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Tema 4.

Introdução à Gestão Ambiental

SUMÁRIO Pág.

1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 02

2. DESENVOLVIMENTO....................................................................... 03

2.1. A preocupação ambiental: retrospectivas de fatos marcantes................ 03

2.2. A evolução da proteção ambiental – estágios de relacionamento.......... 09

2.2.1. Estágios de relacionamento do uso do meio e da proteção ambiental.... 09


2.2.2. O que é gestão?....................................................................................... 10
2.2.3. O que é gestão ambiental?...................................................................... 10
2.3. Principais leis e instituições envolvidas na gestão ambiental no Brasil. 10

2.4. Modelos de gestão.................................................................................. 11

2.4.1. Modelo Burocrático................................................................................ 11


2.4.2. Modelo sistêmico.................................................................................... 12
2.4.3. Modelo sistêmico contingencial............................................................. 13

2.5. Estratégias de gestão............................................................................... 14

2.5.1. Estruturas internas.................................................................................. 14


2.5.2. Processo decisório ágil........................................................................... 15
2.5.3. Previsão de recursos financeiros............................................................. 15
2.5.4. Racionalização de recursos materiais..................................................... 15
2.5.5. Distribuição do espaço físico.................................................................. 16
2.5.6. Renovação e introdução de tecnologias.................................................. 16
2.5.7. Recursos humanos.................................................................................. 16
2.5.8. Gerenciamento de conflitos intra e intergrupais..................................... 16
2.5.9. Desenvolvimento da competência gerencial.......................................... 17
2.5.10. Informatização........................................................................................ 17
2.5.11. Planejamento estratégico........................................................................ 17
2.5.12. Gestão participativa................................................................................ 18
2.5.13. Gestão pela qualidade total..................................................................... 18

2.6. Gestão ambiental, responsabilidade social e empresarial....................... 19

2.6.1. Selos socioambientais no Brasil............................................................. 19

2.7. A gestão ambiental e a integração dos sistemas e programas


organizacionais....................................................................................... 20

3. CONCLUSÃO....................................................................................... 20

1. INTRODUÇÃO

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O artigo 225 da Constituição Federal ao mesmo tempo em que estabelece “o


meio ambiente ecologicamente equilibrado” como direito e como “bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida”, também impõe ao “Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
As organizações de todos os tipos estão cada vez mais preocupadas em atingir e
demonstrar um comprometimento ambiental sólido, através do controle dos impactos
ambientais das suas atividades, produtos ou serviços; tendo em consideração a sua
política e objetivos ambientais.
Essas preocupações surgem no contexto do aparecimento de uma legislação cada
vez mais restritiva, no desenvolvimento de políticas econômicas e de outras medidas
que fomentam cada vez mais a proteção ambiental, e de um crescimento generalizado
das preocupações das partes interessadas sobre as questões ambientais, incluindo o
desenvolvimento sustentável.
As Normas Internacionais, referentes à gestão ambiental, destinam-se a
proporcionar às organizações os elementos de um sistema eficaz de gestão ambiental,
que possam ser integrados com outros requisitos de gestão, a fim de ajudar essas
organizações a atingir os objetivos ambientais e econômicos.
O comprometimento e a preocupação com o meio ambiente têm ganhado muita
importância, tanto pelas contribuições dos legisladores, através da crescente evolução
do Direito Ambiental, como também pelo aumento da complexidade e dos custos dos
problemas ambientais.
Consequentemente tem ocorrido nas organizações uma gama de múltiplas
tarefas e responsabilidades ambientais, que surgem como medidas isoladas em virtude
dos desafios momentâneos ou situações de emergência.
O resultado geral frequentemente não é muito eficiente; pois geralmente é fruto
de uma coleção de medidas ambientais isoladas, distribuídas entre vários cargos e
responsabilidades. Essa visão fragmentada dificilmente permitirá que medidas não
sistematizadas atuem com eficiência nas reais causas, ela geralmente apenas reduz ou
mascara os efeitos adversos temporariamente.

2. DESENVOLVIMENTO

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2.1. A preocupação ambiental: retrospectivas de fatos marcantes

A utilização descontrolada dos recursos naturais renováveis e não renováveis,


acrescidas da explosão demográfica, despertou ao longo dos anos uma consciência da
necessidade de preservação do meio ambiente.
As décadas de 40 e 50 foram marcadas pelo desafio dos aliados na reconstrução,
após a II Guerra Mundial, motivando o estabelecimento de um sistema econômico
internacional e a fundação das primeiras associações de proteção ambiental. Em 1952
Londres foi envolvida pelo smog – poluição atmosférica de origem industrial que
causou a morte de milhares de pessoas, marcando os primeiros efeitos significativos da
poluição industrial, estimulando debates sobre a qualidade do ar e a aprovação da lei do
ar puro em 1956.
A década de 60 evidencia a preocupação da comunidade internacional com os
limites do desenvolvimento do planeta, quando começaram as discussões sobre os riscos
da degradação do meio ambiente pelo homem. Nos Estados Unidos, com a criação da
Agencia de Proteção ambiental (EPA) e aprovação das Leis: Clean Air Act (lei do ar
limpo), Clean Water Act (lei da água limpa) e Toxic Substance Control Act (lei de
controle de substâncias tóxicas).
Em 1962, com a publicação do livro Silent Spring (Primavera Silenciosa) da
jornalista norte americana Rachel Carson, desencadeou o processo de discussão acerca
dos efeitos das ações humanas no ambiente, a perda da qualidade de vida derivada do
uso indiscriminado de produtos químicos e seus efeitos sobre a vida e os recursos
naturais, resultando em pressão para que os políticos agissem e em uma profunda
mudança na atitude do povo americano com relação à necessidade de normas
ambientais federais.
No Brasil em 1965 foi promulgada a lei federal nº 4.771/65 que instituiu o
código florestal brasileiro e em 1967 a Lei nº 5.197/67 sobre a proteção da fauna.
Em 1968 foi criado o clube de Roma, por especialistas de diversas áreas e
nacionalidades, para discutir a crescente crise do ambiente humano e buscar soluções
para os problemas ambientais.
A década de 70 foi marcada de um lado pelo clima de reação e isolamento
desencadeado pela Crise do petróleo e do modelo energético vigente, que despertou a
procura de novas fontes de energia e de uma utilização mais racional; do outro lado, as
discussões levaram a ONU a promover uma Conferência sobre o Meio Ambiente

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Humano (Primeira Conferência da ONU sobre as relações entre o homem e o Meio


Ambiente) em 1972. Marco para o surgimento de políticas de gerenciamento ambiental.
Discutiram-se questões como a defesa e a melhoria do meio ambiente para as
gerações presentes e futuras - 26 princípios sobre a nossa responsabilidade, dos
cuidados e manutenção do planeta. Essa conferência gerou a Declaração sobre o
Ambiente Humano e estabeleceu o Plano de Ação Mundial, com objetivo de inspirar e
orientar a humanidade para a preservação e a melhoria do ambiente humano.
Preocupações: crescimento populacional, aumento dos níveis de poluição e o
esgotamento dos recursos naturais. Nessa ocasião representantes do governo brasileiro
defenderam o desenvolvimento econômico a qualquer preço.
Nesse mesmo ano foi criado um mecanismo institucional para tratar das questões
ambientais no âmbito das Nações Unidas - Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), com sede em Nairóbi, Kenya. E Dennis Meadows e os
pesquisadores do “Clube de Roma” publicaram o relatório “The Limits of Growth” (Os
limites do crescimento), denunciando que o crescente consumo mundial ocasionaria um
possível colapso. O estudo concluiu que mantidos os níveis de industrialização,
poluição, produção de alimentos e exploração dos recursos naturais, o limite de
desenvolvimento do planeta seria atingido, no máximo, em 100 anos, provocando uma
repentina diminuição da população mundial e da capacidade industrial.
Em 1973, o canadense Maurice Strong lançou o conceito de
“ecodesenvolvimento”, referia-se principalmente às regiões subdesenvolvidas,
envolvendo uma crítica à sociedade industrial, sendo a precursora do conceito de
desenvolvimento sustentável.
Os caminhos do ecodesenvolvimento seriam seis programas de educação: a
satisfação das necessidades básicas; a solidariedade com as gerações futuras; a
participação da população envolvida; a preservação dos recursos naturais e do meio
ambiente; e a elaboração de um sistema social que garanta emprego, a segurança social
e respeito a outras culturas. Nesse mesmo ano no Brasil foi criada a Secretaria Especial
do Meio Ambiente - SEMA, sendo o primeiro organismo brasileiro de ação nacional,
orientado para a gestão integrada do meio ambiente. Proposta em 1973 a Ecologia
Profunda, por Arne Naess, e no Brasil se desencadeava o movimento ecológico
brasileiro com a criação da AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente
Natural).

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Em 1978 a iniciativa alemã do selo ecológico “Anjo Azul” (mais informações


http://blauer-engel.de) utilizado desde então como símbolo para produtos ou serviços
com impacto ambiental reduzido ou positivo. Esses produtos deveriam manter as
características de funcionalidade e segurança com os similares e considerando todos os
aspectos ambientais inclusive a preservação dos recursos naturais com vantagens
ambientais.
No Brasil, os fatos marcantes na evolução das regulamentações foram: a
aprovação da Lei 6.938 da Política Nacional de Meio Ambiente Brasileira, em 31/08/81;
Em 1986 o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) aprova a Resolução n°
001/86 que estabeleceu as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais
para o uso e implementação da avaliação de impacto ambiental (AIA) como um dos
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente; e a Constituição Federal
Brasileira foi promulgada em 5 de outubro de 1988, contendo pela primeira vez um
capítulo sobre o meio ambiente e vários outros artigos afins.
Os acidentes ambientais ocorridos nas décadas de 70 e 80 desencadearam um
dramático crescimento da conscientização ambiental, que direcionaram na década de 90
para os verdadeiros impactos ambientais causados pelos pequenos e acumulativos
poluentes lançados muitas vezes dentro dos padrões das regulamentações ambientais.
Os principais acidentes foram: 1976 - Solveso na Itália caracterizado pelo
vazamento acidental de dioxina; em 1979 o vazamento nuclear na Usina de Three Mile
Island - Estados Unidos; em 1984 ocorreu o acidente em Bhopal – Índia, vazamento de
40 toneladas de isocianato de metila (de 2500 a 5000 mortes e mais de 200 feridos);
vazamento nuclear na usina de Chernobyl – Rússia; no Brasil em 1987, contaminação
com Césio 137 em Goiânia (4 pessoas mortas e 249 contaminadas).
Antes dos anos 80, a proteção ambiental era vista como uma questão marginal,
custosa e muito indesejável, a ser evitada; seus opositores argumentavam que ela
diminuía a vantagem competitiva da empresa, evidenciava uma postura reativa das
mesmas com relação aos danos ambientais e as suas sanções legais.
Essa postura nos anos 80 passou de defensiva e reativa para ativa e criativa,
visualizando os custos com a proteção ambiental como um investimento para o futuro,
as empresas assumiram responsabilidades pela proteção ambiental como lema, passando
a administrar com uma consciência ecológica. As motivações das empresas para
proteger o meio ambiente.

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Nessa década, na Alemanha, o conceito de administração foi gradativamente


ampliado incluindo dimensão ecológica, introduzindo práticas, programas de reciclagem
e economia de energia. Como os critérios da Produção Limpa (Clean Production),
proposta pela organização ambientalista internacional Greenpeace, na campanha para
mudança mais profunda do comportamento industrial.
Já em 1982, na Conferência de Nairóbi - Quênia, uma nova e importante
preocupação entrava em cena: os problemas ambientais globais, que davam indícios de
que o nível das atividades humanas (a economia global) já estava excedendo, em
algumas áreas, a capacidade de assimilação da biosfera, isso é, que alguns resíduos das
atividades humanas ultrapassavam a capacidade de regeneração natural, sendo
acumulados no ar, nas águas e nos solos. Portanto, a preocupação com o esgotamento
das fontes de recursos naturais se somava a preocupação com os limites de absorção dos
resíduos das atividades humanas, muito mais difícil e mais complicada de se controlar.
No final de 1983, a Assembleia Geral das Nações Unidas criou, a pedido do
PNUMA, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida
pela Sra. Gro H. Brundtland. O Relatório Brundtland, com o título “Nosso Futuro
Comum”, foi apresentado à Organização das Nações Unidas (ONU) em 1987, avaliando
a interação dos conceitos de meio ambiente e desenvolvimento, fornecendo subsídios
para que fossem tomadas ações efetivas para controlar os efeitos da contaminação
ambiental, buscando o desenvolvimento sustentável. Os principais problemas
identificados foram: o desmatamento, a pobreza, as mudanças climáticas, a extinção de
espécies, o endividamento e a destruição da camada de ozônio. Em 1984 resultante do
acidente em Bhopal na Índia, a Canadien Chemical Producer Association – CCPA criou
o programa de atuação responsável para as indústrias químicas. A Atuação
Responsável vem sendo implantada em diversos países, tornando-se um instrumento de
gerenciamento ambiental e de prevenção de acidentes.
Estabeleceu-se em 1988 a Comissão sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente
da América Latina e Caribe, que em 1991 publicou a “Nossa Própria Agenda”.
A agência da ONU dedicada ao meio ambiente - PNUMA - Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente, a partir de 1989, criou o programa de Produção
Mais Limpa (Cleaner Production).
Nos Estados Unidos, em 1990 a CERES – Coalition for Envirommentaly
Responsible Economics (Coalizão para a economia ambientalmente responsável)
estabeleceu os princípios básicos de responsabilidade ecológica (Callenbach, 1993.

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p.45). Em 1991 foi publicada a "Carta Empresarial para o Desenvolvimento


Sustentável", pela Câmara Internacional do Comércio - ICC. E lançamento do
documento "Mudando o Rumo: Uma Perspectiva Empresarial Global sobre
Desenvolvimento e Meio Ambiente" pelo BCDS (Business Council on Sustainable
Development). Incremento da filosofia preservacionista no mundo, contabilizando
adesões e iniciativas das mais diversas origens. Nesse ano ainda, a ISO (International
Organization for Stardadization) constituiu o Grupo Estratégico Consultivo sobre o
meio ambiente (SAGE).
Em 03 de junho de 1992 começava no Rio de Janeiro a maior conferência
planetária sobre o meio ambiente e desenvolvimento econômico já realizado pela
humanidade: a Rio – 92 (com 30 mil pessoas). Pela primeira vez, estadistas e
representantes de organizações não governamentais, a voz da sociedade civil. Reuniam-
se para discutir o futuro do planeta.
Documentos resultantes dessa conferência: a Carta da Terra, a declaração sobre
florestas, a convenção sobre diversidade biológica, o Quadro sobre mudanças
climáticas, a Agenda 21; o slogan: Pensar em termos globais, agir em termos locais.
Em 1993 houve o lançamento da norma BS 7.750 – British Standarts Institution
(BSI), com versão final em 1994. Baseada nos 16 princípios da Carta Empresarial da
Câmara de Comércio Internacional – ICC. Em 29 de junho de 1993 a oficialização do
Regulamento (EWG) 1836/93 na Europa sobre a participação voluntária das empresas
do setor industrial no sistema comunitário para a gestão ambiental, e a verificação
ambiental organizacional (auditoria), denominado de “EMAS – Eco Management and
Audit Scheme”. Bem como criação de um comitê técnico ISO/TC207, para a elaboração
das normas ISO 14000, no Brasil foi criado o Grupo de Apoio à Normalização
Ambiental (GANA) ligado a Associação Brasileira de Normas Técnica – ABNT.
Criação do Ministério do Meio Ambiente dos Recursos hídrico e da Amazônia Legal,
em 1994.
Em 13 de abril de 1995 a validação EMAS foi oficializada para todos os estados
da Comunidade Europeia (CE), validação com caráter jurídico.
Em outubro de 1996 entrou a validação da ISO 14.001, ou seja, é aprovada e
publicada como norma internacional. As Empresas podem ser certificadas pela ISO
14.001 atestando que possuem um Sistema de Gestão Ambiental estruturado e
implementado. Países ou mesmo empresas isoladas podem exigir de seus fornecedores a
certificação ISO 14.001 como garantia de produção com a preocupação ambiental.

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Em 1997, a realização da Conferência sobre Mudança no clima, em Kyoto no


Japão, também conhecida como “Rio + 5”. Fórum ambiental, iniciativa da sociedade
civil para avaliar o que foi feito no planeta para preservar os recursos naturais desde a
Rio 92. O documento oficial chamado como Protocolo de Kyoto, estabelecendo uma
meta média de cerca de 6% de redução de gases de efeito estufa nos países
industrializados no período de 2008 a 2012. Em paralelo foram discutidos no Brasil, os
rumos da política ecológica nacional, Agenda 21 brasileira.
Em 1998 foi aprovada no Brasil a Lei n° 9.605/98 – Lei dos crimes ambientais:
corresponsabilidade dos envolvidos, responsabilidade da pessoa jurídica, sanções e
responsabilidades dos funcionários públicos.
Na Holanda (Haia) em 2000, realizou-se a VI convenção - Quatro Nações
Unidas sobre Mudança Global do Clima, resultando no desenvolvimento do Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL), ao qual representa um acordo entre os países
participantes visando à redução na emissão de poluentes atmosféricos.
Em 2001 foi aprovado o Regulamento 761/01 que estabeleceu as sugestões
modificadas do Regulamento (CE) do Parlamento Europeu e do Conselho sobre a
participação voluntária das organizações num sistema comunitário para o sistema de
gestão ambiental e auditoria (EMAS) – chamado de EMAS II.
O dia 16 de fevereiro de 2005 marcou o início de um esforço mundial para
redução do aquecimento global, com a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto.
Ratificado por 141 países (incluindo o Brasil), o Protocolo determinou que países
industrializados reduzissem em 5,2% as emissões de gases estufa entre 2008 e 2012,
tendo como base o nível de emissões registradas em 1990; estabeleceu o Comércio
Internacional de Carbono ou “crédito do carbono”, permitindo que países
industrializados adquiram ou vendam cotas de emissão. Concluído em 11 de dezembro
de 1997 em Kyoto, no Japão, o documento impôs a redução das emissões de seis gases
causadores do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta: CO 2 (dióxido de
carbono ou gás carbônico), CH4 (metano), monóxido de nitrogênio (N20) e três gases
flúor (HFC, PFC e SF6). Nessa data o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL
entrou em ação, encorajando investimentos em países menos desenvolvidos que
promovessem o desenvolvimento sustentável e o Fundo de Adaptação do Protocolo
começou a auxiliar os países em desenvolvimento a se adaptarem às restrições do
Protocolo.

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2.2. Evolução da proteção ambiental

A capacidade que os seres humanos têm de interferir na natureza para dela


retirar o seu sustento e sobrevivência, permitiu a exploração e o consumo de recursos
por muito tempo sem que se pensasse em sua conservação, somente há poucas décadas,
em decorrência de catástrofes ambientais, índices alarmantes de poluição e da
constatação de que os limites da natureza estavam sendo superados é que se iniciou um
movimento em favor da utilização racional desses recursos. Isso se deve aos estágios de
relacionamentos, pelos quais o ser humano vem passando em decorrência da sua
evolução através dos tempos.

2.2.1. Estágios de relacionamento do uso do meio e da proteção ambiental

1º estágio - Caracterizado pela preocupação com as forças da natureza e desejo


de segurança relacionado ao medo e ao respeito. Gerou a cooperação mútua e a
organização social. Ex.: povos primitivos e indígenas atuais. O trabalho para o sustento
do grupo gera mais segurança. Pouca interferência nos ecossistemas da época. O
homem retirava da natureza o estritamente necessário para a sua sobrevivência.
2º estágio – Definido como crescimento autoconfiante – ocorre à adaptação do
meio às necessidades do homem. Alguns fenômenos podem ser previstos e até
compreendidos. Domesticação de algumas espécies de animais selvagens.
Aparecimento de atividades agrícolas garantindo alimento para todos. Início do
crescimento populacional.
3º estágio - Agressão e conquista – desenvolvimento, urbanização,
industrialização e mineração intensiva (extrativismo), progresso a qualquer custo. A
especialização é incorporada ao processo de desenvolvimento. A preocupação básica
ainda é a adaptação do meio às necessidades humanas, desenvolvimento de tecnologias
para a conquista de espaços.
4ºestágio – Responsabilidade social, ética ambiental e consciência coletiva –
ajustamento do homem e suas necessidades às características do meio.

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2.2.2. O que é gestão?

A gestão é um termo contemporâneo, usado como sinônimo das palavras


administração ou gerência. Engloba todas as ações pertinentes à obtenção e uso dos
recursos necessários e ao estabelecimento de relações demandadas por um propósito ou
empreendimento organizacional.
O gestor, ao realizar a gestão dos recursos, tende a seguir um ou mais modelos
de gestão. Os modelos de gestão podem ser descritos através de um conjunto de
variáveis, que assumem características próprias a cada modelo.

2.2.3. O que é gestão ambiental?

Christie et al (1995) conceituam gestão ambiental como sendo um conjunto de


técnicas e disciplinas que dirigem as empresas na adoção de uma produção mais limpa e
de ações de prevenção de perdas e de poluição.

2.3. Principais leis e instituições envolvidas na gestão ambiental no Brasil

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2.4. Modelos de gestão

Diversos motivos têm levado aos estudiosos da administração a buscarem


estratégias mais atuais e flexíveis para a estruturação das organizações, de forma a fazer
com que possam cumprir a missão para a qual foram criadas. Entre esses motivos estão:
• A certeza de que a mudança é um processo acelerado que envolve toda a
sociedade;
• A existência de uma grande massa de conhecimento e tecnologia disponíveis nem
sempre são aproveitados ou utilizados de forma a garantir uma melhor qualidade de
vida;
• A constatação da forma de ser e de trabalhar das pessoas;
• A percepção de que todos os elementos do sistema organizacional interagem entre
si e estão conectados uns aos outros por uma rede de relações;
• O reconhecimento de que o cliente ou usuário de um produto ou serviço vem
ganhando importância frente às organizações, fazendo com que essas passem a definir
os seus procedimentos internos em função das expectativas e necessidades dos seus
clientes.
Os modelos teóricos que orientam a estruturação do trabalho na oferta de
serviços e na produção de bens ganham, nesse contexto, significado mais amplo, já que
permitem explicar a diferença entre o que funciona bem e o que não funciona nas
organizações.

2.4.1. Modelo Burocrático

O Modelo Burocrático há bastante tempo, tem dado suporte para a gestão das
organizações, em especial as organizações públicas. Com a evolução da sociedade e as
demandas mais recentes, a burocracia tem se mostrado inadequada como paradigma
para direcionar a estruturação das organizações frente aos seus diferentes públicos.
Entre as razões, caracterizadas como anomalias, que justificam a afirmação feita,
podem ser lembradas:
• A visão fragmentada do processo de trabalho e acomodação do funcionário,
decorrente da limitação e da partição das tarefas que lhe são atribuídas; não tendo a
visão do processo no seu todo, o funcionário exacerba a importância da parte que lhe
cabe: não desenvolve comportamentos de colaboração com os demais, pois desconhece

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as suas necessidades e não se sente comprometido com o resultado final, que não
conhece;
• O desempenho restrito ao cumprimento das normas, ao qual resulta uma falsa
ideia de segurança, na medida em que o acerto, que decorre da rotina conhecida e por
demais repetidas, passe a ser percebido como padrão de especialização desejada;
• A insistência na premiação do mérito, identificado com base em características
pessoais apresentadas para fazer frente às exigências do cargo, que induz o funcionário
a limitar a execução das suas tarefas aos padrões pré-definidos;
• A distorção decorrente da intransigência na aplicação de normas e regulamentos
que, muitas vezes, perdem a característica de meios e passam a funcionar como fim ou
objetivos;
• A centralização do poder decisório nos escalões mais altos da organização,
geralmente distantes do local em que ocorre a demanda da decisão, gerando demoras
desnecessárias e descompromisso da parte de quem recebe as demandas, mas não tem
poder para atendê-las;
• A impessoalidade no tratamento dado a clientes ou usuários com demandas que
fogem à rotina;
• A despersonalização e a negligência das estruturas informais existentes nas
organizações, desenvolvidas muitas vezes como reação à institucionalização; a
burocracia exacerbada as relações existentes entre os cargos e descaracterizam as
relações entre as pessoas que ocupam esses mesmos cargos; o excesso de formalismo,
do qual decorrem controles sobre controles, exigindo pessoal para as atividades de
acompanhamento, registro de dados e supervisão do trabalho de outros;
• A pouca ou nenhuma importância dada ao ambiente, que possui demandas nem
sempre percebida pela organização; as pressões externas, quando acentuadas, são vistas
como ameaças indesejáveis e não como estímulos ao desenvolvimento e à inovação.
O Modelo Burocrático mostra-se apropriado para a gestão de atividades
altamente rotineiras, em que prevalece o interesse pela produtividade. Por outro lado,
desaconselhasse a sua aplicação nas organizações que devem ser flexíveis, que têm
como objetivo atividades não rotineiras, realizadas para atender clientes com
características e expectativas próprias.

2.4.2. Modelo sistêmico

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Tema 4. Introdução à Gestão Ambiental

Segundo a abordagem sistêmica, o funcionamento de uma organização não pode


ser compreendido sem consideração explícita das demandas e limitações impostas pelo
meio. Toda organização apresenta uma configuração interna que define limites entre a
esfera de ação do sistema e o ambiente. Dessa definição decorre o grau de abertura do
sistema em relação ao ambiente.
Organizações com baixo grau de abertura aproximam-se do modelo de sistema
fechado. Organizações com maior grau de abertura tendem para o modelo de sistema
aberto. Essas organizações buscam atingir as suas finalidades – os seus resultados - a
partir de trocas constantes com o ambiente, do qual recebem os insumos que demandam
para os seus processos.
A análise das organizações, segundo o Modelo Sistêmico, permite identificar
que:
• A organização retira do ambiente os insumos de que necessita para a sua
sobrevivência e operação, na forma de recursos materiais, financeiros, tecnológicos, de
informação, humanos, demandas de trabalho e outros;
• Após realizar os processos necessários ao cumprimento dos seus objetivos,
exporta serviços, bens e produtos para o ambiente, na forma de pareceres, autorizações,
orientações, produtos e outros;
• A troca entre a organização e o ambiente assume caráter cíclico; os serviços e
produtos oferecidos ao ambiente vão alimentar a imagem de que a organização existe e
está apta para atender esse ambiente, o que estimula novas demandas;
• Se o que é oferecido atende às expectativas dos clientes ou usuários, a
organização é considerada efetiva. Caso contrário, a sua imagem sofre pressões e
desgastes os mais variados; a organização usa a informação recebida do ambiente para
corrigir o seu desempenho, quando necessário, e para redefinir novos rumos de atuação;
• A organização tende a assumir a estrutura que melhor lhe permita atender as
demandas ambientais e a organizar-se em funções adequadas para o cumprimento dos
papéis que assume, visando a sua missão ou razão de ser;
• A organização conta com diferentes estratégias que facilitam o seu desempenho e
permitem a realização das suas finalidades e o alcance dos seus objetivos;
• Como sistema aberto estruturado a organização possui limites que, embora nem
sempre claramente determinados, definem o seu âmbito de atuação e impedem ações
que ultrapassem as fronteiras da sua competência.

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Tema 4. Introdução à Gestão Ambiental

2.4.3. Modelo sistêmico contingencial

Embora a abordagem sistêmica permita um conhecimento amplo do


funcionamento da organização, a visão oferecida é relativamente abstrata para servir
como suporte para a solução de problemas contingenciais, ou seja, o ambiente mutável
em que as organizações estão situadas exige flexibilidade para adaptações das mais
diversas.
A Teoria da Contingência enfatiza o ambiente, as suas demandas sobre a
dinâmica da organização e a rede de relações formada em decorrência das demandas
surgidas e das respostas emitidas. Procura esclarecer o que ocorre nas relações intra e
inter-sistemas. Evidencia que a estrutura interna e o funcionamento das organizações
guardam relações direta com o ambiente externo.
Quanto maior o grau de abertura para com o ambiente, maior a probabilidade de
alterações internas decorrentes dos insumos e da dinâmica ambiental externa. Quanto
menor o grau de abertura, menor também será o suprimento de energia ou insumos e
será maior a probabilidade de entropia, em decorrência da falta de alimentação externa.
Segundo a abordagem contingencial, sendo a organização um sistema aberto, o
que nela ocorre depende e resulta do que ocorre no meio ambiente. Nada é fixo, tudo é
relativo.

2.5. Estratégias de gestão

Entre as estratégias que mais contribuem para a eficiência dos procedimentos e a


efetividade dos resultados obtidos com os instrumentos de gestão devem ser
mencionadas e detalhadas a fim de ordenar os fatos e traçar um caminho para a gestão
ambiental organizada.
O interesse em alternativas para a AIA faz ressaltar a importância das estratégias
usadas na Gestão Ambiental Pública, razão pela qual são descritas, a seguir, do ponto de
vista dos modelos Sistêmico e Sistêmico Contingencial, aquelas de maior relevância
para o processo.

2.5.1. Estruturas internas

A estruturação da organização visa atender a três aspectos principais: fazer com


que as estruturas possam alcançar seus objetivos e metas; regulamentar a influência das

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variações individuais sobre a organização; definir em que posições o poder será maior
ou menor e em que níveis serão tomados às decisões, desde as mais simples, de pouco
impacto, até as mais complexas, de acentuado ou grande impacto sobre os atores
envolvidos.
A morosidade e a probabilidade de distorções na comunicação, provocadas pelo
distanciamento entre emissores e receptores, além do número e da diversidade de papéis
dos atores envolvidos no processo de gestão, fazem com que as organizações busquem
ganhar agilidade e assertividade reduzindo o número de estágios ou níveis hierárquicos
pelos quais a informação deverá passar.

2.5.2. Processo decisório ágil

Decidir significa optar entre uma ou mais alternativas de ação, inclusive a ação
de não agir. As decisões podem ser de natureza estratégica, tática ou operacional. As
primeiras referem-se a decisões maiores, geralmente afeta à filosofia e as políticas de
interesse da área a que se referem. As decisões táticas dizem respeito ao
estabelecimento de diretrizes e normas, que deverão ser observadas e cumpridas; as
operacionais se referem às decisões de realizar ações que atendam à filosofia, diretrizes
e normas estabelecidas.
As organizações com alto nível de centralização tendem a gerar decisões lentas,
já que são poucas as pessoas que têm poder para decidir, pessoas essas que geralmente
estão posicionadas nos níveis de maior hierarquia; e, portanto, de acesso mais difícil.
Quanto mais próximo o poder para decidir estiver da fonte de demanda da
decisão, maior a probabilidade de satisfação do cliente.

2.5.3. Previsão dos recursos financeiros

As organizações dependem dos recursos financeiros para a realização das suas


atribuições, visando os objetivos que justificam a sua existência. A prática de
trabalharem com orçamento e programa não com programa e orçamento, muitas vezes
provoca distorções, devido a duas razões básicas:
• De um lado, a orçamentação é feita com expectativa de cortes, que a experiência
indica que certamente ocorrerão; pois a arrecadação tende a ser insuficiente para os
gastos públicos; a intenção de corte ou de redução do orçamento resulta em efeito
contrário, a partir do momento que provoca uma superestimação do orçamento real

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Tema 4. Introdução à Gestão Ambiental

(valor real + valores extras relativos aos prováveis cortes) para possibilitar a execução
das atividades pretendidas;
• De outro lado, os cortes orçamentários são feitos sem critérios mais apurados e
sem obedecer, inclusive, a prioridades definidas.

2.5.4. Racionalização dos recursos materiais

Recursos materiais são insumos que, distribuídos de forma equitativa e


disponíveis em quantidade e qualidade desejáveis, permitem às organizações operarem
de forma eficiente. Racionalizar os recursos significa usá-los de forma correta, sem
desperdícios e de forma que preserve e alongue a integridade e a vida útil do recurso.

2.5.5. Distribuição do espaço físico

O espaço físico e as instalações da organização estão entre os insumos que


interferem na eficiência organizacional. Quando distribuídos e dispostos de forma
adequada permitem aumentar o nível de eficiência e reduzir a incidência dos conflitos
entre pessoas.

2.5.6. Renovação e introdução de tecnologias

A tecnologia pode ser entendida sob dois aspectos: “manifestações físicas, como
o maquinário e o equipamento; e, os conhecimentos acumulados no tocante aos meios
de executar serviços” (Kast & Rosenzweig, p.185).
A evolução tecnológica tem provocado repercussões na gestão das organizações,
em especial no que se refere à forma de executar as atividades e na maneira das pessoas
agirem frente às inovações. A mudança tecnológica traz, consigo a necessidade de
desaprender conhecimentos e práticas já dominados e aprender novos procedimentos.

2.5.7. Recursos humanos

As organizações obtêm resultados através das pessoas que a elas estão


vinculadas.
As estratégias de alocação, manutenção, avaliação e desenvolvimento de pessoal
devem permitir obter um grau ótimo de harmonia entre as exigências e os interesses da
organização e as necessidades e aspirações das pessoas que nela trabalham. Nem

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Tema 4. Introdução à Gestão Ambiental

sempre as políticas de pessoal aparecem escritas ou documentadas, mas apesar disso são
claramente percebidas nas práticas da organização.

2.5.8. Gerenciamento de conflitos intra e intergrupais

O conflito resulta do desequilíbrio entre as possibilidades e as aspirações e


advém tanto de causas individuais ou grupais quanto de fatores ambientais.

2.5.9. Desenvolvimento da competência gerencial

A capacitação gerencial é uma necessidade já consagrada quando se pretende


obter maior eficiência, que advém do melhor uso dos recursos; eficácia, que supõe
conhecimento da missão e dos objetivos organizacionais; e visão do todo, ou seja,
percepção dos cenários externos e internos que afetam a organização.
A organização que possui um corpo gerencial capacitado é capaz de formular
objetivos e metas; prever, obter e administrar recursos; definir prioridades e tomar
decisões; inovar e assumir riscos calculados; coordenar os esforços e estimular o
desenvolvimento do potencial das pessoas e dos grupos que nelas trabalham.
É flexível, ágil, eficiente e cumpre a missão que dá razão à sua existência.

2.5.10. Informatização

O advento da informatização permitiu às organizações um maior conhecimento


sobre si mesmo. Conseguem hoje, com muita facilidade, manter dados precisos sobre
custos, resultados e benefícios, os processos são agilizados e os prejuízos decorrentes de
erros em registros são quase inexistentes.
No caso da Administração Pública, geralmente criticada pelos cidadãos, devido
à morosidade e à incidência de erros nas ações que realiza, a informatização é percebida
como estratégia para imprimir agilidade e rapidez no atendimento das necessidades
sociais, permitir controles necessários, reduzir erros e fortalecer a imagem dos órgãos
prestadores de serviços.

2.5.11. Planejamento estratégico

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Tema 4. Introdução à Gestão Ambiental

Pode ser considerado como um caminho, uma estratégia para enfrentar


mudanças e reduzir incertezas. Ele possibilita a organização, maior poder de barganha e
flexibilidade, devido à posse de informações sobre o comportamento do ambiente, dos
clientes e competidores e dos recursos com que pode contar para o seu desempenho.
No ambiente mutável é preciso antecipar-se às demandas; quando há
concorrência ou grupos de interesses conflitantes é preciso, ainda, antecipar-se à própria
necessidade para poder atendê-la no menor tempo possível, de forma a ganhar um
“diferencial” de qualidade sobre os competidores.
O Planejamento Estratégico permite essa antecipação, já que, tendo o contexto
ambiental como parâmetro, trabalha o valor e o peso de cada parte de um todo; e,
simultaneamente, a própria totalidade, considerando a “futuridade” das decisões
tomadas.

2.5.12. Gestão participativa

Nesses modelos, em especial no que se refere ao Modelo Sistêmico


Contingencial, a participação assume importância relevante.
As formas de participação têm origem na crescente conscientização de que o
direcionamento e a influência para a obtenção de objetivos comunitários dependem da
forma como o poder é utilizado e da maneira como são tratados os conflitos de
interesse.
A participação é um estado que exige aprendizagem, ou seja, as pessoas precisam
aprender a participar.

2.5.13. Gestão pela qualidade total

O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade - PBQP acentuou a


preocupação com a gestão dos recursos e dos resultados dos órgãos públicos. O desafio
de atingir o estado de qualidade nas instituições públicas, entretanto, vai além da
compreensão da sua importância e resume-se, principalmente, no domínio de estratégias
que permitam obter esse estado. Não é apenas o que se pode fazer que mais preocupa; o
problema maior refere-se ao como fazer para gerar e manter o estado de qualidade.

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Tema 4. Introdução à Gestão Ambiental

2.6. Gestão ambiental e a responsabilidade social e empresarial

A responsabilidade social empresarial é um tema de grande relevância nos


principais centros da economia mundial. Nos Estados Unidos e na Europa, os fundos de
investimento formados por ações de empresas socialmente responsáveis tem
apresentado considerável crescimento.
No Brasil, foi na década de 90 que o movimento de valorização da
responsabilidade social empresarial foi impulsionado, através da ação de entidades não
governamentais, institutos de pesquisa e empresas sensibilizadas para a questão. O
trabalho do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE, na
promoção do balanço social, é uma de suas expressões e tem logrado progressiva
repercussão.
Normas e certificações foram criadas com o objetivo de atestar que a
organização, além de ter procedimentos internos corretos, participa de ações não
lucrativas em áreas como cultura, assistência social, educação, saúde, proteção do meio
ambiente e defesa dos direitos comunitários. Estão relacionadas ao processo produtivo,
as relações com a comunidade e as relações com os empregados.
No processo produtivo, são analisadas as relações trabalhistas, o respeito aos
direitos humanos, a contratação de mão de obra, inclusive fornecedores, a gestão
ambiental e a natureza do produto/serviço. Nas relações com a comunidade, são
analisadas a natureza e o foco das ações desenvolvidas, os problemas sociais
solucionados e os beneficiários e parceiros.
Nas relações com os empregados, são analisados os benefícios concedidos,
inclusive aos familiares, o clima organizacional, a qualidade de vida no trabalho e as
ações para aumento da empregabilidade.

2.6.1. Selos socioambientais no Brasil

Na década de 1940, surgiu na Europa o movimento Comércio Justo e Solidário,


que representa a busca por uma produção responsável com relação às condições de
trabalho. Esse movimento envolveu também a comercialização de produtos através de
sistemas mais justos de remuneração, permitindo o desenvolvimento da comunidade
local.

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Tema 4. Introdução à Gestão Ambiental

A partir da década de 1990, os selos de responsabilidade socioambiental


proliferaram por diversas áreas e organizações. Atualmente, é possível encontrar selos
de certificação de boas práticas empresariais em qualquer área de atuação econômica.
Isso porque os selos tornaram-se um determinante competitivo que demonstra que os
produtos e serviços daquela empresa são sociais e/ou ambientalmente corretos.

2.7. A gestão ambiental e a integração de sistemas e programas organizacionais

Na visão de Donaire (1999), para que as organizações equacionem seu


envolvimento com a questão ambiental, precisam incorporar no seu planejamento
estratégico e operacional um adequado programa de gestão ambiental, compatibilizando
os objetivos ambientais com os demais objetivos da organização.
A gestão ambiental tem se configurado como uma das mais importantes
atividades relacionadas com qualquer empreendimento; e, nesse sentido, Donaire (1999;
p. 3) revela que o gerenciamento ambiental pode ser conceituado como a integração de
sistemas e programas organizacionais, que permitem:
a) O controle e a redução dos impactos no meio ambiente, devido às operações ou
produtos;
b) O cumprimento de leis e normas ambientais;
c) O desenvolvimento e uso de tecnologias apropriadas para minimizar ou eliminar
resíduos industriais;
d) O monitoramento e a avaliação dos processos e parâmetros ambientais;
e) A eliminação ou redução dos riscos ao meio ambiente e ao homem;
f) A utilização de tecnologias limpas (Clean Technologies), visando minimizar os
gastos de energia e materiais;
g) A melhoria do relacionamento entre a comunidade e o governo;
h) A antecipação de questões ambientais que possam causar problemas ao meio
ambiente e, particularmente, à saúde humana.

3. CONCLUSÃO

Para termos uma visão geral referente à Gestão do Meio Ambiente devemos
conhecer as partes que compõem o sistema de gestão ambiental e a contribuição de cada
norma para esse sistema. Também, compreendemos a importância da responsabilidade
social empresarial sendo um componente do desenvolvimento sustentável.

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