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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

BACHARELADO EM ENGENHARIA DE AQUICULTURA

GUSTAVO BARROS FLÔR

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE PISCICULTURA EM TANQUE


SUSPENSO EM SISTEMA RAS: ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE
MONTE ALEGRE RN

Natal/RN

JANEIRO/2022
GUSTAVO BARROS FLÔR

ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DE PISCICULTURA EM TANQUE


SUSPENSO EM SISTEMA RAS: ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE
MONTE ALEGRE RN

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Bacharelado
em Engenharia de Aquicultura na
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN), como requisito básico
para a obtenção do título de
Bacharelado em Engenharia de
Aquicultura, sob a orientação do Prof.º
Dr. Wallace Silva do Nascimento.

Natal/RN

JANEIRO/2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - -Centro de Biociências - CB

Flor, Gustavo Barros.


Análise de viabilidade econômica da piscicultura em tanque
suspenso em sistema RAS: estudo de caso no município de Monte
Alegre RN / Gustavo Barros Flor. - 2022.
44 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande


do Norte, Centro de Biociências, Bacharelado em Engenharia de
Aquicultura. Natal/RN, 2022.
Orientador: prof. Dr. Wallace Silva do Nascimento.

1. Viabilidade econômica - Monografia. 2. Aquicultura -


Monografia. 3. Piscicultura - Monografia. I. Nascimento, Wallace
Silva do. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.
Título.

RN/UF/BSCB CDU 639.3

Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351


Dedico esse trabalho ao meu pai,
familiares, amigos e professores
por todo apoio dado durante a
minha formação, sendo
fundamentais para a realização
dessa etapa.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a minha família por ter me dado todo o suporte


necessário para que eu pudesse seguir em frente. Sobretudo agradeço ao meu
pai, por ter me dado todo amor, carinho e amparo que eu precisei para crescer
com ser humano, homem, e também como profissional que sou hoje. TE AMO
PAI.

Em especial queria agradecer também aos meu Avô e as minhas Avós,


que me deram me deram muito suporte e me ajudaram a seguir em frente nessa
minha caminhada. AMO VOCÊS.

A todo o corpo docente da UFRN, por ter me ensinado sobre o vasto


universo da aquicultura e os caminhos possíveis a se trilhar nele, que me deram
atenção, educação e profissionalismo. Obrigado a todos, foi uma experiência
única.

Agradeço ao meu orientador Wallace e ao meu co-orientador Deusimar,


que me ajudaram no desenvolvimento desse trabalho e me guiaram em diversos
assuntos dentro da Universidade. Eles também foram meus professores, então
aprendi muitas coisas diferentes com eles e hoje só tenho a agradecer.

Agradeço ao supervisor do meu primeiro Estágio, Bruno, que deu a minha


primeira oportunidade de trabalhar na área, aprendi muito com meu tempo lá e
com todos da equipe do laboratório.

Aos integrantes da Enseg, por ter me dado oportunidade de aprender


como funciona o setor de beneficiamento de camarão e da indústria, foi uma
experiência nova pra mim, cresci muito como profissional. Em especial, para
Álvaro meu supervisor, e Marcia que foram pessoas que me guiaram e me deram
toda a atenção necessária.

Ao professor Rodrigo, que foi quem me apresentou e me deu a


oportunidade de frequentar pela primeira vez a EAJ (Escola Agrícola de Jundiaí),
também me deu apoio, e me fez recomendações agradeço por toda ajuda que
ele me deu.
Agradeço também aos professores Emerson e Davi, por terem me
instruído durante meu tempo de estágio na EAJ, e por terem me dado a
oportunidade de trabalhar com larvicultura, que até então era algo novo para
mim, agregou muito ao meu conhecimento, com certeza me ajudará no futuro a
ser um profissional mais completo.

Agradeço a todos os profissionais que trabalham no DOL (Departamento


de Oceanografia e Limnologia), desde professores, coordenadores, terceirizados
e estagiários, que de forma direta ou indiretamente ajudaram na minha formação.
Em especial aos meus professores que foram os meus guias nessa jornada de
aprendizado, obrigado a todos.

Agradeço aos profissionais terceirizados, que facilitam nosso dia a dia, se


eu estou me formando agora, parte disso é por conta desses profissionais.
Particularmente a Nando, profissional terceirizado da EAJ, com ele trocamos
boas risadas, e tornou nossos dias lá mais agradáveis e divertidos.

Queria agradecer também ao pessoal da SEA jr, empresa júnior do curso


de Engenharia de Aquicultura, durante meu tempo lá aprendi muito sobre o
mercado comercial da aquicultura, destoando um pouco do que eu estava
acostumado que era a área acadêmica e laboratorial, me ajudaram a crescer e
a aprender tomar decisões.

Agradeço a todos os meus colegas da turma de 2016.1 de Engenharia de


Aquicultura da UFRN, por terem participado dessa jornada juntos comigo, foi
muito gratificante enriquecedor conhecer todos vocês.

Em especial gostaria de agradecer ao meu colega de turma Raphael, que


esteve ao meu lado em diversos momentos, aprendi muito apenas por estar do
lado dele, e me ajudou a passar por diversas atribulações. Com certeza é uma
amizade que eu vou levar pro resto da minha vida. Por tudo, meus sinceros
agradecimentos.

Gostaria de agradecer também meus amigos de forma geral, que


compartilharam momentos altos e baixos comigo, excepcionalmente, gostaria de
agradecer a Lucas, meu amigo de infância que esteve do meu lado em muitos
momentos, obrigado por tudo.
Agradeço a minha ex-madrasta Suenia, que em diversos momentos da
minha vida vi como uma figura materna, que me deu amor, carinho, respeito, e
sempre cuidou muito bem de mim. Muito obrigado por tudo.

Agradeço a minha irmã Maria Fernanda por tornar meus dias mais
divertidos, e por ser essa pessoa sempre alegre com quem gosto de passar o
meu tempo.

Agradeço a meu primo Junior, que apesar da distância eu vejo como um


irmão, sempre cuida muito bem de mim quando o visito, e por ser esse ombro
amigo que sempre está lá quando preciso.

Por último, gostaria de agradecer a mim mesmo, por ter aguentado firme
e apesar de todos os percalços ter conseguido chegar até aqui, pela minha força
de vontade e esforço. Meu eu do passado agradece o meu eu do presente.

Gustavo Barros Flôr


“A persistência é o caminho para o éxito”

Charles Chaplin
RESUMO

A piscicultura pode ser definida como cultivo e criação de peixes em todas as


fases de sua vida, desde larva até a fase adulta e reprodução, podendo ser
realizada em diversas estruturas e modalidades diferentes. Essa atividade tem
ganhado cada vez mais espaço no mercado, devido a necessidade cada vez
maior de produção de alimento nutritivo, de qualidade e com baixo custo de
produção. Por consequência, atividade vem atraindo cada vez mais investidores
não apenas grandes, mas principalmente de pequeno e médio porte visto que é
possível implementa-la sem grandes investimentos. Contudo, alguns
investidores encontram alguns entraves em seus caminhos que dificultam os
desenvolvimentos de seus empreendimentos, muitos desses percalços
poderiam ser previstos e evitados com a realização de um relatório de viabilidade
econômica. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo realizar um
estudo para atestar a viabilidade econômica da criação de peixes, na modalidade
de tanque suspenso em sistema RAS, de um produtor independente no
Município de Monte Alegre, Rio Grande do Norte. A metodologia empregada
nesse estudo foi a de revisões bibliográficas onde foram estudados diversos
modelos e tipos de estruturas para piscicultura, nas quais foi escolhida a que
mais se adaptava as condições do produtor, juntamente a isto foram utilizados
análises estatísticas, e utilização de softwares para formulação de tabelas e
elaboração de maquete em 3D. Em vista disto, para atestar a viabilidade dos
fluxos de caixa elaborados para produção no município, foram calculados os
indicadores do VPL (Valor Pressente Líquido), IBC (Índice Benefício Custo), TIR
(Taxa Interna de Retorno) e PB (Payback), submetidos a diferentes taxas de
desconto, tendo em vista o pior cenário analisado, que seria uma taxa de 10%,
obtivemos os seguintes resultados: um VPL de R$ 262.809,66, um IBC no valor
de R$ 3,10, e uma TIR de 77,06%, gerando um retorno de investimento em 1
ano e 5 meses atestando a disponibilidade do projeto em suportar a taxa mais
alta considerada na pesquisa. Exposto isto, os resultados apontam de forma
favorável a produção e comercialização desse pescado na localidade, é um
empreendimento viável economicamente, altamente lucrativo, e sustentável
tanto no ambiento econômico quanto no ecológico já que se trata de projeto de
recirculação de água, e com alto potencial de desenvolvimento.
ABSTRACT

Fish farming can be defined as the cultivation and rearing of fish at all stages
of their life, from larvae to adulthood and reproduction, and can be carried out in
several different structures and modalities. This activity has gained more and
more space in the market, due to the growing need for the production of nutritious,
quality food at a low production cost. As a result, this activity has been attracting
more and more investors, not only large, but mainly small and medium-sized
ones, as it is possible to implement it without major investments. However, some
investors find some obstacles in their paths that hinder the development of their
projects, many of these setbacks could be foreseen and avoided with the
completion of an economic feasibility report. Therefore, the present work aimed
to carry out a study to attest the economic viability of fish farming, in the form of
a suspended tank in a RAS system, by an independent producer in the
municipality of Monte Alegre, Rio Grande do Norte. The methodology used in this
study was that of bibliographic reviews where several models and types of
structures for fish farming were studied, in which the one that best suited the
producer's conditions was chosen, along with this statistical analysis was used,
and the use of software for formulation of tables and elaboration of mockup in
3D. In view of this, to certify the feasibility of the cash flows prepared for
production in the municipality, the indicators of NPV (Net Present Value), IBC
(Benefit Cost Index), IRR (Internal Rate of Return) and PB (Payback) were
calculated. subjected to different discount rates, considering the worst scenario
analyzed, which would be a rate of 10%, we obtained the following results: a NPV
of BRL 262,809.66, an IBC in the amount of BRL 3.10, and a IRR of 77.06%,
generating a return on investment in 1 year and 5 months, attesting to the
project's availability to support the highest rate considered in the survey. Having
said that, the results favorably point to the production and marketing of this fish
in the locality, it is an economically viable, highly profitable, and sustainable
enterprise in both the economic and ecological environment since it is a water
recirculation project, and with high development potential.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fotografia 1 – Área destinada ao projeto ..........................................................4


Fotografia 2 - Área destinada ao projeto ...........................................................5
Fotografia 3 – Reservatório de água em fase de reparos .................................5
Fotografia 4 - Reservatório de água em fase de reparos .................................5
Figura 1 – Layout em 3D do projeto completo ...................................................6
Figura 2 – Layout em 3D dos tanques de Geomembrana do projeto ................7
Figura 3 – Layout em 3D dos decantadores e filtros biológicos do projeto .......7
Figura 4 – Representação do sistema de aeração do projeto ...........................8
Tabela 1 - Espécies cultivadas na aquicultura brasileira e volume de
produção............................................................................................................10
Gráfico 1 – Evolução das principais espécies de peixes produzidos no Brasil
de 2007 a 2011 .................................................................................................11
Fotografia 5 – Tanque escavado .....................................................................12
Fotografia 6 – Tanques redes .........................................................................12
Fotografia 7 – Tanque suspenso de geomembrana ........................................13
Figura 5 – Layout de tanque de geomembrana ...............................................14
Figura 6 – Representação do ciclo do nitrogênio .............................................17
Fotografia 8 – Área destinada ao projeto ........................................................23
Figura 7 – Layout 3D do projeto visto de cima .................................................24
Tabela 2 – Fluxo de caixa líquido e acumulado do sistema de produção
piscícola no município de Monte Alegre/RN .....................................................27
Quadro 1 – Resultado dos indicadores de viabilidade e Payback do sistema de
produção piscícola em Monte Alegre/RN .........................................................28
Tabela 3 – Custos Fixos e Custos Variáveis do projeto ...................................28
Tabela 4 – Margem de Contribuição Unitária ...................................................29
LISTRAS DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

CF Custo Fixo
CT Custo Total Anual
Ctme Custo Total Médio
CV Custo Variável
FAO Food and Agriculture Organization (Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura)
FC Fluxo de Caixa
FCL Fluxo de Caixa Líquido
IBC Índice Benefício Custo
IL Índice de Lucratividade
MCU Margem de Contribuição Unitária
PB Payback
PE Ponto de Equilíbrio
TIR Taxa Interna de Retorno
TMA Taxa Mínima de Atratividade
VPL Valor Presente Líquido
RAS Recirculating Aquaculture System (Sistema de Recirculação
Aquícola)
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................1
2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................2
3. OBJETIVOS ............................................................................................3
3.1 Objetivo geral ...................................................................................3
3.2 Objetivo específico ..........................................................................3
4. ESTRUTURAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ...........................4
5. DESCRIÇÃO DO PROJETO ...................................................................6
6. REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................8
6.1 Piscicultura .......................................................................................8
6.2 Modalidades e estruturações presentes na Piscicultura ............11
6.3 Sistema RAS (Recirculating Aquaculture System) ......................16
6.4 Manejo Alimentar na Piscicultura ..................................................18
6.5 Investimento e Custo de produção ...............................................19
6.6 Análise de viabilidade econômica de projetos .............................20
6.7 Indicadores de viabilidade econômica .........................................21
6.7.1 Valor presente Líquido (VPL) ..................................................21
6.7.2 Taxa interna de retorno (TIR) ..................................................21
6.7.3 Índice Benefício-custo (IBC) ...................................................21
6.7.4 Payback (PB) ..........................................................................21
6.8 Definição de Receita .......................................................................22
6.9 Fluxo de caixa: Instrumento de gerenciamento financeiro .........22
7. METODOLOGIA ....................................................................................23
7.1 Elaboração de layout ......................................................................23
7.2 Levantamento de Custos ...............................................................24
7.3 Aplicação do Indicadores de viabilidade econômica ..................25
8. ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................................26
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................29

REFERÊNCIAS ...........................................................................................31
1. INTRODUÇÃO

A aquicultura é a ciência que estuda cultivo de organismos que tenham


ao menos parte de suas vidas em ambientes aquáticos, nela podemos observar
e aprender sobre esses organismos em todas as etapas de suas vidas desde
suas fases larvais até sua reprodução, assim como o uso de suas propriedades
para benefício humano, como por exemplo: alimentos altamente nutritivos,
cosméticos, tratamentos médicos, biorremediação, fontes de energia alternativa,
entre outros.

De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization of the United


Nations), em 2018 a produção global de peixes foi de 179 milhões de toneladas
sendo parte disso, 82,1 milhões apenas da aquicultura, uma nova alta, esses
valores indicam um crescente aumento da atividade Aquícola. Atualmente,
segundo a (FAO, 2018), o maior exportador e produtor de peixe do mundo é a
China.

Contudo, é fato que o Brasil é um dos países com maior potencil aquícola
do mundo, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) cita que
o Brasil possui cerca de 12% de toda água doce do mundo e ainda mais de 8.000
Km de litoral, o que nos torna privilegiados no quesito riquezas naturais e
favorável a cultivos aquícolas.

De acordo com dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE, 2016), a principal categoria dentro da aquicultura brasileira é
a produção de peixes de água doce que corresponde a 84% da produção
aquícola do país, seguida pela aquicultura marinha que responde por apenas
16% da produção total, sendo composta pela carcinicultura (12%) e pela
produção de ostras, vieiras e mexilhões (4%). Entre a espécies de peixe, temos
como principal a tilápia (Oreochromis niloticus) que corresponde a 38% da
produção nacional.

O Brasil hoje se consolida como o 4º maior produtor de Tilápia do mundo


segundo a Aquaculture brasil (2019), dentro do cenário da Piscicultura ela
representa 57% da produção nacional. A piscicultura de tilápia (Oreochromis

1
niloticus) mostrou-se ser uma atividade com uma ótima taxa de retorno e
altamente rentável, que vem crescendo ano após ano.

Contudo, para o sucesso de um empreendimento também são


necessárias informações de caráter técnico e econômico, um estudo de
viabilidade técnica e econômica pode prever futuros percalços pelo caminho, e
ajudar na implementação e a estabilizar os negócios sem grandes atribulações.

Em virtude disso, houve a necessidade de se estudar e analisar


economicamente a viabilidade de uma piscicultura no município de Monte Alegre
no Rio grande do Norte (RN), o cultivo será em um sistema RAS (Recirculating
Aquaculture System) superintensivo, com expectativa de produção mensal de
2.800 kg.

2. JUSTIFICATIVA

Com o crescente aumento populacional no mundo, nunca se teve tanto a


necessidade de gerar alimento em grandes quantidades e de forma sustentável
como hoje. A piscicultura vem se tornado umas das alternativas viáveis para a
produção de alimento nutritivo, com baixas proporções de gordura e calorias, e
com altos índices de proteínas, vitaminas e minerais.

Além disso, a tilápia é uma espécie com baixo custo relativo de produção,
e uma das melhores taxas de conversão alimentar que varia entre 1,1 a 1,5, com
capacidade de produção que pode chegar até 700 Kg/m², números inimagináveis
em comparação a bovinocultura e a suinocultura. Tudo isso, atrelado a qualidade
desse produto é o que torna a piscicultura tão atrativa aos olhos de produtores,
e uma grande promessa no mercado.

Entretanto, nem tudo é perfeito, com o passar do tempo alguns produtores


de forma irresponsável não souberam lidar com os “rejeitos” dessa produção,
descartando-os de forma inadequada e prejudicando a fauna e flora, assim como
também a saúde pública. Visto isso, como aquicultores é importante saber a
importância da água e de toda a biota contida nela.

Pensando no melhor aproveitamento destes recursos, algumas


tecnologias de produção foram desenvolvidas, uma delas é o sistema RAS

2
(Recirculating Aquaculture System) que consiste em simular e potencializar
processos naturais que ocorrem no meio ambiente, fazendo com que seja viável
a recirculação dessa água e reaproveitamento de recursos, fazendo com que a
reposição dessa água seja quase que nula, repondo apenas o percentual perdido
no manejo e na evaporação.

Todavia, não podemos esquecer que a aquicultura é uma atividade que


tem como finalidade gerar renda além de um produto de qualidade. Pensando
nisso, é importante que seja feito um estudo de viabilidade técnica e econômica
para que se tenha segurança no investimento, e evitar futuras perdas.

Exposto isso, o presente trabalho tem como finalidade elaborar um estudo


para atestar a viabilidade econômica da produção piscícola em tanque suspenso
em sistema RAS, com expectativa de produção mensal no município de Monte
Alegre/RN, onde será possível atestar se esse sistema de produção pode ser
viável para geração de renda ao produtor independente no município.

3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral

Realizar um estudo para atestar a viabilidade econômica da criação de


peixes, na modalidade de tanque suspenso em sistema RAS, de um produtor
independente no Município de Monte Alegre, Rio Grande do Norte.

3.2 Objetivos específicos

• Compreender o processo de criação de peixes em um sistema de RAS;

• Aplicar planilhas de controle de implantação e manutenção da produção,


visando a obtenção de dados para análise;

• Analisar os indicadores de viabilidade econômica e os principais


elementos da criação de peixes na modalidade tanque suspenso em sistema de
RAS, no Município de Monte Alegre/RN.

3
4. ESTRUTURAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA

O estudo de caso foi realizado em um empreendimento voltado ao


segmento piscícola, na modalidade tanques suspensos em sistema RAS, em
cultivo superintensivo, localizado na Granja Benza Deus situada no Povoado de
Nova Monte Alegre na Castanha, localizado na área rural de Monte Alegre, RN,
no terreno de um produtor independente. O produtor possui alguns pontos que
a fazem obter vantagem competitiva com relação aos seus concorrentes, como
por exemplo, o fato de dispor de um alimento saudável que vem ganhando cada
vez mais seu espaço no mercado em função da busca da população por uma
alimentação mais saudável, além de fornecer preço atrativo. O empreendimento
é considerado de pequeno porte e tem como principal objetivo fornecer peixes
de boa qualidade, satisfazendo as expectativas dos clientes.

O terreno tem uma área de 1,39 Hectares sendo cerca de 78 metros de


largura e 178,3 metros de comprimento, além de dispor das seguintes estruturas:
uma casa principal, uma casa para o caseiro; dois reservatórios de água com
capacidade de 130.000 Litros e 95.000 Litros respectivamente; três poços, sendo
dois artesianos e um tubular; uma pocilga; um galinheiro; e uma áreas voltada
para cultivo de cocos, o terreno dispõe ainda de quase metade do seu espaço
livre, uma área onde não possui nenhum tipo de construção ou vegetação, além
de ser plano, essa área será destinada ao projeto em questão e também para
futuros projetos aquícolas. Segue abaixo fotografia do terreno:

Fotografia 1 - Área destinada ao projeto

Fonte: Registrado pelo autor durante visita in loco (2021)

4
Fotografia 2 - Área destinada ao projeto

Fonte: Registrado pelo autor durante visita in loco (2021)

Fotografia 3 – Reservatório de água em fase reparos

Fonte: Registrado pelo autor durante visita in loco (2021)

Fotografia 4 – Reservatório de água em fase reparos

Fonte: Registrado pelo autor durante visita in loco (2021)

5
O município possui uma demanda por esse pescado pelo fato de possuir
poucos produtores na região, sendo a região abastecida em grande parte por
produções de regiões vizinhas. As principais formas de escoamento da produção
local, seriam pequenos mercado pela região, e também a presença de dois
supermercados regionais, o município também conta com a presença de feiras
livres semanais, onde esses pescados podem ser vendidos para revenda ou até
mesmo diretamente pra o consumidor final, gerando uma renda ainda maior para
o produtor. Além disso, a produção também pode ser escoada para as regiões
vizinhas que também carecem desse tipo de produto.

5. DESCRIÇÃO DO PROJETO

O projeto ocupa uma área de 31 x 35 metros, água utilizada tem origem de


poço tubular e/ou de captação da chuva que fica retida em dois reservatórios de
água, de 130.000 litros e 95.000 litros respectivamente.

Figura 1 – Layout em 3D do Projeto completo

Fonte: Registrado pelo autor após elaboração do Layout (2021)

A tecnologia empregada é a do sistema RAS em um modelo trifásico, ele


conta com a presença de seis tanques de cultivo, sendo dois berçários de 8.000
litros de capacidade máxima cada, dois tanques de fase 2 de 30.000 litros, e dois
tanques de terminação com 50.000 litros cada.
6
Figura 2 – Layout em 3D dos tanques de Geomembrana do projeto

Fonte: Registrado pelo autor após elaboração do Layout (2021)

Além disso, o sistema também conta com presença de mecanismos de


decantação e biofiltragem, sendo três conjuntos compostos de dois
decantadores e um biofiltro, um para cada fase de cultivo, o conjunto da fase de
berçários possui dois decantadores de 1.750 litros cada, e um biofiltro de 4.800
litros, o conjunto da fase 2 intermediária possui dois decantadores de 3.500 litros
cada, e um biofiltro de 9.600 litros, e já o terceiro conjunto, da fase 3 de
terminação possui dois decantadores de 7.000 litros cada, e um biofiltro de
19.200 litros.

Figura 3 – Layout em 3D dos decantadores e filtros biológicos do projeto

Fonte: Registrado pelo autor após elaboração do Layout (2021)

7
O projeto também possui um sistema de aeração que irá ficar rodando 24
horas por dia, que é composta por dois sopradores radiais de 3,45 cv sendo um
ativo e outro de backup, um gerador, tubulação de pvc e mangueiras porosas.

Figura 4 – Representação do sistema de aeração do projeto

Fonte: Registrado pelo autor após elaboração do Layout (2021)

A logística de povoamento e despesca acontecerá em dois sistemas


trifásicos nos quais possuem despescas de dois em dois meses, porém
aconteceram de maneira intercalada fazendo com que se tenha despesca todo
mês. O sistema trabalhará com uma capacidade máxima de até 56 kg/m³, ou
seja, uma produção de até 2.800 kg por mês.

6. REFERENCIAL TEÓRICO
6.1 Piscicultura

Parafraseando Siquera (2017), a aquicultura é a reprodução e o


crescimento de organismos aquáticos, como plantas e animais (peixes,
moluscos, crustáceos, anfíbios e répteis) em ambiente aquático controlado ou
semicontrolado, tal como, por exemplo, em fazendas, para criação de peixes em
lagos e/ou tanques, em rios, ou no mar. Dentre os segmentos da aquicultura, se
encontra a Piscicultura, ramo da aquicultura responsável pelo cultivo peixes, seja
de água doce denominados continentais, ou peixes oriundos do mar assim
denominada piscicultura marinha.

8
A piscicultura é uma atividade antiga, a registros de que os egípcios já a
praticavam em 4.000 anos a.C., o peixe produzido com mais sucesso na região
era justamente a tilápia do Nilo. Em paralelo a isso, a China, outro país pioneiro
na piscicultura já desenvolvia a prática também, porém o seu carro chefe era a
cultura da carpa.

Cultivar peixes em um espaço confinado é uma atividade relativamente


simples, entretanto, esse cultivo em tempos remotos eram apenas processos
mecânicos, não se tinha muito conhecimento dos processos químicos, físicos e
biológicos da prática, com o passar do tempo através de estudos e pesquisas os
processos foram ficando cada vez mais claros. Através disso, a piscicultura se
desenvolveu em diversos aspectos como: melhor aproveitamento dos recursos
gerados no cultivo, aumento da produtividade, diminuição dos custos e
diminuição dos impactos ambientais.

Segundo Souza e Filho (1985) a piscicultura teve seu início no Brasil em


meados de 1904, sendo originada por Carlos Botelho, o qual na respectiva época
ocupava o cargo de Secretário de Agricultura. Entretanto, foi só quando Rodolf
von Ihering passou a liderar esse segmento da aquicultura, por volta de 1927
(SOUZA; FILHO, 1985), que as pesquisas sobre a piscicultura no Brasil foram
ganhando efetivamente seu espaço e conquistando cada vez mais profundidade.
Rodolfo foi um zoólogo e biólogo brasileiro, que ficou conhecido como o pai da
piscicultura no Brasil.

Segundo SEBRAE (2015), a piscicultura brasileira é representada em


83% pelas tilápias e pelo grupo dos peixes redondos, em que se incluem o
tambaqui, tambacu, pacu e tambatinga. Somente as tilápias contribuem com
47% da produção nacional.

9
Tabela 1 – Espécies cultivadas na aquicultura brasileira e volume de
produção

Produção das espécies cultivadas no Brasil de 2007 a 2011 (t)

Espécie 2007 2008 2009 2010 2011

Tilápia 95.091,00 111.145,00 132.957,00 155.450,80 253.824,10

Tambaqui 30.598,00 38.833,00 46.454,00 54.313,10 111.084,10

Tambacu 10.854,00 15.458,00 18.492,00 21.621,40 49.818,00

Carpa 36.631,00 67.624,00 80.895,00 94.579,00 38.079,10

Pacu 12.397,00 15.189,00 18.171,00 21.245,10 21.689,30

Tambatinga 2.028,00 3.514,00 4.204,00 4.915,60 14.326,40

Pirapitinga 330 560 670 1.365,60 9.858,70

Pintado 1.592,00 1.777,00 2.126,00 2.486,50 8.824,30

Curimatã 2.721,00 3.736,00 4.469,00 5.226,00 7.143,10

Bagre 2.102,00 2.912,00 3.484,00 4.073,40 7.048,10

Matrinxã 2.899,00 2.131,00 2.550,00 2.981,90 5.702,10

Outros 5.222,00 8.121,00 9.715,00 11.359,60 5.372,20

Piau 3.491,00 5.227,00 6.252,00 7.227,60 4.309,30

Truta 2.196,00 3.662,00 4.381,00 5.122,70 3.277,20

Jundiá 667 911 1.089,00 1.274,30 1.747,30

Pirarucu 6 7 8 10,4 1.137,10

Traíra 140 190 227 266,3 926,5

Piraputanga 842 976 1.167,00 783,6 265

Cascudo - 26 31 37,1 58

TOTAL 209.807,00 281.999,00 337.342,00 394.340,00 544.489,90


Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA, 2012

Ainda segundo o SEBRAE (2015) desde o ano de 2007, o as principais


espécies de peixes cultivadas no Brasil tiveram altas taxas de crescimento,
principalmente as tilápias que de 2010 a 2011 alcançaram 65% de crescimento.
10
Os peixes redondos também seguiram com altas taxas. Em paralelo a isso, as
carpas caíram em aproximadamente de 60% no mesmo período. A produção de
tilápias no Brasil apresenta um crescimento contínuo desde 1994, a uma taxa
média anual de 70,4%. Entre os anos de 2003 a 2009, a produção de tilápias
cresceu 105%, passando de 64.857,5t para 132.957,8t. Exposto isso, o Brasil
vem demonstrando um potencial enorme dentro do cenário da aquicultura,
aquicultura, com produção que alcançou, em 2011, 544.489,90t, com destaque
para a piscicultura continental com 82,3% da produção total.

Gráfico 1 – Evolução das principais espécies de peixes produzidas no


Brasil de 2007 a 2011

2000 2001 2002 2003 2010

Fonte: Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA, 2012.

6.2 Modalidades e estruturas presentes na piscicultura.

A piscicultura pode ser praticada com o auxílio de diversas estruturas que


devem ser escolhidas de acordo com o perfil, necessidades e disponibilidade do
produtor, dentre essas estruturas podemos citar algumas como: tanques
escavados, que podem ou não serem lonados a depender principalmente do
nível de infiltração do solo além de outros fatores; tanques redes e gaiolas, que
geralmente são estruturas utilizadas em corpos d’água muito grandes como
lagos, rios, açudes e até em mar aberto; tanques suspensos onde normalmente
temos o maior controle da produção e de seus parâmetros, entre outros. Além
disso, eles também podem variar em tamanho, formatos, logísticas de produção
e suas modalidades.

11
Fotografia 5 – Tanque escavado

Fonte: https://br.pinterest.com/linda_anapaula_/tanque-de-peixes/

Fotografia 6 – Tanques redes

Fonte: https://www.sulpesca.com.br/produtos/18/tanque-rede-tr-200

12
Fotografia 7 – Tanque suspenso de geomembrana

Fonte: http://ecofarm.com.br/project/investimento-e-resultados/

Dentre as estruturas expostas acima, a que comumente possuí o maior


controle sobre o cultivo e de seus parâmetros e rejeitos é a estrutura de tanques
suspensos. Essas estruturas são espécies reservatórios de água que devem
ficar acima do nível do chão, e que devem possuir alguns requisitos como um
sistema de drenagem e abastecimento eficazes, as mesmas podem ser
construídas com diversos materiais, porém os mais comuns são alvenaria e
geomembrana, o mais importante é que essas estruturas sejam capazes de reter
a água evitando possíveis vazamentos e rompimentos, também é importante que
possuam um bom sistema de drenagem para possibilitar a retirada de matéria
orgânica no fundo, e um sistema de abastecimento que seja capaz de suprir sua
demanda de água.

13
Figura 5 – Layout de tanque de geomembrada

Fonte: Registrado pelo autor após elaboração do Layout (2021)

As modalidades dentro da piscicultura podem ser classificadas de acordo


com seu potencial de produção por m³ (metro cúbico), e estão classificadas das
seguintes maneiras: sistema extensivo, semi-intensivo e intensivo.

Sistema extensivo, é um tipo de modalidade onde não necessita de tanto


conhecimento técnico especializado empregado, geralmente o seu intuito é
apenas aproveitamento de instalações já existentes como açudes. Nessa
modalidade não há a oferta de alimentos ao animal que consegue de forma
natural no ambiente, porém nessa modalidade não se tem um retorno financeiro
significativo, pois a produção é muito baixa sem a possibilidade de um maior
adensamento.

A outra modalidade é o semi-intensivo, onde já conseguimos identificar


uma visão por obtenção de lucro, e um maior grau de conhecimento técnico
especializado empregado. Nessa modalidade existe a oferta de alimento aos
peixes, que se alimentam tanto da ração ofertada quanto do alimento obtido do
ambiente natural, também é necessária uma troca parcial de água continua, para
que não se acumule compostos tóxicos no ambiente de cultivo, além disso a
densidade de estocagem é maior, o que torna esse tipo de cultivo mais comercial
que o anterior.

Por fim, o outro sistema é o intensivo, que também pode ser classificado
como superintensivo dependendo do grau de produtividade e tecnologia
empregada, nesse sistema é necessário um alto grau de conhecimento técnico
especializado, pois sua produção é bastante adensada, o que faz necessário

14
uma atenção redobrada aos parâmetros de cultivo que devem estar sempre
sendo monitorados. Além disso, também é preciso, além da oferta de ração
constante, uma oferta de oxigênio de dissolvido através de aeradores pois a
demanda é maior do que o ambiente consegue fornecer, e também as trocadas
de água precisam ser maiores devido ao acumulo de matéria orgânica ser maior.
Devido a essa alta troca de água necessária, muitos produtores que optam por
esses sistemas optam também por um sistema de recirculação para o
reaproveitamento desta água, como sistema RAS (Recirculating Aquaculture
System) e Bioflocos, porém se o produtor conseguir suprir tudo isso de forma
excelente o retorno é bem significativo levando em conta que a produção é bem
maior também.

Ademais, existem outras formas de se classificar o sistema aquícola que


valem a pena serem citadas, por exemplo se o sistema é aberto ou fechado.
Sistemas abertos são aqueles onde é necessário renovação de água constate,
já que não possuem nenhum mecanismo de tratamento desta água, já os
sistemas fechados são aqueles que possuem tecnologias para tratamento desta
água, o que faz com que as trocas de água sejam quase que nulas, se contendo
apenas a reposição da água perdida nos processos de evaporação e manejo.

Para mais, outra forma de classificar os sistemas de produção que é


importante ser citada, é quanto a sua logística de despesca e fases de cultivo.
Desta forma, os sistemas podem ser classificados em sistemas Monofásico,
Bifásicos e Trifásicos.

Sistemas Monofásicos, são aqueles onde acontece o povoamento direto,


ou seja, os peixes permanecem no mesmo tanque de cultivo até o seu momento
de despesca, já os sistemas bifásicos são aqueles com duas fazes de cultivo,
onde as estruturas se dividem em berçário e tanque de engorda, e o sistema
trifásico é aquele com três fases de cultivo, um berçário, uma fase intermediaria
e a fase final de engorda.

Em sistemas Monofásicos os tanques são projetados de forma a se


pensar nas fases finais dos peixes, ou seja, no momento onde eles estão
maiores, o que faz com que se tenham muito espaço ocioso nos tanques em
suas fases iniciais de vida. Sistemas bifásicos e trifásicos apresentam vantagens

15
do sistema Monofásico por ter um melhor aproveitamento do espaço e das
estruturas, diminuindo assim os custos de implementação.

6.3 Sistema RAS (Recirculating Aquaculture System)

O Sistema RAS (Recirculating Aquaculture System) é um sistema onde a


água que originalmente seria descartada é reaproveitada através de
mecanismos de filtragem mecânica e biológica. Na natureza dentro da água
acontece um processo que chamamos de ciclo do nitrogênio, esse ciclo é o que
garante a circulação do nitrogênio entre o ambiente e os seres vivos, e é
principalmente em cima desse conceito que o Sistema RAS funciona.

De acordo com a Embrapa (2007), A amônia é o principal produto da


excreção dos organismos aquáticos, e é resultante do catabolismo das
proteínas. Esse produto pode ser extremante tóxico aos peixes em elevados
níveis, dependendo de outros parâmetros como Ph (Potêncial hidrogeniônico)
essa toxicidade pode aumentar mais ainda.

Ainda em concordância com a Embrapa (2007), a amônia excretada


pelos organismos aquáticos é oxidada em nitrato pela ação das bactérias
quimioautotróficas, Nitrosomonas e Nitrobacter, que transformam o amônio (NH4
+) em nitrito (NO2 - ) e, em seguida em nitrato (NO3 - ), esse nitrato por sua vez
é convertido em biomassa pelo fitoplâncton ou por macrófitas, que ou se
decompõe e viram amônia novamente ou servem de alimento para os peixes, e
assim o ciclo segue continuamente.

16
Figura 6 – Representação do ciclo do nitrogênio

Fonte: https://aquabahiasergipe.wordpress.com/2010/07/07/ciclo-do-nitrogenio/

Todavia, quando aumentamos o adensamento de peixes e fornecimento


de ração, aumentamos também a amônia no sistema e as bactérias podem não
dar conta dessa demanda, ocasionando em uma cascata de problemas em seu
cultivo fazendo com que ele entre em colapso. O sistema RAS funciona
potencializando esse processo de Nitrificação diminuindo a amônia no sistema.

Para o melhor entendimento do funcionamento de um Sistema RAS,


podemos subdividi-los em 3 partes, os tanques de cultivo, o sistema de filtragem
mecânica e o filtro biológico. Os tanques de cultivo, são onde estão alocados os
peixes e também é onde ocorre a maior parte do manejo.

O sistema de filtragem mecânica geralmente é composto por


decantadores e/ou filtros Sump, a filtragem mecânica é responsável por retirar o
excesso de matéria orgânica acumulada, isto é, a matéria orgânica não
dissolvida, aliviando assim a carga para o filtro biológico, em alguns sistemas ele
também conta com a presença de filtro Skimmer para a retirada de sólidos em
suspensão, embora não seja necessário sempre. A última parte e uma das mais
complexas, é o filtro biológico ou biofiltro, nele é onde ocorre a maior parte dos
processos químicos e biológicos necessários para o tratamento desta água.

17
A estrutura de um filtro biológico não é nada muito complexo, é formado
por um reservatório de água preenchido por mídias biológicas por onde a água
irá circular, e preferencialmente escondido da luz solar. Essas mídias biológicas
são apenas estruturas que aumentam a superfície de contato das bactérias
dentro da água, em alguns casos podem até serem utilizados cacos de tijolo e
telhas, embora em cultivos mais comerciais sejam utilizadas mídias próprias
voltadas para aquicultura já que são mais eficientes. Aumentando a superfície
de contato dentro da água, aumenta se também a biomassa de bactérias
Nitrobacter, pois as mesmas precisam de superfície de contato para se fixar,
fazendo com que a capacidade de conversão de amônia em Nitrato no seu
sistema seja maior, permitindo assim o maior adensamento de peixes.

6.4 Manejo alimentar na piscicultura.

Sussel (2008) afirma que, mesmo admitindo a aquicultura como uma


atividade milenar, somente nas últimas décadas se pode observar de forma mais
exclusiva o fornecimento de uma alimentação específica para animais aquáticos,
isso se dá pelo aumento na produção comercial desta atividade. No início, eram
utilizados restos de outras culturas na aquicultura, como rações para suínos e
avés, contudo, devido a esse tipo de alimento não ter o balanceamento
nutricional adequado para piscicultura, isso acabava resultando em uma má
eficiência em ingestão alimentar, gerando desperdício de vitaminas e minerais,
além disso também acarretava em uma maior quantidade de fezes e alimentos
apodrecidos no tanque ocasionando em mais amônia no sistema.

Com o decorrer do tempo, foram surgindo formulas específicas para


aquicultura e cada espécie, essas formulas levam em consideração
granulometria, fases da vida do animal, digestibilidade, palatabilidade entre
outros aspectos, tudo isso para amplificar o desenvolvimento do peixe,
melhorando sua taxa de conversão alimentar e qualidade de sua carne.

Em se tratando da tilápia, ela possui uma formula própria para cada fase
de sua vida, larvas e juvenis necessitam de uma ração com maior teor de
proteína para seu desenvolvimento, o que encarece a ração específica para as
fases iniciais de vida do peixe. Nessa fase, também é interessante que o

18
arraçoamento seja dividido em mais vezes durante o dia para melhor absorção
dessa ração. Já nas etapas finais de engorda, o peixe precisa de uma ração com
um teor maior de carboidratos, o que barateiam esse tipo de ração, que em
contra partida precisa ser em quantidade bem maior.

Outro fator importante de saber sobre as rações ofertadas é sobre


granulometria delas. O tamanho do pelet da ração deve acompanhar o tamanho
da boca do animal, por exemplo: se for ofertado uma ração com granulometria
muito grande para peixes pequenos eles podem não conseguir comer, ou então
apenas os maiores comerão fazendo com que eles cresçam de forma desigual;
por outro lado, se for ofertado uma ração com uma granulometria muito pequena
para peixes grandes, pode haver desperdício, fazendo com que a ração se
dissolva na água sem ser consumida, desperdiçando ração e prejudicando a
qualidade da água.

6.5 Investimento e Custos de produção

Para gerar qualquer produto demanda alguns custos, podemos dividir


esses custos em investimento e custos de produção. Podemos classificar
investimento como todos os custos que não são cíclicos para iniciar seu negócio,
por exemplo: a geomembrana necessária para a instalação dos tanques, ou a
mão obra necessária pra implementar os tanques e o sistema.

Os custos de produção, são aqueles efetuados na realização do seu


processo produtivo, ou seja, são todos os gastos com bens ou serviços
necessários para a produção de outros bens. Esses custos podem ser
subdivididos em custos fixos e custos variáveis, entender o conceito de cada um
e saber diferencia-los é de suma importância para o desenvolvimento da
viabilidade econômica do seu empreendimento.

Podemos definir como custos fixos, todos aqueles custos que não
apresentam grandes oscilações, independentes da produção, exemplo: aluguel,
salário de funcionários ou diaristas. É importante se ter o conhecimento desse
conceito, pois esses custos não apresentam oscilações caso a produção seja

19
grande ou pequena, sendo assim produzir pouco acaba se tornando mais
oneroso, pois você acaba gastando a mesma quantidade e produzindo menos.

O outro conceito apresentado são os custos variáveis, ao contrário dos


custos fixos, esses custos podem apresentar grandes oscilações dependendo
da produção, por exemplo: ração e energia, quanto mais produzimos mais
gastamos esse tipo de custo.

6.6 Análise de viabilidade econômica de projetos

O estudo de viabilidade econômica consiste em um trabalho que permite


avaliar se determinado projeto é possível e é viável economicamente de se
realizar, e são necessários alguns ajustes para ele acontecer. Nesse estudo,
avaliamos possíveis situações de risco que enfrentaremos em determinado
empreendimento a partir de informações que temos no presente, desta forma
conseguimos elaborar um plano para conte-los caso aconteça.

Embora não seja impossível que um projeto se consolide bem sem um


estudo de viabilidade econômica, é um risco enorme a se seguir, pois com o
planejamento necessário conseguimos driblar diversos percalços pelo caminho,
diminuir custos e otimizar ganhos.

Esse estudo traz informações importantes para o investidor que auxiliam


em sua jornada, como por exemplo: investimento, que são os custos necessários
para implementação e estabilização de seu empreendimento, custos de
produção, que é o quanto é necessário para manter o projeto operando,
estimativa de retorno desse investimento, Receita e faturamento, e os lucros do
empreendimento.

Em síntese, o estudo de viabilidade econômica traz segurança ao


investidor, e permite que ele amplie seu negócio sem medo de futuras
atribulações, pois possui um planejamento bem estipulado que permite prever
percalços.

20
6.7 Indicadores de viabilidade econômica

Para realização dos estudos de viabilidade econômica são necessários


alguns indicadores que apontam essa viabilidade. Os indicadores de viabilidade
financeira são ferramentas utilizadas para embasar decisões em relação a
investir ou não em uma ideia de negócio ou em um projeto. É por meio
desses indicadores que se consegue reduzir os riscos de perder dinheiro, tempo
e esforço em algo que terá pouco ou nenhum retorno.

À vista disso, os indicadores de viabilidade econômica, os quais são


provenientes de cálculos que buscam determinar a geração de capital e quitação
dos custos de uma determinada atividade econômica, foram utilizados na
pesquisa em questão: Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno
(TIR), Índice Benefício Custo (IBC) e Payback (PB).

6.7.1 Valor presente líquido (VPL)

O valor presente líquido (VPL), também conhecido como valor atual


líquido (VAL) ou método do valor atual, é uma formula métrica que tem como
foco o cálculo do valor presente de diversos de pagamentos que serão efetuados
futuramente, deduzindo uma taxa de custo de capital.

6.7.2 Taxa interna de retorno (TIR)

Taxa Interna de Retorno (TIR) é uma taxa de desconto hipotética, que tem
seu cálculo a começar de uma projeção de fluxo de caixa, ao consideramos que
seu Valor Presente Líquido (VPL) é nulo.

6.7.3 Índice de benefício-custo (IBC)

O Índice Benefício/Custo (IBC) reflete as perspectivas de ganho


proporcionais ao capital investido no empreendimento, além do ganho se esse
capital tivesse sido aplicado à TMA (Taxa mínima atrativa). O IBC tem sua
interpretação relativamente fácil e é comumente utilizado.

6.7.4 Payback (PB)

O Payback (PB) é o tempo que demora para o investidor retomar todo o


capital investido em seu empreendimento, ele pode ser calculado na unidade de

21
tempo de preferência do produtor, mas normalmente são utilizados anos ou
meses.

6.8 Definição de receita

Receita pode ser definido como toda entrada bruta de benefícios


financeiros a partir do início das atividades da empresa, retirando apenas
aquelas que são de origem de contribuições dos acionistas, cotistas ou
proprietários. Essa receita, após subtraída dos custos e despesas conseguimos
calcular o lucro da empresa.

A receita também pode ser dividida em dois tipos, sendo elas: Receita
operacional, que representa a parte do principal produto ou co-produtos (ou
serviços) do empreendimento, e a Receita não operacional que é procedente de
aplicações financeiras, totalizando assim o patrimônio líquido da empresa e seus
ativos.

6.9 Fluxo de caixa

Outro conceito importante de se entender é o de Fluxo de caixa, se


compreende por Fluxo de caixa que é um instrumento que ilustra todas as
entradas e saídas do empreendimento ou organização. Esse instrumento é muito
importante pois ele afere o desenvolvimento e a saúde financeira do seu projeto,
seu acompanhamento deve ser constante para que seja possível tomar
provisões rápidas caso houver qualquer queda repentina no desempenho do
empreendimento.

Ross et al. (2015, p. 7), ao pronunciar- se sobre a importância do fluxo de


caixa, declara que “a tarefa mais importante de um gestor financeiro é criar valor
com as atividades de orçamento de capital, estrutura de capital e capital de giro
da empresa”. Tendo em vista isso, fica claro a importância do instrumento fluxo
de caixa para o bom funcionamento do projeto, e que bom uso dessa ferramenta
pode definir o seu sucesso.

22
7 METODOLOGIA

7.1 Elaboração de layout

Antes de se fazer um estudo de viabilidade econômica de um


empreendimento, alguns pré-requisitos são necessários, primeiro é importante
saber se empreendimento é viável tecnicamente antes de saber se é viável
economicamente, ou seja, no caso da piscicultura é importante saber se é
possível cultivar a espécie em questão no local, e quais medidas devem ser
tomadas para tornar o cultivo mais viável, para isso levamos em consideração
aspectos como: clima, qualidade da água e do solo, presença de mão de obra
qualificada, entre outros fatores.

Logo após atestarmos viabilidade técnica do local passamos para o passo


seguinte, a elaboração de um layout em 3D do empreendimento. Essa maquete
nos permite ter uma visão prévia de como ficaria o estabelecimento, e de todo o
material e mão de obra necessário para implementa-lo.

Para a elaboração do layout foi realizada uma vistoria no terreno para


escolher o local mais adequado para as instalações, o local escolhido fica nos
fundos do terreno, ele é amplo, plano, e não apresenta construções ou arvores,
o que facilita o andamento das obras.

Fotografia 8 - Área destinada ao projeto

Fonte: Registrado pelo autor durante visita in loco (2021)

23
Após escolhido o local e delimitado a área, iniciou-se a elaboração do
layout em 3D com o uso do software SketchUp, onde foram feitos vários esboços
até o projeto ficar da forma ideal.

Figura 7 – Layout 3D do projeto visto de cima

Fonte: Registrado pelo autor após elaboração do Layout (2021)

7.2 Levantamento de Custos

Após a validação técnica e a elaboração do layout podemos dar início ao


estudo de viabilidade econômica. A primeira etapa desse estudo foi elenca toda
a mão de obra e matérias necessários para implementar e manter funcionando
o projeto, em seguida foi feita uma pesquisa de mercado para orçar todos esses
custos.

A pesquisa de mercado foi realizada em comércios locais e também pela


internet, pois alguns materiais não temos a disposição no local, foram elencados
três orçamentos de cada material e serviço, e em seguida foi feita uma média
entre eles.

A partir desses valores, calculamos com o uso do software Excel, todos


os custos de investimento seja para montar todas a instalações ou para manter
os custos operacionais dos seis primeiros meses, e também todos os custos
operacionais para manter o projeto operando posteriormente. Assim como
também, obtemos todos os dados estimados de receita anual e mensal, lucro e
tempo de retorno do investimento, para isso utilizamos alguns indicadores de

24
viabilidade econômica, que foram de grande importância para a validação
desses dados.

7.3 Aplicação do Indicadores de viabilidade econômica

Para verificar se o sistema é ou não viável foi aplicado os indicadores


do VPL, IBC, TIR e Payback, os quais foram submetidos a diferentes taxas de
desconto, sendo os indicadores calculados através das seguintes fórmulas
matemáticas:

• Valor presente líquido (VPL)

Onde:

VPL = Valor presente liquido

FC0 = Ano zero de


investimento FC1 = Ano 1
de investimento n =
Múltiplos indefinido de um
fator i = Taxa

• Taxa Interna de Retorno (TIR)

Onde:

TIR = Taxa Interna de Retorna

L.L = Lucro Líquido

I = Capital Inicial

25
• Índice Benefício Custo (IBC)

Onde:
IBC = Índice Beneficio/Custo

Σ = Somatória

CFj = Fluxo de Caixa

CF0 = Ano 0 de investimento

• Payback (PB)

Onde:
PB = Payback

Σ = Somatória

Tquando = Horizonte do projeto

CFt = Fluxo de Caixa total

I0 = Investimento inicial

8. ANÁLISE DE RESULTADOS

Para fins de cálculo dos indicadores de viabilidade considerou-se um


horizonte produtivo de 5 (cinco) anos e ainda, a não existência de produção no
Ano 0 das atividades, com isso o valor inicial do Fluxo de Caixa Líquido (FCL)
corresponde ao primeiro investimento da produção, sendo o valor inicial
investido pelo produtor de pequeno porte do Município de Monte Alegre/ RN o
equivalente a R$ 125.198,45. A estrutura da propriedade compreende um total

26
de 1,39 hectares, onde uma área de 31 x 35 metros são destinados ao cultivo
piscícola, o qual é composto por 6 tanques suspensos de geomembrana, sendo
2 (dois) de fase de terminação com 7,3 metros de diâmetro,2 (dois) de fase
intermediária com 5,65 metros de diâmetro, e 2 (dois) de berçários com um
diâmetro de 2,98 metros, a estrutura ainda conta com um sistema de decantação
e biofiltragem, sendo um modulo para cada fase de cultivo, cada modulo conta
com 2 decantadores e um biofiltro composto mídias biológicas e macrófitas de
pequeno porte, sendo assim uma capacidade de produção de 45.600 peixes por
ano, considerando uma taxa de mortalidade de 5%.

Nos anos posteriores, a atividade aponta uma receita de R$ 255.360,00,


tendo em vista que a produção anual equivale a 45.600 peixes, sendo 3.800 por
mês totalizando 12 (doze) despescas por ano, pesando em média 0,700
Kg/unidade, os quais serão revendidos à R$ 8,00/Kg. Sabendo-se que é gerado
um custo operacional de R$ 153.004,44 por ano, obtêm-se um FCL positivo de
R$ 102.355,56 na produção piscícola, considerando o Ano 1. De acordo às
informações, observa-se, portanto, que não há variação anual dos custos de
manutenção previstos, influenciando diretamente no FCL, como mostra a tabela
2:

Tabela 2 - Fluxo de caixa líquido e acumulado do sistema de produção


piscícola no município de Monte Alegre/RN.
Custos Receita FCL FC Acumulado
Ano 0 R$ 125.198,45 R$ 0,00 -R$ 125.198,45 -R$ 125.198,45
Ano 1 R$ 153.004,44 R$ 255.360,00 R$ 102.355,56 -R$ 22.842,89
Ano 2 R$ 153.004,44 R$ 255.360,00 R$ 102.355,56 R$ 79.512,67
Ano 3 R$ 153.004,44 R$ 255.360,00 R$ 102.355,56 R$ 181.868,23
Ano 4 R$ 153.004,44 R$ 255.360,00 R$ 102.355,56 R$ 284.223,79
Ano 5 R$ 153.004,44 R$ 255.360,00 R$ 102.355,56 R$ 386.579,35
Fonte: Registrado pelo autor (2021)

O cálculo do Valor Presente Líquido (VPL) ratifica a capacidade de o


empreendimento suportar taxas de desconto, onde no estudo apresentado foi
utilizado a seguintes taxas: 0,5; 2,5% ; 5,5% e 10% a.a., desta forma, analisando
pelo âmbito financeiro, nota-se que a atividade piscícola suportaria facilmente

27
taxas de juros de 0,5% à 10% a.a., sendo que esse fato inicial é consolidado
através dos cálculos da Taxa Interna de Retorno (TIR) e do Índice Benefício
Custo (IBC), onde o primeiro indicador demonstra que o empreendimento têm
capacidade de suportar taxas de desconto de até 77,06% a.a., e o segundo
indicador, por sua vez, demonstra um retorno de R$ 4,03 com a taxa mais baixa
à R$ 3,10 com a taxa mais alta, para cada real investido. Os resultados ainda
apontam um Payback de 1 ano e 5 meses a partir do mês da primeira despesca,
isto é, levando em consideração as instalações piscícolas em um horizonte de 5
anos, o produtor irá recuperar o investimento inicial no período de 1 ano e 5
meses iniciais do projeto, conforme apresentado no quadro 1.

Quadro 1 - Resultado dos indicadores de viabilidade e Payback do


sistema de produção piscícola em Monte Alegre/RN.
Indicador 0,50% 2,50% 5,50% 10,00%
VPL R$ 378.991,36 R$ 350.327,83 R$ 311.888,91 R$ 262.809,66
IBC R$ 4,03 R$ 3,80 R$ 3,49 R$ 3,10
TIR 77,06% 77,06% 77,06% 77,06%
P.B. 1A e 3M 1A e 4M 1A e 4M 1A e 5M
Fonte: Registrado pelo autor (2021)

O Ponto de Equilíbrio (PE) demonstra qual o nível de produção necessário


para que o empreendimento consiga liquidar os custos totais aferidos durante o
processo produtivo. Nesse ponto, ressalta-se que os custos totais equivalem R$
153.004,44. Na tabela 3 estão descritos de forma detalhada todos os custos que
geraram esse montante:

Tabela 3 - Custos Fixos e Custos Variáveis do projeto.


Custos Fixos (CF) Valor Custos Variáveis (CV) Valor
Funcionário fixo
R$ 30.168,00 Alevinos R$ 12.000,00
(salário + encargos)
Energia elétrica R$ 12.600,00 Gasolina R$ 600,00
Ração R$ 89.236,44
Diarista R$ 2.400,00
Manutenções Ocasionais R$ 6.000,00
Total (CF) R$ 42.768,00 Total (CV) R$ 110.236,44
Fonte: Registrado pelo autor (2021)

28
À vista disso, a tabulação demonstrou um nível de produção total que
corresponde a 45.600 peixes/ano, o que equivale a 31.920 Kg/ano, considerando
que o peso médio unitário é igual a 0,700 Kg. Em complemento, também foi
identificado o Custo Total Médio - Ctme, através da divisão do Custo Total Anual
– CT pela Quantidade Produzida por ano (R$ 153.004,44/31.920 kg), em
seguida, encontra-se a Margem de Contribuição Unitária – MCU, onde subtrai-
se o Preço recebido pelo Produtor (é recebido em média R$ 8,00 por kg) do Ctme
(R$ 8,00 – R$ 4,79), conforme a tabela 3:

Tabela 4 - Margem de Contribuição Unitária.


CT (Custo Total Anual) R$153.004,44
Ctme (Custo Total Médio/Kg) R$ 4,79
P (Preço recebido pelo produtor) R$ 8,00
MCU (Margem de Contribuição Unitária) R$ 3,21
Quantidade Produzida por ano 31.920,00
Fonte: Registrado pelo autor (2021)

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Por fim, esse trabalho que teve como objetivo realizar um estudo para atestar
a viabilidade econômica da criação de peixes, na modalidade de tanque
suspenso em sistema RAS, de um produtor independente no Município de Monte
Alegre, Rio Grande do Norte, não apenas comprovou sua viabilidade, como
atestou o alto potencial da atividade piscícola nesta modalidade na região.

De forma explicativa foram os demonstrados alguns dos procedimentos mais


importantes na elaboração de um estudo de viabilidade econômica, assim como
o passo a passo de como executa-los. É importante fresar alguns elementos que
são pré-requisitos para a elaboração desse estudo de viabilidade econômica,
como por exemplo: a importância de se ter uma comprovação de viabilidade
técnica antes da econômica, a Elaboração de um layout dinâmico, e feito de
forma precisa para uma melhor visualização do projeto, dos materiais e serviços
necessários para implementa-lo.

Partindo para o estudo de viabilidade econômica em si, podemos dar um


destaque aos indicadores de viabilidade econômica: VPL, IBC,TIR e Payback,

29
que de forma explicativa foram demonstrados nesse trabalho e nos deram um
panorama da viabilidade desse projeto, tendo em vista o pior cenário analisado,
que seria uma taxa de 10%, obtivemos os seguintes resultados: um VPL de R$
262.809,66, um IBC no valor de R$ 3,10, e uma TIR de 77,06%, gerando um
retorno de investimento em 1 ano e 5 meses atestando a disponibilidade do
projeto em suportar a taxa mais alta considerada na pesquisa.

Entretanto, é importante salientar que as técnicas, mecanismos e as


aplicações dos cálculos que foram efetuados não são absolutas, tendo em vida
que cada região possui suas características mercadológicas próprias, podendo
sofrer variações com relação a região e ao tempo. Exposto isto, os resultados
apontam de forma favorável a produção e comercialização desse pescado na
localidade, é um empreendimento viável economicamente, altamente lucrativo,
e sustentável tanto no ambiento econômico quanto no ecológico já que se trata
de projeto de recirculação de água, e com alto potencial de desenvolvimento.

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REFERÊNCIAS
- BRASIL, A., Brasil Produz 758 mil toneladas de peixes de cultivo, em
2019, Aquaculture Brasil, disponível em:
<https://www.aquaculturebrasil.com/noticia/15/brasil-produz-758-mil-toneladas-
de-peixes-de-cultivo%2C-em-2019>. Acesso em 10 fev. 2022.

- EMBRAPA, Aquicultura brasileira cresce 123% em dez anos, Embrapa,


disponível em:< https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-
/noticia/18797150/aquicultura-brasileira-cresce-123-em-dez-anos>. Acesso em:
10 fev. 2022.

- EMBRAPA, Pesca e Aquicultura, Embrapa, disponível


em:<https://www.embrapa.br/tema-pesca-e-aquicultura/perguntas-e-
respostas>. Acesso em: 10 fev. 2022.

- FAO, A gestão da pesca funciona: é hora de aplicá-la de maneira mais


ampla, FAO, disponível em:< https://www.fao.org/brasil/noticias/detail-
events/pt/c/1279825/>. Acesso em: 10 fev. 2022.

- QUEIROZ, J. F., BOEIRA, R. C., Boas Práticas de Manejo (BPMs) para


Reduzir o Acúmulo de Amônia em Viveiros de Aqüicultura, Jaguariúna,
Embrapa, 2007.

- ROSS, S. A., WESTERFIELD, Randolph W., JAFFE, Jeffrey, LAMB, Roberto.


Administração Financeira. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.

- SANTOS, J. T. N. R. L. S., Análise da Viabilidade Econômica da


Piscicultura em Tanque Escavado: Um estudo de caso no município de
Tomé-Açu. 2019. Tese (Bacharelado em Administração) – Faculdade de
Administração, Universidade Federal Rural da Amazônia Campus Universitário
de Tome-Açú, Tome-Açú, 2019.

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Sebrae,2015.

- SITEWARE, Indicadores de viabilidade financeira: o que são e quais usar,


Siteware. Disponível em:< https://www.siteware.com.br/processos/indicadores-
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