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Universidade de Taubaté

Departamento de Engenharia Civil


SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS
Prof. Dr. Claudinei Fonseca Souza

Qualidade da Água

Para ser considerada potável, a água precisa reunir algumas qualidades como:

Ser fresca
Límpida
Inodora
Arejada
Leve ao estômago
Imputrescível
Apta para o uso doméstico
Isenta de compostos químicos nocivos
Isenta de agentes biológicos veiculadores de doenças infecciosas e parasitárias

Parâmetros para avaliação da qualidade da água

• Cor da água
• Turbidez da água
• Sabor/odor da água
• Temperatura da água
• pH da água
• Dureza das águas
• Taxa de microorganismos
• Cloretos
• Ferro e manganês
• Sulfatos e fluoretos
• OD, DQO e DBO

Cor da água

A cor de uma água é conseqüência de substâncias dissolvidas. Quando pura, e em


grandes volumes, a água é azulada. Quando rica em ferro, é arroxeada. Quando rica em
manganês, é negra e, quando rica em ácidos húmicos, é amarelada. Substâncias orgânicas
(taninos e fenóis, são marrom-transparentes), Algas (cor verde) e Suspensões de argila
(amarelo-avermelhado).
Para ser potável uma água não deve apresentar nenhuma cor de considerável
intensidade. Segundo a OMS o índice máximo permitido deve ser 20mg Pt/L.
Geralmente, a cor da água não apresenta riscos à saúde, mas na prática torna-se
muito importante, quando ocorre a rejeição ou redução de seu consumo, por razões
estéticas.

Turbidez da Água

É a medida da dificuldade de um feixe de luz atravessar uma certa quantidade de


água. A turbidez é causada por matérias sólidas em suspensão (silte, argila, colóides,
matéria orgânica, etc.). A turbidez é medida através do turbidímetro, comparando-se o
espalhamento de um feixe de luz ao passar pela amostra com o espalhamento de um feixe
de igual intensidade ao passar por uma suspensão padrão. Quanto maior o espalhamento
maior será a turbidez.
As partículas em suspensão existente na água poderão servir de abrigo para
microorganismos patogênicos, que poderão comprometer a qualidade da água.
Significado sanitário da turbidez
Estético: a água turva, normalmente, é recusada pelas pessoas e pelos animais, embora essa
turbidez nem sempre seja indicativa de perigo à saúde;
Filtrabilidade: uma água, se muito turva, vai necessitar de um tratamento preliminar, antes
de ser filtrada. Os filtros lentos são indicados apenas quando a turbidez da água for inferior
a 30 mg/L.
Desinfecção: a turbidez de uma água constitui um sério empecilho para se obter
uma boa desinfecção. Portanto, para se obter uma desinfecção mais segura, recomenda-se
realizar, antes dessa etapa, uma clarificação preliminar.

Sabor/odor da água

Odor e sabor são duas sensações que se manifestam conjuntamente, o que torna
difícil sua separação. O odor e o sabor de uma água dependem dos sais e gases dissolvidos.
Como o paladar humano tem sensibilidade distinta para os diversos sais, poucos miligramas
por litro de alguns sais ( ferro e cobre por exemplo) é detectável, enquanto que várias
centenas de miligramas de cloreto de sódio não é apercebida. Em geral as águas
subterrâneas são desprovidas de odor. Algumas fontes termais podem exalar cheiro de ovo
podre devido ao seu conteúdo de H2S (gás sulfídrico). Da mesma maneira águas que
percolam matérias orgânicas em decomposição (turfa, por exemplo) podem apresentar H2S.
O próprio cloro, quando utilizado em taxas superiores a 0,3 mg/L, pode conferir um
sabor um tanto desagradável à água. Isso acontece também com as algas que imprimem
sabor desagradável à água, além de causarem obstruções dos filtros de areia. Assim, o
sabor/odor desagradável não apresenta riscos à saúde, mas as pessoas poderão questionar a
sua qualidade.
Exemplos:
Cloreto de sódio (NaCl) Salgado
Sulfato de Sódio ( Na2 SO4) Ligeiramente salgado
Bicarbonato de Sódio (Na H CO3) Ligeiramente salgado a doce
Carbonato de Sódio (Na2 CO3) Amargo e salgado
Cloreto de Cálcio (Ca Cl2) Fortemente amargo
Sulfato de Cálcio (Ca SO4) Ligeiramente amargo
Sulfato de Magnésio (Mg SO4) Ligeiramente amargo em saturação
Cloreto de Magnésio (MgCl2) Amargo e doce
Gás Carbônico (CO2) Adstringente, picante

Temperatura da água

As águas subterrâneas têm uma amplitude térmica pequena, isto é, sua temperatura
não é influenciada pelas mudanças da temperatura atmosférica. Exceções são os aqüíferos
freáticos pouco profundos. Em profundidades maiores a temperatura da água é influenciada
pelo grau geotérmico local (em média 1ºC a cada 30 m). No aqüífero Botucatu (Guarani)
são comuns temperaturas de 40 a 50ºC em suas partes mais profundas. Em regiões
vulcânicas ou de falhamentos profundos águas aquecidas podem aflorar na superfície dando
origem às fontes termais.
Determinada espécie animal ou cultura vegetal cresce melhor dentro de uma faixa
de temperatura. O mesmo para animais aquáticos, e geralmente reconhecemos três grupos
de temperatura: água fria, água morna e água quente. Espécies de peixes água quente
crescem melhor a temperatura de 25ºC, mas se a temperatura ultrapassar os 32-35º C, o
crescimento pode ser prejudicado. Outros organismos como, por exemplo, bactérias,
fitoplâncton, e plantas com raízes, e processos químicos e físicos que influenciam a
qualidade do solo e da água também respondem favoravelmente ao aumento de
temperatura. Microorganismos decompõem a matéria orgânica mais rápida a 30º que a
25ºC. a taxa da maioria dos processos que afetam a qualidade da água e do solo dobram a
cada aumento de 10ºC na temperatura. Mesmo nos trópicos onde a temperatura é
relativamente constante, pequenas diferenças nas temperaturas das estações podem
influenciar o crescimento dos peixes.

pH da água
É a medida da concentração de íons H+ na água. O balanço dos íons hidrogênio e
hidróxido (OH-) determina quão ácida ou básica ela é. Na água quimicamente pura os íons
H+ estão em equilíbrio com os íons OH- e seu pH é neutro, ou seja, igual a 7. Os principais
fatores que determinam o pH da água são o gás carbônico dissolvido e a alcalinidade. O pH
das águas subterrâneas varia geralmente entre 5,5 e 8,5.

Dureza das águas

A dureza é definida como a dificuldade de uma água em dissolver (fazer espuma)


sabão pelo efeito do cálcio, magnésio e outros elementos como Fe, Mn, Cu, Ba etc. Águas
duras são inconvenientes porque o sabão não limpa eficientemente, aumentando seu
consumo, e deixando uma película insolúvel sobre a pele, pias, banheiras e azulejos do
banheiro. A dureza pode ser expressa como dureza temporária, permanente e total.
Dureza temporária ou de carbonatos: É devida aos íons de cálcio e de magnésio que sob
aquecimento se combinam com íons bicarbonato e carbonatos, podendo ser eliminada por
fervura. Em caldeiras e tubulações por onde passa água quente (chuveiro elétrico por
exemplo) os sais formados devido à dureza temporária se precipitam formando crostas e
criando uma série de problemas, como o entupimento.

Dureza permanente:
É devida aos íons de cálcio e magnésio que se combinam com sulfato, cloretos, nitratos e
outros, dando origem a compostos solúveis que não podem ser retirados pelo aquecimento.

Dureza total:
É a soma da dureza temporária com a permanente. A dureza é expressa em miligrama por
litro (mg/L) ou miliequivalente por litro (meq/L) de CaCO3 (carbonato de cálcio)
independentemente dos íons que a estejam causando.

Condutividade Elétrica

Os sais dissolvidos e ionizados presentes na água transformam-na num eletrólito


capaz de conduzir a corrente elétrica. Como há uma relação de proporcionalidade entre o
teor de sais dissolvidos e a condutividade elétrica, podemos estimar o teor de sais pela
medida de condutividade de uma água. A medida é feita através de condutivímetro e a
unidade usada é o MHO (inverso de OHM, unidade de resistência). Como a condutividade
aumenta com a temperatura, usa-se 25ºC como temperatura padrão, sendo necessário fazer
a correção da medida em função da temperatura se o condutivímetro não o fizer
automaticamente. Para as águas subterrâneas as medidas de condutividade são dadas em
microMHO/cm.
OBS: No Sistema Internacional de Unidades, adotado pelo Brasil, a unidade de condutância
é siemens, abreviando-se S (maiúsculo). Para as águas subterrâneas o correto seria nos
referirmos a microsiemens por centímetro (µS/cm).

Taxa de microorganismos
As bactérias do grupo coliforme são consideradas os principais indicadores de
contaminação fecal. O grupo coliforme é formado por um número de bactérias que inclui os
generos Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e Enterobactéria. Todas as bactérias
coliformes são gram-negativas manchadas, de hastes não esporuladas que estão associadas
com as fezes de animais de sangue quente e com o solo. As bactérias coliformes fecais
reproduzem-se ativamente a 44,5 ºC e são capazes de fermentar o açúcar. O uso da bactéria
coliforme fecal para indicar poluição sanitária mostra-se mais significativo que o uso da
bactéria coliforme "total", porque as bactérias fecais estão restritas ao trato intestinal de
animais de sangue quente. A determinação da concentração dos coliformes assume
importância como parâmetro indicador da possibilidade da existência de microorganismos
patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como
febre tifóide, febre paratifóide, desinteria bacilar e cólera.
Os coliformes estão presentes em grandes quantidades nas fezes do ser humano e
dos animais de sangue quente. A presença de coliformes na água não representa, por si só,
um perigo à saúde, mas indica a possível presença de outros organismos causadores de
problemas à saúde. Os principais indicadores de contaminação fecal são as concentrações
de coliformes totais e coliformes fecais, expressa em número de organismos por 100 ml de
água.
De modo geral, nas águas para abastecimento o limite de Coliformes Fecais
legalmente tolerável não deve ultrapassar 4.000 coliformes fecais em 100 ml de água em
80% das amostras colhidas em qualquer período do ano.

Cloretos

Os cloretos estão presentes na água em quantidades variáveis, de acordo com a


região. Concentrações superiores a 250 mg/L conferem um sabor salgado às águas. Em
algumas regiões, usam-se fontes de água com até 2000 mg/L de cloretos, sem nenhum
prejuízo à saúde. Os cloretos, quando presentes na água, podem significar infiltração de
águas residuárias e de esgotos, urina de seres humanos e de animais.

Ferro e Manganês

Geralmente, as águas com ligeiro excesso de ferro e manganês não provocam


nenhum tipo de dano ao organismo humano e animal. Essas águas, em contato com o ar,
podem se tornar turvas, sendo depreciadas pelos usuários.
A presença de um ou desses dois elementos pode resultar em sérios problemas, para
algumas industrias, como é o caso das de alvejamento, têxtil, lavanderias, agroindústrias de
laticínios, industria de papel. A presença desses elementos químicos poderá causar
problemas também em redes de condução e de distribuição de água, em virtude de
corrosões e entupimento que poderão ocorrer. Esse agravante torna-se ainda maior, quando
há presença de clamidobactérias. Estas utilizam o ferro como fonte energética e eliminam
compostos ferrosos, que corroem e entopem as canalizações de ferro fundido, em função da
maior ou menor concentração na água de gás carbônico e de oxigênio.
Sulfatos e fluoretos

O teor de sulfato permitido em águas de abastecimentos público é de 250 mg/L.


Acima desse valor poderão surgir efeitos laxativos sobre o organismo humano.
No caso de fluoretos, é aceitável até 1 mg/L nas águas de abastecimento público. A
falta de flúor implica no aparecimento de cáries dentárias em crianças e o excesso provoca
a fluorose dentária, com conseqüente enfraquecimento dos dentes.

Oxigênio dissolvido (OD)

Quantidade de gás oxigênio contido na água ou no esgoto, geralmente expressa em


parte por milhão numa temperatura e numa pressão atmosférica específica. É uma medida
da capacidade de água para sustentar organismos aquáticos. A água com conteúdo de
oxigênio dissolvido muito baixo, que é geralmente causada por lixos em excesso ou
impropriamente tratados, não sustentam peixes e organismos similares.

Demanda Química de Oxigênio (DQO)


É a quantidade de oxigênio necessária para oxidação da matéria orgânica através de
um agente químico (dicromato de potássio – forte oxidante). Um valor de DQO alto indica
uma grande concentração de matéria orgânica e baixo teor de oxigênio. O aumento da
concentração de DQO num corpo d'água se deve principalmente a despejos de origem
industrial.

Demanda Bioqímica de Oxigênio (DBO)

É o parâmetro mais comumente utilizado para a medida do consumo de oxigênio na


água. A DBO relaciona-se a uma oxidação bioquímica da matéria orgânica, realizada
inteiramente por microrganismos.

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