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ABTCP/UFV - Turma V
Módulo Utilidades:
Tratamento de Água
Marcelo Gasparim
Luiz Renato Pesch
Sérgio H. S. Martinelli
Curso de Especialização em Papel - ABTCP/UFV Sérgio Martinelli
1 - Introdução
Ao atingir a terra, parte dessa água corre sobre a superfície, parte infiltra-se no
terreno e parte evapora-se.
• A água que se infiltra no terreno, vai sendo filtrada gradativamente pelo terreno
isentando-se da turbidez, mas a ação de solvente faz com que dissolva sais minerais que
encontra (carbonatos, compostos de ferro e manganês)
• A água que corre sobre a superfície além de dissolver sais minerais entra em contato
com matéria orgânica em decomposição, mais frequentemente de origem vegetal e esta
liberta gás sulfídrico, carbônico e amoníaco, além de substâncias orgânicas coloridas que
conferem cor à água.
A aparência (aspecto físico) de uma água pode nos enganar totalmente sobre a
sua qualidade; assim por exemplo, podemos adicionar à uma água destilada quantidades
tais de sal de cozinha, cianeto de sódio e bactérias (como a Shigella, que provoca
diarréia) e apesar desta água ser extremamente contaminada a mesma permanece com um
ótimo aspecto. Porém, uma água com aparência desagradável, tendo por exemplo argila
em suspensão, pode ser bebida sem que cause danos à saúde.
Suas quantidades são avaliadas pela turbidez e cor. Estão presentes em grandes
quantidades em águas de superfície com as de rios e lagos, e em pequenas quantidades
em águas do subsolo, como as de poços. As naturezas da matéria em suspensão na água
e a coloidal são as mais diversas. Geralmente são constituídas de argilça, areia lama,
óleos, matéria orgânica, sílica coloidal, ácidos húmicos e fúlvicos (resulatntes da
decomposição de vegetais) e organismos como bactérias e esporo. A turbidez de águas
naturais pode variar grandemente em uma mesma fonte, no decurso do tempo e
dependendo das condições climáticas. Assim é que a água de certos rios apresenta
turbidez de 5 a 50 ppm, em termos de SiO2 no mesmo ano, variando também com
região de onde as águas provém. Há águas de rios que apresentam turbidez de até
20.000 ppm como SiO2.
Está presente na forma de O2. Sua concentração pode atingir cerca de 10 ppm e em
presença de água é altamente corrosivo ao ferro e ligas de cobre. Pode ser removido das
águas de alimentação por desaeradores. O oxigênio dissolvido em água também não
apresenta inconvenientes quando elas se destinam a fins potáveis.
Tratamento Secundário
(Desmineralização, Abrandamento Desaeração Mecânica
ou Osmose Reversa)
Consumidores
Tratamento Terciário
Tanques de Condensado
(Dosagem de produtos químicps)
Tratamento terciário: é o tratamento interno da água das caldeiras para evitar corrosão e
incrustações nos tubos da caldeira e formação e arraste.
Processos de tratamento:
- Coagulação
- Floculação
- Decantação
- Filtração
- Desinfecção
A carga negativa das partículas e causada por uma camada fixa de ânions,
seguida de uma camada fixa de cátions e ânions.
Coagulantes:
Dados sobre os compostos e a quantidade de alcalinidade consumida, quando estes são
adicionados à água, são representados a seguir. A alcalinidade consumida pode ser de
procedência natural ou adicionada.
Se a água a ser tratada não tem alcalinidade suficiente é necessário proceder-se a adição
de um composto alcalino. A seguir, apresentamos informações relativas a alcalinidade,
fornecida por estes produtos.
A mistura rápida é a que permite a dispersão dos produtos químicos na água a ser
tratada, dando uma distribuição uniforme aos mesmos.
A mistura lenta é a que vai permitir o desenvolvimento dos flocos.
Para uma mistura uniforme dos produtos químicos com a água a aplicação deve ser
feita em pontos de grande turbulência, à montante das bombas, orifícios, ressaltos
hidráulicos, chicanas, agitadores mecânicos, etc.
São destinadas a promover a agitação moderada, para a boa constituição dos flocos
e agregação de impurezas.
As câmaras de mistura lenta podem ser mecanizadas ou não:
1. Floculadores mecânicos: podem ser de eixo vertical ou de eixo horizontal.
Observações
1. Pode-se ter uma combinação do agitador mecânico e de chicanas com a finalidade de se ter
no início uma agitação mais rápida e depois uma mais lenta.
2. Pode-se ter também uma câmara com chicanas com espaçamentos diferentes entre las,
sendo que nas primeiras chicanas o espaçamento deve ser menor para produzir maior
agitação do que nas últimas.
Pré-Decantação
Resultados esperados:
A cloração divide-se em pré-cloração (efetuada logo após a captação de água ) e pós cloração
(efetuada após a clarificação).
Objetivos
Quando se a adiciona cloro com uma água quimicamente pura a seguinte reação se
processa:
Cl2 + H2O HClO + H + Cl
A temperatura ambiente dessa reação se processa em alguns segundos. Em valores de
pH superiores a 4.0 e em soluções muito diluídas a reação se desloca totalmente para a direita.
A propriedade oxidante do cloro é devida à formação de ácido hipocloroso (HClO) e é
precisamente a esta forma de composto clorado que se dá a responsabilidade da ação desinfetante
das soluções de cloro.
O ácido hipocloroso se ioniza ou dissocia, em uma reação quase instantânea, para
formar íons hidrogênio e hipocloritos: o grau de dissociação depende da temperatura e pH da
água.
HClO + H2O H + ClO
O ácido hipocloroso é fraco e se dissocia mal a valores de pH inferiores a 6,0; portanto
o cloro existe predominantemente na forma de HClO em valores baixos de pH. Entre pH 6,0 e 8,5
ocorre uma variação brusca de HClO não dissociado para a dissociação quase completa.
O pH ideal de cloração situa-se na faixa onde o cloro pode ser encontrado sob a forma
de ácido hipocloroso e íons hipoclorito. O cloro que existe na forma de ácido hipocloroso (HClO)
e íons hipoclorito (ClO) é chamado cloro residual.
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Cloração
Demanda de Cloro
Compostos Clorados
Apesar dos resultados obtidos altamente compensadores, quer seja para a oxidação
quer seja para a desinfecção, a prática está longe de ser uma operação simples.
A determinação de valores exatos de tempos de contato, demanda de cloro, residual
de cloro livre, extensão da oxidação, extensão de desinfecção é tão complexa e laboriosa que
para uma aplicação industrial, aparentemente não seria tolerável. No entanto a utilização de
cloro é tão difundida que já existem parâmetros e regras práticas de fácil aplicação que
podem ser adotadas com margens de sucesso quase totais. Passamos a descrevê-las a seguir:
Filtros de Gravidade
pH 6,8 - 7,8
Turbidez (FTU) 1
Fe (ppm) 0,2
ETA - Compacta
Consiste na substituição de íons menos desejáveis por íons mais desejáveis, sendo um
processo descontínuo de reações reversíveis. É o processo mais utilizado de tratamento
de água para geradores de vapor (principalmente de alta pressão).
Tipos de Resinas
- Estrutura do tipo gel: apresentam uma fase contínua com pequena porosidade.
- Catiônica fracamente ácida: remove parte dos cátions presentes na água. Muito
aplicada em águas com elevada dureza associada a alcalinidade (extrema capacidade de
remover cátions combinados à alcalinidade).
- Aniônica fracamente básica: essas resinas são utilizadas com a finalidade de remover
primeiramente os ânions de ácidos fortes, (cloreto, sulfato e nitrato) não tendo
capacidade de remover os ânions fracamente ionizáveis (bicarbonato e sílica).
Solução:
- uso de resinas macrorreticulares
- limpeza com salmoura quente 10%
- camada de resina aniônica fraca macroporosa sobre a resina aniônica forte gel
- uso de resinas acrílicas macroporosas (< remoção de sílica).
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Problemas com Resinas
Solução:
- No primeiro caso: contralavagem
- No segundo caso: imergir a resina em uma solução de hidrosulfito de sódio 4%
- No terceiro caso: imergir a resina em uma solução 10% em peso HCl por 5-12 horas.
Quebra de Resinas
Causada normalmente quando a concentração de cloro livre na água de entrada da resina
catiônica for maior que 0,1 ppm.
A resina quebra e pode liberar o íon sulfônico que irá contaminar resina aniônica fraca.
Abrandamento
Operação
Regeneração
V79 V82
V44 C5 C8 V45 C5 C8 V43 C5 C8 V75
715M071 715M069 715M067 V86 V81
Cation A C4 Cation B C4 Cation C C4
V178 V84 V 85
C1 C1 C1
V83
C7 C7 C7
V98 V80
C2 C2 C2 V64
V87
V061 C3 C3 C3
EFLUENTE
V76
V69 V67 V68
C6 C6 C6
EFLUENTE EFLUENTE EFLUENTE
V203
A8 A5 A8 A5 A8 A5
715M072 715M070 715M068
V90
A1 V223
A7 A7 A7
V96 V91
A2 A3 A2 A3 A2 A3
V88
V89 V92
LV31
FV26
V219
V200
FV25
V78 V77 V70
A6 A6 A6 V95 V94 V176
EFLUENTE EFLUENTE EFLUENTE
ÁGUA DESMI
V83
715M77
715M76
FI 22
715M78
V138
V134
Tqs.
V132 FV22 FI23.1
V97
FI23.2 FI 24
V140 V137 715P008
V135 V145 FV24 715P006
715P009 715P007 EFLUENTE
V143
Objetivo: reter o cloro residual presente na água, o qual sendo uma substância oxidante,
poderá causar a deterioração das resinas catiônicas. O leito de carvão ativo também tem ação
sobre matéria orgânicas na forma ionizada, transmissoras de cor e odor à água,
principalmente os ácidos orgânicos, os quais podem causar o envenenamento de resinas
aniônicas.
Critério de parada do leito: Uma vez por dia um dos leitos é parado para lavagem.
Operação: O objetivo do leito catiônico é retirar cátions presentes na água, que são
prejudiciais a eficiente operação das caldeiras. Os principais cátions presentes na água são:
Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Potássio (K) e Sódio (Na).
Critério de parada do leito: Quando a condutividade de algum dos leitos aniônicos for
maior do que 4,0 s/cm2 (gráfico de condutividade dos ânions localizado na sala de controle
da Desmineralização – CR013, CR014 e CR015) o filtro catiônico com maior volume de
operação (medido pelos totalizadores de volume) deverá ser parado para regeneração.
Operação: O objetivo do leito aniônico é retirar ânions presentes na água, que são
prejudiciais a eficiente operação das caldeiras. Os principais ânions presentes na água são:
Sílica (SiO2), Carbonato (CO32-), Sulfato (SO42-) e Cloreto (CL1-).
A resina aniônica absorve esses ânions da água, mas após um determinado período
de tempo de operação a resina se torna saturada, ou seja, ela não consegue mais absorver os
ânions. Nesse momento o leito aniônico deve ser parado e regenerado.
3. Aplicação do regenerante: é que fará a regeneração da resina. Ele trocará íons com
a resina, retirando os íons que estão absorvidos na resina (da água), regenerando-a.
São de fundamental importância a concentração do regenerante e o tempo de contato
entre o regenerante e a resina, além da quantidade de regenerante/m3 de resina.
Pressão Osmótica
. . . . . . . .
Fluxo Osmótico
. . .. . . . . .. . .
.
. . .. . .
. . .. .
. . . . . .
Solução diluída Solução concentrada Solução diluída Solução concentrada
. . . . Solução diluída
. . .. . .
.
. . .. . Solução concentrada
. . .
Agua
Solução diluída Solução concentrada
1. Incrustações.
2. Corrosão.
3. Formação de espuma e arraste.
4. Volatilização de sílica.
5. Corrosão por soda cáustica.
6. Fragilização por hidrogênio.
7. Corrosão por gases dissolvidos.
Volatilização de sílica
A sílica presente na água pode se volatilizar, depositando-se nas palhetas das
turbinas e nos sistemas de superaquecimento do vapor.
A corrosão por soda cáustica ocorre pela penetração desta nos depósitos
porosos e reagem com a magnetita formando:
Para caldeiras que operam à alta pressão (> 42 Kgf/cm2) os fenômenos que
regem a transferência de calor ocorrem a temperaturas e taxas mais elevadas, tornando
os tubos e partes constituintes da caldeira mais suscetíveis à ocorrências de fatores que
prejudiquem sua resistência. O tratamento utilizado é o congruente (pH - PO 4).
Remoção mecânica
Remoção química
Sulfito de sódio (Na2SO3) - uso restrito para caldeiras de baixa e média pressão.
Mantendo-se um meio alcalino com hidróxido de sódio para garantir uma boa
precipitação do fosfato de cálcio, o magnésio é precipitado pelo hidróxido, formando
hidróxido de magnésio que é extremamente insolúvel.
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Caldeiras de baixa e média pressão
Sílica
A sílica deverá ser removida ao máximo pelo tratamento externo ao executado na caldeira.
Uma vez que estes tratamentos não obtém remoção total de sílica ocorre sua concentração na
água de alimentação. É um dos compostos que deve ficar sob rigoroso controle, devendo o
ajuste de sua concentração na água ser feito mediante a purga contínua de superfície.
Determinou-se que a concentração máxima de sílica tolerável no vapor distribuído não pode
ultrapassar 0,02 ppm, de modo a evitar-se a sua decomposição nas palhetas das turbinas. A
presença de sílica volátil geralmente ocorre em pressões superiores a 500 psi, aumentando
consideravelmente a sua volatilização a pressões a partir de 1500 psi.
Pressão(psi) pH SiO2
50-100 11,0-12,0 250
100-400 10,5-12 ,0 200
400-600 10,0-11,5 50
600-750 10,0-11,0 10
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Caldeiras de baixa e média pressão
Sólidos Totais
É a soma dos sólidos em suspensão e dos sólidos dissolvidos. Os sólidos totais são uma
medida da possibilidade de formação de espuma, arraste de sílica volátil e formação de
depósitos. A quantidade máxima de sólidos possível é função da pressão de operação:
O controle por coordenação tem como objetivo manter alcalina as águas de caldeiras, com
condições de combater sais de Ca e Mg, sem que elas , contudo, apresentem excesso de OH,
além daquele originado pela hidrólise de determinadas concentrações de PO4 presentes.
O objetivo deste tratamento é evitar-se a presença de NaOH livre na água da caldeira. Este
controle é conseguido mantendo-se os valores da relação pH-PO4 abaixo da curva na figura a
seguir. Esta curva expressa o equilíbrio da reação abaixo, em função da quantidade de PO 4
presente:
Pontos situados acima da curva indicam presença de NaOH em excesso e pontos abaixo da
curva indicam presença de fosfatos trissódicos e dissódicos.
Nas caldeiras de alta pressão usa-se hidrazina como sequestrante de oxigênio no lugar
de sulfito de sódio.
N 2H 4 + O 2 2 H 2 O + N 2
Morfolina - C4H9NO
Ciclo-hexilamina - C6H11NH2
Dietiletanolamina - C2H5OHN (C2H5)2
Pressão(psi) pH SiO2
800 8-9 9-10
1000 8-9 5-6
1200 8-9 3-4
1600 8-9 1,5
1800 8-9 0,7
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Caldeiras de alta pressão
Condutividade
Os condutivímetros são medidores que indicam qualquer variação na qualidade da
água, devida a contaminações de ordem orgânica ou inorgânica, que possuam a propriedade
de condução elétrica. Os medidores operam em função da concentração iônica da água
analisada. Assim, quanto mais alta a concentração de sais ou gases na água, mais alta é a
condutividade. A condutividade é medida em micromhoms/cm.
Água de Alimentação
Água da Caldeira
pH 9,7 - 10,5
SiO2 (ppm) 5
NALCO CHEMICAL COMPANY, Best Practices for Boilerwater Treatment, One Nalco
Center, Naperville-USA