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AUDITORIA E PERÍCIA AMBIENTAL

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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2

AUDITORIA AMBIENTAL ................................................................................ 3

Introdução ........................................................................................................ 3

Desenvolvimento ............................................................................................. 5

Conclusão...................................................................................................... 15

Perícia Ambiental........................................................................................... 16

Aplicação do VEDA,na Perícia Ambiental ..................................................... 16

Perícia Ambiental e Sua Importância Contra o Dano Ambiental ................... 18

Dano Ambiental.......................................................................................... 18
Perícia Ambiental/ Atividade da perícia e seus efeitos .................................. 21

A importância da perícia ambiental utilizado em processos judiciais............. 24

A Importância da Perícia Ambiental na Solução de Crimes Ambientais no Brasil


................................................................................................................................. 28

Definições Básicas Sobre Perícia Ambiental e as suas Inovações no Código de


Processo Civil .......................................................................................................... 30

Leis de Crimes Ambientais ............................................................................ 33

Crimes Ambientais......................................................................................... 33

Os Problemas Enfrentados na Perícia........................................................... 34

A Perícia Ambiental Como Instrumento na Solução de Crimes Ambientais .. 35

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 38

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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AUDITORIA AMBIENTAL
Um dos instrumentos utilizados no processo de gestão ambiental das
instituições é a auditoria ambiental, segundo Vieira (2011), consiste num conjunto de
atividades organizadas, que tem por finalidade a verificação e avaliação da relação
entre os processos de produção e os aspectos ambientais inerentes a este. Além
disso, segundo Piva (2009), a auditoria ambiental é um importante instrumento que
atua na relação entre a economia e o meio ambiente, auxiliando as empresas no
conhecimento do seu desempenho ambiental e simultaneamente criando ferramentas
para que estes estabelecimentos se adaptem à legislação ambiental. Além disso,
ressalta-se que a auditoria ambiental, regida pelas Normas da série ISO 14000 –
Sistema de Gestão Ambiental - SGA, visa à minimização dos efeitos nocivos ao
ambiente proveniente de atividades industriais e similares.

A auditoria ambiental é uma importante ferramenta no tocante à verificação e


avaliação entre os processos de produção e os aspectos ambientais de uma
determinada organização. Com base nesse cenário, este material apresenta um
estudo da Auditoria Ambiental e da sua contribuição no processo de gestão, na
perspectiva da evolução e da garantia da continuidade da política de controle, de
preservação e de conservação ambiental e na busca de comprometimento das
empresas com a questão ambiental. Por meio deste, procurou-se estudar a auditoria
ambiental com vistas a apontar sua contribuição no gerenciamento dos resíduos.

Introdução
A Comissão Brundtland, formada pela Organização das Nações Unidas para
estudar a crescente deterioração do meio ambiente humano e dos recursos naturais
e as consequências da deterioração para o desenvolvimento econômico e social,
definiu, no relatório “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), o desenvolvimento
sustentável como o “desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias
necessidades”.

Essa é a definição mais aceita mundialmente do termo desenvolvimento


sustentável. Ela se aplica ao meio ambiente na medida em que as necessidades

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atuais estão diretamente relacionadas aos recursos naturais. Basta pensar na energia
fóssil (petróleo, por exemplo) e nas diversas matérias-primas comumente usadas em
indústrias.

O mundo enfrenta uma série de grandes desafios ao seu meio ambiente. No


documento Perspectiva Ambiental Global, o Programa Ambiental das Nações Unidas
avaliou a importância relativa de questões ambientais no âmbito das regiões e entre
elas. A questão da contaminação e dos resíduos urbanos e industriais foi considerada
criticamente importante ou importante em todas as áreas do globo.

Com o advento do desenvolvimento acelerado das cidades, do crescimento da


população e do uso desenfreado dos recursos naturais, as discussões acerca das
questões ambientais estão cada vez mais presentes no mundo inteiro. Neste cenário,
é notória a preocupação em relação à geração de resíduos sólidos, com seu enfoque
tanto no gerenciamento, quanto na correta destinação desses resíduos. Diante disso,
diversos ramos da sociedade sejam comércios, serviços, instituições públicas ou
privadas, estão gradativamente se adequando às questões ambientais, melhorando
sua eficiência produtiva, promovendo medidas na redução dos seus resíduos.

Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituído pela lei


12.305/2010 resíduos sólidos é todo material, substância, objeto ou bem descartado
resultante de atividades humanas em sociedade, cuja destinação final se procede, se
propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólidos ou
semissólidos, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em
corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis
em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010).

Na Conferência do Rio em 1992, os resíduos foram considerados uma das


prioridades da Agenda 21, e receberam atenção específica para assegurar a gestão
ambientalmente correta de produtos químicos tóxicos, resíduos sólidos e questões
relativas a esgoto e a gestão segura e ambientalmente correta dos resíduos
radioativos.

Auditorias ajudam a conscientizar para os problemas abordados. Realizar


auditorias dos sistemas de gestão de resíduos é um modo de ajudar a reduzir os
problemas causados por resíduos em um país, revelando as deficiências do sistema

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de gestão e dos atores responsáveis e identificando as áreas que necessitam de
melhoria.

Desenvolvimento
Conservação ambiental e crescimento econômico são encarados,
frequentemente, como processos que possuem objetivos antagônicos. Existem, tanto
na literatura científica quanto nas discussões disseminadas na sociedade, evidências
consideráveis que atestam que as pressões existentes sobre as áreas e recursos
naturais são determinadas pela agricultura, pela urbanização e pelo crescimento
industrial. Reitera-se a ideia com o argumento igualmente irrefutável, de que as
nações economicamente mais ricas alcançaram seus êxitos com base em suas
perdas ambientais (SEROA DA MOTTA, 1996).

Entretanto, a questão ambiental não deve ser entendida dentro desta


dicotomia, visto que, dentro do atual conceito de desenvolvimento sustentável,
existem argumentos teóricos fortes, que permitem refutar tais extremismos (SEROA
DA MOTTA, 1996).

Para BENJAMIN (1993) a conscientização humana de que o progresso a


qualquer preço não é sustentável em longo prazo, e que os investimentos reparatórios
são mais caros que os investimentos preventivos, requer profundas mudanças das
práticas atuais, por meio dos novos padrões de produção e consumo. Neste sentido,
as práticas de auditoria surgiram num contexto no qual as organizações priorizam a
tomada de atitudes precedentes aos acontecimentos, com base na observação e
avaliação do sistema de gestão instalado, pretendendo evitar eventos não previstos
e as possíveis amplificações de seus resultados.

A palavra “auditoria” vem do latim “audire” que significa ouvir. A auditoria é a


realização de um exame, ou uma avaliação, reconhecida oficialmente pelos
interessados e sistematizada pelos atos e/ou decisões das pessoas, a fim de
assegurar que o sistema, programa, produto, serviço e processo aplicáveis perfaçam
todas as características, critérios e parâmetros exigidos, sendo que a aplicabilidade,
o desenvolvimento e a implementação são incluídos na avaliação de cada
componente envolvido (MILLS, 1994; Apud ARAUJO, 2004).

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As auditorias ambientais surgiram nos Estados Unidos, na década de 70 do
século passado, baseadas nas auditorias contábeis. Tinham como objetivo verificar
se as leis governamentais estavam sendo respeitadas pelas organizações (ARAUJO,
2004). Seu desenvolvimento foi uma resposta a uma série de manifestações sociais
que surgiam pelo mundo, relacionadas aos problemas ambientais pelos quais
passava o planeta (PREARO, 2005). O objetivo de tais manifestações era despertar
a atenção de governantes, insensíveis aos danos ambientais, e para a formulação de
normas para a responsabilização dos culpados e para a regulação da exploração dos
recursos naturais (PREARO, 2005).

Nesta época, uma série de acidentes ambientais graves teve projeção


internacional. Ocorrências grandiosas e fatais como a de Sevezo, na Itália, em 1976,
que feriu 220 mil pessoas por causa de um vazamento de tetracloro-dibenzeno-
dioxina, ou a de Bhopal, na Índia, 1984, onde houve um vazamento de metil-
isocianato, deixando 3.800 mortos e 200 mil feridos, contribuíram para que as
atenções se voltassem para a gestão dos processos, nas grandes empresas, que
pudessem causar danos ao meio ambiente. As falhas verificadas em quase todos
estes acidentes foram de ordem organizacional, e não por deficiências tecnológicas.
Isto fez com que o investimento no desenvolvimento de procedimentos de controle
tivesse como base as ações de caráter logístico e nas ciências de comportamento
(VALLE, 2004).

A constituição de 1988 mudou consideravelmente a maneira com que a


sociedade brasileira lidava com os assuntos relacionados com o meio ambiente.
Aliada a um momento onde a sociedade brasileira expressava sua vontade de ampliar
os espaços democráticos conquistados após mais de 20 anos de ditadura militar, a
emergência da questão ambiental como um tema de destaque nas relações
econômicas no cenário mundial colocou, pela primeira vez, a temática ambiental no
âmbito do controle externo da administração pública (LIMA, 2000).

Os órgãos públicos passaram a ter a obrigação de criar dispositivos para


fiscalizar, gerir e legislar sobre o meio ambiente. Com isso, não só o poder executivo,
mas também o legislativo, o Ministério Público e os Tribunais de Contas foram
incluídos na missão da proteção ambiental no Brasil. Em novembro de 1991 surgiu o
primeiro instrumento que instituiu auditorias de conformidade legal no Brasil.

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Neste contexto, as metodologias para auditorias ambientais começaram a se
desenvolver e as organizações que pretendiam atingir um desempenho ambiental
satisfatório passaram a buscar técnicas de gestão ambiental para viabilizar o controle
dos aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. O levantamento
do conceito de auditoria ambiental em vários autores evidenciou que a auditoria
ambiental é “um processo sistemático para obter, avaliar e reportar fatos de
conformidade ou não conformidades ambientais de acordo com critérios definidos
previamente” (KUHRE, 1996; ISO 14010; CONAMA Res. 306/2002).

A auditoria ambiental constitui-se como um instrumento hábil na determinação


da natureza e da extensão das áreas de impacto ambiental de uma atividade pública
ou privada. A auditoria detecta analisa e informa a situação real em que se encontra
a empresa quanto à conformidade e ao respeito aos controles existentes. Aliado a
isso, justifica as medidas apropriadas para reduzir as áreas de impacto, estima o
custo dessas medidas e recomenda um cronograma para sua execução.

Sua principal função é identificar e documentar quais são as práticas positivas


e negativas das empresas em relação ao meio ambiente, dando enfoque aos
possíveis e atuais impactos ambientais ocasionados pela atividade econômica. Esses
dados coletados na auditoria, posteriormente, servirão de embasamento para propor
uma nova política ambiental compatível com os princípios ambientais. (GRIZZI, 2004,
p.159)

O objetivo principal da auditoria ambiental é “avaliar o grau de conformidade


do estabelecimento com a legislação e com a política ambiental da organização,
incorporada ao Sistema de Gestão Ambiental, se a empresa o tiver implantado” (NBR
ISO 14001), ou conforme colocação de Peno A. Jucem (apud LIMA, 2011, p.3), é a
“busca permanente de melhoria da compatibilidade ambiental das ações, processos,
produtos e serviços de empresas e instituições”. Considerando esses objetivos, são
identificadas para auditoria ambiental finalidades legais, políticas, econômicas e
gerenciais.

A auditoria pode ser determinada pelo poder público (auditoria pública) ou


requerida de ofício por uma organização privada (auditoria privada) (NETTO, 2005).

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Apesar de não haver um único conceito de auditoria ambiental, e tampouco
inexistir um consenso sobre a delimitação do seu conteúdo é possível estabelecer
uma classificação das suas principais aplicações:

a) Auditoria privada utilizada como instrumento de uso interno das empresas;


denominadas auditorias internas. (sistema de gestão ambiental).

b) Auditoria privada utilizada como instrumento de uso externo por terceiros


interessados no desempenho ou nas condições ambientais das empresas e
propriedades, tais como: investidores, compradores, instituições financeiras ou de
seguros e a comunidade afetada por determinado empreendimento ou atividade. São
as chamadas auditorias externas. A auditoria externa é realizada, necessariamente,
por auditores independentes externos à organização, sendo seus resultados
avaliados por terceiros, como organização de certificação. (sistema de gestão
ambiental).

c) Auditoria pública utilizada como instrumento de ações de controle pelo poder


público. Essa categoria é realizada pelas empresas, mas são conduzidas e
determinadas por órgãos públicos que estabelecem os critérios e forma de sua
execução.

Em relação às auditorias privadas, OLIVEIRA FILHO (2002) diz que, com o


aumento das atenções em relação às questões ambientais, a auditoria ambiental tem
um forte compromisso de apresentar, antecipadamente, as soluções para possíveis
falhas significativas que podem afetar negativamente a imagem de uma empresa,
sobretudo sobre aquelas relacionadas ao mau andamento e desempenho do Sistema
de Gestão Ambiental.

O lançamento das normas ambientais, da série internacional ISO 14.000,


representa a consolidação desse fato, destinado a produzir consequências, mesmo
às empresas cuja produção destina-se somente ao mercado interno. A conquista do
certificado ISO 14000 será sempre um diferencial importante, tendo em vista o
crescimento de uma conscientização ambiental, além do atendimento aos requisitos
legais (MIAMOTO, 2001).

A International Organization for Standardization – ISO é uma federação


mundial de entidades nacionais de normalização que congrega mais de 100 países,

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representando praticamente 95% da produção industrial do mundo. A ISO busca
normas de homogeneização de procedimentos, de medidas, de materiais e/ou de uso
que reflitam o consenso internacional em todos os domínios de atividades, exceto no
campo eletroeletrônico que é de atribuição da International Eletrotechnical
Commission – IEC. (CAGNIN, 2000). As normas vigoram à medida que são
aprovadas pelos países membros. O representante brasileiro na ISO é a Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.

Um dos instrumentos utilizados no processo de gestão ambiental das


instituições é a auditoria ambiental, segundo Vieira (2011), consiste num conjunto de
atividades organizadas, que tem por finalidade a verificação e avaliação da relação
entre os processos de produção e os aspectos ambientais inerentes a este. Além
disso, segundo Piva (2009), a auditoria ambiental é um importante instrumento que
atua na relação entre a economia e o meio ambiente, auxiliando as empresas no
conhecimento do seu desempenho ambiental e simultaneamente criando ferramentas
para que estes estabelecimentos se adaptem à legislação ambiental. Além disso,
ressalta-se que a auditoria ambiental, regida pelas Normas da série ISO 14000 –
Sistema de Gestão Ambiental - SGA, visa à minimização dos efeitos nocivos ao
ambiente proveniente de atividades industriais e similares.

Fonte: Google, 2018.

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A ISO 14000 em sua nova versão segue a estrutura de alto nível conhecida
como Anexo SL que visa melhorar a compatibilidade com outras normas de sistema
de gestão, inclusive com a ISO 9001.

Dentro do contexto, as auditorias de sistema de gestão, como a ISO 14.000,


fazem parte de um sistema que se retro-alimenta e mantém as seguintes
condicionantes (ISRAELIAN et al., 2003):

• São autorizadas pela administração superior.

• São avaliações de práticas reais, evidentes, comparadas com requisitos


estabelecidos.

• Têm métodos e objetivos específicos.

• São programadas com antecedência.

• São realizadas com prévio conhecimento e na presença das pessoas cujo


trabalho será auditado;

• Realizadas por pessoal experiente, treinado e independente da área


auditada.

• Resultados e recomendações são examinados e, em seguida,


acompanhados para verificar o cumprimento das ações corretivas.

• Não têm ação punitiva, mas corretiva e de aprimoramento.

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Fonte: Google, 2018.

A ISO 14001 adota uma abordagem sistêmica que possibilita que a


organização atinja o sucesso sustentável em longo prazo e estabelece melhores
práticas para:

– Proteção ao meio ambiente pela prevenção ou mitigação dos impactos


ambientais adversos;

– Mitigação de potenciais efeitos adversos das condições ambientais da


organização;

– Aumento do desempenho ambiental;

– Utilização de perspectiva de ciclo de vida que pode prevenir o deslocamento


involuntário dos impactos ambientais dentro do ciclo de vida.

Este trecho contraria a ideia, segundo COSTA & FILHO (2007), de que as
auditorias de sistemas de gestão têm uma conotação negativa, pois são encaradas
como um processo de fiscalização e estabelecimento de culpas pelas falhas
encontradas.

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Já no âmbito da auditoria pública brasileira, CAVALCANTI (2008), a define
como um conjunto de procedimentos e técnicas específicos de controle, aplicados
sobre o processo orçamentário e financeiro, que funciona por meio de
acompanhamentos, de avaliações de desempenho das ações e de outros controles
específicos. Estabelece também que tais procedimentos objetivam verificar se as
ações foram ou são realizadas em conformidade, essencialmente, com as diretrizes,
objetivos e metas expressos no Plano PluriAnual (PPA), metas e prioridades da Lei
de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e com as normas e regras da lei orçamentária e
outras legislações correlatas. Constata-se, portanto, o vínculo das práticas de
auditoria pública ao cumprimento do planejamento estratégico do país, bem como à
legislação relacionada ao tema a que a auditoria se propõe.

No caso das práticas de auditoria como ferramenta da gestão ambiental pública


no Brasil, SILVA (2006), coloca que “embora a Constituição Federal Brasileira de
1988 tenha demonstrado sua preocupação com o meio ambiente, esse tema, dentro
do setor público, inclusive no tocante às Entidades de Fiscalização Superior (EFS),
ainda é escasso em termos de pesquisas, notando-se um distanciamento muito
grande entre o controle externo e o ambiente”.

As análises realizadas apontaram a existência de várias classificações para a


auditoria ambiental. A tipologia aplicável às entidades privadas, mais citada na
literatura, é mostrada no Quadro 1, o qual discrimina tipos e o que avalia.

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Tipo O que avalia
Auditoria de conformidade legal Adequação à legislação.
Auditoria de desempenho ambiental Conformidade com a legislação,
regulamentos e indicadores setoriais.
Auditoria de sistema de gestão Cumprimento dos princípios SGA,
ambiental adequação e eficácia do SGA.
Auditoria de certificação Conformidade com os princípios da
norma certificadora.
Auditoria de descomissionamento Danos ao entorno pela desativação da
unidade produtiva.
Auditoria de sítios Estágio de contaminação de um local.
Auditoria pontual Otimização dos recursos no processo
produtivo.
Auditoria de responsabilidade O passivo ambiental da empresa.
Quadro 1: Tipologia das auditorias realizadas em entidades privadas.
Fonte: Silva e Assis (2003, p. 10).

A auditoria de responsabilidade recebe destaque especial porque é destinada


a avaliar o passivo ambiental das empresas (SILVA; ASSIS, 2003).

Para dar início ao processo de implementação de um sistema de Auditorias


Ambientais em Unidades de Conservação é necessário que haja o interesse e o
investimento pelas partes envolvidas. Tanto dos órgãos responsáveis pela gestão das
Unidades de Conservação quanto órgãos de controle externo, como Secretarias,
Institutos e Tribunais de Contas, devem realizar esforços neste sentido. Tais esforços
não devem ser apenas para que a metodologia se torne difundida entre os
funcionários, mas também para que estes a dominem e entendam os processos
necessários para a realização das auditorias, para a elaboração de relatórios e para
o retorno dos resultados ao conhecimento da gestão da UC.

Com este intuito, a realização de cursos de capacitação ministrados por


profissionais com a formação de auditoria e familiarizados com o contexto da gestão
de UCs em geral, e com a metodologia aqui apresentada é etapa essencial. A
capacitação deverá ser direcionada para funcionários das UCs que se incluem dentro
do sistema em questão e pelos auditores dos órgãos fiscalizadores.

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Com isso, duas frentes devem ser organizadas para a implementação do
sistema. Na primeira, dentro da própria Unidade de Conservação, com a formação do
corpo de auditores internos e, na segunda, a equipe de auditorias externas (de
terceira parte).

Antes de dar início à auditoria, a equipe de auditores e os funcionários


designados pela Unidade de Conservação devem realizar uma reunião de abertura.
Nela, a equipe de auditoria apresenta, de forma breve, o tema da auditoria e sua
importância no contexto da gestão da Unidade de Conservação, o escopo da auditoria
definido na fase de planejamento. A abertura é fundamental para que ambas as partes
partam do mesmo conhecimento prévio para a auditoria em campo e para que
possíveis dúvidas de lado a lado possam ser sanadas.

Os auditores internos, normalmente são membros da equipe fixa de gestão da


unidade de conservação que tem como missão garantir que todos os aspectos e
requisitos passíveis de auditagem estejam sendo observados.

Já os auditores de terceira parte devem ser profissionais ligados a instituições


que irão realizar a verificação, através da auditoria ambiental, acerca do cumprimento
dos requisitos estabelecidos pela metodologia. Estas instituições tanto podem ser os
órgãos gestores (secretarias, institutos, autarquias entre outras), quanto órgãos de
fiscalização (como tribunais de contas) ou instituições externas conveniadas ou
contratadas para esta finalidade (como universidade, organizações civis, entre
outras). São esses auditores que irão atuar na realização da auditoria em si, etapa
por etapa, como descritas a seguir.

 Escopo da Auditoria

Para dar início ao processo da auditoria propriamente dita na Unidade de


Conservação é necessário que se forme a equipe de auditores. Esta equipe deve ser
composta por profissionais com o devido treinamento, todos familiarizados com a
metodologia e suas etapas de aplicação. Formada a equipe, ela reúne-se com o
propósito de definir as diretrizes básicas que vão reger as atividades de uma auditoria
in loco. Nesta fase define-se, inicialmente, o escopo da auditoria, que é a abrangência
da auditoria. O escopo de auditoria geralmente inclui uma descrição breve da
localização física, atividades e processos, bem como o período de tempo que será
utilizado durante a auditoria.

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 Escolha dos requisitos

Ainda na fase de planejamento, seguindo uma tendência imparcial, a equipe


de auditores seleciona, previamente e de maneira aleatória, um conjunto significativo
de requisitos para serem auditados dentro da matriz. Vale ressaltar, neste ponto, que
a auditoria não se propõe a ser exaustiva, ou seja, a verificar todos os requisitos
elaborados para a metodologia. Ao contrário disto, a metodologia para Auditoria
Ambiental Pública em Unidades de Conservação deve ser aplicada por amostragem,
o que a torna mais dinâmica e de mais fácil e rápida aplicação.

 Plano de auditoria

Após a definição destas diretrizes básicas, a equipe de auditores deve preparar


o plano de auditoria, que é o documento que compila as informações da auditoria, e
seu preenchimento ajuda no desenvolvimento das atividades in loco e na confecção
do relatório de auditoria, parte da última fase do seu desenvolvimento.

 Contato com o Auditado

Finalizando a etapa de planejamento, os auditores estabelecem o contato com


a Unidade de Conservação. A gestão das UCs indica previamente um ou mais
funcionários que se responsabilizam por receber, auxiliar e fornecer informações aos
auditores durante a auditoria. Definiu-se ainda a data, hora, e a duração da auditoria.

Conclusão
A elaboração para Auditoria Ambiental Pública em Unidades de Conservação
constitui um processo de longa duração e sua aplicação é um desafio que, novamente
dentro do nosso contexto social e político, depende da atuação das autoridades.
Dentro do contexto da conservação da biodiversidade e da efetividade de gestão das
Unidades de Conservação, pode ser uma ferramenta dinâmica e rápida para
identificar e corrigir falhas, buscando a melhoria contínua do sistema de gestão da
Unidade de Conservação.

A auditoria ambiental por ser uma medida preventiva permite que as empresas,
sem cessar suas atividades, busquem alternativas racionais para solucionar os
problemas ambientais e, assim, contribuam para a construção de um planeta
ecologicamente equilibrado.

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Entretanto, discutem-se, hoje, questões como divulgação dos resultados de
auditoria, a padronização de sua metodologia, a cerificação dos auditores e a
pertinência ou não das normas mandamentais de auditoria ambiental.

Perícia Ambiental

Perícia ambiental essencialmente subdivide-se em perícia ambiental cível e


perícia ambiental criminal (PAC). A primeira, é regida pelo Código de Processo Civil
e amparada por legislações ambientais (KASKANTZIS, 2005). Já a PAC é regida pelo
Código de Processo Penal e por legislações específicas. A perícia ambiental (PA)
envolve diversas áreas do conhecimento e da investigação forense, como aspectos
sociais, econômicos, ambientais, sanitários e geológicos. A PA pode ser entendida
como uma investigação e/ou identificação do que está no meio ambiente, de onde
vem, quando ocorreu a alteração e quem foi autor do delito (BOEHM & MURPHY,
2014); (MUDGE, 2008). Esses elementos podem ser utilizados durante a PAC, a qual
tem por pilar a Lei 9.605/98, apresentando 24 artigos que requerem PAC, sendo
relativos a crimes contra a flora, fauna, ordenamento territorial e poluição, bem como
relativos à valoração econômica do prejuízo causado ao meio ambiente.

Aplicação do VEDA,na Perícia Ambiental

Para entendermos a óptica e égide o pagamento da multa penal consiste no


pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada em sentença, sendo definido pelo
Código Penal, artigos 49 a 52, e valorado pelo juiz criminal (BRASIL, 2007). O valor
da multa pode variar de 10 a 360 dias multa, não podendo o dia-multa ser inferior a
1/30 do salário mínimo nem 5 vezes superior a este. Quando o valor máximo for
ineficaz, a multa poderá ser aumentada em até três vezes (GAIOTTO, 2013). Dessa
maneira, a VEDA apresenta-se como ferramenta para o perito transformar a
proporção do dano ambiental em algo mensurável, com intuito de proteção do meio
ambiente e como forma de auxiliar o magistrado na decisão do valor de multa a ser
aplicada. Embora danos ambientais (DA) sejam de difícil mensuração, a VEDA busca
estimar os custos associados à degradação ambiental. Motta (1998) descreve o valor
econômico total (VET) de um recurso ambiental como o somatório dos valores de uso

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(VU) e de não-uso (VNU). Os métodos de valoração desses recursos utilizam-se da
definição de VET e dividem-se em métodos de função de produção (MFP) e métodos
de função de demanda (MFD). Os MFP são indiretos e estimam o valor do recurso
ambiental através da relação entre os impactos das alterações ambientais e os
produtos com preços de mercado. Já os MFD podem ser considerados diretos, pois
utilizam-se das preferências dos indivíduos (MAIA, REYDON & ROMEIRO, 2004).
Cada método apresenta limitações, principalmente associadas ao grau de
sofisticação da metodologia e da base de dados exigida (MOTTA, 1998). Os métodos
de valoração indireta são mais simples, menos onerosos e estimam o preço do bem
ou serviço ambiental através da comparação com produtos comercializáveis. Esses
métodos geram estimativas subvalorizadas por considerar apenas o VU dos recursos
ambientais, mas, geralmente, possibilitam o uso sustentável do meio ambiente.
Todavia, ao se considerar que, em muitas situações o valor do bem ambiental está
relacionado ao VNU (preservação do habitat natural, valores éticos e culturais, etc.),
torna-se necessário a utilização de métodos diretos através da Disposição a Pagar
ou a receber da população. Contudo, para efeito de PAC, o estado não tem estrutura
nem recursos para aplicação dos MFD (ALMEIDA, 2014). Ademais, a valoração
econômica ambiental não se confunde com VEDA. Enquanto a primeira avalia o meio
ambiente em si, a VEDA está relacionada às alterações causadas no ambiente em
função de atividade, regular ou irregular, que causou o dano a ser valorado.
Geralmente, a avaliação de DA é composta por uma parcela objetiva e uma subjetiva
(ALMEIDA, 2014). Alguns autores incluem também uma parcela de “lucro cessante”
(ou intercorrente), que representa a privação, imposta à coletividade, do equilíbrio
ecológico, do bem-estar e da qualidade de vida que aquele recurso ambiental
proporcionava antes de sofrer o dano (ALVARENGA, 2016). O mais importante é que
a metodologia usada seja clara e de uso expedito, de modo a compatibilizar-se com
a demanda de perícias ambientais criminais (SILVA & CORRÊA, 2015). Para Almeida
(2014) e Silva & Corrêa (2015), os MFD são laboriosos, custosos e/ou subjetivos. Os
métodos de Custo de Viagem e Bens Substitutos são mais aplicáveis à PAC, mas o
mais usado na VEDA é o Custo de Reposição, sendo sua principal desvantagem não
incluir o eventual valor de ecossistemas quando estes são destruídos (SILVA &
CORRÊA, 2015). Embora a função da valoração do dano seja diversa da função da
multa penal (reparação do patrimônio lesado x punição), é possível usar os valores
obtidos pela aplicação de metodologias de VEDA para auxiliar o magistrado na

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determinação do valor da multa penal, como preconiza o artigo 19 da Lei 9.605/98.
Entretanto, pela diversidade de métodos de VEDA, possibilidade de aplicação de
vários métodos para uma mesma situação e pela subjetividade embutida em cada um
deles, a aplicabilidade da técnica de VEDA dependerá do caso concreto
(ALVARENGA, 2016). Assim, é esperado discrepância entre valores atribuídos ao
condenado a depender da metodologia utilizada, fazendo com que a multa penal
possa não atender aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Dessa forma,
Silva & Corrêa (2015) recomendam a utilização da taxa de juros para cálculo da
parcela dos danos indiretos visando a garantir a razoabilidade.

Perícia Ambiental e Sua Importância Contra o Dano Ambiental

Torna-se relevante ressaltar que o meio ambiente presentemente vem sendo


estudado não exclusivamente com a conotação simplesmente ecológica, ligada,
claro, ao chamado ambiente natural, mas ao mesmo tempo acaba envolvendo um
conjunto de outras questões e preocupações, que envolvem aspectos físicos,
artificiais, urbanísticos, históricos, paisagísticos e outros talvez ainda nem explorados,
por serem importantes e essenciais à sobrevivência do homem.

O dano ambiental, que são vivenciados na época presente torna-se cada vez
mais complicado, e isso acaba por envolver questões de diversas áreas do
conhecimento. Deste modo, a procura de soluções para esses problemas passa,
fundamentalmente, por um compartilhamento de saberes.

Acerca deste problema, surge um novo profissional para amenizar estes


impactos: o perito ambiental. Para tentar minimizar e reverter os impactos e/ou danos
ambientais, há a necessidade de um especialista com atuação multidisciplinar para
auxiliar o legislador a fazer uma aplicação correta e eficaz da lei a ser cumprida.

Dano Ambiental
O meio ambiente é um dos bens que mais têm chamado a atenção e causado
preocupação em parte da sociedade, em juristas e cientistas, sendo inclusive
garantido pelos ordenamentos jurídicos.

18
(ANTUNES, 2016, p.1438).

O planeta passa por uma séria crise ambiental, que vem se


agravando a cada dia. A atuação indiscriminada e inconsequente do homem
na busca dos bens naturais (que são limitados), necessários à satisfação de
seu bem estar, tem sido fator determinante para o desequilíbrio e a
progressiva destruição de ecossistemas.

Nas sociedades modernas, o crescimento econômico vem sendo observado


com um acompanhamento de um processo de degradação ambiental e de destruição
de ecossistemas. Esse procedimento, que de alguma forma sempre houve, produziu
um salto bem maior com a revolução industrial no século XVIII, em que as atividades
humanas passam a alcançar uma linha jamais antes idealizada. Deste modo tem-se
conhecimento que o uso intenso de combustíveis fósseis (primeiramente o carvão,
depois o petróleo) consente o desenvolvimento do setor de transportes, do comércio
e das atividades industriais em muitos países, pressionando com tudo isso o apoio de
recursos naturais (ROMEIRO, 2003, p.318).

O dano ambiental apresenta-se como um fato físico-material e também pode


se associar á um fato jurídico considerado por uma norma e sua inobservância, e
apenas pode cogitar-se de um dano se a conduta for avaliada injurídica no referente
ordenamento legal. Resumindo, sempre deve existir uma norma que impeça certa
atividade ou proteja apontado bem ecológico. É claro que, no ato da subsunção dos
acontecimentos ao texto da norma sempre vai existir influência da atitude pessoal do
intérprete (MACHADO, 2016, p.1407). Por muitas vezes, o mau uso da terra pode
acabar gerando graves danos ambientais, que refletem na maioria das vezes muitos
prejuízos para o homem, e isso pode vir a causar em casos extremos perdas de vidas
humanas. Sendo assim, entende-se que os relevos estabelecem os pisos a propósito
de os quais se fixam as populações humanas, desenvolvendo suas atividades,
derivando daí valores econômicos e sociais que lhes são conferidos.

Em função de suas particularidades e dos processos que sobre eles atuam,


proporcionam, para as populações, tipos e níveis de benefícios ou riscos dos mais
variados. Suas maiores ou menores estabilidades procedem, ainda, de suas
convergências evolutivas e das interferências que podem sofrer dos demais
componentes ambientais ou da ação do homem (GUERRA, 2011, p.45).

19
Os problemas que passaram a avançar contra a sociedade nos derradeiros
tempos, peculiares de uma sociedade de risco, se depararam com a necessidade de
reconstrução de novos padrões (não negando os tradicionais, mas dando-lhes novos
contornos), a fim de que o direito possa responder com segurança e efetividade as
demandas sócio-político-econômicas emergentes, tendo sucessivamente em vista a
dignidade humana, bem como da assistência independente do meio ambiente
(FERNANDES, 2010 p.55).

A assistência ao ambiente não se abrevia somente à conservação, mas à


organização e a racionalização do uso dos recursos, com a intenção de defender o
futuro do homem. Constata-se que há, de certa maneira, uma multiplicidade de
fatores que se juntam ao procedimento de desequilíbrio e inquietação do meio
ambiente. Na visão de Silva (2013, p.78):

“Meio ambiente, é a influência mútua do conjugado de subsídios naturais,


artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento tranquilo da vida em todas as
suas configurações” (SILVA, 2013 p.78),

Para MEZZOMO, 2008, p.23, O aquecimento global, a extinção de espécies


da fauna e flora, dentre outros, denotam de forma clara o caráter crescente que tal
problema vem adquirindo.

Torna-se importante destacar que, por um lado com o passar dos tempos á
exploração desordenada dos recursos naturais e a contaminação do ambiente são
características constatadas, tanto por países desenvolvidos como em
desenvolvimento, e a natureza, em muitos casos, não consegue repor seus recursos
renováveis na velocidade de sua utilização, nem recuperar os meios impactados. Isso
sem fazer referência à exploração dos recursos naturais não renováveis. Esse cenário
culmina em situações de conflitos, decorrentes da limitação do bem ambiental e da
crescente concentração populacional, e tem gerado demandas judiciais cada vez
mais complexas envolvendo questões ambientais (BELTRÃO, 2009, p.477).

20
Em relação à reparação do dano ambiental, não há que cogitar se o causador
do dano deveria prevê-lo ou não, se agiu com dolo ou culpa, o que realmente importa
é que o meio ambiente não pode sofrer a consequência sem que sejam tomadas
providências com o intuito de reparação. Tudo que for passível de recuperação
deverá ser recuperado, e o que não for deverá ser indenizado em moeda corrente,
revertendo esses valores para a preservação ambiental, a fim de que o infrator não
fique impune (LIMA, 2010, p. 65). A Constituição Federal, em seu art. 225, § 2o,
determina que: “Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o
meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão
público competente, na forma da lei.” O §3o acrescenta: “As condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar o dano” (MIRRA, 2004, p.251).

O crescente interesse da sociedade em questões relativas à proteção


ambiental tem implicado em diferentes demandas de perícias relacionadas a esta
área.

Perícia Ambiental/ Atividade da perícia e seus efeitos


Pode-se dizer que, com a chegada da globalização, o resultado que se teve foi
o uso descontrolado dos recursos naturais, e também o estilo de vida se tornou
extremamente consumista e isso acabou produzindo o que se conhece como
degradação ambiental, gerando numerosos riscos.

Conforme descrito na Lei nº 9.605/98 (lei dos crimes ambientais), dano


ambiental pode acontecer, contra a fauna, a flora, a administração ambiental, o
ordenamento urbano e o patrimônio cultural, por ação de poluentes, ou outros casos
específicos, configurando dessa forma, uma vasta gama de objetos de estudo
(ALMEIDA, 2009, p.55).

Com a instituição da Lei da Ação Civil Pública, de 1985, cresceram, em


quantidade e complexidade técnica, os conflitos ambientais levados a juízo. Assim,
há a necessidade crescente de aparelhamento do poder judiciário par a absorção e
solução dos embates apresentados. O necessário meio para o cumprimento do
prescrito normativo mostra-se como um arcabouço, que:

21
“O esforço de se proteger o meio ambiente e solucionar esses conflitos, que
na maioria das vezes resultam num alto custo ambiental e social, tem demandado,
nos últimos anos, a construção de teorias, princípios, métodos e instrumentos
inovadores, tanto na área do Direito quanto nas diversas áreas do conhecimento
relacionadas com a questão ambiental” (CUNHA; GUERRA, 2008, p. 266).

Segundo Cunha; Guerra (2008, p.222), a Perícia é utilizada em processos


judiciais, estando disciplinada pelos artigos 420 a 439 da Seção VII – Da Prova
Pericial (CAPÍTULO VI – DAS PROVAS), do Código de Processo Civil (CPC). Nos
processos que se destinam a defender o meio ambiente, está interligada a Ação Civil
Pública Ambiental juntamente com a perícia ambiental que tem como objetivo
desvendar os problemas ambientais, punindo os causadores dos danos ambientais
fazendo com que eles tomem providências a respeito, com indenização ou reparação
do âmbito.

Neto (2010, p.44), define perícia ambiental, como um procedimento metódico


previamente planejado, fornecendo ao final do trabalho resultados consistentes,
reconhecidos pela comunidade científica. As atividades de investigação do dano
ambiental devem ser conduzidas de forma técnica e independente, sem a intervenção
ou ingerências das partes do processo. Sendo que seu objetivo fundamental é a
prova, visando informações necessárias para responder de forma técnica e imparcial,
os quesitos formulados pelas partes. Em geral, as principais atividades da perícia
ambiental incluem: a pesquisa documental; exame do local do evento; amostragens
de campo; testes analíticos; análise e discussão de resultados; conclusões; respostas
dos quesitos e; elaboração do laudo pericial.

A atividade pericial ambiental é vinculada à legislação tutelar do meio


ambiente, a legislação ambiental, que regulamenta a proteção ambiental nos níveis
federal, estadual e municipal, no âmbito de uma nova disciplina do Direito, o direito
ambiental (CUNHA; GUERRA, 2008, p.90).

A perícia ambiental, importante especialidade de perícia e relativamente nova


no Brasil, tem evoluído consideravelmente nos últimos anos, principalmente devido
ao aprimoramento da legislação ambiental, que, cada vez mais, visa a proteger os
diversos compartimentos que compõem o bem jurídico “meio ambiente”. Essa

22
modalidade pericial consiste em atividade profissional de relevante interesse social,
de natureza complexa e ainda em fase inicial de estruturação, que requer uma prática
multidisciplinar e atuação de profissionais especializados para o trato das questões
envolvidas, além de exames, estudos e pesquisas que fundamentem o
desenvolvimento de seus aspectos jurídicos, teóricos, técnicos e metodológicos
(SOARES; SALVADOR, 2015, p.95).

Pode-se dizer, que o empenho que por muitas vezes, nota-se de se proteger o
meio ambiente e resolver muitos conflitos, na maioria das vezes procedem num
elevado custo ambiental e social, tem demandado, nos últimos anos, a construção de
teorias, princípios, métodos e instrumentos inovadores tanto na área de Direito quanto
nas diversas áreas do conhecimento relacionadas com a questão ambiental. Dentro
neste processo, encontra-se a Perícia Ambiental, uma extraordinária especialidade
de perícia, relativamente nova no Brasil, mas que tem evolucionado respeitosamente
nos últimos anos, sobretudo devido ao aperfeiçoamento da legislação ambiental
(CUNHA; GUERRA, 2008, p.245).

Sendo assim, quando se realiza uma perícia ambiental, do mesmo modo como
as outras modalidades de perícia, necessita ser desempenhada por técnico que tenha
comprovada sua idoneidade profissional e possuidor de conhecimentos técnico-
científicos especializados para verificação da complexidade da verdade dos fatos
denunciados (SAROLDI, 2009, p.10).

O Novo Código de Processo Civil (NCPC) não alterou muito a respeito deste
tema, mas trouxe algumas inovações, que serão abordadas a seguir. A função de
perito judicial está disciplinada nos artigos 156 a 158, da Seção II, do Capítulo III, do
Título IV, da Parte Geral, que trata dos auxiliares da justiça. O juiz será assistido por
perito, sempre que “a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico”
(art. 156, caput, NCPC). Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma
área de conhecimento especializado, como normalmente ocorre com as perícias
ambientais, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de um
assistente técnico (art. 475, do NCPC) (FREIRE, et.al. 2014, p.61).

23
A importância da perícia ambiental utilizado em processos
judiciais
É fato que frequentemente o procedimento produtivo traz em si elementos
prejudiciais ao meio ambiente. Isso exige que o poluidor tenha consciência do fato de
que aufere lucro e deixa para a coletividade os prejuízos ambientais que necessita
reparar.

A perícia ambiental é um meio de prova aproveitado por muitas vezes, em


processos judiciais, segundo Correia (2003, p. 4), sujeito à mesma regulamentação
prevista pelo Código do Processo Civil (CPC), com a mesma prática forense, mas
que irá atender a demandas específicas advindas das questões ambientais, onde o
principal objeto é o dano ambiental ocorrido, ou risco de sua ocorrência.

24
Segundo o que tange o art. 421 do CPC, as partes envolvidas no
processo são incumbidas de indicarem assistentes técnicos e apresentarem
os quesitos a serem respondidos claramente pelo perito. Os quesitos devem
ser formulados segundo cada caso respeitando suas peculiaridades de forma
personalizada, e feito por um profissional devidamente habilitado, pois os
advogados têm conhecimento da sequencia lógica para enunciá-las porem
desconhecem certas peculiaridades e terminologia especifica da meteria o
que pode prejudicar uma das partes (VENDRAME, 2006).

Conforme visão de Oliveira (2010, p.45):

“O perito ambiental é alguém escolhido pelo juiz e de confiança deste. Cabe


a ele levantar todos os dados possíveis acerca das causas, dimensões e
naturezas dos danos ambientais causados, podendo (ou mesmo devendo)
para isso contar com a ajuda de uma equipe multidisciplinar escolhida por
ele mesmo e que seja de sua confiança. Mais uma vez, isto se deve à
dificuldade de se dimensionar ou qualificar danos ambientais, pois tal tarefa
exige conhecimentos especializados, dificilmente, alcançáveis por apenas
uma pessoa.”

A perícia pode ser de iniciativa de uma das partes interessadas ou, do juiz no
caso do processo não apresentar os elementos suficientes para a elucidação dos
autos que levem a um julgamento justo. O objetivo do perito é de sempre buscar
provas materiais embasadas em dados científicos obtidos por meio de procedimentos
analíticos que possibilitem o esclarecimento das indagações geradas no processo
através de investigação, mensuração e avaliação de dados gerando um laudo
conclusivo coeso e direto (MARTINS JUNIOR, 2006, p.40). Deste modo, de forma
ilustrativa através da figura 1 é demonstrado de forma mais clara, o fluxo da prova
pericial no âmbito do processo judicial.

25
Deste modo, a Perícia Ambiental vem tornado-se, peça-chave nestes novos tempos, no
qual a dinâmica e a velocidade das mudanças ocorridas na sociedade contemporânea
promoveram um rápido processo de transformações no meio ambiente em decorrência da ação
do homem, causando de forma acelerada e acentuada o desequilíbrio, a redução e até mesmo o
desaparecimento espécies e ecossistemas (ALMEIDA; OLIVEIRA; PANNO, 2003, p.205).

26
Por sua vez, Almeida (2009, p.215) destaca que:

“Na perícia ambiental, devem ser apurados e quantificados todos os danos


causados ao meio ambiente, tais como ao solo, aos lençóis freáticos, à fauna, à flora,
à paisagem, à saúde, à cultura, entre outros. A amplitude dessa avaliação demanda
conhecimento técnico em áreas diversas, difícil de ser alcançada por um único
profissional. A complexidade da perícia ambiental exige, portanto, uma atuação
multidisciplinar, o que a diferencia da tradicional perícia judicial.”

Em outras palavras, “a perícia ambiental tem como objetivo o estudo e a preservação


do meio ambiente, o que abrange a natureza e as atividades humanas” (NADALINI, 2013,
p.34). É comum o envolvimento de equipe multidisciplinar com outros profissionais das mais
diversas especializações em ações que necessitam de uma equipe técnica capacitada nas áreas
em questão.

Por isso, o art. 158 do novo Código prevê que o perito que, por dolo ou culpa, prestar
informações inverídicas responderá pelos prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para
atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, independentemente das demais
sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para
adoção das medidas que entender cabíveis (FREIRE, 2014, p.55).

A característica de ter uma função auxiliar em juízo e de ser destinada a


fornecer dados na fase instrucional do processo, para a formação dos elementos de
prova que serão utilizados pelo magistrado, poder proferir sua sentença com a
adequada fundamentação que, confere ao laudo pericial uma função primordial junto
à decisão final do processo. O laudo pericial deve ser claro, objetivo, fundamentado
e conclusivo. Todos os dados e elementos que o perito julgar importantes e que
possam contribuir efetivamente para o convencimento do juiz devem ser levantados.
O mesmo deve ocorrer nas perícias fora da esfera da Justiça (MARTINS JUNIOR,
2006, p.40).

27
Deste modo, considera-se relevante ressaltar que o dano ao meio ambiente,
vem sendo cada vez mais, considerado um objeto de estudo para a perícia ambiental,
e isso envolve seus aspectos abióticos, bióticos e socioeconômicos, compreendendo
a natureza e as atividades humanas.

Constatou-se deste modo que, a perícia ambiental, vem cada vez mais sendo importante, pois
visa esclarecer tecnicamente a existência ou não de ameaça ou dano ambiental, produzindo
a prova e o laudo pericial e assessorando o juiz na formação do seu convencimento.

A Importância da Perícia Ambiental na Solução de Crimes


Ambientais no Brasil

O modelo atual de desenvolvimento econômico torna-se cada dia mais


insustentável, comprometendo assim o equilíbrio ecológico do planeta e por sua vez
a qualidade de vida de todos os seres humanos. Devido ao aumento do consumo,
estimula-se o consumismo exacerbado, tornando-se insustentável a sobrevivência
com qualidade dos seres humanos.

A partir da década de 70, surgem as Auditorias e Perícias nos Estados Unidos


e Inglaterra, sendo que hoje seu emprego é muito aplicado na América do Norte
principalmente nos Estados Unidos e Canadá como ferramentas instrutivas
preventivas ou corretivas.

No Brasil somente após a criação da Lei nº 9.605/98 que trata sobre os crimes
ambientais houve uma preocupação com sua aplicabilidade; com essa novidade a
legislação ambiental brasileira passou então a contar com instrumento
importantíssimo na preservação ambiental, através da responsabilização e aplicação
de sanções sejam eles penais ou administrativas, aos causadores de tais danos
sendo considerados agora, crimes ambientais.

28
Portanto, a nova legislação permitiu a formação de subsídios necessários para
as empresas, onde possam se tornar conscientes, sempre buscando seu
aprimoramento, evitando assim problemas relacionados à degradação do meio
ambiente.

Com advento da Lei da Ação Civil Pública que foi editada em 1985 (Lei nº
7.347, 24/07/85), os conflitos ambientais, foram levados a Juízo tanto em quantidade,
tão quanto na sua complexidade. Com finalidade de guardar o ambiente e solucionar
tais conflitos, por consequência, elevados custos ao meio ambiental e também ao
meio social, demandado por muitos anos, com base em teorias, princípios, métodos
considerados inovadores no campo do Direito Ambiental relacionado a questões
ambientais.

O principal objetivo consiste em descrever, conceituar a importância das


perícias ambientais no Brasil, sendo que em dias atuais, é vista como prova em lides
processuais, sendo sua regulamentação prevista no novo CPC 1, de acordo com as
práticas forenses vigentes, sempre atendendo as demandas específicas a questões
relacionadas ao meio ambiente, focando assim, dano ao meio ambiente ou possível
risco de sua ocorrência.

A Auditoria e Perícia Ambiental surgiram nos Estados Unidos e Inglaterra, em


meados de 70, sendo que hoje seu emprego aplicado principalmente na América do
Norte em destaque Canadá e Estados Unidos com a utilização de instrumentos
preventivos ou corretivos. No Brasil somente após a criação da Lei nº 9.605/98, a sua
aplicabilidade ainda é nova, porém, já fornecem subsídios necessários para que haja
nas empresas, conscientização e aprimoramento para que evitem problemas
relacionados, principalmente na geração de resíduos, uso de energia renováveis e no
tratamento de efluentes.

Com isso, a Perícia Ambiental tornou-se fundamental na sociedade atual,


promovendo assim mudanças significativas devido à interferência do homem,

1
CPC Código de Processo Civil, Criado pela lei nº 5.589, de 11 de janeiro de 1973 possui todas as normas relacionadas aos

processos judiciais de origem civil. Ou aquelas fora da esfera penal, tributário, trabalhista e eleitoral e outros

29
causando um desequilíbrio e desaparecimento de algumas espécies do ecossistema
(ALMEIDA; OLIVEIRA; PANNO, 2003).

Definições Básicas Sobre Perícia Ambiental e as suas


Inovações no Código de Processo Civil
A Perícia trata-se de uma diligência na qual é realizada na maioria das vezes
por peritos, com a finalidade de esclarecer, evidenciar ou elucidar fatos que geram
dúvidas ou incertezas. Portanto, é uma investigação, com base em exames,
verificando a verdade, ou fatos a serem esclarecidos, é necessário que haja pessoas
altamente capacitadas e tenham uma habilidade profissional com reconhecida
experiência quando na qual a matéria será abordada e idoneidade moral (SILVEIRA,
2006). Para ASSIS, (2011) a perícia pode acontecer em qualquer área quando houver
alguma controvérsia ou a pendência, incluindo em situações empíricas.

Já a perícia ambiental é um meio de prova utilizada em lides que envolvam


questões ambientais, regulamentada e prevista no CPC, de acordo com as práticas
forenses, mas sempre buscando atender as questões específicas que envolvam
questões ambientais, onde o seu principal objeto é o dano ambiental ocorrido, ou ate
mesmo um possível risco do mesmo ocorrer.

30
Vejamos agora um quadro comparativo sobre as inovações do NCPC 2 2015 e
CPC 7

NCPC 2015 CPC 73

Art. 464. Considera como prova pericial, Art. 420. A prova pericial pode ser um
sendo um conjunto de exames exame, vistoria ou avaliação.
necessários, como vistorias e
avaliações.

§ 2º. Através de ofício ou requerimento Não há uma correspondência no CPC de


das partes, cabe ao magistrado, à 1973
substituição da prova, para que possa
determinar uma nova produção de prova
mais simplificada, quando o ponto de
divergência é menor complexidade.

§ 3º. Para o Magistrado a prova técnica Não há uma correspondência no CPC de


simples, constituída por um especialista, 1973
sobre determinado ponto divergência
que venha causar, ou que demande
conhecimentos especiais.

§ 4º. Durante as arguições, o perito Não há uma correspondência no CPC de


nomeado, deverá ter uma formação 1973
específica na área na qual se pretende
discutir, podendo o perito, utilizar de
recursos tecnológicos para que sejam
assim esclarecidos os fatos.

§ 2º. Tendo conhecimento de sua Não há uma correspondência no CPC de


nomeação, o mesmo terá um prazo de 1973
cinco dias: I – Para que possa propor

2
NCPC Novo Código de Processo Civil. Houve uma reformulação do Código do Processo Civil passando a vigora a partir de

17 de março de 2016.

31
seus honorários; II – Exibir seu currículo,
com devida comprovação de suas
habilidades específicas; III – Contatos,
como e-mail, no qual serão
encaminhadas todas as intimações
pessoais.

§ 2º. Cabe ao perito e seus assistentes Não há uma correspondência no CPC de


de cada uma das partes envolvidas, o 1973
seu acesso como também o devido
acompanhamento em diligências e
exames a serem realizados, com prévia
antecedência mínima de cinco anos.

Art. 471. As partes estando em comum Não há uma correspondência no CPC de


acordo, podem escolher o perito, 1973
devendo indicá-lo mediante a um
requerimento, desde que: I – sejam
completamente capazes; II – a lide
possa ser discutida por auto
composição.

Art. 473. O laudo pericial deve conter: I – Não há uma correspondência no CPC de
Uma exposição dos objetos da perícia 1973
realizada; II – Uma análise técnica ou
científica do perito; III – A indicação de
um método utilizado, de forma clara e
explicativa. IV – uma resposta
conclusiva a todos os quesitos assim
apresentados pelo juiz de forma com as
partes e Ministério Público.

§ 1º. Em se tratando sobre a gratuidade Não há uma correspondência no CPC de


em relação à justiça, cabe aos órgãos 1973
que competem cumprir conforme a

32
determinação judicial com preferência,
em prazo estabelecido.

§ 2º. A prorrogação de prazo conforme Não há uma correspondência no CPC de


descrito §1º deve-se requerida 1973
motivadamente

Fonte: Adaptado do NCPC 2015

Leis de Crimes Ambientais

A Lei 9.605/98 em sua matéria trata sobre crimes ambientais, dispondo ao


longo do seu texto com sanções penais e administrativas, provenientes de condutas
e atividades que lesam o meio ambiente, dando assim outras providências
necessárias. Sendo considerada a primeira lei que realmente criminalizou condutas,
nocivas ao meio ambiente antes tratado apenas como contraversões penais, de
acordo com Artigo 26 da Lei 4771/65 também conhecida como Código Florestal.
Devido à fraca rigidez ou ausência de punibilidade, a maioria dos crimes ambientais
da época era tratada com certo descaso. Com penas baixas, que não ultrapassavam
três meses a um ano muitas das vezes eram convertidas em multas. Realidade
totalmente diferente a conduta atual do novo Código. Outro instrumento importante a
meio ambiente foi a CF/88 em especial no seu artigo 225 § 3º no qual traz uma
preocupação, com meio ambiente e trazendo a responsabilidade para aqueles que
agridem o meio ambiente.

Crimes Ambientais

De acordo com Sampaio (2010) podemos classificar os crimes ambientais em:

Crimes contra fauna;

 Crimes contra flora;

33
 A Poluição hídrica;

 A Poluição sonora;

 A Poluição do ar;

 Contaminação do solo:

 Crimes contra ordenamento urbano e patrimônio cultural.

Podendo então definir que crimes contra fauna são aqueles que se enquadram
no comércio ilegal, ou seja, na venda, na exposição de venda, na aquisição, na
guarda e transporte para exportação de espécies estando vivas ou abatidas, ovos,
filhotes, larvas sem que haja uma autorização ambiental ou em desacordo com
mesma. Temos ainda, a danificação ou destruição dos seus ninhos, abrigo ou habita
natural. Outro fato que de grande relevância é a introdução de espécies consideradas
estrangeiras no Brasil sem a devida autorização e estudo podendo assim causar
impactos ambientais a determinadas espécies.

Os Problemas Enfrentados na Perícia


A decisão de preservar, ou não, meio ambiente, estimula conflitos de
interesses e acaba gerando um custo a sociedade que acaba por arcar e, podendo
ser justificado pela determinação do valor econômico dos recursos em questão. Daí
a necessidade de tal discussão para que haja a valoração do meio ambiente
aplicando assim diversas metodologias, como também trazem controvérsias geradas
pelo tema. Ao longo do trabalho pode-se verificar que valor de um recurso ambiental
não se dá apenas por uma simples expressão matemática ou apenas números ou
cifras, estando ali implícitas inúmeras questões que ao longo procuramos abordar.

A perícia ambiental é uma importante especialidade na área de perícia, porém


muito nova no Brasil, contudo há se destacar uma evolução considerável nos últimos
anos, com melhor aprimoramento da legislação ambiental, visando assim à proteção
de diversas divisões nas quais compõem o bem jurídico “meio ambiente”.

A perícia ambiental é uma atividade, de cunho social, com natureza bem


complexa, tendo na sua fase de estruturação a necessidade de certa prática
associada a uma equipe multidisciplinar, com profissionais especializados e
legalmente habilitados aos seus conselhos profissionais. As perícias ambientais

34
procuram sempre atender às demandas que decorrem a respeito de questões
ambientais, onde seu principal objetivo é o dano ambiental ocorrido ou que por
ventura possa ocorrer. Podemos ainda ter uma concepção que a maioria dos danos
ambientais pode causar efeitos irreversíveis, e as ações de cunho ambiental devem
seguir o caninho baseado nos princípios da Prevenção, da Precaução e do Não
Retrocesso.

Por se tratar de uma matéria extremamente complexa na qual envolvem o dono


e aos interesses da coletividade.

A Perícia Ambiental Como Instrumento na Solução de Crimes


Ambientais
Segundo Nunes (1994) a Perícia é realizada por um técnico, ou pessoa que
comprove e tenha idoneidade, para verificar e esclarecer um fato ou estado que
acabando sendo objeto de legítimo para concretizar uma prova ou oferecer a Justiça
ou poder de julgar. De acordo com a norma técnica NBR (Norma Brasileira
Regulamentar) 14653-1: 2011 podemos definir a perícia como sendo uma atividade
de cunho técnica realizada por profissional qualificado de forma específica, tais como:
Administradores, Bacharéis em Direito, Biólogos, Gestores Ambientais, Contadores
entre outros, que possam averiguar e esclarecer fatos ou até verificar o estado de um
bem, apurando as causas que motivaram a alcançar determinado evento, avaliando
seus bens, custos, seus frutos ou direitos.

A atividade perícia no campo ambiental é coordenada pelo Novo Código de


Processo Civil, assim como as demais modalidades de perícia que são submetidas à
prática forense. A perícia surgiu da necessidade de uma demanda, que se se iniciou
pelas ou por uma das partes interessadas em busca de provas, atos e fatos que são
levantados para então fundamentar a um possível direito a ser pleiteado.

A perícia também pode surgir a partir da necessidade do juiz, para que haja
um conhecimento esclarecer de atos e fatos ALMEIDA, (2011, p.21). Observe agora
algumas peculiaridades sobre a perícia ambiental. Destaca-se entre elas a principal
que é de um laudo ambiental e um laudo técnico. Ao primeiro momento apresentam
a mesma finalidade, porem há uma diferença entre Laudo Pericial e Laudo Técnico.

35
É sobre a competência legal para sua realização, ou seja, por mais que ambas
tenham fundamento técnico e são realizadas por profissionais habilitados, há uma
diferença na competência legal para sua realização. O laudo pericial apresenta
algumas divergências básicas em sua aplicação, o responsável pela sua realização
e responsável pela sua condução desenvolvimento dos seus trabalhos é pessoa uma
designada pela lei, ou seja, peritos oficiais, ou nomeadas pelo juiz para atuar perito
nomeado. Já o laudo técnico é um documento que resulta também de uma analise
técnica por uma pessoa que apesar de não ter conhecimento técnico sobre o assunto,
não tem a competência legal para atuar como perito seja ele oficial ou nomeado.

Para Abunahman (2006) existem três espécies de “provas específicas”:

- Exame: é uma inspeção mais superficial, pois analisa as coisas, pessoas ou


documentos, para verificação de fatos que possam surgir ou até mesmo
circunstâncias ao interesse do litígio;

- Vistoria: é considerada sendo a mesma inspeção, porem realizada sobre


bens e imóveis;

- Avaliação (ou Arbitramento): que consiste na apuração de valores, em


espécie, de coisas, direitos e obrigações em litígio.

Observa-se que os papeis do perito e assistente técnico. Durante toada a


execução da perícia é indispensável à presença de algumas pessoas que são
fundamentais para sua elaboração. O perito após ser escolhido pelo magistrado, os
seus assistentes técnicos serão escolhidos pelas partes no processo. Alguns
procedimentos que ocorrem durante uma perícia ambiental. Primeiro passo consiste
na leitura completa e criteriosa dos autos. Nesse momento que o perito tem a
consciência do processo. Com isso possibilita o profissional estruturar todas as suas
ações que serão realizadas no processo, a fim de obter um melhor embasamento as
suas decisões enquanto perito, ainda no mesmo procedimento, o perito deve
identificar, os seus Assistentes Técnicos e por sua vez das partes para então solicitar
as informações necessárias tais como: documentos, como também para marcar data
e hora da vistoria ao local a ser analisado. O próximo passo é buscar instrumentos
legais (urbanística/ambiental/ específica) como também informações a respeito da
temática da pericia e consequentemente enquadrar ou não a atividade ou o dano
decorrente da mesma dentro de padrões legais. Logo após é realizada uma visitação

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do local para tomada de informações por meio de fotos, relatos de funcionários
pessoas que moram próximo ao local. Nesse momento, o perito reúne todos os
materiais das fases anteriores e começando assim redigir, reproduzir os anexos e
montar assim o laudo final para entrega a juiz que solicitou a pericia. Com a
elaboração final do laudo pericial dá-se por meio de uma a leitura e análise dos fatos:

Documentos técnicos disponíveis, Interpretação cartográfica, topográfica,


aerofotogramétrica e imagens de satélite Cruzamento dos resultados de campo,
laboratório e escritório. Por fim procede-se a redação, digitação, reprodução dos
anexos e montagem do laudo.

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REFERÊNCIAS
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Normas ISO 14000. Sistemas de gestão ambiental: especificações e diretrizes para
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