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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Impactos ambientais decorrentes do uso das artes nocivas na pesca artesanal, na Vila de
Mossuril.

Nome do Estudante: Germano Armando Watherra

Código: 708216079

Turma B, 3º Ano

Cadeira de: Gestão de Riscos


Ambientais

Docente: Armando Geraldo


Massuanganhe

Nampula, Setembro, 2023

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice

Introdução ........................................................................................................................................ 3

Objectivos ........................................................................................................................................ 4

a) Objectivo Geral ........................................................................................................................... 4

b) Objectivos Específicos ................................................................................................................ 4

Metodologia ..................................................................................................................................... 4

1. Descrição das características socio-ambientais da Vila de Mossuril .......................................... 5

2. Tipo e a natureza do risco. ........................................................................................................... 6

3. Nível de acesso e exposição humana sobre o risco. .................................................................... 7

4. Probabilidade de ocorrência do risco........................................................................................... 7

5. Magnitude ou as consequências do risco ..................................................................................... 8

6. Medidas de gestão do risco .......................................................................................................... 8

6.1. Correcção .................................................................................................................................. 8

6.2. Protecção .................................................................................................................................. 9

6.3. Controlo .................................................................................................................................... 9

Conclusão ...................................................................................................................................... 10

Bibliografia .................................................................................................................................... 11

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Introdução

Os impactos ambientais causados pela actividade pesqueira tomam proporções alarmantes com o
passar dos anos e a falta de fiscalização. Dentre as preocupações dos biólogos e ambientalistas
estão: as capturas acidentais, resíduos produzidos e liberados pelos navios, tralhas que são
deixadas à deriva, destruição dos corais que são a base dos ecossistemas marinhos, extinção de
espécies, entre outros.

Toda essa preocupação tem um motivo muito óbvio: os oceanos são fundamentais para a
manutenção da vida em todo o planeta Terra, eles armazenam recursos minerais como, por
exemplo, o cloreto de sódio, mais conhecido como “sal de cozinha”, são responsáveis pela
regulação do clima, fornecem alimento e oxigénio, e por sermos a espécie que mais explora e
utiliza os recursos naturais, é nosso dever zelar pela sua reestruturação.

A prevalência de artes de pesca destrutivas, por possuir malha com tamanhos muito pequenos,
juntamente com um número crescente de pescadores, tornam se questões preocupantes na gestão
dos recursos pesqueiros. O factor mais preocupante é a alta frequência de capturas de indivíduos
abaixo do tamanho de primeira maturação gonadal, devido a baixa selectividade de algumas artes
de pesca (Giglio e Freitas, 2013).

Determinadas artes são consideradas nocivas quando estas não apresentam um óptimo grau de
selectividade de acordo com o recurso desejado ou alvo. Essa falta de selectividade faz com que
sejam capturados indivíduos que não se encontram em condições óptimas para a sua captura ou
seja indivíduos que não atingiram a fase de maturação gonadal, e não contribuíram para o
manancial desovante pelo menos uma vez.

A biodiversidade marinha está em rápido declínio sendo que as pescas são o maior contribuinte
para o seu declínio devido ao forte impacto que têm no meio marinho, os impactos directos são
mais visíveis e neles se incluem a captura de juvenis ou a captura acidental de outras espécies de
peixes, como a destruição e alteração dos habitats estando associado ao uso de artes de baixa
selectividade.

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Neste sentido, e reconhecendo que este tipo de actividade pode impactar de forma negativa os
ecossistemas marinhos, faz-se necessário o entendimento, em base científica, dos reais impactos
resultantes desta actividade na vida da população residente na Vila de Mossuril.

Objectivos

a) Objectivo Geral

O presente trabalho tem como objectivo geral analisar os impactos ambientais decorrentes do uso
das artes nocivas na pesca artesanal, na Vila de Mossuril.

b) Objectivos Específicos

 Descrever as características socioeconómicas da população;


 Identificar as técnicas usadas na pesca artesanal;
 Descrever os impactos ambientais causados pelo uso das artes nocivas na pesca artesanal.

Metodologia

No presente trabalho de pesquisa de tipo exploratório feito o levantamento bibliográfico,


entrevistas semiestruturadas a pescadores do pescado e observação participante

A revisão bibliográfica teve como objectivo avaliar o nível de debate teórico sobre os assuntos
ligados à pesca artesanal e a sua importância para as famílias inseridas nas comunidades
piscatórias, assim como melhorar a percepção sobre os recentes estudos relacionados com a
matéria.

A técnica de entrevistas semiestruturadas ajudou a recolher informações dos pescadores e


perceber a sua estratégia para melhorar a produção e a renda, visando a redução da
vulnerabilidade e o uso sustentável dos recursos.

O principal interesse da observação foi recolher o máximo de informações, através do registo


diário das capturas desembarcadas nas comunidades de pesca e da sua comercialização, que
normalmente acontece na praia, envolvendo os pescadores, comerciantes e outros intervenientes.

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1. Descrição das características socio-ambientais da Vila de Mossuril

A Vila de Mossuril localiza-se parte norte da Província de Nampula e está a 180 km da Cidade
Capital desta Província. Esta vila é constituída por treze bairros, com maior destaque pra a zona
turística de Chocas Mar, que anualmente recebe centenas de turistas nacionais e estrangeiros.

A maior parte da população é de baixa renda tendo como actividade principal a pesca artesanal.
Esta actividade é praticada com maior frequência nos bairros de Chocas Mar, Cabaceira Grande e
Pequena. O produto desta actividade é vendido na sua maioria nas instâncias turísticas ou aos
visitantes destas instâncias.

O nível de escolaridade dos pescadores das comunidades de pesca é, de modo geral, muito baixo.
A prática da actividade pesqueira nas duas comunidades não está directamente relacionada com o
nível de escolaridade, mas sim com o facto de esta actividade constituir alternativa de emprego e
garantia de sustento familiar. Esta conclusão concorda com as ideias de Béné e Neiland (2003),
ao defenderem que a pesca artesanal é crucial para muitas comunidades pesqueiras, pois
representa uma base do seu bem-estar socioeconómico, em termos de emprego, renda e segurança
alimentar e não depende muito do nível de escolaridade dos envolvidos.

Além da actividade pesqueira a população tem praticado agricultura de pequena escala devido as
condições climáticas caracterizadas por ocorrência de pouca chuva durante época chuvosa.
Alguns populares desta vila tem trabalhado na produção de sal em salinas de pequenos
empresários locais.

A divisão do trabalho por sexo continua a obedecer aos hábitos, costumes, história e cultura
transmitida de geração em geração durante muito tempo por isso, os homens dedicam-se a pesca,
vista como actividade mais dura e com maiores riscos e as mulheres dedicam-se a agricultura
e/ou ao comércio.

A vila de Mossuril possui lindas praias com características propícias para banhistas, como é o
caso das praias de Carrusca, Namahamade Lodge, Saua-Saua e Coral Lodge.

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2. Tipo e a natureza do risco.

A pesca artesanal caracteriza-se pelo uso de pequenas embarcações, com menor esforço unitário
de pesca. O regime do trabalho é familiar ou através de grupos de vizinhança ou parentesco, ou
seja, nem sempre a unidade familiar corresponde ao grupo de pescadores que efectuam o trabalho
de captura do pescado. Entretanto, os indivíduos da família executam, em intensidade variável,
outras tarefas importantes no processo de produção, como o processamento do pescado e a
manutenção de equipamentos de pesca. A unidade familiar frequentemente combina as outras
actividades, como por exemplo, a agricultura, nas comunidades rurais que também possuem terra,
a construção civil e o comércio, nas comunidades pesqueiras situadas em meio urbano (Shatz,
2002).

A pesca artesanal em Moçambique é praticada por diferentes segmentos da população nas zonas
costeiras usando embarcações, em certos casos, com algum grau de especialização e artes de
pesca convencionais. Esta actividade tem um papel importante nas comunidades pesqueiras
porque providencia o pescado para o consumo dos membros das famílias e o excedente é
comercializado, criando fonte de rendimento para os pescadores e pode ser praticada com
carácter familiar ou em moldes empresariais (Lopes e Gervásio, 1999).

Na Vila de Mossuril, os pescadores, na sua maioria, tem recorrido a técnicas inapropriadas para
pescar, nomeadamente utilização de redes mosquiteiras, explosivos, uso de produtos químicos
como mercúrio, em rios e lagos, no mar, muitas vezes recorrem à pesca de arrasto com redes
impróprias (redes mosquiteiras e outras de menor dimensão).

A rede de arrasto consiste numa rede formada por um saco de malhas pequenas, prolongadas por
duas grandes asas de malha relativamente maiores, de nylon, em multifilamento, e que possuem
amarras na sua extremidade, longos cabos de corda polietileno com diâmetros que oscilam entre
8 e 10 milímetros para puxar a rede. A média do comprimento das redes varia de 100 a 150
metros com uma malhagem inferior a uma 6 polegada e comprimento da corda de 150 metros,
puxada para a terra ou para bordo.

Os pescadores participam directamente na captura de peixes, usando embarcações designadas por


canoas de tronco escavado, desprovidas de meios mecânicos de propulsão cuja durabilidade
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média é de 4 anos, com a capacidade de três (03) tripulantes pescadores, tem comprimento
máximo de l0 m, usam como meio de propulsão o remo.

O Regulamento Geral de Pesca Marítima em vigor no país, recomenda que a malha mínima
permitida nas redes de arrasto para praia em 3,8 cm e a média do comprimento das redes varie de
100 a 150 metros com uma malhagem inferior a uma polegada e comprimento da corda de 150
metros (IDPPE, 2010).

3. Nível de acesso e exposição humana sobre o risco.

O uso das artes nocivas na pesca artesanal na Vila de Mossuril é bastante comum e regular na e
seus possíveis impactos ambientais são abrangentes visto que o peixe capturado é consumido
pela população que também tem frequentado as praias, passiveis de contaminação, para
actividades de lazer. Por isso os efeitos desta actividade são mais incidentes para os residentes
deste desta Vila.

4. Probabilidade de ocorrência do risco.

O uso de artes nocivas (artes não recomendas) como a rede mosquiteira é não saudável para o
ambiente aquático, porque podem extinguir com as espécies existentes na áreas de pescas da Vila
Sede de Mossuril, embora esta possa ter o impacto não grave, mais é preocupaste para o pais e
também para comunidade local que vive na base da pesca, verificado esta situação, há
necessidade de ter grandes responsabilidade para que se possa evitar o uso da artes nocivas para a
pecas que é muito importante para saúde humana, e também para economia do país.

Deste modo, é pertinente o trabalho de incentivo a comunidade local ou pescadores artesanal e


semi-industrial no que diz respeito o uso de artes nocivas (redes não recomendas) para a pesca,
dando palestras, e explicando a importância da melhor conservação dos recurso aquáticos e tomar
as devidas medidas de mitigação com objectivo de minimizar este problema, deste modo, a
necessidade de a existência dos recursos que nela possui, pretende se contribuir a sustentabilidade
dos recursos existentes na obtenção de algumas soluções na mitigação de o uso inadequada dos
recursos aquáticos.

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5. Magnitude ou as consequências do risco

A captura acidental de diversas espécies, torna a pesca de arrasto danosa, pois não selecciona os
indivíduos no meio, esses podem ser juvenis, ou adultos, estando ou não em fase de reprodução.
Essa arte de pesca é responsável pela apreensão da fauna acompanhante que causa impactos entre
espécies de baixo valor comercial (Dos Santos et al., 2017).

No que concerne aos sedimentos em suspensão, assume-se que durante o arrasto ocorre a
ressuspensão de sedimentos, resultando na redução da disponibilidade de luz para os organismos
fotossintéticos, no soterramento da biota betónica, em danos a áreas de desova e em efeitos
negativos nas taxas de alimentação e de metabolismo dos organismos. Enquanto as alterações na
comunidade betónica assume que as comunidades betónicas até 30 cm abaixo da superfície do
solo são afectadas directamente pelo arrasto e indirectamente pelo seu revolvimento (Dos Santos
et al., 2017).

Um exemplo de extinção de espécies é o excesso de pesca. Apesar de podermos considerar as


massas de água como uma fonte inesgotável de recursos alimentares, verifica-se anualmente a
diminuição dos produtos de pesca em zonas antes ricamente povoadas. Este facto deve-se à
sobreexploração – exploração não sustentável dos recursos pesqueiros, provocando a sua
diminuição rápida, que poderá levar a extinção de algumas espécies.

6. Medidas de gestão do risco

A gestão da actividade da pesca deve basear-se na sustentabilidade e na estabilidade. Para o


efeito, preconiza-se um equilíbrio entre a actividade da pesca e a capacidade reprodutiva dos
recursos pesqueiros.

6.1. Correcção

Para a correcção deste problema, deve melhorar na fiscalização de pesca, de modo a desactivar o
uso de artes nocivas na região em estudo, pois estas perigam o ecossistema marinho, retirar-se as
redes nocivas das mãos dos pescadores e melhorar-se na legislação pesqueira, adoptando medidas
severas na responsabilização dos pescadores praticantes destas artes nocivas na pesca artesanal.

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6.2. Protecção

De modo a proteger os recursos marinhos e o ambiente há necessidade de se tomar algumas


medidas. As entidades que superintendem a área das pescas devem intensificar campanhas de
sensibilização aos Pescadores, mediante promoção de palestras, produção de panfletos e
brochuras, assim como, a difusão nos órgãos de informação (rádio, televisão) sobre a importância
da utilização sustentável dos recursos pesqueiros, intensificarem as campanhas de fiscalização
por parte das autoridades competentes, com o envolvimento mais activo dos CCP's, direccionadas
especificamente as redes consideradas nocivas ao ambiente e concessão de créditos bonificados
para aquisição de outros tipos de artes de pesca mais selectivas, a exemplo das redes de emalhar.

6.3. Controlo

Para minimizar os efeitos nefastos desta actividade deve se intensificar as acções de fiscalização
e monitoramento da actividade, consciencializar a população local sobre os problemas advindos
dessa prática, inclusão da população local no controlo das práticas usadas na pesca artesanal.

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Conclusão

As práticas de pesca destrutivas como o arrastão, onde os pescadores arrastam uma rede pesada
ao longo do leito e simplesmente apanham tudo o que há lá em baixo, mesmo que não possam
vender, estão a esvaziar algumas espécies até o ponto de colapso. Sabe-se que quando certas
espécies não desempenham mais sua função no ecossistema, o desequilíbrio torna-o mais
susceptível a prejuízos, por exemplo, na forma de um crescimento excessivo de vida tóxica como
fluorescências de algas que exaurem o conteúdo de oxigénio na água.

As práticas de pesca destrutivas podem conduzir as unidades populacionais de peixes de


profundidade à beira do esgotamento. Para assegurar uma exploração sustentável destes recursos,
devem-se adoptar medidas como a redução dos Totais Admissíveis de Capturas (TAC) ou do
esforço de pesca.

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Bibliografia

Béné, C., & Neiland, A. (2003). Fisheries Development Issues and their Impacts on the live
hoods of Fishing Communities in West-África: an overview. Centre for the economics
and management of Aquactic Ressources (CEMARE). A Journal of Food, Agriculture &
environment 1(1), 128-134.

Dos Santos, K. B., Silva, T. R., & Bessa, W. N. (2017). Técnicas e Equipamentos Usados na
Pesca Marinha Universidade do Estado da Bahia (1ª ed.). Xique-xique-BA.

Giglio, V. J. (2013). Caracterização da pesca artesanal com rede de camboa na Reserva


Extrativista de Cassurubá. Revista Biotemas, 250-259.

IDPPE. (2010). Relatório do Censo Nacional da Pesca Artesanal das Aguas Marítimas 2007.
Maputo: Instituto Nacional de Desenvolvimento da Pesca de Pequena Escala (IDPPE).

Lopes, S., & Gervásio, H. (1999). Co-management of Artisanal Fisheries in Mozambique: A case
Study of KwiriKwige Fishing Community in Angoche District, Nampula Province.
Mozambique: Institute for Development of Small -Scale Fisheries .

Shatz, Y. (2002). Fish stat Plus (Vol. Version 2.30). Rome: FAO.

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