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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TOME-AÇÚ


BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO

JAMYLLE TELINO NOGUEIRA ROCHA


LEIDIANE SILVA DOS SANTOS

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DA PISCICULTURA EM TANQUE


ESCAVADO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE TOMÉ-AÇU

TOMÉ-AÇU/PA
JANEIRO/2019
JAMYLLE TELINO NOGUEIRA ROCHA
LEIDIANE SILVA DOS SANTOS

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DA PISCICULTURA EM TANQUE


ESCAVADO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE TOMÉ-AÇU

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Bacharelado em Administração
da Universidade Federal Rural da Amazônia
(UFRA), Campus Universitário de Tomé-Açu,
como requisito básico para a obtenção do
título de Bacharel em Administração, sob a
orientação da Prof.ª Dra. Luciane Cristina
Costa Soares.

TOMÉ-AÇU/PA
JANEIRO/2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Universitária Tomé-Açu
_________________________________________________________________________________
R672a Rocha, Jamylle Telino Nogueira

Análise da viabilidade econômica da piscicultura em tanque escavado: um estudo de caso


no município de Tomé-Açu/PA / Jamylle Telino Nogueira Rocha, Leidiane Silva dos Santos. –
Tomé-Açu, 2019.

52 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) – Universidade Federal


Rural da Amazônia, 2019

Orientadora: Prof.ª Dra. Luciane Cristina Costa Soares

1. Indicadores de Viabilidade. 2. Piscicultura. 3. Tanque escavado. I. Santos, Leidiane Silva


dos. II. Soares, Luciane Cristina Costa, orient. III. Título.

CDD 23. ed.- 658.5


_________________________________________________________________________________
Bibliotecário-Documentalista: Jean Pereira Corrêa – CRB2/1566
JAMYLLE TELINO NOGUEIRA ROCHA
LEIDIANE SILVA DOS SANTOS

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DA PISCICULTURA EM TANQUE


ESCAVADO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE TOMÉ-AÇU

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Bacharelado em Administração
da Universidade Federal Rural da Amazônia
(UFRA), Campus Universitário de Tomé-Açu,
como requisito básico para a obtenção do
título de Bacharel em Administração, sob a
orientação da Prof.ª Dra. Luciane Cristina
Costa Soares

Aprovado em: Tomé-Açu – PA, 14/02/2019


Conceito: Excelente

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________
Prof.ª Dra.
Orientadora
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA

___________________________________________________
Prof.ª M.Sc. João Paulo Borges de Loureiro
Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA

___________________________________________________
Engenheira Ana Júlia Amâncio da Silva
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará
Dedicamos este trabalho aos nossos pais,
familiares e amigos pelo absoluto apoio durante
toda essa etapa, sendo fundamentais para a
realização desse objetivo.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao meu Deus, pela sua infinita graça, pela força
concedida ao longo dessa jornada, e por ter me permitido concluir essa tão desejada
etapa em minha vida.

À minha família, que é o meu “porto seguro” diante todas as adversidades,


apoiando-me incondicionalmente. Sobretudo, agradeço à minha mãe por estar sempre
ao meu lado, dando-me todo o suporte necessário dia após dia. TE AMO, MÃE!

Agradeço à minha amiga e parceira de TCC, Mylle, que compartilhou comigo


grandes momentos, uns de alegria e conquistas, outros de muita luta e dificuldades, onde
o nosso laço de amizade se fez fundamental no apoio mútuo ao longo desses 4 anos.
Obrigada por tudo, amiga!

Agradeço à turma de ADM 2015 pela parceria, em especial aos grandes amigos
que a UFRA me deu, Mylle, Cris, Vanessa, Carlos e Berg, quero vocês para toda a vida.

Não poderia deixar de agradecer também dois grandes amigos, Samara e


Marcílio, que nos momentos de desânimo e esgotamento, utilizaram-se de sábias
palavras, que serviram de estímulo e encorajamento para seguir firme em frente. Sou
grata à Deus pela vida de vocês.

Agradeço ao meu irmão, Antônio, que disponibilizou seu tempo e seu


empreendimento para que pudéssemos realizar este trabalho.

A todos os docentes, pelo empenho e dedicação no compartilhamento de seus


conhecimentos, e contribuição para o nosso crescimento profissional. Nesse momento,
agradeço especialmente, à professora Luciane Soares, pela sua orientação na
construção desse trabalho.

Leidiane Silva dos Santos


AGRADECIMENTOS

Pelo dom da vida, infinita graça e bondade, agradeço primordialmente a Deus,


presentes no Pai, Filho e Espirito Santo, juntamente à doce e amada Maria, por me
permitirem esta conquista, a qual me proporcionou não só o conhecimento, como também
a maturidade pessoal e profissional.

Aos meus pais, Antonielza Telino Nogueira Rocha e James Silva Rocha, pelo
amor, respeito, apoio, ensinamentos e auxílio, sou majestosamente grata, amo muito
vocês.

Agradeço ao meu grande irmão, Jamerson Telino Nogueira Rocha, pois em sua
total paixão e dedicação por sua profissão, fisioterapeuta, e por seu caráter, tornou-se
um grande exemplo para mim, me ajudando a não desistir nunca de alcançar meus
objetivos. A você meu irmão, GRATIDÃO!

Agradeço aos parceiros “ufranianos”, que se tornaram grandes amigos e irmãos,


da Ufra para a Vida, Berg, Carlos, Cris e Vanessa, por cada sorriso e lágrima que
expressei diante de vocês.

Ao corpo docente presente em toda a trajetória acadêmica, em especial expresso


meus agradecimentos ao professor João Paulo, Edson, Phillip, Rayra, Ana Paula e à
professora Luciane Soares, por sua orientação e apoio.

E por fim, agradeço especialmente a minha grande parceira, amiga e irmã, Leidi,
por sua personalidade, caráter e postura profissional e em sociedade, para mim és uma
aluna exemplar, tenho muito orgulho de você, e por tais motivos não poderia deixar de
passar mais um “sufoco”, essa etapa acadêmica primordial para nossa formação.

Jamylle Telino Nogueira Rocha


"O insucesso é apenas uma oportunidade para
recomeçar com mais inteligência".
Henry Ford
RESUMO

A piscicultura, processo pelo qual se realiza a criação de peixes, podendo proceder em


diferentes estruturas e modalidades de cultivo, tem ganhado cada vez mais espaço no
mercado, em função da relevância econômica que essa atividade vem demonstrando.
Em consequência a esse fator, surge o interesse dos pequenos e médios produtores,
uma vez que a atividade não requer grandes extensões, nem altos investimentos para
sua implantação, favorecendo boa rentabilidade e taxa de retorno. Assim, a presente
investigação teve como objetivo realizar um estudo para atestar a viabilidade econômica
da piscicultura na modalidade de tanque escavado de um produtor no Município de Tomé-
Açu, atuando na criação do Curimatã (Prochilodus sp.) e Tambatinga, o qual resulta do
cruzamento entre a fêmea do tambaqui (Colossoma macropomum) e o macho
da pirapitinga (Piaractus brachypomus), em cultivo intensivo. Os procedimentos
metodológicos utilizados no estudo se deram a partir de uma pesquisa bibliográfica de
caráter exploratório, onde buscou-se encontrar fontes a respeito do tema proposto, sendo
ainda de natureza quantitativa, haja vista, que se realizou a análise dos dados numéricos
através dos procedimentos estatísticos. Em vista disto, para atestar a viabilidade dos
fluxos de caixa elaborados para produção no município, foram calculados os indicadores
do VPL (Valor Pressente Líquido), IBC (Índice Benefício Custo), TIR (Taxa Interna de
Retorno), PB (Payback) e P.E (Ponto de Equilíbrio), submetidos a diferentes taxas de
desconto de fontes de financiamentos existentes na região. Os dados demonstraram
valores otimistas e positivos na implantação piscícola no Município de Tomé-Açu
atestando um VPL de R$ 90.043,93, um IBC no valor de R$ 4,48, uma TIR de 77,74% e
um Ponto de Equilíbrio equivalente a 2.825 Kg, gerando um retorno do investimento em
2 anos e 3 meses. Desta forma, afirma-se que a atividade mostrou-se economicamente
viável, comprovando a viabilidade econômica da criação de peixes utilizando-se a
modalidade de tanque escavado de um produtor independente no Município de Tomé-
Açu, ratificando a efetividade desse segmento da atividade agropecuária no município
estudado.

Palavras-chave: Indicadores de Viabilidade. Piscicultura. Tanque escavado.


ABSTRACT

Fish farming, a process by creation of fish, can happen in different structures and
cultivation methods, has gained more and more space in the market. This activity has
been demonstrating this economic relevance. As a consequence of this factor, the interest
of small and medium producers have arisen, since the activity does not require large
extensions, nor high investments for its implantation, favoring good profitability and rate
of return. Thus, the present research had as objective to check a study to attest the
economic viability of the fish culture in the mode of dug tank of a producer in the country
city of Tomé-Açu, acting in the creation of Curimatã (Prochilodus sp.) And Tambatinga,
which results of the cross between the tambaqui female (Colossoma macropomum) and
the male of the pirapitinga (Piaractus brachypomus), under intensive cultivation. The
methodological procedures used in the study were based on exploratory bibliographical
research where we sought to find sources about the proposed theme, and it was still
quantitative, given that the numerical data analysis was performed through statistical
procedures. In order to verify the feasibility of cash flows prepared for production in the
countru city, the indicators of NPV (Net Benefit Value), IBC (Benefit Cost Index), IRR
(Internal Rate of Return), PB (Payback) and PE (Point of Balance), submit to different
discount rates from sources of financing existing in the region. The data showed positive
and positive values in fish farming in the countru city of Tomé-Açu attesting a NPV of R $
90,043.93, an IBC in the amount of R $ 4.48, an IRR of 77.74% and an Equivalent Point
of Equilibrium to 2,825 kg, generating a return on investment in 2 years and 3 months.
This way, it is affirmed that the activity was economically viable, proving the economic
viability of fish farming using the dug tank modality of an independent producer in the
Municipality of Tomé-Açu, ratifying the effectiveness of this segment of agricultural activity
in the countru city studied.

Keywords: Indicators of Feasibility. Fish farming. Dug tank.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Fotografia 1 – Tanques escavados do empreendimento ................................................ 3


Figura 1 – Evolução histórica dos tanques para piscicultura (de A para F) ..................... 5
Fotografia 2 – Piscicultura em tanque escavado ............................................................ 6
Fotografia 3 – Piscicultura em tanque elevado ............................................................... 6
Fotografia 4 – Piscicultura em tanques-redes ................................................................. 7
Tabela 1 – Principais espécies cultivadas no Brasil ....................................................... 10
Figura 2 – Tambaqui ..................................................................................................... 11
Figura 3 – Tilápia ........................................................................................................... 12
Figura 4 – Curimatã ....................................................................................................... 12
Figura 5 – Tambatinga .................................................................................................. 13
Figura 6 – Pirapitinga .................................................................................................... 13
Gráfico 1 – Ponto de equilíbrio (PE) .............................................................................. 24
Tabela 2 – Fluxo de caixa líquido e acumulado do sistema de produção piscícola no
município de Tomé-Açu ................................................................................................. 30
Quadro 1 – Resultado dos indicadores de viabilidade e Payback do sistema de
produção piscícola em Tomé-Açu .................................................................................. 31
Tabela 3 – Custos Fixos e Custos Variáveis do projeto ................................................. 32
Gráfico 2 – Ponto de equilíbrio (PE) do sistema de produção piscícola em Tomé-Açu 33
Tabela 4 – Ponto de equilíbrio (PE) e Margem de Contribuição Unitária ....................... 33
LISTRAS DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

CF Custo Fixo
CT Custo Total Anual
Ctme Custo Total Médio
CV Custo Variável
FAO Food and Agriculture Organization (Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura)
FC Fluxo de Caixa
FCL Fluxo de Caixa Líquido
IAP Instituto Ambiental do Paraná
IBC Índice Benefício Custo
IL Índice de Lucratividade
MCU Margem de Contribuição Unitária
PB Payback
PE Ponto de Equilíbrio
TIR Taxa Interna de Retorno
TMA Taxa Mínima de Atratividade
VPL Valor Presente Líquido
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 1
3. OBJETIVOS .............................................................................................................. 2
3.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 2
3.2 Objetivos específicos............................................................................................... 2
4. ESTRUTURAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ..................... 3
5. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................ 4
5.1 Piscicultura ............................................................................................................... 4
5.2 Modalidades e estruturações presentes na Piscicultura ...................................... 4
5.3 A evolução da Piscicultura no Brasil ..................................................................... 8
5.4 Principais espécies cultivadas na Piscicultura ..................................................... 9
5.5 Manejo alimentar na Piscicultura .......................................................................... 13
5.6 Conceito de custo de produção ............................................................................ 16
5.7 Análise da viabilidade econômica de projetos .................................................... 18
5.8 Indicadores de viabilidade econômica: ................................................................ 19
5.8.1 Valor presente líquido (VPL) ................................................................................. 19
5.8.2 Taxa interna de retorno (TIR) ................................................................................ 20
5.8.3 Índice benefício–custo (IBC) ................................................................................. 21
5.8.4 Payback (PB) ........................................................................................................ 22
5.8.5 Ponto de equilíbrio (PE) ........................................................................................ 23
5.9 Definição de Receita .............................................................................................. 24
5.10 Fluxo de caixa: Instrumento de gerenciamento financeiro .............................. 25
6. METODOLOGIA ...................................................................................................... 27
7. ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................... 30
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 34
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 35
APÊNDICE ..................................................................................................................... 39
1. INTRODUÇÃO

A piscicultura é definida como a prática de produção de alevinos ou peixes em


ambientes denominados como açude, alagado, reservatório, viveiro, ou tanque,
representada por uma área formada pela contenção de água, havendo o controle de
entrada e saída desse fluxo (IAP – Instituto Ambiental do Paraná).
Segundo Martins et al. (2001) com o passar do tempo percebeu-se uma grande
migração de alguns produtores de culturas rurais para outras atividades rurais, dentre
elas o setor piscícola que vem atraindo parte desses produtores e ainda de alguns
empresários agrícolas. Isso se dá em função da relevância econômica que essa atividade
vem demonstrando o que, consequentemente, desperta o interesse dos pequenos e
médios produtores, haja vista que esse sistema não exige grandes extensões, tampouco
altos investimentos para sua implantação, potencializando boa rentabilidade e taxa de
retorno.
Conforme Vilela et. al (2012), dentre as atividades agropecuárias brasileiras, o
setor piscícola vem se destacando como uma das atividades com grande importância
econômica, todavia, são poucas as informações de caráter técnico e econômico que
possam auxiliar na execução de um planejamento. Pare se ter mais segurança na
implantação desse sistema se faz necessário a existência de indicadores econômicos
que demonstrem o sucesso ou não do negócio, o que consequentemente resultaria na
evolução da atividade.
Em vista disso, viu-se a necessidade de analisar a viabilidade econômica da
piscicultura, utilizando-se da modalidade tanque escavado, em um empreendimento de
um produtor independente no município de Tomé-Açu, no Pará.

2. JUSTIFICATIVA

A procura por alimentos mais nutritivos, que contenham baixas proporções de


gordura e caloria, e com alto índice de proteínas, vitaminas e minerais, leva a população
a buscar alimentos provenientes do mar como peixes, mariscos e crustáceos, os quais
proporcionam maior bem-estar às pessoas. Em vista disso, na atualidade, o consumo do
peixe tem sido crescente, uma vez que a população, em busca de uma alimentação mais

1
saudável, vem percebendo os benefícios que o consumo desse produto traz para a
saúde, quando comparados com a carne vermelha.
No município de Tomé-Açu este cenário não é diferente, pois percebe-se uma
alta demanda e consumo desse produto. Dessa forma, o presente trabalho originou-se
da finalidade de analisar como ocorre o processo da criação de peixes no município e
qual a sua viabilidade econômica para os produtores da região.
Em se tratando da implantação de um negócio, Vilela et al (2012) enfatiza a
necessidade de se executar um bom planejamento, controlando as despesas e receitas
resultantes da atividade piscícola, utilizando-se de técnicas que permitam quantificar os
custos e a rentabilidade do empreendimento.
Levando em consideração o exposto acima, o presente trabalho teve como
objetivo realizar um estudo para atestar a viabilidade econômica da produção piscícola
em tanque escavado no município de Tomé-Açu/PA, em que será possível atestar se
esse sistema de produção pode ser uma alternativa de geração de renda ao produtor
independente no município, sendo que ao final da pesquisa foi possível responder a
seguinte questão: Caso exista, qual o grau de rentabilidade da implantação da
piscicultura, na modalidade tanque escavado, como meio de produção de peixes no
município estudado?

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Realizar um estudo para atestar a viabilidade econômica da criação de peixes,


na modalidade de tanque escavado, de um produtor independente no Município de
Tomé-Açu, Pará.

3.2 Objetivos específicos

 Compreender o processo de criação de peixes em tanque escavado;


 Aplicar planilhas de controle de implantação e manutenção da produção,
visando a obtenção de dados para análise;
 Analisar os indicadores de viabilidade econômica e os principais elementos
da criação de peixes na modalidade tanque escavado no Município de Tomé-Açu.
2
4. ESTRUTURAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

O estudo de caso foi realizado em um empreendimento voltado ao segmento


piscícola, na modalidade tanque escavado, em cultivo intensivo, localizado na Rodovia
PA 140, Tabocal Ramal - Km 6, de um produtor independente. A empresa possui alguns
pontos que a fazem obter vantagem competitiva com relação aos seus concorrentes,
como por exemplo, o fato de dispor de um alimento saudável que vem ganhando cada
vez mais seu espaço no mercado em função da busca da população por uma alimentação
mais saudável, além de fornecer preço atrativo. O empreendimento é considerado de
pequeno porte e tem como principal objetivo fornecer peixes de boa qualidade,
satisfazendo as expectativas dos clientes.
A implantação das instalações do projeto já atinge 1 ano. A área total do
empreendimento compreende 9 hectares, sendo dividido em duas especialidades:
piscicultura, onde há 6 tanques escavados, envolvendo uma extensão de 600m² cada,
destinados à criação de peixes; e agricultura, na qual são cultivadas algumas espécies
de frutas como, limão, laranja, açaí, dentre outras. Segue abaixo, fotografia dos tanques:

Fotografia 1 – Tanques escavados do empreendimento

Fonte: Registrado pelos autores durante visitas in loco (2018).

3
Um ponto positivo observado refere-se ao portfólio que é fornecido pelo produtor,
onde o mesmo oferta, dentre as espécies de maior demanda na região, o Tambatinga, o
qual é decorrente do cruzamento gerido entre a fêmea do tambaqui (Colossoma
macropomum) e o macho da pirapitinga (Piaractus brachypomus) e o Curimatã
(Prochilodus sp.), visando ainda futuramente agregar nesse portfólio, o Pirarucu
(Arapaima gigas). As atividades de manejo são realizadas pelo produtor em conjunto com
apenas um colaborador.

5. REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 Piscicultura

Siqueira (2017) aborda, que a aquicultura é a ciência que estuda a reprodução e


o crescimento de organismos aquáticos, como, peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios e
répteis, em ambiente aquático controlado ou semicontrolado. Este meio de cultivo é
considerado uma das atividades na área de produção de alimentos que apresenta maior
valor agregado e grande potencial de expansão (ROCHA, 2013).
Dentre as tipologias existentes na aquicultura está a piscicultura, que é a criação
de peixes, podendo ocorrer em água doce, sendo esta denominada continental, ou ainda,
em água salgada, denominando-se como marinha (SEBRAE, 2015). Trata-se de uma
atividade zootécnica em crescimento no país, como destaca Filho (1991), tendo a região
Norte apresentado o maior indicador no crescimento desta prática, sendo uma
“tradicional região de pescados e onde fica a maior bacia hidrográfica do país.” (BASTOS,
2015).
Souza e Filho (1985) afirmam que o objetivo desta atividade é a criação racional
de peixes, envolvendo o controle de crescimento, engorda e reprodução, cuja finalidade
não está direcionada somente a quantidade, como também a qualidade que integra o
produto fim.

5.2 Modalidades e estruturações presentes na Piscicultura

Souza e Filho (1985) admitem duas formas de estruturação presentes na


piscicultura, viveiros e tanques, de acordo os autores, a piscicultura é estruturada
principalmente em tanques, essa forma de estruturação propicia uma visão sistêmica,
4
isto é, a percepção de um todo, com maior acessibilidade a supervisão e regulação da
reprodução, alimentação, crescimento, tal qual o controle dimensional do peixe e a
manutenção dos tanques, cujo histórico de evolução inclui diversas alterações na forma
de estruturação, apresentando o formato irregular, retangular, quadrado, até o circular,
conforme demonstra a figura abaixo:

Figura 1 – Evolução histórica dos tanques para piscicultura (de A para F)

Fonte: Souza e Filho (1985, p. 19)

Os autores supracitados ainda afirmam que, os viveiros e/ou tanques da


piscicultura, são uma espécie de reservatório em terreno natural, equipado com sistemas
de abastecimento e drenagem de água, tornando o fluxo mais flexível, conforme
demanda a manutenção, a estrutura pode ser parcial ou totalmente elevada acima do
terreno natural, através da escavação, da elevação de diques ou barragens, utilizando-
se ou não o uso de uma estrutura de irrigação. A diversidade existente entre essas
estruturas é condizente a sua dimensão e suas finalidades, como para reprodução de
alevinos (peixes recém-saídos do ovo e que já reabsorveram o saco vitelino),
manutenção de reprodutores, ou a engorda para comercialização, conforme demonstram
as figuras abaixo:

5
Fotografia 2 – Piscicultura em tanque escavado

Fonte: http://www.pisciculturaeldorado.com.br

Fotografia 3 – Piscicultura em tanque elevado

Fonte: https://www.gutereng.com.br

6
Fotografia 4 – Piscicultura em tanques-rede

Fonte: Sussel (2008, p. 4)

Desta forma, englobando todas estas características, o cultivo pode ser


classificado como extensivo, semi-intensivo, intensivo e superintensivo, como descrito
pela FAO – Food and Agriculture Organization (Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura) (1998), em conformidade ao Manual sobre o manejo de
reservatórios para a produção de peixes.
Em vista disso, FAO (1988) caracteriza por extensivo, o cultivo que utiliza os
alimentos naturais exclusivamente, cuja estrutura refere-se a açudes, lagoas, represas e
lagos por exemplo, onde não há o controle fluvial pelo produtor. No semi-intensivo o
alimento natural também é aplicado de forma exclusiva, no entanto, devido este cultivo
ter uma maior concentração produtiva, se faz necessária uma alimentação complementar
para melhorar a fertilização da água, para isso usa-se grãos, a exemplo de farelos (trigo,
arroz, milho, sorgo, soja etc.) e tortas (algodão, babaçu, mamona etc.).
A piscicultura com produção intensiva, conforme a FAO (1988) é definida pelo
uso de rações balanceadas na alimentação dos peixes, a concentração de peixes é ainda
maior e sua estrutura é feita em tanques ou viveiros e o manejo utilizado é o mesmo
mencionado para a piscicultura semi-intensiva. Por fim, o autor ainda declara sobre a
7
piscicultura superintensiva, onde o nível de estocagem desse cultivo é elevado,
caracterizando uma produção industrial, o que exige uma alimentação bem balanceadas
e com altos teores proteicos e energéticos, tem por estrutura o uso de gaiolas, tanques e
viveiros. O manejo utilizado é o mesmo seguido na piscicultura semi-intensiva, além de
exigir a renovação contínua de água e/ou considerar a aeração artificial.

5.3 A evolução da Piscicultura no Brasil

A piscicultura, segundo o SEBRAE (2018), é uma prática da cultura de peixes


realizada há muito tempo, onde os chineses já utilizavam esta técnica vários séculos
antes de nossa era, e os egípcios, por sua vez, há aproximadamente 4 mil anos, já
produziam a Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Ainda de acordo SEBRAE (2018),
registros históricos, como desenhos egípcios que retratam cenas de pesca e preservação
de peixes em tanques, revelam as afirmações supracitadas.
Segundo Souza e Filho (1985) a piscicultura teve seu início no Brasil em meados
de 1904, sendo originada por Carlos Botelho, o qual na respectiva época ocupava o cargo
de Secretário de Agricultura. Todavia, as pesquisas sobre a piscicultura no Brasil foram
ganhando efetivamente seu espaço e conquistando cada vez mais profundidade quando
Rodolfo von Ihering passou a liderar esse segmento da aquicultura, por volta de 1927
(SOUZA; FILHO, 1985). Rodolfo foi um zoólogo e biólogo brasileiro, que ficou conhecido
como o pai da piscicultura no Brasil.
A cultura de peixes, de acordo o SEBRAE (2015), propagou-se pelo mundo
através da pesca abundante em rios e mares, o que consequentemente resultou em uma
demolição da fauna. À vista desse fator negativo, ocorreu então uma modificação nesse
processo, onde passou-se a criar peixes em lagos, represas e açudes, além de se estudar
mais sobre o tema, com a finalidade de melhor controlar a atividade de pesca e também
o seu consumo. Posteriormente sobrevieram os tanques, dando condições de criar
inúmeras espécies, e a atividade foi gradativamente se especializando, por meio de
técnicas e aparatos tecnológicos específicos, até transformar-se em uma indústria
próspera e produtiva, direcionada à comercialização de pescados.
O SEBRAE (2015), destaca ainda que, o Brasil é detentor de 8.400 km de costa
marítima e 5.500.000 ha de reservatórios de água doce, o que equivale a
8
aproximadamente 12% dos reservatórios do planeta, dessa forma, portanto, o Brasil
exibe um cenário favorável à evolução da piscicultura, o qual combinado ao clima
benéfico e o progressivo mercado interno, estabelecem um cativante contexto para
investimentos no ramo da criação de peixes.
Pizaia et al. (2008) reforçam ainda que o Brasil possui grande capacidade para o
crescimento e expansão do campo pesqueiro em função de suas características naturais
apropriadas para este ramo da aquicultura em questão, no caso, a piscicultura. Para
evidenciar a potencialidade do mercado brasileiro quanto ao consumo de peixes, os
autores enfatizam que, em 1998 o Brasil importou cerca de 200 mil toneladas de peixes
a fim de preencher a demanda nacional, reiterando ainda que no ano 2000, o país foi
responsável por produzir um total de 843 mil toneladas de pescados. Em 2002, o Brasil
conquistou um grande feito atingindo recorde na produção de peixes, onde encerrou o
ano com 1 milhão e 6 mil toneladas de pescado, resultando em um ganho percentual de
7,1% quando comparado ao ano anterior (PIZAIA et al., 2008).

5.4 Principais espécies cultivadas na Piscicultura

À piscicultura está atribuída uma ampla conjuntura de espécies com alto


potencial zootécnico para produção, considerando que está disponível para este cultivo
cerca de 22.000 espécies de peixes registrados, sendo estes, pertencentes ao habitat
continental e marítimo, diferindo de outras atividades, ao exemplo da suinocultura e a
avicultura, onde o cultivo consiste em um menor número de espécies. Tendo em vista
essas diversidades, é importante que se tenha o conhecimento das características da
espécie a ser cultivada, para que o manejo seja feito da forma mais adequada
(ANDRADE E YASUE, 2003).
Os autores apontam a reprodução e cultivo de cerca de 50 espécies de peixes,
nativas e exóticas. No Brasil, as razões que tangem esta diversidade estão voltadas a
questões climáticas, disponibilidade de insumos e matéria-prima (alevinos), além da
demanda do mercado o qual o produtor está inserido. Na tabela abaixo estão dispostas
as principais espécies cultivadas em cativeiro no Brasil, conforme os autores.

9
Tabela 1 – Principais espécies cultivadas no Brasil.
Nome Comum Espécie
Bagre africano Clarias sp.
Bagre de canal Ictalurus punctatus
Matrinchã Brycon sp.
Carpa cabeça grande Aristichtys nobilis
Carpa capim Ctenopharyngodon idella
Carpa comum Cyprinus carpio
Carpa prateada Hypophthalmichtys sp.
Curimatã Prochilodus sp.
Dourado Salmo maxillosus
Tilápia do Nilo Oreochromis sp.
Lambaris Astyanax sp.
Lambari bocarra Oligosarcus argenteus
Piaus Leporinus sp.
Pirarucú Arapaima gigas
Surubim Pseudoplatystoma sp.
Tambaqui e pacu Colossoma e Piaractus
Traíra e trairão Hoplias sp.
Truta arco-íris Oncorhynchus mykiss
Tucunaré Cichla sp.
Fonte: Andrade e Yasue (2003, p. 169), adaptada pelos autores.

A Região Norte do Brasil colaborou com 26.143 toneladas da produção aquícola


continental brasileira, sendo classificadas de acordo o grau de produção na seguinte
ordem, o Tambaqui, Tambatinga, Tilápia, Pirapitinga e Curimatã as espécies mais
cultivadas no Pará (IBAMA, 2007). De-Carvalho, Souza e Cintra (2013) apontam que:
“Assim como na aquicultura brasileira, no Pará predomina a piscicultura continental,
praticada em vários municípios paraenses” sendo o Tambaqui (Colossoma
macropomum) e a Tilápia (Oreochromis niloticus) as espécies mais cultivadas na
microrregião do Guamá, obtendo como resultado de produção na pesquisa 42,7% e

10
30,7%, respectivamente. Tais espécies integram as cadeias produtivas mais importantes
para a aquicultura brasileira (RESENDE, 2009).
O Tambaqui (Colossoma macropomum) é um peixe de escamas, com uma
coloração parda, na metade superior, e preta, na metade inferior do corpo, podendo
alterar para mais clara ou mais escura em conformidade a cor da água, pode alcançar 90
cm de comprimento e atingir 30 Kg, além de ter uma carne macia (OLIVEIRA, 2018).

Figura 2 – Tambaqui

Fonte: https://www.pescaalternativa.com.br

A Tilápia do Nilo (Oreochromis Niloticus) é uma das espécies mais cultivadas no


Brasil podendo pesar até 5 Kg, originária no rio Nilo, com cultivo iniciado no Quênia, a
tilápia se adaptou muito bem às águas brasileiras, sendo a mais indicada para o cultivo
em pesqueiro, resistente a doenças, além de ser uma boa reprodutora, viabilizando maior
rentabilidade (MATHIAS, 2018).
É um peixe de escamas, com coloração azulada ou acinzentada, podendo
apresentar variação de tonalidade, assim como algumas listras claras e escuras (RECHI,
2016).

11
Figura 3 – Tilápia

Fonte: https://www.psiculturaliberdade.webnode.com.br

O peixe de água doce Curimatã (Prochilodus sp.) é conhecido por outras diversas
nomenclaturas, bem como, Curimbatá, Curibatá, Curimatá, Curimataú, Curimba,
Curumbatá e Crumatá, uma de suas individualidades está em suas escamas que são
caracteristicamente mais ásperas, sua coloração é cinza-prateada, com faixas
transversais escuras e sinais mais discretos no dorso, medindo cerca de 30cm de
comprimento e atingindo 450 gramas (OLIVEIRA, 2018).

Figura 4 – Curimatã

Fonte: http://www.peixesdeaguadoce.com.br

A Tambatinga, um exemplo híbrido na piscicultura, é decorrente do cruzamento


gerido entre a fêmea do tambaqui (Colossoma macropomum) e o macho
da pirapitinga (Piaractus brachypomus), espécies características da região amazônica,
tal conjuntura, demonstra a evolução de peixes para cultivo nesse nicho de mercado,

12
contrastando de seus progenitores, a espécie híbrida apresenta vantagem relacionada
ao peso médio que se demonstra superior (MATHIAS, 2015).

Figura 5 – Tambatinga

Fonte: http://www.aquiculturasantaclara.com.br

A Pirapitinga (Piaractus brachypomus) é característica por ser um peixe de


escamas, de corpo arredondado, alto e alongado, sua coloração é cinza claro com
manchas alaranjadas na fase jovem e cinza arroxeado uniforme quando adultos,
podendo medir cerca de 80 centímetros de comprimento e pesar 20 Kg, sendo
considerada uma espécie de grande porte (G1, 2015).
Figura 6 – Pirapitinga

Fonte: http://www.aquaculturabrasil.com.br

5.5 Manejo alimentar na Piscicultura

Sussel (2008) atesta que, mesmo admitindo a aquicultura como uma atividade
milenar, somente nas últimas décadas se pode observar de forma mais exclusiva o
13
fornecimento de uma alimentação específica para animais aquáticos, isso se dá pelo
aumento na produção comercial desta atividade. Inicialmente para a alimentação dos
peixes utilizava-se sobras de outras culturas agrícolas, como rações para aves e suínos,
no entanto, o uso dessas rações acabava resultando em uma baixa eficiência de ingestão
alimentar, além de gerar um grande desperdício das vitaminas e minerais, visto que, o
balanceamento dos nutrientes não era apropriado para peixes e outros organismos
aquáticos.
O autor afirma que “os hábitos alimentares e as dietas dos peixes não só
influenciam diretamente seu comportamento, integridade estrutural, saúde, funções
fisiológicas, reprodução e crescimento, mas também alteram as condições ambientais do
sistema de produção – qualidade da água”, isto posto, admitindo-se que o acesso ao
alimento natural disposto no ambiente é restringido pelo confinamento do peixe, convém
ao piscicultor dispor das informações necessárias sobre a alimentação neste tipo de
cultivo, atendendo as exigências nutritivas do peixe, bem como saber escolher as rações
adequadas a sua produção.

Dentre os diversos aspectos relacionados à piscicultura, aqueles


envolvidos com a alimentação vêm sendo amplamente discutidos,
principalmente por representarem cerca de 70% dos custos de produção
em sistema de cultivo intensivo. Em relação à criação de peixes, este
problema é geralmente mais grave. Isto porque suas exigências proteicas
são maiores quando comparadas às demais espécies. Torna-se
necessário, então, uma ração rica em proteína, o que aumenta ainda mais
os custos de produção. Portanto, o fornecimento de alimento adequado
em quantidade e qualidade é importante para o sucesso econômico da
piscicultura. (RIBEIRO; GOMIERO; LOGATO, [20-?], p. 1)

Ribeiro, Gomiero e Logato [20--?] admitem que, o conhecimento sobre os hábitos


alimentares dos peixes, o sistema de cultivo, produtividade natural, o manuseio do
alimento, condições climáticas, entre outros fatores, devem ser considerados de forma
indispensável para que se compreenda as necessidades nutricionais do peixe para assim
fazer a devida adequação da ração, fornecendo de forma econômica uma nutrição
apropriada para o seu desenvolvimento, priorizando alimentos de qualidade e na
quantidade correta, com o manejo adequado.

14
Tendo isto posto, os autores classificam três formas físicas de ração que estão
disponíveis no mercado e três formas de manejo, as quais serão descritas a seguir:
a) Ração farelada: os ingredientes da ração são moídos e misturados. Seu uso
não é recomendado, devido ao alto grau de perda, gerando problemas aos peixes e
poluindo a água dos tanques.
b) Ração peletizada: característica pela aglomeração de partículas, resultado da
combinação de umidade, calor e pressão em partículas menores. O tempo até a absorção
na superfície da água é de aproximadamente 15 minutos, proporcionando maior
qualidade na alimentação, pois reduz perdas de nutrientes, diminui a toxidade da água,
além de reduzir o volume no transporte e armazenamento da ração, no entanto, seu custo
de produção é mais elevado quando comparada à ração farelada.
c) Ração extrusada: é a forma de ração mais indicada para a piscicultura, a
extrusão é um processo de cozimento em alta temperatura, pressão e umidade
controlada, o tempo de absorção na superfície da água é de cerca de 12 horas, facilitando
o manejo alimentar.
Em relação ao manejo, Ribeiro, Gomiero e Logato [20--?] declaram que este
pode ser realizado de três maneiras, sendo elas:
a) Fornecimento manual: proporciona um maior contato visual com os peixes,
onde é possível para o produtor identificar potenciais problemas fisiológicos dos animais,
contudo, exige uma maior disponibilidade de maior mão-de-obra;
b) Fornecimento em comedouros: é feito através de cochos (utilizado em
sistemas tradicionais, com a ração farelada), ou mecanizada, onde o alimento é
impulsionado por um equipamento fixado a um trator, permitindo uma alimentação rápida
em uma maior extensão de área, neste manejo há um limite no contato entre o
produtor/tratador e os peixes.
c) Fornecimento em comedouros automáticos: neste manejo a distribuição da
ração é feita em espaços curtos de tempo no tanque, o contato também é limitado. O
equipamento encontra-se disponível no mercado, onde é previamente relevante analisar
sua relação custo/benefício quando da sua utilização.
Os autores ainda destacam critérios importante relacionados a quantidade de
ração que é fornecida aos peixes, tendo em vista que, esta quantidade varia conforme a
15
espécie, o tipo de ração, a fase de crescimento, as condições ambientais do viveiro e
com a condição de saúde dos animais. A forma mais indicada a ser adotado, está
relacionada a utilização da biomassa, isto é, o número estimado de peixes presentes no
tanque multiplicado pelo seu peso médio, como critério para alimentação, essa estimativa
deve ser feita periodicamente a cada 30 - 45 dias, pois, essa estimativa possibilita ao
piscicultor observar o desenvolvimento dos peixes, para então planejar a oferta diária de
ração em conformidade ao seu crescimento, uma vez que, na fase de alevinagem, a
alimentação deve ser feita de duas a três vezes por dia e na fase de engorda a frequência
diminui, sendo de uma a duas vezes por dia.

5.6 Conceito de custo de produção

Sabendo-se que na implantação de um projeto são incorridos diversos custos,


sejam eles nas instalações ou na manutenção de seu sistema produtivo, percebeu-se a
indispensabilidade em se tratar a importância e a ocorrência desses custos, onde os
conceitos a seguir auxiliam as análises de viabilidade econômica, apresentando os
impactos gerados por cada elemento no processo de análise, contribuindo na decisão
para a implantação ou não de determinado projeto.
Os custos de produção, são aqueles efetuados por uma organização na
realização do seu processo produtivo, ou seja, são todos os gastos com bens ou serviços
necessários para a produção de outros bens. Marques (2013, p.10) ao conceituar custo
de produção declara que “é o valor expresso em valores monetários de atividades,
serviços ou produtos efetivamente consumidos e aplicados na sua realização com
fabricação”.
Todo custo contraído na construção/elaboração de um determinado bem, sejam
esses custos com matéria-prima, mão-de-obra direta, consumo de energia elétrica, entre
outros, é apontado como custo de produção. Esses custos podem ser divididos em Custo
Fixo (CF) e Custo Variável (CV), sobre os quais Martins (2003, p.33) enfatiza a
importância de se identificar que “a classificação em Fixos e Variáveis leva em
consideração a unidade de tempo, o valor total de custos com um item nessa unidade de
tempo e o volume de atividade”. Por exemplo, a matéria-prima é denominada como um

16
Custo Variável, uma vez que, em um determinado período, seu montante utilizado
origina-se da quantidade de bens produzidos (MARTINS, 2003).
O Custo Fixo deverá remunerar os fatores de produção, cujas quantidades não
deverão ser modificadas a curto prazo e representa a parte dos custos que o produtor
terá que assumir, mesmo que os recursos não estejam sendo plenamente utilizados
(RICHETTI et al.,1996). Segundo Clemente et al. (1998), são considerados fixos todos
os custos que, periodicamente, oneram a empresa, independentemente do nível de
atividades.

Os custos fixos, em função de sua natureza, independem do volume de


produção praticado pelas empresas, ou seja, mesmo que a produção
esteja abaixo do previsto ou até nula, o montante de custos fixos mantém-
se constante, dentro de um determinado intervalo relevante de tempo,
pois não se trata de sacrifícios para fabricação de uma unidade específica.
(COLAURO et al., 2004, p. 37)

Os Custos Fixos podem ser categorizados como: Custos Repetitivos em valor,


que são aqueles que ocorrem em diversos períodos subsequentes e com o mesmo grau
de importância, tendo como exemplo as depreciações; e Não-Repetitivos em valor, que
são aqueles que a cada período diferenciam-se, resultando em valores distintos, a título
de exemplo, tem-se a energia elétrica e manutenção (MARTINS, 2003). É relevante
salientar que os Custos Fixos, até mesmo os repetitivos, sofrem mutações de valor, onde
os principais fatores contribuintes para que essas alterações ocorrem são, a oscilação de
preços, avanço tecnológico e, ainda, a ampliação da organização, por exemplo, a
inclusão de mais um imóvel pode aumentar o valor do custo com aluguel.
O Custo Variável, por sua vez, se refere às despesas realizadas com fatores de
produção, cujas quantidades podem ser modificadas de acordo com o nível de produção
desejado (MELO FILHO; KRUKER, 1990). Lima (2014) declara que os Custos Variáveis
são aqueles onde o fator volume de produção da empresa gera alterações em seus
valores, ou seja, os custos variáveis aumentam ou diminuem de acordo com a quantidade
elaborada no processo produtivo. A somatória de ambos os custos, fixos e variáveis, é
denominada de Custo Total.

17
O estudo sobre os custos de produção compreende alguns objetivos, como,
estabelecer preço de venda, auxiliar no processo de tomada de decisão, decidir sobre a
compra ou aluguel de determinados itens que compõem o processo produtivo, otimizar a
linha de produção de determinados produtos, dentre outros. Contudo, é necessário que
se faça um estudo continuado de todos os custos de produção, de tal forma que o
processo de produção seja potencializado.
De posse dos conceitos de custo de produção e em análises dos custos do
empreendimento investigado, foram considerados para fins de cálculo, sendo como
custos fixos: mão-de-obra para o manejo da produção, depreciação das instalações
piscícolas e custo de oportunidade; e custos variáveis: compra de alevinos, ração para
as diferentes fases de crescimento dos peixes (ração inicial, ração de crescimento e
ração de engorda final), gasolina para a bomba d’água e a calagem dos tanques,
processo este realizado a cada 2 anos.

5.7 Análise da viabilidade econômica de projetos

Analisar a viabilidade econômica de um determinado projeto, expressa a ideia de


mensurar e estudar as expectativas de desempenho financeiro do produto e serviço,
objetivando atestar se o projeto de implantação será economicamente viável ou não, de
tal forma a atestar se este resultará em resultados positivos ou negativos para o
empreendedor.
Neves (2010), afirma que estudar a viabilidade econômica de um projeto ou
empreendimento é a prática de analisar os ativos humanos, recursos financeiros, bens
permanentes e materiais, evidenciando a competência do empreendimento em conceber
lucro, além de atestar a capacidade de recuperação do capital investido inicialmente na
implantação do projeto. Para se atestar a viabilidade econômica, Bordeaux-Rêgo et al.
(2013), declara que deve ser considerado o tempo de vida útil do projeto, que de acordo
o autor é “a vida econômica ou obsolescência, respectivamente, dos equipamentos
iniciais do projeto ou do bem ou serviço produzido”.
Assaf Neto e Lima (2009) corroboram da mesma idealização ao afirmarem que
as tomadas de decisões englobam todo um processo de assimilação das alternativas e
posteriormente na escolha daquela que viabilize maior índice de rentabilidade econômica
18
em um período futuro, a fim de garantir a sua perpetuidade e valorização. “As decisões
de investimentos são atraentes quando os investimentos realizados criam valor aos
proprietários de capital, ou seja, quando a taxa de retorno exigida excede ao retorno
mínimo esperado da alternativa de investimento” (ASSAF NETO E LIMA, 2009, p. 6).

5.8 Indicadores de viabilidade econômica:

Acerca do crescente desenvolvimento da atividade piscícola na região Norte do


país, é inicialmente necessário conhecer todos os aspectos econômicos que envolvem
esta atividade, classificando os itens do custo de produção e os principais critérios que
influenciam na rentabilidade, haja vista, verificar a viabilidade dos projetos aquícolas e
identificar a causa de possíveis desistências (BRABO et al., 2013).
À vista disso, os indicadores de viabilidade econômica, os quais são
provenientes de cálculos que buscam determinar a geração de capital e quitação dos
custos de uma determinada atividade econômica, foram utilizados na pesquisa em
questão: Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), Índice Benefício-
Custo (IBC), Ponto de Equilíbrio (PE) e Payback (PB).

5.8.1 Valor presente líquido (VPL)

O Valor presente líquido (VPL) é um recurso matemático que serve para


determinar quanto os pagamentos futuros valeriam hoje deduzido os juros e o custo
inicial. Este é, sem dúvida, um dos indicadores mais importantes para mensurar a
viabilidade financeira de certo projeto de investimento, segundo Clemente et al. (1998).
O mesmo, também vem indicar se o investimento aplicado, trará benefícios ou prejuízos
ao empreendimento, para que assim possa atender ao retorno esperado.
O VPL de um determinado investimento, conforme Assaf Neto e Lima (2009, p.
96), “é o valor presente dos fluxos futuros de caixa desse investimento, menos o custo
inicial do investimento”. Desta forma, constata-se que a concretização de tal investimento
representa uma excelente oportunidade a partir do momento em que o VPL é maior que

19
zero, ou seja, apresenta um VPL positivo haja vista que vale mais do que o seu custo. A
respeito do VPL é afirmado que:

É a diferença entre o valor presente das entradas de caixa e o valor


presente das saídas de caixa, assumindo-se determinada taxa de
desconto para as avaliações. Essa taxa de retorno é o mínimo que deve
ser obtido em um projeto para que o valor de mercado da empresa fique
inalterado. Assim, esse é um dos métodos de cálculo de retorno de uma
proposta de investimento (GITMAN, 2004, apud NEVES, 2010, p. 17).

Logo, no processo decisório para diferentes projetos, a escolha mais adequada


nesse método, será sempre àquela em o VPL apresentar maior valor. Por outro lado,
caso a análise esteja sendo aplicado apenas a um único projeto, aprova-se o
investimento se o VPL for positivo, e caso este resulte em valor negativo, o investimento
deve ser vetado. Há ainda a possibilidade de o VPL ser igual a zero (0), nesta situação,
a opção de implementar esse projeto ou não, será indiferente (NEVES, 2010). Todavia,
acentua-se que o VPL deve estabelecer uma “folga” a fim de considerar os possíveis
erros de hipóteses, evitando que o projeto demonstre incertezas quanto a sua
lucratividade.

5.8.2 Taxa interna de retorno (TIR)

A Taxa Interna de Retorno (TIR) pode ser interpretada de várias formas. Do ponto
de vista matemático, é a taxa que torna nulo o Valor Presente Líquido de um fluxo de
caixa, segundo Clemente et al. (1998). Sendo este, um indicador importante para verificar
se o investimento aplicado terá um retorno positivo ou não à um determinado projeto.
Sobre a TIR, afirma-se ainda que:

A taxa interna de retorno (TIR) representa, por meio de um único valor


percentual, os benefícios de um projeto de investimento. A TIR é a taxa
de desconto que faz com que o somatório dos valores presentes das
entradas de caixa se iguale ao somatório dos valores presentes das
saídas de caixa. É a taxa que torna o valor presente líquido da operação
nulo (NETO, 2011, p. 233).

20
Dentre as técnicas de orçamento de capital, a taxa interna de retorno é,
certamente, a mais utilizada. Esta técnica, segundo Gitman (2010, p. 371) “consiste na
taxa de desconto que faz com que o VPL de uma oportunidade de investimento seja igual
a $ 0 (já que o valor presente das entradas de caixa iguala-se ao investimento inicial) ”.
De acordo a afirmação, Neves (2010) ressalta a forte conexão existente entre o VPL e a
TIR, levando a escolhas semelhantes quanto ao investimento ou não em determinados
projetos. Alguns critérios de decisão devem ser considerados para aceitação ou
reprovação de um projeto, onde Gitman (2010) define esses critérios da seguinte forma:
quando a TIR for superior ao custo de capital, o projeto deve ser aceito, contudo se a TIR
for inferior ao custo de capital, este deve ser rejeitado.
Conforme Silva (2008), a TIR está fundamentada em diferentes fatores, dentre
eles: a taxa de juros de captação e o risco apresentado pelo projeto. Podendo, a TIR,
caracterizar ainda, a menor rentabilidade aceitável pelo investidor, a partir da qual optará
por aplicar ou não o seu capital em determinado projeto. O autor declara ainda que a
aprovação ou rejeição de investimento, baseado neste indicador, é fixada por meio da
confrontação entre a TIR identificada e a TMA (Taxa Mínima de Atratividade) determinada
pela empresa, onde considera-se viável o investimento viável se a TIR for maior que
TMA, do contrário, este não é atraente.

5.8.3 Índice benefício–custo (IBC)

O Índice Benefício-Custo (IBC) ou ainda Índice de Lucratividade (IL) “Indica


quanto se ganha por unidade de capital investido. É, na verdade, um aprimoramento do
conceito de rentabilidade do projeto e é também uma variante do método do VPL”,
segundo Clemente et al. (1998).
Em outros termos, Neto (2011) declara que o IL é a relação existente entre cada
unidade de capital investida e o retorno esperado para cada uma delas, isto é, o retorno
calculado e aguardado para cada unidade monetária aplicada no empreendimento. De
acordo Ross et al. (2015, p. 154, grifo do autor), o cálculo do IL se dá a partir do “valor
presente dos fluxos de caixa futuros esperados após o investimento inicial dividido pela
quantia do investimento inicial”, originando, dessa forma, o valor do Índice de
Lucratividade.
21
Diante o quociente encontrado no cálculo do IBC há a análise de aceitação ou
rejeição do projeto, e para tal, deve-se considerar favorável ao investimento o valor de
IBC maior ou igual a um, entendendo que as entradas foram iguais ou superiores ao
investimento inicial, em contrapartida, caso o IBC encontrado seja menor que um, o
projeto deve ser desaprovado, levando em conta que as entradas foram inferiores às
saídas de investimento, inviabilizando a aplicação econômica em determinado projeto.

5.8.4 Payback (PB)

O método do Payback é uma ferramenta muito relevante quando se fala em


análise de investimento de projetos, pois pode ser interpretado como uma medida do
grau de risco do empreendimento. Como já mencionado, as incertezas associadas a
projetos de investimento tendem a aumentar à medida que as previsões das receitas e
dos custos se afastam do tempo. Nesse sentido, o referido instrumento pode ser utilizado
para mensurar o risco associado ao projeto, isto é, quanto maior o PAYBACK mais incerta
será a recuperação do capital, segundo Clemente et al. (1998).
Conforme Assaf Neto e Lima (2009, p. 92) o Payback, dentre as ferramentas de
análise econômica de investimentos, é o mais comum, pois ao considerar o tempo do
investimento, acaba tendo vantagem sobre o VPL, os autores ainda declaram que “este
método visa calcular o número de períodos ou quanto tempo o investidor irá precisar para
recuperar o investimento realizado”.
Logo, sabendo que um investimento expressa a saída de capital, espera-se que,
após a consecução do empreendimento e decorrido certo período, seja possível restituir
o dinheiro investido inicialmente.
Para que o Payback (PB) ocorra, se faz necessário que a somatória de todas as
entradas de caixa e o investimento aplicado inicialmente sejam equivalentes. E quanto
menor for o Payback, ou seja, quanto menor o período para reembolso do capital
investido, mais satisfatório tornar-se-á o projeto, uma vez que será possível investir em
outros negócios em um menor espaço de tempo.

Para utilizar o PPB a fim de determinar a aceitação do projeto, o avaliador


deve estipular um prazo máximo de retorno do investimento. Este é um

22
prazo até quando o investidor deseja ter de volta o dinheiro investido e
servirá de base para a avaliação. Quaisquer projetos que tenham prazo
de retorno superior ao máximo não serão aceitos. Entretanto, se o período
de recuperação do investimento for igual ou inferior ao prazo máximo, este
será aceito. (NETO, 2011, p. 225).

5.8.5 Ponto de equilíbrio (PE)

Santos (2012), ao conceituar Ponto de Equilíbrio (PE), declara que este


representa o quanto a empresa necessita vender para que seja possível liquidar todos os
custos fixos e variáveis, ou seja, o ponto de equilíbrio tem o propósito de indicar o
momento em que as vendas da organização se torna nula, de tal forma que não gere
nem lucro nem prejuízo, oportunizando apenas que a empresa tenha conhecimento no
que se refere ao grau de vendas, mesmo antes de empreender. Em outras palavras, a
empresa começa a contabilizar lucro quando as vendas superam o ponto de equilíbrio.
“A sua análise é de grande importância porque mostra qual o esforço necessário
para que se comece a obter lucro, influenciando na percepção dos administradores e
investidores quanto à viabilidade ou inviabilidade de um determinado empreendimento”
(GONÇALVES et al, 2009, p. 42). O PE é importante para a organização em relação ao
seu cumprimento de metas e melhor conhecimento de sua produção. Neves (2010)
enfatiza que por meio do cálculo do ponto de equilíbrio a empresa consegue detectar a
quantidade mínima que as operações precisam realizar para assim assumir todos os
custos operacionais incorridos, e ainda, conforme as vendas, apontar o grau de
lucratividade do negócio. Para melhor compreensão do ponto de equilíbrio, segue gráfico
abaixo:

23
Gráfico 1 – Ponto de equilíbrio (PE).

Fonte: Neto (2011, p. 44), adaptado pelos autores.

De acordo o gráfico, percebe-se que a receita total inicia no ponto zero, enquanto
que os custos totais se dão a partir do eixo vertical na marca dos custos fixos, o que
resulta em uma interseção entre as respectivas retas, evidenciando uma equivalência
entre ambas, haja vista que a unidade monetária adquirida foi a necessária para cobrir
os custos operacionais totais, sendo este cruzamento, portanto, denominado de ponto de
equilíbrio (NETO, 2011).

5.9 Definição de Receita

Receita é compreendida como a entrada bruta de benefícios econômicos durante


o período que ocorre o curso das atividades habituais de uma empresa, excluídos
aqueles decorrentes de contribuições dos proprietários, acionistas ou cotistas. Essas
entradas, após a atribuição dos custos e despesas e posterior apuração do lucro, podem
resultar em aumento do patrimônio líquido, e concomitantemente a ampliação do ativo.
Marques (2013) ressalta que:

Entende-se por receita a entrada de elementos para o ativo, sob forma de


dinheiro ou direitos a receber, correspondente, normalmente, à venda de
mercadorias, de produtos ou à prestação de serviços. Uma receita
também pode derivar de juros sobre depósitos bancários ou títulos de
outros ganhos eventuais (MARQUES, 2013, p. 7).

24
O autor supracitado ainda confirma que a receita de uma organização, ao longo
de um determinado período de tempo, demostra uma aferição do valor de troca dos
produtos, bens ou serviços, de uma empresa no decorrer de um certo período. Martins
(2003) declara que o reconhecimento contábil do resultado, sendo este lucro ou prejuízo,
ocorre, efetivamente, a partir da consumação da receita, ou seja, a receita realiza-se
quando ocorre a transmissão do bem ou serviço para terceiros.
A receita segmenta-se em duas categorias, sendo elas: Receita Operacional, a
qual compreende a fração procedente do principal produto ou co-produtos (ou serviço)
da empresa, ressaltando-se que fazem parte somente aqueles produtos ou serviços que
representam a função principal da organização; e Receita não Operacional, que por sua
vez, resulta de rendimentos oriundos de aplicações financeiras, integrando assim os
acréscimos do patrimônio líquido e dos ativos da empresa (MARQUES, 2013).

5.10 Fluxo de caixa: Instrumento de gerenciamento financeiro

Para Silva (1996) o Fluxo de Caixa (FC) é considerado um dos principais


instrumentos de análise financeira, o qual possibilita identificar o processo de circulação
do capital, tendo a capacidade de examinar as entradas e saídas dos recursos financeiros
que circulam pela empresa, considerando ainda transações projetadas para o futuro. O
fluxo de caixa atua como um instrumento que demonstra, sem exceção, todas as
entradas e saídas da organização, receitas ou despesas, onde o resultado apresentado
é o que a empresa detém de saldo em um dado período (SALIM, 2004, apud NEVES,
2010).
Ross et al. (2015, p. 7), ao pronunciar- se sobre a importância do fluxo de caixa,
declara que “a tarefa mais importante de um gestor financeiro é criar valor com as
atividades de orçamento de capital, estrutura de capital e capital de giro da empresa”.
Mediante o exposto, percebe-se a dimensão e relevância do instrumento fluxo de caixa
para o gerenciamento dos recursos financeiros dentro de uma determinada organização,
pois é através deste mecanismo que os gestores serão auxiliados nas tomadas de
decisões quanto ao uso adequado do capital da entidade, estabelecendo projetos de
curto, médio e longo prazo que resultem na longevidade organizacional.

25
O fluxo de caixa financeiro tem como “objetivo principal fornecer informações
relevantes sobre os recebimentos e pagamentos de caixa da empresa, durante certo
período, propiciando informações relevantes sobre as movimentações de entradas e
saídas de caixa neste período”, (BARBIERI, 1995). O controle do fluxo de caixa é
fundamental para que o setor financeiro da organização disponha de informações
precisas sobre todas as transações de entradas e saídas efetuadas e também as
transações projetadas a se materializarem, de tal forma que o capital da empresa seja
administrado com precisão e competência.
Conforme Neto (2011), o Fluxo de Caixa (FC) é um mecanismo que auxilia na
administração financeira da organização, sendo esta ferramenta indispensável para as
tomadas de decisões dos gestores. O autor enfatiza que, dependendo da atividade fim
de se utilizar esse instrumento, o FC pode resultar em diversos objetivos, como,
indicadores de desempenho, projeções, análises financeiras, dentre outros.
Diante disso, a utilidade do FC pode abranger diferentes perspectivas, podendo
se destinar ao uso operacional, tático e estratégico, os quais são diferenciados através
de seus cenários temporais, definições específicas e critérios de apresentação do fluxo
de caixa.
A finalidade do uso no âmbito operacional tem seu enfoque no gerenciamento e
acompanhamento da liquidez de curto prazo, sendo comumente exibido em bases diárias
ou semanais e ainda para períodos de alguns meses e, é aplicado por tesoureiros no que
tange as contas a pagar e contas a receber, além de conceber aos gestores, referências
para se realizar uma avaliação tática; sob a ótica do uso tático, sua visão é voltada para
a administração da liquidez de médio prazo, sendo este utilizado pelos gestores na
tomada de decisão, em consonância com as imposições da alta gestão, de tal forma a
nortear nas definições de investimento e financiamento do capital circulante da empresa;
e por fim, o uso do FC do ponto de vista estratégico, que atua como uma ferramenta que
assessora nas resoluções estratégicas de longo prazo, além de instruir nas
determinações de investimento e financiamento para projetos de longo período e ativos
permanentes (NETO, 2011).
Além das três utilidades do fluxo de caixa supracitadas por Neto (2011), o autor
ainda reforça que esse instrumento pode ser segmentado em três dissemelhantes
26
categorias ou atividades, sendo elas: operacional, investimento e financiamento. O fluxo
operacional contempla as movimentações de caixa relacionadas à função principal da
organização (receitas, custos e despesas), por exemplo, em uma empresa industrial
serão considerados os fluxos de caixa referente à compra de matéria-prima, fabricação
e comercialização do produto finalizado, além das obrigações com as despesas correntes
para o seu andamento.
Ainda de acordo o autor, o fluxo de investimentos “é composto de movimentos
de caixa decorrentes das atividades de investimento e desinvestimento da empresa”,
esses investimentos são desembolsos de caixa que futuramente resultarão em
resultados positivos; e por fim, o fluxo de financiamento que compreende as transações
de financiamento da empresa, sejam elas de curto à longo prazo, podendo proceder dos
seus próprios recursos (acionistas) ou de terceiros (credores).

6. METODOLOGIA

A metodologia é uma somatória de procedimentos realizados, isto é, etapas


percorridas para execução de uma pesquisa ou estudo. Desta maneira a elaboração do
trabalho teve seu início a partir de uma pesquisa bibliográfica, que de acordo Gil (2002)
refere-se a instrumentos já elaborados, formado essencialmente por artigos, livros e
demais publicações científicas, em que no trabalho em questão buscou-se encontrar
nesses materiais fontes a respeito do tema apresentado, sendo estes, a piscicultura,
custos de produção e indicadores de viabilidade.
A pesquisa em pauta é de cunho exploratório, tendo em vista que pesquisas
deste caráter buscam oportunizar a compreensão do problema de tal forma que o mesmo
se torne nítido ou possibilitando ainda a construção de hipóteses, sendo ainda de
natureza quantitativa onde realiza-se a análise do dados numéricos através de
procedimentos estatísticos, possibilitando a geração de tabelas de forma manual ou por
meio de ferramentas como softwares com o auxílio do computador (GIL, 2002).
Em seguida, foram realizadas as visitas junto ao produtor independente,
localizado no município de Tomé-Açu/PA, onde foram aplicadas planilhas de implantação
e manutenção, obtendo-se os dados para a geração do fluxo de caixa. Posteriormente
foi utilizado o software Excel, versão 2016, para tabulação dos dados, gerando assim o
27
fluxo de caixa da piscicultura, considerando um horizonte para análise produtiva de dez
anos, com investimento integral aplicado no ano zero.
Para verificar se o sistema é ou não viável foi aplicado os indicadores do VPL,
IBC, TIR, Payback e P.E, os quais foram submetidos a diferentes taxas de desconto de
fontes de financiamentos existentes na região, sendo os indicadores calculados através
das seguintes fórmulas matemáticas:

 Valor presente líquido (VPL)

FC1 FC 2 FCn
VPL  FC 0    ...
(1  i )1 (1  i ) 2 (1  i ) n

Onde:
VPL = Valor presente liquido
FC0 = Ano zero de investimento
FC1 = Ano 1 de investimento
n = Múltiplos indefinido de um fator
i = Taxa

 Taxa Interna de Retorno (TIR)

 L.L 
TIR    1  100
 I 
Onde:
TIR = Taxa Interna de Retorna
L.L = Lucro Líquido
I = Capital Inicial

 Índice Benefício Custo (IBC)

28
IBC 
 CF /(1  i)
j
j

CF0

Onde:
IBC = Índice Beneficio/Custo
Σ = Somatória
CFj = Fluxo de Caixa
CF0 = Ano 0 de investimento

 Payback (PB)

T
PB  Tquando CFT  I 0
I 0
Onde:
PB = Payback
Σ = Somatória
Tquando = Horizonte do projeto
CFt = Fluxo de Caixa total
I0 = Investimento inicial

 Ponto de equilíbrio (PE)

CF
Q
( P  CVme )

Onde:
Q = Quantidade produzida
CF = Custo fixo
P = Preço
CVme = Custo Variável médio
29
7. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para fins de cálculo dos indicadores de viabilidade considerou-se um horizonte


produtivo de 10 (dez) anos e ainda, a não existência de produção no Ano 0 das
atividades, com isso o valor inicial do Fluxo de Caixa Líquido (FCL) corresponde ao
primeiro investimento da produção, sendo o valor inicial investido pelo produtor de
pequeno porte do Município de Tomé-Açu o equivalente a R$ 25.900,00. A estrutura da
propriedade compreende um total de 9 hectares, onde 1/3 desse total, ou seja, 3 hectares
são destinados ao cultivo piscícola, o qual é composto por 6 tanques escavados com
extensão de 600m² em cultivo intensivo, tendo assim uma capacidade de produção de
2.850 peixes por ano, considerando uma taxa de mortalidade de 5%.
Nos anos posteriores, a atividade aponta uma receita de R$ 39.900,00, tendo em
vista que a produção anual equivale a 2.850 peixes, sendo 1.425 de cada espécie
cultivada, pesando em média 2Kg/unidade, os quais são distribuídos nos pontos de
revenda à R$7,00/Kg. Sabendo-se que é gerado um custo de manutenção de R$
19.442,00, obtêm-se um FCL positivo de R$ 20.458,00 na produção piscícola,
considerando o Ano 1. É importante salientar que a cada 2 anos o produtor realiza o
processo de calagem dos tanques, procedendo primeiramente com a drenagem da água,
para então suceder com a adubação da terra, aplicando o calcário, a fim de realizar a
correção do solo, com o objetivo de equilibrar o pH e a alcalinidade do solo e da água,
ressalta-se também que no Ano 5 haverá um custo com o implemento de uma nova rede
de pesca. De acordo às informações, observa-se, portanto, uma variação anual dos
custos de manutenção, influenciando diretamente no FCL, como mostra a tabela 2:

Tabela 2 - Fluxo de caixa líquido e acumulado do sistema de produção piscícola no município


de Tomé-Açu.
Custos Receita FCL FC Acumulado

Ano 0 R$ 25.900,00 R$ - -R$ 25.900,00 -R$ 25.900,00


Ano 1 R$ 19.442,00 R$ 39.900,00 R$ 20.458,00 -R$ 5.442,00
Ano 2 R$ 19.862,00 R$ 39.900,00 R$ 20.038,00 R$ 14.596,00

30
Ano 3 R$ 19.442,00 R$ 39.900,00 R$ 20.458,00 R$ 35.054,00
Ano 4 R$ 19.862,00 R$ 39.900,00 R$ 20.038,00 R$ 55.092,00
Ano 5 R$ 20.742,00 R$ 39.900,00 R$ 19.158,00 R$ 74.250,00
Ano 6 R$ 19.862,00 R$ 39.900,00 R$ 20.038,00 R$ 94.288,00
Ano 7 R$ 19.442,00 R$ 39.900,00 R$ 20.458,00 R$ 114.746,00
Ano 8 R$ 19.862,00 R$ 39.900,00 R$ 20.038,00 R$ 134.784,00
Ano 9 R$ 19.442,00 R$ 39.900,00 R$ 20.458,00 R$ 155.242,00
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de pesquisa de campo (2019).

O cálculo do Valor Presente Líquido (VPL) ratifica a capacidade de o


empreendimento suportar taxas de desconto, onde no estudo apresentado foi utilizado o
Pronaf B (0,5%) e o Pronaf Mais Alimentos, sendo este analisado frente à duas diferentes
taxas (2,5% e 5,5%). Desta forma, analisando pelo âmbito financeiro, nota-se que a
atividade piscícola suportaria facilmente taxas de juros de 0,5% à 10% a.a., sendo que
esse fato inicial é consolidado através dos cálculos da Taxa Interna de Retorno (TIR) e
do Índice Benefício Custo (IBC), onde o primeiro indicador demonstra que o
empreendimento têm capacidade de suportar taxas de desconto de até 77,74% a.a., e o
segundo indicador, por sua vez, demonstra um retorno de R$ 6,82 com a taxa mais baixa
à R$ 4,48 com a taxa mais alta, para cada real investido. Os resultados ainda apontam
um Payback de 2 anos e 3 meses, isto é, levando em consideração as instalações
piscícolas em um horizonte de 10 anos, o produtor irá recuperar o investimento inicial no
período de 2 anos e 3 meses iniciais do projeto, conforme apresentado no quadro 1.

Quadro 1 - Resultado dos indicadores de viabilidade e Payback do sistema de produção


piscícola em Tomé-Açu.
Pronaf B PMA PMA Outras fontes

Indicador 0,5% 2,5% 5,5% 10,0%


VPL R$ 150.795,38 R$ 134.531,82 R$ 114.038,68 R$ 90.043,93
IBC R$ 6,82 R$ 6,19 R$ 5,40 R$ 4,48
TIR 77,74% 77,74% 77,74% 77,74%
P.B 2A e 3M 2A e 3M 2A e 3M 2A e 3M
P.E 2.825 Kg/ano 2.825 Kg/ano 2.825 Kg/ano 2.825 Kg/ano
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de pesquisa de campo (2019).

31
O Ponto de Equilíbrio (PE) demonstra qual o nível de produção necessário para
que o empreendimento consiga liquidar os custos totais aferidos durante o processo
produtivo. Nesse ponto, ressalta-se que os custos totais equivalem R$ 19.862,00 (valor
correspondente ao Ano 2, uma vez que a cada 2 anos realiza-se a calagem dos tanques
conforme citado anteriormente), sendo que R$ 10.548,00 que compõem esse valor são
referentes aos custos variáveis, e R$ 9.314,00 integram os custos fixos. Na tabela 3 estão
descritos de forma detalhada todos os custos que geraram esse montante:

Tabela 3 - Custos Fixos e Custos Variáveis do projeto.


Custo Fixo (CF) Valor Custo Variável (CV) Valor
Mão-de-obra (Manejo) R$ 6.000,00 Animais (Alevinos) R$ 900,00
Depreciação R$ 1.760,00 Ração Inicial R$ 468,00
Custo de Oportunidade R$ 1.554,00 Ração de crescimento R$ 1.632,00
Ração de engorda final R$ 1.728,00
Gasolina (bomba D'água) R$ 5.400,00
Calagem dos tanques R$ 420,00
Total (CF) R$ 9.314,00 Total (CV) R$ 10.548,00
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de pesquisa de campo (2019).

À vista disso, a tabulação demonstrou um nível de produção total que


corresponde a 2.850 peixes/ano, o que equivale a 5.700 Kg/ano, considerando que o
peso médio unitário é igual a 2 Kg, assim sendo o estudo constatou um PE de 2.825
Kg/ano, correspondente à 49,56% da capacidade produtiva anual, sabendo-se que os
custos totais equivalem a R$ 19.862,00, o valor do PE encontrado resulta em uma
equivalência entre ambos. Logo, sendo a capacidade produtiva total igual a 5.700 Kg/ano
e um PE de 2.825 Kg/ano, constata-se que 2.875 Kg/ano são responsáveis pela geração
dos lucros, conforme demonstrado no gráfico 2.

32
Gráfico 2 – Ponto de equilíbrio (PE) do sistema de produção piscícola em Tomé-Açu.

Fonte: Elaborado pelos autores a partir de pesquisa de campo (2019).

Em complemento, para demonstrar o PE identificado, primeiramente encontra-se


o Custo Total Médio - Ctme, através da divisão do Custo Total Anual – CT pela
Quantidade Produzida por ano (R$ 19.862,00/2.850 unid.), em seguida, encontra-se a
Margem de Contribuição Unitária – MCU, onde subtrai-se o Preço recebido pelo Produtor
(é recebido em média R$ 14,00 por peixe) do Ctme (R$ 14,00 – R$ 6,97), e por fim, para
constatar o PE, divide-se o CT pelo MCU (R$ 19.862,00/R$ 7,03), conforme a tabela 3:

Tabela 4 - Ponto de Equilíbrio (PE) e Margem de Contribuição Unitária.


Ponto de Equilíbrio Corrigido 2.825 Kg/Peixe/Ano
CT (Custo Total Anual) R$ 19.862,00
Ctme (Custo Total Médio) R$ 6,97
P (Preço recebido pelo Produtor) R$ 14,00
MCU (Margem de Contribuição Unitária) R$ 7,03
P.E (Ponto de Equilíbrio) 2.824,97
Quantidade Produzida por ano 5.700
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de pesquisa de campo (2019).

33
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fundamentado no propósito de explanar de forma teórica os procedimentos


realizados na implantação e manutenção de instalações piscícolas na modalidade tanque
escavado, embasando-se principalmente em conceitos e fundamentações teóricas
voltados à custo de produção, onde considerou-se indicadores de viabilidade como: VPL,
IBC, TIR, Payback e P.E, o presente trabalho resultou na comprovação da viabilidade
econômica da criação de peixes utilizando-se a modalidade de tanque escavado de um
produtor independente em Tomé-Açu, ratificando a potencialidade desse segmento da
agropecuária no município estudado.
Diante a afirmação supracitada, concluiu-se que a Piscicultura apresenta um grau
satisfatório de rentabilidade no município de Tomé-Açu, onde os dados obtidos
corroboram para essa afirmação. Isto posto, os indicadores econômicos apresentaram
dados positivos e satisfatórios ao produtor, haja vista que a partir da manipulação dos
dados, os indicadores geraram os seguintes resultados: um VPL de R$ 90.043,93, um IBC
no valor de R$ 4,48, uma TIR de 77,74% e um Ponto de Equilíbrio equivalente a 2.825
Kg, gerando um retorno do investimento em 2 anos e 3 meses, utilizando-se de um
programa de financiamento com taxa de 10%, atestando a disponibilidade do projeto em
suportar a taxa mais alta considerada na pesquisa.
Logo, acentua-se que os mecanismos, técnicas e ainda a aplicação dos cálculos
realizados nessa pesquisa não são absolutos, assim como, os conceitos, e o andamento
da análise financeira, haja vista que cada região possui suas especificidades e
adaptabilidade mercadológica, compreendendo que em cada território a demanda sofre
variações. Deste modo, os resultados obtidos exprimem que o mercado de consumo do
peixe na localidade é favorável, despertando o interesse de novos entrantes a atuarem
na implantação dessa cultura, uma vez que, esse sistema é economicamente viável na
região.

34
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38
APÊNDICE I – MODELO DE PLANILHA DE CUSTO PREENCHIDA PELO PRODUTOR

Custos para implantação do ______________________________

Nome do custo Quantidade Valor Unitário Valor Total

39
APÊNDICE II – MODELO DE PLANILHA DE CUSTO PREENCHIDA PELO PRODUTOR

Custos para manutenção do ______________________________

Nome do custo Quantidade Valor Unitário Valor Total

40

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