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Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)

Curso de Ciências Contábeis UNISUL


Análise de Custos

Aluno: Cirino Marcelino Fernandes Junior


Professor Orientador: Prof. Jardel Mendes Vieira

Relatório Técnico:
Análise da estrutura de custos utilizada
numa lavação de automóveis

Tubarão – SC
2021
1. Introdução
Uma vez dito por Paulo Freire (1997, p. 14). “Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem
ensino.”. Sabendo disso, a Universidade do sul de Santa Catarina (UNISUL) dispõe em seus
cursos a oportunidade do aluno se aventurar sala à fora para o feito de exercer uma pesquisa
para seminários, relatórios e TCCs. Como o Relatório Técnico que eis aqui é apresentado.
O curso de Ciências Contábeis da UNISUL, tem o objetivo geral de “formar profissionais e
pesquisadores capazes de contribuir fortemente para o contínuo aperfeiçoamento da qualidade
de vida da sociedade brasileira e para competitividade de seus agentes econômicos, por meio de
geração de informações contábeis e da disseminação de conhecimentos nas áreas de
mensuração, reconhecimento e evidenciação contábil e de modelos de gestão econômica.”
(PROGETO PEDAGOGO DO CURSO PPC, 2013)
Sabendo-se dessas informações, fica claro que a melhor maneira de preparar um
profissional que tem total interação com a sociedade para ser um de fato, seria colocá-lo exposto
a sociedade de modo que aprenda com isso. Sendo assim, a pesquisa que é “a atividade
científica pela qual descobrimos a realidade” (DEMO, 1987, p. 23) se torna um dos melhores, se
não o melhor, elemento didático para tal preparo.
Silva e mota (2003) dizem que foi através de pesquisas que foi estabelecido vários estudos,
práticas e processos que perduram até os dias atuais da sociedade, uma das práticas que nasceu
através da pesquisa foi a contabilidade de custos que surgiu na época mercantilista do século
XVII (Dezessete) e utilizava como principal fonte apenas a contabilidade geral ou financeira.
Sem qualquer gestão empresarial, se limitando apenas ao controle de estoques e resultado.
Mas, Johnson e Kaplan (1993), afirmam que foi no século XIX, com Alexander Hamilton
Church que defendeu o uso das informações de custos de produtos para demonstrar o lucro e
rentabilidade de cada produto após a criação de novas técnicas de mensuração de custos.
É dito por Kam (1990), que com o desenvolvimento da contabilidade de custos, esta passou
a ter maior importância para propiciar também o controle operacional das atividades e a
promover a eficiência nos processos produtivos.
Afirmação esta, exaltada por Martins (2008), que menciona que a contabilidade de custos
passou de mera auxiliar na avaliação de estoques e lucros globais para uma das mais
importantes armas de controle e decisão gerencial nas últimas décadas.
Perez e Oliveira e Costa (2011), elencam os principais objetivos da gestão de custos como
sendo:
 Apuração do custo dos produtos e dos departamentos;
 Atendimento de exigências contábeis;
 Atendimento de exigências fiscais;
 Controle dos custos de produção;
 Melhoria de processos e eliminação de desperdícios;
 Auxílio na tomada de decisões gerenciais;
 Otimização de resultados.
Dito isso, o RT (Relatório Técnico) apresentado, se trata de uma pesquisa sobre a
contabilidade de custos e seus métodos de custeios apresentados na Unidade de Aprendizagem
Análise de Custos, do Curso de Ciências Contábeis. O objetivo geral será a análise da estrutura
de custos utilizadas por uma empresa prestadora de serviços de lavação de automóveis.
Para aprimorar as habilidades que serão testadas em seus objetivos específicos, que vão
desde a aplicação dos conceitos de custos e verificar o método de custeio da empresa, até a
sugestão de melhorias para a empresa entrevistada.
A metodologia utilizada foi a mais comum e clássica das metodologias de pesquisa, uma
entrevista com coletas de dados, onde os proprietários responderam algumas questões sobre a
rotina de sua empresa e entregaram uma lista com seus principais gastos mensais. Uma maneira
antiga de se exercer uma pesquisa, mas ainda sim, uma maneira eficiente e válida nos dias
atuais.
A divisão do relatório está entre cinco partes, sendo elas a introdução dele, a caracterização
da empresa e entrevistados, a metodologia aplicada, onde serão descritas as atividades e rotinas
observadas e feita uma ligação com o aprendizado em sala de aula, conclusões com os
principais resultados, limitações e recomendações e as referências bibliográficas utilizadas na
criação do relatório.

2. Caracterização da empresa e entrevistados


Estamos numa época de uma crise econômica única na história da República
Federativa do Brasil, não apenas pela inflação notável provinda de uma má gestão
política, mas também de uma taxa de desemprego sem igual. Tendo em vista a atual
situação, muitos brasileiros optaram por um trabalho remunerado sem carteira assinada,
ou seja, o trabalho informal. Com base na pesquisa do IBGE de trinta de setembro de
dois mil e vinte e um (30/07/2021) mostrou que 40% (quarenta por cento) da população
ocupada do Brasil se encontra como trabalhadores informais, portanto, este RT teve
como foco uma empresa informal, sem CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). A
empresa objeto do estudo, trata-se de uma lavação de automóveis localizada na cidade
de Tubarão, no sul do estado de Santa Catarina e que existe há cerca de 15 (quinze) anos
no mercado da cidade, conforme informações obtidas e coletadas por seus proprietários.
Vale ainda ressaltar, que tanto a empresa quanto os proprietários, não terão seus
nomes divulgados nesse relatório técnico por questões pessoais. O autor que vos escreve
compreende suas vontades e houve uma concordância entre ambos.
A empresa não possui nenhum método de custeio avançado como um sistema que
adere cada custo em seus detalhes e nem um método de markup. Na verdade, muitos
dos custos são calculados até por achismo, seguindo a lógica de “esse valor está muito
barato pro gasto de gasolina; esse muito caro para o que eu pagaria”, as vezes até
escolhendo valor com base no preço de concorrentes semelhantes.
Segundo os proprietários, suas receitas são voláteis, sendo muito dependentes da
adesão de clientes, clima, época do ano e dia do mês. De maneira mais exemplificada,
caso chova, o movimento decai, caso for final de mês, também, assim como se for
inverno. Sendo assim, a receita foi baseada numa média, com base nos 15 anos de
existência do estabelecimento.

3. Metodologia aplicada
Como dito anteriormente, a auto lavação, não possui quaisquer meios de apurar seus
custos, além do próprios conhecimentos dos proprietários em relação ao que gastam e o
que pagariam no lugar dos clientes. Sendo assim, esse RT não tem apenas a
possibilidade de mostrar a maneira que os custos são geridos por uma boa parte de
empresas informais, como também mostrar possíveis benefícios da aplicação de
métodos de custeios em empresas como essas.
Segundo dados fornecidos pelos proprietários, a empresa trabalha com um valor
médio de R$40,00 (quarenta reais) cada carro. Com variações de:
 R$25,00 (vinte e cinco reais) apenas limpeza externa ou interna;
 R$40,00 sendo ambas as limpezas;
 R$50,00 (cinquenta reais) ambas as limpezas com adição de cera/polidor nos
carros.
Mas esse RT, por não ter dados concretos e precisos optará por valor medianos e
meios termos, para uma análise menos relativa. Vale ressaltar, que os preços cobrados
são comuns pelo que foi analisado em outras lavações da região, ou seja, os valores não
são os mais caros do mercado nem os mais baratos.
A quantidade de carros em média no mês que são lavados variam com base em
muitas variáveis externas e fora do controle dos proprietários, como foi citado
anteriormente. Mas estima-se que é feito 400 (quatrocentos) carros no mês, totalizando
assim, uma receita de R$16.000 (dezesseis mil reais), ao mês com os serviços prestados
de limpeza automotiva.
Os gastos da empresa totalizam o valor médio de R$9.860 (nove mil e oitocentos e
sessenta reais). Estes valores, compreendem o aluguel do terreno, a energia elétrica, os
produtos utilizados na limpeza dos veículos automotores e a mão de obra de
funcionários, que também são contratados informalmente. Os valores de receita
subtraídos pelos gastos totais resultam num lucro de aproximadamente R$6.140 (seis
mil e cento e quarenta reais).
Entretanto, como dito anteriormente, esses valores de receita encontramos com base
nas médias dos últimos anos. Por tanto, será feita uma aplicação de metodologia de
custos na empresa, sendo o método escolhido o de absorção que para Koliver (2000) se
caracteriza pela apropriação de todos os custos do ciclo operacional interno aos
portadores finais dos custos, ou seja, todos os custos diretos e indiretos são válidos para
se chegar ao custo total do produto.
O motivo de outros métodos não serem utilizados serão por:
 O método direto/variável fundamenta-se na ideia de que os custos e as despesas
que devem ser inventariáveis Leone (1997) excluindo custos fixos, também pelo
fato de não ser aceito pela legislação do imposto de renda;
 O método ABC (Activity Based Costing ou Custeio Baseado em Atividades)
precisa de dados muito mais concretos do que foi fornecido, uma vez que parte
dos dados foram encontrados com base em uma média.
Restando assim, apenas ao método por absorção a ser implementado.
Dentre os gastos que os levantaram passaram para a apuração de seus custos estão:
 R$ 850,00 (oitocentos e cinquenta reais) de aluguel;
 R$ 220,00 (duzentos e vinte reais) de luz;
 R$ 200,00 (duzentos reais) de gasolina;
 R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) de mão de obra;
 R$ 120,00 (cento e vinte reais) de plano de celular;
 R$ 200,00 de divulgação;
 R$ 200,00 de solupan (desengraxante);
 R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) de shampoo/detergente líquido;
 R$ 200,00 de limpa alumínio automotivo;
 R$ 200,00 de prateador;
 R$ 120,00 de cera automotiva;
 R$ 300,00 (trezentos reais) de silicone;
 R$ 500,00 (quinhentos reais) de outros produtos diversos;
 R$ 4.000,00 (quatro mil) de salário dos donos (que também trabalham na
execução de serviços);
 R$ 9.860,00 de Total.
Contra a receita de R$ 16.000,00 no mês.
O primeiro passo para implementar o custeio, é a divisão dos valores entre custos e
despesas, que para Viceconti (2003) são respectivamente gastos utilizados na produção
de outros bens ou serviços e gastos consumidos na obtenção de receita. Também auxilia
separá-los novamente entre fixo e variável, que depende de se alterar ou permanecer os
mesmos em relação ao nível de atividade ou negócio (COGAN, 2013)
A divisão então ficaria da seguinte maneira:
 Custos
 Fixos
 R$ 850,00 de aluguel;
 R$ 2.500,00 de mão de obra;
 R$ 4.000,00 de salários dos donos;
 R$ 7.350,00 (sete mil e trezentos e cinquenta reais) total de
custos fixos.
 Variáveis
 R$ 209,73 (duzentos e nove reais e setenta e três centavos) de luz
 R$ 200,00 de solupan (desengraxante);
 R$ 250,00 de shampoo/detergente líquido;
 R$ 200,00 limpa alumínio automotivo;
 R$ 200,00 de prateador;
 R$ 120,00 de cera automotiva;
 R$ 300,00 de silicone;
 R$ 500,00 de outros produtos diversos;
 R$ 1.979,73 (mil novecentos e setenta e nove reais e setenta e três
centavos) total de custos variáveis.
 Despesas
 Fixas
 R$ 120,00 de plano de celular;
 R$ 200,00 de divulgação;
 R$ 10,27 (dez reais e vinte e sete centavos) de luz;
 R$ 330,27 (trezentos e trinta reais e vinte e sete centavos) total de
despesas fixas.
 Variáveis
 R$ 200,00 de gasolina. Sendo a única despesa variável.
Como os próprios proprietários exercem funções administrativas e de fato
também os serviços de limpar os carros com os funcionários, seu salário também pode
sim ser considerado um custo. Os salários de mão de obra ficaram como custo fixo por
não terem variações e nem uma medida com mão de obra ociosa, apenas o salário bruto
que é pago aos funcionários
A divisão da luz entre custos variáveis e despesa variável é devida a sua
utilização para funções que não envolvem diretamente o serviço prestado pela lavação.
O cálculo foi feito usando o valor total da luz média por mês e a área total do terreno,
que era de 300m² (trezentos metros quadrados). Que tem uma parte apenas para a área
administrativa da lavação, onde carregam celulares, ligam rádio para funcionários, etc. o
cálculo foi o seguinte:

300m²= Área total do terreno;


14m² (quatorze metros quadrados) = Área da parte do escritório;
286m² (duzentos e oitenta e seis metros quadrados= Área usada para a lavação
de automóveis;
R$ 220,00= Conta de luz média por mês;

Usando regra de três.


R$220,00 de luz= 300m² de área
X de luz = 14m² de área do escritório;
Resultado= R$10,27

R$10,27 de luz como despesa para 14m² de escritório.


R$209,73 de luz como custo para 186m²

Com os gastos divididos entre as despesas e os custos, é necessário agora apenas


uma organização e cálculo dos custos para apurar o custo unitário que cada carro deduz
para a receita de execução de serviços.
Começaremos com os custos variáveis da empresa, que não são rateados de
quaisquer formas, pois os mesmos variam conforme a quantidade de serviço executado,
mas podem ser calculados o quanto em valores desses produtos é utilizado em cada
automóvel lavado, para simplificar unificaremos os valores dos custos variáveis
 R$ 1.859,73 (mil oitocentos e cinquenta e nove reais e setenta e três
centavos) total de produtos.
O valor da cera automotiva não foi levado em conta pelo valor que está sendo
utilizado como exemplo de receita média ser de R$ 40,00 que é o valor da limpeza
interna e externa dos automóveis, que é sem cera. O valor com cera é utilizado apenas
no valor mais caro do serviço, de R$ 50,00. Tendo o valor total dos custos variáveis
para 400 carros, faremos uma regra de três para encontrar o valor de produtos para cada
carro.
 1.859,73 = 400
X=1

 1.859,73 = 400x
 X= 1.859,73/400
 X= 4,649325 ≅ R$ 4,65 (quatro reais e sessenta e cinco centavos)
Com isso conseguimos ver que cada carro tem o custo de R$ 4,65 apenas em
produtos de limpeza automotiva, com exceção da cera. Mas esse valor unitário de custos
é apenas de um tipo de custo, pois os custos fixos que são “os que permanecem
constantes dentro de determinada capacidade instalada, independente do volume de
produção” PEREZ JÚNIOR, OLIVEIRA e COSTA (1999.p.20) no caso do RT, volume
de serviços, devem ser rateados de algum modo. Como a única informação que se tem
dos dados obtidos são os de produção de carros, ratearemos da seguinte forma.
 R$ 7.350,00 (sete mil e trezentos e cinquenta reais) total de custos fixos
 7.350/400= R$ 18,375 que arredondando para duas casas ficaria R$
18,38 (dezoito reais e trinta e oito centavos).
Somando ambos os valores finais, a empresa fica no valor de R$ 23,024325,
arredondando fica R$ 23,03 (vinte e três reais e três centavos) apenas de custo unitário.
Total de R$ 9.209,73 (nove mil duzentos e nove reais e setenta e três centavos) de
custos de serviços prestados no mês.
Com isso é possível ver que a empresa tem um lucro bruto unitário de
aproximadamente R$ 16,97 (dezesseis reais e noventa e sete centavos), um total de
R$6.790,27 (seis mil e setecentos e noventa reais e vinte e sete centavos) no mês. Um
valor bastante considerável e satisfatório. Isso aponta que a empresa de fato não perde
dinheiro no quesito de custos, e tem uma margem de receita de:
Lucro bruto ÷ receita bruta
6.790,27 ÷ 16.000,00 = 42,44% (quarenta e dois virgula quarenta e quatro por
cento).

Pelas informações que foram passadas pelos próprios donos da lavação, não há
impostos pagos diretamente, por ser informal, a empresa paga apenas os tributos
implícitos nos produtos comprados, como o ICMS, PIS e COFINS que já estão incluso
nos preços de compra dos mesmo, e o imposto de renda pessoal dos donos que pelo
princípio da entidade não podem ser levados em consideração já que nem na folha de
pagamento isso vai por não a ver de fato uma, e quaisquer notas fiscais envolvendo a
empresa são feitas em presença da prefeitura com o CPF de um dos donos do emissor.
Por tanto não há cálculos de impostos
Como dito anteriormente a empresa não usufrui da utilidade do markup, por dois
motivos muito validos e coerentes com a realidade brasileira, principalmente em
empresas informais com ganhos incertos. Como dito anteriormente, a empresa tem suas
receitas dependente praticamente da sorte, pois além de ter que acompanhar a previsão
do tempo que pode ou não estar precisa, saber o dia do mês em que se encontra e
preparar para estações do ano, há a possibilidade grande de simplesmente não ter adesão
de seus clientes, e estipular um valor mínimo, aguardando um lucro que pode não vir a
ter, e com despesas e custos que podem ou não ter um peso maior em determinada
época do que se teve em outra.
Outro motivo até que lógico, é o fato de a economia brasileira estar em constante
alternância, tornando as pessoas mais rígidas com seus gastos. E como Zornig (2007)
comenta. “A utilização do markup(...)está, irremediavelmente, com os dias
contados(...)A razão é simples: essa metodologia ignora o valor percebido pelo cliente.”
E é exatamente essa a visão dos donos, segundo eles, é mais fácil escolher um valor que
seja mediano e acessível no orçamento do cidadão que quer comprar comida, pagar
contas essenciais e ter uma reserva de segurança, do que cobrar um valor que pesará no
bolso dos outros ou nos próprio e um dos lados sair prejudicado.
Esses foram os passos de custeio com os dados obtidos diretamente com os
proprietários da auto lavação, mas observando sua rotina e o modo que fazem seu
trabalho é possível notas dois equipamentos chaves que merecem ser colocados em seus
custos. O Jato d’água e a bomba d’água, utilizado para principalmente a limpeza
externa, e os aspiradores de pó, utilizado na limpeza interna dos veículos. Com mais
algumas perguntas após os primeiros dados e a observação da lavação. O dono me
proporcionou os seguintes dados:
 Aspirador de pó: R$ 480,00 (quatrocentos e oitenta reais)
 Jato: R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais)
 Bomba d’água: R$ 800,00 (oitocentos reais)
Isso resulta em um total de R$ 3.480,00 (três mil e quatrocentos e oitenta reais) de
ativo imobilizado em maquinas e equipamentos, que, segundo a Instrução Normativa da
Secretaria da Receita Federal (SRF) tem uma depreciação de 10% a.a (dez por cento ao
ano). Por ser equipamento utilizados diretamente na execução do trabalho da auto
lavação, entra como um custo.
Como estamos analisando um mês hipotético, nada mais apropriado que transformar
a depreciação anual em uma depreciação mensal, para assim apurarmos o custo da
depreciação no mês e ratear pela única medida de rateio que temos disponível, o número
de carros feitos no mês (400).
Iremos calcular todos os equipamentos em conjunto, mas com seus valores
separados, para uma explicação mais dinâmica e clara. Pegaremos primeiramente o
valor de cada um dos equipamentos e calcularemos qual a depreciação anual em
números:
 Aspirador de pó: 10% de R$ 480,00 = R$ 48,00 (quarenta e oito reais)
 Jato: 10% de R$ 2.200,00 = R$ 220,00 (duzentos e vinte reais)
 Bomba d’água: 10% de R$ 800,00 = R$ 80,00 (oitenta reais)
Chegamos a um total de R$ 348,00 (trezentos e quarenta e oito reais) de depreciação
anual referente aos equipamentos de serviço da lavação, com esses dados em mãos,
podemos calcular quanto desses valores representam a depreciação mensal de cada um
dos equipamentos.
 Aspirador de pó: R$ 48,00 ÷ 12= R$ 4,00 (quatro reais)
 Jato: R$ 220,00 ÷ 12 = R$ 18,333333, R$ 18,33 (dezoito reais e trinta e três
centavos) arredondados
 Bomba d’água: R$ 80,00 ÷ 12 = R$ 6,666666. R$ 6,67 (seis reais e sessenta e
sete centavos) arredondados.
Logo após os cálculos dos valores mensais, é possível finalmente calcula-los para
cada um dos carros feitos no mês hipotético.
 Aspirador de pó: R$ 4,00 ÷ 400 = R$ 0,01 (um centavo)
 Jato: R$ 18,33 ÷ 400 = R$ 0,045825. R$ 0,05 (cinco centavos) arredondados
 Bomba d’água: R$ 6,67 ÷ 400 = R$ 0,016675. R$ 0,02 (dois centavos)
arredondados.
Resultando em R$ 0,08 (oito centavos) de custos com depreciação unitários. Que
somados aos R$ 23,03 de custos que já foi obtido antes, chega no valor de R$ 23,11
(vinte e três reais e onze centavos) de puro custo unitário. Somando os valores totais, se
chega no custo total de R$ 9.238,73 (nove mil e duzentos e trinta e oito reais e setenta e
três centavos). Chegando finalmente no valor de lucro bruto unitário de R$ 16,89
(dezesseis reais e oitenta e nove centavos), um total de lucro bruto de R$ 6.761,27 (seis
mil e setecentos e sessenta e um reais e vinte e sete centavos).
As despesas não podem ser rateadas, elas são uma dedução direta do lucro bruto
para se chegar em seu valor líquido, tanto que se fossemos fazer uma demonstração de
resultado de exercício, ela seria da seguinte maneira:
Demonstração do resultado do exercício
(=) Receita bruta R$ 16.000,00
(-) Custo de serviços prestados R$ 9.238,73
(=) Lucro bruto R$ 6.761,27
(-) Despesas operacionais R$ 530,27
Gasolina R$ 200,00
Divulgação R$ 200,00
Plano de celular R$ 120,00
Luz do escritório R$ 10,27
(=) Lucro líquido R$ 6.231,00

A empresa, através de uma apuração de custo mais adequada, obteve um lucro


líquido de R$ 6.231,00 (seis mil e duzentos e trinta e um reais). Sendo R$ 91,00
(noventa e um reais) maior que o lucro apurado pelo dono quando fornecido seus dados.
Levando em conta todos os critérios e a ausência de um produto pela maneira de custo
utilizado, desconsiderando o valor mais caro e o mais barato para se adequar a situação
hipotética de trabalhar apenas com média e medianas.
Atualizando a margem de contribuição líquida para os cálculos atuais, chegamos em
quantos porcento da receita bruta resta de maneira percentual.
 Margem de contribuição = Vendas – (Custos variáveis e Despesas variáveis)
 MC = 40 – (4,65 + 0,50 [200 ÷ 400])
 MC = 40 – 5,15
 MC = R$ 34,85 (trinta e quatro reais e oitenta e cinco centavos)
Que percentualmente falando seria
 MC% = 34,85 ÷ 40
 MC% = 87,125% (oitenta e sete virgula cento e vinte e cinco porcento)
Mostrando que a empresa tem uma margem de contribuição muito alta no mês
hipotético, o suficiente para cobrir todos os gastos variáveis e tendo sobra para
pagamento dos gastos fixos e um restante para possíveis investimentos e reservas de
lucro para eventuais necessidades.
Pelas receitas voláteis, é complicado estabelecer um ponto de equilíbrio econômico,
uma vez que é improvável de alcançar um lucro esperado, já que pode não haver lucro
ou até ter prejuízo dependendo do mês, mas com os dados obtidos é possível estabelecer
um ponto de equilíbrio contábil, pegando os custos e despesas fixas e dividindo-os pela
margem de contribuição percentual.
 Ponto de equilíbrio = (Custos fixos + Despesas fixas) ÷ Margem de contribuição
 PE = (7.350 + 330,27) ÷ 34,85
 PE = 7.680,27 ÷ 34,85
 PE = 220,38. Não há como fazer um terço de automóvel, então consideraremos
220 (duzentos e vinte) automóveis.
A empresa precisa fazer em média, 220 automóveis para anular seus custos, sendo
que essa, a partir deste RT, se tornou uma meta mensal dos proprietários, uma vez que a
quantidade de carros feitos no mês é completamente incerta, tornando quaisquer
cenários de exercício totalmente incerto de como irá se resultar

4. Conclusão
Conclui-se com este trabalho, que, seja numa empresa de grande porte, com um
CNPJ pesado e já estabelecido no mercado, ou numa empresa informal sem nenhum
CNPJ, a contabilidade de custo é bem vinda para compreender melhor cada um dos
gastos executados nas empresas no seu dia a dia de serviço e produção.
Semelhante à como Goulart Junior e Queiroz (2000) afirma ao identificar como um
dos fatores-chave de sucesso a gestão de custos que identifica e analisa como estão
sendo alocados os custos aos produtos, no caso do RT atual, aos serviços.
Apesar da empresa ter demonstrado lucro no exercício apresentado, é importante
ressaltar que a empresa tem fatores externos que influenciam em seu resultado de
inúmeras formas possíveis, as vezes até dependendo da mais pura sorte. Mesmo que os
proprietários venham a se preparar, para determinado dia do mês, estação do ano e até
clima. É necessário a adesão dos clientes, algo que faria como que todo mês tivesse um
custo e uma despesa distintos e que fariam seu valor cobrado ser ou muito para o que é
gasto ou pouco para o mesmo. Fazendo com que seja uma empresa com receitas
completamente incertas e imprevisíveis.
Entretanto, a utilização de um mês hipotético faz com que seus proprietários tenham
uma noção maior de seus gastos, tornando mais fácil uma tomada de decisão para
futuros exercícios, imprevistos e investimentos que a empresa possa ter.
Pode-se dizer que o objetivo geral deste RT foi alcançado com êxito, analisando
toda a estrutura de custos utilizada pela empresa e colocando ela nos padrões aprendidos
em sala de aula, podendo fazer uma grande ligação entre teoria e prática, ainda
auxiliando a empresa no processo por dar uma noção maior para os proprietários sobre
como funciona melhor a própria empresa.
Possíveis sugestões são escassas pelos exemplos hipotéticos, mas se pudesse centrar
em algo mais importante, seria em investir em meios de aprimorar a execução se
serviço, como novos equipamentos, ferramentas e meio de limpeza automotiva, pois
caso venha a ser melhorado, as possibilidades de se ter um feedback maior de clientes e
assim ter uma adesão, torna as receitas mais certas.
Em quesitos custos, a empresa poderia economizar seus produtos ao analisar melhor
seus fornecedores e marcas de produtos, há várias marcas que produzem os
componentes necessários para a execução de serviços, uma analisa mais criteriosa do
mercado poderia trazer uma grande vantagem, escolhendo uma marca de qualidade boa
e valores favoráveis para a empresa. Pois como dize o bilionário brasileiro Carlos
Alberto Sicupira “custo é como unha, tem que cortar sempre.”

6. Referência bibliográficas

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA. Projeto Pedagógico do


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