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PRODUÇÃO E RECICLAGEM DE PET NA ENGENHARIA

AMBIENTAL

Salvador/BA
2012

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WASHINGTON ARAUJO

PRODUÇÃO E RECICLAGEM DE PET NA ENGENHARIA


AMBIENTAL

Trabalho realizado como pré-


requisito para nota parcial da
disciplina Química Tecnológica,
sob supervisão do docente Iran
Viana.

Salvador/BA
2012

SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO 4
CONCEITOS 5
HISTÓRICO 6
PRODUÇÃO DE PET NO BRASIL 7
RECICLAGEM DE PET NO BRASIL 10
RECICLAGEM: DE UM PROBLEMA À SOLUÇÃO 11
A IMPORTÂNCIA DOS CATADORES 12
LEGISLAÇÃO 13
CONCLUSÃO 14
REFERÊNCIAS 16

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INTRODUÇÃO

A definição de pode ser simplificado como um polímero sintético, uma


macromolécula caracterizada por unidades químicas unidas por ligações
covalentes, que se repetem ao longo da cadeia e se aquecidos numa alta
temperatura que gere “amolecimento”, tornam fluidos e passíveis de moldar por
ação do homem, isolada ou conjunta de calor e pressão. São de boa
aparência, isolantes térmicos e elétricos resistentes ao impacto e de muito
baixo custo. Por este motivo, sua utilização vem crescendo em larga escala no
Brasil. (Guelbert et all,2007)

De acordo com a Associação Brasileira de Indústria de PET–ABIPET (2011),


este produto chegou ao Brasil no final da década de 80 com utilização inicial na
indústria têxtil e somente a partir de 1993 passou a ter forte expressão no
mercado de embalagens, mais especificamente para os refrigerantes e
atualmente o PET está presente em outros itens como frascos de produtos
farmacêuticos e de limpeza, mantas de impermeabilização, fibras têxteis, entre
outras.

Continua afirmando a ABIPET, que esses produtos oferecem,


economicamente, ao consumidor um item substancialmente mais barato,
seguro e moderno, moldável e de fácil manuseio, geradora de artefatos de
consumo diário, além de gerar força de trabalho digno aos denominados
catadores de lixo reciclável. O uso de PET em lugar do vidro vem trazendo
inúmeras vantagens, incluindo menor peso, maior resistência aos impactos e
menores custos de transporte.

Quanto ao Brasil, nos dias atuais, assume um patamar considerável na


produção e reciclagem de PET e estudos comprovam que as embalagens
plásticas já ocupam uma boa fatia do mercado das exportações de produtos
plásticos, com substancial aumento das mesmas no país.

É importante salientar que o número de empresas que concorrem no mercado


interno podem causar prejuízos ao meio ambiente, pois seu direcionamento

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pode ser mais voltado aos aspectos econômico-financeiros, a fim de não haver
perdas em detrimento à preocupação ambiental e desenvolvimento
sustentável.

Para se ter uma idéia, esta última década foi particularmente importante no que
se refere à conscientização das pessoas sobre os danos que o uso
indiscriminado dos recursos pode causar ao meio ambiente. Isso se corrobora
com as ações da ANVISA em normatizar a utilização, produção e reciclagem
desses produtos, levando a uma conscientização da sociedade a assumir
atitudes mais críticas em relação às suas opções de consumo.

CONCEITOS

O significado do termo “desenvolvimento sustentável” está relacionado à


preocupação na manutenção e na existência de recursos naturais para a
continuidade das gerações futuras. Somados às preocupações dos
ambientalistas, baseadas na manutenção do meio ambiente, formou-se um
cenário cujo desafio centrou-se num desenvolvimento sustentável em que a
preservação ambiental seria a base de crescimento dos negócios e da
economia, afirmam Guelbert et all (2007).

Schmidheiny (2002) afirma ser impossível existir desenvolvimento econômico


sem agressão à natureza e saber administrá-la é fator preponderante. Ele
ainda relata que para que se alcance uma boa gestão do desenvolvimento,
deve-se aliar a utilização responsável dos recursos naturais disponíveis com as
expectativas econômicas, beneficiando ambas as partes.

Ainda de acordo com Guelbert et all(2007),este


cenário evidencia a necessidade de
desenvolvimento de novas tecnologias e formas de
produção, que envolve otimização dos recursos e o
uso de alternativas conscientes no sentido de
maximizar o resultado benefício versus custo,
atendendo ao novo paradigma do desenvolvimento
sustentável, que estabelece uma ótica
multidisciplinar envolvendo a interação social, com

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bases culturais cultivadas, a manutenção do estoque
ambiental existente e as necessidades econômicas.

Para Mano e Mendes (1999), o termo PET pode ser definido como um polímero
sintético, macromolécula caracterizada que possuem unidades químicas unidas
por ligações covalentes, que se repetem ao longo da cadeia e se aquecidos
numa alta temperatura que gere “amolecimento”, tornam fluidos e passíveis de
moldar por ação do homem, isolada ou conjunta de calor e pressão. Além do
mais, possuem boa aparência, são isolantes térmicos e elétricos resistentes ao
impacto e de muito baixo custo. Por este motivo, sua utilização vem crescendo
em larga escala no Brasil.

A embalagem PET proporciona alta resistência mecânica a impactos e


quimicamente, é considerada uma excelente barreira para gases e odores.
Devido a estas características e o peso muito menor que das embalagens
tradicionais, o PET mostrou ser o recipiente ideal para a indústria de bebidas
em todo o mundo, reduzindo custos de transporte e produção citam Wan e
Galembeck (2002).

De acordo com a ABIPET (2011), a PET possui características importantes:


Possui excelente estabilidade dimensional; Fácil conformação, versatilidade de
design e cores; Fácil processamento, levando a alta produtividade e
rendimento; Custos competitivos; Alta resistência ao impacto, segurança no
manuseio e eliminação de perda no transporte; Alta resistência a pressão
interna; Peso reduzido, levando a redução no preço do frete e além de ser
totalmente reciclável.

A produção e reciclagem do PET têm gerado muitas preocupações e


discussões no meio científico. Estudiosos ambientais trazem uma realidade
enfocando a utilização, geração, coleta e reciclagem dos resíduos sólidos,
sobretudo nos grandes centros urbanos.

HISTÓRICO

Segundo Wiebeck e Harada (2005), a descoberta do plástico PET ocorreu em


1928 em pesquisas realizadas pela equipe do Dr. Carothers nos laboratórios da

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Dupont. Nessa mesma época ele já havia desenvolvido o náilon 6.6, uma
poliamida e procurava novos polímeros para a produção de fibras, em
substituição à seda. Inicialmente, um grande número de poliésteres com baixa
massa molecular e sem nenhuma propriedade comercial foi desenvolvido e a
continuidade da pesquisa permitiu a obtenção de polímeros que, quando
solidificados, podiam ser estirados muitas vezes o seu comprimento e se
tornavam transparentes, brilhantes e resistentes à tração.

Ainda segundo autores acima citados, dados da Dupont informam que este
poliéster, nos anos 50, foi utilizado na sua indústria têxtil e somente a partir dos
anos 60 o PET tornou-se disponível como matéria prima para a embalagem,
sendo amplamente utilizado para o acondicionamento de alimentos. Já no ano
de 1962, surgiu o primeiro poliéster pneumático utilizado pela Goodyear e só
nos anos 70 o processo de injeção e sopro permitiu a introdução do PET na
aplicação de garrafas, revolucionando o mercado de embalagens,
principalmente o segmento de bebidas, área que, atualmente mais se utiliza a
PET.

A Associação Brasileira de Indústria de PET (ABIPET,2011), este produto


chegou ao Brasil em no final da década de 80 com utilização inicial na indústria
têxtil e somente a partir de 1993 passou a ter forte expressão no mercado de
embalagens, mais especificamente para os refrigerantes. Atualmente o PET
está presente em vários itens a exemplo de frascos de refrigerantes, produtos
farmacêuticos e de limpeza, mantas de impermeabilização, fibras têxteis, entre
outras. Economicamente oferece ao consumidor um produto substancialmente
mais barato, seguro e moderno.

PRODUÇÃO DE PET NO BRASIL

Para Silvino Filho et. all (2004) a produção nacional de PET iniciou-se em 1989
e atende estritamente a um mercado de bebidas carbonatadas, que hoje é
considerado o terceiro do mundo, perdendo somente para os Estados Unidos e
México. A capacidade do parque industrial brasileiro mostra-se insuficiente

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para atender aos usuários locais. Apesar da capacidade ociosa de 34%, o país
importa a mesma quantidade de PET produzido localmente.
De acordo com Datamark (2003) apud Silvino Filho et. all (2004), a distribuição
da indústria de embalagens plásticas nos estados do Brasil ainda é bastante
concentrada. Entre oito estados mais importantes no setor, três estão na região
Sudeste, três são do Sul e dois do Nordeste, evidenciando que o centro-sul do
país é considerado como o eixo produtivo mais significativo. No ano 2000,
esses oito estados respondiam por 60.978 empregados formais (89%) da mão-
de-obra total, concentrando em empresas de médio e pequeno porte. Trata-se
de mão-de-obra, em sua maioria, desqualificada sendo que 61,58% dos
empregados têm no máximo o primeiro grau completo. Já no estado de São
Paulo destaca-se com 39,27% da produção nacional e com 31.436
empregados formais, enquanto os outros sete estados variam entre 2 e 11% da
produção e com média de 4.220 empregados formais.

Ainda cita com veemência Datamark (2002) apud Silvino Filho et. all (2004) que
uma gama de empresas leva a uma grande concorrência que pode ser
considerada negativa por dificultar a busca de estratégias que tragam
melhorias ao setor tais como: maior poder de negociação com fornecedores e
clientes externos; formação de alianças tecnológicas buscando inovação; e
maior penetração em novos mercados. O cenário de grande concorrência pode
gerar oportunidades para empresas que investirem em diferenciação, gerando
contínua inovação e saindo da competição por preços.

O Brasil apresenta um grande potencial de expansão devido ao seu baixo


consumo per capta e as oportunidades de substituição de materiais. Entretanto,
o setor sofre ameaça das embalagens de vidro pelos seus avanços na
reciclagem, tornando-o mais barato e ecologicamente correto. É válido
mencionar que o processo de reciclagem do vidro é mais barato e fácil que o
do plástico. A falta de mão-de-obra tecnicamente adequada e qualificada para
atividades como design e desenvolvimento é um fator limitante competitivo,
uma vez que as escolas técnicas e faculdades ainda não conseguem formar
profissionais com o perfil desejado. (NEIT/IE/UNICAMP, 2003).

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Ainda segundo estudos da UNICAMP (2003), as embalagens plásticas já
ocupam uma boa fatia do mercado das exportações de produtos plásticos.
2001 foi especial para s exportações no Brasil, tendo exportado U$
499.006.432,00 em produtos plásticos sendo que U$ 71.373.563,00(14,30%)
decorrentes de embalagens. A balança comercial no que se refere aos
produtos plásticos ficou, no entanto, negativa para o Brasil uma vez que as
importações corresponderam a U$ 660.258.241,00 ficando também negativa
no tocante às embalagens plásticas cujo montante importado ficou em U$
97.418.665,00. Fazendo a comparação das exportações de embalagens
plásticas com embalagens de outros materiais, tem-se que as plásticas (30,5%)
estavam em segundo lugar em 2000, perdendo somente para embalagens de
papel e papelão (41%). Os principais alvos da exportação foram Chile (25%),
Argentina (23,38%) e Estados Unidos (18,50%) em 2001. Nas importações o
Uruguai (31,22%) se destaca, seguido pelos Estados Unidos (19,56%) e
Argentina (12,07%). Esses dados demonstram que os países sul-americanos
são os melhores parceiros comerciais do Brasil, apesar das intensas atividades
com os EUA.

A CEMPRE (1997), uma associação responsável com o compromisso no que


concerne a sustentabilidade no setor de plástico e recicláveis afirma que no
Brasil cada habitante é responsável por 15 kg de lixo plástico por ano e
comparando com a Alemanha este volume cresce para 70kg por habitante por
ano levando a sérios problemas ambientais. O desenvolvimento de um
polímero plástico de cana-de-açúcar biodegradável), é proveniente de
tecnologia brasileira, fato de orgulho ao nosso país.

Segundo Leite (2003), “quanto maior o nível sócio-


econômico e conseqüente poder aquisitivo do
cidadão, maior o uso de descartáveis e quantidade
de polímeros no lixo. A tecnologia proporciona a
utilização de polímeros para uma melhora na
qualidade de vida, mas que também resulta em
grande problema com a quantidade de resíduos
gerados.

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Leite (2003) ainda cita, com razão, que um dos piores problemas originados no
descarte de materiais plásticos no Brasil é o espaço que acabam ocupando nos
aterros sanitários e grandes lixões. Embora representem algo em torno de 10%
do peso total do lixo, ocupam até 20% de seu volume que culminam em
aumento dos custos de coleta, transporte e descarte final dos resíduos
urbanos.

RECICLAGEM DE PET NO BRASIL

Segundo Wiebeck & Harada (2005) “a reciclagem é uma alternativa para


reduzir o impacto ambiental da matéria-prima plástica descartada.” Os autores
reforçam a possibilidade de reprocessar/reciclar o polímero para a retirada de
resinas alquímicas usadas na produção de tintas, destacando que a aplicação
nobre e em crescimento está na utilização desta fibra na confecção de tecidos,
malhas em poliéster e jeans. O 2º Censo realizado pela ABIPET (2007)
evidencia a distribuição, no Brasil, dos mercados para o PET reciclado, sendo
que a maior utilização deste material está na aplicação em produtos têxteis.

As embalagens PET são 100% recicláveis e se subdividem em mecânico,


energético ou químico. Dentre os três, o mais utilizado é o mecânico por se
tratar de um processo mais barato, com mão-de-obra mais acessível ao
mercado atual. (RECICLOTECA, 2006).

Ainda conforme dados da Recicloteca (2006), a reciclagem energética ocorre


da seguinte forma: o plástico é queimado liberando alta temperatura (superior
ao do carvão e próximo ao produzido pelo óleo combustível) que é aproveitado
na forma de energia. Entretanto, esta prática resulta em emissão de CO2,
agravando ainda mais o efeito estufa toxinas prejudiciais à saúde, compostos
altamente tóxicos. Já na reciclagem química o plástico sofre reações
químicas, se transformando em outro tipo de plástico que poderá ser utilizado
na indústria, como para a produção de resina de poliéster, usada na fabricação
de fibras para a confecção de roupas; Na reciclagem mecânica os plásticos
são submetidos a processos físicos. No Brasil é a mais utilizada e mantém uma
boa qualidade do produto.

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O processo mecânico pode ser dividido, segundo dados da ABIPET (2006), em
três etapas:
a) Recuperação: Fase em que as embalagens que descartadas em lixo
comum ganham a denominação de matéria-prima. As embalagens recuperadas
serão separadas por cor e prensadas. A separação por cor é necessária para
que os produtos que resultarão do processo tenham uniformidade de cor,
facilitando assim, sua aplicação no mercado. A prensagem, por outro lado, é
importante para viabilizar o transporte das embalagens.

b) Revalorização: Fase em que as garrafas são moídas, resultando em flocos


de garrafa, podendo ser produzido de maneiras diferentes, sendo que os flocos
mais refinados podem ser utilizados diretamente como matéria-prima para a
fabricação dos diversos produtos que o PET reciclado dá origem na etapa de
transformação. No entanto, há possibilidade de valorizar ainda mais o produto,
produzindo os grãos de PET reciclado. Desta forma o produto fica muito mais
condensado, otimizando o transporte e o desempenho na transformação.

c) Transformação: Fase em que os flocos, ou o granulado será transformado


num novo produto, fechando o ciclo. Os transformadores utilizam PET reciclado
para fabricação de diversos produtos, inclusive novas garrafas para produtos
não alimentícios.

Reciclagem: de um problema à solução

Para Manzzini e Vezzoli (2002), a grande solução para destinação dos


resíduos sólidos hoje produzidos no Brasil está na máxima diminuição dos
mesmos em aterros sanitários e reaproveitando na forma de reciclagem ou
recuperação. Para os autores anteriormente citados, a reciclagem surgiu para
se tentar a reintrodução no sistema uma parte da matéria que se “jogaria fora”,
ou seja, se tornaria lixo.

Já Grimberg e Blauth (1998), afirmam:

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“apesar de todos os fatores positivos ao meio
ambiente,” a reciclagem gera gastos de água e energia,
polui o ar e mananciais de água, podendo gerar, ainda,
os seus próprios resíduos. Ele ainda reforçam a
reciclagem como solução para a diminuição de resíduos
apresenta muitos aspectos a serem melhor elucidados,
não só quanto aos seus reais benefícios, mas quanto ao
escoamento dos resíduos recicláveis. Tanto pelo lado
econômico, quanto pelo ambiental, é necessário que se
realizem estudos mais aprofundados dos processos de
reciclagem, antes de intensificar a separação de
resíduos domésticos”.

Para os autores acima mencionados, a coleta seletiva de lixo, baseada nas


cores, foi uma iniciativa política positiva para a sociedade em geral,
especialmente nas escolas, incentivando a utilização correta desses recipientes
e incutindo aos estudantes a responsabilidade social e cidadã com o meio
ambiente. Vale ressaltar que a introdução desse sistema de coleta seletiva de
lixo é também de responsabilidade das empresas que fazem o marketing da
reciclagem para neutralizar o impacto da produção de resíduos. Sendo a
reciclagem uma atividade marginal, completa-se o ciclo de desperdício. Por fim,
um ponto que depõe a favor de uma profunda reestruturação do atual padrão
de produção são as implicações da reciclagem da forma como ocorre
atualmente, como uma atividade, em geral, poluente e degradante.

A IMPORTÂNCIA DOS CATADORES

Os catadores de lixo reciclável somam-se a cada dia, no Brasil. Famílias são


sustentadas e alimentadas por esse meio de sobrevivência. Uma coleta
seletiva limpa, sem degradação ao meio ambiente, infelizmente informal, que
utiliza uma sequência diversa e invertida daquela utilizada na indústria de
reciclagem: Lavar antes de moer ou moer antes de lavar.

As cooperativas de catadores representam a etapa da coleta seletiva na cadeia

de reciclagem, devendo-se levar em consideração alguns problemas que o

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catador enfrenta com relação ao PET: primeiro, a densidade das embalagens

de refrigerante que passa a representar um espaço tomado no carrinho e que,

por conseqüência, acarreta num baixo custo/benefício, tendendo o catador a

optar por outros materiais com valor monetário inferior, mas que lhe

proporciona uma remuneração maior. Outro problema apresentado é o

descaso dos sucateiros em relação ao PET, devido ao trabalho na separação e

prensagem, e da dificuldade de transportar esse material, declaram Formigoni

e Campos (2009).

LEGISLAÇÃO

A reciclagem no Brasil, não possui uma legislação específica, que defenda sua
utilização. Mas é necessário lembrar que o uso dos mesmos limites de pureza
e controle do material virgem não devem afetar a saúde do consumidor.

De acordo com a resolução nº 105 de 1999 da ANVISA é proibido o uso de


plástico reciclado para contato com alimentos, exceto no caso de materiais
reaproveitados no mesmo processo de transformação. Especificamente para
aplicações de PET em bebidas não-alcoólicas carbonatadas, a utilização de
PET reciclado multicamada é explicitamente permitida.

Outro meio legal na utilização de reciclagem trata-se da resolução nº 23 de


2000 da ANVISA, que estabelece a possibilidade de produzir PET reciclado
para contato direto com alimentos, desde que a empresa requerente entre com
um processo de petição junto à Vigilância Sanitária e prove que sua reciclagem
satisfaz os padrões internacionais de pureza adequada, exigida pelo Codex
Alimentarius (Código para Alimentos), ILSI* e FDA**. Este critério de avaliação
é idêntico ao da FDA. A autorização é emitida, desde que o processo a ser
desenvolvido não gere material que degrade ou contamine o meio ambiente.
Vale lembrar que os órgãos de referência nessa área são: a FDA, que abrange
os Estados Unidos e ILSI, na Europa. (LEITE, 2003).

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* FDA: Food and Drog Administration USA - órgão do governo Americano que faz o controle dos alimentos,
medicamentos, cosméticos e produtos derivados do sangue humano.
** ILSI: International Life Science Institute – Europe – Entidade não governamental que atua junto a outros órgãos
internacionais que contribui para melhor entendimento e resolução de problemas científicos em nutrição, toxicologia, e
segurança ambiental e de alimentos.
De acordo com Ereno, (2005) ocorreria uma maior valorização do produto
(PET) com a abertura deste mercado no Brasil e conseqüentemente, atividades
mais rentáveis em reciclagens. O retorno dessas embalagens de alimentos ao
seu próprio ciclo, caso seja mesmo autorizada, será uma vitória, um sucesso,
mas o maior beneficiado serão os consumidores, parcela da população que
mais utiliza as vantagens do produto em seu cotidiano. Portanto, essa ação
será de grande valia, pois contribuirá para uma despoluição mais efetiva do
meio ambiente, promovendo desenvolvimento sustentável, pelo menos no que
se refere ao “lixo” de PET.

O ISO 14.000 (International Standardization Organization) da ANVISA do ano


de 2000 entra em vigor com força total normatizando critérios ambientais, no
sentido de fortalecer com mais rigor a preocupação ecológica com a saúde do
consumidor e consequentemente com o meio ambiente. Comcomitante ao
processo de adequação ambiental à utilização desses produtos existe a
preocupação em gerar lucros em vez de prejuízos as instituições financeiras.

CONCLUSÃO

A alta produção de embalagens, incluindo a PET, atualmente, contribui para a


melhoria dos aspectos econômicos e financeiros do Brasil, além de gerar
empregos formais, mais especificamente nas indústrias e informais, a exemplo
dos catadores de lixo reciclável. Esta categoria vem crescendo e se
desenvolvendo no mercado atual.

Existe uma discussão e preocupação dos estudiosos ambientalistas e


sociedade em geral acerca do desenvolvimento sustentável e do descarte
indevido desses produtos, que podem gerar danos ambientais.

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É notável que as empresas e indústrias do ramo de reciclagem de resíduos
sólidos necessitam crescer economicamente e obter lucros, entretanto
precisam identificar alternativas de produção e reciclagem viáveis e
sustentáveis de crescimento e controle a ponto de não agredir o meio
ambiente.

Vale ressaltar a importância do profissional Engenheiro ambiental nessa


questão, pois sua formação está direcionada a buscar meios de não
degradação e ao mesmo tempo de lucros.

Nota-se que a produção de PET no Brasil se concentra em regiões como


Sudeste, Sul e Nordeste, evidenciando que o centro-sul do país é considerado
como o eixo produtivo mais significativo.

O Brasil apresenta um grande potencial de expansão do produto estudado,


devido ao seu baixo consumo per capta, as oportunidades de substituição de
materiais e pela facilidade em moldagem e pela sua maleabilidade depois de
“amolecido” em alta temperatura, culminando na transformação em itens de
consumo que atenda a toda a sociedade. Entretanto, pode sofrer ameaças das
embalagens de vidro pelos seus avanços na reciclagem, tornando-o mais
barato e ecologicamente correto.

É válido mencionar que o processo de reciclagem do vidro é mais barato e fácil


que o do plástico. A falta de mão-de-obra tecnicamente adequada e qualificada
para atividades como design e desenvolvimento é um fator limitante
competitivo, uma vez que as escolas técnicas e faculdades ainda não
conseguem formar profissionais com o perfil desejado.

Observa-se, ainda, que uma grande solução para destinação dos resíduos
sólidos hoje produzidos no Brasil está na máxima diminuição dos mesmos em
aterros sanitários, pela utilização de PET em reciclagem e produção de outros
itens. A reciclagem surgiu para a busca constante de reintrodução desses
produtos que se “jogaria fora” ou se tornaria lixo propriamente dito.

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Quanto aos aspectos legais, a reciclagem e produção ainda não possuem uma
legislação específica, que defenda sua utilização, mas, algumas resoluções de
órgãos nacionais e internacionais, a exemplo da ANVISA, FDA e ILSI. Enfim, é
necessário reforçar a dimensão ecológica em detrimento da financeira,
lembrando que ambos devem estar em harmonia, para solucionar o problema
do uso ilimitado dos recursos naturais de forma indiscriminada e degradante.

REFERÊNCIAS

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18/11/11 as 23:00].

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leisref/publ/showAct.php?id=103. [Acesso em: 12/11/11 as 21:00].

ANVISA – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução n.º


23, de 15 de março de 2000. Disponível em http://www.e-legis.bvs.br/
leisref/publ/showAct.php?id=103. [Acesso em: 12/11/11 as 21:30].

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