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Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

URI – Campus Santo Ângelo


Departamento de Engenharia e Ciências da Computação
Cursos de Engenheria Civil/Elétrica e Mecânica
Disciplina de Engenharia Ambiental

Qualidade da Água

Prof. Dr. Emitério da Rosa Neto

Santo Ângelo, 2018


INDICADORES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS
CONTEXTO:
O aporte de substâncias nos mananciais

 Origina-se de várias FONTES:


- Efluentes domésticos e industriais
- Escoamentos superficial urbano e agrícola

 DEPENDE do tipo de uso e ocupação do solo

Cada uma dessas FONTES possui características próprias quanto


aos poluentes que transportam, como:
- Contaminantes orgânicos (que deveriam ser biodegradáveis)
- Nutrientes (que podem causar eutrofiação)
- Bactérias ...
INDICADORES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

CONTEXTO DA POLUIÇÃO DAS ÁGUAS:

Mesmo separando os poluentes em grupos,


a diversidade das indústrias existentes aumenta, ainda
mais, a variabilidade dos contaminantes aportados nos corpos de
água

Torna-se praticamente impossível a determinação sistemática de


todos os poluentes que possam estar presentes nas águas
superficiais, em tempo relativamente curto...

Físicos
Existem parâmetros de qualidade Químicos
de água, levando em conta
Microbiológicos
os poluentes mais representativos
Bioensaios ecotoxicológicos
INDICADORES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

Parâmetros de qualidade  Indicadores de qualidade das águas

Padrões de qualidade da água

Padrão de potabilidade – Portaria 2914/2011, do Ministério da


Saúde;

Padrão de corpos d’água – Resolução CONAMA 357/05 e do


Ministério do Meio Ambiente e eventuais legislações estaduais;

Padrão de lançamento de efluentes – Resoluções 357/11 e 430/11,


do Ministério do Meio Ambiente e eventuais legislações estaduais.
Características físicas, químicas e organolépticas
• Sólidos em suspensão
• Turbidez (capacidade de desviar a luz)
• Cor aparente e cor verdadeira (substâncias húmicas)
• Odor e sabor
• Componentes inorgânicos que afetam a saúde (ex. Cloretos, Ferro
e Manganês)
• Componentes orgânicos que afetam a saúde (ex. Matéria húmica)
• pH (6,0 a 9,5) em sistemas de distribuição
• Cloro residual livre
• Alcalinidade (capacidade da água reagir com ácidos)
• Oxigênio Dissolvido (OD), Demanda Biológica de Oxigênio (DBO)
• Condutividade elétrica
Características bacteriológicas
• Contagem de coliformes (totais e
fecais)
Poluentes Potenciais
• Sólidos em suspensão
• Teste de presença / ausência (P/A)
• Matéria orgânica (DBO)
• Contagem de colônias
• Fósforo
heterotróficas
• Nitrogênio
Características radioativas
• Micropoluentes orgânicos e
• Radioatividade Alfa e Beta inorgânicos
• Radionuclídeos específicos • Indicadores de contaminação fecal
• Algas (Cianobactérias)

Outros parâmetros
• Hidrobiológicos (algas):
cianotoxinas
• Temperatura
INDICADORES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

Os parâmetros de qualidade

PARÂMETROS FÍSICOS
Temperatura, condutividade elétrica, sólidos, cor e turbidez

Temperatura

- Solubilidade de gases como o O2


O aumento da T diminui - Favorece processos aeróbicos
 mau cheiro (produtos de degradação)
PARÂMETROS FÍSICOS DE QUALIDADE
Temperatura, condutividade elétrica, sólidos, cor e turbidez

Condutividade elétrica
É ocasianada pelas substâncias dissolvidas que se dissociam em
cátions e ânions e cuja dissolução também é função da temperatura

 Muitos sais encontrados nas águas são de origem antropogênica


- Descargas industriais
- Consumo de sal nas residências
- Excreções da população e animais

MONITORAÇÃO = IDENTIFICAR MODIFICAÇÕES NA COMPOSIÇÃO


PARÂMETROS FÍSICOS DE QUALIDADE
Temperatura, condutividade elétrica, sólidos, cor e turbidez

Sólidos
Correspondem a partículas diversas, sedimentáveis ou não e que
podem ser separadas por filtração

 Impurezas na água contribuem para o aumento na quantidade de


sólidos

A MEDIÇÃO DOS SÓLIDOS NÃO DISSOLVIDOS é o “peso” dos


sólidos filtráveis, expresso em mg/L
PARÂMETROS FÍSICOS DE QUALIDADE
Temperatura, condutividade elétrica, sólidos, cor e turbidez

Cor
NATURAL: teor de matéria orgânica decomposta e íons de Fe e Mn

ALTERADA: ações antropogênicas...

Turbidez
É uma medida que representa o quanto uma amostra de água
interfere na luz que passa por ela

 Águas turvas desfavorecem a fotossíntese de vegetações


submersas (menos vegetação  menos peixes)
Cor – Sólidos Dissolvidos

• Origem Natural
• Decomposição da matéria
orgânica
• Ácidos húmicos e fúlvicos
• Fe e Mn

• Origem Antropogênica
• Efluentes de tinturaria,
tecelagem, Papel
• Outras águas residuárias
Turbidez – Sólidos em suspensão e coloides
• Origem Natural
• Dissolução de partículas de
rochas, argila, silte, etc.
• Algas e microrganismos
• Drenagem Superficial

• Origem Antropogênica
• Águas residuárias
• Impactos morfológicos
• Processos erosivos

• Efeitos
• Aparência nebulosa
• Confiabilidade
questionável
• Adsorção de patogênicos
INDICADORES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

PARÂMETROS QUÍMICOS

Alcalinidade, dureza, pH
Oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda
química de oxigênio (DQO)
Série de nitrogênio (orgânico, amoniacal, nitrato e nitrito)
Fósforo total
Surfactantes
Óleos e graxas
Cianetos
Fenóis e demais contaminantes orgânicos
Ânions (cloretos, sulfetos)
Íons metálicos (ferro, potássio, sódio, magnésio, manganês, alumínio,
zinco, bário, cádmio, níquel, chumbo, cobre, cromo (III), cromo (VI),
selênio, mercúrio), arsênio e boro
PARÂMETROS QUÍMICOS

Alcalinidade, dureza, pH

- Relacionados com as espécies CO2, CO3 2-, Ca 2+, Mg 2+ e H+ (correlacionadas)


Águas mais alcalinas
 geralmente “dureza moderada” a “muito dura”
 pouca quantidade de íons H+

- Dureza pode ser expressa de várias formas


( dureza de cálcio, dureza de magnésio, dureza total ([Ca 2+] + [Mg2+])

- IMPORTÂNCIA desses parâmetros


 Seres vivos necessitam de água em pH próximo à neutralidade
 Tubulações de água (domésticas ou industriais) podem ser entupidas
(águas duras) ou ter elementos metálicos lixiviados...
 Níveis fora dos padrões
Água com sabor desagradável e pode ter efeitos laxativos
INDICADORES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS
PARÂMETROS QUÍMICOS

Alcalinidade, dureza, pH

Ex de classificação da dureza total da água, expressa em quantidade de CaCO 3

Dureza mg/L de CaCO3 Classificação da água


<15 muito branda

de 15 a 50 branda

de 50 a 100 moderadamente branda

de 100 a 200 dura

>200 muito dura


Dureza
• Supersaturação de cátions divalentes

Mais comuns: Ca2+, Mg2+


Outros: Sr2+, Fe2+, Mn2+

• Origem Natural
• Dissolução de rochas calcáreas

• Origem Antropogênica
• Águas residuárias

• Efeitos
• Doenças cardiovasculares
• Aumento do teor de
colesterol

50-150 mg/L CaCO3
Precipitação de sabões
• Evita formação de espuma (dureza moderada)
Oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda
química de oxigênio (DQO)

- Expressam o teor de oxigênio dissolvido e indicam os tipos possíveis de


poluentes

- Demanda bioquímica de oxigênio


É a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica por
meio de processos bioquímicos,
bioquímicos que podem ser monitorados no
laboratório”

- Demanda química de oxigênio


“É a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica através
de um agente químico”
químico

Útil para detectar substâncias resistentes à degradação biológica

=> Os valores obtidos são geralmente maiores do que os da DBO e podem ser
conseguidos em menos tempo
temp
-Série de nitrogênio (orgânico, amoniacal, nitrato e nitrito)

-Fósforo total: medida pouco seletiva (métodos espectroscópicos)

 Teores relativamente altos de espécies desta classe indicam poluição por efluentes
industriais e/ou domésticos

 NH3 é geralmente encontrada em baixas concentrações

 APESAR DA TOXICIDADE, não é persistente

 Em concentrações baixas não causa danos aos seres humanos mas pode ocasionar
sufocamento de peixes
Surfactantes

São os constituintes dos detergentes


i) aniônicos (R-SO3-)Na+ i
i) catiônicos (RMe3-N+)Cl- i
ii) não iônicos

 Diminuem a tensão superficial da água


geram espuma e deixam a “sujeira” em suspensão
 inconvenientes estético e para a biota

Óleos e graxas
(parâmetro OG)

- Substâncias orgânicas pouco encontradas em águas superficiais

- MAS por serem pouco solúveis em água, dificultam tanto o tratamento de


efluentes (processos biológicos) como o da água de abastecimento.
Fenóis e demais contaminantes orgânicos

Ocorrem em consequência de despejos industriais

Além de afetarem o sabor dos peixes e da água, podem causar:


- lesões na pele
- indisposições físicas de diversos tipos

Toxicidade
depende da espécie
Ânions (cloretos, sulfetos)

- Constituem sais presentes na água

 Aumento na concentração
 poluição doméstica (Cl-) e industrial

Íons metálicos (Al, Sb, Ba, Be, Cd, Pb, Co, Cu, Cr, Fe, Li, Mn, Hg, Ni,
Ag, Se, U, V, Zn), arsênio e boro

- Fontes: despejo de efluentes e lixiviação de fertilizantes

- Toxidade: depende da espécie (especiação química)


INDICADORES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS

Coliformes fecais e totais

- Bactérias encontradas principalmente nos intestinos de animais


de “sangue quente”
 não representam, por si só,
só perigo à saúde
- Dentre as cepas: Escherichia coli é de origem fecal

Estreptococos totais
Escherichia coli
- Bactérias patogênicas

- Classificadas em grupos (sinais clínicos e sintomas)


BIOENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS (ENSAIOS DE TOXICIDADE)

Determinação do potencial tóxico de um agente químico ou de uma mistura


 Efeito poluentes: resposta de organismos vivos

Método
 O crustácio Ceriodaphnia dubia é colocado em contato com a água
contendo as substâncias em avalição

 Os efeitos observados definem o grau da toxicidade:


- Aguda (0 a 96 horas)
 observação principal é o efeito morte

- Crônica (1/10 do ciclo vital até a totalidade da vida do


organismo)
 resposta causa mudanças comportamentais,
alterações fisiológicas, reprodutivas, etc
INDICADORES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS
Para facilitar a interpretação das informações sobre a
qualidade da água de forma abrangente e útil, , a CETEB e
o IGAM,
adaptaram e desenvolveram o Índice de Qualidade das Águas - IQA

O IQA incorpora nove parâmetros considerados relevantes


para a avaliação da qualidade das águas:
- Oxigênio dissolvido
- Coliformes fecais
- pH
- Demanda bioquímica de oxigênio
- Nitratos
- Fosfatos
- Variação na temperatura
- Turbidez
- Resíduos totais
INDICADORES DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

Valores de referência do IQA

Nível de Faixa
Qualidade
Excelente 90 < IQA  100
Bom 70 < IQA  90
Médio 50 < IQA  70
Ruim 25 < IQA  50
Muito Ruim 0 < IQA  25

 O IQA reflete a interferência por esgotos sanitários e outros


materiais orgânicos, nutrientes e sólidos
Sendo a poluição das águas um fato “real”,

Necessidade de tratamento de águas e efluentes – causa histórica

O aumento da população e o desenvolvimento industrial

 Poluem a água usada no abastecimento

 geram efluentes domésticos e industriais

- Também poluem a água e o solo ...

Existem PROCESSOS físicos, químicos e biológicos para tratar


ÁGUAS POLUÍDAS

 Águas usadas para abastecimento

 Efluentes
Matéria Orgânica
• Efeitos
• Aumenta demanda de O2 (crescimento de microrganismos)
• Coeficiente de decomposição da M.O.
• Coeficiente de “Reoxigenação (K2)”

OD

Matéria
orgânica
? distância
• Zona de Degradação

Autodepuração •

Zona de Decomposição Ativa
Zona de Recuperação
• Zona de Águas Limpas
Características das zonas de autodepuração
Zona de Degradação:

• Início  ponto de lançamento dos despejos;

• Água turva (cor acinzentada);

• Precipitação de partículas  lodo no leito do corpo d’água;

• Proliferação de bactérias (consumo de matéria orgânica);

• Redução da concentração de oxigênio dissolvido;

• Limite da 1ª zona  concentração de oxigênio atinge 40% da


concentração inicial;

• Não há odor;

• Presença de oxigênio não permita a decomposição aneróbia.


• Zona de Degradação
• Zona de Decomposição Ativa
Autodepuração • Zona de Recuperação
• Zona de Águas Limpas
Características das zonas de autodepuração

Zona de Decomposição Ativa:

• Início  oxigênio atinge valores inferiores a 40% da concentração de


saturação;
• Água  cor cinza-escura, quase negra;
• Bancos de lodos no fundo em ativa decomposição anaeróbia;
• Desprendimento de gases mal cheirosos (amônia, gás sulfídrico, etc);
• Oxigênio dissolvido  pode zerar ou “ficar negativo”;
• Biota aeróbia é substituída por outra anaeróbia;
• Ambiente fétido e escuro;
• Oxigênio passa a ser reposto  ar atmosférico ou fotossíntese;
• População de bactérias  decresce;
• Água começa a ficar mais clara (ainda impróprio p/ os peixes);
• Fim da 2ª zona  oxigênio elevar-se a 40% da conc. de saturação.
• Zona de Degradação

Autodepuração • Zona de Decomposição Ativa


• Zona de Recuperação
• Zona de Águas Limpas
Características das zonas de autodepuração

Zona de Recuperação:

• Início  40% de oxigênio de saturação;

• Término  água saturada de oxigênio;

• Água  mais clara e límpida;

• Proliferação de algas que reoxigenam o meio;

• Amônia  oxidada a nitritos e nitratos (+ fosfatos fertilizam o meio,


favorecendo a proliferação de algas);

• Cor esverdeada intensa (alimento p/ crustáceos, larvas de insetos,


vermes, etc., que servem de alimentos p/ os peixes);

• Diversificação da biocenose.
• Zona de Degradação

Autodepuração • Zona de Decomposição Ativa


• Zona de Recuperação
• Zona de Águas Limpas
Características das zonas de autodepuração

Zona de Águas Limpas:

• Água  características diferentes das águas poluídas;

• Água encontra-se “eutrófica”;

• Não é limpa, devido a presença das algas (cor verde);

• Água  recuperou-se, melhorou suas capacidade de produzir


alimento protéico (piorou no quesito de potabilidade);

• Péssimo aspecto estético;

• Grande assoreamento nas margens;

• Invasão de plantas aquáticas indesejáveis.

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