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Faculdade de Engenharias

Departamento de Engenharia Civil


Saneamento Ambiental

SANEAMENTO BÁSICO

PARÂMETROS DE QUALIDADE
DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS E
EFLUENTES
Prof. Vanusa Soares

VÁRZEA GRANDE, 2019


Poluição x Contaminação

Poluição: Contaminação:
“ nem toda poluição é “ toda contaminação é
contaminação” poluição”
Poluição das águas
 Entende-se por poluição das águas a adição de
formas de energia que, direta ou indiretamente,
alterem a natureza do corpo d´agua de uma
maneira tal que prejudique os legítimos usos
que dele são feitos (VON SPERLING, 2005).
Contaminação das águas

Contaminação da água é uma forma de


poluição que prejudica diretamente a
saúde dos seres que se utilizam dela.
Poluição pontual x
poluição difusa
Importâncias de se prever a
qualidade de um manancial

 Captação para o abastecimento publico: A


qualidade dos mananciais é de fundamental
importância para o abastecimento de uma cidade;

 Despejo de efluentes de estações de tratamento:


O lançamento de efluentes sem tratamento e a
poluição difusa leva o desoxigenação dos rios. Órgãos
ambientais exigem relatório técnico de lançamentos
de efluentes públicos e privados.
PADRÕES DE QUALIDADE

A análise de qualidade da água é baseada na


comparação de suas características físico,
químicas e biológicas com padrões
estabelecidos para os diversos tipos de usos
previstos.
PADRÕES DE QUALIDADE
A qualidade da água tornou-se uma questão de
saúde pública no final do século XIX e início do
século XX, devido à compreensão da relação
água contaminada e doença .
Segundo a OMS, 80% das doenças que ocorrem
e países em desenvolvimento são ocasionados
pela contaminação da água.
RESOLUÇÃO CONAMA 430, DE
13 DE MAIO DE 2011
Dispõe sobre as condições e
padrões de lançamento de efluentes,
complementa e altera a Resolução n
357, de 17 de março de 2005, do
Conselho Nacional do Meio Ambiente-
CONAMA.
RESOLUÇÃO N 430, DE 13 DE MAIO DE
2011
RESOLUÇÃO CONAMA 430, DE 13 DE MAIO DE 2011
PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA

 Variáveis Físicas
 Variáveis Químicas
 Variáveis Microbiológicas
Variáveis biológicas
Os organismos de interesse sanitário e ambiental são
divididos em 4 grupos:

Reino monera
- bactérias;

- Algas; Reino protozoa

- Protozoários;

- Helmintos Reino Animalia


Bactérias
Bactérias
São seres unicelulares, procariontes (núcleo primitivo) podendo
ser autotrófico (cianobactérias) ou heterotróficos.
Bactérias
• A Escherichia Coli é usualmente utilizada como indicadora
de contaminação fecal em águas superficiais ou de
abastecimento público.

Bacilos habitantes da flora intestinal de


animais de sangue quente, portanto não
são nocivas a saúde.
Bactérias
Variáveis biológicas
Algas
São seres uni ou pluricelulares, eucariontes (com exceção das
algas azuis) e autótrofos.
Algas
Em estações de tratamento de esgoto por lagoas de
estabilização são essenciais devido á simbiose entre as
bactérias.

Lagoa CPA3, Cuiabá/MT


simbiose

fotossíntese
Algas
Em estações de tratamento de água as algas são
indesejáveis no processo de cloração, devido a
liberação de cianotoxinas
Algas
Em águas superficiais podem indicar o fenômeno de
eutrofização, exclusivamente pelo presença de
nutrientes tais como nitrogênio e fósforo.
Variáveis biológicas
Protozoários
Os protozoário são seres pluricelulares, eucariontes e
heterotróficos. Utilizadosd como parâmetro de qualidade em
efluentes de ETE’s

Giárdia Lamblia
Entamoeba hystolitica
Variáveis biológicas
Helmintos
• Os helmintos são seres eucariontes, heterotróficos, alguns
são parasitas do homem e animais de sangue quente.
• São parâmetros de controle de qualidade de efluentes finais
de estações de tratamento de esgoto

O Áscaris lumbricóides é um parasita


intestinal causador da ascaridíase, podem
provocar , dependendo de onde as larvas se
instalam, sintomas como dores abdominais,
pneumonia e apatia mental.

Ovo de áscaris
Ovo de trichuris
Variáveis Físicas
Os principais parâmetros utilizados para caracterizar
fisicamente as águas naturais são:
• Cor;
• Turbidez;
• Sólidos;
• Temperatura.
.
Variáveis Físicas
COR
• Associada ao grau de redução de
intensidade que a luz sofre ao
atravessá-la;

• Devido à presença de sólidos


dissolvidos, principalmente
material em estado coloidal
orgânico e inorgânico
Variáveis Físicas
COR
 Presença de substâncias dissolvidas:
-Inorgânicos: óxidos de ferro e manganês, presentes
solo, metais presentes em efluentes industriais;
-Orgânicos: Taninos dissolvidos (produto de
decomposição das folhas).

Problemas associados: Maior problema coloração


água, em geral, é estético.
Variáveis Físicas
TURBIDEZ

• É a medida da dificuldade de um
feixe de luz atravessar uma certa
quantidade de água, conferindo
uma aparência turva à mesma.
Variáveis Físicas
TURBIDEZ
• Os esgotos sanitários e
diversos efluentes industriais
provocam elevações na
turbidez das águas.
• As atividades de mineração
também contribui para a
elevação da turbidez, têm
provocado formação de
grandes bancos de lodo em
rios e alterações no
ecossistema aquático.
Variáveis Físicas
TURBIDEZ
 Presença de sólidos em suspensão:
-partículas inorgânicas: areia, silte, argila;
-partículas orgânicas: algas e bactérias, plâncton e
matéria orgânica de esgoto cloacal.
 Problemas associados: impede a penetração de luz
nas águas (dificultando a produção primária),
problemas estéticos, exige maior grau de tratamento
nas ETAS.
Variáveis Físicas
TEMPERATURA

- diminui a solubilidade de gases como o O2

O aumento da T - Favorece processos aeróbicos

-mau cheiro (produtos de


degradação)
Variáveis Químicas
Potencial Hidrogeniônico (pH)
• Seres vivos necessitam de água em pH próximo á
neutralidade (entre 6-9)

• Tubulações de água (domésticas ou industriais)


podem ser entupidas (águas duras) ou ter elementos
metálicos lixiviados...

• Água com sabor desagradável e pode ter efeitos


laxativos
Variáveis Químicas
Oxigênio Dissolvido (OD)

• O oxigênio se dissolve nas águas naturais proveniente da


atmosfera.Turbulência da água favorece a introdução de
oxigênio;
• Espécies aquáticas de peixes necessitam de concentrações
mínimas de 4,0 mg/L
Variáveis Químicas
Oxigênio Dissolvido (OD)

 Pressão atmosférica ↑ - solubilidade oxigênio ↑


 Temperatura ↑ - a solubilidade oxigênio ↓
 Atividade fotossintética ↑ -quantidade oxigênio dissolvido ↑
 Matéria orgânica ↑ - concentração oxigênio água ↓
Oxigênio Dissolvido (OD)

OD

Matéria
orgânica
? distância
Variáveis Químicas
Nitrogênio e Fósforo
 Nutrientes presentes em efluentes domésticos e fertilizantes
 Àguas pluvias podem carrear os nutrientes para os corpos
receptores;
 Excesso de nutrientes podem ocasionar o fenômeno de
eutrofização ( crescimento excessivo de algas e plantas
aquáticas)
Variáveis Químicas
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

• A DBO corresponde à fração biodegradável dos


compostos presentes na amostra, que é mantida cinco
dias a uma temperatura constante de 20°C.
Variáveis Químicas
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
• Em outras linhas a DBO corresponde uma medida
indireta de matéria orgânica biodegradável

Dia 0 Dia 5

DBO = 7 – 3 = 4 mg/L

OD = 7 mg/L OD = 3 mg/L
EQUAÇÃO DA MISTURA
ESGOTO-RIO
Qual é a importância deste
parâmetro?
A introdução de matéria orgânica em um corpo
d'agua resulta, indiretamente, no consumo de
oxigênio dissolvido.

Tal se deve aos processos de estabilização da


matéria orgânica realizados pelas bactérias
decompositoras

Após o lançamento dos esgotos, o curso d’água


poderá se recuperar por mecanismos puramente
naturais, constituindo o fenômeno da
Qual é a importância deste parâmetro?

É de grande importância o conhecimento do


fenômeno de autodepuração e da sua
quantificação, tendo em vista os seguintes
objetivos:

• Utilizar a capacidade de assimilação dos rios;

• Impedir o lançamento de despejos acima do


que possa suportar o corpo d'água.
Cálculo da DBO5 após a mistura com o
despejo

( Qr . DBO r  Qe . DBO e )
DBO 5o 
Q r  Qe

onde:
DBO5o= concentração de DBO5, no ponto de mistura
(mg/l)
DBOr= concentração de DBO5 do rio (mg/l)
DBOe = concentração de DBO5 do esgoto (mg/l)
Calculo da eficiência da ETE
O cálculo de eficiência de tratamento de uma
estação de esgoto é dada pela seguinte equação:

Entrada = efluente bruto


Saída = efluente tratado
Como obter os dados de entrada?
São os seguintes os dados de entrada necessários para
a utilização das equações de diluição:

• Vazão do rio, a montante do lançamento (Qr)


• Vazão de esgotos (Qe)
• DBO5 no rio, a montante do lançamento (DBOr)
• DBO5 do esgoto (DBOe)
Como obter os dados de entrada?
a) Vazão do curso d'água (Qr)

A vazão mínima é utilizada para o planejamento


da bacia hidrográfica, para a avaliação do
cumprimento aos padrões ambientais do corpo
receptor e para a alocação de cargas poluidoras.
b) Vazão de esgotos (Qe)

A vazão de esgotos é obtida através dos


procedimentos convencionais, utilizando-se dados
de população, contribuição per capita, infiltração,
contribuição específica (no caso de despejos
industriais) etc.
C) DBO5 no rio, a montante do lançamento
(DBOr)

A DBO5 no rio, a montante do lançamento, é função dos


despejos lançados ao longo do percurso até o ponto em
questão.
Klein (1962) propõe a classificação apresentada no
Quadro 1, na ausência de dados específicos.

Condição do rio DBO5 do rio (mg/l)

Bastante limpo 1
Limpo 2
Razoavelmente limpo 3
Duvidoso 5
Ruim >10
d) DBO5 do esgoto (DBOe)

A concentração da DBO5 dos esgotos domésticos


brutos tem um valor médio da ordem de 250-350
mg/l (mg/l = g/m3).
Exercício
Um empreendimento imobiliário tem seus efluentes tratados
através de uma ETE compacta que ao final deste é lançado em
um corpo receptor, cuja a classificação se enquadra em classe 2.
Fazer uma análise do lançamento no ponto da mistura.
Um rio com vazão mínima de seca igual a 10 m3/s e
concentração de DBO de 7 mg/L, irá receber em um
determinado ponto uma vazão de 500 L/s de esgoto
tratado. Se a máxima concentração de DBO5 permitida
para o rio é de 10 mg/L e o esgoto bruto tem uma
concentração de 350 mg/L, qual deverá ser a eficiência
mínima da Estação de tratamento de esgoto?
bibliografia
• ABASTECIMENTO DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO-
VOLUME 1 - Leo Heller & Valter Lucio. Editora UFMG, 2010

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