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FACULDADE PRESBITERIANA MACKENZIE RIO

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL, CONTABILIDADE AMBIENTAL E SUA


IMPORTÂNCIA ECONÔMICA.

Hélio Mauricio Valério da Costa

Rodolpho Dutra Toledo Siqueira

Rosana Máximo de Souza Oliveira

Walace Henrique Nogueira Braga

Rio de Janeiro

2022
Hélio Mauricio Valério da Costa

Rodolpho Dutra Toledo Siqueira

Rosana Máximo de Souza Oliveira

Walace Henrique Nogueira Braga

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL, CONTABILIDADE AMBIENTAL E SUA


IMPORTÂNCIA ECONÔMICA.

Texto Roteiro Interpretativo,


apresentado na forma de artigo
científico, para Seminário de mesmo
nome a ser ministrado como
avaliação para a disciplina Ciência,
Tecnologia e Sociedade, na
Faculdade Presbiteriana Mackenzie-
Rio.

Responsável: Prof. Patrícia


Figueiredo

Rio de janeiro

2022

1
RESUMO

O artigo apresenta uma revisão bibliográfica acerca do histórico da questão


ambiental, também trata da implementação da norma ISO 14001, personificada nos
Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) e da importância da contabilidade ambiental
para tal realização. Passando por uma breve explanação de seus grupos contábeis
principais e apresentando argumentos que evidenciam os benefícios de sua
implementação de forma voluntária por empresas brasileiras. O presente trabalho se
propõe a servir de Texto Roteiro Interpretativo para apresentação de um seminário
da disciplina de Ciência, Tecnologia e Sociedade, sob orientação da Prof. Patrícia
Figueredo.

Palavras-Chave: Contabilidade Ambiental, SGA, ISO 14001.

2
SUMARIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................4
2. UM HISTÓRICO SOBRE A QUESTÃO AMBIENTAL..............................................4
3. A CONTABILIDADE AMBIENTAL E SUA IMPORTÂNCIA PARA UM SISTEMA DE
GESTÃO AMBIENTAL.................................................................................................6
4. GRUPOS DA CONTABILIDADE AMBIENTAL.........................................................7
4.1 Ativos
ambientais....................................................................................................7
4.2 Passivos ambientais...............................................................................................8
4.3 Custos e despesas ambientais...............................................................................8
4.4 Receitas
ambientais................................................................................................9
5. NORMA ISO
14001...................................................................................................9
5.1 Organismos certificadores......................................................................................9
5.2 Implementação.....................................................................................................10
5.3 Caráter voluntário da
implementação....................................................................11
5.4 Fatores de
sucesso...............................................................................................11
6. BENEFÍCIOS DA INCORPORAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO
AMBIENTAL...............................................................................................................11
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................13

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1. INTRODUÇÃO

Este texto, a fim de apresentar de forma sistemática os procedimentos e métodos


que levaram a sua elaboração, se estruturou de acordo com uma revisão
bibliográfica, com o uso de fontes primárias, na medida em que apresenta dados
oriundos de estudos apresentados por autores por meio de pesquisa dos mesmos; e
de fontes secundárias, na medida que as informações apresentadas também
decorrem da análise de autores sobre o assunto, utilizando o mesmo método
referenciado inicialmente.

É exposto um copilado dos principais eventos envolvendo o desenvolvimento


sustentável e o meio ambiente, em âmbito global, como forma de introduzir de forma
histórica o quadro no qual se baseia a investigação. É introduzida também a norma
brasileira ABNT ISO 14001:2015 (ABNT, 2015), caracterizada como um Sistema de
Gestão Ambiental (SGA), e, a Contabilidade Ambiental, com uma rápida
apresentação de sua importância para a implementação de um SGA e de seus
principais grupos contábeis.

Ao apresentar, fruto de revisão bibliográfica, argumentos que corroboram os


benefícios de implementação de uma SGA, o presente texto também elabora, em
suas considerações finais, uma questão que poderá ser de interesse para futuras
pesquisas na área. A finalidade deste trabalho é, além de proporcionar revisão
bibliográfica sobre o tema é também aprofundar o conhecimento a cerca do assunto
por parte dos envolvidos em sua apresentação.

4
2. UM HISTÓRICO SOBRE A QUESTÃO AMBIENTAL
De acordo com Bezerra et al (2009), a palavra “ecodesenvolvimento” foi
utilizada pela primeira vez para definir uma proposta para o desenvolvimento
orientado de forma ecológica por Maurice Strong em 1973. Segundo Santos de
Souza (2013), a preservação ambiental, embora tenha sido tratada no passado
como uma questão ideológica ligada a luta política de grupos ecologistas, tornou-se
uma preocupação crescente para as empresas, com um grau de comprometimento
cada vez maior por parte dos empresários e administradores.

Mikhailova (2004) aponta que o primeiro grande passo global dado no sentido
do desenvolvimento sustentável foi a realização da Conferência de Estocolmo em
1972, porém, o desenvolvimento sustentável somente passou a questão central das
políticas ambientais após a Eco-92, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992.

Conforme Kraemer (2011), em 1975, foi redigida a Carta de Belgrado, em um


Seminário Internacional de Educação, com a participação de diversos países, onde
foi estabelecido que qualquer ação voltada pela preservação ambiental deveria ser
pautada pela educação ambiental.

A década de 80, como destaca Moura (2008), foi aquela na qual surgiram, em
grande parte dos países, leis regulamentadoras de atividades industriais
concernentes à poluição. Também nesta década teve o formalismo de Estudos de
Impacto Ambiental e Relatórios de Impacto sobre o Meio Ambiente (EIA-RIMA), com
audiências públicas e aprovação de licenciamentos ambientais. No Brasil a Lei nº
6.938, de 31 de agosto de 1981 estabeleceu a Política Nacional para o Meio
Ambiente. Entre as medidas adotadas está à exigência do estudo de impacto
ambiental e o respectivo relatório (EIA/RIMA) para a obtenção de licenciamento em
qualquer atividade modificadora do meio ambiente (BRASIL, 1981).

5
Ainda no final da década de 80, foi redigido o Relatório Brundtland, do
Conselho Mundial de desenvolvimento Meio Ambiente da ONU, intitulado como
“Nosso futuro comum”, onde foi firmado o conceito de desenvolvimento sustentável.
(KRAEMER, 2011).

A Década de 90 foi marcada por diversas medidas no âmbito do meio


ambiente, entre as quais se destaca a implementação, pela Organização
Internacional de Padronização (ISO), das normas da série 14000, voltadas para o
desenvolvimento sustentável. Em 1992, ocorre a Conferência Internacional das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ECO-92, na cidade do
Rio de Janeiro (KRAEMER, 2011).

Dez anos após, em Joanesburgo, ocorreu a Cúpula Mundial sobre


Desenvolvimento Sustentável, onde, segundo Mikhailova (2004), foi observado que,
mesmo o desenvolvimento sustentável necessitando de ações diferentes em
diferentes lugares do mundo, todas as ações para a sustentabilidade devem integrar
três áreas: crescimento e equidade econômica; conservação de recursos naturais e
do meio ambiente e desenvolvimento social.

Segundo Layrargues (2012, p.1):

Um dos contextos mais centrais a se considerar neste período que abrange


dois decênios, entre a Rio 92 e a Rio+20, é o significativo programa de
incentivo que as Nações Unidas protagonizaram a partir de 2005, instituindo
no plano internacional, nada menos que a “Década da educação para o
desenvolvimento sustentável” (LAYRARGUES, 2012, p.1).

O mundo vem confrontando-se cada vez mais com a falta de recursos e com
a degradação ambiental. Com os problemas ambientais tornando-se cada vez mais
nítidos, a consciência dos seres humanos torna-se mais direcionada a questão
ambiental (BEZERRA et al. 2009).

Corroborando essa ideia, Santos de Souza (2013, p.2) escreve:

(...) desde a Conferência de Estocolmo de 1972 que inseriu a questão


ambiental de forma prioritária e definitiva na agenda internacional, os
problemas ambientais mudaram de significado e importância, e estão cada
vez mais presentes nos diferentes elementos que influem nas decisões
empresariais. (SANTOS DE SOUZA, 2013, p.2)

3. A CONTABILIDADE AMBIENTAL E SUA IMPORTÂNCIA PARA UM SISTEMA DE


GESTÃO AMBIENTAL

6
A contabilidade ambiental, como instrumento gerador de informações,
registros, controle, mensuração e avaliação de uma entidade em relação a sua
interação com o meio ambiente, mostra-se de grande importância para a gestão
(SILVA, 2018). Para além da contabilidade tradicional, a contabilidade ambiental
precisa possuir uma visão menos focada nos aspectos monetários, com uma
perspectiva mais analítica acerca das atividades desenvolvidas pelas entidades, no
que tange as consequências para o meio ambiente e a forma como isso refletirá
contabilmente em seus ativos, passivos ou no patrimônio líquido. (ANTONOVZ,
2014).

Os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) buscam eliminar os possíveis


impactos gerados pela atividade das empresas sobre o meio ambiente, ou ao menos
afetá-lo em menor proporção. Eles fornecem instruções e procedimentos, normas
que ao serem seguidas, permitem demonstrar, através de uma estrutura elaborada,
os objetivos a serem atingidos pela entidade (ANTONOVZ,2014). Porém, é
importante destacar que a implementação de um SGA, representada através da
norma brasileira ABNT ISO 14001:2015 (ABNT, 2015), é de caráter voluntário,
demonstrando assim um compromisso ambiental das empresas envolvidas nessa
transformação, no cumprimento das leis ambientais. (ERBE, 2012).

Conceituando o modelo, é dito por Erbe (2012, p.17) que:

O sistema de gestão ambiental (SGA) (ISO 14001) representa a parte do


sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional, atividades de
planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e
recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e
manter a política ambiental (ERBE, 2012, p. 17).

Nesse contexto, Santos et al. (2001, p.91) discorre que a contabilidade


ambiental é um artifício que permite gerar tais transformação nas empresas, ao
conceituar a mesma como:

O estudo do patrimônio ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais)


das entidades. Seu objetivo é fornecer aos seus usuários, interno e externo,
informações sobre os eventos ambientais que causam modificações na
situação patrimonial, bem como realizar sua identificação, mensuração e
evidenciação (SANTOS et al., 2001, p. 91).

Dessa forma, de acordo com o exposto por Garcia et al. (2008), a


contabilidade ambiental, enquanto aspecto financeiro, destina-se a registrar eventos
que se correlacionam com o meio ambiente, através das demonstrações combateis
7
que evidenciam os ativos e passivos ambientais, além dos custos, despesas e
receitas, produtos das práticas ambientais das entidades.

Os demonstrativos contábeis gerados pela contabilidade ambiental permitem


a demonstração dos benefícios de transição para um SGA, na medida em que a
implementação da norma brasileira ABNT ISO 14001:2015 (ABNT, 2015), pode
resultar em um investimento e não em um custo, possibilitando o retorno do
investimento a curto, médio ou longo prazo (ERBE, 2012).

4. GRUPOS DA CONTABILIDADE AMBIENTAL

4.1 Ativos ambientais

Segundo Both e Fischer (2017, p.53) “ativos ambientais são os bens


adquiridos pela empresa que visam ao controle, preservação e recuperação do meio
ambiente”. Esses ativos são diferentes para cada tipo de entidade, pois dependem
diretamente dos processos operacionais e das atividades econômicas
desempenhadas pelas mesmas, que nesse contexto, devem abarcar todos os bens
envolvidos nos processos de preservação do meio ambiente.

Nesse sentido, Santos et al (2001) consideram como ativos ambientais todos


os bens e direitos que se destinam ou que são provenientes de atividades que visam
o gerenciamento ambiental.

4.2 Passivos ambientais

Passivo ambiental é toda obrigação adquirida de forma voluntária ou não e


destinada a utilização em ações de preservação, controle e recuperação do meio
ambiente, dando origem, a partir de sua contrapartida contábil, a um ativo ou a um
custo ambiental. (SANTOS et al, 2001)

Os passivos ambientais, segundo Garcia et al. (2008), são todas as ações


que são ou foram praticadas no meio ambiente e que são capazes de gerar multas
ou desencadear ações reparadoras visando minimizar a agressão ambiental., dessa
forma, abarcam todas as ações desenvolvidas em prol da preservação, do controle
ou da sua recuperação.

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4.3 Custos E Despesas Ambientais

De acordo com Both e Fischer (2017 p. 54), “os custos ambientais fazem
parte do total de custos de uma entidade e consistem no conjunto de gastos
monetários incorridos em uma instituição”. Custos esses que visam proteger,
reparar, prevenir e recuperar o meio ambiente.

Já, Santos et al. (2001, p. 93) conceituam os custos e despesas ambientais


como:

(...) gastos (consumo de ativos) aplicados direta ou indiretamente no


sistema de gerenciamento ambiental do processo produtivo e em atividades
ecológicas da empresa. Quando aplicados diretamente na produção, estes
gastos são classificados como custo, e se forem aplicados de forma indireta
são chamados de despesa. (SANTOS et al., 2001, p. 93).

Despesas Ambientais são aquelas que estão relacionadas, primeiramente,


com a prevenção, recuperação e solução de problemas ambientais, depois com a
manutenção dos ativos utilizados em atividades ambientais através do cálculo de
sua depreciação, e com questões relacionadas à auditoria ambiental em cima dos
procedimentos adotados pelas entidades (ANTONOVZ, 2014).

4.4 Receitas Ambientais

A ideia de receita ambiental está ligada a ações que diretamente envolvem o


meio ambiente, tais como prestações de serviços especializados nas áreas de
gestão ambiental ou de recursos. (ANTONOVZ, 2014). Porém, o objetivo principal
da implantação de um SGA não está relacionado a geração de receita para a
entidade, isso ocorre em decorrência da capacidade da empresa de tirar proveito
econômico deste processo, enquanto desenvolve uma política responsável para com
o meio ambiente (SANTOS et al., 2001).

Alguns exemplos de receitas ambientais são dados por Santos et al. (2001),
sendo elas: a prestação de serviços especializados em gestão ambiental; a venda
de produtos elaborados a partir da reciclagem e reaproveitamento das sobras de
insumos do processo produtivo; e a participação no faturamento total da empresa
reconhecida como responsável ambiental.

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5. NORMA ISO 14.0001

5.1 Organismos certificadores

O termo ISO origina-se de International Organization for Standardization (ISO,


2015), podendo ser traduzido como “Organização Internacional de Normalização”.
Norma Brasileira (NBR) ISO 14001 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), referida a partir de agora como NBR ABNT ISO 14001:2015, é uma adoção
idêntica, em termos de conteúdo técnico, estrutura e redação, da ISO 14001:2015,
elaborada pelo Technical Committee Environmental Management, Subcommittee
Environmental Management Systems (ABNT, 2015).

Segundo Pinheiro et al (2007, p.3):

Os organismos envolvidos com a ISO 14000 no Brasil e conveniados com a


International Organization for Standarization são: INMETRO – Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Organismo
Credenciador) e ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
(Organismo Normalizador). A norma ISO 14001 têm por objetivo prover as
organizações de elementos de um sistema da gestão ambiental (SGA)
eficaz que possam ser integrados a outros requisitos da gestão e auxiliá-las
a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos (PINHEIRO et al. 2007,
p. 3).

De Acordo com Do Monte et al. (2017, p. 4):


A norma ISO 14001 é aceita internacionalmente e define as condições para
vigorar um sistema de gestão ambiental numa empresa, ajudando no
desempenho das organizações por meio da utilização adequada dos
recursos e do descarte de resíduos incapazes de serem aproveitados. Ela é
adequada a todos os tipos de empresas, sejam elas de pequeno, médio ou
grande porte, exigindo que essas entidades considerem qualquer fator
ambiental referentes às suas operações e assim como todas as normas de
sistemas da gestão, a ISO 14001 abrange a necessidade de uma melhoria
contínua dos sistemas com abordagem ambiental. (DO MONTE et al. 2017,
p. 4).

5.2 Implementação

A NBR ABNT ISO 14001:2015 (ABNT, 2015) permite, a partir de um roteiro


padronizado internacionalmente, realizar a uniformização de procedimentos e rotinas
importantes e necessários para a certificação ambiental. Nessa amplitude, a
legislação local se adequa para atender a norma internacional, tendo como intenção
uma melhoria contínua do sistema e de seus procedimentos (PINHEIRO et al. 2007).

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Toda implementação de um novo sistema baseado em normas, envolve uma
grande transformação a nível institucional, o que é muito desgastante para a
entidade envolvida. Pinheiro et al. (2007) aponta que essa dificuldade se dá com
base na resistência gerada pelo material humano da empresa, necessitando o
estabelecimento de um processo contínuo e muito bem estruturado para que a
referida mudança ocorra.

De acordo com o texto da NBR ABNT ISSO 14001:2015 (ABNT,2015), o


fundamento que sustenta o desempenho do sistema de gestão ambiental tem base
no conceito Planejar, Fazer, Checar e Agir. Do inglês: Plan, Do, Check, Act (PDCA).
Este ciclo fornece um processo mútuo utilizado pelas organizações para uma
melhoria contínua. O ciclo PDCA pode ser descrito como a seguir:

a) (Plan) planejar: estabelecer os objetivos e os processos ambientais necessários


para entregar resultados de acordo com a política da organização;

b) (Do) fazer: Executar os processos conforme o planejado;

c) (Check) checar: verificar e dimensionar os processos de objetivos ambientais,


compromisso e critério operacional em relação à política ambiental e
compartilhar os resultados;

d) (Act) Agir: Proatividade para melhoria contínua dos processos.

5.3 Caráter voluntário da implementação

Crotti e Maçaneiro (2017) apontam que a adoção de um Sistema de Gestão


Ambiental (SGA), assim como sua certificação, tratam de iniciativas de caráter
voluntário. Dessa forma, ao desenvolver estratégias focadas na eco inovação, as
organizações devem levar em conta os objetivos da entidade em questão e os
fatores que podem e vão influenciar em suas decisões estratégicas.

Sendo sua adoção de caráter voluntário, como dispõe Pinheiro et al. (2007), a
NBR ABNT ISO 14001:2015 (ABNT, 2015), não substitui a legislação do pais onde
se insere, mas reforça sua aplicação na medida em que exige que a mesma seja
cumprida integralmente para que seja concedido a sua certificação.

5.4 Fatores de sucesso

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Para obter sucesso na implantação do SGA, é necessário que todos os níveis
e funções estejam comprometidos, principalmente a alta direção da empresa. As
organizações têm o poder de prever e mitigar os resultados ambientais adversos e
intensificar os resultados ambientais benéficos, tendo como escopo, os resultados
que tem impacto estratégico e competitivo. Contudo, a adoção da NBR ABNT ISO
14001:2015 por si só, não é garantia de resultados ideais na organização. A
implantação da Norma pode ter resultados diferentes para organizações diferentes,
mesmo que executem atividades semelhantes (ABNT, 2015).
De acordo com Oliveira e Pinheiro (2010, p. 55):

Apesar de ser uma recomendação explícita da ISO 14001 (ISO, 2015), vale
destacar, dada a sua importância, que um alto grau de envolvimento da alta
direção pode facilitar a integração das áreas da empresa e permite a
disseminação da responsabilidade ambiental entre fornecedores,
prestadores de serviços e clientes (internos e externos). A demonstração do
comprometimento da alta direção ocorre por meio da sua participação ativa
nas decisões e eventos relacionados ao SGA (OLIVEIRA; PINHEIRO, 2010,
p.55).

6. BENEFÍCIOS DA INCORPORAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Para Crotti e Maçaneiro (2017), o estabelecimento de Sistema de Gestão


Ambiental (SGA) pelas entidades se dá a partir de uma percepção mercadológica:
os clientes preferem adquirir produtos e serviços de empresas que demonstram
maior respeito ao meio ambiente. Com isso, a certificação ISO 14001:2015 (ABNT,
2015), proporciona a oportunidade de mudanças e adequações para as
organizações que desejam realizar inovações na área ambiental.

Para Denarin e Vinter (2006, p. 3) :

Entre as vantagens para a empresa estão a criação de uma imagem


“verde”; acesso a novos mercados; redução e/ou eliminação de acidentes
ambientais, evitando, com isso, custos de remediação; incentivo ao uso
racional de energia e dos recursos naturais; redução do risco de sanções do
Poder Público (multas) e facilidade ao acesso a algumas linhas de crédito.
(DENARIN&VINTER, 2006, p. 3)

Através de uma análise de caso focada na Natura Cosméticos S.A., uma


grande empresa, e sendo levado em consideração os relatórios da dita entidade
entre os anos de 2004 e 2016, Do Monte et al. (2017, p. 12) apontam que:

De acordo com a análise evidenciou-se que os resultados adquiridos com a


implantação de uma gestão voltada para a área ambiental foram positivos,
expressos por meio de vários índices que apresentaram a redução no

12
impacto ambiental causado por uma produção mais sustentável, consciente
e planejada. Os resultados apresentam valores redutíveis consideráveis
como: redução dos gastos com consumo de água e energia elétrica de
aproximadamente R$ 132 milhões, redução total de 29,3% com emissões
de CO₂E, diminuição do consumo de energia elétrica de 167,7
kjoules/unidade. A empresa possui também resultados que aumentaram
positivamente: crescimento de investimentos de R$ 6.330,70 mil, tratamento
de água com aumento de 34.458 mᶟ e materiais reciclados com crescimento
de 8,2%. (DO MONTE et al. 2017, p. 12).

Em outro estudo de caso, agora ligado ao setor hoteleiro de uma empresa de


porte médio, Salgado et al (2018) destacam que entre os benefícios alcançados com
a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) estão os ganhos com
gestão, com o meio ambiente e com a imagem da empresa em si.

No caso referenciado acima, ao padronizar procedimentos e diretrizes, o SGA


permitiu que cada funcionário soubesse o que devia ser feito para que se atingissem
os objetivos comuns, proporcionando enorme ganho para o setor de gestão. Em
relação aos fatores ambientais, a entidade em questão reduziu em mais de 10% o
consumo de água e em 5% o de energia, mantendo 100% da legislação ambiental.
Porém, o maior ganho foi para a imagem da mesma, com dados que corroboram
que 89% dos clientes haviam escolhido o hotel por conta de seu conceito ambiental,
com efetivo aumento de hospedes após a obtenção do certificado ISO 14001:2015
(SALGADO et al., 2018; ABNT, 2015)

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dado o exposto, observa-se por meio dos argumentos levantados que a


implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), definido pela NBR
ABNT ISO 14001:2015 (ABNT, 2015) se mostra positiva economicamente para as
empresas que optam, em caráter voluntário, pela obtenção da certificação, seja por
meio do marketing ou por meio da redução dos custos ambientais.

Observa-se que, dado o tema exposto, é necessário que o


administrador/gestor possua conhecimento relacionado tanto a área da
contabilidade, quanto da economia, para a implementação eficiente de um SGA,
evidenciando de forma clara, através de demonstrativos contábeis, os benefícios da
implementação de tais sistemas, para a devida apreciação do mercado por parte dos

13
investidores, como por parte dos consumidores, com foco principal nesse último
grupo.

Quanto a finalidade do trabalho, foi observado um aprofundamento do tema


inerente a pesquisa no campo do saber, proporcionando a compilação de numerosa
bibliografia sobre o assunto. Também foi observada a necessidade de se mensurar,
através de pesquisa futura, qual o tempo médio para que o retorno financeiro,
oriundo da implementação de uma SGA, que ocorra nos casos envolvendo
pequenas empresas.

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Excelente!!!!!!

Merece ser publicado!

Parabéns!

Nota: 7,0

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