Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Código: 708216079
Turma: B
Cadeira de: Economia Ambiental
3º Ano
Docente:
ii
Índice
Introdução ........................................................................................................................................ 3
Conclusão ...................................................................................................................................... 12
Bibliografia .................................................................................................................................... 13
iii
Introdução
A valoração dos recursos naturais e a economia ambiental são campos de interesse e investigação
que têm despertado a atenção de profissionais chamados a lidar, directa ou indirectamente, com a
área do meio ambiente nos últimos anos. Por um lado, a expansão desta área de estudos encontra
relação coma pequena efectividade dos controles públicos sobre a poluição, revelada através da
baixa eficácia da legislação específica sobre a questão que tem, como contrapartida, o avanço da
contaminação ambiental no nível planetário.
Economia Ambiental tem formulado possíveis soluções, numa análise de custo-benefício, a partir
do uso de inovações tecnológicas e da substituição de bens com o intuito de promover o
desenvolvimento sustentável.
3
1. Conceito económico do meio ambiente
A economia do meio ambiente é o ramo da Economia que estuda e se preocupa com o meio
ambiente no seu mais amplo sentido, isto é, o problema da escolha material do homem e da
sociedade e o quanto estes estão relacionados com o físico, o social e o natural. Freeman-III
(1973) escreveu que “(...) como economistas nós estamos interessados nas influências externas da
natureza global somente se estas afectam o homem directa ou indirectamente”. Por exemplo, o
efeito da poluição do ar na saúde humana é um efeito directo sobre o homem. Assim, isso
reduziria indirectamente o bem-estar daqueles que experimentam uma perda caso a floresta
(flora) e a vida selvagem (fauna) sejam reduzidas ou destruídas pela poluição do ar.
A economia do meio ambiente vem crescendo em importância desde o início da década de 70.
Segundo Nijkamp (1981), isso se deve, entre outras explicações, a duas razões básicas:
As externalidades e os custos sociais dos processos produtivos não são incorporados pelas
actividades económicas. Do ponto de vista da economia do bem-estar, seria interessante
colocar e aplicar o conceito tradicional das externalidades, das economias e das
deseconomias externas;
Os problemas da exaustão energética, resíduos nucleares, depredação de recursos naturais,
poluição, etc. são de tamanha magnitude que a Economia tem que providenciar uma
instrumentação analítica para enfrentar esses sérios problemas.
Durante a última década, a questão ambiental tem atraído um número crescente de economistas
que não mediram esforços para desenvolver um instrumental analítico e operacional, teórico e
prático. Assim, a economia do meio ambiente tem-se fundamentado num largo espectro de visões
alternativas e tratamentos amparados em uma ampla gama de princípios e métodos de outras
ciências. A economia ambiental, pelo seu carácter científico abrangente, requer, na prática, um
tratamento interdisciplinar.
4
As soluções para os problemas ambientais devem ser concebidas numa visão totalista do conjunto
em que o homem se inter-relaciona. Nesse sentido, a ciência do meio ambiente tem uma tarefa
árdua de integrar o mundo científico, considerando que este está estruturado num sistema
departamental estanque. No momento, o esforço científico parece desenvolver-se para suas
próprias necessidades, e não há preocupações maiores por parte dos departamentos científicos
atomizados em integrar-se.
2. Economia Ambiental
A Economia Ambiental é uma ciência que aplica as teorias económicas neoclássicas às questões
ambientais. O objecto de estudo da Economia Ambiental consiste da interdependência entre os
processos inerentes ao funcionamento do mercado e a preservação dos ecossistemas naturais.
O conceito de Economia Ambiental tem por objectivo promover a inserção dos bens ambientais
nos estudos da Ciência Económica. Seus precursores, de acordo com Chang (2001), foram
autores focados na Economia do Bem-Estar Social, como Pigou e Keynes, que trataram a
Economia como estratégia definidora para o melhor uso dos recursos escassos.
Para Barreto (2009), a Economia Ambiental baseia-se em duas premissas básicas, que consiste
em:
5
Que o bem-estar destes indivíduos aumenta à medida que suas preferências são satisfeitas.
Além disso, baseia-se na ideia de que o papel das funções que o meio ambiente desempenha para
a sobrevivência das espécies e a importância vital destas funções pode ser traduzida em valores
morais, éticos ou económicos.
Os recursos naturais, embora escassos, apresentam múltiplas utilidades, o que coloca os agentes
económicos diante de situações em que precisam decidir sobre a utilização de tais recursos de
forma a maximizar seu valor de uso e/ou de mercado.
Sob a perspectiva da Economia Ambiental, o critério utilizado para maximizar o uso dos recursos
disponíveis obedece ao postulado do estado Óptimo de Pareto, como condição necessária,
embora não suficiente.
O estado Óptimo de Pareto implica distribuição ideal de bens entre os consumidores, alocação
técnica ideal de recursos e quantidades ideais de produção (BRUE, 2005). Segundo o critério de
Pareto, baseado no princípio de propiciar o máximo de bem estar para o maior número de
pessoas, a eficiência máxima de um sistema económico ocorre quando inexiste possibilidade de
melhorar a posição de pelo menos um agente desse sistema económico sem que a posição de
outro agente seja prejudicada. O Óptimo de Pareto, pode ser representado graficamente pela
curva composta pelo conjunto de pontos para os quais não existem possibilidades de eficiência
superior (Carrera-Fernandez, 2009).
6
Segundo Pearce (1996), a Economia Ambiental deve poder explicar a degradação ambiental de
forma ampla e argumentar a partir dos mecanismos para lidar com todas as falhas do mercado.
Muitas falhas podem ocorrer ao mesmo tempo: falha governamental (de intervenção), falha do
mercado local, falha do mercado global (de apropriação). O principal desafio está em demonstrar
e inventar formas de capturar os valores globais pelo não uso dos recursos naturais, diferenciando
os benefícios locais e globais propiciados pela conservação.
De acordo com Castle (1996), há três grandes problemas a serem resolvidos, para se alcançar o
uso adequado dos recursos naturais. O primeiro refere se ao sistema de posse dos recursos, que
deve reflectir o custo social de sua exploração, o segundo refere se à eliminação da pobreza e o
terceiro se refere à redução de instabilidade dos grandes sistemas.
Se for possível sintetizar a caracterização da Economia Ambiental, Barreto (2009) observa que há
dois grupos de soluções propostas, embora ambos sejam tentativas de equacionar os problemas
de poluição e do esgotamento dos recursos naturais a partir da lógica de mercado: um grupo
propõe a valoração económica dos recursos e ecossistemas, o segundo grupo propõe a definição
de direitos de propriedade a recursos e ecossistemas que possuam características de bem público.
É do conhecimento geral que os bens colectivos vêm sendo mal usados e deles se vem abusando
desde a Idade Média. Nos tempos contemporâneos, o enfoque tem sido substituído pelo problema
7
dos bens colectivos por um não-enfoque, pois existe a necessidade de adaptar as instituições
económica e política para tanto, o que foi iniciado pelos países desenvolvidos na década de 70.
Uma maior preocupação pela deterioração da qualidade ambiental vem crescendo a níveis
internacional e nacional. Essa preocupação vem questionando a tecnologia e o crescimento
económico.
O sector público vem assumindo crescente poder de intervenção na Economia, porque, no todo,
através de seus agentes, sejam eles empresas públicas, estatais, institutos, fundações, etc., tem a
seu favor a força da polícia que a lei lhe confere, além de concessões de monopólios públicos. A
ineficiência do sector público, adicionada aos problemas do sector privado, afecta seriamente o
meio ambiente sob o ponto de vista do sistema económico global. O problema das externalidades
e a incorporação dos custos sociais deverão ser considerados tanto pelo sector público quanto
pelo sector privado, numa visão global do sistema.
A nível das respostas da demanda de mercado, agentes económicos deixam de incluir os custos
sociais nas operações produtivas e nos preços dos bens e serviços. O resultado disso é que os
preços dos bens de consumo se mantêm baixos demais, e os consumidores compram quantidades
excessivas de certos produtos, cujos processos de produção são poluidores.
4. O Desenvolvimento Sustentável
De acordo com Nobre (2002), na década de 1970 o debate acerca da questão ambiental estava
sendo difundido pelos países, especialmente entre os países em desenvolvimento, que após a
sessão especial do UNEP no ano de 1982, ocorrida em Nairobi, mudaram a atitude em relação à
discussão ambiental e contribuíram para um acordo com a intenção de desenvolver um conceito
de desenvolvimento que englobasse o meio ambiente.
Segundo Nobre (2002) o conceito de desenvolvimento sustentável foi impulsionado pela primeira
vez em 1987, no Relatório Brundtland, desenvolvido pela Comissão Brundtland com a intenção
de institucionalizar a problemática ambiental e realizar uma aliança com os países que estavam
em desenvolvimento. A institucionalização do conceito seria capaz de trazer a discussão sobre o
meio ambiente para as pautas de reuniões internacionais, com o intuito de alterar a mentalidade
dos governantes para a necessidade de mudanças e levar em consideração o meio ambiente nas
8
tomadas de decisões económicas. Esse conceito foi utilizado de forma a colocar como centro das
discussões o meio ambiente, visto que esse pode representar um obstáculo ao crescimento dos
países.
De acordo com Montibeller, citado por Debali (2009), o desenvolvimento sustentável, assim
como o ecodesenvolvimento, apresenta cinco características quais sejam: a integração e
preservação da natureza, satisfação das necessidades humanas, equidade e justiça social, garantia
da diversidade cultural, além da conservação da integridade do meio ambiente.
Bruseske (1995) aponta que o relatório Brundtland apresenta uma série de medidas que os
Estados devem adoptar para contribuir com a preservação do meio ambiente. São elas: limitar o
aumento da população, garantir que no longo prazo existam alimentos suficientes para a
população, reduzir o consumo de energia e investir em tecnologia de fontes renováveis, preservar
a biodiversidade dos ecossistemas, elevar a produção industrial dos países em desenvolvimento e,
por meio da utilização de tecnologias “verdes”, controlar a urbanização e promover a integração
entre o campo e a cidade e as necessidades básicas da população devem ser atendidas.
9
recursos naturais, resíduos sólidos e tóxicos e uso / cobertura do solo. Idealmente, ter tendências
de longo alcance disponíveis para cada uma das variáveis ambientais ajudaria as organizações a
identificar os impactos que um projecto ou política teria na área (Dias, 2017).
A busca por indicadores de sustentabilidade ambiental cresceu bastante durante a última década,
particularmente em sua segunda metade, principalmente por parte de organismos
governamentais, não-governamentais, institutos de pesquisa e universidades em todo o mundo.
Têm como função diagnosticar a saúde do ecossistema e fornecer uma ferramenta para monitorar
condições e mudanças ambientais ao longo do tempo. Através da sua utilização é possível a
análise das condições, mudanças da qualidade ambiental, entendimento das interfaces da
sustentabilidade, bem como de tendências, como uma ferramenta de suporte no processo de
tomada de decisão e formulação de políticas e práticas sustentáveis (Kemerich, et al., 2014).
A adopção de medidas sustentáveis por parte das empresas faz com que suas possibilidades de
sucesso económico sejam, consideravelmente, aumentadas. Isto ocorre por meio de um
replaneamento de gastos e organização de suas condutas éticas e morais. Ao mesmo tempo, estes
artifícios do pensamento sustentável são capazes de proporcionar uma maior eficiência nos
processos, reduzindo os impactos dos mesmos (Costa, 2019).
10
É comum medir o desempenho de uma organização de diferentes formas, incluindo o retorno
financeiro e aumento do valor agregado. Este ponto de vista convencional da economia tem como
objectivo principal o uso eficiente dos factores de produção: capital, trabalho, conhecimento e
recursos naturais. Todavia, a Dimensão Económica da Sustentabilidade tem como objectivos
atributos que vão além da eficiência buscada pelo modelo convencional. Nesse caso, há uma
preocupação sistémica do impacto económico de produtos e serviços (Rosa & Pozza, 2012).
11
Conclusão
A teoria económica tem buscado determinar formas eficientes e sustentáveis para a utilização dos
recursos ambientais. Essas teorias demonstram a relevância sobre limites, características,
finalidades dadas aos recursos naturais, dentre outros. As ciências económicas têm contribuído
para esse processo de aprendizado por meio do fornecimento de ferramentas analíticas que
ajudam a explicar as interacções entre mercado e meio ambiente, as implicações dessas relações e
as oportunidades de soluções efectivas, o que tornam esses aspectos de grande importância para a
determinação da utilização sustentável dos recursos provenientes do meio ambiente.
12
Bibliografia
Barreto, E. S. (2009). Crise ambiental e a Ciência Econômica: uma crítica à teodiceia do ca- 66
pitalismo “verde”. Obtido em 10 de Setembro de 2023, de IACR [International
Association for Critical Realism XII Annual conference]:
http://www.uff.br/iacr/ArtigosPDF/52T
Dias, R. (2017). Gestão Ambiental, Responsabilidade Social e Sustentabilidade (3ª ed.). Atlas.
Freeman-III, A. N., & etal. (1973). The economics of environmental policy. New York: John W.
Kemerich, P. D., Ritter, L. G., & Borba, W. F. (2014). Indicadores de sustentabilidade ambiental:
métodos e aplicações. Revista do Centro de Ciências Naturais e Exatas, 3723-3736.
13
Nijkamp, P. (1976). Environmental economics. Martenus, N. S.S.F.
Pearce, D. W. (1996). Global environmental value and the tropical forests: demonstration and
capture. In W. L. Adamowicz, & et.al., Forestry, economics and the environment (pp. 11-
48). Wallingford: CAB.
Rosa, I. M., & Pozza, F. (2012). Análise da dimensão económica da sustentabilidade sob a óptica
do design presente em um projecto de embalagens desenvolvido com base nos princípios
da dimensão ambiental da sustentabilidade. 10º Congresso Brasileiro de Pesquisa e
Desenvolvimento em Design. São Luís.
14