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PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DOS RISCOS POTENCIAIS Á SAÚDE


DA POPULAÇÃO RIBEIRINHA DA FOZ DO RIO LUCAIA

SALVADOR
2019.1
2

PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DOS RISCOS POTENCIAIS Á SAÚDE


DA POPULAÇÃO RIBEIRINHA DA FOZ DO RIO LUCAIA

Washington Araújo

Proposta apresentada à disciplina


Conservação, Recuperação e Gestão de
Riscos Ambientais sob a orientação do
docente Paulo Araújo como pré-requisito
parcial para a nota da unidade.

Março
2019

SUMÁRIO
3

1 Introdução 04

2 Histórico 05

3 Objetivos 07

4 Metodologia 07

5 Caracterização do campo de estudo 09

6 Qualidade das águas do Rio Lucaia no Rio Vermelho 12

7 Apêndice 14

Referencias 16

1.

INTRODUÇÃO
4

A importância da água em nosso planeta ocupa um lugar específico entre os


recursos naturais. Esses recursos, por mais abundantes que sejam, e disponíveis
em diferentes quantidades e lugares, denota papel fundamental no ambiente e na
vida humana, e nada a substitui, pois sem ela a vida não pode existir.
De acordo com TUNDISI (1999), as áreas que são alteradas desde
quantidade, distribuição e qualidade dos recursos hídricos põem em risco a
sobrevivência dos seres humanos e concomitantemente as demais espécies do
planeta, estando o progresso econômico e social dos países alicerçados na
disponibilidade de recursos hídricos de boa qualidade e na capacidade de sua
conservação e proteção.
Consideravelmente, o Brasil possui esse recurso abundante, ao mesmo
tempo, ainda existem áreas muito carentes a ponto de transformá-la em um bem
limitado às necessidades do homem. Como todo grande centro urbano cresceu de
forma desordenada e sem estruturas, a falta deste bem precioso é calamitosa tendo
em vista que o desenvolvimento ocorreu de forma desorganizada, provocando a
deterioração das águas disponíveis, devido ao lançamento indiscriminado de
esgotos domésticos, despejos industriais, agrotóxicos e outros poluentes (MOITA;
CUDO; 1991).
A eficiência da água de uma microbacia pode ser motivada por alguns fatores,
os quais pode-se citar o clima, a cobertura vegetal, a topografia, a geologia, bem
como o tipo, o uso e o manejo do solo da bacia hidrográfica, concomitante aos
incontáveis processos que controlam a qualidade da água de determinado
manancial fazem parte de um frágil equilíbrio, motivo pelo qual alterações de ordem
física, química ou climática, na bacia hidrográfica, podem modificar a sua qualidade
(ARCOVA et al.,1999).
OLIVEIRA-FILHO et al. (1994), reiteram que a inconstante devastação das
matas ciliares tem contribuído para o assoreamento, o aumento da turbidez das
águas, o desequilíbrio do regime das cheias, a erosão das margens de grande
número de cursos d’água, além do comprometimento da fauna silvestre.
Uma determinada bacia hidrográfica quando adotada como unidade de
planejamento é de aceitação internacional, tendo em vista que ela representa não
apenas uma unidade física bem caracterizada, tanto do ponto de vista de integração
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como da funcionalidade de seus elementos, isocronicamente porque toda área de


terra, por menor que seja, se integra a uma bacia (PISSARRA; 1998).
Diante da relevância do tema para a população estudada e sociedade em
geral e comunidade acadêmica, considerando o quanto o mapeamento das bacias
hidrográficas pode alterar o meio ambiente de forma negativa, buscou-se
desenvolver este estudo a fim de descobrir os riscos causados pela falta de
saneamento básico adequado à população ribeirinha da foz do rio Lucaia.

2. HISTÓRICO

O bairro do Rio Vermelho nasceu praticamente no século XVI. Pesquisas


apontam que entre 1509 e 1511. O batismo foi dado por Diogo Álvares Corrêa,
segundos relatos de que teria percebido, a coloração da água do rio Camurugipe, o
que a princípio derivaria seu famoso nome. Inicialmente, os índios já estavam
presentes na região e foram considerados os primeiros donos da localidade,
seguidos pelos franceses e portugueses. Anos depois, no século XVII o bairro
apresentou poucas transformações. A população ainda era bastante insignificante, e
seu crescimento era lento, em parte vetorizado pelas ordens religiosas da época, e
por ser uma região afastada do centro e, portanto, área de interesse dessas ordens.
(ARAÚJO, 1999).
A região continuou durante algum tempo, vivendo como povoado de
pescadores tendo em seus terrenos, casas e quintais com muitos frutos deixados
pelos habitantes provisórios de outra época. O bairro continuou crescendo, mesmo
de forma significativa, no século XVIII, e era conectado com o resto da cidade por
caminhos via Fonte das Pedras, Dique do Tororó, Vila América, e Lucaia. Os
problemas que surgiram ainda nesta época, a decadência econômica da província
da Bahia, em virtude da transferência do governo para a cidade do Rio de Janeiro, o
bairro apresentou formas construídas, deste mesmo período, que registraram a sua
ocupação urbana. (ARAÚJO, 1999).
Ainda de acordo com o autor supracitado, no século XIX, com uma expansão
um pouco maior, conectou-se com outro ponto importante de Salvador à época, a
face norte (bairro de Itapuã). A partir de então, a localidade ganhou uma população
fixa, que se estabeleceu em dois núcleos: Paciência e Mariquita. Ainda tiveram
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períodos conturbados, como a guerra do Paraguai (1864/70), surgiu entre os dois


povoamentos um terceiro núcleo, o de Santana. A partir da segunda metade do
século incrementa um progresso, já demonstrava residências caracterizando o
surgimento de uma classe média. As décadas de 1930 a 1940 apresentaram-se
como de um longo período de estagnação urbanística. As mudanças ocorridas
resultaram em um preenchimento urbanístico descontrolado. Nos anos 60, o bairro
já contava com cinco espaços: o Ipase, a Paciência, a Mariquita, Santana e o
Parque Cruz Aguiar. A década de 60, ainda permanecia como localidade tranquila,
mesmo com o advento da construção da Avenida Otávio Mangabeira que propiciou
um fluxo de veículos e do aparecimento de mais núcleos residenciais. Chegaram
também os primeiros agentes transformadores da paisagem urbana. Loteamentos,
fábricas, central de abastecimento de pescados, que se tornaria ainda nessa
década, o centro polarizador das festividades de 2 de fevereiro, dia de festividade a
Yemanjá rainha das águas e protetora dos pescadores, pelo culto afro-brasieliro.
Segundo Araujo (1999) apud Jesus (2005), à partir da década de 70, a
especulação imobiliária teve seu crescimento marcado em detrimento da criação do
polo industrial de Aratú e concomitantemente a chegada de trabalhadores migrando
do eixo rural, provocou um crescimento verticalizado do bairro, transformando
profundamente a sua fisionomia tradicional, o turismo aumentou ainda mais, hotéis
se instalaram, possibilitando a entrada definitiva do bairro no eixo turístico.
A década de 1980 foi caracterizada pela grande concentração humana de
baixo poder aquisitivo na periferia, resultado causado pelos crescimentos da
população em busca de trabalho, surge a Chapada do Rio Vermelho e da Vila
Matos. Vias expressas como a avenida Garibaldi e avenida Juracy Magalhães,
consideradas importantes foram precisas para a melhoria da mobilidade da época.
Ainda segundo os autores supracitados, sempre crescendo, o bairro continuou com
o seu processo de desenvolvimento urbanístico e paisagístico, incorporando novas
funcionalidades, trazendo problemas ambientais bastantes discutidos à época como
até os dias atuais.
Atualmente, o bairro do Rio Vermelho possui uma prefeitura bairro na rua
Marquês de Monte Santo, 300 e oferece serviços importantes à população local sem
a necessidade de deslocamento a outros centros. Entre os serviços estão o de
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saúde, onde previamente foram coletados os primeiros dados sobre a região


estudada.
O posto de saúde da região, intitulado pelo governo de Programa de Saúde
da Família fica situado no Vale das Pedrinhas, será de extrema importância para o
trabalho por conta de pesquisa a ser realizada no local sobre a saúde da
comunidade. Informações preliminares levantados junto à SESAB (Secretaria da
Saúde do Estado da Bahia), os índices que mais aparecem nos gráficos da região
estudada são doenças veiculadas aos recursos hídricos, como dengue,
Chikungunya, zika, diarreias e micoses de pele. Vetores provenientes de má
qualidade do sanitarismo de uma forma em geral, e que localmente, possa ser
respondido pela supressão vegetal de entorno, bem como da coleta de resíduos
sólidos da região.
Uma equipe se mobilizará pela região em questão, em buscas de respostas
mais eficazes para uma aplicação de um questionário com a população local,
especificamente os pescadores, a fim de obter dados sobre a saúde atual da
população e comparar com situações anteriores para uma melhor interpolação de
dados, e consequentemente, uma melhor base de coleta de resultados.

3. OBJETIVOS

3.1 GERAL

 Caracterizar os riscos à saúde da comunidade ribeirinha através de


diagnóstico rápido.

3.2 ESPECÍFICOS

 Observar visualmente a turbidez da água mediante comparação de amostra


em um ponto do rio Lucaia;
 Implementar questionário aos pescadores locais observando percentual de
doenças causados por veiculação hídrica ao longo dos anos;
 Propor implantação da educação ambiental na comunidade quanto à
segregação dos resíduos e coleta seletiva concomitante à busca de soluções
por saúde ambiental na área em questão.

4. METODOLOGIA
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A presente pesquisa é fundamentada no método qualitativo, descritivo,


exploratório, de caráter observacional e de campo, buscando obter respostas sobre
as ações que serão implementadas para melhoria das condições de vida da
população escolhida para o estudo. Possui como Campo Empírico a Engenharia
Sanitária e Ambiental e Saúde pública e como Área de Estudo a Bacia hidrográfica
do Rio Lucaia em Salvador na Bahia.
A metodologia qualitativa analisa e interpreta os aspectos mais profundos,
descrevendo a complexidade do comportamento humano, além de fornecer análise
mais detalhada sobre investigações, hábitos, atitudes, tendências de
comportamento. As amostras são reduzidas, os dados são analisados em seu
conteúdo psicossocial e os instrumentos de coleta não são estruturados (LAKATOS;
MARCONI, 2004).
Os sujeitos de estudo serão os pescadores da comunidade ribeirinha da foz
do rio Lucaia.
A coleta dos dados será realizada através de informantes-chave, no bairro do
Rio Vermelho, na região ribeirinha da foz do Rio Lucaia, entre os no meses de
março e abril de 2019, tendo como instrumento de coleta um questionário
semiestruturado além de observações in loco sobre os riscos iminentes a saúde
daquela população, abordando questões específicas, definidas à luz dos objetivos
do estudo.
A região escolhida será a foz do rio, onde encontra-se uma praça de lazer, o
Largo da Mariquita, restaurantes que comercializa comidas típicas de peixes
servidos localmente, além de uma colônia de pescadores que faz o uso da pesca
para consumo próprio, próximo à região estudada, tornando o rio exposto à
problemas de infraestruturas.
A coleta da água será realizada numa parte da região que contenham
construções e moradias irregulares bem como moradias dita regulares para extração
em pequena escala da referida água, (aproximadamente 100 ml) e posteriormente
analisada visualmente, visando a turbidez, tempo de decantação suficiente.
Os aspectos a serem abordados no questionário serão idade, sexo,
escolaridade, questões relacionadas aos riscos potenciais à saúde dos ribeiros e
pescadores do local.
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A análise dos dados, segundo Minayo (2000), consistirá em três etapas


básicas como a pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados
obtidos. A fase de pré-análise consistirá de leitura flutuante, em que se toma contato
exaustivo com o material da pesquisa através da transcrição das falas dos
entrevistados, constituição do corpus, com a organização do material de tal forma
que possa responder a certas normas de validade como exaustividade,
representatividade, homogeneidade e pertinência.
Ainda cita Minayo (2000), que a fase de exploração do material consiste
essencialmente na operação da codificação, através de leitura em profundidade do
conteúdo e través do tratamento dos resultados obtidos, realizar interpretações
previstas no quadro teórico e poderá abrir outras pistas em torno de dimensões
teóricas sugeridas pela leitura do material, com a sistematização e ordenação dos
depoimentos, segundo as categorias previamente identificadas de análise,
comparando-a e discutindo-as a partir dos conteúdos abordados.
A análise referida será realizada através dos conteúdos advindos da
observação focal, advindos de fontes primárias, comparando-os com os elementos
teóricos obtidos com a revisão de literatura pesquisada e documentos preconizados
pelo Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Saúde.
Em relação aos aspectos Éticos, ressalta-se que a coleta de dados e
observação serão realizadas mediante esclarecimento prévio do conteúdo e o
objetivo do estudo e posterior assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, devendo respeitar os princípios éticos contidos na Resolução n. 466
de 12 de dezembro de 2012, outorgado pelo Conselho Nacional de Saúde, que
dispõe sobre a pesquisa envolvendo seres humanos, no tange à autonomia, não
maleficência, justiça, fidelidade, equidade e veracidade, procurando manter o
anonimato dos sujeitos envolvidos nas pesquisas e confiabilidade das respostas
obtidas.

5. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTUDO (BACIA HIDROGRÁFICA DO


RIO LUCAIA EM SALVADOR BAHIA)

5.1 LOCALIZAÇÃO
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Segundo o IBGE – Instituto brasileiro de Geografia e Estatistica, (2000), o Rio


Lucaia possui cerca de 14,74 km2 de extensão e está localizado ao sul da cidade de
Salvador. Delimitada ao norte com a bacia do rio Camarajipe, tem suas nascente
situadas nas encostas e grotões do lado leste da Avenida Joana Angélica, no centro
da cidade e desagua no Dique do Tororó, proveniente de contribuições do bairro do
Campo Grande e parte dos bairros do Garcia, Barris, Tororó e Nazaré, passando
pelo canteiro central de toda a Avenida Vasco da Gama, sendo alimentada pelas
redes de drenagem das localidades de Alto do Gantois, Vales da Muriçoca e do
Ogunjá, assim como parte dos bairros do Engenho Velho da Federação, Engenho
Velho de Brotas, Acupe e Rio Vermelho, além do riacho que passa na Av. Anita
Garibaldi.
Santos et al (2010) apontam que a bacia é o último afluente natural da
primitiva foz do Rio Camarajipe, após fazer o curso acima supracitado, deságua no
Largo da Mariquita, no bairro do Rio Vermelho, ponto este, importante para o
trabalho em questão. A bacia ainda contempla os bairros de Tororó, Nazaré, Barris,
Boa Vista de Brotas, Engenho Velho de Brotas, Federação, Acupe, Engenho Velho
da Federação, Rio Vermelho, Chapada do Rio Vermelho, Itaigara, Santa Cruz,
Candeal, Nordeste de Amaralina e Vale das Pedrinhas.
Esses bairros citados acima, fazem com que esta importante bacia, seja
responsável pela drenagem de parte dos esgotos domésticos da cidade de
Salvador. Nesse rio em toda a sua extensão é encapsulado, totalmente antropizado,
suas águas sempre opacas e muito escuras, também apresenta o leito bastante
assoreado comprometendo o fluxo de água. Nas áreas próximas às nascentes,
encontra-se o Dique do Tororó. Esta lagoa, era parte importante em tempos
remotos, por ser um lago natural que recebia as águas de pequenos rios da cidade
ao seu entorno e contribuía para originar o rio Lucaia. Durante muitos anos, o Dique
do Tororó recebeu esgotos sanitários “in natura”, provenientes dos bairros
circunvizinhos. A quantidade de matéria orgânica recebida diminuiu o teor de
oxigênio de suas águas, contribuindo para que muitas espécies que ali viviam se
extinguissem.
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Fonte: www.ocaminhodasaguasemsalvador.pdf

5.2 CLIMA
A bacia tem um clima do tipo tropical chuvoso de floresta, e úmido, e
consequentemente, esses fatores interferem quando as atividades antrópicas estão
evidentes nos grandes centros (MOLION, 2012). Segundo os dados da estação
meteorológica de Ondina, mostram índice hídrico de 48,4 mm com excedente de
694,2 mm ao ano e evapotranspiração potencial de ordem de 1.417,9 mm ao ano.
As precipitações encontradas ao longo das últimas décadas dizem respeito a 100
mm em 365 dias sem uma estação seca definida. Entre os anos de 60 e 1991, foram
encontrados dados pluviométricos de 2089,9 mm ao ano com maiores
concentrações nos meses de abril a julho. Possui uma temperatura média registrada
em 25,3 °C, sendo que os meses de janeiro a março foram registradas as máximas
e nos meses de julho a agosto as mínimas.

5.3 VEGETAÇÃO

Ainda segundo o autor citado acima, o clima sofre alterações de acordo com o
ambiente de cada localidade, e depende do que existe ao redor. As constantes
transformações locais daquela região, que vão desde as atividades econômicas, o
crescimento populacional e até a mobilidade urbana, onde melhorias foram
necessárias para o desenvolvimento local com o passar dos tempos, resultou em
impactos na vegetação original da região, além de afetar o clima. A partir da década
de 70, o processo se intensifica devido ao estímulo da geração de emprego causado
pelo Polo Industrial de Camaçari, resultando em perda da biodiversidade local, o que
se evidencia até os dias atuais com os constantes crescimentos populacionais e
mudanças na paisagem local.
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As rochas locais são metamórficas de alto grau, cujas fraturas modelaram


durante anos, a formação de planalto entre Brotas, Ondina e Federação e os morros
e colinas semiarrendondadas no Itaigara e Rio Vermelho. Os sistemas de fraturas
nas rochas que serviam de percolação das águas das chuvas foram bastantes
alteradas ao longo dos anos pelas impermeabilizações locais. A decomposição
química ao longo dos anos, em virtude das vias e construções causaram danos
irreversíveis às condições climáticas e escoamentos, antes importantes para a
região, que por sua vez, alterou os solos residuais arenoargilosos constatando os
problemas socio ambientais vistos nos últimos anos pela antropização cada vez
mais latente.

6 QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO LUCAIA NO RIO VERMELHO

O crescimento populacional da cidade de Salvador nas últimas décadas, tem


levantado diversas pesquisas no que diz respeito as condições de vida da
população, sobretudo em relação ao saneamento básico, papel fundamental
envolvendo uma sociedade mais bem educada desde a infância, até políticas
públicas eficientes que corroborem para uma melhor qualidade de vida, pois a cada
investimento dado em saneamento, tem-se uma economia quatro vezes mais eficaz
em saúde.
Santos (2010), aponta que o rio Lucaia acabou se tornando um eixo principal
responsável pela drenagem de grande parte das águas residuais domésticas da
cidade de Salvador. Sua bacia, apontada como uma das mais populosas do
município, tem sido alvo de pesquisas recentes sobre a qualidade de suas águas e
concomitante à sua degradação.
Ao longo dos anos, em virtude de constantes modificações, o rio fora
encapsulado em grande parte de sua extensão, deixando suas águas opacas e
escuras, e, seu leito, bastante assoreado, o que interfere diretamente no fluxo da
água. Por conta de riscos ambientais iminentes observados na região, este estudo
teve como objetivo avaliar o nível de degradação das águas superficiais do rio
Lucaia, por meio de parâmetros biológicos (clorofila a) e físico-químicos como pH,
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temperatura, oxigênio dissolvido, Eh, salinidade, clorofila e nutrientes, dentre outros,


levando em consideração a influência da maré (SANTOS, 2010).
Marques et al.,(2016) em estudo realizado nas águas da foz do Rio Lucaia
em questão, denotaram que amostras permitiram constatar: aspecto, odor, cor, e o
comportamento dos parâmetros evidenciados pela sonda multiparâmetro Horiba U-
50. A partir de então, foram levadas para análise laboratorial, acondicionadas, e em
três estações diferentes de coleta ao longo do rio Lucaia, levando em consideração
a proximidade com o mar possuindo influencia marinha, o afastamento com o mar
que possui influência maior de águas continentais e a avaliação de dois períodos
distintos de coleta com variação na amplitude da maré. Após a coleta, as amostras
foram identificadas, transportadas em uma caixa térmica e encaminhadas até o
laboratório do Núcleo de Estudos Ambientais (NEA/IGEO/UFBA). Desejava-se com
isso, analisar não só o nível de degradação das águas superficiais, mas também a
influência da amplitude da maré acerca dos resultados.
Ainda segundo Marques et al 2016, os parâmetros utilizados neste trabalho,
foram os índices de Qualidade da Água, desenvolvido com o objetivo de avaliar a
qualidade da água bruta de corpos hídricos visando o seu uso para abastecimento
urbano após o devido tratamento. O índice é composto por nove parâmetros:
oxigênio dissolvido, temperatura, coliformes fecais, PH, DBO, nitrogênio total, fósforo
total, turbidez e sólidos totais, sendo a equação de IQA utilizada no Brasil adaptada
pela CETESB que leva em consideração a análise de possíveis lançamentos de
efluentes. De acordo com a CETESB, o cálculo é feito através do produto ponderado
de cada parâmetro avaliado, considerando seus respectivos pesos (wi):
IQA=Σ𝑞𝑖𝑛𝑖=0^𝑤𝑖.
Avaliando os resultados obtidos pelo cálculo do IQA, bibliograficamente e
posteriormente, com uma pequena coleta da amostra in situ, verifica-se a qualidade
das águas superficiais e preconiza a este corpo hídrico em estudo uma avaliação
mais abrangente, mostrando que há elevado lançamento de efluentes no local sendo
necessário intervenção e tratamento.
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7. APENDICES

7.1 Questionário

Questionário sobre a utilização do canal do Rio Lucaia


Nome: Idade:
Sexo: ( ) feminino ( ) masculino

1. Qual o grau de escolaridade:


()
()
()
()
()

2. Mora na região? Quanto tempo?


()sim ( )não.

3. Quantas pessoas moram ou trabalham neste local?


( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) mais de 4

4. Existe alguma forma de limpeza do canal por parte da prefeitura?


( ) sim ( ) não ( ) não sei

5. Em algum momento você joga resíduo (lixo ou outros) no canal?


( ) sim ( ) não
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6. Que tipo de resíduo você já colocou no canal?


( ) lixo doméstico ( ) esgoto ( ) óleo ( ) poda de árvore ( ) isopor ( ) outros.
Qual?

7. Relate 5 resíduos mais observados no canal.

7. Onde são descartados os resíduos do pescado (escamas, cascas,


vísceras...)?
( ) canal ( ) coleta da prefeitura ( ) no mar ( ) outro.
Qual? _________________

8. De onde vem a água que abastece sua casa?


( ) poço ( ) canal ( ) tratada ( ) outra

9. Qual o destino do esgoto em sua residência ou comércio?


( ) fossa () canal Lucaia ( ) mangue ( ) rede de esgoto ( ) outro.
Qual? _________________________

10. Em sua opinião, qual a qualidade da água desse canal?


( ) boa ( ) ruim ( ) razoável ( ) não sabe

11. Você utiliza esse canal para qual finalidade?


( ) recreação (banho) ( ) via de transporte ( ) jogar resíduos ( ) não usa

12. Você acha que o canal deve ser preservado?


( ) sim ( ) não. Por quê?
13. Quem deve cuidar (preservar) do canal?
( ) prefeitura ( ) moradores da margem ( ) pescadores ( ) todos ( ) não precisa
de cuidados

14. No caso de contato com a água do canal, você acha que pode pegar
alguma doença?
( ) não ( ) sim. Se sim, qual?
15. Você já participou de alguma Ação de Educação Ambiental, visando a
preservação deste canal?
( ) sim () não. Se sim, qual?
16. O que você acha que deve ser feito para melhorar a qualidade do canal?
16

REFERÊNCIAS

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IGHB, 1999.

ARCOVA, F.C.S.; CICCO, V. Qualidade da água de microbacias com diferentes


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Piracicaba, v.5, n.6, p.125-34, 1999.

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 466 de 12 de dezembro de


2012.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – Potencial dos Recursos


Hídricos, Rio de Janeiro, 1999.

JESUS, M. G. B.
Abordagens geográficas a partir do resgate cultural e
dinâmica sócio-espacial: o estudo do bairro rio vermelho- Salvador/Bahia-
Brasil, Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de
2005 – Universidade de São Paulo.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. 4


ed. São Paulo, Atlas 2004.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento – pesquisa
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17

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Suprema Gráfica e Editora, IIE, 1999. 24 p.

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