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A SUSTENTABILIDADE E O RETORNO FINANCEIRO DE UM PROJETO


APLICANDO GESTÃO DE NEGÓCIOS

Washington Araújo

Salvador/BA
2019.1
1

A SUSTENTABILIDADE E O RETORNO FINANCEIRO DE UM PROJETO


APLICANDO GESTÃO DE NEGÓCIOS

Artigo apresentado à disciplina Engenharia


Econômica do curso de Engenharia
Ambiental e Sanitária sob a orientação da
docente Jacqueline Regina como pré-
requisito parcial para a nota da unidade.

Salvador/BA
2019.1
SUMÁRIO
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1 INTRODUÇÃO 03

2 REVISÃO DE LITERATURA 04

3 METODOLOGIA 08

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 09

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 19

REFERÊNCIAS

1 INTRODUÇÃO
3

A sociedade atualmente vive um momento em que repensar seus valores é


de suma importância. Nos últimos anos houve uma aceleração do crescimento dos
centros urbanos, pois grande parte da população começou a migrar do campo para
as cidades, em busca de melhores condições de vida, fato que causou um
crescimento urbano desordenado, pois as cidades ainda não estavam preparadas
para receber essa quantidade de indivíduos. Por conta dessa falta de estrutura,
houve grandes impactos ambientais (PETRY, HAMESTER, MARQUES, 2005), e
concomitantes a esses impactos, ideias inovadoras estão sempre surgindo, sendo o
grande desafio adequar, crescimento e sustentabilidade.
O consumismo nos grandes centros tem aumentado a cada ano, e continuam
passando por muitas transformações, sejam questões de hábitos de compras, seja
por mudanças tecnológicas cada vez mais atraentes e pouco duradoras. Por isso,
as empresas também precisam se reinventar, e isso faz com que novas tendências
mercadológicas surjam para que a busca por praticidade, conveniência e conforto no
ato das compras tornem-se eficientes desde a aquisição ao seu descarte final. As
empresas, aliadas às tendências inovadoras de suas concorrentes, além de estarem
preocupadas com a sustentabilidade, com as reduções de custos, ainda intensificam
os projetos em qualidade, aumentam sua atenção para as conformidades e buscas
de soluções de mercado. Nesse contexto conquistam espaço as empresas que
conseguem adaptar-se a estas exigências de mercado.
Bertoglio et al (2008) defende que uma produção bem pensada irá decidir a
forma mais duradoura para uma empresa se estabilizar se os investimentos de
capital forem aplicados de forma extremamente bem planejada. E acredita que os
grandes desafios das organizações é garantir que as estratégias se transformem em
resultados esperados, onde os projetos de investimentos têm papel essencial neste
processo, isso porque eles materializam as estratégias empresariais, integrando
recursos e também esforços rumo aos objetivos da organização.
Avram et al (2009) ainda complementa que os investimentos precisam estar
alinhados às gestões de planejamentos desde que todas as suas informações
necessárias de todo o ciclo sejam avaliadas economicamente para que o investidor
possa tomar a decisão.
Este artigo tem por finalidade demonstrar que exemplos de empresas do eixo
do sul do Brasil, sendo uma delas, trabalhando com a redução da geração de sucata
de alumínio de um produto do setor metal-mecânico, e o tempo de retorno de uma
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microempresa atuante na cidade de Santa Maria - RS, na fabricação de chinelos,


por meio da adoção de práticas de produção mais limpas, podem também trazer
retornos financeiros desde que aplicadas corretamente todo seu processo
econômico bem planejado, passando desde os processos de produção desses
equipamentos com a utilização de produtos iniciais aos produtos, passando pelas
avaliações econômicas do projeto, a fim de verificar sua viabilidade por meio dos
métodos, valor presente líquido, taxa interna de retorno, payback simples e
descontado, o tempo de retorno do capital investido tem demonstrado eficácia
quando bem aplicados.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Alguns Órgãos governamentais que tratam de defesa dos recursos naturais,


como o Greenpeace Brasil (2008), e a ONU (2012), defende que os diversos
princípios e critérios de sustentabilidade passaram a fazer parte do conceito de
Produção mais limpa e a serem promovidos, em várias partes do mundo. E ainda
acreditam que, atenção especial vem sendo dada aos princípios da precaução,
prevenção, integração, controle democrático, direito de acesso a informações sobre
riscos e impactos de produtos e processos e responsabilidade continuada de cada
produtor, desde sua criação, à sua disponibilidade para a sociedade.
Barbieri (2002) enfatiza que a expressão Produção mais Limpa (cleaner
production) refere-se a uma abordagem de proteção ambiental mais ampla, pois
considera todas as fases do processo de manufatura e o ciclo de vida do produto,
incluindo o seu uso nos domicílios e locais de trabalho.
As empresas aliadas aos processos de sustentabilidade devem analisar seus
investimentos e entender que eles envolvem, desde decisões de aplicação de
recursos, onde um dos principais objetivos é propiciar retorno financeiro aos
empresários. Dal Zot (2008) defende que levantar estimativas de prováveis ganhos
ou perdas e projetar o retorno do investimento são grandes desafios para o
investidor. E isso deve ser repensado inúmeras vezes dentro das estratégias de
planejamento, porque todo investimento é motivado por um retorno futuro,
entretanto, não há garantia que isso ocorra. Deste modo, a fim de analisar as
opções de investimento surgiu, conforme Antonik (2001), a partir da década de 1930
o nome engenharia econômica e firmou-se como uma área de estudo da viabilidade
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do projeto de investimento que, além da perspectiva da engenharia, ocupa-se


também com o aspecto econômico financeiro.
A ferramenta da economia em conjunto com a engenharia utiliza processos
que vão desde as decisões fundamentadas em critérios técnicos, econômicos ou
financeiros e utilizadas no momento que é necessário a escolha entre alternativas
(EVANGELISTA, 2006; CHAVAS, 2004).
Schrippe, Bortolotti e Possan (2012) acrescentam que os métodos de Valor
Presente Líquido (VPL), Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE) e Taxa Interna de
Retorno (TIR) são as principais ferramentas utilizadas pela engenharia econômica
para a análise de investimentos. Já Santos (2012) destaca como mais utilizadas,
além do VPL e da TIR, o Payback Descontado (PBd).
Essas aplicações dependerão de como as estratégias de planejamentos
financeiros serão traçadas dentro de cada empresa e da forma como serão
executadas. Complementa Lima et al. (2013) que ao executarem todo o processo,
quanto menor o tempo de retorno de um investimento, menor será o risco desse
projeto, dessa forma, o Payback identifica se o retorno do capital investido acontece
dentro do horizonte de planejamento de cada empresa. Complementarmente, em
relação ao risco, Almeida, Alves e Reis (2010) conceituam como a possibilidade de
perigo, de perda ou de responsabilidade pelo dano. Toda empresa, deve avaliar no
final, a decisão de qual estratégia será mais aceita, e aos profissionais dentro delas,
decidir a melhor opção de investimento existente dentre os métodos de avaliação
(BARBOSA; QUINTANA, 2011). Sendo assim, neste trabalho serão abordados os
métodos Payback Simples, Payback Descontado e VPL, e para fazer esta
mensuração, buscou-se uma revisão literária para estas análises de investimentos,
como exemplifica esta tabela abaixo:
Os autores supracitados, identifica que dirigentes de grandes empresas
adotam na hora de realizar sua análise econômica financeira de seus projetos de
investimentos, o valor presente líquido, o payback e a taxa interna de retorno são os
que têm maior representatividade de imediato.
Vale ressaltar que cada método executado tem um objetivo específico em sua
fórmula e resultado matemático. De forma que cada gestor empresarial preocupa-se
com questões financeiras, ou seja, quanto de capital o projeto irá deixar para
empresa. Também com o prazo de recuperação e com a taxa interna de retorno, a
fim de balizar o comparativo com a taxa de atratividade do mercado.
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a-) Payback descontado

No modelo de payback original, o valor do dinheiro no decorrer do tempo não


é considerado. Isso levou a algumas críticas, pois é recomendável que seja
determinado por meio de um fluxo de caixa descontado, bastando, para tal,
descontar os valores pela taxa mínima de atratividade (TMA) e verificar o prazo de
recuperação do capital. Assim, as regras para o payback descontado são idênticas
às utilizadas no payback normal, porém os valores do fluxo de caixa são tratados
considerando uma taxa de desconto, geralmente a taxa mínima de atratividade
(TMA), (KASSAI et al., 2000). Percebe-se, então, um período maior no payback
descontado do que no payback original, o que obviamente se dá pela utilização da
taxa de desconto, mas sua confiabilidade é maior.
Assim, payback descontado é quase o mesmo que o payback normal, porém,
antes de calculá-lo primeiro se desconta seu fluxo de caixa. Reduzem-se os
pagamentos futuros pelo custo de capital, porque é dinheiro que será ganho no
futuro e terá menos valor que o dinheiro hoje (KASSAI et al., 2000). Portanto, o
método do payback econômico ou descontado busca contornar a deficiência do
payback normal de não considerar o valor do dinheiro no tempo. O entendimento é
simples, assim como os recursos despendidos no investimento apresentam um
custo, que tem de ser incluído ao longo do período de análise do projeto de
investimento (BRASIL, 2002).
A rejeição de projetos pelo payback descontado pode ser realizada
comparando-se o valor do indicador obtido ao tempo máximo tolerado. O projeto
será descartado por esse critério caso se verifique que o valor do payback
descontado de um projeto é superior ao valor do tempo máximo tolerado; se o valor
do payback comum for igual ao tempo máximo tolerado, o projeto poderá ou não ser
aceito; já, se o payback descontado for inferior ao tempo máximo tolerado, deverá
ser aceito (KASSAI et al., 2000). Essa abordagem é resumida na fórmula:

Fórmula 1 - Payback descontado

b-) Valor Presente Líquido (VPL)


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Ao ser considerado um investimento com possibilidade de mais de uma


alternativa, ou seja, fazer o investimento ou não fazê-lo, mantendo o capital
atualizado por outro tipo de remuneração, a questão reside em decidir qual situação
é mais viável ao investidor. O valor presente líquido foi criado para facilitar a
comparação entre opções de investimento.
De acordo com Souza (2003), “considera-se o valor presente líquido (VPL)
como subsídio ao processo decisório porque esse indicador é extremamente
importante no processo de análise de projetos de investimentos de capital”. Assim, o
projeto será aceito caso o valor presente líquido (VPL) seja positivo, considerando
determinada taxa de juros, e será rejeitado se o VPL for negativo.
Motta e Calôba (2002) afirmam que o VPL serve para “seleção entre
alternativas mutuamente exclusivas. A única restrição é que todas as alternativas
tenham um horizonte de planejamento”, ou seja, identifica-se o maior Valor Presente
Líquido até que se encontrem as restrições do caixa da empresa, por meio de seu
orçamento. Quando se trabalha com o valor presente líquido (VPL), a definição da
taxa mais apropriada a ser utilizada nos cálculos pode torna-se um problema.
Portanto, nos cálculos do VPL, que se efetuam para subsidiar o processo de
análise de projetos de investimento de capital, utiliza-se a fórmula a seguir, transcrita
de Souza (2003, p. 82).

Fórmula 2 - Valor presente líquido

c-) Taxa Interna de Retorno (TIR)

Uma das mais polêmicas formas de análise de investimento, juntamente com


o valor presente líquido, é a taxa interna de retorno a qual apresenta resultados que,
segundo sua concepção, podem desvirtuar um projeto. A taxa interna de retorno de
um investimento é a taxa de juros que anula a diferença entre os valores atuais dos
retornos de seu fluxo de caixa e o valor do investimento.
Numa análise, a escolha recai na alternativa de maior taxa de retorno. “A
Taxa Interna de Retorno (TIR), por definição, é a taxa que torna o Valor Presente
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Líquido (VPL) de um fluxo de caixa igual a zero” (SOUZA e CLEMENTE, 1995). Uma
alternativa de investimento é considerada vantajosa quando a taxa de retorno é
maior que a taxa mínima de atratividade.
Para Brealey e Myers (2003), a TIR é, frequentemente, utilizada em finanças
e pode ser uma medida acessível, mas, como se pode observar, também pode ser
desastrosa. Deve-se, portanto, saber como calculá-la e usá-la adequadamente.
Assim, de acordo com Kassai et al. (2000), a fórmula de cálculo da TIR é a
seguinte:

Fórmula 3 - Taxa interna de retorno:

Kassai et al. (2000) informam que é considerado economicamente atraente


todo investimento que apresente, após análise, TIR maior ou igual a TMA (TAXA
MÍNIMA DE ATRATIVIDADE).

3. METODOLOGIA

A presente pesquisa trata-se de um levantamento bibliográfico, com


abordagem qualitativa, do tipo descritivo e narrativo, realizada em bancos de dados
eletrônicos dos sistemas Google acadêmico e diretamente nas revistas online,
através dos descritores: engenharia econômica; engenharia ambiental; técnicas
determinísticas; sustentabilidade, com abrangência nos períodos de 2010 a 2016, no
idioma em português.
Foram avaliados 30 artigos, priorizando aqueles mais recentes e relacionados
a fim de trazer respostas mais atuais as questões, objetivos e tema estipulados
neste estudo, tendo escolhido apenas 03 dos mesmos, por abranger as técnicas
determinísticas aliadas aos custos da empresa.
O critério de inclusão diz respeito aos artigos que rezam sobre as técnicas
determinísticas da engenharia econômica aliada a engenharia ambiental e sanitária
de forma sustentável, e de exclusão aqueles relacionados fora do período de
abrangência aqui determinado.
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De acordo com Oliveira (1998), as pesquisas que utilizam uma abordagem


qualitativa possuem a facilidade de poder descrever a complexidade de um
determinado problema, compreendendo e classificando processos dinâmicos
experimentados por grupos sociais, podendo ainda apresentar alguma contribuição
no processo de mudanças contribuições culturais ou científicas do passado existente
sobre um determinado assunto ou problema, a criação ou formação de opiniões de
um determinado grupo, além de permitir uma interpretação mais profunda das
particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Avaliação dos aspectos financeiros envolvidos na modificação do cilindro

Utilizaram-se, nesta análise, três indicadores, pois, quando se avalia um


projeto de investimento deve-se levar em consideração vários aspectos e variáveis,
os quais geralmente não são totalmente absorvidos por um único indicador. Os
números aqui descritos sofreram uma deflação afim de, proteger o sigilo dos dados
da empresa, no entanto as relações percentuais mantiveram-se as reais.
A tabela 7, a seguir, apresenta a análise de investimento para a substituição
do componente do produto:

Na tabela 8 pode-se observar o fluxo de caixa incremental, onde é apresentado o


total do investimento, necessários para o desenvolvimento do novo cilindro, bem
como os testes realizados. Também a relação entre o custo antigo, o custo novo do
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produto e o respectivo fluxo de caixa líquido, que se trata da diferença entre o valor
antigo e o valor novo:

Pode-se observar que o custo do projeto novo é menor que o custo do projeto
antigo, e apresenta fluxo de caixa incremental mensal de R$ 5.720,00.
Sendo assim, na tabela 9 pode-se observar o resultado do valor presente líquido
(VPL), no qual o projeto nos apresenta um resultado de R$ 45.449,49 o que significa
que em 12 meses, além de recuperarmos o investimento de R$ 20.000,00. As taxas
de juros utilizadas para esse calculam foi a SELIC, que segundo o Banco Central do
Brasil (2009), é obtida mediante o cálculo da taxa média ponderada e ajustada das
operações de financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e
cursadas no referido sistema ou em câmaras de compensação e liquidação de
ativos, na forma de operações compromissadas. Do exposto pode-se concluir que a
taxa SELIC se origina de taxas de juros efetivamente observadas no mercado.
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Na tabela 10 observamos o resultado da taxa interna de retorno modificada


(MTIR), onde o objetivo é de que se obtenha uma taxa de retorno maior que a taxa
de juros paga para a captação do dinheiro, no caso a SELIC, além de considerar o
investimento desse dinheiro com a rentabilidade normal da poupança, onde a taxa
resultante também deve ser maior.

Observa-se então que a Taxa Interna de Retorno Modificada é maior que a


taxa SELIC atual do mercado, montando-se então um investimento atraente pois a
remuneração do capital investido no projeto é maior que a remuneração média do
mercado financeiro.
A próxima avaliação que faremos é calcular em quanto tempo, se caso
acontecer à empresa recupera o investimento feito no projeto.
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Observa-se que o investimento feito no projeto é recuperado em 3,55 meses,


também bastante atraente do ponto de vista de retorno de investimento.

4.2 Apresentação do investimento e da produção da microempresa de chinelos

Colpo, Medeiros e Weise (2016), em artigo desenvolvido com o uso das


técnicas determinísticas Payback Simples e Payback Descontado e tempo de
retorno do capital investido numa microempresa na cidade de Santa Maria – RS,
reza em seus resultados: inicialmente, com a obtenção de uma máquina para
fabricação de chinelos, de modelo manual, financiada em 10 parcelas no valor de R$
490,00, escolhendo-se inscrever-se no MEI - Microempreendedor individua – sem
custos de legalização e taxas. A produção realizada conforme necessidade e/ou
encomenda dos clientes, sem estoque de produtos finalizados. portanto, não existe
estoque de produtos acabados.
Segue, abaixo, tabela 1, com os resultado do mês de janeiro de 2014 e
perspectivas de aumento na produção dos autores citados acima.

Fonte: Colpo, Medeiros e Weise; 2014.


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Ainda segundo dados dos autores supramencionados (2014), a coluna (A),


visualizada na Tabela 1, representa a produção num total de 550 unidades, Já as
colunas (B) e (C) representam hipótese baseando-se nas expectativas de aumento
da venda se utilizasse o percentual de aumento de 10% e 50%.

4.3 Aplicação do método playback simples na microempresa

CONCEITUAR playback simples

Segundo Colpo, Medeiros e Weise (2016), a aplicação do Payback Simples


na microempresa é de suma importância, pois não considera o valor do dinheiro no
tempo, para determinar em quanto tempo o investidor terá o retorno do seu capital.
Nesse caso ter-se-á a soma do investimento (R$ 490,00 x 10 = R$ 4.900,00) dividido
pela entrada (lucro) do período estudado.
A recuperação do capital ocorre no seguinte cálculo: a produção de 550
unidades e o lucro do período (mês) é de R$ 627,67, sendo a recuperação do capital
um total de 7,801 períodos, correspondente a 7 meses e 24 dias no ano (4.900,00 /
627,67 = 7,801).
Ainda conforme Colpo, Medeiros e Weise (2016), quanto a estimativa de 10%
na produção, ocorreu um aumento de 65 unidades a mais em relação ao total inicial
de 550 unidades. Com isso, o custo fixo da produção é reduzido e o resultado
apresentado para cada período é de R$ 884,52, o que faz com que o tempo de
recuperação do investimento também seja inferior. Nesta simulação, o capital é
recuperado em 5,54 períodos que corresponde a aproximadamente 5 meses e 16
dias. Entretanto, quando a produção é aumentada em 50%, o resultado de cada
período ocorre aumento para R$ 1.911,92, denotando uma recuperação do
investimento em apenas 2,57 períodos - 2 meses e 17 dias.

4.4 Aplicação do método payback descontado na microempresa

CONCEITUAR PLAYBACK DESCONTADO

Seguindo o pressuposto por Colpo, Medeiros e Weise (2016), tendo realizado


os cálculos com Payback Simples, aplicou-se o método do Payback Descontado que
se baseia no valor do dinheiro no tempo. Sendo assim, para “descontar” e “trazer” a
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valor presente os valores do fluxo de caixa foi considerado a taxa 10% definida pela
Gama. Para isso, utilizou-se dados na Tabela 1, com resultados estimados pela
empresa de Chinelos. Os valores referentes ao investimento (saída) e ao lucro
(entrada) foram trazidos a valor presente utilizando a Equação 2.
P = F / (1+i)n (2)
Onde:
P = valor presente;
F = valor parcela;
i = taxa de desconto; e
n = tempo em períodos.
Nesse sentido, o valor do investimento foi trazido a valor presente não
considerando o primeiro período, por se tratar de período presente, expostos na
Tabela 3 abaixo.

Fonte: Colpo, Medeiros e Weise; 2014.

[...]Salienta-se que trazendo a valor presente o valor do investimento


no período zero é de R$ 3.311,92. Para que seja possível verificar o
tempo de retorno do capital, é necessário agora fazer uso do mesmo
parâmetro das saídas e trazer a valor presente as entradas.
Ressalta-se que, as entradas são os resultados alcançados a cada
período. Sendo assim, inicia-se trazendo a valor presente as
entradas da produção atual de Gama, cerca de 550 pares de
chinelos por mês. A TMA é a mesma utilizada anteriormente nas
saídas, no caso 10%. Na Tabela 4, pela coluna (entrada
descontada), percebe-se o valor inicial sendo transformado em valor
estimado no período zero. Já a coluna (soma entrada descontada)
verifica-se o momento em que as entradas (resultado) se tornam
superior ao investimento (saída). O retorno do capital ocorre entre os
períodos 7 e 8 [...] (COLPO; MEDEIROS; WEISE, 2014, p. .....)
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Fonte: Colpo, Medeiros e Weise; 2014.

Utilizando-se o método VPL, do período 1 até o período 8, pode-se verificar


que já se inicia uma sobra do capital inicial investido.

A fim de determinar o tempo da recuperação do investimento, realiza-se o


cálculo de interpolação linear, e assim, verifica-se que o intervalo é de 0,88, isto
significa que o tempo de recuperação é de 7,88 períodos o que corresponde a
recuperação em 7 meses e 26 dias.
Para o cálculo das hipóteses criadas com base nas expectativas de Gama,
considerando um aumento de 10% e 50% da produção inicial, conforme
apresentado na Tabela 1 nas colunas (B) e (C), foram usados os mesmos valores
referentes ao investimento, ou seja, R$ 3.311,92, segundo demonstrado na Tabela
3. Na hipótese da coluna (B), onde a produção passa a ser de 655 pares de
chinelos, os valores são trazidos a valor presente em conformidade com a Tabela 5.
É possível perceber pela coluna (soma entrada descontada) que entre o 4º e 5º
período o valor do resultado ultrapassa o valor do investimento que é de R$
3.311,92. Logo, percebe-se que, neste momento ocorre à recuperação do capital
inicial aplicado.
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Pela análise na Tabela 5, nota-se que, da mesma forma que anteriormente, o


VPL auxilia demonstrando que no 5º período já ocorre o retorno do capital investido
inicialmente, e com a utilização da interpolação linear, o intervalo corresponde a
0,91. Isto quer dizer que o tempo de recuperação é de 4,91 períodos que
correspondem há 4 meses e 27 dias.
Na coluna (C) é apresentada a Tabela 6, com o aumento da produção em
50%, passando dos 550 pares atualmente fabricados para uma produção mensal de
825 pares. Os valores de resultado são trazidos a valor presente pela TMA de 10%,
também se pode acompanhar pela coluna (soma entrada descontada), que entre o
1º e 2º período o valor das entradas supera o valor do investimento R$ 3.311,92.
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O VPL confirma que no 2º período já ocorre o retorno do investimento, e com


o uso da interpolação linear, se expõe o intervalo de 0,99, apontando que o tempo
de recuperação é de 1,99 períodos, aproximadamente, 2 meses. O resumo do
tempo de retorno do investimento pelos métodos Payback Simples e Payback
Descontado pode ser visualizado na Tabela 7.

Fica evidente na Tabela 7 que, quanto maior a produção, menor o tempo de


retorno do capital investido. Nas hipóteses trabalhadas, ao considerar a taxa de
atratividade de 10% não alterou de forma relevante o tempo de retorno do
investimento. O investimento inicial é baixo quando analisado a rentabilidade de
curto prazo que se apresenta.
Apesar do rápido retorno do capital nas hipóteses ponderadas para fins de
análise, o ramo de fabricação de calçados, em especial, quando é fabricado apenas
um modelo e este modelo ser utilizado nas estações quentes do ano, é necessário
levar em conta a questão da sazonalidade. Caso a empresa inicie as atividades no
mês de outubro ela terá nos próximos meses um mercado mais amplo do que se a
mesma iniciar suas atividades no mês de janeiro. Assim, o próximo tópico apresenta
o tempo de retorno de investimento considerando os meses de inverno,
consequentemente, o declínio da produção.

4.5 Payback simples, payback descontado e a sazonalidade do


empreendimento

No presente trabalho, outra hipótese a ser testada é o crescimento e o


declínio das vendas em função da sazonalidade do produto. Para criação deste
cenário, se levou em consideração as estações climáticas. Sabe-se que nos meses
de verão a comercialização de chinelos é maior.
Para o mês de janeiro foi considerado os dados reais apresentados, enquanto
para os meses de fevereiro e março optou-se por um acréscimo de 20% nas vendas,
já os meses de abril, maio retornou-se as vendas de janeiro. A venda de janeiro foi
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avaliada abaixo da média estimada por ser o primeiro mês de produção e,


consequentemente, estar entrando no mercado. Já nos meses de abril e maio
voltou-se a considerar a produção de janeiro.
Nos meses de junho e julho, por se tratar da estação climática negativa para o
produto em razão da localização da empresa ser no Estado do Rio Grande do Sul,
ponderou-se um declínio de 30% na produção. Enquanto que nos meses de agosto,
setembro e outubro um aumento de 10% do estimado em relação aos meses de
junho e julho. Já em novembro e dezembro retorna a produção de fevereiro e março.
A Tabela 8 a seguir demonstra os valores referentes às entradas
considerando a sazonalidade do negócio.

Após serem estimadas as entradas considerando-se a sazonalidade do


negócio, aplicaram-se os métodos Payback Simples e Payback Descontado, onde
seus resultados são conhecidos através da Tabela 9. Destaca-se que, no método
Payback Descontado, as entradas são trazidas a valor presente com uma TMA de
10%.
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No método Payback Simples, o valor que corresponde ao investimento inicial


é composto pelas 10 (dez) parcelas de R$ 490,00, o que resulta num montante de
R$ 4.900,00, desta forma, pelo presente método este valor é recuperado entre os
períodos 10 e 11. Pela interpolação linear 0,18 do período 11, o que representa
aproximadamente 10 meses e 6 dias para retornar o capital investido.
Já pelo método Payback Descontado o valor que corresponde ao
investimento inicial também deve ser trazido a valor presente – conforme
apresentado na Tabela 3 – este valor corresponde ao montante de R$ 3.311,92.
Para a recuperação deste valor também são trazidas a valor presente as entradas
que são apresentadas na Tabela 9 na coluna (entradas descontadas). A TMA
utilizada para ambas segue em 10%. Evidencia-se o retorno do investimento entre
os períodos 10 e 11, e pela interpolação linear 0,06 do período 11, considera-se o
retorno em 10 meses e 2 dias.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho buscou evidenciar como a análise de investimentos pode


auxiliar na tomada de decisão, não apenas para grandes empresas, mas,
especialmente para os microempreendedores, geralmente com recursos financeiros
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mais escassos onde o tempo de retorno do capital pode influenciar na decisão de


iniciar ou não um empreendimento.
A implantação de técnicas de “Produção mais Limpa” mostra que não só no
aspecto ambiental, mas como financeiramente é vantajoso adotar essas mudanças
fazendo com que esse tipo de elo em projetos de Produção mais limpa seja
ampliados para outras linhas de produção.
A partir dos resultados obtidos, nota-se o quanto esse tipo de estudo é
importante para demonstrar ao investidor qual a estimativa de tempo de retorno do
empreendimento com dados da situação atual e com base em estimativas de
aumento da produção ou sazonalidade do negócio. Por isso, acredita-se que, a partir
dos dados apresentados pelos autores pesquisados, é possível adotar um melhor
planejamento financeiro, operacional e estratégico para as vendas.

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Científica: Projetos de


Pesquisa, TG1, TCC, Monografias, Dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 1998.
TODOS GUARDADOS NO NOTE PASTA ENGENHARIA ECONÔMICA APS

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