no caso da ali- xiliar no tratamento de doenças como
oportunidades para novos empreende- mentação, um dos itens mais caros em osteoporose, tuberculose e anemia. A
dores na atividade de seu cultivo. A os- lidas com animais em confinamento, a abundância em zinco, que contribui
treicultura, ou ostricultura, tem custo ostra nem necessita de ração. Molusco para a produção de sêmen do homem,
baixo e pode ser desenvolvida pelo li- bivalve, porque possui uma concha que é responsável pela fama de a ostra ser
toral brasileiro, sendo uma opção que se divide em duas valvas que o protege, um estimulante sexual.
substitui a pesca artesanal e assegura sua engorda se dá ao mesmo tempo em Com tantos apelos saudáveis, a ostra,
uma fonte de renda para quem não tem que filtra as microalgas (plâncton) sub- que já era comercializada no mercado
muito a investir. mersas na água. nacional na década de 1930, hoje possui
Para iniciar a produção, as sementes Entre os equipamentos para o culti- as mais diversas apresentações, de ver-
utilizadas como matriz podem ser ad- vo de ostra, utiliza-se sistema de traves- sões congeladas até como ingrediente
quiridas por um valor mais em conta em seiro ou lanternas fixas em long-lines, de refeições prontas. A espécie aquática
viveiros de instituições de ensino supe- além de flutuadores para dar apoio. De pertence à família Ostreidae, a mesma
rior, como universidades que têm cur- fácil manuseio e acessíveis, todos os ma- dos mexilhões e das vieiras, que juntos
FOTO_ PEXELS
sos ou projetos ligados ao estudo da es- teriais podem ser comprados em lojas têm os estados do Sul, principalmente
pécie ou do ambiente marinho. Também ou distribuidores de material de pesca. Santa Catarina, como os maiores pro-
podem ser obtidas por meio de coletores Inclusive, é possível reaproveitar cordas dutores no país.
CONSULTOR_ FÁBIO ROSA SUSSEL É ZOOTECNISTA, DOUTOR E PESQUISADOR CIENTÍFICO DO INSTITUTO DE PESCA DE SÃO PAULO – UPD PIRASSUNUNGA, TEL. (19) 3565-1200, FABIO.PESCA@SP.GOV.
BR ONDE ADQUIRIR_ LABORATÓRIO DE MOLUSCOS MARINHOS DO DEPARTAMENTO DE AQUICULTURA DO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) – TEL.
(48) 3721 2709 OU PELO E-MAIL LMM.CCA@CONTATO.UFSC.BR MAIS INFORMAÇÕES_ INSTITUTO DE PESCA DE SÃO PAULO, AVENIDA CONSELHEIRO RODRIGUES ALVES, 1252, VILA MARIANA, SÃO PAULO,
CEP 04014-900, TEL. (11) 94147-8525, INSTITUTODEPESCA@SP.GOV.BR; EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E EXTENSÃO RURAL DE SANTA CATARINA (EPAGRI/SC), RODOVIA ADMAR GONZAGA, 1347,
ITACORUBI, FLORIANOPOLIS (SC), CEP 88034-901, TEL. (48) 3665-5000, SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE) DA REGIÃO; E UNIVERSIDADES LITORÂNEAS COM
CURSOS EM OCEANOGRAFIA, BIOLOGIA MARINHA, ENGENHARIA DE PESCA E AQUICULTURA
Pescoço longo
Qual é o nome dessa espécie
de abacate que tenho um pé
plantado em minha casa?
Gabriel
via Facebook
É O ABACATE-DE-PESCOÇO ou abacate-de
pescoço-longo, cujos frutos têm for-
Alternativa mato piriforme (forma de pera) alon- arquipélago Keys da Flórida, nos Es-
gado e podem atingir até 35 centíme- tados Unidos. Devido à polinização
para plantio de tros de comprimento. Possuem casca predominantemente cruzada da cul-
necessidade de vaso maior e a realiza- tos de cada uma delas. O taiti é uma
lado é só de cravo. Isso é normal?
ção de podas mais frequentes. O for- lima ácida que possui casca verde lisa
necimento de nutrientes e de água, evi- Valentim Rodrigues ou ligeiramente rugosa. Alaranjado e
tando a falta ou o excesso, e os cuidados via Facebook também conhecido como rosa, china e
fitossanitários precisam ser adequados vinagre, o limão-cravo é muito utiliza-
ao local de cultivo, além de sempre con- EM GERAL, AS MUDAS de plantas cítri- do para temperar saladas. Ambos são
trolar os ataques de pragas e doenças. cas são enxertadas. Portanto, são ori- ricos em vitamina C.
ginadas do processo de enxertia, cujo
CONSULTOR_ JOSÉ EMÍLIO BETTIOL NETO, PESQUISADOR DO CONSULTOR_ DIRCEU DE MATTOS JÚNIOR, PESQUISADOR
INSTITUTO AGRONÔMICO (IAC), DA SECRETARIA DE AGRICUL-
método de propagação necessita de DO INSTITUTO AGRONÔMICO (IAC), DA SECRETARIA DE AGRI-
TURA E ABASTECIMENTO DO ESTADO DE SÃO PAULO um porta-enxerto (ou cavalo) e de um CULTURA E ABASTECIMENTO DO ESTADO DE SÃO PAULO.
A
AURORA E RIO DO SUL, EM SANTA CATARINA, com
O CIRCULAR PELOS MUNICÍPIOS DE
uma caminhonete de estampa de vaca leiteira, não dá para negar o DNA do
agro de Aline Leonhardt, de 33 anos. Inclusive, era quase certo que a menina
que tratava galinhas e vacas como bichos de estimação seguiria o caminho
dos pais, pequenos produtores rurais em Aurora.
Mas ela tinha outro sonho: mostrar a rotina da família e a vida no campo no programa
Globo Rural, da TV Globo. A vocação para a comunicação se confirmou mais tarde, quan-
do decidiu seguir a carreira de jornalista. “Sempre sonhei em ser jornalista, porque ado-
rava contar histórias. Mas, quando trabalhei em televisão, percebi que o agro não ‘ven-
dia’. Então, quando estava com 190 mil seguidores no canal Vale Agrícola, decidi investir
mesmo sem ter patrocínio”, relata.
Desde 2018, Aline compartilha a sua rotina no campo e conta histórias de outros pro-
dutores em seu próprio programa. Com transmissão no YouTube e outros canais, a pro-
fissional atraiu quase 650 mil interessados em seu programa rural. O sucesso é tamanho
que o Vale Agrícola venceu o prêmio Os + Admirados do Agronegócio, do Portal dos Jor-
nalistas, na categoria Canal Digital, em 2022.
Se há cinco anos o programa engatinhava, agora são inúmeras as propostas que Aline
recebe para vender o conteúdo que produz. No entanto, a lealdade ao seu propósito fala
mais alto. “Eu vejo que dinheiro não é tudo. Hoje, não quero só informar, quero contar
mais histórias e inspirar mais pessoas, principalmente outras meninas do setor”, diz.
FOTO_ ACERVO PESSOAL
SAFRINHA
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*Produtividade destacada na cultura de milho, em comparação ao manejo convencional. As imagens e informações dessa campanha são
meramente ilustrativas e podem apresentar variações nos resultados e nas ofertas. A Mosaic Fertilizantes não fornece garantia, expressa
ou implícita, quanto a precisão dos resultados que poderão ser obtidos com o uso do produto. Para mais informações, acesse o site
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