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1.

INTRODUÇÃO A QUALIDADE DAS ÁGUAS

1.1. Águas
Água é o nome comum que se aplica ao estado líquido do composto de hidrogênio e oxigênio. Em
um documento científico apresentado em 1804, o químico francês Joseph Louis Gay-Lussac e o
naturalista alemão Alexander Von Humboldt demonstraram, conjuntamente, que a água consistia
em dois volumes de hidrogênio e um de oxigênio, tal como se expressa na fórmula atual H2. Para
caracterizar uma água são determinados diversos parâmetros, que são indicadores da qualidade da
água e se constituem não conformes quando alcançam valores, superiores aos estabelecidos para
determinado uso. As características físicas, químicas e biológicas da água estão associadas a uma
série de processos que ocorrem no corpo hídrico e em sua bacia de drenagem.

1.2. Legislações
A qualidade requerida está bem definida nas concentrações máximas permitidas para determinadas
substâncias, conforme especificado nas Resoluções CONAMA 357/05, 396/08 e 430/2011, que
dispõem sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas
e superficiais e estabelecem as condições e padrões de lançamento de efluentes. Os principais
indicadores da qualidade da água são separados sob os aspectos físicos, químicos e biológicos.
O enquadramento é um recurso de gestão que visa garantir que a qualidade da água seja
compatível com a sua demanda, de acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH – Lei
nº 9.433/97). Esta classificação possibilita um maior controle de poluentes e avalia a evolução da
qualidade dos corpos d’água, garantindo que as características da água estejam de acordo com sua
utilização.
Os corpos hídricos nacionais são classificados em nove classes, sendo as cinco primeiras relativas à
água doce (baixa quantidade de sais minerais) e as duas seguintes de água salinas (média
quantidade de sais minerais). Já as duas últimas se referem às águas salobras (alta quantidade de
sais minerais).

 Classe Especial: destinada ao consumo humano, abastece os domicílios sem prévia ou com
simples desinfecção. Também é usada para preservar o equilíbrio natural das comunidades
aquáticas.
 Classe 1: destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento simples, à proteção das
comunidades aquáticas, à recreação de contato primário (natação, esqui e mergulho), à
irrigação de hortaliças consumidas cruas e de frutas que cresçam rentes ao solo e ingeridas
sem remoção de película e à criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies
destinadas à alimentação humana.
 Classe 2: águas destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento convencional, à
proteção das comunidades aquáticas, à recreação de contato primário, irrigação de
hortaliças e frutíferas e à criação natural e/ou intensiva de espécies destinadas à
alimentação humana.
 Classe 3: destinadas ao consumo humano após tratamento convencional, à irrigação de
culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras e à dessedentação de animais.
 Classe 4: águas destinadas à navegação, harmonia paisagística e aos usos menos exigentes.
 Classe 5: águas salinas destinadas à recreação de contato primário, proteção das
comunidades aquáticas e criação natural e/ou intensiva de espécies destinadas à
alimentação humana.
 Classe 6: águas salinas destinadas à navegação comercial, harmonia paisagística e recreação
de contato secundário.
 Classe 7: águas salobras destinadas à recreação de contato primário, proteção das
comunidades aquáticas e criação natural e/ou intensiva de espécies destinadas à
alimentação humana.
 Classe 8: águas salobras destinadas à navegação comercial, harmonia paisagística e
recreação de contato secundário.

1.3. Características Físicas

1.3.1. Temperatura
A temperatura expressa a energia cinética das moléculas de um corpo, sendo seu gradiente o
fenômeno responsável pela transferência de calor em um meio. A alteração da temperatura da
água pode ser causada por fontes naturais (principalmente energia solar) ou antropogênicas
(despejos industriais e águas de resfriamento de máquinas). A temperatura exerce influência
marcante na velocidade das reações químicas, nas atividades metabólicas dos organismos e na
solubilidade de substâncias.

1.3.2.Sabor e odor
A conceituação de sabor envolve uma interação de gosto (salgado, doce, azedo e amargo) com
o odor. No entanto, genericamente usa-se a expressão conjunta: sabor e odor. Sua origem está
associada tanto à presença de substâncias químicas ou gases dissolvidos, quanto à atuação de
alguns micro-organismos, notadamente algas. Despejos industriais que contêm fenol, mesmo
em pequenas concentrações, apresentam odores bem característicos. Para consumo humano e
usos mais nobres, o padrão de potabilidade exige que a água seja completamente inodora.

1.3.3.Cor
Resulta da existência, na água, de substâncias em solução; pode ser causada pelo ferro ou
manganês, pela decomposição da matéria orgânica da água (principalmente vegetais), pelas
algas ou pela introdução de esgotos industriais e domésticos. Padrão de potabilidade:
intensidade de cor inferior a 5 unidades. A cor da água é produzida pela reflexão da luz em
partículas minúsculas de dimensões inferior a 1 µm – denominadas coloides – finamente
dispersas, de origem orgânica ou mineral.

1.3.4.Turbidez
Presença de matéria em suspensão na água, como argila, silte, substâncias orgânicas finamente
divididas, organismos microscópicos e outras partículas. O padrão de potabilidade: turbidez
inferior a 1 unidade. A turbidez pode ser definida como uma medida do grau de interferência à
passagem da luz através do líquido. A alteração à penetração da luz na água decorre na
suspensão, sendo expressa por meio de unidades de turbidez (também denominadas unidades
de Jackson ou nefelométricas). Ao contrário da cor, que é causada por substâncias dissolvidas, a
turbidez é provocada por partículas em suspensão, sendo, portanto, reduzida por
sedimentação. A turbidez natural das águas está, geralmente, compreendida na faixa de 3 a
500 unidades fins de potabilidade; a turbidez deve ser inferior a 1 unidade. Tal restrição
fundamenta-se na influência da turbidez nos processos usuais de desinfecção, atuando como
escudo aos micro-organismos patogênicos, minimizando a ação do desinfetante.

1.3.5. Sólidos
Podem estar distribuídos da seguinte forma: em suspensão (sedimentáveis e não
sedimentáveis) e dissolvidos (voláteis e fixos). O padrão de potabilidade refere-se apenas aos
sólidos totais dissolvidos (limite: 1000 mg/L), já que esta parcela reflete a influência de
lançamento de esgotos, além de afetar a qualidade organoléptica da água.

 Sólidos em suspensão: resíduo que permanece num filtro de asbesto após filtragem da
amostra. Podem ser divididos em: Sólidos sedimentáveis: sedimentam após um
período t de repouso da amostra; sólidos não sedimentáveis: somente podem ser
removidos por processos de coagulação, floculação e decantação.

 Sólidos dissolvidos: material que passa através do filtro. Representam a matéria em


solução ou em estado coloidal presente na amostra de efluente.

1.3.6.Condutividade Elétrica
Capacidade que a água possui de conduzir corrente elétrica. Este parâmetro está relacionado
com a presença de íons dissolvidos na água, que são partículas carregadas eletricamente.
Quanto maior for a quantidade de íons dissolvidos, maior será a condutividade elétrica na
água. A condutividade elétrica da água deve ser expressa em unidades de resistência (mho ou
S) por unidade de comprimento (geralmente cm ou m). Enquanto que as águas naturais
apresentam teores de condutividade na faixa de 10 a 100 µS/cm, em ambientes poluídos por
esgotos domésticos ou industriais os valores podem chegar a 1.000 µS/cm.

1.4. Características Químicas

1.4.1.pH.
O potencial hidrogêniônico (pH) representa a intensidade das condições ácidas ou alcalinas do
meio líquido, por meio da medição da presença de íons hidrogênio (H+). É calculado em escala
antilogarítmica, abrangendo a faixa de 0 a 14 (inferior a 7: condições ácidas; superior a 7:
condições alcalinas).

1.4.2.Alcalinidade:
Causada por sais alcalinos, principalmente de sódio e cálcio; mede a capacidade da água de
neutralizar os ácidos; em teores elevados, pode proporcionar sabor desagradável à água, tem
influência nos processos de tratamento da água. A maioria das águas naturais apresenta
valores de alcalinidade na faixa de 30 a 500 mg/L de CaCO3

1.4.3.Dureza:
resulta da presença, principalmente, de sais alcalinos terrosos (cálcio e magnésio), ou de outros
metais bivalentes, em menor intensidade, em teores elevados; causa sabor desagradável e
efeitos laxativos; reduz a formação da espuma do sabão, aumentando o seu consumo; provoca
incrustações nas tubulações e caldeiras. Classificação das águas, em termos de dureza (em
CaC03)

Menor que 50 mg/1 CaC03 – água mole


Entre 50 e 150 mg/1 CaC03 – água com dureza moderada
Entre 150 e 300 mg/1 CaC03 – água dura
Maior que 300 mg/1 CaC03 – água muito dura

1.4.4.Cloretos:
Os cloretos, geralmente, provêm da dissolução de minerais ou da intrusão de águas do mar;
podem, também, advir dos esgotos domésticos ou industriais; em altas concentrações,
conferem sabor salgado à água ou propriedades laxativas.

1.4.5. Ferro e manganês: podem originar-se da dissolução de compostos do solo ou de despejos


industriais; causam coloração avermelhada à água, no caso do ferro, ou marrom, no caso do
manganês, manchando roupas e outros produtos industrializados; conferem sabor metálico à
água; as águas ferruginosas favorecem o desenvolvimento das ferrobactérias, que causam
maus odores e coloração à água e obstruem as canalizações.

1.4.6.Nitrogênio

O nitrogênio pode estar presente na água sob várias formas: molecular, amônia, nitrito, nitrato;
é um elemento indispensável ao crescimento de algas, mas, em excesso, pode ocasionar um
exagerado desenvolvimento desses organismos, fenômeno chamado de eutrofização; o nitrato,
na água, pode causar a metemoglobinemia; a amônia é tóxica aos peixes; são causas do
aumento do nitrogênio na água: esgotos domésticos e industriais, fertilizantes, excrementos de
animais.

1.4.7.Fósforo: encontra-se na água nas formas de ortofosfato, polifosfato e fósforo orgânico; é


essencial para o crescimento de algas, mas, em excesso, causa a eutrofização; suas principais
fontes são: dissolução de compostos do solo; decomposição da matéria orgânica, esgotos
domésticos e industriais; fertilizantes; detergentes; excrementos de animais.

1.4.8. Fluoretos: os fluoretos têm ação benéfica de prevenção da cárie dentária; em concentrações
mais elevadas, podem provocar alterações da estrutura óssea ou a fluorose dentária (manchas
escuras nos dentes).

1.4.9.Matéria orgânica: DBO e DQO:


A matéria orgânica da água é necessária aos seres heterótrofos, na sua nutrição, e aos
autótrofos, como fonte de sais nutrientes e gás carbônico. Em grandes quantidades, no
entanto, podem causar alguns problemas, como cor, odor, turbidez e consumo do oxigênio
dissolvido pelos organismos decompositores. O consumo de oxigênio é um dos problemas mais
sérios do aumento do teor de matéria orgânica, pois provoca desequilíbrios ecológicos,
podendo causar a extinção dos organismos aeróbicos. Geralmente, são utilizados dois
indicadores do teor de matéria orgânica na água: Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e
Demanda Química de Oxigênio (DQO). Os parâmetros DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio)
e DQO (Demanda Química de Oxigênio) são utilizados para indicar a presença de matéria
orgânica na água. Sabe-se que a matéria orgânica é responsável pelo principal problema de
poluição das águas, que é a redução na concentração de oxigênio dissolvido. Isto ocorre como
consequência da atividade respiratória das bactérias para a estabilização da matéria orgânica.
Portanto, a avaliação da presença de matéria orgânica na água pode ser feita pela medição do
consumo de oxigênio. Os referidos parâmetros DBO e DQO indicam o consumo ou a demanda
de oxigênio necessários para estabilizar a matéria orgânica contida na amostra de água. Esta
demanda é referida convencionalmente a um período de cinco dias, já que a estabilização
completa da matéria orgânica exige um tempo maior, e a uma temperatura de 20ºC.
A diferença entre DBO e DQO está no tipo de matéria orgânica estabilizada. Enquanto a DBO
refere-se exclusivamente à matéria orgânica mineralizada por atividade dos micro-organismos,
a DQO engloba, também, a estabilização da matéria orgânica ocorrida por processos químicos.
Assim sendo, o valor da DQO é sempre superior ao da DBO. Além do mais, a relação entre os
valores de DQO e DBO indica a parcela de matéria orgânica que pode ser estabilizada por via
biológica. Tanto a DBO quanto a DQO são expressas em mg/L. A concentração média da DBO –
que é, entre os dois, o parâmetro normalmente mais utilizado – em esgotos domésticos é da
ordem de 300 mg/L, o que indica que são necessários 300 miligramas de oxigênio para
estabilizar, em um período de cinco dias e a 20ºC, a quantidade de matéria orgânica
biodegradável contida em 1 litro da amostra. Alguns efluentes de indústrias que processam
matéria orgânica (laticínios, cervejarias, frigoríficos) apresentam valores de DBO na ordem de
grandeza de dezenas ou mesmo centenas de gramas por litro. Em ambientes naturais não
poluídos, a concentração de DBO é baixa (1 mg/L a 10 mg/L), podendo atingir valores bem mais
elevados em corpos d’água sujeitos à poluição orgânica, em geral decorrente do recebimento
de esgotos domésticos ou de criatórios de animais.

1.5. Características Biológica

1.5.1.Coliformes
são indicadores de presença de microrganismos patogênicos na água; os coliformes fecais
existem em grande quantidade nas fezes humanas e, quando encontrados na água, significa
que ela recebeu esgotos domésticos, podendo conter microrganismos causadores de doenças.

1.5.2.Algas
As algas desempenham um importante papel no ambiente aquático, sendo responsáveis pela
produção de grande pane do oxigênio dissolvido do meio; em grandes quantidades, como
resultado do excesso de nutrientes (eutrofização), trazem alguns inconvenientes: sabor e odor;
toxidez, turbidez e cor; formação de massas de matéria orgânica que, ao serem decompostas,
provocam a redução do oxigênio dissolvido; corrosão; interferência nos processos de
tratamento da água: aspecto estético desagradável.

2. Etapas do tratamento de água:

1. Coagulação e Floculação: Nestas etapas, as impurezas presentes na água são agrupadas pela ação do
coagulante, em partículas maiores (flocos) que possam ser removidas pelo processo de decantação.
Os reagentes utilizados são denominados de coagulantes, que normalmente são o Sulfato de
Alumínio e o Cloreto Férrico. Nesta etapa também poderá ser necessária a utilização de um
alcalinizante (Cal Hidratada ou Cal Virgem) que fará a necessária correção de pH para uma atuação
mais efetiva do coagulante. Na coagulação ocorre o fenômeno de agrupamento das impurezas
presentes na água e, na floculação, a produção efetiva de flocos.

2. Decantação: Os flocos formados são separados da água pela ação da gravidade em tanques
normalmente de formato retangular.

3. Filtração: A água decantada é encaminhada às unidades filtrantes onde é efetuado o processo de


filtração. Um filtro é constituído de um meio poroso granular, normalmente areia, de uma ou mais
camadas, instalado sobre um sistema de drenagem, capaz de reter e remover as impurezas ainda
presentes na água.

4. Desinfecção: Para efetuar a desinfecção de águas de abastecimento utiliza-se um agente físico ou


químico (desinfetante), cuja finalidade é a destruição de microrganismos patogênicos que possam
transmitir doenças através delas. Normalmente são utilizados em abastecimento público os
seguintes agentes desinfetantes, em ordem de frequência: cloro, ozona, luz ultravioleta e íons de
prata.

5. Fluoretação: A fluoretação da água de abastecimento público é efetuada através de compostos à


base de fluor. A aplicação destes compostos na água de abastecimento público contribui para a
redução da incidência de cárie dentária em até 60%, se as crianças ingerirem desde o seu
nascimento quantidades adequadas de ion fluoreto.

3. Cálculos
4. Controles Operacionais
5. Determinação dos parâmetros de qualidade da água
5.1. pH
O termo pH representa a concentração de íons hidrogênio em uma solução. Na água, este fator é de
excepcional importância, principalmente nos processos de tratamento. Na rotina dos laboratórios
das estações de tratamento ele é medido e ajustado sempre que necessário para melhorar o
processo de coagulação/floculação da água e o controle da desinfecção. O valor do pH varia de 0 a
14. Abaixo de 7 a água é considerada ácida e acima de 7, alcalina. Água com pH 7 é neutra. A
Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde recomenda que o pH da água seja mantido na faixa de
6,0 a 9,5 no sistema de distribuição. Existem no mercado vários aparelhos para determinação do pH.
São denominados de potenciômetros ou colorímetros.

Técnica
a) ligar o aparelho e esperar a sua estabilização;
b) lavar os eletrodos com água destilada e enxugá-los com papel absorvente;
c) calibrar o aparelho com as soluções padrão (pH 4 – 7 ou 9);
d) lavar novamente os eletrodos com água destilada e enxugá-los;
e) introduzir os eletrodos na amostra a ser examinada e fazer a leitura;
f) lavar novamente e deixá-los imersos em água destilada;
g) desligar o aparelho.
5.2. Cor
A cor da água é proveniente da matéria orgânica como, por exemplo, substâncias húmicas, taninos e
também por metais como o ferro e o manganês e resíduos industriais fortemente coloridos. A cor,
em sistemas públicos de abastecimento de água, é esteticamente indesejável. A sua medida é de
fundamental importância, visto que, água de cor elevada provoca a sua rejeição por parte do
consumidor e o leva a procurar outras fontes de suprimento muitas vezes inseguras. A Portaria nº
518/2004 do Ministério da Saúde estabelece para cor aparente o Valor Máximo Permitido de 15
(quinze) uH como padrão de aceitação para consumo humano.

Método de determinação: Comparação visual

Material necessário:
a) tubos de Nessler forma alta de 50 ml;
b) suporte de madeira;
c) solução-Padrão de Cloroplatinato de Potássio (500 Unidades de Cor);

Técnica
a) preparar Padrões de Cor na faixa de 5 a 50 unidades de cor, medindo 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 2,5; 3,0;
3,5; 4,0; 4,5; 5,0; 6,0 e 7,0 ml da solução padrão (500 Unidades de Cor) e colocar em tubos de
Nessler de 50 ml;
b) diluir com água destilada até a marca de 50 ml;
c) medir 50 ml da amostra em outro tubo de Nessler e comparar com os padrões.

Resultado: é expresso em Unidades de Cor ou unidade Hazen (uH).

Notas:
1. A comparação deverá ser feita olhando os tubos verticalmente contra um fundo branco;
2. Proteger os Padrões contra evaporação e poeira;
3. Quando a cor da amostra for maior do que 70 unidades, fazer diluição até que se obtenha
resultado dentro da faixa coberta pelos padrões. Neste caso, o resultado deve ser multiplicado pelo
fator de diluição;
4.uH é a unidade de escala de Hazen (platinacobalto).

5.3. Alcalinidade
A alcalinidade total de uma água é dada pelo somatório das diferentes formas de alcalinidade
existentes, ou seja, é a concentração de hidróxidos, carbonatos e bicarbonatos, expressa em termos
de Carbonato de Cálcio. Pode-se dizer que a alcalinidade mede a capacidade da água em neutralizar
os ácidos. A medida da alcalinidade é de fundamental importância durante o processo de
tratamento de água, pois, é em função do seu teor que se estabelece a dosagem dos produtos
químicos utilizados. Normalmente as águas superficiais possuem alcalinidade natural em
concentração suficiente para reagir com o sulfato de alumínio nos processos de tratamento.
Método de determinação: Titulação com Ácido Sulfúrico

Material necessário:
a) pipeta volumétrica de 50 ml;
b) frasco Erlenmeyer de 250 ml;
c) bureta de 50 ml;
d) fenolftaleína;
e) indicador metilorange;
f) mistura Indicadora de Verde de Bromocresol/Vermelho de Metila;
g) solução de Ácido Sulfúrico 0,02 N;
h) solução de Tiossulfato de Sódio 0,1 N.

Técnica:
a) tomar 50 ml da amostra e colocar no Erlenmeyer;
b) adicionar 3 gotas da solução indicadora de verde de bromocresol/vermelho de metila;
c) titular com a Solução de Ácido Sulfúrico 0,02 N até a mudança da cor azul-esverdeada para róseo;
d) anotar o volume total de H2SO4 gasto (V) em ml.
Cálculo: Alcalinidade total em mg/l de CaCO3 = V x 20

Notas:
1. Usar 0,05 ml (1 gota) da solução de Tiossulfato de Sódio 0,1 N, caso a amostra apresente cloro
residual livre;
2. Utilizar esta técnica na ausência de alcalinidade à fenolftaleina;
3. Caso haja alcalinidade à Fenolftaleina, adicionar, antes da mistura indicadora de verde de
bromocresol/ vermelho de metila 3 gotas de Fenolftaleina e titule com H2SO4 0,02N até
desaparecer a cor rósea formada. Em seguida continuar no passo b da técnica;
4. A alcalinidade à Fenolftaleína só poderá ocorrer se o pH da amostra for maior que 8,2;
5. Na impossibilidade de conseguir a mistura indicadora de verde de bromocresol/vermelho de
metila, usar o indicador de metilorange. Nesse caso o ponto de viragem no passo 3 da técnica será
de amarelo para alaranjado;
6. O ponto de viragem quando se usa o indicador verde de bromocresol/vermelho de metila é mais
nítido do que quando se usa metilorange;
7. A fórmula acima é para ser utilizada quando se usa uma amostra de 50 ml. Quando for usado 100
ml de amostra, o volume (V) passará a ser multiplicado por 10;
8. Fc – Fator de correção da solução titulante.

6. Cloretos
Geralmente os cloretos estão presentes em águas brutas e tratadas em concentrações que podem variar
de pequenos traços até centenas de mg/l. Estão presentes na forma de cloretos de sódio, cálcio e
magnésio. A água do mar possui concentração elevada de cloretos que está em torno de 26.000 mg/l.
Concentrações altas de cloretos podem restringir o uso da água em razão do sabor que eles conferem e
pelo efeito laxativo que eles podem provocar. A portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece
o teor de 250 mg/l como o valor máximo permitido para água potável. Os métodos convencionais de
tratamento de água não removem cloretos. A sua remoção pode ser feita por desmineralização
(deionização) ou evaporação.

Método de determinação: Titulação com nitrato de prata.

Material necessário:
a) bureta de 50 ml;
b) becker de 250 ml;
c) frasco Erlenmeyer de 250 ml;
d) medidor de pH;
e) proveta de 100 ml;
f) solução Padrão de Nitrato de Prata 0,0141N;
g) solução Indicadora de Cromato de Potássio K2CrO4;
h) hidróxido de Sódio 1N;
i) ácido Sulfúrico 1N;
j) cloreto de Sódio 0,0141 N.

Técnica
a) colocar 100 ml de amostra no Erlenmeyer;
b) ajustar o pH entre 7 e 10, se necessário, com NaOH ou H2SO4;
c) adicionar 1 ml da solução indicadora de K2CrO4;
d) titular com a Solução Padrão de Nitrato de Prata 0,0141 N até a viragem para amarelo avermelhado
que é o ponto final da titulação;
e) fazer um branco da mesma maneira que a amostra.

mg/l Cl = ((A - B) x N x 35.450) / (ml da amostra)

Onde:
A = ml do titulante gasto na amostra;
B = ml do titulante gasto no branco;
N = Normalidade do titulante;

Cloro residual livre

O cloro é um produto químico utilizado na desinfecção da água. Sua medida é importante e serve para
controlar a dosagem que está sendo aplicada e para acompanhar sua evolução durante o tratamento.
A portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde determina a obrigatoriedade de se manter em qualquer
ponto na rede de distribuição a concentração mínima de cloro residual livre de 0,2 mg/l. Recomenda,
ainda, que o teor máximo seja de 2,0 mg/l de cloro residual livre em qualquer ponto do sistema de
abastecimento. Os principais produtos utilizados são: hipoclorito de cálcio, cal clorada, hipoclorito de
sódio e cloro gasoso.

Método de determinação: Comparação visual

Material necessário:
a) comparador colorimétrico;
b) cubetas de vidro ou de acrílico;
c) DPD para cloro livre em cápsula;

Técnica
a) Encher a cubeta com água da amostra até a marca de 5,0 ml;
b) Colocá-la na abertura do lado esquerdo do aparelho;
c) Encher outra cubeta até a marca de 5,0 ml com a amostra a ser testada;
d) Adicionar uma cápsula do reagente DPD na segunda amostra e misturar;
e) Colocar a cubeta no compartimento no aparelho;
f) Antes de 1 minuto fazer a leitura do teor de cloro.
Nota: Quando fizer a leitura posicionar o comparador (equipamento) contra uma fonte de luz como, por
exemplo, uma janela, o céu ou uma lâmpada. Rotacione o disco até que se obtenha a mesma tonalidade
nos dois tubos.

Resultado: O resultado é expresso em mg/l de Cloro Residual Livre

6.1. Oxigênio dissolvido

O oxigênio dissolvido, ou seja, a quantidade de O2 presente na água, pode ser determinado de forma
simples com a ajuda de um instrumento de medição, o Medidor de Oxigênio Dissolvido. O aparelho
obtém essa medida ao entrar em contato com a amostra analisada.

Existem dois tipos de sonda, a polarográfica e a galvânica. Apesar dos processos diferentes para medição,
em ambas é gerada uma tensão (que pode ser externa ou não) que interage e gera uma corrente elétrica
proporcional à concentração de oxigênio. O valor calculado é geralmente expresso em mg/L (parte por
milhão).

6.2. Ensaio de coagulação (Jar-test )

O ensaio de coagulação é um procedimento de rotina em estações de tratamento de água para


determinar a dosagem dos produtos químicos utilizados no tratamento. Podemos dizer, que é uma
simulação do que ocorre na ETA. Para realizar este ensaio, é necessário que se conheça previamente as
seguintes características da água bruta: cor, turbidez, alcalinidade, pH e temperatura; além de
parâmetros hidráulicos da estação de tratamento, tais como: vazão, tempo de detenção no floculador,
velocidade de sedimentação no decantador, etc. O ensaio de coagulação não é uma operação muito
simples, pois devem ser consideradas algumas variáveis do processo, como a cor e turbidez da água
bruta; se a alcalinidade natural da água é suficiente, se o pH está dentro da faixa ótima de floculação, o
tipo de coagulante empregado, etc. Neste exemplo prático, vamos apenas considerar os parâmetros: cor,
turbidez, pH e alcalinidade total, já que o objetivo principal do teste é a remoção da cor e turbidez da
água, aplicando-se uma menor quantidade de coagulante. O produto químico utilizado é o sulfato de
alumínio, sendo o mais comum.

Etapas do teste de coagulação que devem ser observados

a) fazer análise da amostra bruta – cor, pH, turbidez e alcalinidade total, temperatura;
b) descobrir o pH ótimo de floculação;
c) verificar a menor dosagem do coagulante no pH ótimo;
d) observar a velocidade de sedimentação dos flocos;
e) analisar o sobrenadante, verificando, principalmente, a remoção de cor e turbidez.

Material necessário:
a) aparelho de Jar-test conforme o da figura;
b) becker forma baixa de 1000 ml;
c) solução de sulfato de alumínio a 1%;
d) solução de cal a 0,5%;
e) Pipetas graduadas de 5 e 10 ml.
Procedimento 1

Considerando que a água bruta tenha alcalinidade natural suficiente e tenha, também, um pH ótimo
de floculação).
a) colocar 6 beckers de 1 litro na plataforma do aparelho de Jar-Test;
b) enchê-los com água bruta até a marca de 1000 ml;
c) ligar o aparelho na velocidade máxima 100 r.p.m;
d) adicionar simultaneamente nos beckers a quantidade de coagulante (sulfato de alumínio) que foi
calculada para cada becker;
e) deixar agitar nessa velocidade por 2 a 3 minutos (tempo de detenção na câmara de mistura
rápida);
f) reduzir a velocidade de agitação para 50 r.p.m durante 10 a 30 minutos (tempo de detenção nos
floculadores);
g) deixar as amostras decantar por algum tempo(esse tempo seria o correspondente à velocidade
de sedimentação no decantador – 10 a 30 minutos);
h) coletar o sobrenadante de todos os beckers e analisar os parâmetros necessários para verificar
qual deles apresentou melhor resultado;
i) normalmente o melhor resultado é aquele que apresentou maior redução de cor e turbidez e essa
dosagem deverá ser a escolhida.

Procedimento 2
Quando a água não tem alcalinidade natural suficiente e desconhece-se o pH ótimo de floculação.

a) colocar 6 beckers de 1 litro na plataforma do aparelho de Jar-Test


b) enchê-los com água bruta até a marca de 1000 ml;
c) ligar o aparelho na velocidade máxima 100 r.p.m;
d) estabelecer diferentes pH nos beckers usando álcali (cal hidratada);
e) aplicar uma quantidade fixa de sulfato de alumínio em todos os beckers e proceder de acordo
com os passos (e) e (i) do procedimento 1;
f) medir o pH do frasco que apresentou melhor resultado;
g) executar novo ensaio, fixando em todos os beckers o pH ótimo encontrado no item anterior;
h) adicionar sulfato de alumínio em cada becker, variando a concentração em valores próximos
(menor e maior) da dosagem utilizada na letra c;
i) proceder de acordo com os passos de (e) e (i) do procedimento 1.

Notas: 1. dependendo das alterações que a água bruta possa sofrer, conseqüência de enchentes,
estiagens, alterações climáticas, etc., é recomendado sempre fazer novos testes para ajustar as
dosagens dos coagulantes.

2. Quando a água bruta não tiver alcalinidade natural suficiente para reagir com o sulfato de
alumínio, usar cal hidratada ou outro álcali para promover uma alcalinidade artificial.

3. Quando a água bruta não tiver um pH ótimo de floculação, criar essa condição, utilizando ácidos
ou bases
(álcalis).
4. O álcali mais usado é a cal hidratada.

5. Normalmente se usa sulfato de alumínio a 1% e cal a 0,5% para fazer os ensaios, pois facilita a
medição de volumes utilizados no processo.

6. Para dosagens de sulfato de alumínio de 10 – 15 – 20 – 25 – 30 e 35 mg/L de uma solução a 1%


são necessários os seguintes volumes: 1,0 ml, 1,5 ml, 2,0 mL, 2,5 ml, 3,0 ml e 3,5 ml,
respectivamente. Para dosagem de cal, usa-se metade desses volumes em ml.

7. Consultar a tabela abaixo para estabelecer a quantidade de cal necessária em função do consumo
de sulfato de alumínio.

Teoricamente, cada mg/l de sulfato de alumínio requer:

O,45 mg/l de alcalinidade natural;


0,25 mg/l de cal (CaO);
0,33 mg/l de cal como Ca(OH)2;
0,48 mg/l de carbonato de sódio – Na2CO3 (barrilha).

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