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Parâmetros

O primeiro passo do planejamento de uma amostragem é definir os


parâmetros a serem analisados, visando caracterizar a qualidade da água. No
entanto, para que o perito possa escolher os parâmetros pertinentes a cada caso, é
necessário que ele conheça o que cada parâmetro representa e indica.

Oxigênio dissolvido

Do ponto de vista ecológico, o oxigênio dissolvido é uma variável


extremamente importante, pois é necessário para a respiração da maioria dos
organismos que habitam o meio aquático. A determinação do oxigênio dissolvido é
de fundamental importância para avaliar as condições naturais da água e detectar
impactos ambientais como a eutrofização e a carga de poluição orgânica.
Geralmente o oxigênio dissolvido se reduz ou desaparece, quando a água
recebe grandes quantidades de substâncias orgânicas biodegradáveis encontradas,
por exemplo, no esgoto doméstico, em efluentes industriais, no vinhoto, e em outros
tipos de efluentes. Os resíduos orgânicos despejados nos corpos d’água são
decompostos por micro-organismos que utilizam o oxigênio na sua respiração.
Assim, quanto maior a carga de matéria orgânica, maior o número de agentes
decompositores e, consequentemente, maior o consumo de oxigênio dissolvido.

Demanda Bioquímica do Oxigênio (DBO)

A Demanda Bioquímica do Oxigênio (DBO) avalia a quantidade de oxigênio


dissolvido (OD) em mg O2.L-1, que será consumida pelos organismos aeróbios ao
degradarem a matéria orgânica. O teste é realizado à temperatura padrão de 20°C
durante cinco dias, no escuro, sem fonte externa de OD, com diluições e
semeaduras apropriadas. Por durar cinco dias e a temperatura padrão de incubação
ser 20°C, os resultados são expressos em termos de DBO 5,20. Por intermédio da
medida da DBO pode-se estimar a carga orgânica, ou a quantidade de matéria
orgânica biodegradável, presente no efluente e as necessidades de aeração para
degradá-las em estações de tratamento.

Demanda Química de Oxigênio (DQO)

A Demanda Química de Oxigênio (DQO) se baseia no fato de que alguns


compostos orgânicos são oxidados por agentes químicos oxidantes considerados
fortes, como por exemplo, o K2Cr2O7 (dicromato de potássio) em meio ácido, sendo
o resultado final desta oxidação o dióxido de carbono e água. A DQO mede a
quantidade de O2 necessária para a oxidação da matéria orgânica por meio de um
agente químico, e assim como a DBO indica a carga orgânica do efluente.

Nutrientes

Os nutrientes mais importantes relacionados a efluentes são o nitrogênio e o


fósforo. O nitrogênio é um dos elementos mais importantes no metabolismo de
ecossistemas aquáticos. Esta importância deve-se à sua participação na formação
de proteínas, um dos componentes básicos da biomassa. (ESTEVES, 1998).
Os esgotos domésticos, fertilizantes e excrementos de animais são as
principais causas do aumento do nitrogênio na água. As águas naturais, em geral,
contêm nitratos em solução e, além disso, principalmente tratando-se de águas que
recebem esgotos, podem conter quantidades variáveis de compostos mais
complexos, ou menos oxidados, tais como: compostos orgânicos quaternários,
amônia e nitritos.
O fósforo encontra-se na água na forma de ortofosfato, polifosfato e fósforo
orgânico; é essencial para o crescimento das algas, mas, em excesso causa
eutrofização. Os compostos de fósforo são um dos mais importantes fatores
limitantes à vida dos organismos aquáticos e a sua economia, em uma massa
d’água, é de importância fundamental no controle ecológico das algas e outras
plantas. Suas principais fontes são: dissolução de compostos do solo, decomposição
da matéria orgânica, esgotos domésticos e industriais, fertilizantes, detergentes,
excrementos animais.
Organismos patogênicos

As classes de organismos patogênicos mais comuns e algumas das doenças


transmitidas pela água e esgoto ao homem são:
➢ Bactérias: responsável pela transmissão de doenças como
leptospirose, febre tifoide, febre paratifoide, shigellose, cólera, etc.;
➢ Vírus: responsável pela transmissão de doenças como a hepatite
infecciosa e a poliomielite;
➢ Protozoários: responsável pela transmissão de doenças como a
amebíase, a giardíase e a criptosporidíase;
➢ Helmintos: responsável pela transmissão de doenças como a
esquistossomose e a ascaridíase.

Segundo Roche (2008), estes microrganismos não são residentes naturais do


meio aquático, tendo origem, principalmente, nos dejetos de pessoas doentes ou
portadores, junto com matéria fecal de esgotos sanitários. Assim, têm sobrevivência
limitada na água, podendo, no entanto, alcançar um ser humano por meio da
ingestão ou contato, causando-lhe doenças. Devido à grande variedade de
microrganismos patogênicos que podem estar contidos na água, é difícil sua
detecção individualizada, é mais fácil inferir sua existência a partir de indicadores da
presença de matéria fecal no meio líquido.

As bactérias usadas como indicadores de contaminação da água são os


coliformes termotolerantes, os quais vivem normalmente no organismo humano,
existindo em grande quantidade nas fezes. A presença de bactérias do grupo
coliforme termotolerante na água indica que a mesma mais provavelmente recebeu
matéria fecal e pode, portanto, conter micro- organismos patogênicos. Entre as
bactérias do grupo coliforme, a mais importante como indicadora da poluição fecal é
a Escherichia coli, também chamada E. Coli.
As razões para a escolha dos coliformes termotolerantes, em especialmente
da E. Coli, como indicadores da presença potencial de patogênicos de origem fecal
na água são:
1) Existem em grande número na matéria fecal e praticamente não existem
em nenhum outro tipo de matéria orgânica poluente; assim, podemos dizer que são
indicadores específicos de matéria fecal;
2) Algumas das bactérias pertencentes a esse grupo, como a Escherichia
coli, não se reproduzem na água ou no solo, mas exclusivamente no interior do
intestino de homens e animais. Assim sendo, só são encontradas na água quando
ocorreu o aporte de matéria fecal;
3) Apresentam um grau de resistência a fatores do meio (como luz,oxigênio,
cloro e outros agentes destruidores de bactérias comparável ao que é apresentado
pelos principais patogênicos intestinais que podem ser veiculados pela água; assim,
reduz-se muito a possibilidade de existirem patogênicos fecais quando existem
pequenas quantidades de coliformes termotolerantes, com exceção de helmintos e
vírus;
4) Sua caracterização e quantificação são feitas por métodos relativamente
simples e baratos.

Poluentes orgânicos recalcitrantes

Os poluentes orgânicos recalcitrantes, também conhecidos como refratários,


são aqueles que não são biodegradáveis, isto é, não se degradam naturalmente na
natureza, ou sua taxa de biodegradação é muito lenta. A maioria dos compostos
orgânicos recalcitrantes foi criada pelo homem por meio do desenvolvimento
tecnológico. Alguns exemplos de compostos orgânicos desta natureza são:

❖ Agrotóxicos ou defensivos agrícolas: são as substâncias químicas


usadas no combate às pragas, tais como: inseticidas, herbicidas e fungicidas. Estes
produtos são tóxicos ao homem, peixes e outros animais quando em concentrações
mais elevadas do que àquelas consideradas críticas;

❖ Detergentes sintéticos: os detergentes, principalmente os não


biodegradáveis, são causadores de diversos problemas, quando incorporados à
água: sabor desagradável, formação de espuma em águas agitadas, dificultam a
operação de estações de tratamento de água e de tratamento de esgoto, etc;

❖ Fenóis: os fenóis e seus compostos, existentes em resíduos


industriais, além de serem tóxicos, causam problemas em sistemas de tratamento
da água, pois se combinam com o cloro, produzindo odor e sabor
desagradáveis;

❖ Petróleo: o petróleo e seus derivados podem acidentalmente atingir


corpos d´água nas fases de extração, transporte, aproveitamento industrial e
consumo, causando assim diversos problemas ambientais como a formação de uma
película superficial que dificulta as trocas gasosas entre o ar e a água, a vedação
dos estômatos das plantas e órgãos respiratórios dos animais, a impermeabilização
das raízes de plantas, etc.

Metais

Todos os metais podem ser solubilizados pela água, podendo gerar danos à
saúde humana e dos animais devido à toxicidade ou aos potenciais carcinogênicos,
mutagênicos ou teratogênicos em função da quantidade ingerida. São denominados
tóxicos aqueles metais que causam danos com pequenas quantidades, os metais
tóxicos também são conhecidos como metais pesados. Exemplos de metais tóxicos
são o arsênico, bário, cádmio, cobre, cromo, chumbo, mercúrio e zinco.
Um organismo aquático pode apresentar dois tipos básicos de
comportamento em relação aos metais: ou é sensível à ação tóxica de um
determinado metal, ou não é sensível, mas o bioacumula, potencializando seu efeito
nocivo por meio das cadeias alimentares de forma a colocar em risco organismos
situados nos topos destas cadeias.
Em geral, metais tóxicos estão presentes em quantidades diminutas no meio
aquático por ação de fenômenos naturais, mas podem ser despejados em
quantidades significativas por atividades industriais, agrícolas e de mineração.
Exemplos de metais não tóxicos são o cálcio, magnésio, sódio, ferro e manganês.
Alguns destes metais podem produzir certos inconvenientes para o consumo de
água doméstica pela alteração de cor, odor e sabor que provocam.
Muitas vezes a detecção de metais no meio aquático é dificultada pelo fato de
que alguns deles depositam-se no fundo dos corpos d´água, assim é necessário
analisar os sedimentos. Outro problema associado à quantificação de metais é que
em muitos casos as concentrações existentes no meio são inferiores à capacidade
de detecção dos aparelhos utilizados nos laboratórios encarregados do
monitoramento da qualidade das águas, mas isto não significa que não sejam
importantes.

Para fins de potabilidade

No Brasil, os padrões de potabilidade de água, ou seja, os padrões para


aceitação para consumo humano são definidos pela Portaria 518/2004 do Ministério
da Saúde. Essa portaria versa também sobre o monitoramento da qualidade da
água nas redes de distribuição e estipula que a concentração mínima de cloro
residual livre em qualquer ponto da rede de distribuição deverá ser de 0,2 mg/L,
visando garantir que a água esteja livre de contaminação.
Assim, para definir os parâmetros que serão utilizados em uma amostragem
para potabilidade, basta consultar esta portaria. Para que a água seja potável os
resultados dos parâmetros medidos não podem ultrapassar os limites estabelecidos
pelo padrão de potabilidade. A coleta de uma amostra para potabilidade deve ser
bem criteriosa e o máximo possível representativa, assim é necessário seguir um
procedimento específico de desinfecção do ponto de coleta usando flambagem,
conforme demonstra a figura abaixo.
COLETA DE AMOSTRA DE ÁGUA PARA ANÁLISE DE POTABILIDADE

FONTE: FUNASA, 2004.

Efluentes Industriais

A utilização de água pela indústria pode ocorrer de diversas formas, tais


como: matéria-prima, fluido auxiliar, geração de energia, fluido de aquecimento e
resfriamento e para transporte de contaminantes. Assim, tem-se que os processos
industriais de beneficiamento e transformação da matéria- prima em produtos geram
efluentes líquidos com características físicas, químicas e biológicas inerentes a
composição dos insumos, das águas de abastecimento e do processo produtivo.
A caracterização de um efluente industrial começa, então, por entender como
é o processo produtivo e a utilização da água na atividade. Alguns processos
industriais são comuns a várias indústrias e outros são bastante particulares.
Segundo Jordão & Pessoa (2005), de modo geral, cada indústria deve ser
considerada separadamente, estabelecendo-se a caracterização física, química e
biológica dos efluentes gerados
FIGURA- USO DE ÁGUA E GERAÇÃO DE EFLUENTES NA INDÚSTRIA

Em geral, o método mais utilizado em perícias ambientais relacionadas a


indústrias é a caracterização físico-química e de toxicidade dos efluentes por
intermédio de análises laboratoriais. Os parâmetros da caracterização físico- química
são escolhidos segundo a ideia que já se tem da composição do efluente, a partir da
análise das atividades e matérias-primas da indústria em questão.

ESTUDO DE CASO

Objetivando manter o sigilo de terceiros, já que geralmente as perícias


ambientais trabalham com atividades que geraram graves problemas ambientais e,
portanto, as partes não apreciam a sua divulgação, o estudo de caso desta apostila
é um trabalho acadêmico objeto de aula prática de alunos pois se constitui em um
caso real.
Exemplo de Perícia e Laudo Pericial

Perícia em erosão - Laudo Pericial

SOLICITAÇÃO: este laudo foi solicitado pelo professor capitão Queiroz e se


constitui em um trabalho acadêmico da disciplina de perícia ambiental, com a
finalidade de proporcionar aos alunos aprendizado prático.

OBJETIVOS: análise e levantamento de informações da degradação


ambiental provocada por um processo de erosão.

I - Preâmbulo

No dia doze do mês de agosto do ano de dois mil e seis, no município de


Campo Grande/MS, em atendimento à solicitação do nosso professor Ednilson
Queiroz, capitão da Polícia Militar Ambiental – MS, estivemos na Avenida Coronel
Antonino, ao lado do Makro Atacadista, na saída para Cuiabá, para realizar um
levantamento técnico da degradação ambiental presente nesta área que se constitui
em diversos processos erosivos em diferentes estágios de desenvolvimentos,
inclusive voçorocas.

II – Histórico

O presente laudo técnico originou-se devido à solicitação do professor


Ednilson Queiroz e é apenas um exercício de aprendizado prático, não possuindo
nenhum caráter oficial. Este laudo é o relatório da visita técnica realizada pelos
alunos do 4º e 5º ano do curso de graduação em Engenharia.

III Ambiental da UFMS à área afetada – Do Objetivo do Exame Pericial


O presente laudo técnico tem por objetivo identificar a magnitude da
degradação ambiental na área alvo, sua situação atual, suas possíveis causas e
consequências.
IV – Do Auxílio à Perícia

O presente laudo técnico foi realizado em conjunto pelo grupo de alunos,


sendo todos os resultados aqui anotados uma compilação das impressões e
anotações de todos. A visita técnica foi acompanhada pelo mesmo professor que
solicitou este laudo.

V – Da Data e Hora da Perícia

A perícia iniciou-se às 14h00 e encerrou-se às 17h00 do dia 11 de agosto de


2006.

VI – Do Material Utilizado

- Material fotográfico;
- GPS;
- Material para anotação.

VII – Da Legislação em Vigor

- Lei Federal 6.938/81 – “A Política Nacional do Meio Ambiente tem por


objetivo a preservação, a melhoria e recuperação da qualidade ambiental, propícia à
vida, visando a assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico,
aos interesses da segurança nacional e à proteção da vida humana, atendido
pelos seguintes princípios:
II – racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar.
VIII – Recuperação de áreas degradadas”.

- Lei Estadual 90/80 – Art. 14 – “A utilização do solo, para qualquer fim,


será permitida se não prejudicar a saúde ou de forma a causar erosão ou poluição
dos corpos d’água superficiais ou subterrâneos”.
Art. 15 – “Toda pessoa física ou jurídica que, no Estado de MS, explorar o
solo para qualquer fim, terá que adotar práticas conservacionistas...”
§ 2º - “É obrigado em toda atividade de preparo do solo que antecede ao
início ou reinício das atividades agrícolas, o enleiramento permanente, sempre
cortando o sentido das águas”.
§ 4º - “Nas atividades que impliquem em desmatamento é obrigatório o cultivo
em nível”.

- Dec. Estadual 4625/88 – Art. 16 – “aos infratores dos dispositivos da


lei 90/80, deste Decreto e das demais normas deles decorrentes, serão aplicadas
penalidades, sem prejuízo das comunicações cíveis cabíveis”.
Art. 17 – inciso XIII “promover a má utilização do solo”.
a) Com duas ou mais atenuantes – 1 a 100 UFERMS.
b) – Com uma atenuante – 101 a 400 UFERMS.
c) – Com uma agravante – 401 a 700 UFERMS.
d) – Com duas ou mais agravantes – 700 a 1.000 UFERMS.

VIII – Do Método Utilizado

A perícia foi iniciada pelo começo do processo erosivo, que é uma saída de
drenagem pluvial logo abaixo do supermercado atacadista Makro. A seguir toda a
extensão do processo erosivo foi percorrida a pé para observação dos processos
erosivos que existem ou que estão se formando ao longo do caminho. O trajeto foi
continuado, passando por outras linhas de drenagem pluvial, até o ponto em que o
processo erosivo entra em um pequeno emanescente de mata e onde existem mais
obras de drenagem de alvenaria, em uma parte muito mais baixa do terreno.
A partir desse ponto o acesso ficou impossibilitado, então a perícia foi
finalizada. Os principais processos erosivos foram fotografados, usando referenciais,
visando que se possa ter ideia do tamanho e da profundidade das voçorocas e
sulcos encontrados.

IX – Do Local

Coordenadas fornecidas pelo GPS: O início da erosão, que é a saída de


drenagem pluvial bem atrás do Makro atacadista, possui as seguintes coordenadas
Fuso 21 UTM: (x) 0753705 e (Y) 7741585 (datum - córrego alegre).
A área afetada fica na Av. Coronel Antonino, ao lado do Makro Atacadista, na
saída para Cuiabá. Ela está localizada em um bairro misto residencial de classe
média e comercial, sendo o comércio existente constituído principalmente por lojas
de grande porte, de produtos e maquinários agrícolas. Essa área está toda
circundada por rodovias, sendo o Makro Atacadista e um posto de gasolina as
construções mais próximas existentes ao lado da área.
A Alphaville já adquiriu essa área e pretende fazer nela um loteamento
residencial e comercial, com 388 lotes residenciais, 10 lotes comerciais, um clube e
extensas áreas verdes. A área onde estará localizado este empreendimento é
exatamente a afetada pelo processo erosivo e foi por eles calculada em cerca de
386.000 m2. Atualmente, este processo encontra-se em fase de licenciamento
ambiental na SEMADES de Campo Grande, MS.
A vegetação da área afetada é constituída apenas por gramíneas exóticas,
com exceção de uma pequena faixa de mata na sua parte mais baixa. Em todo o
resto do local predominam campos sujos e áreas totalmente descobertas,
caracterizados pelo desmatamento e pela ação antrópica.
Quanto à caracterização física do local: o solo é siltoso, possuindo também
bastante areia em sua composição, o que o torna um terreno facilmente erodível. A
área possui declividade bem acentuada no sentido oposto ao da rodovia, e ao do
Makro, ou seja, é uma área de baixada. Estas características, aliadas a pouca ou
nenhuma existência de vegetação na área, faz com que este terreno se torne muito
propício à erosão. Outro fato que agrava o problema, que na verdade é o mesmo
fato que a ele deu origem, é a existência de saídas de drenagem pluvial na área.

X – Da Constatação

O processo erosivo tem início na primeira saída de drenagem pluvial, logo


atrás do Makro Atacadista. É uma saída de drenagem pluvial constituída por uma
grande tubulação cilíndrica de drenagem de concreto e por uma estrutura
direcionadora do fluxo e dissipadora de energia toda de alvenaria. Por meio do
cheiro forte de matéria orgânica em decomposição e das características
organolépticas da água da drenagem, podemos inferir que há lançamento de esgoto
clandestino nesta tubulação de drenagem pluvial (Ver foto 1 em anexo).
A água que chega da drenagem pluvial deu início ao processo erosivo em
toda esta área, ao escoar terreno abaixo, movida pela força da gravidade, causou a
desagregação das partículas de solo, primeiro por intermédio da formação de sulcos
ou ravinas. Sem nenhuma intervenção mitigadora, estes processos erosivos
continuaram sendo intensificados pela ação das chuvas até formar voçorocas.
Após a primeira saída de drenagem pluvial a água escoa por sulcos e
pequenos canais de terra, até chegar a uma barragem de contenção, onde uma
pequena lagoa é formada. Pode-se visualizar a presença de erosão por ravinas em
toda a extensão dos taludes dessa barragem e também nos taludes ao redor da
saída de drenagem. Esta água represada na lagoa encontrava-se com aspecto
extremamente poluído, devido à existência de ligações clandestinas de esgoto na
saída da drenagem. Ressaltamos também que esta lagoa pode ser uma ameaça à
saúde pública por propiciar a proliferação de vetores .
Esta barragem possui um dispositivo de drenagem, um canal para extravasar
o excesso de água em caso de cheia. Este canal tem sua saída em outra tubulação
de drenagem (Foto 4 do anexo). Essa segunda tubulação de drenagem formou, após
sua saída, um canal aberto de terra, uma voçoroca antiga já estabilizada, mas cujos
taludes ainda se encontram em processo de erosão por ravinas. Esse canal
desemboca em outra lagoa, que é formada também por outra barreira de
contenção. Também podemos visualizar processos de erosão por ravinas nos
taludes totalmente descobertos de vegetação dessa barreira de contenção da
segunda lagoa (Ver Fotos 5 e 6 do anexo).

Há também uma terceira saída de drenagem, a qual não foi possível


identificar ao certo a origem da sua contribuição. Acredita-se, provavelmente, que a
mesma advenha da drenagem das áreas acima do Makro Atacadista. Após esta
saída tem-se outra voçoroca já em estágio avançado formando um canal.
Novamente, têm-se taludes descobertos e com processo de erosão por ravinas (Ver
fotos 7, 8 e 9 do anexo).
Esta voçoroca em formato de canal da terceira saída desemboca em uma
área altamente degradada, onde o nível do solo já se encontra muito rebaixado perto
do que era antes no original, onde podemos visualizar bem o processo de erosão
laminar (Ver foto 10 do anexo).
Mais para frente existe outra voçoroca que está sendo formada pelo processo
de solapamento dos tetos devido ao escoamento subsuperficial. Esta voçoroca se
encontra altamente desestabilizada e em estágio avançado. Partindo dela há um
escoamento de água superficial proveniente do escoamento subsuperficial e das
águas de drenagem que forma um pequeno córrego.
Pode-se ver bem nesta área a presença de areia na composição do solo, o
processo de erosão por ravinas onde a água escorre e o alto rebaixamento de nível
que o terreno já sofreu devido a processos erosivos (Ver fotos 11 a 15 do anexo).
Seguindo adiante chegamos a outras estruturas de drenagem construídas de
alvenaria e a uma pequena mata. A partir deste ponto o acesso já se tornou mais
difícil. Logo concluímos nossa vistoria neste local.

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