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Março/2012 ANO 3 No 8

Universidade Federal do Ceará (UFC) — Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR)

BEIJUPIRÁ NEWS
EDITORIAL
Ante as mudanças de comando no Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA, nos
pareceu oportuno publicar nesta edição uma coletânea das Entrevistas apresentadas Editorial 1
em cada um dos sete últimos Beijupirá News, acrescentando a Entrevista correspon-
dente ao presente Boletim, realizada com o diretor do Instituto de Ciências do Mar da INFORMAÇÕES DO SASHIMI 1
Universidade Federal do Ceará - LABOMAR/UFC, o professor Luis Parente Maia.
LUIS PARENTE MAIA 2
Cremos que se existe interesse em desenvolver a piscicultura marinha por parte
das novas autoridades federais, não será necessário recorrer a muitas fontes para sa- ITAMAR DE PAIVA ROCHA 3
ber o que pode e deve ser feito. Nessas entrevistas do Beijupirá News estão os cami-
nhos a serem trilhados. Se de fato existe o desejo firme de realmente expandir a ativi- JOMAR CARVALHO FILHO 4
dade no território brasileiro, ações concretas deverão ser iniciadas para saber como e
onde intervir para que o Brasil passe de um país das potencialidades, para outro bem BERNARD TWARDY, FERNAN- 5
diferente, que consiga usufruir concretamente das suas enormes vantagens comparati- DO BARROSO E ELCIO NAGA-
vas e competitivas, principalmente nas regiões norte e nordeste. Aliás, o MPA já vem NO
apoiando a piscicultura marinha, faltando agora transformar as informações e conheci-
FELIPE MATARAZZO SUPLICY 6
mentos gerados em produção, empregos e receitas. A partir daí podemos falar em de-
senvolvimento.
CARLOS WURMANN 7
Ainda, nesta edição tínhamos a firme intenção de publicar alguns resultados das
pesquisas financiadas pelo MPA através do CNPq sobre o cultivo de beijupirá, que es- OYVIND KARLSEN 8
tão sendo realizadas em mais de quinze universidades. Entretanto, como até o fecha-
mento da edição não conseguimos nenhuma informação, resolvemos ocupar o espaço ALBERTO NUNES 9
reservado com matérias de cultivo de beijupirá de outros países, acreditando que na
próxima edição possamos mostrar aos interessados os avanços alcançados nas pes- INFORMAÇÕES DA ÍNDIA 10
quisas brasileiras.
INFORMAÇÕES DO MÉXICO 10
Boa leitura.

Raúl Malvino Madrid – Editor INFORMAÇÕES DA COLÔMBIA 10

Propriedades texturais e bioquímicas do sashimi de beijupirá (Rachycentron


canadum) tenderizado através de banhos ultrassonicos.

Hung-chia Chang e Ren-chian Wong

O presente estudo dia 7. No entanto, as amostras AT bioquímica, como evidenciado pela


investigou o processo de não pôdem ser servidas cruas após o aumento na TVBN, TMAN, e
tenderização pelo efeito do dia 7 por causa de seus baixos conteúdo de TBARS; no entanto,
ultrasom (UT) em sashimi de índices de frescor, incluindo um valor estes valores foram muito baixos.
beijupirá de cativeiro. Músculos do de 18,53 TVBN g/100 g, um valor Os resultados deste estudo
lombo de beijupirá (AT) separados TMAN de 3,25 mg/100 g, e um valor pode fornecer informações básicas
em relação a idade foram de TBARS de 0,983 MDA mg/100 g. para o desenvolvimento de uma nova
utilizados como controle. O pH, Além disso, o valor de K em sashimi técnica de tenderização através de
bases volatis totais, trimetilamina, AT foi de 20,21% no dia 5. UT foi ultra-som em frutos do mar crus
substâncias reativas ao ácido empregado eficientemente para destinados para restaurantes e
tiobarbitúrico, componentes do tenderizar o sashimi de beijupirá com consumidores.
catabolismo do ATP, valor K, e a uma firmeza inicial entre 9,70-7,82 N
após 90 minutos de tratamento. o Pesquisa publicada na revista
textura foram avaliados. A textura
Food Chemistry, 132 (2012) .
do sashimi AT atingiu um valor resultados deste estudo indicam que
ótimo de firmeza com 8,53 N no UT acelera a velocidade de reação TEXTO COMPLETO
ENT REVIST A
2 Professor Dr. Luis Parente Maia—Diretor do LABOMAR/UFC
uma PPP com a prefeitura do Eusébio e a costeiras e a necessidade de geração de
Porque a piscicultura marinha ainda não se
Fundação Alfaville, que nos permitiu avan- emprego e renda, o fomento de empresas
desenvolveu no Brasil?
çar bastante em termos de nutrição de locais para o desenvolvimento de uma nova
O que está faltando para que a piscicultura camarões e peixes marinhos. Por exem- cadeia produtiva, e a atração de grandes
marinha se desenvolva é uma ação coordenada plo, os experimentos com a Cioba investidores internacionais, como por exem-
governamental, com o apoio das instituições (Lutjanus analis) mostram que esta espé- plo, da Noruega. Nosso estado e os outros
de pesquisa que definam as cinco premissas cie aceita substituição de até 50% da fari- detentores de PLDMs já deveriam estar atra-
básicas do agronegócio da maricultura, quais nha de peixe por concentrado de soja, e indo estes investidores, pois dispomos de
sejam: seleção da espécie, definição de áreas cresce sem diferença significativa. O que legislação específica que permite utilizar as
de cultivo, suprimento regular de alevinos, destaco, entretanto, como mais importan- unidades demonstrativas como subsídios
definição das técnicas apropriadas de cultivo e te foi o domínio das técnicas de reprodu- para o desenvolvimento da maricultura atra-
seleção do mercado consumidor de acordo ção e agora de alevinagem de Lutjanídeos, vés da Instrução Normativa EAP/MMA/MP/
com a(s) espécie(s) selecionada(s). Obviamen- principalmente o Ariacó (Lutjanus syna- Marinha/ANA/IBAMA6/2004.
te, tudo isso precedido de uma definição clara gris) para cultivo comercial e do Cavalo
Marinho (Hippocampus) para cultivo Quais são as espécies que deveriam ser
do marco regulatório da atividade que permita
comunitário. Neste momento, os projetos selecionadas para o desenvolvimento da
dar segurança aos futuros investimentos da
com disponibilidade de recursos federais piscicultura marinha no nordeste brasileiro?
iniciativa privada. Também é fundamental
realizar um programa de capacitação que con- e/ou oportunidades de negócios são a
Como discutido anteriormente, as espécies a
temple a formação de doutores, mestres, gra- Instalação de uma Unidade Produtora de
serem cultivadas devem apresentar um per-
duados, técnicos de nível médio e trabalhado- Alevinos da ordem de 3 milhões/ano,
fil semelhante à tilápia, como fácil manejo e
res de apoio a essa nova cadeia produtiva. O incluindo uma escola de formação de mão
boa aceitação no mercado. A priori, destaca-
Vietnã, que hoje exporta o panga para o Brasil, -de-obra especializada em maricultura.
mos o beijupirá sem esquecer outras espé-
formou em 10 anos aproximadamente 70 dou- Recurso financeiro do Ministério da Pesca
cies de grande valor comercial e com o do-
tores, 280 mestres, 4.000 graduados, 6.500 (1,5 milhão) e que necessita de contrapar-
mínio da sua reprodução como a garoupa, os
técnicos de nível médio e entre 57.000 e tida do Estado; e o Módulo Demonstrativo
lutijanídeos (ariacó), os centrepomideos
70.000 trabalhadores técnicos (três vezes mais de Piscicultura Marinha, que consiste da
(robalos) e outras espécies preferencialmen-
que o número de pescadores de lagosta do Instalação de estrutura off shore para
te omnívoros como os mugilídeos (tainha).
Brasil. cultivo de peixes marinhos no município
de Icapuí. Trata-se de módulo para definir Você acha que a piscicultura marinha tem
O que o LABOMAR/UFC já fez e pretende fa- o sistema de cultivo ideal para as nossas condições de atrair capital externo e tecno-
zer, para que a piscicultura marinha se desen- características oceanográficas, com recur- logia de investidores estrangeiros? Se posi-
volva? so financeiro do Ministério da Pesca e tivo, que se deve fazer?
Aquicultura (R$ 2,4 milhões) e não neces-
O LABOMAR teve uma posição de destaque em
sita de contrapartida do Estado. Sim, principalmente devido ao tamanho de
ser a instituição que primeiro apresentou ao
nossas importações de pescado (1,25 bilhões
MPA uma proposta da execução dos Planos Que ações estão faltando para que se de dólares) e a clara tendência de aumento
Locais de Desenvolvimento da Maricultura tenha um marco regulatório que dê ga- de renda da população, a inclusão das clas-
(PLDM), selecionando áreas de preferência rantias aos investimentos privados? ses C e D no mercado consumidor, o que irá
para a delimitação dos parques aquícolas nos
continuar aumentando bastante a demanda
municípios de Icapuí, Fortim, São Gonçalo do Em primeiro lugar, é necessário definir os
por pescados. A análise da balança comercial
Amarante, Trairi, Itapipoca e Amontada bem conflitos de competências, seja entre os
dos últimos 10 anos mostra que o Brasil está
como coordenou audiências públicas nos refe- entes federativos, seja entre as reparti-
importando mais e de melhor qualidade.
ridos municípios apresentando as propostas e ções públicas. Em segundo lugar e não
Hoje é comum observar em todos os super-
discutindo com os atores sociais envolvidos menos importante, trata-se da identifica-
mercados produtos nobres como o bacalhau
direta e indiretamente com a atividade. ção ou a criação de um elemento catalisa-
e o salmão, e pagamos até R$ 29, 00/kg do
dor de todas as cinco premissas principais
filé de tilápia, fatos antes inimagináveis.
Também, o Labomar criou em 2004 o Centro e que tenha sensibilidade ao mesmo tem-
de Estudos em Aqüicultura Costeira mediante po para os problemas das comunidades
ENT REVIST A ( Bei j u p i rá An o 2 No . 7)
3 I tamar d e Pai va Ro ch a—Pr esi d en te d a AB CC

Para desenvolver mais rapidamente a dores especializados.


Brasil é o país dos contrastes. Em termos de
piscicultura marinha, o senhor acredita
produção de proteína animal, o País se destaca A seu ver quais seriam as espécies que o
que se torna fundamental atrair tecnologi-
entre os primeiros produtores e exportadores governo deveria priorizar para fomentar a
a e capital de empresas aquícolas estran-
mundiais de carne bovina e de frango, enquan- piscicultura marinha?
geiras?
to a produção de piscicultura marinha é quase
nula. Por quê? Eu sempre vi e entendi a piscicultura, não
É uma alternativa que não pode ser des-
importa em que ambiente aquático, como
prezada, pois com a globalização não se
A resposta não é fácil. Mas a falta de priorida- uma forma de produzir espécies que estejam
justifica reinventar a roda em qualquer
de e de incentivos governamentais apropriados ao alcance do povo, tal como é operada em
setor. A tecnologia da piscicultura mari-
tem contribuído para manter a piscicultura toda a Ásia, nos Estados Unidos, na Europa e
nha cresceu além-mar, e o Brasil, como
marinha praticamente estagnada. Um exemplo no Chile por exemplo. Já em 1978, há mais
país emergente que se projeta no plano
comparativo do tratamento fiscal dispensado de 30 anos, quando iniciava meus cursos de
mundial pela solidez de sua economia,
aos dois setores, o das carnes e o do pescado, especialização no exterior, optei por uma
está em condições de atrair essa tecnolo-
explica em parte a situação incipiente da pisci- espécie popular, a tainha, tanto no cultivo
gia. Entretanto, ainda não cumprimos
cultura brasileira. As carnes bovina, suína e de em água doce (Israel, 1978) como na repro-
nossa tarefa básica de estruturar o setor.
aves, para mencionar as que distinguem o dução induzida (Hawaii, 1979). Isso, porque
Estamos numa fase embrionária em que
Brasil no mercado mundial, contam com isen- sempre tive a percepção de que a tainha/
quase tudo está por fazer. Uma parceria
ção do PIS/COFINS; já o pescado, com idêntico curimã e o robalo/camurim, principalmente
interna concebida no contexto público-
potencial, não recebe esse incentivo. O que por se adaptarem bem às águas estuarinas e
privado com empresas nacionais, apoia-
chama a atenção nesses processos de trata- interiores do Nordeste, como Castanhão,
das pelo Governo, poderia buscar uma
mento fiscal diferenciado é que, enquanto o Sobradinho, Orós e Armando Ribeiro dentre
vinculação com empresas asiáticas ou
Brasil participa com 34,0% (US$ 15,0 bilhões) outros, constituem as espécies marinhas
européias como forma de viabilizar a ex-
do trading mundial das carnes (US$ 44,0 bi- cuja exploração deveria ser priorizada. Espe-
ploração dos amplos recursos naturais de
lhões), sua participação no trading do pescado cialmente porque, além dos tradicionais
que o Brasil dispõe em todas suas macror-
(US$ 108,0 bilhões) é de apenas 0,2% (US$ componentes da piscicultura estuarina brasi-
regiões, minimizando custos, tempo e
240,0 milhões). Considerando o perfil da de- leira, que remonta à época da ocupação
apropriando técnicas que viabilizem o
manda de pescado e o imenso potencial brasi- holandesa, a tainha, como espécie filtradora,
desenvolvimento dessa importante ativi-
leiro para a exploração aquícola, fica claro controla a eutrofização do ambiente, en-
dade.
quem deveria ser incentivado. quanto o robalo, como predador moderado,
Qual está sendo a participação das univer- contribui para o controle biológico e são
Brasil tem 8.407 km de linha de costa, 4,4 mi-
sidades na transferência de conhecimen- apreciados pelos consumidores.
lhões de km2 de ZEE e 2,5 milhões de hectares
tos para o setor privado no diz respeito a
de áreas estuarinas. Que ações o governo de- A carcinicultura marinha se fortalece com o
carcinicultura e piscicultura marinha?
veria empreender para desenvolver a piscicul- desenvolvimento da piscicultura marinha?
tura marinha de acordo com seu potencial? As universidades brasileiras dão sua con- Se positivo ou negativo, por quê?
tribuição convencional na formação básica
Antes de tudo, faz-se indispensável para o país Pode haver uma boa complementação entre
de recursos humanos. Até aí chegam no
uma definição firme das regras para o desen- as duas atividades. A piscicultura marinha
setor da piscicultura. Que eu tenha conhe-
volvimento do setor aquícola, a grande voca- requer, necessariamente, uma maior estru-
cimento, não há iniciativas universitárias
ção brasileira para a produção de pescado, turação da sua cadeia produtiva, o que de-
de projetos específicos, de planos de pes-
entre as quais deveriam estar um marco legal mandará inicialmente, investimentos de
quisas aplicadas, de conhecimento do
claro que não permita questionamentos de sua maior vulto. A carcinicultura, como já está
potencial do país. Nesse sentido, conside-
operacionalização, políticas públicas dirigidas consolidada, se presta bem a qualquer tama-
rando a profusão dos cursos de Engenha-
ao seu desenvolvimento e incentivos fiscais nho de empresa, da micro à grande unidade
ria de Pesca, Engenharia de Aquicultura,
que levem em conta os riscos naturais do setor de produção. Com o desenvolvimento da
Biologia Marinha, dentre outros, o papel
e, portanto, sirvam como atrativos para o capi- primeira pode haver, por exemplo, uma
das universidades em prol do desenvolve-
tal privado. demanda de ração e outros insumos co-
mento do setor aquícola e pesqueiro, é
muns, de tal ordem que venha a incidir posi-
A carcinicultura marinha levou 19 anos para pouco expressivo, se comparado com o
tivamente nos seus níveis de preço, favore-
passar de 400 toneladas, em 1985, para 90.360 potencial que temos e com a necessidade
cendo a carcinicultura.
toneladas em 2003, sua produção máxima. de ampliação de mercados para trabalha-
ENT REVIST A ( Bei j u p i rá An o 2 No . 6)
4 Jo mar Ca rval h o F i lh o —Ed i to r d a Revi sta Pan o rama d a Aq u i cu l tu ra

bom senso e maturidade. Não é porque o e burocráticos para o cultivo do beijupirá off-
Quais os principais motivos para que a piscicul-
meu experimento com o peixe “x” apontou shore?
tura marinha brasileira ainda não tenha se de-
um possível potencial zootécnico que eu
senvolvido? O cultivo da Aqualider foi atropelado por uma
passarei a atacar qualquer outra proposta de
suporte para o peixe “y” ou “z”. Isso vem embarcação. Faltou o que? Carta náutica com
Um dos principais motivos, certamente, é a falta
acontecendo veladamente e pode ser perce- sinalização? Sinalização do próprio empreendi-
de maturidade e a pouca capacidade de organiza-
bido em algumas conversas que tenho ouvi- mento? Para se estar seguro com estruturas
ção de todos os envolvidos com esse tema. Po-
do. Não é assim que se constrói uma política em mar aberto é preciso muitas coisas, inclusi-
rém, parece-me que isto está sendo resolvido
voltada para a utilização da costa brasileira ve antevê-las. Sobre a burocracia, não me pare-
agora com o beijupirá. A aquicultura brasileira
para a produção de pescado cultivado. É ce que tenha sido tão complicado se obter o
ainda não tem tradição para desenvolver metodo-
claro que todas as espécies com um bom licenciamento. Difícil foi explicar que o empre-
logicamente de “A a Z”, tudo que deve ser feito
perfil zootécnico merecem toda a atenção. endimento não ia se apossar do litoral pernam-
para estruturar a cadeia produtiva de um deter-
Mas há que haver sabedoria para atribuir bucano como foi alardeado até pela imprensa
minado organismo. E estamos pagando um preço
prioridades para o empreendimento funcio- culta local.
alto por isso. Cada um acha que sabe como fazer
e muitos saem tentando por conta própria. Na nar. De um lado exigimos muito que o gover-
no apóie ações de fomento, de outro o que Tendo o Brasil, principalmente o Nordeste, um
prática, é isso que tem ocorrido por aí. Tanto clima privilegiado, riqueza de espécies nativas
pesquisadores, como centros de pesquisa, algu- vemos é que quando o governo apóia decla-
radamente algo, logo é criado um grupo nobres e localização estratégica, porque não
mas empresas privadas e o governo, acabam “se tem havido interesse de empresários estran-
virando” do jeito que acham que devem. Em ge- forte e contrário. Foi assim com o beijupirá.
geiros em investir na piscicultura marinha em
ral, isso acaba desperdiçando muito dinheiro. Se nossa costa?
O beijupirá é uma boa escolha? Por quê?
conversarmos com pessoas de diferentes partes
do País, veremos que surgirão mais de uma deze- Acho que está entre as melhores escolhas. A Eu arriscaria dizer que se tivéssemos uma in-
na de espécies que, na opinião dessas pessoas, espécie tem ótimos predicados. Numa ocasi- dústria, ainda que acanhada, com empresas
deveriam estar recebendo um tratamento priori- ão passei quase uma semana na costa cea- brasileiras em plena ação, seria fácil ver empre-
tário para se transformar na espécie principal da rense para escrever um artigo e, de propósi- sários estrangeiros interessados. Mas o setor
piscicultura marinha brasileira. E o curioso é que, to, optei por comer beijupirá todos os dias e ainda está aparando as arestas para então dar
na medida em que essas opiniões ou convicções em todas as refeições, exceto no café da seu salto inicial. Os investidores estrangeiros ou
não são ouvidas ou atendidas, são criados torce- manhã. Comi beijupirá de todas as formas – brasileiros certamente preferem encontrar um
dores apaixonados por uma determinada espécie, frito, cozido, ensopado – só não o comi na caminho razoavelmente pavimentado.
que se tornarão rivais de torcedores do “time” de forma de sashimi. É gostoso demais! E sob o
outra espécie. Foi o caso do beijupirá quando, ponto de vista zootécnico, não se discute a Se estivesse no governo, quais seriam suas
tempos atrás, passou a receber apoio do governo. sua capacidade de conversão alimentar e de atitudes para despertar os investidores estran-
Vi muita gente falar mal dessa espécie sem mes- engordar. Problemas? Claro que existem. geiros e nacionais a implantarem projetos de
mo a conhecer, só porque a Secretaria de Aqui- Porém, nossos pesquisadores estão aí para cultivo de beijupirá offshore?
cultura e Pesca (SEAP), hoje Ministério de Pesca e trazerem as respostas que os futuros produ-
Aquicultura (MPA), decidiu apoiar o seu cultivo. tores necessitarão para criar o beijupirá de Não acredito que o governo tenha “cartas na
forma sustentável. manga” para atrair investimentos neste mo-
Você acredita no futuro sucesso do setor de pro- mento. Ele vem tornando claras as regras para
dução aquícola? Por favor, justifique sua respos- O Brasil dispõe de outras espécies de peixes o licenciamento ambiental e para os registros
ta. marinhos com potencial zootécnico e merca- de produção, e participa ativamente apoiando
dológico semelhante ou superior ao beijupi- financeiramente os programas de pesquisa,
Acredito, e muito. Acho que o setor está amadu- apostando que isso vá, como disse, pavimentar
rá?
recendo. O encerramento das atividades da Aqua- o caminho para os investidores e gerar benefí-
lider, empresa pernambucana em que todos de- Pesquisas com algumas outras espécies cios para a sociedade. Não creio que, além
positavam uma grande esperança, uma vez que também apontam para bons resultados disso, o governo tenha algo a mais em suas
desempenharia o papel de empresa âncora, trou- zootécnicos. Publicamos na Panorama da mãos capaz de despertar investidores.
xe uma inesperada insegurança. Por outro lado, Aquicultura há algum tempo um importante
esse episódio ajudou a manter mais abertos os artigo do professor Ronaldo Cavalli, onde ele Algumas pessoas dizem que a produção de
olhos de quem está comprometido com o fomen- faz um ranking dessas espécies onde apare- peixes marinhos não ocorre porque não há
to da piscicultura marinha, para que ela se profis- cem, além do beijupirá, o robalo, a cioba, a quem produza comercialmente alevinos. Outras
sionalize sem traumas. Tivemos também a trágica garoupa, o linguado, o pargo, entre outras. afirmam que não existem laboratórios produ-
experiência do laboratório da Ilha Comprida, no Apesar da pouca abundância de peixes, a zindo alevinos porque não há demanda. Quem
litoral paulista, construído para a produção do costa brasileira tem uma grande diversidade, está correto?
beijupirá. Muito dinheiro público foi injetado e é natural que tenhamos várias boas espé-
nesse projeto sem que e a piscicultura marinha cies. Mas é justamente isso que não pode O problema é outro. Quem fala isso tem uma
brasileira tenha visto retorno algum. Mas, apesar ser usado como desculpa para não se dar a visão muito simplificada de um setor que traz
disso, eu acredito que estamos bem próximos de devida atenção para espécies como o beiju- em si bastante complexidade. Não basta ter
ver novos investimentos privados no setor aquí- pirá, por exemplo, em que já se dispõe de alevinos disponíveis para se produzir peixes no
cola. informações capazes de dar suporte a um mar. Quem fala isso talvez não saiba que mui-
cultivo comercial. Um exemplo disso se dá tas outras questões importantes estão envolvi-
Quais ações você recomendaria para o desenvolvi- das, como as necessidades nutricionais das
na área de alimentos. Embora persistam
mento da piscicultura marinha offshore brasilei- espécies com potencial, a fisiologia da reprodu-
críticas sobre a qualidade das rações até
ra? ção dessas espécies, o comportamento de
então elaboradas para o beijupirá no Brasil,
não se pode negar que a indústria já avan- grandes estruturas flutuantes em águas rasas
Para começar eu apostaria num diálogo de alto com uma certa dinâmica. Enfim, quem afirma
nível entre as principais instituições – pesquisa, çou muito acerca das necessidades nutricio-
nais dessa espécie. isso só pode estar querendo fazer uma provo-
extensão, fomento, iniciativa privada, setor de cação.
alimentos – destituído de paixão e repleto de
Quais são os principais entraves tecnológicos
ENT REVIST A ( Bei j u p i rá New s An o 2 No . 5)
5 Bernard Twardy, Fernando barroso e Elcio Nagano—Consultores em gastronomia, Fortaleza.CE)

Qual foi sua percepção do beijupirá cultiva- melhor usar o fresco. Em criatório, os processos poderão ser
do frente ao beijupirá proveniente da pesca, controlados, gerando um produto de exce-
em termos de odor, textura, cor, sabor e Indique o tipo de preparações culinárias lência. Neste caso não teria concorrente na
aparência geral? que você prefere quando compra o pro- categoria.
duto resfriado ou o congelado.
Bernard Twardy
A degustação foi um sucesso de ponta a pon- Bernard Twardy Elcio Nagano
ta. O odor do beijupirá comprado na Beira- O peixe eviscerado sem cabeça pode ser Acho que ele tem que ser mais barato que
Mar se propagou pelo ambiente, o que não usado para preparar ensopados. O filé o robalo, pois para sushi o beijupirá é um
ocorreu com aquele obtido do cativeiro, que sem pele é adequado para servir na for- pouco inferior. O preço da pescada amare-
teve odor ausente. A firmeza da carne surpre- ma de sashimi, ceviche, poché e grelha- la poderia ser uma referência.
endeu a todos: agradavelmente firme e, con- dos. Com o peixe em postas podem ser
trariando o que se pensa, não é seca, o que preparados ensopados e grelhados na Indique e pondere os aspectos positivos e
era de se esperar de um peixe grande. Li que brasa. negativos do beijupirá cultivado em ter-
o beijupirá adulto marmoriza otimamente a mos de seus atributos culinários.
gordura quando atinge 35 kg. A cor clara, que Fernando Barroso
era o que eu mais esperava, foi constatada. O O peixe eviscerado com cabeça pode ser Bernard Twardy
processo de sangria do peixe é vital e talvez temperado com sal grosso e cozido ao Quanto aos aspectos positivos, a textura, o
possa ser melhorado. Este é um fator deter- forno. O filé com pele e sem pele pode sabor, a cor e o frescor são muito impor-
minante para o consumidor final, que associa ser servido grelhado, assim como na tantes.
peixe-alvo com qualidade. A tilápia, por e- forma de sashimi e ceviche, respectiva-
xemplo, quando bem processada, alcançou mente. O peixe em posta se presta bem
um salto de qualidade. Fernando Barroso
para preparar peixadas. O custo da pesca na nossa costa é muito
elevado em função dos recursos existentes,
Fernando Barroso Qual seria a faixa de preço, por kg, que clima e, especialmente, a falta de uma fro-
O fator determinante da qualidade é o pro- o beijupirá de cultivo, eviscerado, com ta pesqueira adequadamente armada com
cessamento, o manuseio e a cadeia de frio. adequado sangramento, estocagem tecnologia para preservação e processa-
Assim, o peixe cultivado foi despescado e resfriada ou congelada poderia ser ven- mento do pescado com qualidade. Consi-
processado corretamente, mantendo uma dido? derando essa realidade, o pescado cultiva-
melhor qualidade quanto ao odor, textura,
do apresenta o caminho mais viável. O
cor e sabor. O peixe proveniente da pesca
Bernard Twardy beijupirá demonstra um forte potencial,
sofreu o desgaste da inadequada cadeia de
O beijupirá acima de 5 kg pode ser ven- tanto no quesito qualidade quanto na via-
frio, manuseio e processamento.
dido entre 23 e 26 reais/kg. bilidade econômica, pois é peixe de rápido
ganho de peso e demonstrou ser de quali-
Elcio Nagano dade.
Fernando Barroso
O beijupirá cultivado é muito superior em
Apontar pesos ideais no momento seria
todos os aspectos Elcio Nagano
impróprio. Necessitaríamos avaliar uma
série de testes para uma melhor apura- Quanto aos aspectos positivos, o frescor e
O beijupirá cultivado fresco (24 h no gelo) ção dos custos e resultados. Os peixes a suavidade do sabor é muito importante.
comparado com o beijupirá cultivado conge- oriundos da pesca tradicional com peso Com relação aos aspecto negativo, a textu-
lado (com cinco meses de estocagem em acima de 20 kg têm uma marmorização ra pouco dura tem uma importância relati-
frigorífico) apresentou diferenças significati- (finos veios de gorduras internas) maior, va.
vas nos atributos descritos acima? gerando mais sabor e melhor rendimen-
to para ser filetado. As postas da amos- Onde você acredita que o beijupirá cultiva-
Bernard Twardy tra fresca apresentaram um excelente do produzido no Brasil seria mais consumi-
A cadeia de frio foi correta e resultou em um resultado, especialmente se considerada do/vendido? (em casa, fora de domicílio
bom produto. Não foram perceptíveis dife- a faixa de peso do peixe que foi testado. ou para exportação).
renças entre os peixes.
Elcio Nagano Bernand Twardy
Fernando Barroso Resfriado entre R$10,00 a R$ 15,00/kg. Tanto em domicílios como fora de casa, e
Observou-se uma boa qualidade no beijupirá também na exportação.
congelado, mas o peixe fresco revelou os A que espécie de peixe o beijupirá se
melhores atributos porque, com cinco meses aproximaria mais em termos de preço? Fernando Barroso
de estocagem, ocorreu a desidratação natural
Com qualidade o beijupirá poderá ser con-
do produto congelado. Se tivesse sido emba-
Bernard Twardy sumido nos três segmentos.
lado a vácuo teria perdido menos umidade.
Pescada-amarela e congro-rosa.
Elcio Nagano
Elcio Nagano
Fora do domicílio.
As diferenças não foram significativas, mas
Fernando Barroso
para a comida japonesa (sushis@sashimis) é
O beijupirá tem características próprias.
ENT REVIST A ( Bei j u p i rá New s An o 2 No . 4)
6 F el i p e Matarazzo Su p li cy, CEO d a Mari n e Aq u i p men t L td a .

Mencione dois aspectos relevantes na implan- Existem outros aspectos importantes a este nome, conseqüentemente não se estará
tação de projetos de piscicultura marinha. serem considerados? arcando sozinho com os custos de marketing
de um bijupirá, beijupirá ou parambijú, só
Localização correta - a localização da fazenda Dispor de um bom laboratório – é im-
conhecidos comumente no Brasil. Há que
deve considerar a proximidade de um ponto de prescindível que ter controle sobre a
haver também cuidado na apresentação do
apoio em terra, além de uma área livre de con- produção e entrega de alevinos para a-
produto. O beijupirá é um peixe nobre e
flitos com outros usuários dos recursos costei- tender a demanda. Isto é ainda mais im-
precisa ser posicionado como tal no merca-
ros, isenta de poluição e com reduzido trânsito portante no Brasil onde, atualmente, não
do. Uma vez que se tenha investido e traba-
de embarcações. Na aquicultura marinha, mais existem laboratórios em operação que
lhado tanto para produzir esse peixe, o mes-
do que em qualquer outra atividade de produ- possam prover grandes quantidades de
mo não deve ser comercializado
ção animal, é preciso manter uma constante alevinos na qualidade e quantidade ne-
“embrulhado em jornal”. Deve-se procurar
administração de riscos. Vazamentos de óleo, cessárias. Não se precisa dispor de uma
nichos de mercado e obter uma apresenta-
de produtos químicos, ocorrência de marés- laboratório enorme com elevados custos
ção impecável do produto.
vermelhas, colisões com embarcações, furacões de manutenção, mas sim de uma planta
sub-tropicais, predadores, doenças, roubos e pequena, bem localizada e desenhada, Que fazer para não cometer os mesmos
vandalismo estão entre os principais riscos. No que permita um controle total da qualida- erros?
Brasil, alguns empresários pensam em instalar de da água. O emprego de sistemas de
A aquicultura é uma indústria em rápido e
seus empreendimentos em mar aberto para recirculação de água para os setores de
constante aprimoramento, na qual os sistemas
fugir de problemas relacionados à poluição, maturação de reprodutores, larvicultura e
de produção utilizados no passado certamente
entretanto, projetos off-shore oferecem maior alevinagem é fundamental para adquirir
mudarão no futuro. Por isto, mais do que em
risco de colisão, maiores custos operacionais e controle da situação e não ser afetado
qualquer outro negócio, é importante que não
dificuldade de acesso nos meses com mar agita- por alterações repentinas na qualidade
se tente reinventar a roda e que se compreen-
do. É importante observar que ainda não exis- de água em seu ponto de captação.
da que não há vantagens em repetir os erros
tem projetos comerciais de piscicultura mari- Usar equipamentos corretos – um erro que algum outro já cometeu. O empreendedo-
nha off-shore em operação em país algum. Esta freqüente consiste em não dar o valor rismo tem um custo alto uma vez que tudo
é uma nova fronteira e tudo ainda é experimen- merecido a um bom equipamento e achar ainda está por ser definido em termos de roti-
tal. Os países que estão buscando essa opção, que este pode ser substituído por algo nas no processo produtivo. Qualquer empresá-
possuem décadas de experiência em piscicultu- bem mais barato e disponível localmente. rio que pretende ingressar nessa atividade
ra marinha, já esgotaram sua disponibilidade de Ao se comprar um equipamento, o pro- precisa buscar as melhores informações sobre
áreas abrigadas e começam a ter problemas dutor deve considerar não somente o seu manejo, preferencialmente de projetos comer-
sanitários ou ambientais. No Brasil dispomos de preço, mas sim quantos kg de produto ele ciais já estabelecidos e em operação. Da mes-
regiões costeiras recortadas com ilhas e abrigos poderá produzir ao longo de sua vida útil, ma forma, é preciso aprender não só com os
e, enquanto ainda somos iniciantes nessa ativi- a redução de custos com mão-de-obra e que estão fazendo a coisa certa, mas também
dade, deveríamos explorar essas áreas antes de com manutenção que ele proporcionará. com os erros cometidos pelos que ousaram
partirmos para os desafios e elevados riscos e Além disso, deve ser considerado os ris- desenvolver sua própria forma de cultivar esse
custos da maricutura off-shore. cos da opção mais barata falhar justa- peixe e não foram bem sucedidos.
Respeitar a biologia do peixe – o beijupirá mente quando mais se precisar, o que
Como fazer uma pequena fortuna com o
ainda é uma espécie recente para a aquicultu- geralmente ocorre quando a fazenda está
cultivo do beijupirá?
ra e uma série de ajustes ainda estão sendo próximo da despesca, com capacidade
realizados em relação ao seu manejo. Portan- máxima, e com inadiáveis compromissos A resposta é: começar com uma grande
to, é recomendável uma postura conservadora de entrega. fortuna! Baixa capitalização é a causa núme-
para evitar a exposição à maiores riscos do ro um da falência de empresas aquícolas.
E os aspectos de mercado?
que os já inerentes à atividade. Por exemplo, Deve-se estar preparado para despesas ex-
não é aconselhável utilizar elevadas densida- Como não existe uma grande oferta tras e imprevistas. Se não se dispõe de reser-
des de estocagem logo nos primeiros ciclos. O de beijupirás capturados através da pesca, vas para passar por algum imprevisto, é me-
beijupirá não é um peixe habituado a grandes de maneira geral, os consumidores não lhor não iniciar o negócio. Um detalhado
concentrações em cardumes. É preferível co- conhecem este peixe. Isto não ocorre só Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica
meçar com densidades mais baixas e ir au- no Brasil, mas em todos os países ociden- (EVTE) e um Plano de Negócio são pontos
mentando à medida que se conquista experi- tais. A maior empresa de produção de críticos para quem busca o sucesso. Além do
ência com a espécie. Da mesma forma, esse beijupirá em operação no mundo, a Mari- que, bancos e investidores não emprestarão
peixe se reproduz naturalmente na primavera ne Farms, mantém uma bem elaborada dinheiro para quem não possuir um projeto
e verão e forçar reproduções e estocagem de campanha na Europa para apresentar esse claro e confiável. Não se deve gastar recurso
juvenis no inverno certamente não é a melhor novo peixe e para ensinar o consumidor a financeiro algum no projeto antes de possuir
abordagem, se o objetivo é obter melhor ren- prepará-lo. Se o nome “Cobia” for adota- um bom EVTE e plano. Se não se sabe como
dimento e sobrevivência com menores custos do, haverá o favorecimento de que todas e para onde ir, nunca se chega ao objetivo
e riscos. as campanhas em andamento no Brasil e almejado.
no exterior para divulgar o peixe usam
ENT REVIST A ( Bei j u p i rá New s An o 1 No . 3)
7 Carl o s Wu rman n— Co n su l to r I n tern aci o n al d e Pesca e Aq u i cu l tu ra

sua produção terá um efeito destacado no no manejo e conhecimento da eficiência


Qual é a situação da aquicultura marinha
prestígio ou desprestígio da aquicultura econômica de sistemas de produção sub-
mundial?
marinha brasileira por muitos anos. mersos, como ocorre em tantos outros luga-
res do mundo. Pouco se sabe no Brasil sobre
Os cultivos marinhos de moluscos e crustáceos,
Você concorda que entidades governa- o manejo sanitário preventivo desse tipo de
como o camarão, estão bem desenvolvidos.
mentais estão incentivando o cultivo de cultivo e menos ainda sobre as formulações,
Porém, o mesmo não acontece com os cultivos
beijupirá offshore? o manejo das rações mais apropriadas e
de peixes marinhos, que constituem, atual-
sobre muitos outros temas que deverão ser
mente, menos de 3% dos cultivos mundiais.
Creio que os conflitos com outros usuários enfrentados à medida que a produção au-
Isto ocorre, basicamente, pela carência de
da zona costeira (turismo, zonas urbanas, mente. Assim, não se conhecem as densida-
tecnologia e o longo prazo do processo para
portos, pescadores etc.) e o tardio desen- des ótimas de engorda no mar; as taxas de
desenvolvê-la até o nível comercial
volvimento da aquicultura marinha no conversão alimentar; os custos de produção;
(normalmente entre 10 e 20 anos), situação
Brasil, fazem com que os cultivos de mé- as mortalidades razoáveis, nem como en-
que requer consistência e muitos recursos
dia e grande escala de beijupirá em ambi- frentar possíveis enfermidades. Também
financeiros. O Brasil, sem dúvida, está em dívi-
entes oceânicos sejam talvez a melhor ainda há a necessidade de se aprender técni-
da com seus cultivos de peixes marinhos, pois,
opção de curto prazo para o País. Nestes cas de ancoragem, de manutenção aos siste-
dispondo de um litoral que excede os 8.000
ambientes, os produtores encontrarão mas de produção flutuante, de operação de
km, ainda não cultiva comercialmente peixe
profundidades adequadas e os conflitos, sistemas de alimentação automatizada e
marinho algum.
assim como possíveis efeitos ambientais remota; de manejo dos peixes em alto mar,
negativos, poderão ser minimizados. Tal- entre outras. Por último, os mercados do-
Porque o Brasil não participa dessa produção?
vez seja necessário utilizar tanques-redes méstico e internacional não conhecem bem
submersos e sistemas altamente mecani- o produto, e deverão ser desenvolvidos atra-
Penso que, na verdade, no Brasil ainda não
zados, situações próprias de projetos de vés do investimento de importantes esforços
houve uma verdadeira “decisão-País, para
escala superior a 1.000 ou mais toneladas e recursos financeiros por vários anos. Só
impulsionar os cultivos de peixes marinhos e,
de cultivo anual por empreendimento. No assim se conseguirá equilibrar a produção
se houve, as estratégias utilizadas não apresen-
entanto, estas situações ainda não estão com a demanda dos consumidores nacionais
taram os resultados esperados. Até agora, o
recebendo o devido apoio das autorida- e estrangeiros a preços convenientes.
Brasil tem preferido focar mais nos cultivos em
des, as quais, no meu entendimento, de-
águas interiores, descuidando das possibilida-
veriam encabeçar o processo de desenvol- A tecnologia offshore está adequada à pro-
des de cultivo no mar, onde eu vejo grandes
vimento da aquicultura offshore, apoian- dução artesanal?
expectativas de desenvolvimento futuro. Como
do desde a criação do Instituto Brasileiro
apontei, o desenvolvimento do cultivo de pei-
de Aquicultura Oceânica, gerando as nor- Eu creio que não. Os cultivos offshore são
xes marinhos, especialmente de espécies nati-
mativas necessárias e buscando os melho- definitivamente apropriados para produções
vas, requer consistência tecnológica no tempo
res incentivos para essa desafiante etapa de média ou grande escala. É difícil imaginar
(10 ou mais anos), além de recursos financei-
de desenvolvimento pré-competitivo. cultivos familiares ou artesanais dessas mag-
ros, e ambos têm faltado, entre muitas outras
nitudes a curto e médio prazos. No caso do
coisas. Assim, quando o Brasil realmente consi-
No Brasil existe tecnologia? Há limitação cultivo artesanal, todavia, devem ser defini-
derar seriamente essas matérias, deverá en-
de mercado? das e estudadas quais são as tecnologias
frentar ambientes de mercado mais desafian-
mais apropriadas e os tamanhos mínimos de
tes e maior competição com outros países
Atualmente existe tecnologia razoavel- projeto que sejam economicamente viáveis,
produtores. No Brasil me preocupam os avan-
mente confiável para produzir juvenis de para trabalhar-se de forma mais simples, na
ços erráticos do cultivo de beijupirá, pois as
beijupirá em laboratórios em terra, com zona costeira, onde existem comunidades de
demoras em consolidá-lo gerarão a imagem de
água marinha bombeada. Ainda falta a pescadores que poderão interessar-se por
um cultivo ‘em dificuldades’, ou de ‘alto risco’
formação de um bom plantel de reprodu- esse tipo de cultivo marinho tão promissor.
e, ademais, complicarão a inserção das produ-
tores e desenvolver sistemas de manejo Os projetos de cultivo devem estar centra-
ções do País nos mercados internacionais.
que permitam obter desovas viáveis du- dos em pescadores e/ou aquicultores muito
Mesmo assim, o que é realmente importante
rante a maior parte do ano, para facilitar bem organizados em associações, cooperati-
sobre o beijupirá, é o fato de ser um peixe
ciclos produtivos com produções contí- vas etc., pois dificilmente serão viáveis a
marinho que mostra o maior avanço tecnológi-
nuas, que é o que os mercados deman- nível individual. Contudo, os projetos de
co no Brasil e, por sua qualidade tem, sem
dam. O Brasil ainda não conhece bem os pequena escala necessitarão um grande e
dúvidas, méritos de mercado. Assim, essa es-
cultivos em tanques-redes marinhos de constante esforço do Estado, para garantir
pécie deveria estabelecer-se como um
grandes dimensões, com mais de 20 m de sua sustentabilidade.
‘modelo’ dos cultivos de peixes marinhos no
diâmetro, e redes a mais de 10-15 m de
Brasil e, em conseqüência, o que ocorrer com
profundidade. Tampouco tem experiência
ENT REVIST A ( Bei j u p i rá New s An o 1 No . 2)
8 Oyvind Karlsen , Gerente Geral da Aqualine Chile Ltda.

senho, material, construção/montagem, pode-se distribuir melhor a alimentação,


Qual é a importância das gaiolas na
reboque, operação, manutenção etc. reduzir a hostilidade entre peixes e seu es-
piscicultura marinha?
tresse, e aumentar o crescimento.
As gaiolas flutuantes norueguesas têm
Como em qualquer cadeia produtiva,
diâmetros de 19 a 50 m (circunferência de Como se faz a manutenção e lavagem das
cada elo tem um valor essencial, não importan-
60 a 157 m), sendo o diâmetro de 40 a 50 gaiolas flutuantes?
do em que lugar ele se encontre. A gaiola flutu-
m o mais comum. Os diâmetros das tubu-
ante tem a mesma grande importância na ca-
É fácil desde que a malha esteja sempre
lações variam de 315 a 630 mm, sendo os
deia da piscicultura, já que é uma ferramenta
esticada. É possível realizar a lavagem in situ
mais típicos entre 450 e 500 mm.
não só utilizada para manter peixes em cativei-
com água sob alta pressão. Existem gaiolas
ro, mas também para melhorar e aperfeiçoar
Qual a razão para se usar flutuadores flutuantes circulares com capacidade de
técnicas de trabalho da aquicultura como:
com tubulação de grande diâmetro? resistir a qualquer exposição ambiental, por
alimentação, limpeza, manutenção, controle
exemplo: correntes, ondas, etc. Uma vez que
de pragas, medidas de crescimento, despesca e Para garantir que a malha esteja sempre
se pode manter gaiolas flutuantes em um
minimização dos riscos de fuga, etc. Selecionar esticada e, assim, melhorar o fluxo d’água,
padrão de alta qualidade, assim como boa
o tipo de gaiola flutuante correto é fundamen- o teor de oxigênio e facilitar o trabalho de
ancoragem, o desafio em utilizá-las reside
tal para obter êxito em cultivos. limpeza dessas malhas. A melhor forma
mais num problema biológico do que técni-
de mantê-las esticadas é obtida pela colo-
co.
Como definir o tipo de gaiolas flutuantes, ou
cação de anéis pesados pelos quais passa
saber/assegurar que ele tenha o nível de qua-
as correntes. Isto requer tubos de diâme- Ver: www.aqualine.no
lidade necessário?
tro maior para obter maior flutuação
Qual é sua expectativa com relação à utili-
(maior empuxo).
Para responder esta pergunta deve-se observar
zação de gaiolas flutuantes no Brasil?
que tipo de gaiolas flutuantes outros países
Porque recomenda-se que as gaiolas
estão utilizando, por exemplo, a Noruega que, O Brasil tem possibilidades quase ilimitadas
flutuantes sejam de grande diâmetro?
atualmente, detém grande êxito na criação para cultivo de peixes em suas águas territo-
dessa ferramenta de cultivo. Só assim pode- Quanto menor o número de gaiolas flutu- riais, seja de água doce ou salgada. O impor-
mos (e devemos) aperfeiçoar nosso conheci- antes mais fáceis e menores os custos tante é aprender com as más e as boas expe-
mento porque a indústria de cultivo de salmão relativos à sua operacionalização e menor riências de outros países que também estão
no Chile quase entrou em falência. o investimento por quilograma de biomas- utilizando essa técnica de cultivo. As pala-
sa. Caso se aumente o diâmetro das gaio- vras-chaves para diminuir os riscos são: nor-
Hoje, a Noruega praticamente só comercializa
las flutuantes em 10%, o volume aumenta mas nacionais de regulamentação, fiscaliza-
gaiolas flutuantes circulares (de polietileno),
em 21%. Melhora-se também o fluxo de ção por parte das autoridades, respeito ao
com diâmetros cada vez maiores, devido aos
água e os teores de oxigênio. Aumentan- meio ambiente, trabalhar a longo prazo e,
padrões gradativamente mais exigentes, como
do-se a relação entre o diâmetro das gaio- principalmente, entender que os peixes são
por exemplo, os requisitos operacionais esta-
las flutuantes (D) e a profundidade (P), seres vivos e não cifras de cores azuis ou
belecidos no NS9415 (Norwegian Standard). Lá,
cada concessão de uso de gaiolas flutuantes
em determinado local requer a declaração de
parâmetros como, onda, corrente, vento, pro-
fundidade, tipo de fundo, data etc., muito bem
definido. Ou seja, todas as gaiolas flutuantes
têm que possuir um certificado para operar
segundo os parâmetros declarados de determi-
nado lugar. Tal certificação inclui cálculos, de- VEJA TAMBÉM:
www.regjeringen.no/upload/kilde/fkd/bro/2005/0013/ddd/pdfv/255320-technical_requirements.pdf
ENT REVIST A ( Bei j u p i rá New s An o I No . 1)
9 Al b erto Nu n es—Pro f. Dr. d o L ABO MAR/ UF C

Pode falar um pouco sobre o recente projeto valoração econômica da espécie, formas ações corretivas e programadas, quando se

aprovado pelo CNPq/MPA sobre nutrição, de apresentação do produto, mercado fizerem necessárias. Dentro das minhas atri-

sanidade e valor do beijupirá que o senhor disponível, rentabilidade do negócio. Que- buições estão também às competências

coordena? remos responder estas questões básicas legais definidas no Edital MCT/CNPq/CT-
durante a execução de nossa pesquisa Agronegócio/MPA No 036/2009, dentre elas
Primeiro escolhemos estudar o beijupirá por
que concentrará esforços nas áreas de a prestação de contas financeiras e a consoli-
ser, neste momento, a espécie marinha com a
nutrição e engorda, sanidade e biossegu- dação do relatório técnico final referente à
maior possibilidade de alavancar a maricultura
rança, beneficiamento, mercado e valor Sub-Rede em questão.
no Brasil. Alevinos da espécie já são produzidos
agregado.
em pelo menos três laboratórios no Nordeste, Quais são os recursos envolvidos e o tempo

em escala próxima a comercial. Ensaios de Quais serão as instituições participantes de execução do projeto?

engorda já são desenvolvidos há mais de um e sua responsabilidade?


Foi aprovado um valor total de R$
ano no País, tanto em tanques-rede como em São três as instituições envolvidas na sub- 959.508,92, sendo 41% para custeio, 26%
viveiros. Fábricas de ração já disponibilizam rede: 1) a Universidade Federal do Ceará - para capital e 34% em bolsas. Temos a ex-
alimentos balanceados para a espécie; e, os UFC através de três projetos de pesquisa pectativa de formar pessoal qualificado para
primeiros lotes de beijupirá cultivado já foram do Labomar -Instituto de Ciências do Mar atuar neste novo segmento de negócios da
comercializados no eixo Rio-São Paulo com coordenados pelo Dr. Raul Madrid aquicultura nacional, com a concessão de 17
bons resultados. Contudo, ainda existem dúvi- (viabilidade técnico-econômica e merca- bolsas de Fomento Tecnológico e Extensão
das e/ou ceticismo sobre o cultivo da espécie do), pela Dra. Tereza Cristina Gesteira Inovadora. Todo o projeto terá que ser exe-
até que sua produção comercial se popularize (sanidade e biossegurança) e um sob mi- cutado dentro de um período máximo de
no Nordeste. Assim, quando escolhemos as nha coordenação (nutrição), com apoio do três anos.
áreas de estudo para nossa pesquisa, fizemos o Dr. Marcelo Vinícius do Carmo e Sá; 2) a
Qual será o alcance do projeto para a mari-
exercício de refletir sobre quais são os princi- Universidade Federal do Semi-Árido
cultura nordestina?
pais entraves para desenvolver o cultivo do (UFERSA) onde serão executados dois sub-
beijupirá na região, e não simplesmente o que projetos, um sob a coordenação da Dra. Esperamos responder perguntas de interes-
desejávamos estudar. Celicina M. S. Borges Azevedo (nutrição e se do setor produtivo e que possam de fato

engorda) e outro coordenado pelo Dr. contribuir para o desenvolvimento da pisci-


A iniciativa privada quer saber, por exemplo, se
Alex Augusto Gonçalves (abate, processa- cultura marinha no País. Temos excelentes
é possível cultivar o beijupirá em viveiros, se a
mento e agregação de valor); 3) a Univer- profissionais envolvidos com as pesquisas e
espécie resiste a variações de salinidade da
sidade de São Paulo (USP) com a partici- sabemos que todos terão a preocupação de
água típicas das regiões estuarinas no Nordes-
pação do Dr. Daniel Lemos do Instituto refletir durante a execução dos projetos
te. Sabe-se muito pouco sobre o crescimento,
Oceanográfico (IO-USP) que executará um sobre a aplicabilidade dos resultados e as
a conversão alimentar e a sobrevivência do
projeto pioneiro sobre metodologias de respostas que trarão para a indústria no
beijupirá quando cultivado nessas condições
análises de ingredientes protéicos para o Brasil. Ganhamos um passe para aprender
no Brasil. Por possuir um hábito alimentar
beijupirá. Na função de coordenador te- sobre uma espécie que terá a mesma, ou,
carnívoro, existe também um certo temor que
nho a responsabilidade de estimular a maior importância, que a tilápia e o camarão
a espécie se desenvolva apenas com rações
colaboração entre as áreas temáticas, marinho cultivado tem hoje no mercado
que contenham grandes quantidades de fari-
intensificando a coordenação interna e doméstico de pescados. Assim embarcamos
nha de peixe, um insumo em sua maioria im-
promovendo a integração institucional e na linha de frente de pesquisas em aquicul-
portado que agrega custos muito elevados à
disciplinar durante toda execução das tura. Teremos o dever de compartilhar os
ração. Assim, vamos avaliar o desenvolvimento
pesquisas. Teremos também reuniões dados com a indústria da forma mais assimi-
da espécie com rações elaboradas com ingredi-
semestrais (presenciais ou teleconferên- lável possível para que possa de fato trazer
entes alternativos de menor custo monetário,
cias), para avaliar o progresso dos proje- a repercussão positiva esperada para um
disponíveis regionalmente. Sabe-se também
tos de pesquisa, diagnosticando os proble- aumento da oferta de pescados no Brasil.
muito pouco sobre as doenças de maior ocor-
rência durante o cultivo, como diagnosticá-las mas, compartilhando as informações,

e tratá-las. Existem também perguntas sobre a avaliando o desempenho e implantando


10 DESENVOLVIMENTO DO CULTIVO DO BEIJUPIRÁ (Rachycentron canadum) E
PAMPO (Trachinotus blochii) NA ÍNDIA ANO 3 No 8
Dr.G.Gopakumar,
Beijupirá e pampo são duas que fazem do beijupirá excelente instaladas no mar em 2008, quando
espécies de peixes ósseos para a aquicultura. Nos últimos se alcançou sucesso na primeira
marinhos com muito potencial para anos, a produção de alevinos e e desova induzida. A produção de
aqüicultura na Índia. cultivo do beijupirá estão sementes foi realizada entre março
rapidamente ganhando força em e abril de 2010. Experiências sobre
Rápido crescimento,
muitos países asiáticos. no cultivo da espécie em gaiolas no
adaptabilidade para a reprodução
Antecipando as boas perspectivas mar realizada em Mandapam
em cativeiro, baixo custo de
de cultivo de beijupirá na Índia, o mostraram que os peixes (cada)
produção, qualidade da carne, alta
Centro Mandapam Regional da atingiram um peso médio de 2,5 kg
demanda no mercado,
Central Marine Fisheries Research em 6 meses e 7,3 kg em 12 meses.
especialmente para a indústria
Institute, iniciou o desenvolvimento
sashimi são alguns dos atributos
TEXTO COMPLETO
de matrizes da espécie em gaiolas

O PROGRAMA DE ENGORDA DO BEIJUPIRÁ ESTÁ CORRENDO RISCO


Carlos Gasca - Ilhas da Mulheres - México

Pescadores foram expulsos da executados os estudos para a referido projeto. Dev-se lembrar que
praia e isso afeta o projeto. reprodução de alevinos. há alguns meses, o Ministério das

Como resultado da expulsão Como se sabe, grande parte Comunicações e Transportes,


que sofreram os pescadores da do projeto está planejado para ser através da Marinha Mercante, e

cooperativa "Ilha Branca", que executado pela cooperativa e com a ajuda da Marinha do México,

provocou a perda de mais de 600 apesar de que esta primeira etapa ordenou o despejo de mais de 600

m2 de área Federal, o projeto de poderia ser desenvolvida em m2 de praia (Àrea Federal).

engorda do beijupirá poderá sofrer propriedade privada que ainda Embora a disputa continua, os
atraso embora a primeira parte do pertencem aos pescadores dessa próprios pescadores reconhecem
i nv estim ent o desti na -se à cooperativa, o espaço disponível é que o problema poderá levar anos

construção de viveiros onde serão considerado pequeno para o


TEXTO COMPLETO

BEIJUPIRÁ, A OPÇÃO PRODUTIVA DE ANTILLANA -COLÔMBIA

Desde o começo de 2001, a Assim depois de 20 anos de mares, a produção de pescado torna-
comercializadora e processadora de existência, esta empresa sem dispor va-se cada vez mais escassa e só a
pescados e mariscos Antillana S.A. de matérias primas para processa- inovação e a inclusão de novas tec-
iniciou uma batalha para assegurar mento, teve que recorrer a estratégias nologias podiam abrir um norte dife-
sua sobrevivência. Os efeitos de mercadológicas inovadoras. Estas rente à empresa.
mudanças na taxa de cambio afeta- incluíam a importação de pescado
ram negativamente a maioria das para manter sua sobrevivência e não (A presente matéria foi traduzida do arti-
go “Cobia, La opción productiva de Antil-
fazendas de cultivo de camarão na “afogar-se” num mar de incertezas. lana” elaborada pelo jornalista Hermes
Colômbia, paralisando 29 das 31 Figueroa, e publicada no Jornal Universal
Enquanto esta mudança de de Cartagena – Colômbia, em 12/fev./12).
operações existentes, as quais a-
rumos comprometia seus fornecedo-
basteciam o mercado nacional. TEXTO COMPLETO
res pela falta de matéria prima, nos
11 Jesualdo Pereira Farias
Reitor da U FC
Luis Parente Maia
Diretor do LABOMAR/UFC
Alberto Jorge Pinto Nunes
Coordenador Geral Projeto Beijupirá/CNPq
Raúl Mario Malvino Madrid
Coordenador Sub-projeto Economia e Mercado
raulmalvino@yahoo.com.br

REALIZAÇÃO

APOIO

FINANCIAMENTO

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