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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia


Curso de Engenharia Ambiental

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

APROVEITAMENTO DA FRAÇÃO ORGÂNICA DO

LIXO DOMICILIAR DO MUNICÍPIO DE TOLEDO - PR

HENRIQUE SPULDARO

CURITIBA

JUNHO / 2005
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia
Curso de Engenharia Ambiental

APROVEITAMENTO DA FRAÇÃO ORGÂNICA DO

LIXO DOMICILIAR DO MUNICÍPIO DE TOLEDO

HENRIQUE SPULDARO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Engenharia
Ambiental do Centro de Ciências Exatas e
de Tecnologia da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, sob orientação do
Prof. João Angelo Pucci Tosin

CURITIBA

JUNHO, 2005
SUMÁRIO

SUMÁRIO ...................................................................................................... ii

LISTA DE FIGURAS .................................................................................... v

LISTA DE TABELAS ................................................................................... vi

AGRADECIMENTOS..................................................................................... vii

RESUMO ...................................................................................................... viii

1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 1

1.1 Problemática dos resíduos sólidos .......................................................... 1

1.2 Proposta do trabalho ............................................................................... 2

2 OBJETIVOS ............................................................................................. 3

2.1 Objetivo geral........................................................................................... 3

2.2 Objetivos específicos................................................................................ 3

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 4

3.1 Compostagem no Brasil........................................................................... 4

3.2 Caracterização do município de Toledo – PR.......................................... 5

3.2.1 Histórico e aspectos sócio – econômicos..................................... 5

3.2.2 Localização geográfica no estado do Paraná............................... 6

3.2.3 Coleta, transporte e destinação final dos resíduos domiciliares... 7

3.2.4 Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares do município


de Toledo – PR......................................................................................
8
3.3 Classificação dos resíduos sólidos........................................................... 10
3.4 Compostagem – conceito e definição...................................................... 12
3.5 Considerações sobre a compostagem..................................................... 13

ii
3.6 Compostagem natural.............................................................................. 14

3.7 Classificação do composto....................................................................... 15

3.8 Configuração das leiras.......................................................................... 16

3.8.1 Ciclo de reviramento das leiras................................................... 17

3.9 Microbiologia do processo........................................................................ 18

3.10 Preparo da matéria – prima.................................................................... 19

3.11 Fatores que afetam a compostagem...................................................... 19

3.11.1 Umidade...................................................................................... 19

3.11.2 Oxigenação ................................................................................ 20

3.11.3 Temperatura................................................................................ 21

3.11.4 Concentração de nutrientes ....................................................... 23

3.11.5 Tamanho das partículas.............................................................. 25

3.11.6 PH............................................................................................... 25

3.12 Beneficiamento do composto................................................................. 26

3.13 Uso do composto na agricultura............................................................. 27

3.14 Problemas associados ao processo....................................................... 29

3.15 Fluxograma de uma usina de compostagem......................................... 31

3.16 Dimensionamento do pátio de compostagem........................................ 32

4 MATERIAIS E MÉTODO ......................................................................... 34

4.1 Levantamento de dados........................................................................... 34

4.2 Levantamento bibliográfico....................................................................... 35

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.............................................................. 36

5.1 Dimensões da usina de compostagem.................................................... 36

5.2 Potencial e método proposto para a compostagem................................. 38

iii
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 41

iv
LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 Formas de Disposição Final dos Resíduos Sólidos no Brasil....... 4


Figura 3.1.2 Perfil qualitativo do lixo gerado no Brasil ................................. 5
Figura 3.2.2 Localização geográfico de Toledo no Estado do Paraná........... 7
Figura 3.2.4 Resumo percentual do resíduo domiciliar d Toledo-PR............. 10
Figura 3.8 Formato das leiras de compostagem.......................................... 16
Figura 3.8.1 Leira com seção triangular, evitando a infiltração de água ..... 17
Figura 3.11.3 Distribuição da temperatura na massa de compostagem........ 23
Figura 3.11.4 Fases de decomposição conforme relação C/N...................... 24
Figura 3.11.6 Variação do pH do composto de acordo com o tempo de
compostagem.................................................................................................. 26
Figura 3.15 Fluxo de materiais numa usina de compostagem....................... 31

v
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.2.3 Setores com os turnos e respectivos dias de coleta.................. 8


Tabela 3.2.4 Composição física e percentual dos resíduos domiciliares....... 9
Tabela 3.14 Principais problemas, causas e soluções................................... 30

vi
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a minha namorada que durante o semestre de


elaboração do trabalho, além de me ajudar em alguns critérios técnicos, teve
paciência nos momentos em que não pude estar presente devido a dificuldades
encontradas no decorrer da monografia.
Aos meus pais, que além de financiar toda a minha vida acadêmica, sempre
estiveram do meu lado, ajudando a superar e solucionar todas as dificuldades
encontradas.
Por fim, a todo o corpo docente do curso de Engenharia Ambiental da
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, que através destes, me transmitiram o
conhecimento para que eu possa disseminar a todas as futuras gerações.

vii
RESUMO

Um dos grandes problemas das administrações públicas diz respeito ao problema


dos resíduos sólidos. Desse modo, o presente trabalho tem como objetivo principal
propor um sistema de aproveitamento da fração orgânica do lixo domiciliar do
município de Toledo no Paraná. A compostagem é considerada também, um
processo de reutilização, pois se trata de um processo biológico aeróbio e controlado
de tratamento e transformação da matéria orgânica em húmus pela ação de
microorganismos já presentes no próprio resíduo ou por meio de inoculantes. Este
processo tem como resultado final um produto que pode ser aplicado ao solo para
melhorar suas características sem causar danos à saúde pública e impactos no meio
ambiente. O sistema proposto foi a compostagem natural, devido as características
particulares do local de estudo. Este método consiste em não utilizar aparelhos
digestores e sofrer apenas um tratamento prévio antes do material ser compostado.
Estimou-se que a área mínima necessária do pátio de compostagem para a
reciclagem da matéria orgânica do lixo domiciliar de Toledo é de 7.180,8 m². A
compostagem é um processo que apresenta no tratamento de resíduos orgânicos,
alta eficiência. Por sua vez, só é obtida quando os parâmetros do processo
(umidade, oxigenação e temperatura) estiverem sob controle e dentro do tempo
possível para estabilizar a matéria orgânica. A necessidade do controle dos
parâmetros do processo advém dos sérios problemas a saúde pública e ao meio
ambiente, caso a operacionalização do processo não siga rigorosamente os critérios
técnicos preconizados. Com isso, o município de Toledo apresentou um grande
potencial para o aproveitamento da fração orgânica dos resíduos domiciliares,
conforme as características particulares analisadas no desenvolvimento da
monografia.

viii
1. INTRODUÇÃO

1.1 PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

As pessoas no decorrer de um dia repleto de atividades, geram uma quantidade


enorme de lixo, o que é inevitável. O lixo é um material em que a população procura
livrar-se o mais rápido possível e até pagam para isso.

Todos os dias, o lixo gerado pela sociedade, o que era apenas um incomodo
doméstico, após ser ensacado, na grande maioria de qualquer forma (sem a
separação da fração orgânica, reciclável e rejeitos), se torna um grande incomodo
do encargo público, quando dispostos na rua para ser coletado. Este fato vem se
tornando um dos maiores problemas da sociedade moderna, pois cada vez mais as
pessoas estão consumistas, em decorrência disso, há um crescimento assustador
do volume de lixo produzido pela sociedade. Ao mesmo tempo em que esta
produção de lixo aumenta, se tornam cada vez mais escassas e caras as
alternativas para a disposição final destes resíduos. Além disso, temos que levar em
conta a poluição ambiental decorrente da disposição final inadequada, o que pode
levar a um grande desequilíbrio ambiental e danos à saúde pública.

Estima-se que a população mundial, hoje de mais de 6 bilhões de habitantes,


esteja gerando 30 bilhões de toneledas de lixo por ano. Vivemos numa sociedade
que estimula o consumo e a produção em grande escala. A filosofia do descartável e
do excesso de embalagens predomina em diversos setores do mercado o que
significa diretamente mais rejeitos. Em 1995, o Brasil produzia 241.614 toneladas de
lixo por dia, e 76% ficava exposto a céu aberto em lixões. Grande parte do lixo ainda
não é coletado permanecendo junto às residências. A produção de lixo "per capita"
hoje gira em torno de 600g/hab/dia e há poucos aterros sanitários ou aterros
controlados no Brasil. Em São Paulo, por exemplo, estima-se que cada habitante
produz 1 kg de lixo por dia. Este valor tende a crescer, tornando a problemática do
lixo inexorável e irreversível e legitimando a necessidade de alternativas eficazes e
custo-efetivas.

1
Diante do exposto, é necessário que sejam implantados programas de
minimização, controle de desperdício, reutilização e reciclagem dos resíduos
gerados pela população. Estas medidas não devem partir apenas das entidades
governamentais, mas também, de organizações não governamentais, e
principalmente, de iniciativas comunitárias em todos os níveis sociais. Para que
estes programas possam ser realmente implantados, é necessário que se
argumente fortemente sobre o proposto. Por muito tempo, os argumentos
ressaltavam apenas os ganhos ambientais, mas, em uma sociedade totalmente
capitalista em que vivemos hoje em dia, se torna necessário evidenciar os ganhos
econômicos decorrentes destes programas.

1.2 PROPOSTA DO TRABALHO

Visando contribuir com o enorme problema do lixo na sociedade, o presente


estudo propõe, o aproveitamento dos resíduos sólidos orgânicos do município de
Toledo no estado do Paraná.

O município possui uma população estimada de 104.332 habitantes. Toledo


gera aproximadamente 17.000 toneladas de lixo por ano. Para o aproveitamento
destes resíduos será proposto que o lixo gerado pela população de Toledo, antes de
ser disposto no aterro sanitário, passe por uma usina de triagem e compostagem, já
que, este sistema é o mais eficiente em relação à reciclagem de resíduos orgânicos.

Cerca de 50% dos resíduos domiciliares do município são orgânicos, toda esta
matéria pode ser transformada em composto orgânico. Este processo irá trazer
vários benefícios para o município, tais como: redução de cerca de 50% do lixo
destinado ao aterro, aumento da vida útil do aterro, aproveitamento agrícola da
matéria orgânica, reciclagem de nutrientes para o solo, processo ambientalmente
seguro e eliminação de patógenos. Além disso, contribuirá para a melhoria da
qualidade sócio – econômica e ambiental do município de Toledo – PR.

2
2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Propor um sistema de tratamento e aproveitamento da fração orgânica dos


resíduos sólidos domiciliares do município de Toledo – PR.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar as características físicas percentuais dos resíduos sólidos


domiciliares gerados no município.
• Definir o método mais indicado para o tratamento e aproveitamento da
fração orgânica do lixo domiciliar, de acordo com as características do
local de estudo.
• Dimensionar a área necessária do pátio de compostagem, para que o
processo de degradação da matéria orgânica seja eficiente.

3
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 COMPOSTAGEM NO BRASIL

Estima-se que a população mundial, já ultrapassou de 6 bilhões de


habitantes, portanto, estão gerando aproximadamente 30 bilhões de toneladas de
resíduos sólidos por ano. Um dos grandes problemas da atualidade é o que fazer
com esta quantidade de resíduos gerada diariamente no decorrer das atividades
humanas. Uma das soluções, entre outras, são as usinas de compostagem
(D'ALMEIDA; VILHENA, 2000, pg. 03). Segundo dados do IBGE referente a 1989,
publicados em 1992, existem 80 usinas de compostagem no Brasil, mas infelizmente
a maioria delas está desativada por falta de uma política mais séria, além da falta de
preparo técnico no setor. Inclusive, na maioria dessas usinas, as condições de
trabalho são precárias, o aspecto do local é muito sujo e desorganizado e não existe
controle de qualidade do sistema de compostagem e nem do composto a ser
utilizado em solo destinado à agricultura.
No Brasil, apenas 0,9 % dos resíduos coletados são destinados as usinas de
compostagem, onde a grande maioria são depositados a céu aberto (ver figura 3.1).

70%

17%
13%
0,9% 0,1%

A céu Aterro Aterro Usina de Incineração


aberto sanitário controlado compostagem

Figura 3.1 – Formas de Disposição Final dos Resíduos Sólidos no Brasil

Fonte: IPT/CEMPRE (2002) – citado no CD-ROM do Programa Desperdício Zero.

4
O composto tem em média 2,5% da soma dos nutrientes nitrogênio, fósforo
e potássio – NPK e o seu valor oscila entre R$40,00 e R$150,00 a tonelada.

A figura 3.1.2, mostra que a fração orgânica do lixo gerado no Brasil é de


52 % (IPT,2002), porém, apenas 1,5 % destes são reciclados (CEMPRE, 2005).

Figura 3.1.2 – Perfil qualitativo do Lixo gerado no Brasil.

Fonte: IPT (2002) – citado no CD-ROM do Programa Desperdício Zero.

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TOLEDO-PR

3.2.1 Histórico e aspectos sócio-econômicos

O Município de Toledo está localizado no Oeste do Paraná, em ponto


estratégico em relação aos maiores centros comerciais do Mercosul. Teve sua
colonização iniciada em 1946 pela Colonizadora Madeireira Rio Paraná (Maripá) e
sua emancipação política em 1952, sendo desmembrado do município de Foz do
Iguaçu. Sua população é formada basicamente por descendentes de italianos e
alemães (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE TOLEDO).
5
Com uma área urbana de 54.56 km2, possui uma população de 98.200
habitantes, estando 85.920 na zona urbana e 12280 na zona rural (IBGE, 2000).

O desenvolvimento econômico do Município se deu em torno da economia


das comunidades agrícolas. Posteriormente a modernização agrícola, Toledo é forte
na agricultura e possui um grande rebanho de suínos que o caracteriza como dos
maiores do país. Sua indústria está em consolidação e é bastante diversificada,
tanto no porte como na produção. Destaque para a SADIA, calçados BOMBONATO,
ONDINA de plásticos, COOPAGRO - Cooperativa Mista, SUDCOOP recepção e
resfriamento do leite e de ração PREMIX (SEDU - PARANACIDADE).

3.2.2 Localização geográfica no estado do Paraná

O município de Toledo, com uma extensão territorial de 1.140,75 Km², está


localizado na região oeste do estado do Paraná (ver figura 3.2.2), limitando-se com
os municípios de Nova Santa Rosa, Iguaçu, Marechal Cândido Rondon, Quatro
Pontes e Ouro Verde do Oeste.
A cidade de Toledo, com altitude de 574 metros, está inserida nas seguintes
coordenadas geográficas: latitude Sul 24° 45’ 00” e Longitude Oeste de Greenwich
53° 41’ 00”.
O município apresenta aeroporto comercial de pequeno porte e as ligações
rodoviárias mais importantes, com respectivas distâncias:

• Curitiba 549 km
• Porto de Paranaguá 640 km
• Campo Mourão 234 km
• Foz do Iguaçu 150 km
• Cascavel 46 km
(SEDU - PARANACIDADE)

6
Figura 3.2.2 – Localização geográfica de Toledo no estado do Paraná

3.2.3 Coleta, transporte e destinação final dos resíduos domiciliares

A coleta dos Resíduos Sólidos Domiciliares é feita pela empresa terceirizada,


Transportec, que vem desenvolvendo esta atividade em Toledo desde setembro de
1997 e a será garantida até o ano de 2005, quando será realizada nova licitação.

A empresa possui quatro caminhões com capacidade para 8 toneladas de


lixo, trabalhando com uma compactação máxima da ordem de 4:1. O sistema de
coleta está dividido em nove setores (ver tabela 3.2.3), estes setores não
correspondem aos distritos, pois estão distribuídos em pontos estratégicos ao longo
das delimitações do município, abrangendo cerca de 90.541,46 habitantes, contando
com a coleta realizada nos dois distritos, Vila Nova e Novo Sarandi.
7
Tabela 3.2.3 - Setores com os turnos e respectivos dias de coleta
Setor Turno Dias da Semana
1 Noturno Todos os dias
2 Noturno Terça – feira, Quinta – feira e Sábado
3 Noturno Segunda – feira, Quarta – feira e Sexta - feira
4 Noturno Segunda – feira, Quarta – feira e Sexta - feira
5 Noturno Terça – feira, Quinta – feira e Sábado
6 Diurno Segunda – feira, Quarta – feira e Sexta - feira
7 Diurno Terça – feira, Quinta – feira e Sábado
8 Diurno Segunda – feira, Quarta – feira e Sexta - feira
9 Diurno Terça – feira, Quinta – feira e Sábado
Fonte: Prefeitura do município de Toledo, 2004

Todo este resíduo coletado é levado para o Aterro Sanitário Municipal


localizado na Linha São Francisco, na PR 317, há 9 quilômetros do centro da
cidade. Com uma área de 48.400 metros quadrados e projetado para um volume útil
de 372.721,61 metros cúbicos de resíduos, dispondo-se 0,80 toneladas por metro
cúbico, tem vida útil estimada em 16 anos e 1 mês (PREFEITURA DO MUNICÍPIO
DE TOLEDO).

3.2.4. Caracterização dos resíduos sólidos domiciliares de Toledo – PR

O município conta com um programa de coleta seletiva dos resíduos sólidos,


o Programa Lixo Útil, no qual, existem duas formas básicas de retirada dos materiais
recicláveis: a coleta porta a porta e os pontos fixos de troca e entrega voluntária.

Na coleta porta a porta, um veículo é utilizado para esta coleta e o material


recolhido é selecionado por tipo e acondicionado de acordo com os interesses de
comercialização. Atualmente, são 5.400 domicílios atendidos com este programa.

Os pontos fixos de troca e entrega voluntária, só recebem o material se


estiver limpo e previamente separado pelos participantes, ou seja, o papel separado
8
do plástico, do vidro e dos metais, o que elimina a mão de obra para posterior
separação, são 2.830 famílias cadastradas participando regularmente da troca do
resíduos por cestas básicas.

O programa foi implantado em novembro de 1994, com o objetivo de reduzir


os resíduos gerados, a separação para a reciclagem e o destino final adequado dos
rejeitos.

Toledo gera aproximadamente 17.000 toneladas de lixo por ano, ou seja,


46.575 kg por dia. A tabela 3.2.4 e a figura 3.2.4 apresentam um resumo dos
resultados da caracterização dos resíduos sólidos domiciliares, realizado por um
processo de amostragem (quarteamento), (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE
TOLEDO).

Tabela 3.2.4 - Composição física e percentual dos resíduos domiciliares


Setor Amostra (kg) Papel Plástico Vidro Metal M.O Outros
1 208 27,9 22,9 2,2 3,8 90 56,1
2 217,2 10,5 34,1 2,1 2,4 136,6 20,7
3 224,8 11,8 33,1 2,5 4,3 129,7 35,6
4 249,8 18,7 51,1 5 4,8 157,5 8
5 227,1 30,1 19,1 2,5 2,7 144,8 19,7
6 261,3 55,2 32,1 4,75 4,2 139,1 17
7 305,3 12,2 37,6 2,6 4,3 118,2 111,2
8 194,2 15,1 18,4 1 0,5 144,6 12,4
9 221,5 8,5 35,6 5,6 6,5 128,9 25,3
Total 2109,2 190 284 28,25 33,5 1189,4 306
Média 234,35 21,11 31,55 3,14 3,72 132,16 34
% TOTAL 9,008 13,46 1,34 1,59 56,39 14,5
Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE TOLEDO - PR, 2004.

9
Matéria
orgânica Outros
56,39% 14,5%
Papel
9,008%
Plástico
13,46%
Vidro
1,34%
Metal
1,59%

Figura 3.2.4 - Resumo percentual do resíduo domiciliar de Toledo – PR

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE TOLEDO - PR, 2004.

3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

a) Quanto à origem dos resíduos sólidos

• Domiciliar;

• Comercial;

• Industrial;

• Serviços de Saúde;

• Portos, Aeroportos, Terminais Ferroviários e Terminais Rodoviários;

• Agrícola;

• Industrial;

• Construção Civil (D'ALMEIDA; VILHENA, 2000, pg. 03).

b) Conforme a ABNT NBR 1004: 2004

• Resíduos classe l – Perigosos


• Resíduos classe ll – Não perigosos
10
• Resíduos classe ll A – Não inertes
• Resíduos classe ll B – Inertes

b.1) Resíduos classe l – Perigosos

São aqueles que em função de suas propriedades físicas, químicas ou


infecto-contagiosas, podem apresentar risco a saúde pública ou ao meio ambiente.
Também apresentar características como: inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade.

b.2) Resíduo classe ll – Não perigosos

São descritos a seguir, segundo o anexo H da ABNT NBR 10004:2004.


São estes: resíduos de restaurante (restos de comida), sucatas de metais ferrosos,
sucata de metais não ferrosos (latão, etc.), resíduo de papel e papelão, resíduos de
plásticos polimerizados, resíduos de borracha, resíduos de madeira, resíduos de
materiais têxteis, resíduos de minerais não-metálicos, areia de fundição, bagaço de
cana e outros resíduos não perigosos.

b.3) Resíduo classe ll A – Não inertes

São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe l –


Perigosos ou de resíduos classe ll B – Inertes.
Os resíduos desta classe não podem apresentar propriedades de
biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

b.4) Resíduos classe ll B - Inertes

São os resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa,


segundo a ABNT NBR 10007:2004, e submetidos a um contato dinâmico e estático
com água destilada e desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR
10006:2004, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a

11
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se
aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G da ABNT NBR
10004:2004.

3.4 COMPOSTAGEM – CONCEITO E DEFINIÇÃO

A compostagem é considerada também, um processo de reciclagem, pois se


trata de um processo biológico aeróbio e controlado de tratamento e transformação
da matéria orgânica em húmus pela ação de microorganismos já presentes no
próprio resíduo ou por meio de inoculantes (LINDENBERG, 1994, pg.13).
Como se trata de um processo biológico desenvolvido por microorganismos,
há necessidade, de controle sobre alguns fatores. Assim, propiciando para os
microorganismos, um ambiente favorável para a degradação, à estabilização e a
humificação da matéria orgânica bruta. Além disso, este controle tem como objetivo
viabilizar o potencial de fertilização da matéria orgânica e de evitar potenciais fatores
adversos que causam impactos ao meio ambiente. Com relação aos fatores a serem
controlados, que afetam a compostagem, tem-se: a umidade, oxigenação,
temperatura, concentração de nutrientes, tamanho da partícula e o ph (PEREIRA
NETO, 1999, pg.40).
Como resultados desse processo biológico, serão gerados dois componentes
importantes: sais minerais, contendo nutrientes indispensáveis para as raízes das
plantas, e húmus, um componente necessário para desenvolver as propriedades
físicas, físico-químicas e biológicas do solo (KIEHL, 1998, pg.2).
A compostagem já é praticada a muito tempo no meio rural utilizando restos
vegetais e estercos de animais. O lixo domiciliar também pode ser utilizado, desde
que de forma controlada. No contexto brasileiro, este processo é de grande
importância, já que a fração orgânica do lixo municipal está situada em torno de 50%
(LIMA, 2001, pg.196).

12
3.5. CONSIDERAÇÕES SOBRE A COMPOSTAGEM

O constante crescimento populacional, associado a um aumento significativo de


resíduos sólidos, tem sido um grande desafio da sociedade moderna. As
dificuldades administrativas, técnicas e financeiras dos órgãos municipais de limpeza
urbana, impedem que este serviço seja executado de forma correta, resultado em
uma ameaça a saúde pública e ao meio ambiente.
Com base na problemática dos resíduos sólidos, uma das soluções está na
compostagem, cujo principal objetivo é estabilizar e humificar a matéria orgânica
com alto grau de contaminação biológica por organismos de origem humana, animal
e vegetal.
A compostagem é um processo que apresenta no tratamento de resíduos
orgânicos, alta eficiência. Por sua vez, só é obtida quando os parâmetros do projeto
(umidade, oxigenação e temperatura) estiverem sob controle e dentro do tempo
possível para estabilizar a matéria orgânica.
A necessidade do controle dos parâmetros do projeto advém dos sérios
problemas a saúde pública e ao meio ambiente, caso a operacionalização do
processo não siga rigorosamente os critérios técnicos preconizados.
A compostagem, por sua vez, tem uma função de grande relevância, que é
absorver mais da metade dos resíduos gerados, além de fornecer um tratamento
seguro capaz de propiciar vários benefícios à sociedade e ao meio ambiente, tais
como:

• Produção de um composto orgânico estabilizado e seguro, podendo ser


comercializado para uso agrícola;
• Melhoria da qualidade do solo, consequentemente, aumento da
produtividade;
• Melhoria das condições de saúde pública, devido a eliminação das doenças
relacionadas ao lixo;
• Melhoria da qualidade ambiental, com a eliminação da poluição associada
aos resíduos sólidos;
• Aumento da flexibilidade do sistema de limpeza urbana;

13
• Economia de energia e de recursos naturais;
• Aumento da vida útil dos aterros;
• Os rejeito podem ser lançados nos aterros, sem causar problemas com
relação a formação de gases e de chorume;
• A instalação e a operação da usina não causam nenhuma poluição
atmosférica ou hídrica.

Há também a necessidade de relatar as dificuldades da implantação da


unidade de compostagem. Estas estão relacionadas ao mercado para revender
seus produtos e a necessidade de um sistema de disposição final, como por
exemplo um aterro sanitário, próximo a usina, pois sem essa condição o sistema
de tratamento dos resíduos orgânicos pode tornar-se oneroso.

3.6 COMPOSTAGEM NATURAL

A compostagem natural é um método, em que, a matéria orgânica do lixo


domiciliar, antes de ser compostada, é submetida a um tratamento prévio sem
passar por aparelhos digestores. Este tratamento consiste na separação por catação
dos componentes que não possuem função no processo da compostagem (papel,
papelão, plásticos filmes e plásticos rijos, metais ferrosos e não ferrosos, vidros e
trapos) que poderão ser comercializados em função do mercado. Em seguida passa
por um tratamento mecânico dos resíduos, como peneiramento, seguido da moagem
do lixo, havendo neste caso a separação de componentes que possam danificar o
moinho. No final deste tratamento prévio, o resíduo passará por uma leve trituração,
peneiramento e disposição no pátio de compostagem, onde se dará a maturação da
matéria orgânica (KIEHL, 1985, pg. 322).
A reciclagem da matéria orgânica leva de 45 a 60 dias para atingir a
bioestabilização e de 90 a 120 dias para humificação (LIMA, 2001, pg. 197).
É um método recomendado para municípios com população inferior a 200 mil
habitantes, em locais distantes dos grandes centros urbanos, porém de fácil acesso
e terrenos de baixo valor. Recomenda-se que junto à usina de compostagem, se
tenha um aterro de rejeitos para os materiais que não possuam relevância para o

14
tratamento da matéria orgânica, como os rejeitos e também os recicláveis que não
possuem mercado (KIEHL, 1998, pg. 58).

3.7 CLASSIFICAÇÃO DO COMPOSTO

a) Matéria orgânica crua

É um material que pode ser danoso devido à presença de metais pesados ou


microorganismos patogênicos.
Não é recomendável para o uso como fertilizante, porém, serve de matéria
prima para a compostagem para a transformação em composto, com isso, poderá
ser utilizado como fertilizante orgânico (KIEHL, 1998, pg.36).

b) Composto imaturo

É a matéria orgânica que já entrou em processo de degradação parcial, mas


ainda não pode ser considerada bioestabilizada, pois, a relação C/N
(carbono/nitrogênio) é alta e outros parâmetros que identificam um composto
semicurado.
O composto somente pode ser utilizado para seus usos indicados após ter
atingido a fase termófila por vários dias (KIEHL, 1998, pg.36).

c) Composto curado ou biestabilizado

Não é considerado danoso, pois sua relação C/N é igual ou menor que 18/1,
o pH está acima de 6 e permaneceu um bom período na fase termófila. Este
composto pode ser aplicado no fundo do sulco de plantio juntamente com as
sementes ou em contato com as raízes sem ser danoso a vida vegetal (KIEHL,
1998, pg.36).

15
d) Composto maturado ou humificado

Apresenta boas qualidades físicas, químicas e físico-químicas. Devido ao


longo período de decomposição, o composto está altamente estabilizado.
Pode ser usado sem restrições na agricultura, contendo húmus e sais
minerais essenciais para a vida vegetal (KIEHL, 1998, pg.36).

3.8 CONFIGURAÇÃO DAS LEIRAS

A compostagem feita em pátio descoberto, sobre piso de terra ou


pavimentada e dispondo o material em leiras é o processo mais comum e mais
econômico.
A figura 3.8 mostra que as leiras podem ter seções triangular, trapezoidal, ou
ainda, o formato cônico.

Figura 3.8 - Formato das leiras de compostagem


Fonte: KIEHL (1998, pg. 53)

As pilhas com seção trapezoidal não são recomendadas para locais onde
ocorrem muitas chuvas, pois esta forma favorece a infiltração de água. Já as leiras
com seções triangular favorecem o escorrimento das águas da chuva (ver figura
3.8.1), evitando que fiquem com excesso de umidade (KIEHL, 1985, pg.265).

16
Figura 3.8.1 - Leira com seção triangular, evitando a infiltração de água.
Fonte: KIEHL (1985, pg. 268)

A decomposição da matéria orgânica se processa com o mínimo de material


que possa montar leiras com altura entre 1,5 a 1,8 m. O comprimento está
relacionado com a quantidade de material e a conformação física do pátio de
compostagem, deve situar-se 3,5 e 4,0 m de base (PEREIRA NETO, 1996, pg.32).
Caso as leiras estejam acima do limite recomendado, irão possuir menor
aeração natural, e maior produção de chorume quando o material tiver com excesso
de umidade. Com isso, nas camadas inferiores o processo, será anaeróbio,
desprendendo o mau cheiro e atrasando o tempo de maturação do composto.
Quando as leiras forem muito baixas, perderão umidade e calor rapidamente,
e a temperatura ótima para a eliminação de microorganismos patogênicos poderá
não ser alcançada.
Com a compostagem haverá uma redução do volume inicial da leira e
diminuição da sua altura. Está redução pode ser de 17% a 33% (KIEHL, 1998,
pg.52)

3.8.1 Ciclo de reviramento das leiras

Além dos fatores que afetam a compostagem, o ciclo de reviramento também


necessita de um rígido controle.

17
O ciclo de reviramento possui duas funções básicas: propiciar a aeração da
massa e dissipar as altas temperaturas (>65°C) desenvolvidas na fase ativa de
degradação.
O ciclo de reviramento deve ser feito a cada três dias, com isso, irá favorecer
a atividade microbiológica, homogeneizar a massa, favorecer a degradação e
exercer ações físicas de quebra das partículas. Já os ciclos com espaçamento maior
que três dias, não atenderão a demanda mínima de oxigênio necessária para que os
microorganismos estabilizem a matéria orgânica (PEREIRA NETO, 1996, pg.33).

3.9 MICROBIOLOGIA DO PROCESSO

Uma população diversificada de bactérias, fungos e actinomicetos, conduzem


à decomposição ou estabilização da matéria orgânica durante o processo de
compostagem. Com isso, é necessário oferecer condições ambientais ótimas aos
microorganismos para garantir uma satisfatória eficiência no processo.
A matéria prima a ser compostada, já apresenta naturalmente um grande
número de microorganismos, que apresentam propriedades para degradar vários
compostos orgânicos.
Os microorganismos apresentam características fisiológicas com relação ao
oxigênio e a temperatura. Com respeito ao oxigênio, os microorganismos podem ser
aeróbios, aqueles que requerem oxigênio; anaeróbios, aqueles que não necessitam
de oxigênio livre; e facultativos, aqueles que podem crescer na ausência ou
presença de oxigênio livre. Em relação à variação da temperatura, os
microorganismos podem ser classificados como psicrófilos, aqueles que são ativos a
temperaturas de 10 a 20°C; mesófilos, ativos a temperaturas de 20 a 45°C; e
termófilos, aqueles que são ativos a temperaturas de 45 a 65°C.
No processo da compostagem os microorganismos que prevalecem são os
aeróbios, facultativos, os mesófilos e os termófilos.
As bactérias são responsáveis pela degradação da matéria orgânica, gerando
calor.

18
Os fungos são bastante eficientes na faixa termolífica e na degradação de
compostos carbonáceos.
Os actnomicetos apresentam uma função muito importante, pois, degradam
substâncias normalmente não decompostas por bactérias e fungos( PEREIRA
NETO, 1996, pg.29).

3.10 PREPARO DA MATÉRIA - PRIMA

Os resíduos a serem compostados devem sofrer um tratamento prévio para


que adquiram características físicas e químicas mais adequadas para a eficiência do
processo.
Na compostagem da fração orgânica do lixo domiciliar, não há necessidade
de adicionar materiais auxiliares ao processo (inóculos, aditivos naturais, etc.), pois
estes resíduos são bastante heterogêneos. Dessa forma, garantem o equilíbrio
nutricional e a flora de microorganismos bem diversificada capazes de degradar
esse material, resultando na alta eficiência do processo.
A matéria-prima deve estar livre de materiais inertes, partículas com diâmetro
médio de 35 mm, umidade satisfatória de 55%, concentração adequada de
nutrientes e uma relação carbono/nitrogênio próxima a 35/1(PEREIRA NETO, 1996,
pg.31).

3.11 FATORES QUE AFETAM A COMPOSTAGEM

3.11.1 Umidade

O controle da umidade é um fator necessário e importantíssimo ao processo,


por evitar a anaerobiose. A presença de água na massa de compostagem é
imprescindível para as necessidades fisiológicas dos microorganismos, se a
umidade da massa de compostagem estiver abaixo de 40%, a decomposição será
lenta, por causa da baixa atividade das bactérias, assim, predominando a ação dos
fungos. Se a umidade estiver acima de 60%, o substrato orgânico, é considerado
encharcado, com isso, a água preenche os espaços vazios de ar e parte da

19
decomposição será anaeróbia, podendo ocorrer maus odores. Portanto, a umidade
deve sempre estar acima de 40% e abaixo de 60%, sendo o valor ótimo de 55%.
O excesso de umidade pode ser reduzido por meio de revolvimentos
periódicos, pela formação de leiras de menor altura e pelo método de aeração
forçada.
A perda de água pode ser dada na forma de vapor devido ao calor gerado no
interior das leiras e também pela ação dos ventos, que remove a camada saturada
de vapor que se forma em volta da massa de compostagem, ressecando-a. Além
disso, o calor do sol também contribui para o ressecamento da camada externa.
A reposição de água do material compostado deve ser feita juntamente com o
processo de revolvimeto da leira, através de um chuveiro fino de modo uniforme por
todo o material. Isso, para que a água não caminhe por canais preferenciais,
escorrendo pela base da pilha formando chorume e mantendo a maior parte do
composto seco. Com isso, é necessário que se entenda que a umidade não deve
ser controlada isoladamente, pois ela interage diretamente com a temperatura
(KIEHL, 1998, pg.36).
No final do processo, a umidade do composto para o uso agrícola deve ser no
máximo de 40% (LIMA, 2001, pg. 196).

3.11.2 Oxigenação

Como a compostagem é um processo aeróbio, a aeração tem como objetivo


suprir a demanda de oxigênio necessária para a atividade microbiológica, além de
atuar como um agente controlador da temperatura. Entretanto, há necessidade de
promover a aeração na leira. Esta aeração pode ser por processos artificial
(mecânicos) ou natural (reviramentos), em média, o reviramento dos resíduos
orgânicos urbanos é de dois reviramentos por semana.
O calor proveniente da oxidação biológica da matéria orgânica fica retido na
leira de compostagem devido às características isolante-térmicas da matéria
orgânica. Durante o reviramento, o calor é liberado ao meio ambiente em forma de
vapor de água. A partir deste momento, há necessidade de repor esta perda de

20
água para corrigir o teor de umidade da massa compostada (PEREIRA NETO, 1996,
pg.22).
A renovação do ar no interior das leiras é muito importante, pois o teor de gás
carbônico presente no interior das leiras pode chegar a concentrações cem vezes
maiores que seu conteúdo normal na atmosfera.

O revolvimento das leiras, ao mesmo tempo em que introduz ares novos,


ricos em oxigênio, libera o ar contido na leira, saturado de gás carbônico gerado pela
respiração das bactérias.

A concentração de oxigênio pode ser alta, cerca de 18% na camada mais


externada leira, na profundidade de até 30 a 40 centímetros, entre 40 e 70
centímetros o teor é bem menor, de 5 a 10%, enquanto na base da pilha o teor é de
zero ou 1 a 2%(KIEHL, 1998, pg.39).

Com isso, o revolvimento das leiras tem por finalidade, remover o excesso de
gás carbônico da leira, homogeneizar a massa de compostagem e efetuar o controle
sanitário da leira. Além disso, o revolvimento assegura a homogeneização, da
massa, pois, ao esfregar as partículas uma contra a outra, provoca um processo de
abrasão que resulta em uma redução do tamanho das partículas moles, matérial
orgânico, e um aumento da superfície exposta, de forma a facilitar a atividade dos
microorganismos (Fuzaro,1994, pg.26).

3.11.3 Temperatura

Os microorganismos presentes na compostagem possuem metabolismo


exotérmico, ou seja, no processo de decomposição da matéria orgânica, os
microorganismos geram calor elevando a temperatura das leiras. O primeiro indício
de que a matéria orgânica começou a decomposição, é a presença de calor no
substrato. Se dentro de alguns dias não ocorrer à elevação da temperatura,
provavelmente, é por causa do excesso de umidade presente na massa de
compostagem. Com isso, é necessário, fazer uma coleta da amostra para que haja a
confirmação do teor de água presente no composto (KIEHL, 1998, pg.46).

21
A temperatura é o fator mais indicativo da eficiência do processo, acelerando
a degradação, além disso, tornar-se uma grande “ferramenta” de eliminação de
patógenos (larvas de insetos, ovos de parasitas, sementes de ervas daninhas, etc.),
para isso, deve manter-se preferencialmente entre 55°C a 65°C (PEREIRA NETO,
1999, pg. 42).
As leiras, após sua montagem, no período de 12 a 24 horas devem começar a
apresentar temperaturas termofílicas (45-65°C). Essas devem permanecer durante
toda a primeira fase do processo, ou seja, fase de degradação ativa. A segunda fase
do processo, ou seja, a fase da maturação ou cura, é indicada pelo registro de
temperaturas mesofílicas (30-45°C).
As leiras de compostagem necessitam de alguns fatores para favorecer o
bom desenvolvimento da temperatura, tais como:

• As características da matéria-prima.
• O tipo de sistema utilizado.
• O controle operacional (teor de umidade, ciclo de reviramento,
temperatura).
• A configuração geométrica das leiras (PEREIRA NETO, 1996, 23).

Na figura 3.11.3, será demonstrado as diferentes temperaturas na área da


leira de compostagem.

22
Figura 3.11.3 - Distribuição da temperatura na massa de compostagem.
Fonte: AISSE; OBLADEN (1981, pg. 31).

3.11.4 Concentração de nutrientes

Para obter maior eficiência no processo de compostagem, é indispensável


que os resíduos orgânicos que compõem as leiras, sejam bem diversificados. Com
isso, mais diversificados serão os nutrientes, conseqüentemente, a população
microbiológica.
Os microorganismos necessitam de dois nutrientes de extrema importância
para sua atividade metabólica, o carbono e o nitrogênio, cuja concentração e
disponibilidade de ambos constituem fatores limitantes no processo de
compostagem.
A função do carbono é atuar como fonte básica para as atividades vitais dos
microorganismos. Já a função do nitrogênio, é fonte básica para reprodução
protoplasmática dos microorganismos.
Segundo literaturas especializadas, a relação carbono/nitrogênio satisfatória
para obtenção de uma alta eficiência no processo de tratamento biológico de
resíduos sólidos orgânicos deve situar-se entorno de 30:1, essa relação deve ser
criteriosamente balançada.

23
Quando houver excesso de carbono o período de compostagem será
aumentado, neste caso, o nitrogênio necessário é obtido das células mortas dos
microorganismos. Quando apresentar maior concentração de nitrogênio em relação
à concentração de carbono, haverá perda de nitrogênio por meio da liberação da
amônia até que a relação carbono/nitrogênio seja satisfatória ao processo (PEREIRA
NETO, 1996, pg.25).
A relação carbono nitrogênio ao final do processo, ou seja, o produto
humificado, deve estar entre 8/1 e 12/1. Ela indica ainda que o composto com
relação 18/1 ou um pouco menor já pode ser utilizado nas plantas como fertilizante
orgânico sem causar danos. Mesmo sendo um parâmetro confiável, deve-se verificar
outros dois ou mais parâmetros para a confirmação da decomposição final da
matéria orgânica, por exemplo, o índice de pH e a ausência de nitrogênio amoniacal
(KIEHL, 1998, pg.47).
A figura 3.11.4, demonstra como ocorrem as fases de decomposição da
matéria orgânica, conforme a relação carbono/nitrogênio.

Figura 3.11.4 - Fases de decomposição conforme relação C/N.


Fonte: KIEHL (1985, pg. 257)

24
3.11.5 Tamanho das partículas

O tamanho das partículas é de fundamental importância para o bom


desempenho da compostagem. A decomposição da matéria orgânica está
diretamente ligada com a área de exposição ou superfície específica apresentada
pelo material, ou seja, quanto menor a partícula, maior é a superfície que pode ser
atacada e digerida pelos microorganismos, consequentemente a decomposição da
matéria orgânica será mais rápida. Entretanto, teoricamente, a partículas menores
teriam rápida decomposição, mas na prática, a granulometria muito fina trás sérios
problemas de aeração, compactação e encharcamento, entre outros (KIEHL, 1998,
pg.48).
Antes da montagem das leiras, os resíduos devem passar por um processo
de correção tamanho do tamanho das partículas, o que favorece a homogeneização
da massa de compostagem, melhoria na porosidade, menor compactação e maior
capacidade de aeração. Na prática o tamanho das partículas deve situar-se entre 10
a 50 mm (PEREIRA NETO, 1996, pg.27).

3.11.6 PH

A reação da matéria orgânica, seja ela vegetal ou animal, geralmente é ácida,


pois o sulco celular dos vegetais, o sangue, as fezes, a urina dos animais, são de
natureza ácida. No decorrer do processo de decomposição da matéria orgânica o ph
se eleva, passando pelo pH 7,0 (neutro) e alcançando o pH superior a 8,0 (básico)
(KIEHL, 1998, pg.09).
Segundo alguns trabalhos citados pela bibliografia registram que a faixa ótima
para a compostagem deve situar-se entre 6,5 a 8,0. Entretanto, em experiências
realizadas pelo Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental – LESA, da
Universidade Federal de Viçosa – UFV, indicam que a compostagem se desenvolve
com uma faixa mais ampla de pH, entre 4,5 a 9,5.
Um fato que é visto como um grande benefício do sistema, é que, o produto
final da compostagem (composto orgânico), tem um pH entre 7,5 a 9,0 (ver figura

25
3.11.6), o que permite a aplicação do composto orgânico na correção de solos
ácidos (PEREIRA NETO, 1996, pg.27).

Figura 3.11.6 - Variação de pH do composto de acordo com o tempo de


compostagem.
Fonte: KIEHL (1985, pg.289).

3.12 BENEFICIAMENTO DO COMPOSTO

Quando o período de degradação ativa terminar, indicada pelo decaimento da


temperatura, não haverá mais necessidade de reviramento e correção da umidade.
Na maturação, o material terá uma coloração escura (marrom escuro a preto).
Para indicar o termino da fase de maturação, é necessário que seja feita análises de
sólidos voláteis ou da relação carbono/nitrogênio, ou também, um teste que avalie o
índice de germinação de sementes, utilizando o composto como substrato
(PEREIRA NETO, 1996, pg.37).
O beneficiamento é um tratamento que procura melhorar a qualidade do
composto através das seguintes operações:
• Secagem: deverá ser feita quando houver excesso de umidade no
fertilizante orgânico, o máximo permitido pela legislação é de 40%. Com
essa operação, ocorrerão as seguintes vantagens: o transporte será mais
26
prático, pois terá o mesmo volume com menor peso; os maus odores
serão reduzidos; o material mais seco pode ser empilhado sem o
problema de entrar em processo de putrefação.
• Moagem ou trituração: melhoram a aparência do fertilizante orgânico a ser
comercializado, porém, só deve ser efetuada com o composto acabado,
com um teor mínimo de umidade e um separamento de inertes através do
peneiramento. Caso o peneiramento não ocorra, o teor de matéria
orgânica irá baixar consideravelmente, pois haverá a incorporação de
inertes (cacos de vidro, tijolo, louça, etc.) no composto com a moagem ou
trituração.
• Peneiramento: tem como finalidade uniformizar o tamanho das partículas
que foram moídas ou trituradas. O composto de boa qualidade deve
passar por peneira de 12 milímetros de abertura. Com essa granulometria,
pedaços de vidro, louça, plástico, madeira, tijolo, não serão visíveis a olho
nu, geralmente estes matériais inertes não ultrapassam dois por cento do
produto (KIEHL, 1998, pg.148).

3.13 USO DO COMPOSTO NA AGRICULTURA

O composto obtido pelo tratamento do lixo domiciliar, contém elevado teor de


matéria orgânica de alta qualidade, sendo considerado um adubo fornecedor de
macronutrientes e micronutrientes para o solo.
O principal valor do fertilizante orgânico não está em seus elementos
químicos nutrientes, mas em suas propriedades de condicionador físico do solo
(FUZARO, 1994, pg. 54).
Com isso, o composto exerce vários efeitos nas propriedades do solo, que
resultam no aumento da produtividade. Ele é indicado para o uso em atividades
como, por exemplo:

• Horticultura;
• Fruticultura;
• Produção de grãos;

27
• Parques, jardins e “playgrouds”;
• Projetos paisagísticos;
• Reflorestamento;
• Hortos e produção de mudas;
• Recuperação de solos esgotados e degradados;
• Controle da erosão;
• Proteção de encostas e taludes;
• Cobertura de aterros, etc.

Os teores de aplicação dependem das características do próprio fertilizante


orgânico, do solo, do clima, do tipo de cultura, a atividade agrícola, a forma de
adubação, entre outros aspectos. Desse modo, para atividades agrícolas o valor
médio de aplicação do fertilizante orgânico é de 15 t/ ha (PEREIRA NETO, 1996, pg.
41).
A fertilidade biológica do solo é desenvolvida, pelo fato do composto,
promover o desenvolvimento de microorganismos, e também melhoram as
condições de as raízes absorverem as substâncias nutritivas essenciais as plantas.
Desse modo, serão relacionados os principais efeitos da aplicação do composto no
solo:

• Melhoria da estrutura;
• Aumento da capacidade de absorção da água;
• Ativação substancial da vida microbiana;
• Incremento do teor de micronutrientes;
• Melhor aproveitamento dos fertilizantes minerais;
• Efeitos favoráveis pela presença de micronutrientes e de certas
substâncias antibióticas;
• Aumento da aeração;
• Ação ligadora dos solos soltos;
• Aumento da estabilização do pH (FUZARO, 1994, pg. 56).

28
3.14 PROBLEMAS ASSOCIADOS AO PROCESSO

Durante a operação do processo de compostagem, caso os critérios técnicos


preconizados não sejam seguidos rigorosamente, poderá vir a causar impactos ao
meio ambiente, em especial no caso da compostagem da matéria orgânica do lixo
domiciliar. Esses impactos geralmente estão relacionados à unidades mal-operadas
ou em unidades que a produção do composto seja superior a 50 toneladas/dia sem
que haja um reviramento criterioso e unidades que utilizam processos anaeróbios ou
tecnologias duvidosas.
Um fator de grande relevância necessário para a eliminação dos problemas, é
a localização da usina. Esta deve estar situada em terrenos elevados, afastados das
residências, das nascentes de águas, ter acesso seguro e garantido durante todo o
ano e apresentar área marginal de segurança, ou seja, cinturão verde (PEREIRA
NETO, 1996, pg.38).
Os principais problemas, causas e soluções, serão descritos na tabela.3.14.

29
Tabela 3.14 – Principais problemas, causas e soluções.
PROBLEMA CAUSA MEDIDA A SER TOMADA
Emissão de maus Tamanho da Promover a quebra do material durante o
odores partícula reviramento.
da leira de muito grande Cobrir a leira com uma camada de 15 cm de
compostagem composto maturado (50% de
umidade).Caso não seja possível, efetuar a
prévia trituração do material.
Volatilização da Revirar a massa de compostagem e
amônia modificar a configuração geométrica da leira
(NH3) devido a alta para obter menores temperaturas.
temperatura
(>65°C)
e ao pH
alcalino(>7,5)
Anaerobiose Adicionar composto maturado seco à massa
devido de compostagem e cobrir a leira com uma
ao excesso de camada de 15 cm de composto maturado.
umidade
Anaerobiose Seguir o ciclo correto de reviramento.
devido ao
longo ciclo de
reviramento
Produção e liberação Excesso de Seguir o ciclo correto de reviramento e lavar
de umidade área afetada do pátio
chorume da leira de da massa de
compostagem compostagem
Proliferação de vetores Materal fresco em Cobrir a leira com uma camada de 15 cm de
putrefação (leira composto maturado durante os primeiros 10
molhada) dias.
Anaerobiose da Seguir as medidas citadas anteriormente
massa
de compostagem
por
excesso de
umidade
ou falta de
oxigenação.

Fonte: PEREIRA NETO (1996, pg.46).

30
3.15 FLUXOGRAMA DE UMA USINA DE COMPOSTAGEM

RESÍDUO DOMICILIAR BRUTO

TRIAGEM SEPARAÇÃO

MATERIAL COMPOSTÁVEL RECICLÁVEIS

CLASSIFICAÇÃO E ACONDICIONAMENTO
COMPOSTAGEM

vidro(cacos), plástico filme,


REJEITO BENEFICIAMENTO plástico rígido, metal ferroso,
metal não - ferroso, papel,
papelão, etc.

COMPOSTO
DISPOSIÇÃO ORGÂNICO COMERCIALIZAÇÃO

MERCADO

ATERRO

Figura 3.15 Fluxo de materiais numa usina de compostagem.


Fonte: D'ALMEIDA; VILHENA (2000, pg. 03).

31
3.16 DIMENSIONAMENTO DO PÁTIO DE COMPOSTAGEM

Após o tratamento prévio da matéria-prima a ser compostada, este material é


levado ao pátio de cura onde ocorre a maturação. Nos itens a seguir serão descritos
os parâmetros e fórmulas para o dimensionamento do pátio de compostagem
(PEREIRA NETO, 1996, pg. 43).

a) Valores adotados para o cálculo

RO - Quantidade de resíduos orgânicos recolhidos diariamente = 26.264 Kg.


D - Densidade dos materiais a serem compostados = 570 Kg/m³
a - Altura da leira de compostagem = 1,70 metros
l - Largura da leira = 4,00 metros
P - Período de compostagem = 120 dias

b) Cálculo das dimensões da leira de compostagem

b.1) Cálculo da área da seção reta “triangular” (As)

l×a
1 → As = m²
2

b.2) Volume da leira de compostagem (V)

RO
2 →V = m³
D

b.3) Comprimento da leira (L)

V
3 → L= m
As

32
c) Cálculo da área do pátio de compostagem

c.1) Área da base da leira (Ab)

4 → Ab = l × L

c.2) Área de folga para o reviramento (Af)

Adota-se que a área de folga necessária para o reviramento das leiras de


compostagem deve ser igual a área da base da leira, logo:

5 → Af = Ab

c.3) Área útil do pátio de compostagem (Au)

Assume-se que cada leira irá ocupar a área da base da leira mais a área de folga
para os reviramentos. Adota-se que o tempo de compostagem seja de 120 dias e
que seja montada uma leira por dia, desse modo a área útil do pátio de
compostagem será:

6 → Au = ( Ab + Af ) × 120

c.4) Área total do pátio de compostagem (At)

Adota-se um coeficiente de segurança (cs) de 10%, devido a área de circulação e de


estacionamento.

7 → cs = Au × 10%

Assim sendo, a área total do pátio de compostagem será dada por:


8 → At = Au + cs

33
4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 LEVANTAMENTO DE DADOS

Esta fase é de grande importância para o desenvolvimento do trabalho, pois,


através dos dados, será feito um diagnóstico do município, abordando os aspectos
mais relevantes em relação ao método mais indicado para o tratamento da fração
orgânica do lixo domiciliar de acordo com as características do município de Toledo.
A busca por estas informações foi dividida em duas etapas: levantamento de
dados sobre o município (histórico, aspectos sócio-econômicos, localização, etc.) e
levantamento sobre o sistema de coleta, transporte, tratamento , disposição final e
as características físicas percentuais do lixo domiciliar.
Na primeira etapa, os dados foram obtidos facilmente em páginas na internet,
como: instituto Brasileiro de Pesquisas Geográficas (IBGE), site oficial da Prefeitura
Municipal de Toledo-PR e do Governo do Estado do Paraná (SEDU – Paraná
Cidade).
Na segunda etapa, em relação ao sistema de coleta, transporte, tratamento,
disposição final dos resíduos sólidos, os dados foram adquiridos junto a prefeitura
municipal.
Os dados sobre as características físicas percentuais do lixo domiciliar,
apresentou-se o fator de maior dificuldade durante todo o desenvolvimento do
trabalho, pois pretendia-se realizar um processo de amostragem no aterro local,
entretanto, devido a dificuldades particulares, não foi possível realizar esta atividade.
Então, com o auxílio do coordenador técnico da empresa responsável pela coleta
dos resíduos, foi feita uma busca profunda para a obtenção desses dados
essenciais para a fundamentação teórica do trabalho. E finalmente, a composição
física e percentual dos resíduos domiciliares, foi obtida através de um trabalho
realizado pela prefeitura municipal em parceria com a secretaria do meio ambiente.

34
4.2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Após a análise dos dados, foi realizada uma pesquisa em bibliografias


especializadas que permitisse desenvolver a fundamentação teórica sobre o
processo mais indicado para a reciclagem da fração orgânica dos resíduos sólidos,
isso, de acordo com as características do local de estudo.

O levantamento bibliográfico foi realizado na biblioteca central da Pontifícia


Universidade Católica do Paraná (PUCPR), pois esta, dispõe de um acervo rico em
literaturas de autores que tratam da questão dos resíduos sólidos e em especial, a
compostagem. Além disso, foram utilizadas fontes confiáveis, em meio eletrônico, as
quais são citadas nas referências bibliográficas.
Para fundamentar as discussões e conclusões referentes ao trabalho
realizado, de forma concisa e coerente, além das bibliografias específicas usadas
para o desenvolvimento da monografia, foram utilizados todos os conhecimentos
adquiridos durante o curso da Engenharia Ambiental.

35
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 DIMENSÕES DA USINA DE COMPOSTAGEM

a) Valores adotados para o cálculo

RO = 26.264 Kg.
D = 570 Kg/m³
a =1,70 metros
l = 4,00 metros
P = 120 dias

b) Cálculo das dimensões da leira de compostagem

b.1) Cálculo da área da seção reta “triangular” (As)

4 × 1,70
1 → As = m²
2

As = 6,8m ²

b.2) Volume da leira de compostagem (V)

26264
2 →V = m³
570

V = 46m³

36
b.3) Comprimento da leira (L)

46
3 → L= m
6,8

L = 6,8m

c) Cálculo da área do pátio de compostagem

c.1) Área da base da leira (Ab)

4 → Ab = 4 × 6,8m²

Ab = 27,2m²

c.2) Área de folga para o reviramento (Af)

5 → Af = Ab

Af = 27,2m²

c.3) Área útil do pátio de compostagem (Au)

6 → Au = (27,2 + 27,2 ) × 120

Au = 6.528m ²

c.4) Área total do pátio de compostagem (At)

7 → cs = 6.528 × 10%

37
cs = 652,8m ²

Assim sendo, a área total do pátio de compostagem será:

8 → At = 6.528 + 652,8

At = 7.180,8m ²

Assim sendo, a área total para a formação das leiras é de 7.180,8 m².
Além do pátio de compostagem, a usina deverá contar com um depósito de
equipamentos e ferramentas, um prédio de administração e um galpão para
estocagem de materiais recicláveis. Porém, o presente trabalho será levado em
consideração somente o pátio de compostagem, pois é o “equipamento” mais
importante de qualquer usina, seja qual for o método utilizado. Isto, porque será
neste local onde se dará a qualidade do composto, no qual, o processo deve seguir
os critérios básicos de controle para que a eficiência do tratamento de resíduos
sólidos orgânicos seja garantida.

5.2 POTECIAL E MÉTODO PROPOSTO PARA A COMPOSTAGEM

A compostagem não deve ter seus objetivos simplesmente associados a


lucros financeiros e tampouco como uma solução para todos os resíduos gerados na
sociedade. Seus objetivos devem estar norteados a evitar possíveis problemas a
qualidade de vida e ambiental da população local.
O município deve ser o primeiro beneficiado do composto produzido, para
aplicá-los nos parques, jardins, cemitérios, nas proteções de encostas, comercializá-
los, etc.
Os benefícios da implantação de uma usina de compostagem no município de
Toledo - PR serão na verdade, realidade, caso, além de conhecer os aspectos
técnicos das atividades de coleta, limpeza das ruas e disposição final, também
desenvolverem metodologias de captação de recursos financeiros, maior
participação do setor privado, levar em conta os fatores relacionados à saúde
38
pública, e principalmente a educação sanitária e ambiental da população, isto de
forma contínua e participativa.
Os sistemas de coleta seletiva e a reciclagem vêm sendo amplamente
difundidos em muitos municípios, porém percebe-se uma grande carência dos
processos de reciclagem da fração orgânica dos resíduos sólidos. Visando a solução
o presente trabalho propôs um sistema de tratamento desses resíduos para o
município de Toledo – PR.
Com isso, através dos dados obtidos, chegou-se a conclusão de que o local
de estudo possui um potencial de 26.264 Kg por dia de resíduos orgânicos, que
representam 56,39% de todo resíduo domiciliar gerado no município. Dessa forma, o
método mais indicado para o aproveitamento desses resíduos é a compostagem
natural, conforme literaturas especializadas, na qual aconselham este método para
cidades com população inferior a 200 mil habitantes. A partir disso, é que foi dada a
fundamentação teórica sobre os aspectos mais relevantes em relação ao processo
de compostagem e a base para as conclusões finais.

39
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A eficiência de um processo de compostagem só será atingida quando existir


um adequado controle dos principais fatores que afetam o processo, como a
umidade, temperatura e oxigenação. Isto, para garantir a segurança no tratamento
dos resíduos orgânicos, obtendo um produto final em estado elevado de humificação
e bacteriologicamente seguro.
A usina de compostagem é sem dúvida, uma das melhores alternativas para
enfrentar o problema dos resíduos sólidos urbanos. O sucesso destas unidades,
dependerá ao fato de não ser o lixo visto como uma fonte de recursos financeiros,
mas sim, um processo de melhoria da qualidade de vida e ambiental do município.
Nesse contexto, o município de Toledo – PR apresenta um local com grande
potencial para a implantação de uma usina de compostagem, pois a população local
está inserida em um sistema de coleta seletiva, onde já possuem uma percepção
ecológica em relação ao lixo gerado durante suas atividades do dia a dia. Isso,
devido ao fato do município contar com o Programa Lixo Útil, que visa à redução da
quantidade de resíduos produzidos, a separação dos mesmos para a reciclagem e o
destino final adequado dos rejeitos. Além disso, outro fator que viabiliza a
implantação do projeto é o fato que o município ter seu desenvolvimento econômico
baseado na atividade agrícola, assim, possuindo um mercado com grande potencial
de venda do produto final da compostagem.
Por fim, enquanto a compostagem não for desenvolvida com uma consciência
técnica e científica, com o reforço de uma legislação sobre o assunto e
principalmente uma educação ambiental contínua e participativa, não será possível
implantar qualquer programa que incentive este programa no País.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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sólidos urbanos. Curitiba: Instituto de Saneamento Ambiental, 1981.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1004: Classificação


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CEMPRE. Compromisso Empresarial para Reciclagem. Fichas técnicas/ composto


urbano. Disponível em: http://www.cempre.org.br/fichas_tecnicas_composto.php >.
Acesso em: 25 maio, 2005.

D'ALMEIDA, Maria Luiza Otero; VILHENA, André. Lixo municipal: manual de


gerenciamento integrado. São Paulo: IPT/CEMPRE, 2000.

FUZARO, João Antonio. Resíduos Sólidos Domésticos: Tratamento e


Disposição final. São Paulo: CETESB, 1994

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ. Política de Resíduos Sólidos do Estado


do Paraná Program Desperdício Zero. 2003: CD ROM

IBGE. População e Domicílios - Censo 2000 com Divisão Territorial 2001:


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KIEHL,Edmar José. Manual de Compostagem: maturação e qualidade do


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LIMA, José Dantas de. Gestão de residuos sólidos urbanos no Brasil. João
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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE TOLEDO. Dados da cidade. Disponível em:


http://www.toledo.pr.gov.br/ >. Acesso em: 12 abril, 2005.
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http://www.paranacidade.org.br/municipios/municipio.php?id_municipio=362 >.
Acesso em: 12 abril, 2005.

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