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INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS

AMBIENTAIS - UMA BREVE ANÁLISE DA RELAÇÃO


JURÍDICO-ECONÔMICA

INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS AMBIENTAIS - UMA


BREVE ANÁLISE DA RELAÇÃO JURÍDICO-ECONÔMICA
Revista de Direito Ambiental | vol. 44/2006 | p. 40 - 63 | Out - Dez / 2006
DTR\2006\587

Juliana Gerent
Mestre em Tutela Coletiva dos Direitos Supra-individuais na UEM. Especialista em Direito
Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pela PUC/Londrina. Professora de Direito no
CIES/PR.

Área do Direito: Financeiro e Econômico; Ambiental


Resumo: A economia neoclássica estabelece novos paradigmas ao voltar sua
preocupação para a economia ambiental tendo como um de seus objetivos a efetivação
do princípio do desenvolvimento sustentável, valorando os bens e serviços ambientais e
aplicando instrumentos técnicos no processo produtivo a fim de minimizar os impactos
ambientais negativos; concomitantemente tem-se a incidência do princípio do
poluidor-pagador que, sob outro aspecto, impõe sanções civil, penal e/ou administrativa
ao empreendedor que causar danos ao ambiente natural.

Palavras-chave: Economia neoclássica - Valoração dos bens ambientais -


Licenciamentos ambientais - Internalização dos custos ambientais - Princípio
poluidor/usuário pagador
Abstract: The neoclassical economy establishes new paradigms turning its concern to the
environmental economy having as one of its objectives the accomplishment of the
Principle of sustainable development, valuing the environmental goods and services and
applying technical instruments in the productive process in order to minimize the
negative environmental impacts. Concomitant to it is the incidence of the payer pollutant
principle that, under another aspect, imposes civil, criminal and/or administrative
sanctions to developers which causes damages to the natural environment.
Sumário:

1. Introdução - 2. Meio ambiente e economia - 3. Princípio do desenvolvimento


sustentável - 4. Valor econômico do meio ambiente - 5. Externalidades ambientais
negativas: necessidade de internalização - 6. Princípio do poluidor-pagador - 7.
Conclusão - 8. Referências bibliográficas

1. Introdução

O enfoque dado ao ambiente natural alterou-se quando o homem percebeu que os bens
e serviços ambientais não são ilimitados e que a escassez dos mesmos afeta a qualidade
de vida decorrente do desequilíbrio ambiental.

As atividades econômicas empregam os recursos naturais como matéria prima; contudo,


a utilização desenfreada dos mesmos compromete o próprio desenvolvimento
econômico. Em face disto o princípio do desenvolvimento sustentável tem como norte o
uso racional dos bens ambientais para assegurar o equilíbrio ecológico que garante a
qualidade de vida desta e das futuras gerações.

A valoração dos bens ambientais tem o objetivo de internalizar as externalidades


negativas ambientais, ou seja, o emprego dos recursos naturais no processo produtivo
deveria ter seu custo agregado no produto, porém a dificuldade e falhas apresentadas
pelos critérios e métodos de valoração de bens e serviços que não têm valor de mercado
dificultam sua implementação.

Por outro lado, o direito ambiental estabelece instrumentos legais que visam minimizar
os impactos negativos ao ambiente natural.

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O princípio do poluidor-pagador visto sob dois aspectos também revela seu objetivo de
internalizar as externalidades negativas, seja exigindo o cumprimento legal da
implantação de instrumentos necessários e possíveis para minimizar o impacto no meio
ambiente e/ou a imposição de sanções civil, penal e/ou administrativa quando há o dano
ambiental.

2. Meio ambiente e economia

A "economia ambiental", preocupação da economia neoclássica, busca a mudança de


paradigma pregada pela economia tradicional voltando a atenção para a exploração
racional dos recursos naturais até então vistos como ilimitados e renováveis.

Economia e meio ambiente relacionam-se entre si, tendo em vista que a atividade
econômica utiliza recursos naturais como matéria-prima. A economia tem sua
importância revelada quando estuda e analisa os bens que são produzidos e que
circulam na sociedade. No entanto, os recursos naturais quando são extraídos como
matéria-prima para o processo produtivo geram poluição e/ou degradação do meio
ambiente. Cabe à economia (não tão só) estabelecer limites para esta poluição
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suportáveis para o planeta e para o homem.

O sistema econômico esbarra no ambiente porque utiliza recursos naturais para sua
produção e como depósito de seus resíduos, sem contabilizar esses custos. Há interação
entre o processo produtivo e o ambiente, pois deste é retirado matéria-prima que,
posteriormente, a ele voltará sob diversas formas.

A relação entre meio ambiente e economia tem sido objeto de análise e preocupação
exatamente porque se pensava que os recursos naturais eram infinitos, inesgotáveis, até
que sua exploração indiscriminada ameaçou o próprio processo produtivo e as
catástrofes ambientais, naturais ou não, intimidaram o homem que, percebendo que sua
vida com qualidade dependia do equilíbrio ecológico voltou sua atenção para a relação
íntima entre ambiente natural e economia.

A importância da análise direito x economia está claramente descrita nas palavras da


autora Cristiane Derani: "A economia ambiental analisa os problemas ambientais a partir
do pressuposto de que o meio ambiente - precisamente parte dele que pode ser utilizada
nos processos de desenvolvimento da sociedade industrial - é ilimitado,
independentemente da eficiência tecnológica para sua apropriação. O esgotamento dos
recursos naturais, responsável pela assim chamada crise do meio ambiente, é
identificado em duas clássicas tomadas: com o crescente consumo dos recursos naturais
(minério, água, ar, solo, matéria-prima) como bens livres (free gifts of nature) e com os
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efeitos negativos imprevistos das transações humanas."

Está-se diante de uma dupla realidade: necessidade de recursos naturais e a escassez e


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irrenovabilidade de alguns bens ambientais. É função da economia estabelecer um nível
de compatibilização entre essas duas realidades.

Assim, a atividade econômica vincula-se ao meio ambiente, tanto que, sem este não há
aquele. O relacionamento da atividade econômica do homem com o meio em que vive
deve, sempre, estar fundamentado na existência digna de todas as pessoas. Em termos
ambientais, existência digna "é aquela obtida quando os fatores ambientais contribuem
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para o bem-estar físico e psíquico do ser humano."

Teorias desenvolvimentistas desenvolvidas nas décadas de 50 e 60, também podendo


ser chamadas de teorias clássicas do desenvolvimento econômico, pregam "a busca do
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crescimento econômico sem atentar para seus efeitos sociais e ambientais diversos". A
indiferença com a preservação ambiental decorria do fato do meio ambiente não ter
atingido pontos de saturação colocando a vida humana em risco, ou os problemas
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ambientais eram locais, não despertando a consciência ecológica difusa.

Porém, a partir da década de 60 com a intensificação dos processos industriais, com o


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aumento da utilização dos recursos naturais, seja como matéria-prima no processo


produtivo seja como depósito de seus resíduos, o ambiente natural deu mostras de
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saturação, elementos naturais tornaram-se escassos.

Neste sentido, teorias econômicas foram revisitadas para incorporarem a idéia de


desenvolvimento sustentável, a fim de considerar a questão ambiental nos seus estudos.
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Analisando os arts. 225 da CF/1988 (LGL\1988\3) c/c art. 170, VI, da CF/1988
(LGL\1988\3), existem dois direitos fundamentais assegurados, o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e o desenvolvimento econômico. Entretanto, sendo as
atividades industriais as grandes responsáveis pelos danos ambientais difusos, embora
sejam necessárias ao desenvolvimento econômico e social, há o princípio do
desenvolvimento sustentável cuja finalidade está em assegurar e equilibrar dois direitos
que, a princípio, conflitam entre si.

Outras leis infraconstitucionais ambientais também visam concretizar a vontade


expressa no art. 225 da CF (LGL\1988\3). A Lei 6.938/81 - Lei da Política Nacional do
Meio Ambiente - tem sua importância ressaltada quando "exprime o poder de polícia
ambiental, a possibilidade de estímulo ou inibição das atividades utilizadoras de recursos
ambientais." Ressalte-se que "A intervenção econômica no meio ambiente, no Brasil, se
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faz, toda ela, com fundamento na referida norma."

As atividades potencialmente poluidoras têm, no mínimo, que obter os licenciamentos


ambientais concedidos por órgão estatal competente, onde há demonstração, por
exemplo, do processo produtivo, dos recursos naturais que serão utilizados como
matéria prima, dos dejetos produzidos e a destinação que será dada a eles. Tem-se a
interação literal entre economia e meio ambiente.

Ressalte-se, contudo, que qualquer atividade econômica que apresente falhas no


licenciamento ambiental, comprometendo, de forma grave e, quiçá, irreversível ao meio
ambiente, deve ser obstada. Quer-se com isso dizer que a prevenção de danos
ambientais há que prevalecer sobre qualquer benefício econômico decorrente de certos
empreendimentos.

Este tem sido o entendimento do Tribunal de Justiça do Paraná ao ponderar os


interesses econômicos e ambientais conflitantes:

(...).

Exatamente pela importância da preservação do meio ambiente é que se deve evitar o


crescimento econômico desmedido, já que é direito de todos a garantia de uma sadia
qualidade de vida, devendo, portanto, todos se orientar na busca constante do
atendimento a este objetivo.

(...).

Portanto, é de ser dado maior relevância à tutela do meio ambiente, mesmo que para
isso se deva restringir direito individual ou até mesmo o crescimento econômico.

(...).

A simples alegação de crescimento econômico e de geração de emprego não é motivo


suficiente para se praticar ações que podem comprometer de forma irreversível o meio
ambiente, uma vez que o desenvolvimento já foi por longos séculos a justificativa para a
degradação ambiental, o que, atualmente, não pode ser mais tolerado.

O que deve ser levado em consideração é o desenvolvimento sustentável, entendido este


como a forma de garantir o desenvolvimento não só econômico, mas, também e
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principalmente, a qualidade de vida da população."
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É tarefa da economia traçar a linha de compatibilidade entre os recursos naturais, sua


necessidade e utilidade para o desenvolvimento econômico da sociedade e sua escassez,
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uma vez que a função da economia está em administrar a escassez de recursos.

Da mesma forma, é tarefa da economia desenvolver pesquisas que possam gerar


energias alternativas para que a exploração de combustíveis fósseis seja minimizada. A
bioenergia, por exemplo, incentivaria a plantação de árvores, girassóis, soja, milho,
amendoim, mamona, dendê, canola, que, além de poderem captar gás carbônico, ainda
serviriam para produzir energia menos poluente, mais barata que a energia fóssil.

É nítido que o desenvolvimento econômico deve ser encarado e almejado sob o prisma
da preservação ambiental, uma vez que os recursos naturais, via de regra, são matérias
primas para o setor industrial mas que, frente à exploração inconseqüente, tem dado
mostras de escassez, e o ambiente natural, não raras vezes, depósito dos rejeitos
industriais tem revelado o desequilíbrio ambiental.

A preocupação, dessa forma, volta-se para a idéia da concretização do termo


"desenvolvimento sustentável".

3. Princípio do desenvolvimento sustentável

A relação entre direito ambiental e economia interliga-se, como visto no tópico anterior,
e sua conseqüência é o desenvolvimento sustentável que, embora podendo ser visto sob
óticas diferentes, complementam-se.

É inata no ser humano a idéia de desenvolver-se, progredir, em todos os aspectos, seja


no social, familiar, econômico. Pensar o desenvolvimento humano comunga com o
desenvolvimento econômico, ou seja, para que aquele ocorra há "utilização e
transformação dos elementos que compõem o meio, qual seja, o ambiente em que
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vivemos."

Desta forma, desenvolvimento humano requer expansão econômica. Porém, há que se


considerar a existência escassa de matérias-primas naturais para a produção econômica,
acrescentado que elas são responsáveis para garantir e manter a qualidade de vida.
Assim, dependendo da ênfase dada ao desenvolvimento econômico é possível que não
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mais exista matérias-primas naturais em um futuro não muito distante.

Frente este impasse, tem-se a idéia de sustentabilidade que se agrega a outra expressão
originando o termo "desenvolvimento sustentável" que refere-se ao "direito à
manutenção da qualidade de vida através da conservação dos bens ambientais
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existentes em nosso planeta."

Este princípio ainda objetiva tutelar direito das gerações futuras que também têm o
direito de usufruir dos recursos naturais e gozar de uma vida com qualidade, motivo pelo
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qual os recursos ambientais devem ser explorados de maneira regrada.

O princípio do desenvolvimento sustentável está previsto na Constituição Federal de


1988 no art. 225 e no art. 170, VI. Antes, porém, a Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente - Lei 6.938/81 - prevê, como um dos seus objetivos "a compatibilização do
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desenvolvimento econômico e do equilíbrio ecológico."

Tem-se, assim, dois direitos fundamentais: o do desenvolvimento econômico e da livre


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iniciativa e a garantia do meio ambiente ecologicamente equilibrado. Contudo, ter um
desenvolvimento sustentável que conjugue a tutela do meio ambiente e o crescimento
econômico ou degradar o meio ambiente sem qualquer preocupação com sua escassez
ou limite de tolerância, decorre da posição que se adote frente à forma de
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desenvolvimento que se busca.

Saliente-se também, a relativização desses direitos fundamentais. O direito ao ambiente


ecologicamente equilibrado não pode ser absoluto sob pena de desconsideração de outro
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direito fundamental, qual seja, o da livre iniciativa e desenvolvimento econômico.


Contudo, não podem ser hierarquizados tendo em vista que não há valores diferentes
para cada um deles, ambos são essenciais e base para elaboração, interpretação e
aplicação de leis. Desta forma, há que conjugá-los estabelecendo limites a fim de que
possam ser garantidos. Jurídica e teoricamente poder-se-á afirmar que desta
ponderação origina o termo "desenvolvimento sustentável", por outro lado, diante de
casos concretos há que se aplicar os princípios da precaução, prevenção e
poluidor-pagador.

Ainda, analisando os arts. 170 e 225 da CF/88 (LGL\1988\3), retratando direitos


fundamentais, ambos revelam a garantia do princípio da dignidade humana, razão pela
qual os princípios da livre-iniciativa e da garantia ao meio ambiente ecologicamente
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equilibrado, para as presentes e futuras gerações, devem co-existir. Assim, esses
princípios "constituem inseparáveis aspectos de uma realidade, que perece sem a
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manutenção do tensionamento entre tais valores."

A concretização do art. 225 da CF/88 (LGL\1988\3), isto é, a efetivação de um meio


ambiente ecologicamente equilibrado para a garantia de uma sadia qualidade de vida
depende da maneira como a sociedade desenvolve sua economia, ou seja, da forma
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como "dispõe da apreensão e transformação de seus recursos".

Percebe-se a influência entre o direito ambiental e a economia, tendo esta, aliás, revisto
alguns conceitos com a finalidade de também garantir o desenvolvimento sustentável.
Neste sentido, "toda política ambiental deve procurar equilibrar e compatibilizar as
necessidades de industrialização e desenvolvimento, com as de proteção, restauração e
melhora do ambiente. Trata-se, na verdade, de optar por um desenvolvimento
econômico qualitativo, único capaz de propiciar uma real elevação da qualidade de vida
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e o bem-estar social."

Em termos jurídicos, há limites impostos pela legislação para a exploração econômica,


podendo-se citar a obrigação do empreendedor de obter licenciamentos ambientais para
que possa exercer sua atividade econômica com potencial para causar impactos
ambientais negativos. A efetivação do Plano Diretor também regulamenta atividades
industriais e organiza as cidades em setores, a fim de assegurar a qualidade de vida
saudável a seus habitantes.

Assim, o desenvolvimento sustentável traz embutido na idéia de eficiência econômica a


eficiência social e ambiental, "que significa melhoria da qualidade de vida das populações
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atuais sem comprometer as possibilidades das próximas gerações (...)."

Ainda, a idéia de desenvolvimento sustentável também está atrelada ao aspecto


inter-temporal, ou seja, as atividades econômicas do presente não podem explorar os
recursos naturais ao ponto de sacrificar os interesses e direitos das futuras gerações de
também poderem utilizá-los e gozar de uma vida com qualidade. Dessas análises, é
oportuna a posição da autora Derani: "Desenvolvimento sustentável implica, então, no
ideal de um desenvolvimento harmônico da economia e ecologia que devem ser
ajustados numa correlação de valores onde o máximo econômico reflita igualmente um
máximo ecológico. Na tentativa de conciliar a limitação dos recursos naturais com o
ilimitado crescimento econômico, são condicionadas à consecução do desenvolvimento
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sustentável mudanças no estado da técnica e na organização social."

O estado da técnica compreende-se como a forma de exploração ilimitada dos recursos


naturais sem que as externalidades ambientais negativas produzidas sejam incorporadas
no processo produtivo, gerando pobreza e degradação ambiental.

Por organização social tem-se a formação de uma ética social, a preocupação com as
futuras gerações que também têm direito à vida com qualidade e a exploração racional
de recursos naturais.

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Em termos econômicos, a corrente da economia ambiental neoclássica fundamenta-se


"na valoração monetária dos bens e serviços ambientais, ou seja, imputar valor
econômico (através de mercados hipotéticos) àquilo que o mercado normalmente não
25
considera."

Entretanto, como se verá nos tópicos posteriores, a valoração dos bens ambientais como
forma de internalizar as externalidades ambientais negativas produzidas pelas atividades
econômicas não surte efeito satisfatório porque não é possível determinar quais os bens
ambientais estão sendo agredidos e qual sua extensão, isto porque a sociedade de risco
em que se vive admite impactos negativos ao meio ambiente, valendo-se dos limites de
tolerabilidade do ambiente natural para que se possa continuar garantindo o conforto
que a vida moderna possibilita às pessoas.

Neste sentido, como segunda proposta para a economia ambiental neoclássica seria
tornar efetivo o princípio do desenvolvimento sustentável, ou seja, "satisfazer as
necessidades do presente sem por em risco a capacidade das gerações futuras de terem
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suas próprias necessidades satisfeitas."

Isto quer dizer que as atividades econômicas com potencial impacto ambiental negativo
devem obter licenciamento ambiental que, dentre outros requisitos legais exigidos,
devem demonstrar quais as matérias primas empregadas no processo produtivo, qual o
destino dos resíduos industriais, os instrumentos empregados para minimizar os
impactos ambientais negativos, a compensação ambiental, em alguns casos.

A idéia ultrapassada de desenvolvimento voltava-se para uma "visão unilateral da


realidade, não considera as demais dimensões desta realidade, enfocando somente a
produção e a produtividade econômicas. No plano prático, implica a concepção de
políticas de desenvolvimento embasadas apenas no crescimento da economia - não
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levando em conta os aspectos sociais e ambientais (...)."

Desenvolvimento conduz a outro raciocínio, ao do antropocentrismo, em que o homem é


o centro da preocupações, o meio ambiente é visto apenas como um lugar de onde se
retira recursos naturais para a produção de bens ou de serviços ambientais para
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satisfazer as necessidades humanas.

Afirma-se, assim, que em um primeiro estágio do raciocínio econômico, a sociedade


voltava-se para a idéia do antropocentrismo, ou seja, o homem como centro das
preocupações, "senhor" das necessidades e das satisfações; a busca do desenvolvimento
econômico era ilimitada e depredatória. Porém, no instante em que os recursos naturais
deram mostras de escassez, a qualidade de vida do homem sendo ameaçada, houve
uma mudança de paradigma, ainda que em construção, e a posição da sociedade
volta-se para o antropocentrismo alargado, ou seja, a relação íntima e indispensável
entre homem e natureza, a necessidade de tutela ambiental para assegurar a vida com
qualidade para esta e as futuras gerações, e a proteção da biodiversidade e do equilíbrio
ecológico mesmo possuindo valor econômico desinteressado para o homem.

Desta forma, o antropocentrismo alargado "representa uma evolução da visão


antropocêntrica tradicional, de cunho eminentemente econômico e, apesar de preservar
a centralidade do homem como referência valorativa, também protege o meio ambiente
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e a biodiversidade, independentemente da possibilidade de aproveitamento humano."

O termo desenvolvimento sustentável tornou-se conhecido a partir da década de 80. Em


1986, na Conferência de Otawa/Canadá, da IUCN (sigla em inglês que significa União
Internacional pela Conservação da Natureza) trouxe com ele alguns princípios: "-
integrar conservação da natureza e desenvolvimento; - satisfazer as necessidades
humanas fundamentais; - perseguir equidade e justiça social; - buscar a
autodeterminação social e respeitar a diversidade cultural; - manter a integridade
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ecológica."

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Neste sentido, há a preocupação em continuar garantindo o desenvolvimento econômico,


porém a manutenção do equilíbrio ecológico também deve ser alvo de garantia para o
homem, desta e das gerações vindouras.

Assim, a idéia de desenvolvimento sustentável está atrelada à forma de utilização dos


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recursos naturais no setor produtivo.

Desta forma, a concretização do princípio do desenvolvimento sustentável restringe-se


às medidas de prevenção de danos ambientais causados pelos impactos negativos ao
meio ambiente provocados pelas atividades econômicas, ou seja, a exigência legal dos
licenciamentos ambientais, por exemplo, almeja assegurar a sustentabilidade do
desenvolvimento. A valoração dos bens ambientais com a finalidade de internalizar as
externalidades negativas apesar de poder-se imaginar ser o ideal, não produz efeitos
concretos.

4. Valor econômico do meio ambiente

A valoração dos recursos e serviços naturais como forma de agregá-la ao custo


produtivo é uma das maneiras de assegurar o princípio do desenvolvimento sustentável.
Contudo, a dificuldade de determinar quais, quantos e a intensidade dos bens naturais
atingidos pelo impacto negativo ambiental é tarefa ainda não bem desenvolvida pela
teoria econômica ambiental.

Acrescente-se também, que a sociedade moderna e capitalista atribui valores àquilo que
possa ser objeto de troca e que tenha utilidade para o homem. Entretanto, o meio
ambiente com seus elementos e a inter-relação entre eles, essenciais à sadia qualidade
de vida, compõe-se de elementos que nem sempre são passíveis de troca, motivo pelo
qual, não possuem valor de mercado.

Entretanto, a existência de recursos ambientais utilizados na produção econômica como


bens e/ou serviços são passíveis de valoração econômica porque são agregados no
processo produtivo. Por outro lado, faz-se necessário reconhecer a dinamicidade do
ambiente natural, composto de inúmeros elementos naturais, cada qual com sua
importância e função para a cadeia ecológica, por isso há valores que consideram não
apenas o mercado econômico do elemento natural, como também, seu valor de opção e
de existência.

Na verdade, há critérios e métodos de valoração ambiental desenvolvidos pela teoria


econômica, contudo, sua aplicabilidade, reconhecendo suas falhas, incidiria quando
houvesse danos ambientais e a apuração judicial dos seus valores para que a pena
pecuniária ao empreendedor/poluidor pudesse ser calculada.

Sob a ótica econômica, os bens são valorados na medida em que tornam-se escassos e
esta escassez decorre do aumento da população, da exploração do ambiente pelas
indústrias, entre outros.

As necessidades humanas tendem para o infinito, é a busca do homem a novos bens,


novos serviços, novas tecnologias, alimentado pelos meios de comunicação que
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incentivam a sociedade de consumo.

Ressalte-se que as necessidades humanas sempre existiram, em diferentes níveis e


modelos. Ocorre que, na antiguidade, os povos viviam isolados, não possuíam técnicas
de exploração que pudessem torná-la mais rápida. O ritmo da exploração era lento.
Quando era possível a inter-relação entre os povos, seja pela guerra ou pelo comércio,
eles trocavam informações e técnicas que cada um conhecia para melhorar o
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atendimento de suas necessidades e interesses.

Ao contrário das necessidades humanas, os recursos disponíveis no planeta para


satisfazê-las são limitados e finitos, ainda que o homem, com toda sua tecnologia, tente
postergar o ponto de saturação dos recursos. Diversos recursos naturais estão-se
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revelando escassos, como a água e as florestas e o ambiente já não está conseguindo


absorver todos os resíduos, sólidos, líquidos e gasosos, produzidos pela sociedade
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industrial.

É sabido que muitos recursos naturais não são renováveis, ou seja, uma vez utilizados
eles não se repõem. Outros recursos naturais que são passíveis de renovação ou
reciclagem são explorados com intensidade de considerável monta impedindo o processo
natural de reciclagem ou de renovação causando, consequentemente, as poluições
35
atmosféricas, aquática e do solo com o uso intenso de agrotóxicos.

Diante disso, na teoria econômica, a valoração de um bem pode ser analisado sob dois
aspectos. Assim, tem-se como disposição para pagamento, o quanto as pessoas
pagariam por um determinado bem ou serviço. Também pode-se mensurar o quanto as
pessoas aceitariam como compensação monetária pelo fato de não terem acesso a
36
determinados bens ou serviços.

Está-se falando de método para apuração do valor do bem ambiental. E o método


empregado pela economia ambiental neoclássica para atribuir valores àqueles critérios é
o método de valoração de contingências, ou seja, tanto o valor de uso, quanto de opção
ou de existência "são estimados através da consideração de qual preço as pessoas
atribuiriam ao bem, em um mercado hipotético," ou seja, os valores atribuídos aos bens
ou serviços ambientais, atuais ou futuros, ou o valor intrínseco da natureza são obtidos,
pela economia ambiental neoclássica, "a partir da manifestação das pessoas, hoje, em
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mercados imaginários", com o emprego do método da valoração de contingências.

O valor total do bem ambiental compõe-se de: valor de uso + valor de opção + valor de
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existência.

Esses critérios referem-se aos bens e serviços ambientais que não possuem "preço"
exatamente porque não estão inseridos no mercado, não possuem valor de troca.

Valor de uso refere-se ao uso atual dos bens e serviços ambientais, ou seja, tem-se
valor de uso atual do recurso ambiental quando a ele é atribuído um valor efetivo. O
valor de uso direto ocorre "quando o meio ambiente é fornecedor de recursos ao
processo produtivo", quando o recurso natural desempenha "funções ecológicas ao meio
ambiente, tais como a de receptar e assimilar rejeitos do processo produtivo, regularizar
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o clima através de suas florestas, e outras", recebe valor de uso indireto.

Exemplificando: os peixes para uma comunidade de pescadores, as árvores para uma


indústria madeireira ou, então, a satisfação de apreciar espécies da fauna e da flora ou a
visão de uma montanha. Assim, o valor de uso volta-se para o montante em dinheiro
que as pessoas estariam dispostas a pagar para usufruir e preservar bens e serviços
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ambientais. Ressalte-se que o valor de uso ainda não tem valor de mercado porque
não tem valor de troca.

Por outro lado, valor de opção refere-se àquelas pessoas que, no momento não
usufruem diretamente dos bens e serviços ambientais mas que, futuramente, podem ter
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interesse de usufruí-los. Tem-se valor de opção a "possibilidade de se dispor
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futuramente de um recurso natural hoje preservado.

Neste sentido, valor de opção representa o quanto as pessoas estão dispostas a pagar
pela garantia de que os bens e serviços ambientais estarão dispostos para eles e as
futuras gerações. O valor de opção retrata a incerteza das pessoas com relação à
preservação dos bens e serviços ambientais pelos atuais usuários. Engloba o valor de
opção, ainda, a incerteza quanto ao impacto ambiental de determinada atividade
humana, em razão da insuficiência de técnicas de investigação, sendo o caso "de se
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determinar um valor de opção dessa natureza."

Finalmente, valor de existência está no montante que as pessoas estariam dispostas a


pagar simplesmente porque um animal ou uma planta existe, ainda que não apresente
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utilidade atual ou futura. Em outras palavras, é o valor inerente da natureza,


"independentemente de sua relação com os seres humanos, não sendo associado a
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nenhum outro uso atual, nem futuro." Enfim, "valor de existência é aquele que não
está relacionado com o consumo direto e sim com a pura existência de um bem ou
45
serviço natural."

Dessa forma, o meio ambiente apresenta valores decorrentes de seu uso atual ou futuro
ou, até mesmo, da sua simples existência. Os valores de uso, de opção e de existência
revelam o quanto as pessoas estão dispostas a pagar para obter satisfação com relação
46
a bens e serviços ambientais.

Diante disto, pode-se afirmar que o valor econômico total - VET - considera o uso atual
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do bem ou serviço ambiental assim como o valor de uso futuro e o valor de existência.

Contudo, ainda que se tenha afirmado ser possível alcançar um valor econômico que
alcance todas as formas de valor, quais sejam, de uso, de opção e de existência, de
48
bens ambientais, "a avaliação não é correta". O autor Gilberto Montibeller Filho
apresenta alguns argumentos que corroboram essa afirmação.

A representação dos não-humanos e das gerações futuras dependem do caráter solidário


49
do avaliador atual e não de seus interesses e preferências próprias.

Também há o problema com o critério valor de existência, referente ao valor intrínseco


da natureza que, por sua vez, pode ter quatro sentidos: 1.º) valor não instrumental;
50
2.º) valor relacional; 3.º) valor natureza intrínseca; 4.º) valor objetivo.

Entende-se por valor não instrumental quando algo tem valor em si mesmo, ou seja, o
objeto independe "de ser instrumento ou meio para algum outro fim". É o caso do
"bem-estar da vida de outras espécies (que) tem valor em si mesmo, não ligado a
51
nenhum uso instrumental para os propósitos humanos."

Nesse caso, o bem ambiental não teria valor porque, para o homem, não tem utilidade,
não representa nenhuma possibilidade de apreciação e, por desconhecer sua importância
para o equilíbrio ecológico, não há valoração considerando o meio ambiente
ecologicamente equilibrado que se deve legar para as futuras gerações.

O valor relacional refere-se ao "valor de existência decorrente da dependência de outros


bens, objetos ou seres em relação àquele considerado." Exemplifica-se com a
52
importância da cadeia nutricional de predadores e parasitas.

Entende-se, por isso, que o bem ambiental também deveria ser valorado por sua
importância em manter o equilíbrio ecológico, porém, como o homem, não raras vezes,
pode desconhecer sua função para o meio ambiente não é capaz de valorá-lo.

Ainda, o valor natureza intrínseca "decorre das propriedades inerentes não-relacionais


do objeto considerado: não tendo nenhum tipo de relação com demais objetos ou seres
53
(humanos ou não), mesmo assim tem valor de existência."

Quando se fala na possibilidade de apreciar bens ambientais, ainda que não tenham
utilidade para o homem, a probabilidade de imaginar o quantum estar-se-ia disposto a
pagar para mantê-los ou de receber por não tê-los é menos complexo quando se trata
de espécies da fauna ou da flora mais comentados pela mídia ou que tenham beleza
rara.

Por fim, o valor objetivo, ou seja, "um objeto pode ter valor independentemente das
54
avaliações dos valores que se faça."

Não é porque um recurso natural não possui mercado que ele deixa de prestar outros
serviços. Porém, a economia desconsidera, de forma geral, os serviços prestados pelos
recursos naturais que estejam fora do mercado. Assim, "só considera a maior parte dos
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INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS
AMBIENTAIS - UMA BREVE ANÁLISE DA RELAÇÃO
JURÍDICO-ECONÔMICA

recursos do ponto de vista de funções de produção e ainda de forma restritiva porque os


factores fora de mercado (capacidade de autodepuração de um curso de água, trabalho
55
da microfauna e da microflora, do solo, por exemplo) são também ignorados."

Todas essas considerações acerca do valor intrínseco do bem ambiental exigem do


avaliador muita informação acerca da natureza, caráter altruísta, possibilidade de
absorver certos valores. O avaliador que não possuir essas características tenderá a
subvalorizar o bem ambiental e, conseqüentemente, a atribuição de valores a bens ou
serviços ambientais inferiores ao que seria correto, leva à despreocupação em reduzir
seus usos, "não contribuindo (...) para a melhoria das condições ambientais e a
56
preservação de recursos naturais."

Isto quer dizer que, os valores dos bens ambientais não serão exatos, podem variar
conforme o grau de conscientização ambiental das pessoas, dos valores de cada um, da
economia de uma região estar ou não em desenvolvimento.

Em outras palavras, a preocupação com o grau de informação do avaliador, com as


condições de vida e o nível econômico da sociedade, são problemas que restringem a
57
abordagem neoclássica. Além do mais, a atribuição de valores econômicos aos bens
ambientais limitam-se às suas capacidades de consumo pelo homem, não se valora o
ecossistema quanto ao seu equilíbrio. Assim, sendo, "o valor econômico está estruturado
em uma sociedade capitalista, onde os recursos naturais são tidos como bens de
consumo. Dessa forma, pode-se dizer que o valor do bem, atribuído com base em uma
visão voltada essencialmente para o lucro, não tem como fundamento a proteção do
58
sistema ecológico como um todo e o seu aspecto biocêntrico."

Frente a essas falhas em obter valores aos bens ambientais, doutrina e jurisprudência,
diante de catástrofes ambientais, têm feito o cálculo apenas dos custos totais dos
trabalhos empreendidos para restaurar o meio ambiente lesado, cujo montante será o
valor da condenação. Este método de avaliação não considera o bem ambiental por si
59
mesmo. Isto porque, diante de danos ambientais, não sendo possível a restauração
natural e a substituição do bem por outro equivalente, resta, como medida subsidiária
de reparação dos danos ambientais, a imposição de sanção pecuniária.

A preocupação do direito ambiental e da teoria econômica neoclássica pauta-se pela


necessidade de ter-se instrumentos legais e práticos que possam proteger o meio
ambiente natural contra os riscos de danos ambientais e que sejam mais eficazes do que
aqueles voltados para danos, pessoais ou difusos.

A questão está em ter conhecimentos técnicos e científicos suficientes para conhecer a


natureza e as inter-relações existentes entre os microbens para ser possível trabalhar
com a gestão de riscos, que também envolve decisões de cunho político, econômico e
social, isto é, qual o limite e circunstância suportáveis pelos homens e pela natureza sem
que haja dano ao ambiente natural. Contudo, a idéia de dano e risco é construída a
partir da perspectiva do homem.

A gestão dos riscos ambientais exige o diálogo entre a economia e o direito ambiental.
Para a economia neoclássica, a gestão dos riscos ambientais pode ser vista sob dois
aspectos: a valoração dos bens e serviços ambientais e a efetivação dos instrumentos
capazes de minimizar os impactos ambientais negativos. Neste caso, sob o aspecto
jurídico, estar-se-ia referindo-se à aplicabilidade dos princípios ambientais como o da
precaução, prevenção e do poluidor-pagador.

Enfim, há estudos realizados pela economia ambiental cujo objetivo está na busca da
valoração dos bens e serviços ambientais, enquanto esses ainda não se apresentam
satisfatórios, tem-se dado preferência aos instrumentos a serem adotados pelos
empreendedores que possam minimizar os impactos negativos ao ambiente natural.

5. Externalidades ambientais negativas: necessidade de internalização


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INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS
AMBIENTAIS - UMA BREVE ANÁLISE DA RELAÇÃO
JURÍDICO-ECONÔMICA

As externalidades negativas decorrem do fato de que as atividades econômicas que


utilizam bens e/ou serviços ambientais e como muitos deles não possuem preço de
mercado não são contabilizados no processo produtivo gerando, com isso, um custo
social.

Com a revolução industrial até o século XIX as demandas econômicas, apesar de


causarem impactos negativos no ambiente, permitiam que os recursos naturais se
auto-renovassem. Contudo, com a chegada do século XX, a exploração econômica sobre
o ambiente foi significativa ao ponto dos recursos naturais saturarem, e o processo
ecológico de renovação e absorção das agressões não alcançaram o avanço econômico.
O desequilíbrio e essas "transformações que o ser humano impõe ao meio natural têm
profundos reflexos sobre os tênues laços que interligam os ciclos vitais e mantém em
equilíbrio os processos físico-químico-biológicos essenciais à estabilidade dos
60
ecossistemas."

Para assegurar o equilíbrio ecológico que garante a vida com qualidade e/ou minimizar
os impactos negativos no meio ambiente produzidos pelas atividades econômicas, a
economia voltou sua atenção para este problema e elaborou a idéia de "internalização
das externalidades".

O conceito de externalidade dirige o pensamento neoclássico referente à problemática de


61
comungar desenvolvimento econômico e tutela do meio ambiente.

O termo "externalidades" tornou-se conhecido nas décadas de 1920 e 1930 com o


economista Pigou que elaborou esse termo "para expressar falhas produzidas pelo
funcionamento do mercado e propôs método pelo qual este pudesse corrigi-las ou
62
compensá-las."

Contudo, com o ambiente natural dando mostras de esgotamento, com a extinção de


bens não-renováveis e a impossibilidade de renovação daqueles diante da intensa
exploração, a consciência ecológica das pessoas, a elaboração de leis ambientais, o
desenvolvimento de uma ciência jurídica ambiental foram responsáveis em "colocar
63
impedimentos ecológicos às atividades humanas, sobretudo às econômicas."

Diante disso, a escola da economia neoclássica traz em seu conteúdo os seguintes


estudos: "valorização monetária dos bens e serviços ambientais; internalização das
externalidades; a proposição o poluidor paga; os direitos de propriedade; o valor
econômico total dos bens e serviços ambientais; o método da valoração contingencial; a
64
análise benefício/custo (ambiental)."

A aplicação simultânea desses estudos no processo produtivo refletiria a idéia do


princípio do desenvolvimento sustentável. Entretanto, a valoração dos recursos e
serviços naturais que são atingidos pelos impactos negativos ambientais decorrentes de
atividades econômicas, a fim de serem internalizadas revela-se extremamente complexa
65
e passível de falhas, ou seja, verifica-se dois grandes obstáculos à valoração
ambiental. O primeiro refere-se à tentativa de avaliação dos valores ambientais por ser
subjetiva. E, também, os métodos de avaliação ambiental, não raras vezes, carecem de
conhecimento técnico acerca das atividades econômicas que causam ao meio ambiente.
66

Ressalte-se que os critérios e métodos de valoração dos bens ambientais têm melhor
aplicabilidade quando da apuração monetária da extensão e gravidade do dano
ambiental para que a pena pecuniária possa ser imposta ao agente poluidor.

Neste sentido, a internalização das externalidades limita-se à obrigação do


empreendedor minimizar o impacto ambiental decorrente de sua atividade, empregando,
para tanto, técnicas e medidas capazes e suficientes para tal fim.

Assim, buscando internalizar essas externalidades, a economia ambiental traça dois


caminhos: exigir licenciamentos ambientais para atividades que possam causar impactos
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ambientais e suas alternativas para minorá-los, aplicação de multas para os que não
cumprem leis ambientais, a fixação de limites de tolerabilidade e, ainda, instituir preços
para os recursos naturais explorados pelo poluidor que será forçado a regular seu
sistema produtivo para evitar gastos e encarecer seu produto.

Assim, a economia neoclássica iniciou seu estudo com a idéia de que as externalidades,
entendendo-se os bens e serviços ambientais, não são contabilizados pelo setor
67
produtivo, apesar de poderem receber valoração monetária.

Valorar recursos ambientais "decorre de que os preços dos bens econômicos não
68
refletem o verdadeiro valor da totalidade dos recursos usados na sua produção."

Sob a ótica da economia neoclássica há desequilíbrio entre os custos das empresas


(custos privados) e os custos assumidos pela sociedade e não por aquelas (custos
69
sociais).

Mas a teoria econômica neoclássica coloca a si mesma uma questão: "a de como valorar
70 71
monetariamente os bens e serviços do meio ambiente que não são valorizados pelo
mercado" e, ainda, internalizar as externalidades, ou seja, "computar os custos (ou
benefícios, quando se trata de externalidade positiva) ocultos e imputá-los ao seu
72
responsável econômico."

Sendo a solução para tal problema difícil de ser aplicada, as externalidades negativas
podem ser solucionadas com a internalização dos mesmos pelas atividades produtivas,
através de medidas administrativas e judiciais capazes de corrigir as falhas do mercado.
73

As externalidades negativas ambientais referem-se a "uma forma de apropriação da


natureza, já que o recurso ambiental é utilizado no processo industrial e devolvido ao
ambiente como rejeito deste mesmo processo, invariavelmente em condições
quantitativa e qualitativamente mais gravosas do que as originais, com absoluto
desprezo em relação aos demais membros da sociedade e às gerações futuras, que
74
deverão arcar com ambientes contaminados."

Assim, as externalidades negativas do meio ambiente são efeitos prejudiciais do sistema


produtivo. Trata-se da coletivização dos efeitos negativos daquele sistema, visto que a
poluição e o depósito de dejetos industriais no meio ambiente é sentido por todos, sendo
75
que o produtor não internaliza os custos destes.

Não raras vezes, consideram-se as externalidades negativas como toleráveis diante dos
riscos serem aceitos na sociedade moderna, isto porque inexiste desenvolvimento sem
impacto, da mesma forma que inexiste risco zero. Desta forma, há impactos causados
ao meio ambiente que, se estiverem dentro dos parâmetros pré-estabelecidos, a
76
princípio, não geram responsabilidade civil para seus causadores.

No que se refere à legislação, o Direito urbanístico e o direito ambiental têm a função de


buscar a internalização das externalidades através de normas jurídicas. O Plano Diretor
de uma cidade busca organizar as atividades desenvolvidas na sociedade,
maximizando-as ao máximo, evitando que elas interfiram umas nas outras. Assim,
selecionar uma certa região para ali se instalarem as indústrias reduz os custos sociais.
77

No mesmo sentido, as exigências legais que empresas potencialmente poluidoras devem


cumprir para poderem instalar e operar.

6. Princípio do poluidor-pagador

Este princípio tem íntima ligação com a internalização das externalidades ambientais
negativas e pode incidir em dois momentos da atividade econômica, prevenindo o dano
ambiental ao minimizar o impacto negativo causado ao ambiente natural por aquela e/ou
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INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS
AMBIENTAIS - UMA BREVE ANÁLISE DA RELAÇÃO
JURÍDICO-ECONÔMICA

responsabilizando civil, penal e administratrivamente o agente poluidor pelo dano


ambiental efetivo.

O princípio do poluidor-pagador adveio de uma política ambiental moderna que, de


78
princípio econômico, avançou para a seara jurídica.

Poluição é conseqüência da atividade econômica, entretanto, enquanto mantida nos


limites da tolerabilidade é aceitável no mundo jurídico e social. Contudo, a atividade
econômica que avança citados limites ou, ainda que dentro dos seus parâmetros,
79
causem degradação ambiental, danos ao meio ambiente, deve ser responsabilizada.

O princípio do poluidor-pagador considera que os recursos naturais utilizados nas


atividades econômicas são escassos e suas contínuas utilizações podem acarretar
80
redução e degradação. Desta forma, faz-se necessário incorporar o custo com os
81
recursos naturais nos bens produzidos para que o mercado perceba a sua escassez.

A novidade trazida pelo princípio do poluidor-pagador está no fato de que se "busca


afastar o ônus do custo econômico das costas da coletividade e dirigi-lo diretamente ao
utilizador dos recursos ambientais, mesmo que inexista dano plenamente caracterizado."
82

Pigou, na década de 1920, foi o primeiro a conceituar o termo externalidade na ciência


econômica, posteriormente, elaborou a idéia do poluidor-pagador voltada para a
83
problemática das externalidades ambientais.

O princípio proposto por Pigou está presente na legislação brasileira. Sua previsão legal
está expressa no art. 4.º, VII da Lei 6.938/81 ao dispor: "a política nacional do meio
ambiente visará à imposição, ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos
ambientais com fins econômicos." Também está expresso no art. 9.º da mesma Lei, ao
estabelecer a contribuição a ser exigida de quem utilizar recursos naturais.

Na Constituição Federal (LGL\1988\3) sua previsão está expressa nos §§ 2.º e 3.º do
art. 225.

A previsão do citado princípio também está presente na Declaração de Princípios


elaborada na Conferência da ONU no Rio de Janeiro - ECO/92 - retratando a idéia de
que, aquele que utiliza recursos ambientais deve internalizar em seus custos a proteção
do ambiente natural. Assim dispõe: "As autoridades nacionais devem esforçar-se para
promover a internalização dos custos de proteção do meio ambiente e o uso dos
instrumentos econômicos, levando-se em conta o conceito de que o poluidor deve, em
princípio, assumir o custo da poluição, tendo em vista o interesse público, sem
desvirtuar o comércio e os investimentos internacionais."

Porém, a problemática ainda incide em como e quanto deve ser pago por bens e/ou
84
serviços ambientais.

Ainda, o princípio do poluidor-pagador pode incidir sobre três situações: a empresa que
polui deve despoluir; há um imposto a ser pago pela empresa poluidora; há compra de
85
bônus na bolsa de valores de direito de poluir.

A primeira situação está prevista na legislação brasileira - art. 225, § 3.º, da CF/1988
(LGL\1988\3). A segunda situação também tem previsão no direito ambiental com a
imposição de multa cumulada com a reparação de danos. Neste sentido tem-se a
posição da 4.ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

"Ementa: Apelação cível. Constitucional e administrativo. Processual civil. Ação civil


pública. Responsabilidade civil por dano ambiental. Responsabilidade objetiva. Multa
compensatória. Obrigação do causador do dano. Princípio do poluidor-pagador.
Procedência na origem. Improvimento em grau recursal.
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INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS
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JURÍDICO-ECONÔMICA

Ante a incidência ao meio ambiente do instituto da responsabilidade civil objetiva,


estando comprovada a existência do dano e o nexo de causalidade, exsurge a obrigação
de reparar, sendo de todo desnecessária a prova da culpa.

Ademais, a multa compensatória tem como função a punição do poluidor lato sensu,
objetivando a sua conscientização para que não mais cause danos ao meio ambiente.

Assim, o valor arbitrado deve ir além do que seria suficiente para mera recomposição do
prejuízo, sob pena de ser mais vantajoso ao causador do dano causar o dano e pagar a
multa, do que respeitar o objetivo constitucional de um meio ambiente ecologicamente
equilibrado.
86
Apelo improvido."
87
Por fim, a compra de bônus no mercado de valores não tem aplicação no Brasil.
Porém, há que se ressaltar tal possibilidade no que se refere aos créditos de carbono por
empresas localizadas em países que têm a obrigação de diminuir a emissão de citado
gás poluente. O Brasil, no caso, não tem esse dever, conforme previsto no Protocolo de
Kioto, podendo, então, emitir créditos de carbono na bolsa de valores como uma
maneira de compensar aquela emissão. Está-se, assim, diante de um mecanismo de
desenvolvimento limpo (MDL).

Tem-se, assim, que o princípio do poluidor-pagador originou-se na economia.


Atualmente é empregado como principal política de defesa do meio ambiente.

Citado princípio parte do pressuposto de que os recursos naturais são escassos e sua
utilização acarreta ainda mais suas reduções e degradações. Se o custo da redução não
se refletir no preço dos produtos não se terá a idéia da escassez do recurso natural.
Neste sentido, "são necessárias políticas públicas capazes de eliminar a falha de
mercado, de forma a assegurar que os preços dos produtos reflitam os custos
88
ambientais."

Entretanto, a efetividade do princípio do poluidor-pagador através da imposição dos


custos ambientais decorrentes do processo produtivo no preço dos bens postos ao
consumidor ainda não tem aplicabilidade exatamente pela dificuldade de internalizar
essas externalidades.

A aplicabilidade do princípio do poluidor-pagador no âmbito do direito volta-se à


regulamentação de condutas humanas empreendedoras com potencial para causar
danos ambientais, devendo preveni-los e repará-los.

Dessa forma, citado princípio reflete a necessidade de internalizar as externalidades


negativas produzidas pelas atividades empreendedoras. Assim, por exemplo, exige-se a
instalação de equipamentos nas indústrias adequados à diminuição da poluição sonora e
do ar, equipamentos de tratamento da água, reciclagem do lixo produzido ou do seu
transporte.

Verifica-se, ainda, o princípio do poluidor-pagador incidindo na obrigação de reparar o


dano causado ao meio ambiente, fundamentado no art. 225, § 3.º, da CF/1988
(LGL\1988\3) e § 4.º da Lei 6.938 de 1981 e o princípio do usuário pagador, ou seja,
aquele que usa recursos naturais no processo produtivo obriga-se a pagar por eles, uma
vez que, se pertencem a todos não seria adequado admitir que alguns façam uso em
detrimento dos demais.

Neste sentido, acórdão que dispõe:

"(...) de acordo com o princípio do usuário-pagador, por sua vez, decorrência do


poluidor-pagador, aquele que usa bens ambientais fica logicamente obrigado a pagar
pelo uso, pois que, se pertencem aqueles a todos, não se compreende que alguns
89
possam utilizar-se sem compensação adequada (...)."
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INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS
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Impõe-se, como forma de responsabilizar civilmente o agente degradador do ambiente


natural a "internalização das externalidades ambientais negativas, ou seja, impor para
as fontes poluidoras as obrigações de incorporar em seus processos produtivos os custos
com prevenção, controle e reparação de impactos ambientais, impedindo a socialização
90
destes riscos."

Desta idéia advém o princípio do poluidor-pagador, tendo aplicabilidade não só na


instalação de equipamentos necessários capazes de prevenir dano ambiental ou medidas
de compensação pela utilização de recursos naturais no processo produtivo mas,
também, na reparação dos mesmos. Dito isto, mencionado princípio aplica-se a essas
duas vertentes.

Ressalte-se que o princípio do poluidor-pagador objetiva, ao contrário do que se possa


imaginar, que pagando pode-se poluir, prevenir danos ambientais, embora, uma vez
tendo estes ocorridos, sua aplicabilidade também ocorre. Neste sentido, afirma-se que o
conteúdo do princípio é "essencialmente cautelar e preventivo, importando
necessariamente na transferência dos custos e ônus geralmente suportados pela
sociedade na forma de emissões de poluentes ou resíduos sólidos, para que seja
suportado primeiro pelo poluidor. E os custos de que tratamos não objetivam
originariamente a reparação e o ressarcimento monetário, através da fórmula
indenizatória e compensatória reproduzida pela legislação civilística, mas envolvem
todos os custos relativos, principalmente, à implementação de medidas que objetivam
evitar o dano, medidas de prevenção ou mitigação da possibilidade de danos, que devem
ser suportadas primeiro pelo poluidor, em momento antecipado, prévio à possibilidade
91
de ocorrência do dano ao ambiente."

O papel do Estado frente ao princípio do poluidor-pagador está na elaboração de normas


que regulamentem o processo produtivo econômico que representam riscos para a vida
e o meio ambiente, bem como a instituição de medidas fiscalizatórias e a imposição de
sanções civis decorrentes da reparação dos danos ambientais, sem excluir as de caráter
administrativo e penal.

Enfim, "o princípio do poluidor-pagador concretiza-se através da obrigação do poluidor


de diminuir, evitar ou reparar danos ambientais, com os instrumentos clássicos do
92
direito bem como através de novas normas de produção e consumo."

7. Conclusão

O diálogo entre economia e direito ambiental é essencial para a efetivação dos princípios
do desenvolvimento sustentável e do poluidor-pagador.

Internalização das externalidades negativas ambientais pode ser implementada com a


exigência de instrumentos suficientes para minimizar os impactos causados ao ambiente
natural pelas atividades potencialmente poluidoras. Sob outro aspecto, a imposição de
sanções ao agente poluidor em face do dano ambiental também caracteriza a
internalização das externalidades.

A valoração dos bens e serviços ambientais objetivando incorporar no preço dos


produtos o valor da utilização do ambiente natural, seja como matéria prima no processo
produtivo seja como depósito para os dejetos industriais, não revela a forma mais
correta, razão pela qual critérios e métodos desenvolvidos pela economia neoclássica
têm maior efetividade quando há dano ambiental; havendo tão-somente impactos
negativos ao ambiente natural, toleráveis e suportáveis, a medida mais eficaz é a
implementação de instrumentos no processo produtivo exigidos quando da realização
dos licenciamentos ambientais.

Enfim, a relação jurídico-econômica tem como objetivo efetivar dois direitos


fundamentais previstos na Constituição Federal (LGL\1988\3), o da livre-iniciativa (art.
170, caput) e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225, caput),
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AMBIENTAIS - UMA BREVE ANÁLISE DA RELAÇÃO
JURÍDICO-ECONÔMICA

que, juntos, garantem o princípio do desenvolvimento sustentável.

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(1) ANTUNES, Paulo de Bessa. Dano ambiental: uma abordagem conceitual. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2000, p. 200.

(2) DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico, 2. ed. São Paulo: Max Limonad,
2001, p. 111.

(3) ANTUNES, Paulo de Bessa. Ob. cit., p. 200.

(4) DERANI, Cristiane. Ob., cit., p. 259.

(5) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. O mito do desenvolvimento sustentável. Meio


ambiente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias. 2. ed.
Florianópolis: Editora da UFSC, 2004, p. 59.

(6) Idem, p. 82.

(7) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 82.

(8) Idem, p. 82.

(9) ANTUNES, Paulo de Bessa. Ob. cit., p. 209.

(10) AgIn 0117.508-4 - 6.ª Câm. Cív. - TJPR - j. 18.12.2002 - rel. Des. Antônio Lopes de
Noronha. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, v. 31, ano 8, p. 340, jul-set. 2003.

(11) ANTUNES, Paulo de Bessa. Ob. cit., p. 201.

(12) RODRIGUES, Marcelo Abelha. Instituições de direito ambiental. Parte geral. São
Paulo: Max Limonad, 2002, p. 135-136.

(13) Idem, p. 136.

(14) Idem, ibidem.

(15) Idem.

(16) COSTA NETO, Nicolao Dino de Castro e. Proteção jurídica do meio ambiente. I
Florestas. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, p. 57.

(17) ANTUNES, Paulo de Bessa. Ob. cit., p. 202.


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(18) Idem, p. 238.

(19) DERANI, Cristiane. Ob. cit., p. 237.

(20) Idem, p. 238.

(21) Idem, p. 240.

(22) PRADO, Luiz Regis. A tutela constitucional do ambiente no Brasil. Revista dos
Tribunais, São Paulo, v. 675, ano 81, p. 82, jan 1992.

(23) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 19.

(24) DERANI, Cristiane. Ob. cit., p. 132.

(25) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 22.

(26) LEITE, José Rubens Morato. Dano ambiental: do individual ao coletivo


extrapatrimonial, 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 24.

(27) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 45.

(28) Idem, ibidem.

(29) BAHIA, Carolina Medeiros. Antropocentrismo alargado: uma nova proposta de


relação ética entre o homem e a biodiversidade. In: BENJAMIN, Antonio Herman (org.).
Anais do 10.º Congresso internacional de direito ambiental. Direitos humanos e meio
ambiente. São Paulo: IMESP, 2006, p. 83.

(30) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 49-50.

(31) Idem, p. 53.

(32) NUSDEO, Fábio. Curso de economia: introdução ao direito econômico. 3. ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p. 23.

(33) Idem, p. 24.

(34) Idem, p. 25.

(35) Idem, p. 25.

(36) MOTTA, Ronaldo Serôa da. As técnicas das análises de custo-benefício na avaliação
ambiental. In: TORNISIELO, Sâmia Maria Tauk; GOBBI, Nivar; FOWLER, Harold Gordon
(coords.). Análise ambiental: uma visão multidisciplinar. 2. ed., São Paulo: UNESP,
1995, p. 157.

(37) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 99-100.

(38) MOTTA, Ronaldo Serôa da. Ob. cit., p. 159.

(39) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 99.

(40) MOTTA, Ronaldo Serôa da. Ob. cit., p. 159.

(41) Idem, p. 159-160.

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INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS
AMBIENTAIS - UMA BREVE ANÁLISE DA RELAÇÃO
JURÍDICO-ECONÔMICA

(42) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 99.

(43) MOTTA, Ronaldo Serôa da. Ob. cit., p. 159-160.

(44) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 99.

(45) MOTTA, Ronaldo Serôa da. Ob. cit., p. 160.

(46) Idem, p. 160.

(47) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 98.

(48) Idem, ibidem.

(49) Idem.

(50) Idem.

(51) Idem, p. 106-107.

(52) Idem, p. 107.

(53) Idem, ibidem.

(54) Idem.

(55) PILLET, Gonzague. Economia ecológica: introdução à economia do ambiente e


recursos naturais. Lisboa: Instituto Piaget, 1993, p. 119.

(56) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 107-108.

(57) Idem, p. 108.

(58) LEITE, José Rubens Morato. Ob. cit., p. 219.

(59) Idem, p. 215.

(60) CARNEIRO, Rui. Direito ambiental: uma abordagem econômica. Rio de Janeiro:
Forense, 2003, p. 37.

(61) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 85.

(62) MARTÍNEZ-ALIER, Joan. Curso a distância de economía ecológica. México: Red de


Formación Ambiental del PNUMA, 1995 apud MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p.
85.

(63) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 86.

(64) Idem, p. 86.

(65) Ver seção 3.

(66) MARGULIS, Sérgio. A economia e o desenvolvimento sustentado. Análise ambiental:


uma visão multidisciplinar. In: TORNISIELO, Sâmia Maria Tauk; GOBBI, Nivar; FOWLER,
Harold Gordon (coords.). 2. ed. São Paulo: UNESP, 1995, p. 101-102.

(67) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 87.

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AMBIENTAIS - UMA BREVE ANÁLISE DA RELAÇÃO
JURÍDICO-ECONÔMICA

(68) Idem, ibidem.

(69) Idem.

(70) Bens ambientais: "englobam todos os produtos que são retirados direta ou
indiretamente de um determinado ecossistema." GRASSO, Mônica; TOGNELLA, Mônica
Maria Pereira; NOVELLI, Yara Schaeffer; COMUNE, Antônio Evaldo. Aplicação de técnicas
de avaliação econômica ao ecossistema manguezal. In: MAY, Peter H. (org.). Economia
ecológica: aplicações no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1995, p. 57.

(71) Serviços ambientais: "são as funções ecológicas exercidas pelo mesmo, tais como
reciclagem de nutrientes e manutenção da diversidade biológica." Idem, p. 57.

(72) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 87-88.

(73) SALLES, Carlos Alberto de. Execução judicial em matéria ambiental. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1998, p. 93.

(74) STEIGLEDER, Annelise Monteiro. Responsabilidade civil ambiental: as dimensões do


dano ambiental no direito brasileiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004, p. 77.

(75) Idem, ibidem.

(76) Idem, p. 80.

(77) NUSDEO, Fábio. Ob. cit., p. 158.

(78) ANTUNES, Paulo de Bessa. Ob. cit., p. 211.

(79) Idem, p. 213-214.

(80) Idem, p. 219.

(81) Idem, p. 220.

(82) Idem, p. 221.

(83) DERANI, Cristiane. Ob. cit., p. 158.

(84) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 89.

(85) Idem, p. 93.

(86) ApCív 70012156220 - 4.ª Câm. Cív. - TJRS - rel. Wellington Pacheco Barros - j.
21.09.2005.

(87) MONTIBELLER FILHO, Gilberto. Ob. cit., p. 94.

(88) ANTUNES, Paulo de Bessa. Ob. cit., p. 220.

(89) EI 70001620772 - 1.º Grupo de Câmaras Cíveis - TJRS - j. 01.06.2001 - rel. Des.
Carlos Roberto Lofego Canibal ( Revista de Direito Ambiental, São Paulo, n. 23, ano 6,
set. 2001, p. 337-351.

(90) STEIGLEDER, Annelise Monteiro. Ob. cit., p. 192.

(91) LEITE, José Rubens Morato. AYALA, Patryck de Araújo. Direito ambiental na
sociedade de risco. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 78.
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INTERNALIZAÇÃO DAS EXTERNALIDADES NEGATIVAS
AMBIENTAIS - UMA BREVE ANÁLISE DA RELAÇÃO
JURÍDICO-ECONÔMICA

(92) DERANI, Cristiane. Ob. cit., p. 163.

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