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FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
Orientadora:
Prof. Doutora Joana Sacramento
Coorientador:
MSc. Almodevar Baldaia Silva
LUANDA, 2021-2022
INFLUÊNCIA DA SUPERFÍCIE DE CONTACTO NA
VELOCIDADE DE DECOMPOSIÇÃO DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS
Orientadora:
Prof. Doutora Joana Sacramento
Coorientador:
MSc. Almodevar Baldaia Silva
LUANDA, 2021-2022
1
Índice
Conteúdo
pág.
Introdução........................................................................................................................................... 4
Problemática ............................................................................................................................... 4
Justificativa ................................................................................................................................. 7
Objectivos ................................................................................................................................... 7
I.2.4. Influência do conteúdo orgânico nas propriedades físicas e químicas dos solos ......... 11
I.4.1. Decomposição biológica dos resíduos sólidos orgânicos por processos aeróbicos ...... 15
I.4.2. Decomposição biológica dos resíduos sólidos orgânicos por processos anaeróbicos .. 16
I. 5. Factores que afetam a Decomposição dos resíduos sólidos orgânicos no solo ...................... 18
2
Capítulo II: Métodos de análise de teores de matéria orgânica do solo ............................................... 22
Conclusões ....................................................................................................................................... 31
Cibergrafia ........................................................................................................................................ 37
3
Introdução
Desde os tempos antigos, os humanos têm usado e abusado dos recursos ambientais para
sobreviver. Nesse período, a destinação dos resíduos não era um grande problema, devido à
pequena população e grande quantidade de terra disponível para armazenar os resíduos. Com
a formação e desenvolvimento das cidades, o problema da gestão de resíduos se agravou cada
vez mais, e o mau controlo começou a levar aos primeiros problemas ambientais graves (como
a Peste Negra na Europa no século XII, exterminando metade da população do continente ). O
problema se agravou ainda mais com a Revolução Industrial (final do século XVIII) quando
uma parcela significativa da população rural se mudou em massa para as cidades, aumentando
drasticamente a taxa de crescimento urbano e consequentemente a taxa de exploração dos
recursos do planeta. [9]
Hoje em todos os sectores tem aumentado a preocupação com a destinação dos resíduos sólidos
e esta preocupação tem vindo a crescer devido ao aumento de produção de resíduos nos grandes
centros urbanos e a evidente negligência resultante do Poder Público, Legisladores,
Reguladores e, portanto, da população em geral.
Problemática
Os efeitos negativos dos resíduos sólidos orgânicos no meio ambiente surgiram desde que as
pessoas abandonaram a vida nómada e adotaram um estilo de vida sedentário. Desde as
civilizações antigas, o descarte de resíduos é realizado em regiões remotas e livres, bem como
4
em hidrovias. Na história antiga, as pessoas falavam em usar o fogo para destruir seus restos e
armadilhas inutilizáveis. Há cerca de um século, as pessoas começaram a aplicar soluções
supostamente razoáveis para a gestão de resíduos sólidos. [10]
A disposição do lixo no solo em aterros sanitários não é uma melhor solução pois implica em
elevados riscos como contaminação dos aquíferos subterrâneos, implicando em possíveis
prejuízos à saúde pública além de outros incómodos relactivos ao mau cheiro, fumaças
resultantes da queima. Poluição visual, desvalorização da terra, etc. Na maioria dos aterros
actuais não existem sistemas de proteção como: a impermeabilização, drenagem de fluídos ou
tratamento de chorume, etc. [12]
A poluição do solo é vista do ponto de vista da lei da entropia ou desordem (2ª lei da
termodinâmica), onde no processo de transformação de energia, seja natural ou artificial, há
sempre degradação. Energia reduzida, o que significa que a energia se torna menor e menos
utilizável. O descarte descuidado de resíduos industriais e/ou domésticos nos cursos de água,
como destino final, pode causar lodo, além de aumentar a turbidez e a variação do gradiente
de temperatura, causando interrupção do ciclo de vida da espécie, tornando a água
biologicamente estéril. O Chorume, líquido resultante da decomposição característica dos
materiais orgânicos quando descarregado nos cursos das águas quer seja pela depressão natural
do terreno quer pelas chuvas, provoca a redução de oxigénio das águas perigando a vida dos
organismos aeróbicos aquáticos.
Assim, a saúde pública e a proteção ambiental são os dois pontos básicos do problema dos
resíduos sólidos, sendo necessário encontrar soluções adequadas. Do ponto de vista médico,
ressalta-se que a influência dos resíduos como causa direta de doenças não foi claramente
demonstrada, mas como fator indireto, os resíduos são de grande influência na transmissão de
doenças por meio de vetores como: mosquitos, baratas, moscas e roedores, que encontram
alimento, abrigo e condições de reprodução em latas de lixo.[12]
5
A problemática do lixo pode ser combatida usando duas linhas de pensamentos resumidas na
seguinte frase: Gasta-se dinheiro para repor de forma racional a harmonia ambiental e
repondo a harmonia ambiental de forma racional gera-se dinheiro.
Uma forma de resolver o problema dos resíduos sólidos orgânicos é indicada pelo princípio
dos três “Errês” (3Rs) – reduzir, reutilizar e reciclar. Fatores relacionados a esses princípios
devem ser levados em consideração, como o ideal de prevenir e não gerar resíduos, além de
adotar formas sustentáveis de consumo, visando à economia de recursos naturais, natureza,
natureza e armazenamento de resíduos.
Reduzir significa consumir menos produtos e priorizar aqueles que apresentam menor
potencial de desperdício e são mais sustentáveis;
Reutilizar significa, por exemplo, a reutilização de embalagens. Por exemplo, potes de sorvete
de plástico usados para guardar alimentos ou outros materiais;
6
reciclagem, é importante distingui-lo de seu local de origem - residência particular, escritório,
fábrica, hospital, escola, etc. [10]
Portanto, abordar questões relacionadas aos resíduos sólidos orgânicos requer ações de
consciencialização envolvendo todos os atores do processo (gestores), gestão, funcionários e
usuários), levando em consideração a redução desses resíduos. Em segundo lugar, na
reutilização, significa que na reutilização tudo ainda está em boas condições. E, finalmente, na
reciclagem, ou seja, na utilização de matérias-primas para criar novos produtos. [10]
Justificativa
Objectivos
7
Objectivo Geral
Objectivos específicos
c) Distinguir a influência do conteúdo orgânico nas propriedades físicas e químicas dos solos;
O solo está constituído por três fases fundamentais que são: Sólida, Líquida e Gasosa. Sendo
que a sólida ocupa cerca de 50% em média total do volume do solo e é formada por minerais
que provêm da decomposição da rocha mãe e matéria orgânica que se encontra em processo
contínuo de mineralização e humificação; a parte líquida é formada da solução de água e
minerais dissolvidos, ocupando cerca de 15 a 35% do volume total do solo, localizando-se entre
os espaços denominados de poros do solo ou interstício, nos mesmos espaços, encontramos o
ar que constitui a fase gasosa. [2]
Existem vários critérios de classificação dos solos, neste trabalho optamos por destacar a
classificação quanto à origem.
Solos residuais – têm origem em uma rocha mãe e permanecem no local da rocha de origem,
observando-se uma gradual transição da superfície até a rocha. A condição que garante a
9
existência destes solos é o facto de que a velocidade de decomposição da rocha seja maior que
a velocidade de remoção pelos agentes externos. [1]
Os solos orgânicos, assim como a maioria dos solos são constituidos em geral por um conjunto
de resíduos orgânicos activos ou em decomposição. Matéria orgânica humificada, que constitue
a matéria orgânica do Solo (MOS), água, ar, minerais resultantes da decomposição da rocha
mãe e um conjunto de nutrientes minerais escenciais como: Nitrogênio (N), Fósforo (P),
Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Enxofre (S), Boro (B), Cloro (Cl) Cobre (Cu), Ferro
(Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo), Zinco (Zn), Sódio (Na), Cobalto (Co), Vanádio (V),
Níquel (Ni), Silício (Si) e muitos outros [5].
Segundo Oades (1989) define-se matéria orgânica do Solo (MOS) como sendo exclusivamente
resíduos de plantas e animais decompostos. Porém, Magdoff (1992), a define em sentido mais
amplo como sendo organismos vívos decompostos, que variam consideravelmente em
estabilidade, susceptibilidade ou estágio de alteração. [11][13]
10
A matéria orgânica do solo é uma combinação complexa de organismos vivos, resíduos
orgânicos frescos, matéria em decomposição activa e matéria orgânica estabilizada (húmus).
I.2.4. Influência do conteúdo orgânico nas propriedades físicas e químicas dos solos
A matéria orgânica (MO) afeta directamente os processos biológicos do solo, pois actua como
fonte de carbono (C) e nutrientes para o crescimento e desenvolvimento de macro e
microrganismos.
Durante a decomposição dos resíduos vegetais e animais, pelos organismos do solo, parte do
carbono é reciclado para a atmosfera na forma dióxido de carbono, CO 2, e parte é armazenado
na matéria orgânica do solo (MOS). [3]
O conteúdo orgânico do solo é geralmente um indicativo do seu potencial produtivo, pois solos
que apresentam maior teor de MO apresentam maiores valores de troca catiónica e maior
capacidade de fornecimento de nutrientes às plantas nele fixas, em comparação aos solos com
teores inferiores. [7]
11
A Matéria Orgânica dos Solos apresenta compostos de origem vegetal, animal, microbiana bem
como produtos resultantes da transformação daqueles. A vegetação representa o material a
partir do qual ela principalmente se origina. A fracção orgânica do solo constitui um sistema
muito complexo em que se encontram resíduos vegetais e animais em vários graus de
decomposição, produtos excretados pelos organismos vivos e produtos de síntese, originados à
custa dos anteriores; inclui, além disso, micro-organismos vivos que não é possível distinguir e
separar do material orgânico morto.
Apesar de existirem ligeiras diferenças entre as espécies, ocorre certa constância entre os
componentes básicos das plantas, variando o percentual dos constituintes estruturais. Deste
modo em termos percentuais de peso do vegetal seco, os componentes dos vegetais são,
comummente, divididos em seis grandes grupos:
Nº GRUPO PERCENTUAL
1. Celulose (15 – 60%);
2. Hemicelulose (10 – 30%)
3. Lignina (5 – 30%)
4. Fração Solúvel em água (5 – 30% incluindo açúcares, aminoácidos e ácidos alifáticos)
5. Fração solúvel em éter ou álcool (1- 15% incluindo gorduras, óleos e ceras)
6. Proteínas (1-10%)
Tabela Nº 01- Divisão dos seis grandes grupos de constituintes estruturais dos vegetais. [14]
12
Tecnicamente, o lixo é chamado de resíduo sólido quando, como qualquer material, não tem
valor suficiente para ser armazenado pelo homem a fim de ter alguma utilidade. É fruto da
atividade humana e, portanto, é considerado inesgotável, proporcional à intensidade industrial
e ao crescimento populacional. O lixo pode ser parcialmente utilizado, criando, entre outras
coisas, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais.
Em harmonia com a norma brasileira NBR-10004 (2004), os resíduos são definidos como:
“resíduos no estado sólido e semi-sólido, resultantes de atividades comunitárias
especificamente: industrial, doméstica, hospitalar, comércio, agricultura, serviços e de varição”.
(b) Resíduos sólidos industriais - são aqueles que resultam de processos productivos ou
industriais;
Portanto, pode-se dizer que resíduos sólidos são aqueles componentes resultantes de todas as
atividades humanas e animais que são descartados como inúteis ou supérfluos. O termo resíduos
sólidos deve ser entendido como um conceito geral e inclui tanto o volume com características
heterogêneas de resíduos de uma comunidade urbana e industrial, quanto o acumulo uniforme
de resíduos gerados por determinadas atividades.[8]
13
I.3.2. Os Resíduos Sólidos Orgânicos
Os resíduos devem ser considerados e analisados do ponto de vista biológico, portanto, resíduos
orgânicos são todos os resíduos de origem animal ou vegetal, ou seja, recentemente passaram
a fazer parte da vida. Numa linguagem mais moderna e técnica, abordaremos os resíduos
sólidos, cuja composição biológica é matéria orgânica, mas também de organismos vivos,
animais e plantas.
Ainda hoje, esse tipo de resíduo é considerado um poluente, e quando se acumula, o lixo
orgânico muitas vezes pode se tornar muito desagradável e malcheiroso, muitas vezes em
decorrência da decomposição desses produtos. Mas, se não houver cuidado no armazenamento
desses resíduos, cria-se um ambiente propício ao crescimento de microrganismos que muitas
vezes podem causar doenças. Como descrito nas páginas do jornal de angola na sessão opinião
de 09/12/2020: « Especialistas em gestão ambiental são de opinião que o lixo, que é hoje um
grande problema para Luanda, em particular, e o país, em geral, devia, na verdade, ser a solução
desses problemas. Se as operadoras fossem obrigadas a instalar contentores para a separação
dos resíduos sólidos, seguramente que as pessoas que recorrem aos contentores para a recolha
de garrafas de lata e de plástico, assim como materiais ferrosos, para vender, realizariam o seu
trabalho com menos riscos à saúde, que hoje, com o contexto da pandemia da Covid-19, são
enormes. É preciso adoptar a recolha selectiva para que o lixo não seja um problema, mas a
solução de uma parte importante dos nossos problemas sociais e ambientais». [d]
Os resíduos orgânicos sólidos de origem vegetal e animal são fontes de impactos ambientais
significativos como:
14
cujo metabolismo produz água, dióxido de carbono e energia (calor). Em termos de
características físicas, os resíduos sólidos orgânicos são classificados como resíduos sólidos.
Geralmente é composto por sobras, cascas de frutas e legumes e bagaço, ovos, legumes, comida
estragada, etc. [8]
I.4.1. Decomposição biológica dos resíduos sólidos orgânicos por processos aeróbicos
Na fase inicial, a massa do resíduo é ligeiramente ácida e a temperatura ambiente isto é porque
a maioria das bactérias presentes nesta fase serem termofílicas, ou seja vivem e exercem
actividade na faixa de 25ºC a ± 5ºC de temperatura. As bactérias atacam as substâncias de fácil
decomposição que são os carboidratos e como produtos são obtidos alguns ácidos orgãncios
simples que como consequência baixam o valor do pH. As reacções de oxidação observadas
nesta etapa são Exotérmicas, desta forma, a temperatura da massa aumenta na ordem dos 40ºC
e predominando nesta faixa de temperatura a actividade das bactérias termofílicas que causa
um aumento do pH tornando o meio básico. [a]
Curta duração
FASE AERÓBICA
Pequena Parcela de Decomposição
Matéria Degradável + O2
Temperatura
I.4.2. Decomposição biológica dos resíduos sólidos orgânicos por processos anaeróbicos
A decomposição biológica é mais lenta no processo anaeróbico do que aeróbico. A maior parte
do carnono que compõe a matéria orgânica é transformado em dióxido de carbono por processos
oxidativos com libertação de calor. Neste processo, realizado na auxência do Oxigénio, a
oxidação é parcial e a transformação bioquímica dos compostos orgânicos em ourtos mais
simples, é feito de forma progressiva, com a geração de pouco calor. Os compostos sofrem
redução em outros mais simples e o carbono não assimilado pelos microorganismos é liberado
principalmente, na forma de metano. [a][17][31]
16
compostos do enxofre como o ácido sulfídrico (H2S), dos mercaptanos, sulfitos de ferro e de
manganês, compostos nitrogenados e outros, constituindo o biogás.[17][31]
1- Hidrólise: etapa em que moléculas orgânicas complexas são decompostas por em açúcares,
aminoácidos, e ácidos graxos com a adição de grupos hidroxilo.
17
Eq 1: Equação resumida da decomposição da matéria orgânica através da mineralização.
Desta forma grande quantidade de CO2 produzido durante a actividade dos micro-organismos
é liberada no início do processo e incorporadas ao meio de acordo as condições favoráveis do
ambiente. O CO2 liberado é resultado do ataque dos microorganismos a matéria orgânica e
serve de indicador da actividade desses nos solos e revela a noção exacta da intensidade da
mineralização em um determinado instante e também a velocidade da decomposição. [6].
De forma resumida podemos dizer que o processo de degradação da matéria orgânica seguem
uma ordem definida, esta inicia quando os tecidos (vegetais, animais ou derivados) são
aplicados ao solo, passando pela mineralização dos mesmos até chegar a humificação. Depois
de humificação, pode se observar a ocorrência de uma outra fase de mineralização sobre os
produtos da humificação, porém em velocidade muito pequena em relação a matéria orgânica
inicial [32].
18
Dos factores que afetam a decomposição dos resíduos orgânicos no solo, podemos citar a
humidade, oxigenação, temperatura, tamanho das partículas, concentração de nutrientes
e pH. Vale mencionar que esses parâmetros apresentam limites que são, nesse caso, uma
imposição técnica e operacional do processo [7]. A temperatura e a humidade são factores
climáticos que influenciam a taxa de decomposição de maneira que quanto maior a humidade
do solo quer da atmosfera e a temperatura, maior é a taxa de decomposição [4].
19
Fig. 2: Decomposição de partículas sólidas [15]
Dependendo dos factores ambientais, químicos, físicos e biológicos do solo e do material a ser
degradado, apresentamos abaixo a tabela do tempo estimado de decomposição de algumas
classes de Materiais.
21
Capítulo II: Métodos de análise de teores de matéria orgânica do solo
O conhecimento dos teores de matéria orgânica é fundamental para diversas áreas da ciência
do solo e vários métodos já foram desenvolvidos para este fim.
Outros métodos mais adotados na determinação de teores de matéria orgânica do solo são: Walkley&
Black modificado, Colorimétrico, Gravimétrico ou perda de massa por ignição e Análise
elementar (CNHS).
O método proposto por Walkley & Black (1934) é o método mais utilizado nos laboratórios de
análise de solos, pois é de simples execução e dispensa o uso de equipamentos especializados,
além de apresentar boa exatidão e oxidar as frações de MO mais reativas no solo.[18][20]
22
Eq.3 e 4: Equações da oxidação do carbono orgânico em meio ácido
MOS = C x 1.72
Onde o fator de resultado é chamado de Van Bemmelen. Por outro lado, assume-se geralmente
a oxidação do CO pelo dicromato ser incompleta, portanto, outro fator de correção do processo
precisa ser aplicado. [18][20]
Mesmo sendo um método amplamente empregue nos laboratórios de análises se solos, o método
WB é passível de críticas principalmente por não promover a completa oxidação de CO do solo,
não alcançando as formas de carbono elementares. Faz-se a estimação de que a recuperação de
CO usando esse procedimento está na faixa entre 60 e 86%, com média de 76%. [20]
Para que se verificasse a digestão completa, Mebius (1960) modificou o método WB, aplicando
uma fonte de energia externa. [18]
23
Fig. 3: Análise pelo método de Walkley & Black (WB) [18]
b) Método Mebius
O aquecimento a partir de uma fonte externa permite detectar mais carbono porque as amostras
são mantidas aquecidas ao longo de toda a oxidação da matéria orgânica.[18][21]
Fig. 4: Análise do teor do solo pelo método de Mebius ou Walkley & Black modificado. [18]
24
c) Método colorimétrico
A determinação do CO por oxidação húmida também pode ser realizada pelo método
colorimétrico, cujo princípio se baseia no trabalho de Coleman, ainda em 1926. Porém, neste
método, o processo é semelhante ao da oxidação do dicromato. A determinação do resultado
final é feita por espectrofotometria e não por titulação. Essa medida é feita pela intensidade da
cor verde produzida pelo ião Cr3+ em solução. Para quantificar o teor de CO de uma amostra,
curvas de calibração devem ser determinadas e podem ser construídas com diferentes
concentrações de sacarose, ou a partir de curvas feitas com teor de carbono definido pelo WB,
ou ainda por diferentes concentrações de bicromato. [22]
Tem origem baseada no princípio da perda de carbono por aquecimento e incineração. Essa
metodologia foi muito empregada no passado, entretanto, devido a baixa velocidade analítica e
dificuldade de automação nos laboratórios ela tem sido abandonada. O aspecto positivo
relacionado ao método é a não utilização e/ou obtenção de resíduos potencialmente tóxicos,
diminuindo a possibilidade de contaminação do ambiente e desonerando os laboratórios da
necessidade de destinação dispendiosa com tratamento de resíduos. Diversos trabalhos têm
testado temperaturas de aquecimento para incineração da MOS com resultados diferenciados,
variando a temperatura de 250° a 600°C, justificando a necessidade de novos estudos para
adaptar essa metodologia aos solos tropicais. [24][25]
25
Fig. 5: Instrumento de análise termogravimétrica –
Carbolite - gero. [b]
Outro método também classificado como oxidação por via seca é aquele realizado por análise
elementar, onde normalmente são quantificados os elementos C, H, N, S e O. Este método é
baseado na oxidação das amostras em alta temperatura (aproximadamente 1000°C). As
amostras são finamente moídas e colocadas em cápsula de estanho, as quais não contém
carbono. Após combustão total, os gases contendo cada elemento são separados e as
concentrações medidas por diferentes tipos de detectores que variam de acordo com o
equipamento/fabricante. Os tipos mais comuns são detectores de condutividade térmica (TCD)
e de infravermelho (IR). São equipamentos que permitem a análise simultânea de C, H, N, S e
O presentes tanto em amostras orgânicas quanto inorgânicas, estando nas formas líquidas,
gasosas ou sólidas. A combustão da amostra promove a emissão de uma mistura de gases (N2,
CO2, H2O e SO2) que são separados por uma coluna cromatográfica e detectados através de um
sensor de termocondutividade, gerando sinal elétrico que é proporcional à quantidade do gás,
que posteriormente são convertidos em teores percentuais dos elementos. [18][24][25]
26
Fig. 6. Analisador elementar – Dumas.
[c]
c) Métodos espectroscópicos
Devido à grande demanda pela obtenção rápida e econômica de dados para monitoramento
ambiental, novas técnicas como a espectroscopia por infravermelho têm sido consideradas
como alternativas para complementar ou substituir os métodos analíticos convencionais.
Dentre as novas metodologias que estão sendo testadas citam-se o Laser Induced Breakdown
Spectroscopy (LIBS); a pirólise acoplada à espectroscopia de massa; a espectroscopia no visível
(VIS), infravermelho próximo (NIRS), infravermelho médio (MIRS) e espectroscopia Raman;
e ainda o Ground Penetration Radar (GPR). Dentre elas, o NIRS e o MIRS vêm encontrando
aplicações voltadas à agricultura desde a década de setenta nos Estados Unidos, sendo atribuído
ao professor Karl Norris, quando era responsável por um grupo de pesquisas do Departamento
de Agricultura dos Estados Unidos, os primeiros trabalhos que proporcionaram interesse pelo
estudo da espectroscopia NIRS como ferramenta de análise industrial.[26]
O infravermelho próximo (NIRS) atua na região do infravermelho próximo situada entre 700
e 2500 nm, onde a maioria dos materiais orgânicos possuem propriedades de absorção da
radiação. Essa técnica consiste em incidir sobre a amostra um feixe luminoso de radiação na
região do infravermelho próximo. Ligações covalentes, combinações e regiões de sobretom das
27
ligações entre os componentes das substâncias orgânicas absorvem essa energia. Para estimar
o número e tipo de ligações moleculares na amostra calcula-se o quanto de luz foi emitida pelo
NIR e o quanto de luz foi refletida pela amostra.[26]
O infravermelho médio (MIR) atua na região situada entre 2500 a 25000 nm. O NIR
determina semi-quantitativamente os componentes de compostos orgânicos enquanto o MIR
envolve a interpretação espectral das estruturas químicas, sendo mais adequado para fins
qualitativos.[26]
A quimiometria pode ser definida como uma área da Química que usa métodos matemáticos e
estatísticos para planejar ou selecionar procedimentos óptimos de medidas e experimentos e
extrair o máximo da informação química relevante com a análise de dados. Em virtude do
avanço tecnológico dos instrumentos de análise química, se fazem necessárias técnicas de
tratamento de dados mais complexas do ponto de vista matemático e estatístico.[26][27]
O método de Walkley & Black (1934) é ainda o mais empregado em laboratórios de solos
devido à sua simplicidade, requerimento de instrumentação simples e de baixo custo, além de
quantificar a matéria orgânica facilmente oxidável, de grande interesse para a Fertilidade do
Solo. Entretanto algumas desvantagens como:
d) Estima-se que a recuperação de CO usando esse procedimento varia entre 60 e 86%, com
média de 76%. [18][19][20]
Para que ocorresse a digestão completa, Mebius (1960) modificou o método WB, aplicando
uma fonte externa de energia para favorecimento da reação. E ao longo do tempo sofreu
variações na etapa de quantificação do carbono com o uso do método Colorimétrico.[21]
Metodologias baseadas na oxidação por via seca apresentam como vantagem o uso de reagentes
com baixa geração de resíduos potencialmente tóxicos, além de possibilitar a realização de um
grande número de amostras num período de tempo relativamente curto. Todavia, o custo para
a aquisição e manutenção desses equipamentos, ainda limita a sua utilização em grande parte
dos laboratórios. Para os métodos baseados na espectroscopia por infravermelho, que são
técnicas não destrutivas e limpas, mas ainda pouco utilizadas em análises de rotina. [23]
29
Apesar de todos os esforços na tentativa de desenvolvimento de uma metodologia precisa para
a avaliação do teor de matéria orgânica no solo, há ainda uma carência de informações que
permitam apontar o procedimento analítico adequado, principalmente em solos com elevados
teores de matéria orgânica. É interessante adequar o método ao tipo de solo e esse conhecimento
é possível por meio da comparação dos diferentes procedimentos selecionados, com enfoque
na magnitude de suas variações e na compatibilidade entre ele.[18][19]
30
Conclusões
A problemática dos resíduos sólidos orgânicos encontra a solução mais viável nos processos
preventivos de redução. Reciclagem e reutilização que constitui a teoria dos três erres.
Este pensamento pode ser aplicado nas políticas de gestão de resíduos sólidos, de formas a
reduzir o tamanho das partículas através de moinhos ou outros meios paa o tempo de
decomposição dos materiais seja reduzidos e por sua vez evitar a sua permanência no meio
ambiente na forma de poluente.
Os métodos apresentados para avaliar o grau de decomposição dos resíduos orgânicos estão
baseados na análise do carbono orgânico presente no solo. Assim, conhecer a quantidade inicial
de matéria orgânica de um determinado solo e sua quantidade em tempos seguintes a aplicação
de um resíduo orgânico, permite avaliar o grau de variação do conteúdo orgânico.
31
Todos os métodos apresentam inconvenientes, principalmente a de combustão húmida, que
exige grandes quantidades de reagentes, gerando consequentemente, quantidades elevadas de
resíduos tóxicos que contêm Crómio.
No nosso Pais onde as dificuldades de gestão des resíduos começam nos pontos de produção,
em que os cidadãos não aplicam as técnicas necessárias para a selecção dos resíduos produzidos
e terminam nos locais de destinação final que são poucos e com condições desfavoráveis.
Assim, é de grande importância a criação de legislações mais rigorosas que afetam o público
produtor do resíduo e do público gestor. Os aterros sanitários em Angola não cumprem com as
exigências internacionais para a gestão de resíduos e o aterro dos mulenvos que funciona a céu-
aberto encontra-se nas mesmas condições.
Para tal, a aplicação de princípios simples de cinética química como é o caso da redução do
tamanho dos resíduos sólidos orgânicos e outros, aumentaria o contacto com o solo e os agentes
decompositores, aumentando a permanência dos mesmo por muito tempo. Princípio este que
pode ser aplicado a partir nos pontos de geração que são as nossas casas, antecedidos de uma
prévia selecção e separação dos vários resíduos produzidos até aos grandes centros de gestão.
Desta forma, corrigimos o conteúdo orgânico do solo, evitamos o acumulo que gera poluição
32
visual, os péssimos odores, a contaminação do solo e a proliferação de insectos e roedores
prejudiciais a saúde humana,
Referências Bibliográficas
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