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ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA DO NAMIBE

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA MARINHA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Tema:

A PESCA CONTINENTAL: SITUAÇÃO DO STOCK E DE GESTÃO. CASO


DE ESTUDO DO MUNICÍPIO DA MATALA, PROVÍNCIA DA HUILA.

Autor:

JOÃO DOMINGOS DUMBO

Moçâmedes, 2020

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ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA DO NAMIBE

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA MARINHA

Trabalho de Conclusão do Curso para obtenção do grau de


Licenciatura em Biologia Marinha

Tema:

A PESCA CONTINENTAL: SITUAÇÃO DE STOCK E DE


GESTÃO. CASO DE ESTUDO DO MUNICÍPIO DA MATALA,
PROVÍNCIA DA HUILA

Autor:

João Domingos Dumbo

Nº de Registo: 2016103351

Orientador:

Jeremias António Malheiro

Moçâmedes, 2020

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DEDICATORIAS

Este trabalho é dedicado:

À minha querida mãe, Maria de Fátima António,

Pessoa a quem amo com entranhável amor.

Por todo amor, sacrifício e apoio incondicional,

E mais ainda,

Por ser a minha melhor mestra na escola da vida.

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AGRADECIMENTOS

Dou graças a Deus, Criador e Sustentador da minha vida por conduzir-me graciosamente nesta
jornada de cinco (5) anos de labuta intensa. A Sua Graça tem me bastado e tem suprido as minhas
necessidades em tudo no meu percurso académico, a conclusão desta etapa da minha formação é
prova viva disso.

Agradeço a minha querida mãe Maria de Fátima António, que sempre acreditou em mim e deu tudo
de si para que eu pudesse percorrer a minha jornada académica. Mãe, sei que não me deste tudo,
porém o teu tudo sempre serviu- me de grande incentivo nessa jornada, minha eterna gratidão a ti
querida mãe, pela sua abnegação por mim e investimento em mim! Devo essa conquista a senhora
aos meus irmãos António Chivela Dumbo pelo seu apoio financeiro e material e ao Valentim da
Costa Dumbo pela paciência e disponibilidade que teve durante esses 5 anos de sempre fazer os
depósitos e as transferências.

Ao Professor Jeremias António Malheiro (meu tutor), pela paciência, orientação, rigor e incentivo
na feitura deste trabalho até a sua conclusão.

Ao senhor Zé Maria Kandungu pelo acompanhamento a quando da realização do meu curto estágio
no Gabinete de Agricultura, Pecuária e Pesca da Huila. Também gostava de agradecer aos meus
colegas, que durante estes anos estiveram comigo dando o seu apoio moral e financeiro.

Estendo os meus agradecimentos aos meus familiares e amigos por acreditarem em mim e me
apoiarem, e incentivar pacientemente, nessa jornada.

A todos os professores, familiares, amigos e colegas que acompanharam, inspiraram ou


incentivaram e apoiaram o meu percurso académico, e nesse trabalho de forma particular, a minha
eterna gratidão pelo vosso apoio! Verdadeiramente ninguém caminha só.

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ÍNDICE

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LISTA DE FIGURAS

Figuras e Legendas Pág.


Figura. 1.Taxa de variação da biomassa (produção excedente) de dois stock hipotéticos
em relação a sua biomassa---------------------------------------------------------------------------- 35
Figura. 2. Aumento da biomassa de dois stock hipotéticos em função do tempo--------------------- 36
Figura.3 Experiência com o duplo saco------------------------------------------------------------ 39
Figura 4: Matérias mais utilizados pelos pescadores--------------------------------------------- 46
Figura 6: Meses com maiores e menores capturas em função das matérias utilizados------- 49
Figura 7. Embarcação ofertada pelo Repartição Municipal da Matala aos pescadores------ 52
Figura 8. Capturas totais registadas entre 2016 à 2020------------------------------------------- 55

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Lista de tabelas

Tabela 1: Caracterização da amostra por idade.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMPs------------------Áreas Marinhas Protegidas

FAO--------------------Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

PND--------------------Plano Nacional de Desenvolvimento

UNESCO------------ Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

MINPESMAR------Ministério das Pescas e do Mar

TAC-------------------Total Admissível de Capturas

LRBA-----------------Lei dos Recursos Biológico Aquáticos

RGP-------------------Regulamento Geral das Pescas

CEL-------------------Conhecimento Ecológico Local

CPUE-----------------Capacidade Por Unidade de Esforço

CAPA-----------------Centros de Apoio à Pesca Artesanal

CFF -------------------Comprimento Fora a Fora das embarcações

ZEE--------------------Zona Económica Exclusiva

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RESUMO

A pesca é uma das actividades mais importantes economicamente do mundo, movimenta uma
cadeia produtiva que vai da extracção ao mercado consumidor final. A Pesca Continental é uma
actividade distribuída por uma grande parte do território nacional, mas com grande importância
social e nutricional, já que proporciona alimento de alta qualidade nutricional a uma população
muitas vezes com poucas fontes alternativas de nutrientes essenciais.. MINPESMAR (2018).

A informação disponível indica que em muitas das lagoas mais perto dos grandes centros os
recursos estarão a escassear e com claros sinais de sobreexploração, MINPESMAR (2018). Assim,
a presente pesquisa científica intitulada “A pesca continental: situação do stock e de gestão. caso de
estudo do município da Matala, província da Huila” visa analisar a situação de stock e da gestão dos
recursos pesqueiros do município da Matala província da Huila, o que possibilitará a proposta de
medidas para o melhoramento da gestão dos recursos bem como um alivio da pressão que esses
recursos estão sujeitos. Os procedimentos metodológicos utilizados durante a pesquisa foram:
pesquisa bibliográfica e estudo de caso. O método empírico utilizado na colecta de dados foi: o
questionário. O questionário foi aplicado em quarenta (40) pescadores e um (1) funcionário da
repartição municipal de veterinária que representam a amostra seleccionada nesta pesquisa
científica. Os resultados da pesquisa revelaram que os stocks no município em estudo encontram-se
sobre explorado devido uma gestão não sustentável dos mesmos.

Palavras-chave: Stock pesqueiro; pesca continental; gestão sustentável.

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ABSTRACT

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INTRODUÇÃO

Introdução

A pesca é uma das actividades produtivas mais importantes para a humanidade, constituindo-se em
fonte de alimento, comércio, renda e lazer para as comunidades de pescadores, sejam eles
artesanais, esportivos, industriais e outros que trabalham com a pesca, ou que desenvolvem directa
ou indirectamente actividades direccionadas à extracção de recursos do meio aquático, essa
actividade passou por profundas mudanças no último século desde a criação das colónias de
pescadores, até os últimos avanços tecnológicos no transporte e no armazenamento do pescado,
além do aumento da demanda pelo pescado e das novas formas de manuseamento que se processam
em nível local. Contudo, estas modificações só auxiliaram no aumento da pressão sobre os stocks
pesqueiros, causando grandes impactos negativos no meio ambiente e nas populações que
sobrevivem da pesca (João e Silva, 2011).

Num país produtor e consumidor de pescado como Angola, o sector das Pescas e Aquicultura
apresenta um importante potencial para o desenvolvimento nacional, contribuindo não só para a
segurança alimentar mas também para o emprego e o alívio da pobreza das populações, através da
promoção de uma exploração sustentável e equilibrada dos seus recursos pesqueiros. Nos últimos
anos, foi feito um esforço considerável para incrementar o peso do sector das Pescas no
desenvolvimento da economia do País. Houve um incremento da frota pesqueira e realizaram-se
ainda investimentos no domínio do processamento, transformação, conservação e transporte dos
produtos da pesca. Apesar do desenvolvimento do sector, a difícil coordenação e integração dos
diferentes elementos da fileira das pescas e aquicultura, não facilita as necessárias sinergias e a
adição de valor entre os diferentes subsectores. Ministério da Pesca e do Mar [MINPESMAR]
(2018).

Quanto às águas interiores, Angola possui uma das maiores redes hidrográficas de África, com mais
de 20 000 Km de rios e para cima de 1 500 km2 de lagos e lagoas. A maior parte destes está
concentrada no Norte e Leste do país. A maioria dos cursos de água tem caudal permanente,
permitindo a pesca durante todo o ano. Podem-se destacar as bacias dos rios Congo, Cuanza e
Cunene, Okavango, Cuvalei e Zambeze. Os recursos das águas interiores são variados mas ainda
não se encontram plenamente estudados e não se conhece a extensão da sua exploração.
(MINPESMAR, 2018).

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O PND identifica ainda as fraquezas críticas do sector, como (1) Acentuado decréscimo das
biomassas dos principais recursos; (2) Insuficiente qualificação dos recursos humanos e
empresariais; (3) Ausência de uma rede integrada para a comercialização e distribuição dos
produtos da pesca; e (4) Fraca operacionalidade do sector industrial pesqueiro no domínio do
processamento (MINPESMAR, 2018).

Problema da investigação

O rendimento da pesca, que é um dos sistemas de produção de grande importância para segurança
alimentar do planeta, não vinha sendo mais suficiente para atender à demanda mundial, frente ao
crescimento rápido da população mundial e novas demandas. Alguns stocks pesqueiros estão, e
continuam, sob o risco de esgotamento devido à sobre pesca, particularmente aqueles de espécies de
grande valor económico (Jennings et al., 2001). Em função dessas constatações, o problema dessa
investigação consiste em responder a interrogante: Qual é a situação do Stock e da gestão dos
recursos pesqueiros continentais no município da Matala, Província da Huíla?

Justificativa

Um dos pilares de uma gestão pesqueira eficiente é a produção de conhecimento sobre a dinâmica
dos stocks alvo e de seus ecossistemas. Para tanto, são necessárias informações sobre o que e quanto
está sendo capturado (dados de desembarque) e também sobre a biologia e ecologia das principais
espécies alvo. Entretanto, 90% das pescarias de pequena escala operam em países em
desenvolvimento, onde não há muito investimento na obtenção de dados biológicos e ecológicos e
programas de monitoramento de desembarques são raros (FAO, 2016; Peixer e Junior, 2009).

A pesca de águas interiores, a qual ocorre principalmente em países em desenvolvimento na Ásia e


América do Sul, tem sido historicamente pouco estudada e subavaliada (Welcomme, 2010 De
Graaf, 2015).

Essas pescarias caracterizam-se por serem predominantemente de pequena escala, com


desembarques dispersos em diversos, pequenas e muitas vezes remotos portos, o que dificulta o seu
monitoramento. Além disso, a pesca de pequena escala continental tende a ser altamente complexa
em relação a sazonalidade, apetrechos empregados, variedade de habitats explorados e diversidade
de espécies capturadas (Petrere 1978, Welcomme 1985, Bayley e Petrere 1989, Hallwass et al.,
2011).

Esta pesca é ainda responsável pela geração de muitos empregos, renda e garante a segurança
alimentar de milhões de pessoas em todo o mundo ( Welcomme et al., 2010, De Graaf et al., 2015).

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Ambientes aquáticos continental podem ser considerados `` bancos naturais`` cujo o capital (peixe)
é capaz de prover alimento para populações e consequentemente tem um papel importante ao alívio
da pobreza e na segurança alimentar de muitos países (Béne et al., 2009).

Assim, a pesca beneficia directamente a extracção de um amplo capital natural fornecido por
ecossistemas aquáticos (Costanza et al., 1997).

Portanto um melhor entendimento da dinâmica da pesca continental é fundamental para


desenvolvimento de políticas públicas que visam a conservação dos ecossistemas aquáticos e dos
meios de vidas das populações que dependem desses recursos (Bayley e Petrere 1989; Welcomme
et al., 2010, De Graaf et al., 2015).

Apesar da grande extensão das águas continentais de Angola, e de ser conhecida a grande
importância da pesca continental para a segurança alimentar e nutricional das populações do interior
do país, pouco é conhecido sobre os recursos pesqueiros das águas continentais.

Actualmente em Angola são poucas as pesquisas relacionadas com a gestão dos recursos pesqueiros
fluviais. Com o estudo em causa será possível dar um suporte científico sobre a temática em estudo
e trazer informações sobre a pesca continental em Angola tendo em conta a relevância que o mesmo
tem para a população do município da Matala, para a comunidade estudantil em geral e os
académicos, servindo como fonte de investigação para futuros trabalhos.

Antecedentes de investigação

A pesca é uma das actividades mais importantes económica do mundo, movimenta uma cadeia
produtiva que vai da extracção ao mercado consumidor final, esta movimentação deixa milhões de
dólares na economia anualmente e resulta no aumento do nível de emprego e na geração de renda
das economias (Almeida et al., 2002).

O peixe é um dos produtos mais completos, mais aceitáveis alimentos que compõem a mesa da
população, independentemente de etnias e culturas. O mundo com uma população de
aproximadamente 7 bilhões de indivíduos, a pesca deve atender em média 70% dessa população. A
UNESCO (2012) (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) estima uma
população mundial de 9 bilhões de pessoas até 2050.

Isso significa dizer que, pelo ritmo de consumo de peixe que a população actual vem tendo, a pesca
e a aquicultura devem ter sua produção de forma responsável e sustentável, pois têm um papel
essencial de garantir a segurança alimentar e a dinâmica da economia contemporânea. O

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extrativismo da pesca, sendo a extracção bruta dos recursos pesqueiros da natureza é de suma
importância para a sobrevivência do homem. Com o uso intensivo dos recursos pesqueiros e o
crescimento desenfreado da demanda de pescado, a actividade tem passado por grande impacto e
algumas espécies já se tornam escassas. Com base nesse facto, o mais sensato é garantir meios de
gestão e política públicas de forma acessível e adequada para que as empresas e pescadores
consigam praticar sua actividade sem causar danos às espécies e consequentemente ao meio
ambiente (Batista et al., 1998).

Como uma das principais actividades económicas praticadas, a pesca extractiva é responsável pela
geração de milhares de empregos, fonte de renda e principal fornecedora de proteína animal que
compõe a dieta alimentar da população ribeirinha e citadina (Almeida et al., 2002).

Apesar disto, nos últimos anos, o sector tem sofrido com a falta de implementação de políticas
sérias advindas dos órgãos responsáveis pelas políticas regionais (Batista et al., 1998).

A utilização de políticas e acções de sustentabilidade hoje em dia em qualquer actividade, seja ela
pesqueira ou não, garante a médio e longo prazo que uma actividade se mantenha sempre em boas
condições para o desenvolvimento das diversas formas de vida que habitam no planeta. A garantia
dos recursos naturais necessários para as próximas gerações possibilita que os meios bióticos e
abióticos estejam sempre se renovando e garantindo uma boa qualidade de vida para os actuais e
próximos seres que virão. A produção do pescado atingiu aproximadamente 146 milhões de
toneladas em 2009 (FAO, 2011).

Durante as últimas três décadas o número de pescadores e de piscicultores progrediu mais


rapidamente que a população mundial (Garcia, 2013).

Objecto de Investigação

Constitui o objecto da pesquisa a situação do stock e a gestão dos recursos pesqueiros continentais.

Campo de acção

A pesquisa centrar-se-á na situação do stock e de gestão no município da Matala Província da Huíla.

Objectivos

Objectivo Geral

 Apresentar medidas que contribuem para a melhoria da situação dos Stocks e da gestão dos
recursos pesqueiros fluviais no município da Matala, Província da Huíla.

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Objectivos específicos

 Elaborar o referencial teórico do tema em estudo


 Descrever a pesca continental a nível mundial
 Relatar os tipos de artes usadas pelos pescadores
 Constatar a selectividade das artes empregadas na actividade piscatória.
 Avaliar a pesca continental angolana
 Falar sobre contributo do conhecimento local na gestão dos recursos pesqueiros
 Analisar a gestão integrada e participativa dos recursos pesqueiros
 Destacar a contribuição do modelo trade-off na gestão dos recursos pesqueiros

Hipóteses

Para Rudio (1980), hipótese é uma suposição que se faz na tentativa de explicar o que se
desconhece. Esta suposição tem por característica o fato de ser provisória, devendo, portanto, ser
testada para a verificação de sua validade. Trata-se de antecipar um conhecimento na expectativa de
que possa ser comprovado.

 Os stocks pesqueiros do município da Matala estão sobre explorados devido uma gestão não
sustentável dos mesmos dos recursos.

Estrutura do Trabalho

Este trabalho está estruturado em 5 partes, a saber:

A primeira parte é constituída pela parte introdutória;

A segunda, pelo corpo do trabalho que está dividido em dois capítulos:

 O primeiro contém a fundamentação teórica da investigação;


 O segundo pela metodologia, análise e discussão dos resultados;

A terceira parte está constituída pelas conclusões e sugestões;

A quarta contém a bibliografia e,

A quinta parte é constituída pelos apêndices

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CAPÍTULO I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA INVESTIGAÇÃO

Este capítulo apresentará os conceitos de gestão pesqueira, stock pesqueiro, caracterizará a pesca
continental e descreverá quando um stock é sustentável. Conceitos estes que servirão de base para
sustentar o tema do presente projecto. Outrossim, apresentará um dos modelos usados para o estudo
dos stocks pesqueiros, mostrará a importância do conhecimento local e falará sobre a gestão
integrada e participativa.

1.1. Pesca continental a nível mundial

A pesca de águas interiores ou continental, a qual ocorre principalmente em países em


desenvolvimento na Asia, África e América do Sul, tem sido historicamente pouco estudada e
subavaliada (Welcomme et al., 2010; Graaf et al., 2015).

Essas pescarias caracterizam-se por serem predominantemente de pequena escala, com


desembarque dispersos em diversos pequenos e muitas vezes remotos portos, o que dificulta o seu
monitoramento. Além disso, a pesca de pequena escala continental tende a ser altamente complexa
em relação a sazonalidade, artes impregnados, variedade de habitats explorados e diversidade de
espécies capturadas (Petrere 1978; Welcomme 1985; Bay e Petere 1989; Hallwass et al., 2011).

Esta pesca é ainda responsável pela geração de muitos empregos, renda e, garante a segurança
alimentar de milhões de pessoas em todo mundo (Welcomme et al., 2010; Graaf et al., 2015).

Ambientes aquáticos continentais podem ser considerados `` bancos naturais`` cujo o capital (peixe)
é capaz de prover alimento e renda para as populações ribeirinhas e, consequentemente, tem um
papel importante no alivio da pobreza e na segurança alimentar de muitos países (Béne et al., 2009).

Assim, a pesca se beneficia directamente da extracção de um amplo capital natural fornecido por
ecossistemas aquáticos (Costanza et al., 1997).

Ambientes tropicais apresentam uma grande heterogeneidade ambiental e alta adversidade de


espécies de peixes, que influenciam nas características multiespecífica dessas pescarias (Petrere
1978; Vwelcomme 1985; Bayley e Petrere 1989; Isaac et al., 1996; Lun e Dearden 2006; Hallwass
et al., 2011).

Embora pescarias tropicais têm sido normalmente reconhecidas como multiespecíficas (Pauly et al.,
2002; Ostenbrugge et al., 2002).

Elas podem apresentar algum nível de selectividade. Desta maneira, as principais espécies alvo
podem receber a maior parte da pressão de pesca em ecossistemas aquáticos tropicais. É importante

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distinguir o nível de selectividade entre aquelas pescarias multiespecíficas que distribuem o esforço
de pesca entre várias espécies daquelas que concentram a maior parte de esforço em única ou
poucas espécies alvo (Ostenbrugge et al., 2002).

Portanto, um melhor entendimento da dinâmica da pesca continental é fundamental para o


desenvolvimento de politicas públicas que visam a conservação dos ecossistemas aquáticos e dos
meios de vida das populações ribeirinhas que dependem desses recursos (Bayley e Petrere 1989;
Welcomme et al., 2010 Graaf et al., 2015).

1.2. A Pesca Continental em Angola

A Pesca Continental é uma actividade distribuída por uma grande parte do território nacional, mas
com grande importância social e nutricional, já que proporciona alimento de alta qualidade
nutricional a uma população muitas vezes com poucas fontes alternativas de nutrientes essenciais. É
ainda uma fonte de rendimento e emprego para um número muito elevado de pessoas, distribuídas
pela maior parte do território nacional (MINPESMAR, 2018).

Este tipo de pesca realiza-se por quase todo o território nacional, onde há rios, lagos, lagoas ou
barragens, e envolve um grande número de pescadores, que usam o pescado como suplemento
alimentar ou de rendimento familiar (MINPESMAR, 2018).

Apesar da grande extensão das águas continentais de Angola, e de ser conhecida a grande
importância da pesca continental para a segurança alimentar e nutricional das populações do interior
do país, pouco é conhecido sobre os recursos pesqueiros das águas continentais. As espécies mais
exploradas e procuradas são o cacusso (espécies dos géneros Oreochromis e Tilapia) e o bagre
(Clarias gariepinus) (MINPESMAR, 2018).

A informação disponível indica que em muitas das lagoas mais perto dos grandes centros, os
recursos estarão a escassear e com claros sinais de sobreexploração, mas, a grande dispersão dos
locais de pesca não tem permitido a realização de uma avaliação científica do estado geral dos
recursos da pesca continental. A informação disponível sobre capturas e desembarques das espécies
continentais, é insuficiente o que leva à não estipulação de um TAC para a sua exploração
(MINPESMAR, 2018).

A sustentabilidade dos recursos aquáticos nas águas interiores depende directamente da exploração
a que estão sujeitos, mas também, e em grande medida, da qualidade do meio aquático onde vivem,
incluindo o volume de água e os potenciais contaminantes que afectam (MINPESMAR, 2018).

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A pesca continental em Angola está fortemente integrada com as outras actividades nas regiões
circundantes e, particularmente com a actividade agrícola e a pecuária. Simultaneamente, é em si
própria uma actividade complexa, envolvendo preparação de artes de pesca, captura, processamento
e comercialização de um produto de grande valor nutricional e económico, mas também altamente
perecível. Para que este subsector possa dar o melhor contributo para o desenvolvimento
socioeconómico nacional de uma forma sustentável, de forma a satisfazer as necessidades das
gerações actuais sem comprometer os direitos das gerações futuras, há que gerir o ordenamento
deste subsector de forma integrada, tanto no interior do subsector como na ligação com os sectores
que lhe estão associados (MINPESMAR, 2018).

1.2.1. Caracterização da frota

1.2.1.1. Registo das embarcações de pesca

De acordo com a LRBA (Lei dos Recursos Biológicos Aquáticos) e o RGP (Regulamento Geral da
Pesca), a classificação actual das embarcações nos diferentes segmentos é feita considerando o seu
comprimento fora a fora (CFF) e potência de motor (HP), e de acordo com (RGP, art.º 53). As
embarcações tradicionais sem motor são classificadas na pesca de subsistência. Estas embarcações
não têm capacidade de congelação a bordo, embora algumas possam transportar gelo para
conservação do pescado, e pescam maioritariamente com cerca, a maioria das embarcações
empregues na pesca em águas interiores são canoas, não motorizadas, maioritariamente de madeira,
de comprimento até 6 m, sem condições de conservação de pescado. O número de embarcações
dedicadas à captura continental é desconhecido. As artes de pesca mais utilizadas são as redes de
emalhar, linha de mão, palangres e armadilhas (MINPESMAR, 2018).

Como no caso da pesca marítima, as embarcações deverão ser registadas no Cadastro das
Embarcações do MINPESMAR. Aplicar-se-á à frota de subsistência e artesanal da pesca
continental a definição da requalificação dos segmentos da pesca em geral. Apenas é permitida a
pesca em águas interiores às embarcações da pesca de subsistência e artesanal. A frota de pesca é
muito diversificada, em todos os aspectos, desde a dimensão das embarcações e materiais do casco
até às artes e métodos de pesca utilizados, e explora uma grande variedade de recursos pesqueiros
(MINPESMAR, 2018).

1.2.1.2. Registo e cadastro da frota e das empresas de pesca

Para o desempenho das suas obrigações de gestão do sector, o MINPESMAR é obrigado por Lei
(RGP, Secção IV) a efectuar o inventário e manter um Cadastro actualizado que inclua todas as

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embarcações usadas na actividade da pesca no país, assim como todas as empresas e instalações
relacionadas com a pesca. É essencial que este registo e cadastro esteja permanentemente
actualizado e seja de fácil acesso e pesquisa para um bom funcionamento da administração do
sector (MINPESMAR, 2018).

Neste momento o inventário das embarcações pertencentes aos diferentes segmentos encontra-se
disperso e incompleto. Embora o Cadastro da frota industrial e semi-industrial sejam actualizados
regularmente, o mesmo não se passa com a frota artesanal, de subsistência e recreativa.
Adicionalmente, a informação do Cadastro é de difícil acesso por falta de um sistema de base de
dados a funcionar. A gestão do Cadastro é ainda dificultada pela ausência de um sistema no registo
das embarcações que permita seguir as embarcações ao longo de toda a sua vida, com excepção das
embarcações maiores, com mais de 100 GT (que têm IMO atribuído). MINPESMAR (2018i).

1.2.1.3. Ciclo de gestão de pescas

Actualmente, ainda não está em funcionamento um processo integrado plurianual de gestão da


actividade da captura formalmente estabelecido. Mas são adoptadas num ciclo anual; após
propostas pela investigação pesqueira e discutidas no Conselho Técnico Cientifico, Conselho de
Gestão Integrada e Conselho Consultivo do MINPESMAR, são apreciadas e aprovadas pelo
Conselho de Ministros. O estabelecimento de um sistema de gestão com um horizonte de mais
longo prazo, mais estável, com uma programação tanto quanto possível plurianual, poderá facilitar a
capacidade de programação e sustentabilidade da indústria (MINPESMAR, 2018).

O ciclo de gestão de pescas inicia-se anualmente com a produção do relatório anual de avaliação do
estado das pescarias e recursos pesqueiros, da responsabilidade da investigação pesqueira, e que
também inclui proposta de recomendações de gestão. A gestão do sector e a sua sustentabilidade e
rentabilidade dependem, em grande parte, da qualidade desta avaliação e das recomendações de
gestão, que por sua vez dependem absolutamente da qualidade da investigação que lhes está
subjacente (MINPESMAR, 2018).

A investigação das pescas, e a produção de análises do estado dos mananciais e da pesca, é da


responsabilidade da investigação pesqueira, enquanto que a recolha dos dados de captura e esforço
da pesca comercial é da responsabilidade de diversas estruturas da administração pesqueira. O bom
desempenho destas tarefas exige um sistema de recolha e organização da informação sobre a pesca
e as características biológicas do pescado desembarcado, a capacidade para executar investigações

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no mar sobre os recursos e as condições ambientais de que estes dependem, e a disponibilidade de
recursos humanos qualificados em número e especialização adequados (MINPESMAR, 2018).

No que se refere à gestão do sector nas águas interiores, das zonas de pesca e os corpos de águas
continentais, que são em geral de difícil acesso, é difícil estabelecer um programa de gestão e
investigação regular. Deste modo, a gestão e a investigação pesqueira para as águas continentais
não têm capacidade suficiente para a concretização de um planeamento sustentável para a
exploração destes recursos (MINPESMAR, 2018).

Devido à complexidade multissectorial e transversal de recolha e análise de dados com objectivo de


apoio à gestão do sector das Pescas, tem sido difícil estabelecer um sistema de gestão de pescas
adequado às potencialidades do País, que permita realmente maximizar os benefícios sociais e
económicos do sector de forma sustentável. A capacidade de gestão institucional é insuficiente,
principalmente devido à falta de recursos humanos devidamente formados e em números
suficientes, de capacidades logísticas e financeiras nas diferentes áreas de todos os órgãos tutelados
do MINPESMAR e dos Governos Provinciais. Existe ainda uma necessidade urgente de capacitar
os gestores de uma melhor compreensão na interpretação dos resultados da investigação
(MINPESMAR, 2018).

Por outro lado o sistema de gestão dos dados da pesca deve ser coordenado e implementado com
colaboração directa dos gestores. Para que o PNAB (Plano Nacional de Observação Biológica)
funcione sem sobressaltos é necessário incentivar um Programa Nacional de gestão de dados da
pesca interligado com o projecto de criação da base de dados em curso no ministério.

1.3. Gestão da pesca continental

A pesca é uma actividade de grande importância em todo o mundo, tanto em termos económicos
como socioculturais. No passado, os recursos marinhos eram considerados ilimitados, no entanto,
com o aumento do conhecimento científico e o rápido desenvolvimento do sector das pescas
percebeu-se que, apesar de serem renováveis, estes não são infindos e necessitam de ser geridos de
uma forma sustentável (FAO, 1995).

De uma forma relativamente simples mas abrangente, podemos começar por conceituar gestão
como um processo de se conseguir obter resultados (bens ou serviços) com esforço dos outros.
Pressupõe a existência de uma organização, isto é, várias pessoas que desenvolvem uma actividade
em conjunto para melhor atingirem objectivos comuns (Teixeira, 2013).

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Sætersdal (1984) definiu o princípio geral da gestão pesqueira como: "Obter a melhor utilização
possível do recurso em proveito da comunidade"

Todos os tipos de pescarias, para que sejam sustentáveis e delas possa se obter o maior rendimento
com o menor custo, devem ser geridas (Cochrane et al., 2011).

O Código de Conduta para a Pesca Responsável (CCPR) estabelece que a gestão deve promover a
manutenção da qualidade ambiental e da biodiversidade, como também a disponibilidade dos
recursos pesqueiros em quantidades suficientes para as gerações presentes e futuras, num contexto
de segurança alimentar, de mitigação da pobreza e de desenvolvimento sustentável (FAO, 1995).

Abordagens comumente usadas para a avaliação e a gestão de pescarias artesanais, especialmente


em países em desenvolvimento têm se mostrado menos efectivas do que o necessário para garantir a
sustentabilidade e o suprimento de pescado (FAO, 2003; Cochrane, 2000).

Um dos pilares de uma gestão pesqueira eficiente é a produção de conhecimento sobre a dinâmica
dos stocks alvo. Para tanto, são necessárias informações sobre o que e quanto está sendo capturado
(dados de desembarque) e também sobre a biologia e ecologia das principais espécies alvo.
Entretanto, 90% das pescarias de pequena escala operam em países em desenvolvimento, onde não
há muito investimento na obtenção de dados biológicos e ecológicos e programas de monitoramento
de desembarques são raros (FAO, 2016; Peixer e Junior, 2009).

Especificamente, o conhecimento do pescador tem sido cada vez mais útil principalmente em
situações dado-deficientes (data-poor fisheries)1, isto é, situações em que dados científicos formais
para a gestão dos recursos não são disponíveis (Donnell et al., 2010).

Considerando a abordagem tradicional uni-específica para avaliação de stocks pesqueiros, a


ausência de dados disponíveis alavancou o desenvolvimento de métodos que requisitassem menor
quantidade de dados. Modelos baseados em dados de captura (catch-only models) têm sido
desenvolvidos e testados nos últimos anos (Rosenberg et al., 2014; Froese et al., 2016).

Estes métodos consideram modelos de dinâmica populacional mais simples, como por exemplo, o
modelo de produção excedente de Schaefer (1954), e adoptam uma abordagem Bayesiana, que
permite a inclusão de informações a priori para os parâmetros de interesse, produzindo estimativas
de parâmetros importantes para a tomada de decisão, como por exemplo, o rendimento máximo

1 pesca com poucos dados

21
sustentável (MSY), e assim extrair informações relevantes quanto, ao nível de capturas que
mantenha o stock ao longo do tempo (Medley et al., 2009; Martell e Froese, 2012).

Embora exista forte argumentação em relação ao uso de dados de captura para a avaliação de stock,
este tipo de dado é muitas vezes, a única informação disponível, principalmente em países em
desenvolvimento (Cochrane, 2005).

E pode ser extremamente útil para a modelagem em sistemas considerados limitados em dados,
característica também associada à pesca continental (Welcomme et al., 2010).

A actividade pesqueira é sustentável se os ecossistemas aquáticos, incluindo suas funções e


serviços, persistirem em longo prazo (Arlinghaus et al., 2002).

Assim, a preocupação com os impactos directos, indirectos e acumulativos da pesca comercial no


ecossistema não podem ser negligenciadas (Fluharty, 2000; Zhou et al., 2010).

A gestão da pesca que foca apenas na maximização da captura de uma espécie alvo, ignorando as
relações ecológicas entre os componentes do ecossistema, tende a ser limitada (Pikitch et al., 2004).

Nesse sentido, cada vez mais tem sido discutida a abordagem ecossistêmica da gestão de recursos
naturais, que envolve diferentes dimensões (institucional, humana e ecológica). Assim, quando se
dá ênfase à perspectiva pesqueira ou a uma visão holística do ecossistema, denomina-se de gestão
da pesca baseada no ecossistema “ecosystem-based fisheries management” (FAO, 2003; Pikitch et
al., 2004)

A utilização sustentável dos recursos naturais, especialmente de recursos pesqueiros, é um grande


desafio que precisa ser desenvolvido a partir de seis etapas: política, económica, social, cultural,
ambiental e técnica. Os recursos pesqueiros podem ser utilizados economicamente pela pesca
industrial, assim como pela comunidade tradicional, utilizando a pesca como subsistência (Fapesp e
Hucitec, 2004).

É notório ressaltar que, para promover o uso sustentável desse recurso, destacam-se diversos
aspectos envolvidos no processo. O primeiro é o técnico-científico, por meio do qual se tem
informações sobre os aspectos biológicos das espécies de uso económico, assim como sobre as
interacções com as outras espécies, realizando estatísticas da pesca e a avaliação do stock, com o
intuito de conhecer o potencial e utilizar em uma administração sustentável. O segundo é a questão
administrativa, que definirá as medidas de ordenamento, tais como, tamanho mínimo de captura,

22
número de pescadores profissionais, quantidade de captura e o período de veda (Mahon e
Mcconney, 2001).

O terceiro é a directriz política, que determinará a conciliação dos diferentes usos da terra,
mantendo a integridade dos recursos naturais. O quarto é o económico-social, em que, na grande
maioria, os pescadores apresentam baixa escolaridade e pouca capacidade de organização e são
responsabilizados pela falta ou pela diminuição de peixes, principalmente pela incapacidade em dar
resposta à sociedade (Bouamrane e Antona, 2001).

Nesse contexto, para que a actividade pesqueira seja sustentável, trazendo benefícios a esse recurso,
faz-se necessário que os instrumentos existentes possam ser utilizados de forma lógica e racional,
considerando as informações técnico-científicas, os instrumentos de manuseamento da pesca e o
uso adequado do ambiente que assegure as condições de existência e sobrevivência dos peixes
(Brown e Tompkins, 2002).

A proibição da pesca não garantirá o retorno do peixe, e sim através da gestão integrada e
participativa que contemple os diferentes interesses de todos os segmentos da sociedade envolvidos
nesse tema. Isso implicará na intervenção directa na produção de conhecimento da realidade, no
planeamento, na execução, no controle, na avaliação e no redimensionamento das acções a partir
das demandas locais (Cruz e Almeida, 2010).

1.3.1. O contributo do conhecimento local na gestão dos recursos pesqueiros

Longas séries de dados da pesca são raras em todo mundo e mesmo assim abrangem períodos
curtos, a maioria menor que 30 anos (Pinnegar e Engelhar, 2007).

Essa falta de dados temporais é um desafio adicional para cientistas pesqueiros e conservacionistas
em ambientes tropicais, onde mesmo curtas séries dados são geralmente de conhecimentos local de
populações humanas que dependem directamente dos recursos naturais pode ser uma peça chave
como ponto de partida para os estudos de conservação dos recursos (Pauly 1995; Huntington 2002;
Johannes et al., 2000; McClenachan et al., 2012).

Historicamente, a avaliação dos stocks pesqueiros tem sido realizada utilizando modelos uni-
específicos, e as acções de manuseamento são tomadas unicamente em relação às populações dos
stocks alvo da pesca. Nos últimos anos, novas abordagens passaram a incluir dois pontos
fundamentais: a valorização do conhecimento do pescador sobre os recursos que ele explora e o
conhecimento e protecção do ecossistema (incluindo espécies não-alvo da pesca ). (Leite e Gasalla,
2013).

23
Este conhecimento local dos pescadores tem sido adoptado para obter informações sobre a biologia
e ecologia das espécies alvo (Leite e Gasalla, 2013).

Contudo, a ciência pesqueira clássica e a maioria dos estudos têm abordado principalmente a
biologia populacional das espécies mais exploradas, sem levar em consideração o factor humano da
actividade, sendo este geralmente resumindo a conceito simples de ``esforço`` de pesca (Salas e
Gaertner 2004).

Estudo sobre o conhecimento ecológico local (CEL) de populações humanas acerca de seus
recursos têm recebidos bastante atenção na literatura cientifica nas suas áreas de ecologia,
manuseamento e conservação nos últimos anos (McLachlan, 2008; Huningion, 2011)

Actualmente muitos cientistas têm realizados estudos com populações humanas e incorporando o
conhecimento ecológico local dessas populações como complementos em suas pesquisas cientificas
(Poizat e Baran 1997; Calheeiros et al., 2007).

Estudos sobre CEL de populações locais e tradicionais fornecem importantes informações sobre as
interacções ecológicas de diversos recursos utilizados por populações humanas (Huntington 2000;
Bergossi et al., 2004; Silvano et al., 2006; Jones et al., 2008).

O CEL de pescadores pode revelar importantes informações sobre o tamanho e abundância dos
peixes capturados, seu comportamento bem como indicar a situação dos recursos explorados na
pesca actual e passada (Poizat e Baran, 1997; Huntington, 2000; Johannes et al., 2000; Silvano e
Begussi, 2010; Le Fur et al., 2011; Herbst e Henazaki, 2014)

Através do CEL2 é possível registar rotas de migração, períodos e áreas de desova, bem como a
dieta de importantes para a pesca (Silvano, 2008).

Estes estudos também permitem a pesquisadores verificar mudanças ambientais a longo prazo,
dificilmente registradas cientificamente ( Calheiro et al., 2000; Fernandez-Gimenez, 2000; Salomon
et al., 2007; Hallawass et al., 2013).

Além de proporcionar indícios para novas hipóteses ecológicas (Huntington, 2000; Silvano e
Valbo-Jorgensen 2008). Estudos sobre o CEL de usuários de recursos têm sido aplicado no
preenchimento de lacunas de conhecimento cientifico (Johannes et al., 2000; Silvano et al., 2006;
Hallwass et al., 2013).

2
Conhecimentos Ecológico local
24
Recentes pesquisas têm aplicado o CEL de pescadores para reconstruir a abundância passada dos
recursos e verificar a redução dos mesmos ou a extinção local das espécies (Hallawass et al., 2013;
Bender et al., 2014).

Tal abordagem vista a lidar com o problema de que, na falta de dados pesqueiros de longo prazo,
cada geração de cientistas pesqueiros ou mesmo de usuários dos recursos, como os pescadores,
tende aceitar os tamanhos da composição do stock do inicio da sua carreira como a base de
comparação para a sua avaliação de possíveis de mudanças e assim sucessivamente, gerando uma
gradual mudança de base de comparação de cada geração de pesquisadores e pescadores, processo
esse denominado de síndrome de deslocamento das linhas de base (shifting baselines syndrome) (
Pauly 1995; Ainsworth et al., 2008).

A percepção território-ambiental dos pescadores, construída a partir de suas relações cotidianas com
os ambientes de pesca, é um importante instrumento para a gestão dos recursos pesqueiros. É por
meio dessas percepções e da relação de coesão entre os pescadores de uma mesma região que eles
tiram conclusões acerca da necessidade da criação de regras para o acesso aos recursos disponíveis
no território (Cruz e Almeida, 2010).

1.3.2. Gestão integrada e participativa dos recursos pesqueiros

A administração dos recursos pesqueiros fundamenta-se em estudos sobre os padrões e níveis de


exploração aos quais estão submetidos os stocks de pescado, portanto, a colecta sistemática de
informações não é um fim em si mesmo, mas uma etapa indispensável para subsidiar o processo de
tomada de decisões políticas, por parte do governo ou do sector produtivo, e deve ser considerada
como actividade prioritária (Aragão, 2010).

Filho (2003) destaca que o regramento da utilização desses recursos é competência do Estado, uma
vez que a Constituição da República estabelece esses recursos como de propriedade pública,
principalmente quanto à responsabilidade social, ao dever de proteger o ambiente tornando-o
sustentável. Embora, verifique-se que o actual modelo de gestão não está sendo demonstrado de
forma efectiva, e em diversas ocasiões, o poder público é inoperante com relação às acções ilícitas
de determinados grupos de actores sociais. Diante disso, é desenvolver uma nova metodologia
como forma de alternativa, conhecida como processo de gestão compartilhada de recursos
pesqueiros.

Entende-se por gestão compartilhada o compartilhamento de poder e responsabilidades entre o


Estado e os usuários dos recursos (tanto os directos - pescadores e empresários de pesca, como os

25
indirectos - turistas, consumidores, usuários de recursos hídricos etc.), através do qual elabora-se
um plano de gestão, que é um conjunto de acções articuladas, com visão de longo prazo e tendo
como base um diagnóstico, estabelecendo objectivos, metas, pontos de referência, indicadores,
medidas de ordenamento, estruturas de acompanhamento, controlo e avaliação (Filho, 2003).

No contexto angolano, sistemas de gestão compartilhada que representam arranjos institucionais


participativos podem intermediar a protecção das sociedades tradicionais, tais como pescadores
artesanais, contra a pressão de práticas insustentáveis de uso dos recursos (Silva e Dantas, 2013).

De acordo com Isaac e Cerdeira (2004), na prática, inúmeros sistemas de gestão compartilhada são
estabelecidos como uma forma mais efectiva para o gerenciamento sustentável dos recursos
pesqueiros, sendo implementados ao longo das bacias hidrográficas e da zona costeira. A forma
como se dá a implementação do sistema de gestão compartilhada na pesca diferencia-se, a depender
do grau de participação efectiva das comunidades e do grau de devolução do poder do governo para
as comunidades locais no processo de tomada de decisão.

A gestão compartilhada dos recursos pesqueiros é definida como uma situação em que as instâncias
governamentais legalmente responsáveis por essa gestão e a comunidade de usuários directos do
recurso compartilham a responsabilidade desse manuseio. É uma situação que está sendo observada
em vários níveis de complexidade e em diferentes contextos socio-ambientais, por todo o continente
sul-americano (Begossi, 2004).

Nesse contexto, no âmbito específico da gestão compartilhada de recursos pesqueiros, verificamos


os chamados Acordos de pesca (Isaac e Cerdeira, 2004).

Acordos de pesca são instrumentos de gestão colectiva dos recursos pesqueiros (podendo se
estender a outros recursos naturais) que, através do diálogo entre os pescadores e os órgãos
responsáveis pela legalização e fiscalização da actividade pesqueira, estabelecem normas de
apropriação desses recursos por meio de portarias que possuem a força de leis através de instruções
normativas (Raseira, 2007).

Para Cruz e Almeida (2010), tais acordos têm sido feitos com objectivo de reduzir o esforço de
pesca e aumentar sua produtividade. A partir dos acordos de pesca, os pescadores adquirem a
responsabilidade de gerir os recursos pesqueiros que estão disponíveis no território, juntamente com
os órgãos responsáveis pela fiscalização e legalização da actividade na localidade, através de um
processo de co-gestão dos recursos pesqueiros (gestão compartilhada).

26
A participação dos pescadores na construção dos acordos de pesca faz com que estes se
identifiquem com as regras criadas, gerando um laço de identidade com esses acordos, o que facilita
seu processo de monitoramento e cumprimento . Dessa forma, os acordos de pesca são uma forma
de democratização da gestão dos recursos pesqueiros, que fortalecem os laços territoriais dos grupos
de pescadores que exercem suas actividades em determinados rios e lagos devido ao poder de
gestão desses recursos serem compartilhado entre esses pecadores e os órgãos responsáveis pela
fiscalização e legalização da actividade, incidindo directamente na construção de territorialidades
colectivas no monitoramento de um bem comum: os territórios aquáticos (Cruz e Almeida 2010).

Situações de gestão compartilhada do recurso pesqueiro estão geralmente associadas ao uso


colectivo desse recurso por um grupo organizado, cujas regras de utilização são estabelecidas
visando o controle e conservação do recurso (D’arrigo, 2010).

Essas regras são fortemente baseadas no conhecimento regional dessas comunidades referente à
dinâmica dos ecossistemas e das suas espécies associadas (Begossi, 2004; Silva e Dantas 2013).

De acordo com Bouamrane e Antona (1998), as especificidades de cada contexto social, económico
e cultural não são levadas em consideração. Mesmo assim, é consenso que há diversos instrumentos
de apoio de tomada de decisão para sistemas de gestão de recursos naturais de uso comum, ou seja,
instrumentos que auxiliam nas escolhas dos actores sociais entre diferentes alternativas possíveis.
Considerando a especificidade do sistema de gestão dos recursos pesqueiros, é importante destacar
a contribuição do modelo trade-off para auxiliar nas escolhas dos actores sociais individuais e/ou
colectivos para a tomada de decisão (Policarpo e Santos, 2008).

A maioria dos instrumentos convencionais identifica o problema, estabelece os possíveis cenários e


selecciona esse cenário, de acordo com as preferências dos tomadores de decisão. Portanto, a
contribuição do modelo trade-off aplicado por Policarpo e Santos (2008) na gestão dos recursos
pesqueiros é fundamental para a gestão compartilhada dos recurso pesqueiros. (D’arrigo, 2010)

1.3.3. A contribuição do modelo trade-off na gestão dos recursos pesqueiros.

Na percepção de Brown et al., (2002), a análise trade-off3 é de grande importância como


instrumento na promoção de uma gestão participativa e integrada. De acordo com os autores, esse
modelo consiste em harmonizar diversos usos dos recursos, com base em representações e seus
possíveis impactos, permitindo a identificação dos diversos actores sociais, seus diferentes

3
Trade-off ou tradeoff é uma expressão em inglês que significa o ato de escolher uma coisa em detrimento de outra e
muitas vezes é traduzida como "perde-e-ganha".
27
interesses, visões, conhecimentos e valores envolvidos no sistema de gestão e, assim, modificá-lo. É
uma análise flexível que pode ser modificada de acordo com o desenvolvimento das preferências
dos actores sociais ou quando uma nova informação científica ou social se torna disponível, além de
poder ser aplicada interactivamente ao longo do tempo.

O processo de análise de trade-off, através da combinação de processos deliberativos, avaliação de


impactos e construção de consenso, possibilita que a deliberação e a análise possam coexistir e
contribuir para as tomadas de decisão no sistema de gestão (Policarpo e Santos, 2008).

De acordo com Policarpo e Santos (2008), o modelo trade-off pode ser detalhado em sete

etapas:

1) Identificar os actores sociais envolvidos no sistema de gestão: verificar se os actores sociais são
indivíduos ou grupos que manifestam algum tipo de interesse ou alguma reivindicação no processo
de apropriação e gestão de recursos naturais.

2) Categorizar os actores sociais em grupos prioritário: Identificar os actores que estão engajados
activamente no processo de gestão e verificar a influência do nível de poder que os actores sociais
têm sobre o resultado de uma decisão e de importância.

3) Explorar os conflitos: verificar a oposição de valores ou necessidades. A falta de informação, de


incompatibilidade de valores e crenças de ordem religiosa e/ou cultural, de relações pode gerar
conflitos quando afectam outros usuários. Entendendo quem são os actores sociais e quais são seus
interesses, é possível explorar seus conflitos.

4) Analisar quem deve ser incluído ou excluído da deliberação: a partir das seguintes etapas:

Primários – são os incluídos. Devem sempre manter-se interessados, comprometidos e participantes


no processo; Secundários – são os Consultados – incluem gestores dos recursos e responsáveis
pelas decisões, mas devem evitar encontrar-se com os primários; Externos - são os informados – sua
presença pode inibir a discussão e colocar em risco a possibilidade de todos os actores sociais
trabalharem juntos em um estágio posterior.

5) Utilizar técnicas de engajamento: incluir os actores sociais nos processos deliberativos através de
apresentações públicas, encontros abertos, grupo focal, entrevistas individuais e semiestruturadas,
pesquisa informal, questionário. Assim como o diálogo participativo, com discussões e deliberações
e a aplicação de um modelo de co-gestão.

28
6) Entender as preferências dos actores sociais: incluir os actores sociais nos processos de tomada
de decisão e entender suas diferentes preferências, assim como a influência de seu comportamento e
o ambiente em que estão inseridos.

7) Gerar informações pertinentes sobre impactos de cenários: informar sobre os impactos dos
possíveis cenários objectivando minimizar os conflitos e a distribuição equitativa, eficiência e
efectividade e, principalmente, a legitimidade e a confiança produzidas pelos actores sociais.

A partir das etapas do modelo trade-off adaptado por Policarpo e Santos (2008), percebe-se a
maneira de como organizar o jogo de actores sociais individuais e/ou colectivos envolvidos no
processo, levando em consideração os diversos interesses, muitas vezes conflituantes, dos diversos
usuários do recurso. Uma parte importante dessa análise a ser aplicada na gestão dos recursos
pesqueiros é viabilizar um cenário que possa ocorrer a participação dos actores sociais que utilizam,
directa ou indirectamente, esse recurso. Assim, é necessário construir o seguinte cenário: 1)
Moradores que façam parte actualmente de uma organização que representem os interesses das
comunidades locais, 2) Moradores que não estejam envolvidos e nem acompanhando as actividades
de gestão, 3) Proprietários cujas actividades e interesses não necessariamente estejam relacionados
aos objectivos da gestão, 4) Moradores do entorno, 5) Responsáveis pela gestão, 6) ONGs
envolvidas, 7) Autoridades municipais locais, 8) Instituto de pesquisas.

1.4. Medidas de gestão

A Lei dos Recursos Biológicos Aquáticos na sua parte introdutória (Lei n° 6-A/04 de 8 de
Outubro) faz menção de que as políticas de conservação e renovação sustentável dos recursos
biológicos aquáticos exigem do Estado a adopção de medidas reguladoras adequadas para o acesso
ao seu uso e exploração de modo responsável. As características dos recursos biológicos aquáticos,
no actual contexto de desenvolvimento social e económico de Angola, aconselham à adopção
dessas medidas, em especial de ordenamento de pescas e de protecção dos recursos, de modo a
concretizar a integração da pesca nas águas marítimas e continentais.

Com a aprovação da Lei n° 20/92, de 14 de Agosto - Lei das Pescas - procurou-se harmonizar a
legislação então dispersa sobre a pesca em águas marítimas, com particular predominância de
normas relacionadas com as actividades piscatórias, por um lado e, por outro, de consagração de
disposições de instrumentos internacionais de que Angola passou então a fazer parte, em especial a
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

29
No entanto, as normas sobre a pesca em águas continentais e sobre a aquicultura, mantiveram-se
dispersas em vários diplomas reguladores de outras matérias, para além de terem vindo a revelar-se
cada vez mais desactualizadas.

Segundo a Lei dos recursos Biológicos aquáticos «Águas continentais», todas as águas que
constituem parte do ciclo hidrológico nacional não incluídas nas águas interiores e reguladas na Lei
nº 6/02, de 21 de Junho.

1.4.1. Medidas de Gestão de Pesca para 2020 artigo nº 18

Para a Pesca Continental é obrigatório:

a) O uso de malhagem mínima de 36 mm


b) A introdução do sistema de recolha de dados de esfoço e capturas
c) implementação de Programa de observadores Comunitários

1.5. Avaliação dos stocks pesqueiros

O período marcado pelas duas últimas décadas do século 20 foi denominado como “A Idade de
Ouro” para avaliação dos stocks pesqueiros devido ao avanço matemático e estatístico no ajuste dos
modelos de dinâmica populacional (Quinn, 2003).

Estes avanços possibilitaram o surgimento do paradigma de “análise integrada” que consiste em


ajustar todos os dados disponíveis a um único modelo de dinâmica populacional que tem como
função de força as capturas totais. As análises integradas pressupõem que os dados apresentem
informações complementares de diferentes aspectos da dinâmica de uma população explorada
(Maunder, 2003).

O desenvolvimento deste paradigma tem proporcionado o surgimento de modelos de avaliação de


stock mais flexíveis (Ralston e Ianelli, 1998).

A pesca marinha, especialmente a industrial, movimenta muitos recursos financeiros, sendo uma
importante actividade económica mundial. A elevada quantidade de recursos movimentados e o
incentivo à pesquisa, principalmente nos países desenvolvidos, favoreceram a implementação de
diversos programas de monitoramento, o que acarreta maior disponibilidade de dados,
possibilitando a realização de análises integradas (FAO, 2010).

Na pesca continental, ao contrário, e apesar de assumir importante papel na seguridade alimentar e


prevenção da pobreza, em especial a pesca artesanal nos países em desenvolvimento (Bank et al.,
2010; FAO, 2010).

30
O conjunto de dados disponíveis para avaliação dos stocks explorados deixa a desejar tanto em
quantidade quanto em qualidade sendo frequentemente inexistente até mesmo séries temporais de
capturas. Este cenário de insuficiência de dados dificulta a utilização de análises sofisticadas para a
avaliação do estado dos stocks pesqueiros, como é o caso das análises integradas (Welcomme,
1990).

1.5.1. Dificuldades no estudo do stocks pesqueiros da pesca de pequena escala

Entretanto, a pesca de pequena escala tem sido historicamente pouco estudada ou mesmo ignorada
em pesquisas cientificas (Bene et al., 2009; Castello et al., 2009; Navy e Bhattarai, 2009).

Um dos motivos para a falta de estudos é a sua característica peculiar, pois é exercida por um
grande número de trabalhadores, com modalidades de captura muito variadas, que exploram amplas
áreas e desembarcam suas capturas em locais dispersos (Mcclanahan et al., 2009; Hallwass et al.,
2011).

Alem da variabilidade espacial e temporal do esforço, existe vários locais de desembarque e o


acesso limitado a colecta de dados biológicos, dificultam a obtenção de dados e a analise desta
actividade (Volstad et al., 2014).

E fazem que esta actividade seja considerada muito complexa para compreender sua dinâmica
(Pasquotto e Miguel, 2004).

Contudo, o monitoramento ao longo do tempo da abundância de um recurso pesqueiro que se


encontra sob um esforço de captura permite estabelecer medidas de ordenamento. Por isso os
estudos desta modalidade de pesca são importantes, pois permitem obter subsídios para politicas
públicas e medidas de manuseamento sustentável.

1.6.2. Modelos de produção excedente

Os modelos de produção excedente constituem uma das ferramentas disponíveis para os estudos de
avaliação do nível de exploração dos stocks pesqueiros e são também denominados modelos
sintéticos, holísticos, dinâmicos de biomassa ou simplesmente modelos de produção do stock. Sua
principal característica é que utilizam poucos parâmetros, relacionando os dados anuais de captura
por unidade de esforço (CPUE) ao esforço pesqueiro (f) empreendido ou à mortalidade por pesca
(F) e assumem que a biomassa de peixes presente no ambiente é proporcional a essa relação
(Ricker, 1975).

31
Autores como Ricker (1975), Sparre et al. (1989) e Shepherd (1988), consideram o stock pesqueiro
como uma entidade homogénea, sem distinguir os efeitos do recrutamento, crescimento e
mortalidade natural, como fazem os modelos analíticos, e focalizam somente a produção líquida do
stock.

Historicamente, os modelos de produção excedente foram muito difundidos e tornaram-se a


ferramenta de avaliação mais utilizada em muitas pescarias (Hilborn e Walters, 1992).

Segundo Sparre et al. (1989), a reputação dos modelos de produção excedente vem sendo
reconsiderada, pois, em geral, as estimativas equivocadas foram decorrentes da má qualidade dos
dados e não de falhas dos modelos, e consideram, ainda, que esses modelos fornecem melhores
estimativas de parâmetros para o manuseamento nas pescarias onde é difícil estabelecer a idade dos
peixes, particularmente em pescarias tropicais.

Por outro lado, Pitcher e Hart (1982) aconselham o uso de modelos sintéticos em situações onde os
dados não estão disponíveis em quantidade e qualidade para a aplicação de modelos analíticos.
Reconhecem que, em termos práticos, a maior vantagem desses modelos é que eles requerem
somente dados de captura e esforço de pesca, o tipo de informação que é normalmente acumulado
ao longo de muitos anos nas pescarias.

1.6.3.Modelo de Schaefer

Um dos princípios fundamentais da teoria pesqueira é que existe uma relação, que pode ser
repetida, entre a aplicação do esforço de pesca e a captura média obtida (Ricker, 1975).

A produção (em peso) cresce com o aumento do esforço de pesca até um certo ponto, a partir do
qual declina mesmo com aumento do esforço. A curva dessa função deve ter o formato de cúpula,
semelhante a uma parábola. Porém, esse conceito é uma idealização, pois a relação está sujeita a
mudanças devido a alterações ambientais, podendo haver flutuações na média de um ano para o
outro. Espera-se no entanto que: (1) na ausência de esforço, não haja captura, (2) sob uma
intensidade muito elevada de esforço, o stock seja reduzido a um nível tão baixo que os peixes
remanescentes não são capazes de produzir um excedente e (3) a captura ou produção máxima
sustentável, YMSY (Maximum Sustainable Yield), encontra-se em algum ponto entre esses dois
extremos, de nenhum a um esforço muito elevado (Shepherd 1988; Hilborn e Walters, 1992).

O modelo de Schaefer foi desenvolvido como modelo de pesca por diversos autores, tais como
Graham (1935), Schaefer (1954), Ricker (1975) entre outros, segundo Quinn e Deriso (1999).
Schaefer deu uma brilhante contribuição apresentando um artifício matemático que permitiu ajustar
32
o modelo directamente aos dados reais, que são obtidos de maneira fácil e rotineira da pesca
(Pitcher e Hart, 1982).

Graham (1935) e Ricker (1975) postularam que, “sob condições de equilíbrio, a taxa instantânea de
produção excedente de um stock, a soma de recrutamento e crescimento menos a mortalidade, é
directamente proporcional à sua biomassa, B (multiplicado pela taxa intrínseca de crescimento da
biomassa, r) (Pitcher e Hart, 1982).

E também à diferença entre essa biomassa real e a biomassa máxima, B∞, que o ambiente pode
suportar”, introduzindo um modelo numérico simples e consistente para representar G(B):

dB /dt = r B (B∞ - B) /B∞, onde (1.1)

G(B) = r B (B∞ - B) /B∞,

B = biomassa do stock,

B ∞ = biomassa máxima que o stock pode atingir na condição de equilíbrio

t = tempo, convencionalmente em anos,

r = taxa instantânea de crescimento de um stock; Ricker (1975) utiliza k,

Hutchinson (1981) e Quinn e Deriso (1999) utilizam r, e Pitcher e Hart (1982) atribuem k para o
crescimento em biomassa e r para o crescimento em número.

A relação entre a taxa de variação da biomassa de um stock (produção excedente) e sua biomassa,
B, (Equação 1.1), gera uma parábola. Observa-se que dois stocks hipotéticos com B∞ diferentes,
respectivamente 25 e 50 toneladas, podem apresentar a mesma taxa máxima de produção de
biomassa igual a 1,64 toneladas/ano, permitindo que o mesmo desfrute pela pesca. Neste caso, há
uma compensação na taxa instantânea de crescimento da biomassa, r, respectivamente igual a 0,26 e
0,13 ano−1 (ver figura 1).

Figura. 1. Taxa de variação da biomassa (produção excedente) de dois stock hipotéticos em relação a sua biomassa: (1)
B∞ = 25 toneladas; r = 0,26 ano-1 e (2) B∞ = 50 toneladas; r = 0,13 ano-1. Fonte: Adaptado de Catella, A. C. (2004).
33
Integrando-se a taxa de produção excedente do stock proposta por Graham (1.1), obtém-se o modelo
de crescimento logístico do stock que é a base de todo este desenvolvimento:

Bt = B∞/ [ 1+ exp (-r (t – t0))]

Bt = biomassa do stock no instante t

t = tempo, convencionalmente em anos

t0 = tempo inicial, convencionalmente em anos

Se um stock encontra-se em equilíbrio e cessa o esforço de pesca, sua biomassa aumenta pela taxa
estabelecida em (1.1), que corresponde a um crescimento da biomassa total do stock em relação ao
tempo segundo a equação acima, descrevendo uma curva de crescimento em forma de “S”, a curva
logística de Verhulst (Fig. 2).

Figura. 2. Aumento da biomassa de dois stock hipotéticos em função do tempo: B∞ = 25 toneladas; r = 0,26 ano-1 e (2)
B∞= 50 toneladas; r = 0,13 ano-1 Fonte: Adaptado de Catella, A. C. (2004).

Quando a captura equivale exactamente à produção excedente do stock, assume-se que a pesca está
em equilíbrio, obtendo-se a produção de equilíbrio, dB /dt =YE:

YE = FE BE = r BE (B∞ - BE) /B∞, (1.2)

YE = r BE – (r /B∞) BE2, onde (1.3)

YE = produção do stock em equilíbrio,

BE = biomassa do stock em equilíbrio,

FE = taxa instantânea de mortalidade por pesca, que mantém o estoque em equilíbrio com biomassa
BE.

34
Observa-se que a relação entre produção excedente, YE, e biomassa, BE, (1.3) é uma equação
quadrática com sinal negativo no segundo termo, cujo gráfico é representado por uma parábola
emborcada para baixo com um ponto de máximo.

Derivando-se (1.3) e igualando-se a zero obtém-se esse máximo, que corresponde a uma certa
biomassa, BE, da qual pode-se extrair a maior produção de YE, denominadas, respectivamente, de
biomassa óptima do stock, BMSY e produção máxima sustentável, YMSY.

Como a parábola é simétrica, BMSY corresponde à metade da biomassa máxima, B∞, que o stock
pode atingir na condição de equilíbrio:

BMSY = B∞ /2, onde (1.4)

BMSY = biomassa óptima do stock.

Substituindo-se (1.4) em (1.3) obtém-se a produção máxima sustentável:

YMSY = r B∞ /4, onde (1.5)

YMSY = produção máxima sustentável.

Então, em termos práticos, segundo esse modelo, quando um stock pesqueiro foi reduzido à metade
de sua biomassa máxima, ele apresenta a maior taxa anual de reposição ou crescimento liquido, que
vem a ser a produção excedente disponível para a pesca (1.4). Ao mesmo tempo, a quantidade
máxima que pode ser capturada a partir de um stock, é directamente proporcional ao tamanho
máximo que esse stock pode alcançar, B∞ e à sua taxa instantânea de crescimento, r (1.5)

É possível ainda relacionar a taxa instantânea de crescimento, r, à taxa de mortalidade por pesca,
FMSY, e ao esforço óptimo de pesca, fMSY, na produção máxima sustentável. Substituindo-se
YMSY pelo produto FMSY BMSY (análogos a YE =FE BE de (1.2)) em (1.5) e dividindo-se
ambos os lados por (1.4), obtendo-se:

FMSY = r /2, onde (1.6)

FMSY = taxa instantânea de mortalidade por pesca na produção máxima sustentável.

Desde que F = q f, onde (1.7)

q = capturabilidade,

f = esforço de pesca,

e substituindo-se FMSY de (1.6) em (1.7), obtém-se o esforço óptimo de pesca:

35
fMSY = r /2 q, onde (1.8)

fMSY = esforço óptimo de captura.

Rearranjando-se os termos de (1.2) demonstra-se que, sob as condições de

equilíbrio, existe uma relação quadrática entre a produção excedente, YE e a taxa

de mortalidade por pesca, FE e o esforço de pesca, fE:

YE = B∞ FE - (B∞ /r) FE 2. (1.9)

Como FE = q • fE , pode-se substituir FE por q • fE em (1.9):

YE = q B∞ fE - q (B∞ /r) fE 2, onde (1.10)

f E = esforço de pesca na condição de equilíbrio.

Substituindo-se q B∞ por a, e q (B∞ /r) por b:

YE = a fE – b fE 2, onde (1.11)

a e b = coeficientes.

Dividindo-se (1.11) por fE obtém-se a equação da recta:

YE /fE = a – b fE. (1.12)

Observa-se que (1.11) é uma equação quadrática com sinal negativo no segundo

termo, portanto, uma parábola emborcada para baixo com um ponto de máximo.

Derivando-se (1.11) e igualando-se a zero obtém-se esse ponto de máximo, que

corresponde ao esforço óptimo de pesca ou máximo sustentável, fMSY, empreendido

para extrair a produção máxima sustentável, YMSY:

fMSY = fE = a /2 b. (1.13)

Substituindo-se fMSY por a /2b em (1.11) estima-se a produção máxima

sustentável, YMSY:

YMSY = a2 /4 b. (1.14)

Portanto, a produção máxima sustentável YMSY, e o esforço óptimo fMSY, podem ser estimados
directamente a partir dos estimadores a e b da relação de equilíbrio entre produção e esforço, sem
que se conheça a capturabilidade, q, e a biomassa do e stock, B (Ricker, 1975).

36
1.7. Arte de Emalhar

Tipicamente são longas rede de formato feral rectangular, constituídas por um, dois ou três panos de
diferentes malhagem, mantidas em posição vertical devido as forças opostas produzidas por cabos
de flutuação (ou bóias) e cabos de lastros ( ou chumbos) por vezes são utilizadas isoladamente.

As presas, em princípios peixes e crustáceos, são retidas nestas estruturas por nelas ficarem seguras
pelos opérculos barbatanas, o próprio corpo, espinhos, antenas (emalhe) ou porque, em fase
posterior, nelas se empacham ( isto é: envolvem, enredam). Instituto de Investigação de Pesca e do
Mar [IPIMAR] (2000).

1.7.1. Selectividade da arte Emalhar

A maioria das artes de pesca, por exemplo, redes de arrasto, são selectivas para tamanhos maiores,
enquanto que algumas artes (redes de emalhar) são selectivas somente para um certo intervalo de
comprimento, excluindo assim a captura de peixes muito pequenos e muito grandes. Esta
propriedade da arte de pesca é chamada “selectividade da arte” e é necessário ter em conta, quando
queremos estimar a real composição de tamanhos dos peixes na área de pesca. Ao mesmo tempo, é
uma importante ferramenta para os gestores das pescas que, através da regulamentação dos
tamanhos da malha utilizada pela frota pesqueira, podem mais ou menos determinar o tamanho
mínimo da espécie a capturar, para uma certa pescaria. (Thompson e Bell).

É possível determinar a quantidade e o tamanho dos peixes que escapam através das malhas do
saco, cobrindo-o com um saco maior de malha menor, conforme ilustrado na Fig. 6.1.1. A
selectividade da arte pode ser determinada comparando o tamanho dos peixes retidos no saco com
os retidos no duplo saco. O “método do duplo saco” (Pope et al., 1975, Jones, 1976).

Figura.3 Experiência com o duplo saco. Fonte: Adaptado de

37
Como a probabilidade de um peixe escapar através da malha depende da sua forma, e, em
particular, da relação entre a altura do corpo e o tamanho da malha, é natural assumir uma
proporcionalidade entre d50% (altura do corpo na qual 50% dos peixes são retidos) e o tamanho da
malha:

d50% = A*(tamanho da malha) (6.1.8)

Onde A é uma constante. Como a altura do corpo é aproximadamente proporcional ao comprimento


do corpo aplica-se uma expressão similar da Eq. 6.1.8 ao comprimento do peixe:

L50% = SF*(tamanho da malha) (6.1.9)

onde SF é chamado “factor de selecção”.

As redes de emalhar são “artes passivas”, isto é, os peixes têm que nadar para dentro da rede para
serem capturados. Teoricamente, isto implica que peixes que se movam rapidamente têm uma
maior probabilidade de encontrar as artes passivas, do que os peixes que se movam lentamente.
Sabe-se ainda que peixes maiores movem-se mais rapidamente que os peixes menores da mesma
espécie. A velocidade de natação pode ser aproximada por uma constante vezes uma função
potência do comprimento:

A*LB, onde A e B são constantes (Yates, 1983).

Rudstam, Magnuson e Tonn (1984) incluíram a velocidade de natação (com B = 0.8 para o
coregono, Coregonus artedii, de Wisconsin, USA) num modelo para a selectividade da rede de
emalhar. Eles consideraram a selectividade como o produto de duas probabilidades:

(selectividade) = (probabilidade de encontro) * (probabilidade de ser capturado dado esse encontro)

Contudo, devemos lidar em seguida somente com o último factor, a probabilidade de ser capturado
dado um encontro.

Para redes de emalhar simples, a curva de selectividade tem (ao contrário da curva de selectividade
da rede de arrasto) uma inclinação descendente no seu lado direito. Os peixes pequenos podem
passar através das malhas, tal como para a rede de arrasto, mas os peixes grandes também podem
evitar serem capturados numa rede de emalhar porque as suas cabeças são tão grandes que eles não
podem ser emalhados. Esta é a teoria simples que fundamenta a selectividade em redes de emalhar.
Contudo, o quadro torna-se um tanto mais complicado quando são consideradas outras maneiras
pelas quais os peixes podem ser presos numa rede de emalhar. Karlsen e Bjarnason (1986)
reconhecem quatro maneiras do peixe ser capturado pela rede, tais como:
38
a. “Pegado”, quando a malha prende o peixe logo atrás do olho.

b. “Emalhado”, quando a malha prende o peixe logo atrás da abertura branquial

c. “Entalado”, quando a malha prende o peixe perto da barbatana dorsal

d. “Enredado”, quando o peixe se prende na rede pelos dentes, maxilares, barbatanas ou outras
saliências, sem necessariamente ter penetrado na malha.

CAPÍTULO II. METODOLOGIA, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

2.1. Localização e caracterização da área de estudo

Figura. Fonte:

O Município da Matala localiza-se a Sul da província da Huíla. É limitado a Norte pelo município
de Chicomba, a Leste pelos municípios da Jamba e Cuvelai, a Sul pelos municípios de Ombadja e
Cahama, e a Oeste pelos municípios de Chiange, Quipungo e Caluquembe.

2.1.1. Divisão administrativa | comunas

Administrativamente, o município da Matala compreende Matala (sede), Capelongo, Micosse e


Mulondo.

Possui uma população total de 262,763 habitantes. A sua população é maioritariamente composta
pelo grupo etnolinguístico Nyaneka, integrando também outros pequenos grupos de Umbundo,
Nganguela, Muhumbi e a raça mista, de origem portuguesa. Na maioria esta população dedica-se a
39
actividade agro-pecuária, existindo entre ela camponeses associados, empresários agro-pecuários,
comerciantes e funcionários públicos e privados, a presença do Quartel General da Região Sul das
Forças Armada de Angola (FAA) e outros factores populacionais propiciam o incremento da
actividade comercial A sede, Matala, localiza-se sobre as margens da albufeira do Rio Cunene, o
que faz da região um potencial a nível agrícola, pesca continental e turístico.

2.2.Tipo de investigação

O estudo de caso é uma estratégia da pesquisa que compreende um método que abrange tudo em
abordagens especificas de colecta e análise de dados. É um método qualitativo que consiste,
geralmente, numa forma de aprofundar uma unidade individual. Ele é um estudo empírico que
busca determinar ou testar uma teoria, e tem como uma das fontes de informações mais
importantes, as entrevistas. Através delas o entrevistado vai expressar sua opinião sobre
determinado assunto, utilizando suas próprias interpretações (Yin, 2001).

Gil (2002) diz que as pesquisas descritivas objectivam descrever as características de certa
população ou fenómeno, ou estabelecer relações entre variáveis; envolvem técnicas de colectas de
dados padronizados (questionário, observação); assumem em geral a forma de levantamento. É
aquele que descreve as características de determinada população ou fenómeno.

No dizer de Vilelas (2009), a investigação qualitativa centra-se no modo como os seres humanos
interpretam e atribuem sentido à sua realidade subjectiva. É um método que explora o
comportamento e as experiências dos indivíduos a serem estudados.

Para Marconi e Lakatos (2010) uma pesquisa pode ser classificada sob ponto de vista dos seus
objectivos, do objecto de estudo, da forma de abordagem e dos procedimentos e técnicas utilizadas.
Tendo em conta a natureza do objecto de estudo, o presente estudo é descritivo, sem manipulações
de variáveis, assente na abordagem quantitativa.

Em função das ideias atrás apresentadas o presente trabalho é um estudo de caso de cariz descritivo-
explicativo, apoiado nos paradigmas qualitativo e quantitativo.

2.3. Métodos utilizados

Investigação é um processo de construção de conhecimentos que tem como metas principais gerar
novos conhecimentos, ratificar ou refutar algum conhecimento pré existente, e basicamente é um
processo de aprendizagem tanto do individuo que a realiza, quanto na sociedade esta se desenvolve
(Bell, 1993).

40
Os métodos de investigação são diversos sistemas de procedimentos, utilizados para obter
conhecimentos, os diversos modelos de trabalho ou sequências lógicas, que ajudam a obtenção do
conhecimento científico e orientam uma determinada investigação cientifica; Partindo de que toda a
investigação necessita de métodos, isto é, para a aproximar-se ao fenómeno estudado. Logo os
métodos são importantes porque, eles vão proporcionar caminhos para se atingir um fim (Bisquera,
2008).

Este fenómeno estudado (problema), necessita de seguir uma ordem determinada de passos, de
certas regras ou procedimentos que permitam alcançar o fim que se procura. Logo, não é possível
chegar a um conhecimento concreto sem o uso de métodos. Assim, os métodos de investigação são,
portanto, o conjunto de sistemas de procedimentos que se utilizam para obter conhecimentos ou fim
determinado (Valiente e Gonçalves, 2009). Assim sendo, utilizaram-se os seguintes métodos de
investigação:

2.3.1. Métodos teóricos

 Análise: foi utilizado na síntese de todas as fontes bibliográficas para a fundamentação


teórica da investigação. Para o estudo do stock usou-se um dos modelos de produção
excedente. Os modelos de produção excedente constituem uma das ferramentas disponíveis
para os estudos de avaliação do nível de exploração dos stocks pesqueiros e são também
denominados modelos sintéticos, holísticos, dinâmicos de biomassa ou simplesmente
modelos de produção do stock. Sua principal característica é que utilizam poucos
parâmetros, relacionando os dados anuais de captura por unidade de esforço (CPUE) ao
esforço pesqueiro (f) empreendido ou à mortalidade por pesca (F) e assumem que a
biomassa de peixes presente no ambiente é proporcional a essa relação (Ricker, 1975).
Nesta pesquisa utilizou-se o modelo de Schaefer. O modelo de Schaefer foi desenvolvido
como modelo de pesca por diversos autores, tais como Graham (1935), Schaefer (1954),
Ricker (1975) entre outros, segundo Quinn e Deriso (1999). Schaefer deu uma brilhante
contribuição apresentando um artifício matemático que permitiu ajustar o modelo
directamente aos dados reais, que são obtidos de maneira fácil e rotineira da pesca (Pitcher e
Hart, 1982);
 Síntese: permitiu estabelecer generalizações a partir dos dados obtidos no local;
 Indução: serviu para projectar as acções a levar a cabo durante a investigação;
 Hipotético-dedutivo: foram importantes na elaboração e verificação da hipótese, do
problema científico e na dedução da possível solução do problema;

41
2.3.2. Métodos empíricos

 Observação: este método empírico foi usado na recolha de dados;


 Registo fotográfico: foi utilizado no levantamento de dados do Município da Matala bem
como das espécies e tamanhos de peixes que são pescados Município da Matala Província
da Huila;
 Inquérito: foi utilizado na avaliação do grau de conhecimentos da amostra seleccionada
sobre o assunto em debate.

2.2.3. Métodos estatístico-matemáticos

 Análise percentual: foi útil no processamento da informação obtida;


 Análise de frequência: foi utilizada para valorizar as frequências relativas acerca das
ocorrências de acções antrópicas no campo de acção.

2.3. Procedimentos ou técnicas utilizados

As técnicas de colecta de dados são um conjunto de regras ou procedimentos utilizados por uma
ciência, ou seja, corresponde à parte prática da colecta de dados (Lakatos e Marconi, 2010).

Segundo Cervo e Bervian (2002), observar é aplicar atentamente os sentidos físicos a um amplo
objecto, para dele adquirir um conhecimento claro e preciso. Para esses autores, a observação é vital
para o estudo da realidade e de suas leis. Sem ela, o estudo seria reduzido à simples conjectura e
simples adivinhação.

Os mesmos autores sustentam que o “questionário” refere-se a um meio de obter respostas às


questões por uma fórmula que o próprio informante preenche. Ele pode conter perguntas abertas
e/ou fechadas. As abertas possibilitam respostas mais ricas e variadas e as fechadas maiores
facilidades na tabulação e análise dos dados (Cervo e Bervian, 2002).

Desta maneira e em função da natureza da investigação realizada, foram utilizados os seguintes


procedimentos, seleccionados em função do momento da investigação:

 Recolha de dados: foram aplicados inquéritos a amostra seleccionada;


 Organização de dados: os dados estão organizados em tabelas e espelham os resultados a
serem obtidos;
 Análise quantitativa: permitiu estabelecer percentagens e frequências acumuladas em
relação aos dados da investigação;
 De análise qualitativa: permitiu fazer uma análise qualitativa do ambiente do rio Cunene.

42
2.4. Instrumentos utilizados

Cervo e Bervian (2002) sustentam que o “questionário” refere-se a um meio de obter respostas às
questões por uma fórmula que o próprio informante preenche. Ele pode conter perguntas abertas
e/ou fechadas. As abertas possibilitam respostas mais ricas e variadas e as fechadas maiores
facilidades na tabulação e análise dos dados.

Em função disso, o instrumento utilizado nessa investigação foi questionário que foi utilizado na
forma de entrevista guiada.

2.5. População e amostra

2.5.1. População

Segundo Marconi e Lakatos (2010) a população é definida como sendo “o conjunto de todos os
sujeitos ou outros elementos de um grupo bem definido tendo em comum uma ou várias
características semelhantes e sobre o qual assenta a investigação”.

Para esse estudo foi utilizada uma população de 300 indivíduos que praticam a pesca no município
da Matala, Província da Huíla e capturam peixe e vendem-no em algumas áreas dos bairros que
compõe o Município da Matala.

2.5.2. Amostra

Segundo Marconi e Lakatos (2010), a amostra é uma parte ou subconjunto de uma dada população
que se pretende estudar. A amostra é o conjunto de sujeitos retirados de uma população; quer dizer,
é um subconjunto do universo (população). A amostra é uma parte ou subconjunto de uma dada
população que se pretende estudar. .

Para essa investigação, foi utilizada como amostra 150 indivíduos que praticam a pesca e capturam
peixe e vendem-no em algumas áreas dos bairros que compõe o Município da Matala, Província da
Huila e que correspondem a 50% da população seleccionada. Na selecção da amostra utilizou-se o
critério da representatividade e intencionalidade. Essa amostra é caracterizada como uma amostra
probabilística

A amostra desta investigação está distribuída da seguinte forma:

Tabela 1: Caracterização da amostra por idade.

Idade n %
15------------23 11 27,5%

43
23------------31 9 22,5%
31------------39 9 22,5%
39------------47 4 10%
47------------55 3 7,5%
55------------60 4 10%
Total 40 100%

2.6. Análise e discussão dos resultados

Os dados aqui analisados foram adquiridos utilizando como instrumento de investigação, o


inquérito em forma de entrevista, direccionado aos pescadores, que usam diversos tipos de artes de
artes como emalhar, linha de mão e mosquiteiro e realizam as suas actividade no rio Cunene.

2.6.1. Resultados do inquérito aplicado aos pescadores

Há uma preocupação constante a respeito de recursos pesqueiros e sua escassez, resultante da acção
humana isto é, da falta de fiscalização por parte de quem gere os recursos, do uso de artes não
recomendáveis, do aumento do esforço de pesca bem como da falta de estudo dos stocks pesqueiros
continentais.

O instrumento de investigação era constituído das seguintes questões:

1- Qual é arte usada pela vossa associação (senhor)?

Esta era uma questão de múltipla escolha com objectivo de identificar as artes mais usadas pelos
pescadores. 50% responderam que usam a arte de emalhar, 25% linha de mão e 25% usam o arrasto
(mosquiteiro). Nota-se que existe uma variabilidade nas artes usadas pelos pescadores e, dentre elas
duas a menos destrutiva dependendo do número da malha isto é para arte de emalhar e a linha de
mão, mas entre as três artes declaradas pelos pescadores o uso de mosquiteiro embora sendo a de
menor percentagem não deve ser ignorada isto porque é uma arte que põe em risco a
sustentabilidade das espécies por não ser selectiva tanto quanto ao tamanho bem como ao tipo de
espécies e acima de tudo porque os usuários desta arte realizam a sua actividade em locais de
desova bem como de crescimento de algumas espécies. Essas artes também denotam os matérias
mais utilizados pelos pescadores. Ver (figura 4)

44
Matérias Mais utilizados Pelos
Pescadores
0,5

0,4

0,3 Material Rede


Material nzol
0,2
Material Mosquiteiro
0,1

0
1 2 3

Figura 4: Matérias mais utilizados pelos pescadores. Fonte: Dados da pesquisa

2- A entidade responsável pelo sector pesqueiro tem implementado algumas medidas de gestão
pesqueira?

Esta era uma questão aberta e fachada com duas opções (sim e não). E quanto a está questão, 100%
dos inquerido responderam que a entidade governamental não tem tomado nenhuma medida de
gestão. No município em estudo existi um grande número de pessoas que dependem da pesca para
sobreviver, e uma vez que a entidade governamental não tem implementado nenhuma medida de
gestão faz-nos concluir que os stocks presente neste municípios não respiram saúde isto porque as
medidas de gestão elas ajudam na saúde, na durabilidade dos stocks e na protecção para haja uma
pesca mais sustentável, sem elas é impossível que os stocks perduram por muito tempo.

Todos os tipos de pescarias, para que sejam sustentáveis e delas possa se obter o maior rendimento
com o menor custo, devem ser geridas (Cochrane et al., 2011).

O código de Conduta para a Pesca Responsável estabelece que a gestão deve promover a
manutenção da qualidade ambiental e da biodiversidade, como também a disponibilidade dos
recursos pesqueiros em quantidades suficientes para as gerações presentes e futuras, num contexto
de segurança alimentar, de mitigação da pobreza e de desenvolvimento sustentável (FAO, 1995).

3- Associação faz o uso das medidas de gestão pesqueira?

De acordo com os inquiridos, nenhum deles faz uso de alguma medida de gestão. Todos os
inqueridos para além de não fazerem o uso de alguma medida de gestão, também desconhecem a

45
existência delas bem como a sua importância. As políticas de conservação e renovação sustentável
dos recursos biológicos aquáticos exigem do Estado a adopção de medidas reguladoras adequadas
para o acesso ao seu uso e exploração de modo responsável. As características dos recursos
biológicos aquáticos, no actual contexto de desenvolvimento social e económico de Angola,
aconselham à adopção dessas medidas, em especial de ordenamento de pescas e de protecção dos
recursos, de modo a concretizar a integração da pesca nas águas marítimas e continentais.

4- Quais são os meses do ano em que fazes maiores capturas?

Segundo os inquiridos, os meses em que faz maior e menor capturas depende de alguns factores,
tais como: o caudal do rio que varia com estação do ano e do tipo de material que é usado para fazer
a captura.

Por esse motivo, 50% da amostra correspondente aos usuários de redes fazem maiores capturas em
Novembro, Dezembro, Janeiro e Fevereiro que representa a época chuvosa e fazem menores
capturas nos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro isto é durante a época seca, enquanto que
outros 50% da amostra correspondente aos usuários de mosquiteiros e linha de mão registam
maiores capturas nos de Junho, Julho, Agosto, Setembro e menores capturas nos meses de
Novembro, Dezembro, Janeiro e Fevereiro (Figura 6).

5- Quais são os meses do ano em que fazes menos capturas?

50% da Amostra faz menos capturas na época seca isto é nos meses de Junho, Julho, Agosto e
Setembro enquanto que outros 50% fazem menores capturas nos meses de Novembro, Dezembro,
Janeiro e Fevereiro (Figura 6). Esta variação esta assenti nos motivos que já foram apresentado
acima.

Um dos pilares de uma gestão pesqueira eficiente é a produção de conhecimento sobre a dinâmica
dos stocks alvo e de seus ecossistemas. Para tanto, são necessárias informações sobre o que e quanto
está sendo capturado (dados de desembarque) e também sobre a biologia e ecologia das principais
espécies alvo.

46
Capturas em kg
300000
250000
200000
150000
100000
50000
0
Rede Anzol Mosquiteiro Total

Novembro - Fevereiro Junho - Setembro Total

Figura 6: Meses com maiores e menores capturas em função das matérias utilizados. Fonte: dados da pesquisa

6- Quais são as espécies que mais são capturadas?

Esta questão tinha como objectivo identificar o nome das principais espécies que são capturadas no
local em estudo segundo a amostra seleccionada.

Das respostas obtidas dos inqueridos faz-nos concluir que 100% dos pescadores fazem as capturas
das mesmas espécies.

Como já mencionado uma das dificuldade de estudar a pesca continental é que o pescadores não
conhecem o nome científico das espécies capturadas.

Esta realidade é estendida aos pescadores do município da Matala e pode constatar que não só os
pescadores mas a entidade governamental responsável pela gestão e fiscalização da pesca do
município da Matala também desconhecem o nome cientifico das principais espécies que são
capturas. Por esse motivo eles vão atribuindo nomes vulgares ou vernáculos as espécies que são
capturadas e neste âmbito segundo os inqueridos aparição das espécies varia em função da estação
do ano mas não obstante esta facto eles apontaram as seguintes espécies como as mais capturadas.

Quimaya (Oreochomis niloticus), Bagre (Clarias gariepinus), Sardinha, Boca de senhora, Tchiñolo.

Este conhecimento local dos pescadores tem sido adoptado para obter informações sobre a biologia
e ecologia das espécies alvo (Leite e Gasalla, 2013; Heyman e Granados-Dieseldorff, 2012).

Especificamente, o conhecimento do pescador tem sido cada vez mais útil principalmente em
situações dado-deficientes (data-poor fisheries), isto é, situações em que dados científicos formais
para a gestão dos recursos não são disponíveis (O‟Donnell et al., 2010).

47
Além disso, a pesca de pequena escala continental tende a ser altamente complexa em relação a
sazonalidade, artes impregnados, variedade de habitats explorados e diversidade de espécies
capturadas (Petrere 1978; Welcomme 1985; Bay e Petere 1989; Hallwass et al., 2011).

7- Associação possui instrumentos para retirar o peso e comprimento dos peixe que são capturados?

Todos os inquiridos responderam que não possuem nenhum instrumento para retirar o tamanho e o
peso das espécies que são capturadas, deste modo, podemos concluir que nenhuma associação tem
ou faz uso de algum instrumento para a recolha de alguns parâmetros como peso e o comprimento.
Estes parâmetros são muito importante para os estudos de amostragem biológica bem como para
elaboração de certos modelos matemáticos.

Um dos pilares de uma gestão pesqueira eficiente é a produção de conhecimento sobre a dinâmica
dos stocks alvo e de seus ecossistemas. Para tanto, são necessárias informações sobre o que e quanto
está sendo capturado (dados de desembarque) e também sobre a biologia e ecologia das principais
espécies alvo.

8- Associação tem o conhecimento do número da malha que consta nas medidas de pesca para o
ano de 2020?

Esta questão tinha como objectivo saber se os inquiridos sabiam o número da malha em vigor nas
medidas de gestão para o ano de 2020.

Dos resultados obtidos, 100% dos inquiridos não sabiam o número de malha em vigor nas medidas
de gestão para o ano de 2020.

Como se sabe o fenómeno da sobreexploração é muitas vezes ocasionado pelo uso de malhas
pequenas das redes que retiraram os peixes do stock com um tamanho inferior.

9- Associação têm recebido apoios por parte do Governo provincial da Huila, ou do Gabinete
Provincial da Agricultura Pecuária e pescas ou de outra entidade ao nível nacional?

De acordo com os inquiridos, 8% já receberam apoio uma única vez e, 80% nunca receberam apoio.
A pesca artesanal é uma das actividades produtivas mais importantes para a humanidade,
constituindo-se em fonte de alimento, comércio, renda e lazer para as comunidades de pescadores.

Esta pesca é ainda responsável pela geração de muitos empregos, renda e garante a segurança
alimentar de milhões de pessoas em todo mundo (Welcomme et al., 2010; Graaf et al., 2015).

Entretanto, 90% das pescarias de pequena escala operam em países em desenvolvimento, onde não
há muito investimento (FAO, 2016; Peixer e Junior, 2009).
48
10- Quais são as maiores dificuldades que a Associação têm enfrentado?

Segundo os dados recolhido aos inquiridos mostram que, uma rede de 100 m custa entorno de 10
mil kwanzas, por isso, os mesmos apontaram o preço elevado das redes como um dos problemas,
um outro problema que os pescadores apontaram foi a falta de apoio por parte da entidade
governamental isto porque esses apoios não são dados com regularidade e segundo um dos
inquiridos, em 40 anos só foi apoiado uma única vez. O solo rochoso de algumas zonas rochosas de
pesca são os principais vilões das redes depois dos jacarés, isto porque, as redes acabam rasgando
quando ficam presas nas rochas e este problema é agravado pelo elevado preço das mesmas no
mercado, a falta de meios de transporte existe localidade onde se regista maiores capturas em
relação a comuna cede mas por não terem meios para transportar os pescadores acabam por ficarem
sem como transportar as suas mercadorias alguns usam as carroças, o desaparecimento do peixe
segundo alguns pescadores hoje já não tem mais peixe como antigamente isto porque nos últimos
anos o número de pescadores (esforço de pesca) vai aumentado de forma exponencial um outro
problema aliado a este é o uso de artes muito prejudicais ao ecossistema e ao stock como no caso do
uso de algumas toxinas existe em algumas folhas de algumas plantas que são trituradas e depois
lançada a água acabam por matar desde as larvas até aos peixe já adultos, os pecadores não têm o
conhecimento para a reparação das redes que são danificadas durante as suas actividades os mesmo
também indicaram o estado degradante das vias para o escoamento do pescado. Esses dificuldades
têm causado muito empecilhos aos pescadores.

11- Associação tem enfrentado dificuldades ao longo da vossa actividade?

Uma vez que o rio Cunene é rico em jacaré e hipopótamo, esses dois seres apresentam-se como os
principais problemas que os pescadores enfrentam diariamente durante as suas actividades, pois,
segundo os relatos muitos pescadores já foram tragados pelos mesmos, mas, além desses existe
ainda o problema da profundidade do rio que dificulta aos usuários de mosquiteiros que na sua
maioria são mulheres o rio Cunene ao longo do seu percurso existe partes muito profundas até
mesmo nas margens por esse motivos esses usuários desses esquipamentos são obrigados a se
deslocarem para outras localidades onde a profundeza não seja tão acentuada, para alem deste existe
um outro problema que tem inquietado os pescadores que são as aberturas das comportas isto
porque muito deles pescam nas proximidades da barragens e uma vez que são abertas as comportas
a velocidade com que água se desloca para saída da comporta muitas vezes acaba levando consigo
as redes que estão armadas nessas redondezas. Recentemente a entidade governamental entregou
algumas canoas similares as que são usadas pelos pescadores artesanais da pesca marítima (ver

49
Figura7) em alguns antigo combatente mas sem motor e tendo em conta o tamanho e peso dessas
canos e por não terem motor acabam criando imensas dificuldades ao pescadores os mesmo correm
risco de contrair dores no peito devido o esforço que é necessário para manobrar essas canoas e por
causa disso muitos deles acabaram abandonar esses meios

Figura 7. Embarcação ofertada pelo Repartição Municipal da Matala aos pescadores. Fonte: Dados
da pesquisa.

12- Associação tem o conhecimento das zonas de reprodução das espécies?

Os inquiridos seleccionados mostraram que não têm conhecimento das zonas de reprodução das
espécies e, eles realizam suas actividades sem terem em conta este facto, e por este motivo muito
deles fazem capturas de alevinos principalmente os usuários de mosquiteiros uma vez que eles vão
capturando as espécies com um tamanho inadequando, espécies que ainda não se reproduziram pelo
menos uma vez e deste modo acabam colocando em perigo a sustentabilidade desses recursos. Esse
tipo de pesca é muitas vez é que garante do pão para a família de muito pescadores e exercesse um
grande papel no combate à fome e à pobreza, e a segurança alimentar e nutricional.

13- Associação tem o conhecimento dos meses em que as espécies que são capturadas se

reproduzem?

Esta pergunta tinha como objectivo avaliar o conhecimento dos inqueridos sobre as zonas onde as
espécies se reproduzem. Quanto à esta questão 100% dos inqueridos não sabem o local de
reprodução espécies.

50
A produção de informações precisas sobre as espécies, principalmente em relação a idade, é difícil e
exige tanto investimento em materiais, como em tempo e capacitação de pessoas especializadas,
factores que limitam tanto a quantidade de espécies estudadas quanto os locais estudados. Para o
conhecimento da idade existem duas alternativas principais, aquelas que estimam a partir de
frequências de comprimento, como a rotina (Pauly, 1987).

14- Quantos baldes ou bacias de peixe o senhor pesca por dia?

Na pesca continental, ao contrário, e apesar de assumir importante papel na seguridade alimentar e


prevenção da pobreza, em especial a pesca artesanal nos países em desenvolvimento (Bank et al.,
2010, FAO 2010).

O conjunto de dados disponíveis para avaliação dos stocks explorados deixa a desejar tanto em
quantidade quanto em qualidade sendo frequentemente inexistente até mesmo séries temporais de
capturas. Este cenário de insuficiência de dados dificulta a utilização de análises sofisticadas para a
avaliação do estado dos stocks pesqueiros, como é o caso das análises integradas. (Welcomme
1990).

15- Qual é o tamanho da rede que Senhor usa?

Houve uma dispersão nas percentagens devido a variedade do tamanho das redes que os inquerido usam,
isto é, 30% do inquiridos usam redes de 1000m, 5% usam redes de 500m, 2,5% usam redes de 800%, 7,5%
usam redes de 400m, 2,5% usam redes de 100m, 5% usam redes 200m, 2,5% usam redes de 600m. Ao todo,
50% da amostra seleccionada faz uso das redes enquanto que outros 50% usa outra material para captura do
pescado e dentre eles podemos destacar o mosquiteiro e a linha de mão. O tamanho da rede que um pescador
usa depende da capacidade financeira.

16- Quais sãos os tamanhos da Malha das redes?

Os inqueridos desconhecem o número exacto da malha da rede que eles usam e, para retirar o número da
malha eles recorrem aos dedos da mão, quando entra 1 dedo completo e metade de outro eles dizem que a
malha é apertadinha ou seja de um e meio (1,5) o mesmo acontece quando entra 2 dedos ou mais. Mas a
maior parte dos inquerido isto é 98,75 usam rede de malha muito fina, malhas de 2 e de 1,5, por esse motivo
é que maior parte do peixe capturado tem um tamanho muito reduzido ou muito pequeno.

2.6.2. Resultado do inquérito ao responsável do sector da pesca

1- A repartição municipal tem o conhecimento de quantas Associação existem no município da


Matala?

51
O município da Matala tem cerca de nove associações de pesca, os mesmo realizam as suas
actividades durante todo ano usando diversas artes, a área piscatória é composta por mais de 190
km e nos últimos anos devido a escassez do recurso muitos deles são obrigados a se deslocar até ao
rio Quê no município vizinho de Chicomba, isto demonstra claramente uma sobreexploração e uma
má gestão dos recursos pesqueiro no rio Cunene no município da Matala.

As associações existente no município da Matala só albergam os pescadores que fazem uso de


redes, e nem todos os pescadores que usam redes fazem parte destas associações, existe um grande
número de pescadores se o maior não pertencem as associações existente. Por este motivo a
repartição municipal desconhece o número real ou aproximado dos pescadores existente no
município da Matala.

2- A repartição municipal tem o conhecimento da quantidade de peixe que é capturado durante o


ano?

Segundo os dados da repartição municipal de veterinária, são capturados cerca de 1000kg de


pescado durante todo ano. Esta quantidade é questionável por três razões fundamentais

1ª a repartição municipal não tem nenhum programa de monitoramento da actividade pesqueira por
falta de meios não conseguem acompanhar regularmente a actividade pesqueira;

2ª a repartição municipal desconhece o número real ou aproximado do número de pescador por essa
facto a estimativa de 1000kg pode estar longe da real quantidade de peixe que é capturado durante
todo ano;

3ª Os pescadores não têm o costume de anotar a quantidade de peixe que é capturado por dia por
esse motivo fica difícil estimar a quantidade real de pescado que é retirado do rio durante um ano,
ainda que façamos estimativas essas poderão estar muito longínqua da quantidade real.

3- A repartição municipal de Veterinária tem tomado medidas para aliviar a preção do stock?

Esta era uma questão fechada com duas possibilidades (sim e não) e segundo os resultados a
repartição

4- Nos últimos 5 anos a repartição municipal registou aumento dos níveis de capturas?

Esta era uma pergunta fechada com duas opções (Sim e Não) e segundo o responsável da repartição
nos últimos cincos anos este órgão vem registando baixas ver (Figura 8) capturas e ainda com o
mesmo essas baixas capturas têm se registado devido os seguintes motivos principais:

 O uso de redes com malha finas nos anos anteriores;


52
 O empregue de artes de pesca destrutivas;
 A falta de implementação de medidas de gestão;
 O aumento exponencial do esforço da pesca noa últimos anos;
 A falta de fiscalização regulares;
 A captura de espécies com tamanho pequeno;
 A destruição das possíveis zonas de desova.

Capturas totais de 2016/2020 kg


3500

3000

2500

2000

1500
Total
1000

500

0
Ano 2016 Ano 2017 Ano 2018 Ano 2019 Ano 2020

Figura 8. Capturas totais registadas entre 2016 à 2020. Fonte. Dados da pesquisa

5- A repartição municipal tem em registo as principais espécies que são capturadas?

Dos resultado apurados notasse que na repartição municipal não há nenhum registo dos nomes das
principais espécies que são capturadas.

Um dos pilares de uma gestão pesqueira eficiente é a produção de conhecimento sobre a dinâmica
dos stocks alvo e de seus ecossistemas (FAO, 2016; Peixer e Junior, 2009).

Essa falta de dados temporais é um desafio adicional para cientistas pesqueiros e conservacionistas
em ambientes tropicais, onde mesmo curtas séries dados são geralmente de conhecimentos local de
populações humanas que dependem directamente dos recursos naturais pode ser uma peça chave
como ponto de partida para os estudos de conservação dos recursos (Pauly 1995; Huntington 2002;
Johannes et al., 2000; McClenachan et al., 2012; Fischer et al., 2014)

Embora exista forte argumentação em relação ao uso de dados de captura para a avaliação de stock
(Hilborn e Branch, 2013; Pauly, 2013).

53
Este tipo de dados é muitas vezes a única informação disponível, principalmente em países em
desenvolvimento (Vasconcellos e Cochrane, 2005).

E pode ser extremamente útil para a modelagem em sistemas considerados limitados em dados,
característica também associada à pesca continental (Welcomme et al., 2010).

6- Qual é a regularidade com que a repartição municipal tem feito fiscalização?

A repartição municipal do município em estudo conta somente com dois fiscalizadores, os mesmos
têm o árduo trabalho de fiscalizar mais de 190 km e com a agravante de não terem meios para o
fazer, por este motivo eles só fazem trabalhos de fiscalização duas vezes por ano. Deste modo
podemos concluir que, apesar de existir uma pesca desregrada regular que tem colocado em risco a
sustentabilidade desses recursos o órgão competente não tem conseguido acompanhar de perto esta
actividade por falta de recursos humanos e material isto porque só conta com dois fiscalizadores e
os mesmos não têm meios como viaturas, chatas ou mesmo uma motorizada a pró-piada dar
resposta a necessidade da existência regular e presencial dos fiscalizadores nas principais zonas de
pesca.

7- A repartição municipal conta com quantos fiscalizadores?

A repartição municipal da Mala conta com apenas dois fiscalizadores para fiscalizar mais de 190
km, este é número é ínfimo para dar respostas as necessidade do sector no município em estudo.

A fiscalização e controlo da actividade da pesca são um elemento crucial do sistema de gestão das
pescas, mas ao mesmo tempo o mais difícil de assegurar, dadas as dificuldades logísticas associadas
à fiscalização de uma ZEE e uma área de águas interiores muito extensas.

8- A repartição municipal tem o conhecimento das árias com maiores índice de capturas?

Esta questão tive como objectivo identificar as principais zonas de pesca, segundo a repartição
municipal o município da Matala conta com a área de Cassoco, Quiteve e Caimone como as
principais zonas de pesca. E dentre elas Quiteve é a localidade onde se regista maiores capturas.

9- A repartição municipal tem dado apoio aos pescadores?

Existe pouco ou nenhum investimento por parte dos Governo Provincial para a pesca continental,
deste modo as repartições municipais acabam ficando sem recursos para apoiar os pescadores, por
esse motivo é que a repartição municipal da veterinária da Matala não tem dado apoio regular aos
pescadores mas três meses antes dessa investigação a repartição municipal da veterinária ofertou
algumas canoas à três ex-militar no âmbito do combate a fome e a pobreza.

54
10- A repartição municipal tem tido dificuldade de gerir os recursos pesqueiro?

Esta questão foi elaborada no intuito de identificar as principais dificuldades que a repartição
municipal da veterinária tem enfrentado na gestão dos recursos pesqueiros, mas segundo o
inquerido a repartição municipal não tem tido dificuldade na gestão dos recursos pesqueiros.

Percebe-se que existe uma contrariedade nessa questão uma vez que pode constatar que existe uma
carência de recurso humanos e material para a uma fiscalização regular, a falta de recurso para dar o
devido apoios aos pescadores, a inexistência de condições para a realização de estudo de Amostra
Biológica bem como a falta de implementação de medidas de gestão como algumas dificuldades
que podemos citar. Ainda assim o enquerido respondeu dizendo que não têm tido dificuldade nas
suas actividades de gestão dos recursos pesqueiros.

11- A repartição municipal possui alguns materiais para retirar o peso e comprimento dos peixes

capturados?

Segundo o inquerido, a repartição municipal da veterinária não possui instrumentos ou


equipamentos para observar esses parâmetros, a existência de informação sobre esses parâmetros
seriam muito útil para aplicação de modelos mais preciso no estudo do stock pesqueiro,
principalmente quando se trata da pesca continental isto porque existe um deserto quando a questão
é informação sobre os recursos pesqueiro devido a falta de estudo que muitas vezes são motivados
pela falta de politicas do órgão titular.

12- A repartição municipal controla algumas infra-estruturas em terra de apoio a pesca artesanal?

Segundo o inquerido a repartição municipal não dispõe de nenhuma infra-estruturas de apoio a


pesca artesanal.

As infra-estruturas em terras de apoio a pesca artesanal exercem um grande papel para esta
actividade uma vez que elas auxiliam na conservação dos produtos da pesca isto é, na distribuição,
elas oferecem mais de uma possibilidade aos pescadores na conservação do pescado e dão a
possibilidade de rentabilizar esse mesmo produto. Por falta dessas infra-estruturas, os pescadores
do município da Matala enfrentam varias dificuldades na conservação do pescado fresco eles
comercializam a um preço irrisório os seus produtos eles problemas poderiam ser evitada com a
existência dessas infra-estruturadas.

13- A repartição municipal da veterinária tem o conhecimento das localidades com maior número
de pescador?

55
Esta questão teve como objectivo identificar as zonas com maiores pescadores. E segundo o
resultado do inquérito Cassoca, Quiteve e Caimone são as zonas com maiores pescadores no
município da Matala. Com isto podemos chegar a duas conclusões:

1ª que o esforço de pesca nessas localidades é maior em relação as outras localidade

2ª que os stocks nessas região estão sendo mais lesados em relação as outras localidades, porque
tendo em conta que os pescadores realizam as suas actividades sem ter em conta os princípios da
sustentabilidade, sem nenhuma medida de gestão implementada pela entidade responsável e com
artes prejudiciais.

14- A repartição municipal tem o conhecimento dos meses em que as espécies que são capturadas
se reproduzem?

Segundo os dados dessa pergunta pode-se afirma que a repartição municipal não tem o
conhecimento do local de reprodução das espécies. Esta falta de conhecimento esta assente na
ausência dos dados sobre as espécies, na falta de monitoramento da actividade e sobre na falta de
politicas municipais de Recolha de dados de Observação Biológica. Como se sabe a falta de
informação é uma das grandes dificuldade para o estudo da pesca continental e pode-se constatar
esse facto no município em estudo.

15- Quais são as principais dificuldades da repartição municipal no acompanhamento da actividade


pesqueira?

Quanto a esta questão a falta de meio rolantes foi apontado como a principal dificuldade para o
acompanhamento da actividade pesqueira. Tendo em conta a extensão da área pesqueira há falta de
como carro motorizada bem como algumas chatas causam um grande constrangimento para um
acompanhamento regular e permanente dessa actividade. Este acompanhamento daria um
contributo muito significativo no que tange a fiscalização.

16- No município da Matala existe algumas zonas ou áreas protegidas?

Segundo a repartição no município da Matala, não existe nenhuma área protegidas, essa falta de
áreas protegidas é resultado da falta de estudo científicos sobre a biomassa existente nesses stocks.
As áreas protegidas são uma das medidas de gestão que contribuem para a sustentabilidade dos
recursos uma vez que elas visam a protecção de zonas sensíveis como as zonas rica em de
biomassa, as zonas de crescimento bem como zonas de reprodução, mas essa medida esta assente
nas informações no conhecimento que se tem sobre os stocks e as possíveis áreas de protecção sem

56
o conhecimento sobre as espécies que abunda no stock é impossível serem aplicadas tais medidas.
que tornado vulnerável essa biomassa.

2.7. Proposta de solução do problema

Em função dos resultados alcançados e havendo necessidade de contribuir para melhoria da


situação do stock e da gestão dos recursos pesqueiros continentais no município da Matala,
Província da Huíla, se propõe o seguinte:

 Que seja adoptado o princípio de apoiar a utilização da pesca para a segurança alimentar e
nutricional, apoiando as boas práticas de gestão, reforçando a qualidade do pescado
produzido e facilitando a sua distribuição pelas populações em condições higico-sanitárias
adequadas;
 Que se siga o princípio da sustentabilidade para assegurar a minimização do impacto da
pesca continental na sustentabilidade do meio aquático para garantir o futuro do sub-sector;
 Que se procure criar condições para a gestão integrada, de modo a estabelecer um sistema de
gestão com base no controlo de esforço de acordo com as potencialidades dos recursos;
 Que sejam criadas leias especificas para a pesca de subsistência;
 Que se crie condições para o surgimento de fiscalizadores comunitários;
 Que sejam implementados programas de recolha de observação biológica para as províncias
do interior que tem registo de capturas acima da média.

57
Conclusões

De acordo com os dados da investigação realizada, chegou-se as seguintes conclusões:

 A repartição municipal não tem implementado medidas de gestão pesqueira de modo


assegurar a sustentabilidade dos recursos.
 Não existe um plano Provincial de Recolha de Observação Biológica para a pesca
continental
 Existe uma sobreexploração dos recursos pesqueiros no município da Matala devido o
aumento do esforço de pesca nos últimos anos.
 Confirma-se a hipótese de que os stocks pesqueiros do município da Matala estão
sobreexplorados devido uma gestão não sustentável dos mesmos dos recursos pesqueiros.
 O número de fiscais é insuficiente para dar o devido acompanhamento actividade pesqueira
 Na repartição municipal de veterinária da Matala não existe nenhum equipamento para a
realização dos estudos de amostragem biológica.
 No município em estudo não existe nenhuma estrutura em terra para de apoio actividade
pesqueira

58
Sugestões

Atendendo as conclusões a que se chegam se sugere o seguinte:

 Que a Repartição municipal de veterinária da Matala implemente algumas medidas de


gestão pesqueira como: determinar o número da malha.
 Que o Governo Provincial da Huila implemente um plano de Recolha de Observação
Biológica para a pesca continental
 Que se crie politicas que visam a redução da sobreexploração dos recursos pesqueiros no
município da Matala.
 Que o número de fiscais seja acrescido para dar o devido acompanhamento actividade
pesqueira
 Que seja construído laboratórios nas administrações comunais com maior produção
pesqueira.
 Que sejam cosntruidas algumas estruturas em terra de apoio a pesca de subsistência

59
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