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O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto de
Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação e
Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de Graduação
e Programas de Pós-Graduação da Universidade.
7
8
AGRADECIMENTOS
A Deus pai, criador do céu e da terra, que em sua infinita bondade me deu toda benção,
saúde, proteção e amor que eu precisava, mesmo sem ser merecedora. Eu nada seria sem seu
amor incondicional.
Não teria como deixar de expressar a gratidão que tenho aos meus pais, Vanderlei e
Inácia, que sempre fizeram o que podiam para me dar tudo, absolutamente tudo que sempre
precisei. Agradeço também a minha irmã Aline, que nunca mediu esforços para me ajudar no
necessário e que torce por mim em todos os momentos, sou imensamente grata por ter seu apoio
em minha vida.
Não menos importante, agradeço a minha tia Maria Lucelene, ou minha segunda mãe.
Obrigada por ser sempre tão presente em minha vida, por todos os conselhos, por sempre
entender o meu lado e por querer o meu melhor independente de qualquer coisa.
Ao meu orientador Prof. Jorge Luís de Oliveira Pinto Filho, que esteve à disposição de
me ajudar a crescer. É preciso de um grande coração para ajudar a lapidar pequenas mentes.
Ao meu coorientador, Mariano Neto, por toda dedicação, amizade, conselhos e ajuda no
desenvolver desse trabalho. Sua personalidade me mostra que devo sempre querer mais e
mais. Você é fonte de inspiração.
Aos amigos que tive o prazer de adquirir ao longo dos anos, que sempre torcem por
minhas conquistas, que sempre entendem minha ausência e que estão sempre por perto, mesmo
de longe. Obrigada Yara Chaves, Gesiel Soares, Enna Levi, Xavier Neto, Vinicius Almeida,
Leticia Cunha, Mateus Nobre, Caio Graco, Carlos Eduardo, eu amo vocês.
Aos amigos que vieram de brinde nessa graduação. Obrigada Talita Costa, Francisco
Roque, Ricassilly Rufino, Guilherme Fontes, Elson Santos, Adriano Aires, Lucas Menezes,
Raul Aquino, Ewerton Victor, Valquiria Queiroz, Celson Junior, Heloisa Andrade, Analine
Ferreira, Denise Kauanny, Italo Eduardo, Beatriz e Vicente Dantas, por fazerem de meus dias
mais leves e sempre estarem comigo. Em especial, agradeço a Bianca Duarte, a “minha pessoa”,
por ser minha confidente, aguentar meu choro diário, além de me presentear com os melhores
conselhos.
Agradeço a cada pescador que disponibilizou um tempo de seu dia para contribuir em
minha pesquisa. Sem eles, esse trabalho não se realizaria.
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RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo geral realizar diagnóstico das práticas pesqueiras
na Lagoa do Apodi – RN e, como objetivos específicos: identificar o perfil socioeconômico dos
pescadores da Lagoa do Apodi – RN; realizar a caracterização das práticas ambientais e apontar
a percepção ambiental dos demais casos; e de identificar os principais problemas ambientnais,
dificuldades e anseios em relação à pesca apontados pela comunidade. Como procedimento
metodológico foi utilizado um questionário semiestruturado, e o processo de amostragem se
deu de forma aleatória. Ao traçar o perfil socioeconômico dos pescadores que fazem uso da
lagoa, foi possível verificar perfis de baixa escolaridade e renda, mas que não influenciou na
consciência ambiental dos indivíduos. Foi analisado que os pescadores, em sua maioria, têm
plena consciência dos problemas socioambiental que vem se potencializando ao longo dos anos
com os efeitos da poluição. Após traçada a percepção ambiental, o relato dos pescadores
entrevistados permite observar que a maior fonte de poluição da lagoa é proveniente do despejo
de efluentes, alterando a qualidade hídrica e influenciando negativamente na qualidade dos
peixes capturados. A população pesquisada anseia por diversas melhorias na lagoa que
competem ao poder público local, tal como a realização de melhor planejamento do saneamento
básico e maior periodicidade nas limpezas feitas na lagoa.
ABSTRACT
The main objective of this work is to diagnose the fishing activities in Apodi - RN
Lagoon and, as specific objectives: to identify the socioeconomic profile of the fishermen of
Apodi - RN Lagoon, to carry out the characterization of the environmental practices and to
point out the environmental perception of the others cases, and to identify the main
environmental problems, difficulties and desires related to fishing pointed out by the
community. As a methodological procedure, a semi-structured questionnaire was used, and the
sampling process was random. By tracing the socioeconomic profile of the fishermen who use
the lagoon, it was possible to verify profiles of low schooling and income, but that did not
influence the environmental awareness of the individuals. It was analyzed that fishermen, for
the most part, are fully aware of the socio-environmental problems that have been increasing
over the years with the effects of pollution. After the environmental perception was drawn, the
interviewed fishermen report shows that the greatest source of pollution of the lagoon comes
from the effluent discharge, altering the water quality and negatively influencing the quality of
the fish caught. The population surveyed yearns for several improvements in the lagoon that
compete with the local public power, such as better planning of basic sanitation and greater
periodicity in the cleanings made in the lagoon.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
RESUMO ................................................................................................................................. 10
ABSTRACT ............................................................................................................................. 11
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 12
LISTA DE QUADROS ............................................................................................................ 13
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. 14
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 13
2. REVISÃO TEÓRICA .......................................................................................................... 16
2.1 RECURSOS HÍDRICOS............................................................................................... 16
2.2. PESCA ARTESANAL .................................................................................................. 18
2.3. CONFLITOS PELO USO/ACESSO DA ÁGUA ......................................................... 20
2.4. SISTEMATIZAÇÃO DOS RESULTADOS DA LITERATURA ................................ 22
3. METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................................................... 32
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................. 32
3.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ......................................................... 33
3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................. 35
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 38
4.1 PERFIL SOCIOECONOMICO DO ENTREVISTADO .............................................. 38
4.2 PERCEPÇÃO AMBIENTAL........................................................................................ 44
4.3 PRATICAS AMBIENTAIS .......................................................................................... 54
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 61
6. REFERÊNCIAS................................................................................................................... 63
13
1. INTRODUÇÃO
Magalhães (2018). Toda via, ainda há carência de estudos referente à percepção ambiental com
pescadores na mesma, tornando-se relevante esta pesquisa, tendo em vista que a pesca é uma
atividade de extrema importância para economia local a qual faz uso da referida lagoa como
espaço principal para desenvolver a atividade.
O estudo sobre a percepção se faz importante para analisar o modo a qual cada povo
“ver e representar o mundo” (MARIN; OLIVEIRA; COMAR, 2004, p. 109). Nesse âmbito, o
estudo da percepção ambiental é importante para a melhor compreensão das interações entre o
homem e o ambiente, além de ressaltar suas expectativas, satisfação e insatisfação, julgamentos
e condutas (ZAMPIERON et al., 2003). De acordo com Lopes e Guedes (2013), a percepção
ambiental dos indivíduos varia muito de acordo com a comunidade em questão, pois sofre
influência de diversos fatores, tais como conhecimento e condições socioeconômicas. Desta
forma, torna-se justificável a pesquisa acerca da percepção ambiental dos pescadores, uma vez
que será investigado os diversos perfis dos mesmos e analisar a forma como se interligam.
Com isso, o presente trabalho tem como objetivo geral realizar diagnóstico das práticas
pesqueiras na Lagoa do Apodi – RN e, como objetivos específicos: identificar o perfil
socioeconômico dos pescadores da Lagoa do Apodi – RN, realizar a caracterização das práticas
ambientais e apontar a percepção ambiental dos demais casos, e de identificar os principais
problemas ambientais, dificuldades e anseios em relação à pesca apontados pela comunidade.
Desta forma, este trabalho é estruturado com uma revisão teórica, explanando os tópicos
recursos hídricos, pesca artesanal e conflitos pelo uso e acesso a água, seguido de metodologia,
resultados e discussões e considerações finais.
16
2. REVISÃO TEÓRICA
A água doce é um recurso finito e, a mesma vem sofrendo alteração de sua qualidade
mediante o crescimento populacional e a ausência de políticas públicas eficazes para sua
preservação (MERTEN E MINELLA, 2002). Assim, trata-se a água como um bem essencial e
indispensável para a higiene e o bem-estar humano, além de ser decisivo para a evolução social
e econômica, graças a seus inúmeros usos e benefícios (YASSUDA, 1993).
O consumo já vem se estabilizando em países desenvolvidos, entretanto, nos países a
qual se encontra em desenvolvimento significativo, o consumo continua a se elevar (PEREIRA
JUNIOR, 2004).
Segundo Bhatia & Bhatia (2006), economias regionais e nacionais dependem de água
para movimentar diversos setores, tais como: geração de energia, abastecimento público,
irrigação e produção de alimentos (agricultura, aquicultura e pesca, por exemplo). De acordo
com Yassuda (1993), podemos acrescentar alguns usos, como: transporte hidroviário;
numerosos usos em processos industriais; recreação e lazer em praias, lagos, clubes ou esportes
aquáticos; riqueza paisagística e valorização da qualidade de vida urbana e do turismo em
cidades banhadas por cursos de água salubres e piscosos; todavia, há malefícios resultados do
contato homem-água, como as inundações periódicas e transmissão de doenças de viculação
hídrica.
Apesar de sua grande importância para vida e desenvolvimento socioeconômico, a
gestão dos recursos hídricos vem apresentando fragilidades, mediantes a desperdícios durante
sua distribuição e uso e, poluição dos reservatórios (NASCIMENTO, 2018). Essa fragilidade
acarreta o comprometimento da qualidade da água, decorrente de poluição causada por
diferentes fontes, como efluentes domésticos, industriais e deflúvio superficial urbano e
agrícola (MERTEN E MINELLA, 2002).
Derisio (2015) classifica os tipos de poluição como:
Poluição Natural: Não associada à atividades humanas e, por isso, costuma fugir
ao alcance de medidas controladoras diretas;
Poluição industrial: Constitui-se de resíduos gerados em processos industriais e,
quase sempre é o fator mais significativo no âmbito de poluição;
17
atividade na qual se juntam condições objetivas de sua realização, como a alimentação e renda,
condições subjetivas, como o conhecimento tradicional e o trabalho fortemente condicionado
por dinâmicas ambientais.
Assim, é possível analisar o valor econômico, social e simbólico da pesca artesanal em
comunidades pesqueiras, uma vez que esses indivíduos dependem diretamente da prática para
obter alimentos e o sustento de suas famílias, além de também ser vista como uma herança
familiar, uma vez que filhos aprendem a pescar com seus pais e assim sucessivamente.
de vida e dos níveis de consumo, que torna os conflitos por água uma temática emergente. Esse
aumento populacional sem um bom planejamento e gestão ambiental, próximo a rios, lagos,
açudes e barragens acabam ocasionando impactos enormes para o meio ambiente (MORAIS,
2016).
O mínimo necessário para sobrevivência de uma pessoa é de 1.000 m³ anuais de água,
entretanto, com base na população mundial de 1998, a abundância do recurso hídrico mundial
permite que em média cada indivíduo utilize cerca de 6.800 m³ anuais. Esse valor irá variar de
acordo com a localização do mesmo, decorrente a desigual variação de precipitações
atmosféricas e a aglomeração de pessoas em determinado continente (PEREIRA JUNIOR,
2004).
A poluição gerada em corpos aquáticos traz prejuízos econômicos, que vão desde a
redução da pesca até o aumento do preço de consumo de água tratada (BILICH; LACERDA,
2005). Quase todos os esgotos domésticos urbanos são lançados em corpos d’água, sejam lagos,
rios ou no mar. Isso acontece mediante aos projetos de saneamento se deterem apenas ao
sistema de abastecimento de água e deixarem passar o tratamento futuro do esgoto gerado
devido aos gastos elevados e pouca prioridade do poder público mediante ao problema
(PEREIRA JUNIOR, 2004).
Como decorrência do despejo liquido não tratado em águas onde ocorre a pesca
comercial, é possível citar inúmeros impactos negativos causados, como: a morte de peixes por
asfixia; degenerescência e enfraquecimento dos peixes; obstrução dos locais destinados à
deposição de ovos e de áreas que servem de alimento devido à deposição de lodo; a substituição
natural das espécies mais desejadas por espécies mais resistentes; redução do valor econômico
de áreas, levando em consideração a indústria da pesca (DERÍSIO, 2015).
As comunidades de pescadores são afetadas por diversos processos econômicos e
ecológicos, que estão fora de controle. A exemplo, vemos a perda da diversidade biológica do
meio marinho, destruição dos mangues para implementar carcinicultura e o grande crescimento
urbano, a qual afeta os estuários, ocupando os espaços de praia ou mangue que poderiam
desembarca o pescado (LOPES E GUEDES, 2013).
22
relacionado principalmente à
poluição que alcança os ambientes
costeiros: Atafona (33%, n= 10),
Barra do Açu (67%, n= 20), e Farol
de São Tomé (60%, n= 18).
Os pescadores citaram as seguintes
providências para minimizar as
interferências do CLIPA sobre a
pesca artesanal: Atafona - permitir a
pesca em qualquer área (30%, n= 9)
e capacitar o pescador para outra
atividade profissional (30%, n= 9), e
Barra do Açu (47%, n= 14) e Farol
de São Tomé (30%, n= 9) - permitir
a pesca em qualquer área.
As esposas entrevistadas citaram
como principal solução para
minimizar as interferências do
CLIPA sobre a pesca permitir que a
atividade seja realizada em qualquer
área: Atafona (47%, n= 14), Barra do
Açu (47%, n= 14), e Farol de São
Tomé (43%, n= 13). A mesma
solução foi mencionada pelos filhos
dos pescadores de Atafona (50%, n=
15) e do Farol de São Tomé (33%, n=
10).
Os filhos dos pescadores da Barra do
Açu sustentam que a principal
solução é capacitar o pescador para
outra atividade profissional (37%, n=
11).
Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
32
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
A lagoa objeto de estudo (Figura 2), faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Apodi-
Mossoró, sua superfície se estende por 15 km na margem esquerda do rio Apodi e dividindo-se
entre as fronteiras do Ceará e Rio Grande do Norte. Em período de cheia, a Lagoa do Apodi
possui capacidade hídrica de 20 milhões de metros cúbicos de água (EMPARN, 2017). Sua
superfície equivale cerca de 26,8% do território estadual (IGARN, 2009).
34
Podemos destacar ainda sua importância para a região ao citar os diversos usos que essa
lagoa vem tendo ao longo dos anos, dando ênfase para: Agricultura, pesca, navegação,
harmonia paisagística, recreação, atividades domésticas e de higienização, abastecimento
humano e animal, diluição de efluentes, manutenção da fauna e flora, dentre outros, além de ter
grande importância na recarga dos lençóis freáticos, tornando-a um recurso vital para a região
(MOREIRA, 2017) (Figura 3).
Figura 3– Imagem da Lagoa do Apodi – RN, 2018.
Definição do Pesquisa
Pesquisa do tema
tema bibliográfica
Tabulação e
Discussão dos
Coleta de dados tratamento dos
resultados
dados
Entrega do
projeto
i) Pesquisa do tema
Esta pesquisa faz parte do projeto de pesquisa “Estudos ambientais da lagoa do Apodi -
RN: construindo a ciências ambientais” a qual encontra-se cadastrado na Pró-reitora de
Pesquisa e Pós-graduação – PPPG da UFERSA.
Este projeto de pesquisa tem como objetivo expandir os conhecimentos acerca da Lagoa
do Apodi – RN, realizando diversos estudos ainda inexistentes sobre a mesma.
ii) Definição do tema
Para melhor entender e reconhecer os fatos existentes no ambiente de estudo, foi
utilizado o método de Check-list (APENDICE B). Desta forma, foi possível relacionar os usos
atribuídos à lagoa com o diagnóstico prévios encontrado no Check-list e, assim, definir
problemas e temas essenciais para o estudo da lagoa que ainda não foram realizados. Nessa
vertente, o tema escolhido foi a percepção ambiental dos pescadores da Lagoa do Apodi – RN,
tendo em vista que a pesca é uma das principais atividades econômicas realizadas na lagoa e
36
que sofre diretamente com efeitos da poluição no meio, trazendo uma diminuição da qualidade
de trabalho dos indivíduos além de afetar diretamente a qualidade e saúde dos peixes da lagoa,
gerando uma alerta sobre a população consumista.
iii) Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica pode ser vista como uma das principais fases da elaboração de
um trabalho, pois, é a partir dela que se adquire maior conhecimento prévio a partir de trabalhos
já existentes em relação ao tema.
iv) Coleta de dados
Para melhor conhecer, abordar e organizar os perfis dos pescadores que fazem uso da
Lagoa do Apodi – RN, foram utilizado questionários como método de coleta de dados. Quanto
ao procedimento de amostragem ocorreu por método aleatório, com indivíduos que fazem uso
da Lagoa do Apodi para pesca artesanal. De acordo com a colônia de pescadores de Apodi,
colônia Z-48, existem 405 pescadores que pertencem a colônia cadastrados na Confederação
Nacional de Pescadores e Aquicultores (CNPA) onde, 240 desses atuam na Lagoa do Apodi.
Dessa forma, foi estabelecida uma amostragem, onde Bolfarine e Bussab (2005), o tamanho da
amostra para uma população de 240 (N=240), com margem de erro de 12%, confiança de 88%
e variabilidade máxima, foi:
𝑁 240
𝑛= = 0,12
= 52
4(𝑁 −
𝐸
1) (𝑍 ) +1 4(240 − 1) (1,96) + 1
∞
2
Em que:
N = tamanho da população;
Z 2 = é o valor crítico da distribuição de probabilidade normal;
E = margem de erro.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para uma melhor abordagem estatística, agrupou-se a idade dos pescadores da Lagoa do
Apodi-RN em cinco intervalos (Figura 6), com uma variabilidade de 18 anos até mais de 55
anos, onde, observou-se uma maioria (32,70%) com idade entre 46 e 55 anos e um menor
percentual (5,80%) dos entrevistados tem entre 18 e 25 anos de idade. Resultados similares
39
foram encontrados por Silva (2014) ao determinar que 41% dos pescadores do Rio Mumbaba
possuía idade superior a 50 anos. Este cenário pode ser atribuído as novas ocupações e trabalhos
que nasceram na região ao longo dos anos e que vem sendo ocupados por jovens.
15
10 5,8
5
0
de 18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 Mais de 55
anos anos anos anos anos
Faixa Etária
40
30
20 7,69 9,62 11,54
10 3,85
0
Grau de Escolaridade
80
60
%
40
20 5,77
0
Até 1 S.M. 1 a 2 S.M.
Renda
Figura 9– Tempo que mora e faz uso da Lagoa do Apodi – RN, 2018.
80 75
70
60
50
%
40
30
20 7,69 7,69
3,85 5,77
10
0
2 a 5 anos 6 a 10 10 a 20 20 a 30 mais de
anos anos anos 30 anos
Tempo
Figura 10– Principais atividades desenvolvidas pelos pescadores da Lagoa do Apodi – RN, 2018.
120
98,10
100
80
%
60
40
20 1,90
0
Pesca Agricultura
Atividades
Figura 11– Principais produtos gerados pelos pescadores da Lagoa do Apodi – RN, 2018.
100 92,86
90
80
70
60
%
50
40
30
20
10 5,36 1,78
0
Pescado P. de Outros
alimentos(legumes/frutas)
Produtos
40
30 18,64
20
10 3,39 1,70
0
Consumo próprio Comercialização Comercialização Outros
na região no município municípios do
RN
Locais
Tendo em vista que a produção diária é fundamental para qualquer atividade, foi
questionado aos pescadores da Lagoa do Apodi – RN quantos kg de pescado eles conseguiam
obter diariamente e, como resultado, grande parte dos pescadores (65,38%) dos pescadores
capturam diariamente de 1 kg a 5 kg de pescado (Figura 13). Contudo, este fato reflete na
subsistência da população local em sua maioria, onde a pesca é tida como uma das principais
atividades econômicas e tradicional (SOARES, 2017).
Figura 13 – Produção de pescado diária dos pescadores da Lagoa do Apodi – RN, 2018.
70 65,38
60
50
40 32,70
%
30
20
10 1,92
0
De 1 kg a 5kg De 5 kg a 10 kg De 15 kg a 20 kg
Quantidade
20
15,17
15
10
4,83 4,14
5
0
Tilápia Piau três Traíra Tucunaré Camarão Outros
pintas
Espécies
A forma que estes pescadores adquiriram conhecimentos sobre a pesca pode ser visto
como um aspecto histórico. Quando questionado sobre quem ensinou a pesca, a maioria
(86,54%) afirma ter aprendido com familiares (Figura 15). Silva, Oliveira e Schiavetti (2014)
mostra resultado semelhante em sua pesquisa na Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Estadual Ponta do Tubarão, onde observou que ao questionar a profissão do pai dos
entrevistados, 65% respondeu que também eram pescadores, e que os mesmos iniciaram na
pesca com a influência de gerações anteriores, por meio do pai ou amigos muito próximos.
40
20 13,46
0
Por conta própria Com familiares
Resposta
80
69,23
70
60
50
%
40
30
20 15,39
7,69 7,69
10
0
De 1 a 5 anos De 5 a 10 anos De 10 a 15 anos Mais de 15 anos
Tempo
como a “mãe” das pessoas que viviam ao redor. Acredita-se que esse resultado positivo se deve
ao fato da lagoa ser seu espaço de trabalho e fonte de renda, onde a sua qualidade e preservação
é fundamental para saúde do pescado capturado e comercializado, além do valor sentimental
adquirido pela população que cresceu as margens dela, cravando suas raízes ali.
60 60
%
%
40 40
20 20 11,54
5,77
0 0
Muito importante Importante Muito importante Importante
Importância Importância
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
Desta forma, percebe-se que este cenário não atende aos princípios do Direito Ambiental
Brasileiro, que são: Principio do ambiente ecologicamente equilibrado como direito/dever
fundamental da pessoa humana, princípio da solidariedade intergeracional, princípio da
natureza pública da proteção ambiental, princípios da preservação e da precaução, princípio da
consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de desenvolvimento,
princípio do controle do poluidor pelo poder público, princípio do poluidor-pagador, princípio
do usuário-pagador, princípio do protetor-recebedor, princípio da função socioambiental da
50
Figura 19– Principais tipos de poluição na lagoa, Figura 20– Principais agentes de poluição na lagoa,
2018. 2018.
120 50 44,23
98,10 38,46
100 40
80 30
%
%
60
20 13,46
40
10 3,85
20 1,90
0 0
Agricola Atividades
humanas
Tipos de Poluição Agentes de poluição
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
80 73,10 50 44,23
70 40
60 26,92
30
%
50 17,31
20
7,69
%
40 3,85
10
30 19,23 0
20
1,92 5,77
10
0
População Empresas Poder Outros
publico
Resposta Frequências
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Fonte: Elaborado pelo autor (2018).
25 20,47 18,90
20
12,60 13,38
15 9,45
%
10 5,12 6,30
3,15 4,30 2,76 1,57
5 0,79 0,79 0,39
0
Problemas
Figura 25– Principais impactos positivos da pesca Figura 26 – Principais impactos negativos da pesca
na lagoa, 2018. na região, 2018.
45 39,35 45 41,56
40 40
35 35
30 30
25 25
%
%
20 17,00 20 14,29 14,29
15 11,7011,70 9,57 15 10,3911,69
10 3,19 4,26 2,13 1,10 10
5 2,60 1,301,30 2,60
5
0 0
Impactos Impactos
Fonte: Elaborado pelo autor (2018). Fonte: Elaborado pelo autor (2018)
60 52,83
50
40
%
30
22,65 20,75
20
10 3,77
0
Não sabe/Não Pesca Conflito de Despejo de
existe predatória terra esgoto
(Pesc/agric)
Conflitos
sendo desenvolvidas por diversas gerações e deixada como uma herança familiar e cultural pela
comunidade local.
%
%
30 23,61 20
15 12
20 10 7
4
5
10
0
0 Rede Anzol Linha Varas Isca Tarrafa
Linha Anzóis Rede de
pesca
Técnicas
Instrumentos
90 78,85
80
70
60
50
%
40
30 19,23
20
10 1,92
0
Nunca Quase nunca Com frequencia
Frequência
De acordo com Teixeira (2005), durante um período do ano a pesca fica proibida para
que as espécies realizem sua reprodução. Ao questionar se os pescadores da Lagoa do Apodi –
RN respeitavam ao período de defesa dos peixes, grande parte (94,231%) afirmou respeitar com
muita frequência (Figura 31). Em estudo, Morais (2016) mostra resultados similares, a qual os
pescadores foram indagados se existia um período defeso e 96,9 % responderam positivamente
para a pergunta. Esse resultado positivo também é apresentado quando questionado as práticas
ambientais realizadas pelos pescadores, onde em sua maioria (78,45%), mostram o respeito ao
período de reprodução como a principal realizada (Figura 32). Esta medida faz-se importante
56
para garantir que não ocorra escassez do pescado ao longo do ano e preservando as espécies
presentes no meio aquático mencionado.
Figura 31– Respeito ao período de defesa dos Figura 32 – Práticas ambientais da pesca na Lagoa
peixes, 2018. do Apodi – RN, 2018.
100 94,231
100
80 78,45
80
60
%
60
%
40
40
20 1,923 1,923 1,923 15,35
20 3,1 3,1
0
0
Frequência
Práticas
A pesca artesanal é caracterizada por fazer uso pouca tecnologia e embarcações simples
(SILVA; LEITÃO, 2012). Foi verificado na Lagoa do Apodi – RN que 100% dos pescadores
entrevistados praticam a pesca artesanal. Essa tese é confirmada ao indagar os tipos de
embarcações utilizadas pelos pescadores, onde grande parte (96,15%) afirmou fazer uso de
canoa, enquanto a pequena parcela restante (3,85%) não usa nenhum tipo de embarcação.
SANTOS (2005) mostra que em seu estudo no Nordeste do estado do Pará, 51% dos pescadores
entrevistados utilizam barcos e 49% empregam canoas a remo ou a vela para a execução de
suas pescarias, onde a diferenciação se dá através da capacidade. Neste aspecto, o uso
predominante da canoa para a realização da pesca na lagoa pode estar atribuído a baixa
produção diária, fazendo da canoa suficiente. Na Figura 33 é possível verificar a presença de
embarcações simples para navegação. O nascimento de novas tecnologias na pesca se faz
necessário na atividade, tais que permitam maior praticidade e conforto neste arranjo produtivo.
58
Figura 33– Imagem de pescador utilizando canoa na Lagoa do Apodi – RN, 2018.
50 44,20
40
30 23,10 23,10
%
20
9,60
10
0
1 a 2 dias 3 a 4 dias 5 a 6 dias Todos os
dias
Frequência
analisar que a maior parte dos pescadores (75%) afirmaram praticar com muita frequência
(Figura 35). Esse resultado positivo é refletido ao questionar se o entrevistado já havia sido
multado alguma vez, onde em sua totalidade, os pescadores alegaram nunca terem sido
multados. Os pescadores apontam o respeito a reprodução e limpeza da lagoa como as práticas
de proteção mais desenvolvidas pelos mesmos.
80 75
70
60
50
%
40
30
20 9,61
7,69
10 3,85 3,85
0
Nunca Quase Regular Com Com muita
nunca frequencia frequencia
Frequência
Figura 36 – Possíveis práticas ambientais que poderiam ser desenvolvidas para melhorar a lagoa, 2018.
50 46,30
45
40
35 29,63
30
%
25
20
15 11,11
10 5,55 3,70 3,70
5
0
Possíveis práticas
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
BHATIA, R.; BATHIA, M. Water and poverty alleviation: the role of investments and policy
interventions. In: ROGERS, P. P. et al. (Ed.) Water crisis: myth or reality? London:
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64
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Pará: estudo de caso no nordeste paraense. 2005.
IGARN - Instituto de Gestão das Águas do Estado do RN. Bacia Apodi /Mossoró. 2009.
Disponível em: http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/IGARN/doc/DOC000000000028892.PDF.
Acesso em: 01 jun. 2018.
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município de Macaíba–RN. Ateliê Geográfico, v. 7, n. 3, 2013, p. 149-163.
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente. Thomson Reuters Revista dos Tribunais, 2015.
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costeira e a pesca. Revista Mercator, v. 4, p. 69-88. 2005.
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Zona do Salgado-Pará. Boletim do Museu Paraense Emilio Goeldi, Série Antropológica, v.
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SOUZA, M.A. A Lagoa de Apodi e sua preservação. 1. ed. Sem editora, 1999
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3 ed. Porto Alegre: Bookman,
2005.
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO
71
PERFIL SOCIOECONOMICO
1) Nome: _____________________________________________________________
2) Idade: _________
3) Sexo? (1) Masculino (2) Feminino
4) Trabalha? (1) Sim (2) Não
5) Município/Comunidade de origem: ____________________________________
6) Escolaridade:
(1) Fundamental (2) Fundamental incompleto
(3) Médio (4) Médio incompleto
(5) Nunca
7) Renda média
(1) Até 1 salário mínimo (2) 1 a 2 s.m. (3) 2 a 4 s.m.
(4) + de 4 s.m. (5) Não tem renda
8) Há quantos anos mora nessa comunidade e faz uso da lagoa?
(1) Até 1 ano (2) 2 a 5 anos (3) 6 a 10 anos
(4) 10 a 20 anos (5) 20 a 30 anos (6) + de 30 anos
9) Principais atividades desenvolvidas:
(1) Pesca (2) Apicultura (3) Pecuária
(4) Caça (5) Agricultura (6) Outros
10) Principais produtos gerados:
(1) Pescado (2) Mel e derivados (3) P. de Pecuária
(4) Mel e derivados (5) P. de alimentos(legumes/frutas) (6) Outros
11) Locais de comercialização:
(1) Consumo próprio (2) Comercialização na região(3) Comercialização no município
(4) Outros municípios do RN (5) Outros estados (6) Outros
12) Qual a quantidade da produção de pesca diária?
(1) De 1 kg a 5 kg (2) De 5kg a 10 kg (3) De 10 kg a 15 kg
(4) De 15 kg a 20 kg (5) Mais de 20 Kg
13) Quais as espécies pescadas?
72
PERCEPÇÃO AMBIENTAL
PRÁTICAS AMBIENTAIS
26) Quais as principais técnicas de pescado utilizadas?
(1) Linha (2) Anzóis (3) Redes
(4) Arrasto (5) Sucção (6) Redes de deriva
(7) Outras:_____________________________________
27) Quais os tipos de instrumentos utilizados na pesca?
(1) Rede de pesca (2) Anzol (3) Linha
(4) Varas (5) Molinetes ou carretilhas (6) Isca
(7) Tarrafa (8) Landuá (9) Outros: ____________________
28) Qual a frequência do uso de equipamentos industrial para pesca?
74
APENDICE B
02 Abastecimento Industrial
03 Irrigação
04 Dessedentarão de Animais
06 Recreação e Lazer
08 Navegação
09 Diluição de Despejo
TIPOS DE POLUIÇÃO
10 Poluição Natural
11 Poluição Industrial
12 Poluição Urbana
13 Poluição Agropastoril
15 Econômicos
16 Ambientais
17 Políticos
18 Sanitários
19 Saúde
20 Territoriais
TECNICAS DE CONTROLE
21 Estruturais
22 Não estruturais
24 Esfera Estadual
76
25 Esfera Municipal
AGENTES DE POLUIÇÃO
26 Esgotos
27 Resíduos sólidos
28 Agrotóxicos
29 Óleos e graxas
Observações Gerais