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Unicamp

MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO
GEOLÓGICA
MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO GEOLÓGICA
Unicamp

1. CONCEITO DE UNIDADE GEOLÓGICA

2. A INVESTIGAÇÃO GEOLÓGICA

3. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO
1. UNIDADES GEOLÓGICAS Unicamp

1.1 CONCEITO
• Unidade geológica: é um corpo geológico espacialmente
delimitado, com características específicas e comportamento
similar face à determinada solicitação.

• Corpo geológico: Camada, zona ou trecho capaz de ser


delimitado em superfície e/ou em subsuperfície, com
características e propriedades singulares.

• Comportamento similar: Comportamento semelhante face à


mesma solicitação.

• Solicitação: Ação sobre o ambiente geológico imposta,


induzida ou resultante da interação com a ocupação antrópica.
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1.2 RELAÇÃO COM O PROCESSO GEÓLOGICO


Toda unidade geológica está associada a um processo
geológico específico, de tal sorte que o conhecimento dos
processos que atuaram num local determinado é essencial
para o conhecimento das unidades presentes.

Exemplo: Aluvião é um material resultante de processos de


transporte e deposição flúvio-lacustres, constituindo um
corpo geológico capaz de ser separado e caracterizado
pelas suas propriedades decorrentes do processo de
origem.
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1.3 ABRANGÊNCIA
Uma unidade geológica pode ser constituída por um
conjunto de camadas ou por camadas individualizadas,
em conformidade com a solicitação.

Exemplo: No caso de uma rodovia, uma camada de argila


orgânica de um corpo aluvionar será considerada como
uma unidade geológica, devido à possibilidade de induzir
recalques do pavimento. Por outro lado, para fins de
escavação, um conjunto de várias camadas de um
aluvião, pode ser considerado como uma única unidade
geológica.
2. A INVESTIGAÇÃO GEOLÓGICA Unicamp

2.1 OBJETIVO
O objetivo da investigação geológica é delimitar espacialmente
as unidades geológicas e determinar suas características e
propriedades geomecânicas através de um plano de
investigações.

Plano de investigações: conjunto de métodos de investigação


aplicado num local para o conhecimento das unidades
geológicas.
2. A INVESTIGAÇÃO GEOLÓGICA Unicamp

2.2 MÉTODOLOGIA DE TRABALHO


Atividades que fazem parte de um plano de investigação:
– Caracterizar as solicitações
– Avaliar as unidades geológicas presentes em função dos dados existentes,
de reconhecimento geológico e outros métodos.
– Selecionar os métodos de investigação aplicáveis em função das
solicitações, unidades geológicas, fase dos estudos, logística, resolução,
prazo, custo e outras variáveis e distribuir as investigações na área através
de critérios geométrico e geológico
– Elaborar especificações executivas, procedimentos de fiscalização, critérios
de medição e pagamento, contrato e licitação
– Acompanhar os resultados e ajustar o plano de investigação
– Interpretar os resultados e elaborar os modelos geológico e geomecânico
– Elaborar seções geológicas e outras formas de apresentação de dados
conforme requerido
– Acompanhar a escolha da solução e o desenvolvimento do projeto
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2.3 PRINCIPAIS LIMITAÇÕES


Resolução: capacidade do método de fornecer a informação
desejada; a resolução de cada método pode variar
conforme a solicitação ou ambiente
Prazo: o prazo disponível para as investigações pode limitar
ou até impedir a aplicação de determinados métodos em
função do tempo de execução
Custo: o custo das investigações varia entre um e três por
cento do custo do empreendimento ou obra, exceto em
casos especiais
Custo x benefício: há um relação ótima entre o volume de
investigação, que se reflete no custo das investigações e as
informações obtidas, ou seja, o benefício alcançado
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3.1 MÉTODOS INDIRETOS


São métodos que não permitem o acesso ao material
investigado, seja “in situ” ou em amostras, utilizando-se de
meios indiretos para a delimitação e caraterização da unidade
geológica.

3.1.1 INTERPRETAÇÃO DE IMAGENS


• Sensoriamento remoto: imagens obtidas por satélites e por
radar
• Fotografias aéreas, em diversas escalas
• Essenciais em estudos regionais e na determinação de
estruturas geológicas.
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São métodos que permitem o acesso ao material


investigado, seja “in situ” ou através de amostras.

3.2.1 MAPEAMENTO GEOLÓGICO


– Mapeamento das unidades geológicas
– Utiliza os mesmos procedimentos dos mapas geológicos
– Essencial para a programação das demais investigações
– Mapas geológicos especiais (paredes de túneis, superfícies
de fundação)
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3.1.2 MÉTODOS GEOFÍSICOS


3.1.2.1 Métodos sísmicos
São os mais empregados por refletirem as propriedades mecânicas das
rochas e facilitam a interpretação e correlação com dados de sondagens
diretas
–Sísmica de refração (mais empregado); Sísmica de reflexão;
Crosshole e tomografia sísmica
3.1.2.2 Métodos geoelétricos
–Eletroresistividade (sondagem elétrica vertical e caminhamento
elétrico); Potencial espontâneo; Condutividade (VLF); Radar de
penetração (GPR)
3.1.2.3 Outros métodos geofísicos
–Geofísica subaquática (sonografia, ecobatimentria, magnetometria
e gravimetria
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3.2.2 POÇOS (PI) E TRINCHEIRAS (TR) DE INSPEÇÃO


• Poços: escavação manual, com enxadão, pá e sarilho, com
seções de 1,0m2 de lado, atravessando as camadas de solo
• Profundidade limitada pela presença de água, material instável e
rocha; para prosseguir a escavação nessas condições são
necessários procedimentos especiais
• Visualização de grande extensão do material e a retirada de
grandes volumes de amostra e de amostras indeformadas
• ápido até 10m. Profundidade máxima em condições ideais: 20m
• Trincheiras são escavações em forma de valeta; podem ser
feitas mecanicamente
• Cuidados: instabilização das paredes; quedas de pessoas e
animais (necessário cerca e cobertura)
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3.2.3 SONDAGENS À TRADO (ST)


• Escavados manualmente com o auxílio de uma broca
chamada trado, acoplada a hastes de aço de ¾ de
polegadas e a um tê para imprimir o movimento giratório
• Somente atravessa a camada de solo, sendo
interrompidos pela ocorrência de quaisquer materiais
mais duros (rocha alterada mole, linha de seixos, etc) e
pela presença de água subterrânea
• Permite a obtenção de grande volume de amostras
deformadas
• Método rápido e portátil; profundidade máxima em
condições ideais: 25 a 30m
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AMOSTRA INDEFORMADA: amostra de solo retirada sem


ou com pequena modificação de suas características
“in situ” com o uso de equipamentos e técnicas
apropriadas.

AMOSTRA DEFORMADA: amostra de solo retirada com a


destruição ou modificação apreciável de suas
características “in situ”; também chamada de amostra
amolgada quando ocorre a fragmentação do material
amostrado.
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3.2.4 SONDAGENS A PERCUSSÃO (SP)


– Escavados manualmente com o trado, acoplado a hastes de aço de
¾ de polegadas e a um T para o movimento giratório
– Executadas com tripé, motor, hastes, ferramentas, etc de diâmetro
de 2 1/2 ou 4 polegadas, empregando trado ou trépano e circulação
de água (lavagem)
– Geralmente executadas com um ensaio de resistência à penetração
tipo SPT a cada metro, manual
– Profundidade limitada pelo do topo rochoso ou camada de mais de
10cm de material duro
– Perfura abaixo do nível d’água (NA) subterrâneo com revestimento
e bomba d’água.
– Permite obter amostras deformadas com trado, lavagem e semi-
deformadas, com barrilete amostrador do ensaio SPT
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3.2.4 SONDAGENS A PERCUSSÃO (SP) cont....


– Permite executar ensaio de infiltração e instalar monitores de nível
d’água e piezômetros
– Método rápido até 20m. Profundidade máxima em condições ideais:
40m
– Amostras do barrilete permitem visualizar as estruturas dos solos
facilitando a identificação dos tipos de solo
– Geralmente executadas com equipamento portátil com perfuração
mecânica através de trado ôco, amostragem pouco deformada e
ensaio SPT mecanizado
– Método de ensaio padrão para o projeto de fundações de edifícios,
usualmente empregado para a investigação de camadas de solo
– Principais limitações: somente atravessa a camada de solo; pode ser
interrompida por estrato de material duro intercalado no solo; pequena
quantidade de amostra.
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3.2.5 SONDAGENS ROTATIVAS (SR)


Executadas através de equipamentos próprios (tripé, perfuratriz, bombas,
hastes, revestimentos, brocas, ferramentas, etc). Tem capacidade para
atravessar qualquer tipo de material e atingir profundidades de centenas
de metros
Sistema de perfuração
– solo: em geral, é executada como uma sondagem à percussão, com
ensaios SPT a cada metro
– rocha: executada pelo processo rotativo com brocas (coroas) e
barriletes amostradores especiais, como perfuratriz e conjunto de
hastes com coroa diamantada e barriletes ocos na extremidade;
fragmentos da rocha são removidos com injeção de água

 Diâmetro da perfuração: em solo, 100mm ou 4”; em rocha: variável de 60 a


100mm, aproximadamente (padrões DCDMA → BW, NW e HW)
 Permite a retirada de testemunhos da rocha atravessada, recuperados através
do barrilete.
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3.2.5 SONDAGENS ROTATIVAS (SR). Cont...


Recuperação: relação entre o comprimento perfurado e o comprimento de
testemunhos recuperados; não pode ser inferior a 90%.
 A recuperação depende de:
– tipo litológico
– grau de fraturamento e grau de alteração da rocha
– tipo de equipamento e acessórios
 A recuperação pode ser melhorada através de:
– perfuração cuidadosa (manobras curtas, pouca água)
– uso de coroas e barriletes apropriados (duplo, triplo)
– amostragem integral
 Ensaios:
– perda d’água sob pressão, destinado a avaliar a permeabilidade do
maciço
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3.2.6 SONDAGENS ROTATIVAS (SR). Cont...
 Método lento, em média 5m/dia com a execução de ensaios de perda d’água. Profundidade máxima
em condições ideais e equipamento apropriado: 500m
 Testemunhos acondicionados em caixas e guardados
 Análise dos testemunhos permite identificar:
– tipo litológico
– grau de alteração
– grau de fraturamento
 Resultados apresentados em logs ou perfis individuais de sondagem que devem conter:
– identificação da sondagem (obra, cliente, número do furo)
– inclinação e rumo do furo
– datas, diâmetros e tipos de barriletes e coroas
– cota da boca do furo e coordenadas
– leituras de nível d’água
– resultado dos ensaios SPT e de lavagem
– recuperação de testemunhos
– índice de qualidade da rocha (RQD)
– resultado dos ensaios de permeabilidade e perda d’ água
– descrição geológica dos materiais atravessados
– grau de alteração e de fraturamento
3.2 MÉTODOS DIRETOS Unicamp

3.2.6 SONDAGENS ROTATIVAS (SR). Cont...

 Principais limitações: custo elevado (R$ 300,00/metro); produção baixa


(5m/dia)

A SONDAGEM ROTATIVA É O MÉTODO DIRETO DE


INVESTIGAÇÃO MAIS COMPLETO À DISPOSIÇÃO DA
GEOLOGIA DE ENGENHARIA. DEVIDO AO SEU CUSTO
ELEVADO, DEVEM SER OBTIDAS TODAS AS
INFORMAÇÕES POSSÍVEIS.
3.2 MÉTODOS DIRETOS Unicamp
3.2.7 OUTROS MÉTODOS
– Sondagem a rotopercussão
– perfuradas com ar comprimido e brocas que pulverizam o material
atravessado
– o material pode ser precariamente reconhecido através do pó de
perfuração ou da velocidade de avanço
– utilizada para a execução de perfurações para acesso, instalação
de instrumentos, determinação do topo de rocha e outros casos em
que são necessários muitos furos
– método mecanizado muito rápido

– Trado oco (hollow stem auger)


– utiliza um trado helicoidal acoplado numa haste oca que funciona
simultaneamente como revestimento
– pelo interior da haste oca podem ser feitos ensaios SPT ou obtidas
amostras pouco deformadas
3.2 MÉTODOS DIRETOS Unicamp
3.2.7 OUTROS MÉTODOS
– Cone de penetração contínua (deep sounding)
– utilizado para medir continuamente a resistência à
penetração e obtenção de outros parâmetros com uso de
ponteira especial
– aplicado em solos pouco resistentes

– Ensaio de palheta (vane test)


– utilizado para medir a resistência ao cizalhamento através
da rotação de palhetas cravadas no fundo do furo
– aplicado em solos pouco resistentes (em geral, em argilas)
3.3 Ensaios em furos de sondagem Unicamp
3.3.1 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO – SPT
– SPT – standard penetration test
– Medição da resistência à penetração do solo
– Consiste na cravação, no fundo do furo, de um barrilete amostrador
utilizando um peso e uma altura de queda padronizados
– Cravação pode ser manual (mais comum) ou mecanizada
– Resultados são expressos em números de golpes (queda do peso) para
a cravação dos últimos 30cm do barrilete

3.3.2 ENSAIO DE INFILTRAÇÃO


– Medição da permeabilidade em solos
– Executado pela adição controlada de água ao furo através do
revestimento
– Resultados expressos em K= cm/s
3.3 Ensaios em furos de sondagem Unicamp
3.3.3 ENSAIO DE PERDA D’ ÁGUA SOB PRESSÃO
– Medição da permeabilidade em rocha
– Consiste no isolamento de um trecho do furo através de obturadores e
na adição de água ao trecho com pressão
– Resultados expressos pela vazão (em litros por minuto) por metro de
furo ensaiado a determinada pressão (l/min.m.kgf/cm2) ou perda d
água específica

3.2.4 OUTROS ENSAIOS


– Slug test
– Videoscopia
– Injeção de cimento
3.4 Instrumentos em sondagens Unicamp
3.4.1 MONITOR DE NÍVEL D’ ÁGUA (MNA)
– Medição do nível d’água do terreno
– Consiste na colocação de um tubo perfurado, envolto em material filtrante, num furo de
sondagem
– Mede o nível d’água resultante de toda a extensão do trecho perfurado
– Também utilizado para coletar amostras de água subterrânea, principalmente em estudos
ambientais

3.4.2 PIEZÔMETRO
– Medição do nível d’água de determinado trecho do furo
– Consiste na colocação de um tubo perfurado, envolto em material filtrante, num trecho
determinado do furo
– Mede o nível d’água apenas do trecho do furo
– O nível d’água medido reflete a pressão a que está submetido o aqüífero do trecho do furo

3.4.3 OUTROS
– Extensômetro linear : mede deslocamentos (movimentações) entre pontos de um furo
de sondagem
– Inclinômetro : mede a inclinação de trechos de um furo de sondagem

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