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CUSTOS
tratégica de negócios, trazendo, para exemplificar, as fórmulas de mar-
gem de contribuição, ponto de equilíbrio e alavancagem operacional.
CUSTOS
Sabe-se que, em um ambiente empresarial de acirrada competitivida-
de, as organizações devem sempre buscar a melhor gestão econômica.
Nesse sentido, o conhecimento sobre os custos e sua relação com vo-
lumes e objetos de custeio (produtos e serviços) constituem-se em
um imperativo estratégico para a condução dos negócios.
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2020
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10 Contabilidade de Custos
relação a esses elementos, pois serão úteis no estudo da contabilida-
de de custos.
1.2.1 Gastos
Gasto pode ser considerado um conceito mais amplo, que desig-
na um gênero composto das espécies custo, despesa ou investimentos.
Ribeiro (2009, p. 24) ensina que “toda vez que a empresa industrial pre-
tende obter bens – seja para uso, troca, transformação ou consumo – ou
utilizar algum tipo de serviço, ela efetua um gasto”. O autor destaca que
esses gastos se classificam como investimentos, custos e despesas.
1.2.2 Investimentos
Os investimentos são gastos efetuados na aquisição de ativos de
longa duração, que integrarão o imobilizado da empresa, ou de giro
rápido, como os estoques de mercadorias, os componentes e as ma-
térias-primas que comporão os estoques à disposição da produção.
A característica fundamental desses elementos é que eles são investi-
mentos cujo uso se prolonga no tempo, portanto não são consumidos
imediatamente após a compra. Martins (2003, p. 25) afirma que “to-
dos os sacrifícios havidos pela aquisição de bens ou serviços (gastos)
que são ‘estocados’ nos Ativos da empresa para baixa ou amortização
quando de sua venda, de seu consumo, de seu desaparecimento ou de
sua desvalorização são especificamente chamados de investimentos”.
1.2.3.1 Custo
Considera-se custo todos os gastos incorridos para produzir um
produto ou prestar um serviço. Os custos são representados pelo con-
sumo de matéria-prima na produção, pela mão de obra direta, pelas
depreciações dos equipamentos da fábrica, pelos aluguéis e por outros
recursos consumidos nesses processos. Leone (2000, p. 46) explica que
custo “é o valor dos fatores de produção consumidos por uma firma
para produzir ou distribuir produtos ou serviços, ou ambos”. Custo,
portanto, é um gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produ-
ção de outros bens ou serviços.
12 Contabilidade de Custos
compondo o valor do lucro bruto na demonstração do resultado do
exercício. Entretanto, a matéria-prima incorporada aos produtos aca-
bados em estoques que ainda não foram vendidos continua a ser um
investimento, classificada no ativo.
1.2.3.2 Despesa
As despesas representam gastos efetuados pela empresa no seu es-
forço de geração das receitas e, portanto, são classificadas diretamente
no resultado do período em que foram geradas, sendo computadas
na Demonstração do Resultado do Exercício. Nesse sentido, Martins
(2003, p. 25) conceitua receita como sendo “um bem ou serviço consu-
mido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas”. As comis-
sões de vendas, por exemplo, são despesas vinculadas diretamente à
geração da receita, ao passo que o salário do vendedor é uma despesa
cuja relação com a receita é indireta. Por que isso? Porque enquanto a
despesa de comissão tem como fato gerador a própria receita de ven-
da, a despesa de salário existirá independentemente de haver ou não
a respectiva receita de venda, pois tem como fato gerador o trabalho
do funcionário para a empresa. Despesa, portanto, é um gasto de um
recurso não vinculado à finalidade de produzir um produto.
1.2.4 Prejuízo
Prejuízo é o resultado negativo de uma atividade, operação ou em-
presa como um todo. Quando os custos e as despesas superam as re-
14 Contabilidade de Custos
ceitas, há um déficit, denominado prejuízo, que implica uma redução
da riqueza da empresa. Esse conceito também é aplicado quando se
analisa a rentabilidade de um produto ou serviço especificamente, e,
nesse caso, normalmente se trata de uma margem de contribuição ne-
gativa. Os prejuízos são indicados na Demonstração do Resultado do
Exercício, que, pela sua estrutura, permite-nos saber quais componen-
tes do resultado causaram o prejuízo, por exemplo, se foi insuficiência
de receita ou um aumento não planejado de despesa. O fato é que um
prejuízo gerado em um produto compromete o resultado da empresa;
por isso, deve-se ter o máximo de cuidado com o consumo de recursos
na produção.
1.2.5 Perda
Perda é um gasto extraordinário, não intencional e que afeta ne-
gativamente o resultado do exercício relativo à atividade empresarial.
Martins (2003) destaca que perdas são itens que vão diretamente para
o resultado, assim como as despesas, mas não representam sacrifícios
normais ou derivados de forma voluntária das atividades destinadas à
obtenção da receita.
16 Contabilidade de Custos
1.3.3 Custo de mão de obra
O custo da mão de obra (tanto a direta quanto a indireta) com-
preende o valor relativo ao salário pago ao trabalhador mais os en-
cargos trabalhistas que incidem sobre esse salário, sendo os mais
comuns o décimo terceiro salário, as férias acrescidas de um terço,
o fundo de garantia por tempo de serviço, a contribuição sobre a fo-
lha de salários (INSS), entre outros. Esses valores são contabilizados
mensalmente como custos de produção à medida que a folha de pa-
gamento é elaborada.
Mais
Custo de Produção do
Mês MP + MOD + GGF
CP
Menos
Estoque Final de
Produtos em Processo
EFPP
18 Contabilidade de Custos
1.3.7 Custo dos produtos vendidos Figura 2
Apuração do custo do
produto vendido
O valor do custo das unidades vendidas do período será obtido
ao verificarmos o valor relativo ao custo das unidades fabricadas e Custo do Produto Vendido
baixadas por venda no período. Para melhor visualização, observe a CPV
Figura 2 ao lado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A contabilidade de custos tem por objetivo identificar e mensurar os
custos, alocando-os aos produtos produzidos ou serviços prestados pe-
las organizações. Para atingir adequadamente esse objetivo, o sistema de
cálculo e reconhecimento dos custos deve estar integrado com o sistema
contábil tradicional da empresa, aquele que proporciona a identificação e
o reconhecimento contábil de todos os fatos econômicos que ocorrem e
causam um efeito no patrimônio da entidade.
Sendo assim, o contador responsável pela contabilidade de custos deve
estar em permanente busca de formas mais modernas de contabilização
dos custos incorridos em dado período. Cabe ao gestor de negócios domi-
nar os conceitos inerentes a custo para que, ao receber os relatórios, saiba
em que situação se encontra o negócio no que diz respeito aos custos.
GABARITO
1. A contabilidade de custos tem como função o reconhecimento e a mensuração dos
custos, alocando-os aos produtos produzidos ou serviços prestados.
20 Contabilidade de Custos
2
Apuração e fluxo na
contabilização dos custos
Neste capítulo, você terá a oportunidade de ter contato com
diversos conceitos de grande relevância para uma compreensão
dos custos no que diz respeito ao seu reconhecimento contábil, à
sua apropriação dos produtos produzidos e serviços prestados e ao
seu controle. Para isso, apresentamos um roteiro que é objeto de
estudo em praticamente todos os livros de contabilidade de custos
e retrata um caminho, um fluxo natural que deve ser observado
pelo sistema contábil para reconhecimento e apropriação dos
custos, sejam diretos, indiretos, fixos ou variáveis. É importante
observar que para produzir e vender seus produtos, uma empresa
incorrerá, necessariamente, em um conjunto de custos. De fato,
para produzir e vender, a empresa utiliza:
• recursos financeiros;
• mão de obra;
• bens de capital;
• matérias-primas;
• outros insumos.
Além do fluxo natural dos custos no sistema de produção da
empresa, você estudará o famoso custeio por absorção, um método
de alocação de custos muito utilizado. Encerraremos o capítulo
destacando os métodos de controle de estoques mais comuns.
Os custos são, justamente, os valores monetários que a empresa
tem que pagar pela utilização de elementos indispensáveis às suas
atividades de produção e vendas. É evidente que, enquanto a
empresa se utilizar de fatores de produção, deverá pagar por eles.
Vale dizer que durante toda a sua existência, a empresa incorrerá
em custos. Daí a importância que se dá ao controle, planejamento e
estudo do comportamento dos custos nas atividades empresariais.
22 Contabilidade de Custos
2. Identificados os custos, devem ser separados os que são diretos
dos indiretos.
Veja que esse fluxo representa, com adaptações para cada tipo de
empresa, uma lógica na forma como a atividade de fabricação é execu-
tada. Um olhar atento para um processo produtivo real demonstrará
que primeiro são consumidos os custos diretos e depois os indiretos,
e o processo é finalizado com a transferência das unidades acabadas
para o estoque à espera da venda.
24 Contabilidade de Custos
utilizado sob princípios contábeis geralmente aceitos para relatórios para
fins externos e declarações fiscais na maioria dos países”.
Figura 1 ao lado.
Fonte: Elaborada pelo autor.
26 Contabilidade de Custos
a importância de um controle adequado desses ativos, para que o tempo
que eles permaneçam no ativo seja o menor possível, ou seja, para que
sejam utilizados na produção (no caso de matéria-prima) ou vendidos
(produtos acabados) o mais rapidamente. Lembramos também que, na
indústria, o valor desses ativos será transferido para o resultado do exer-
cício, contabilizando-se como custo das unidades vendidas.
28 Contabilidade de Custos
2.3.3.1 Preço específico
Nesse caso, é preciso valorizar cada unidade adquirida para o es-
toque pelo preço efetivamente pago por cada item de um determina-
do produto. Esse método somente poderá ser utilizado quando for
possível fazer tal determinação do preço específico de cada unidade
em estoque, mediante identificação física desse material. Com efeito,
é facilmente identificável o item que está sendo baixado, bem como
não há muita dificuldade para identificar e atribuir o valor do custo
de entrada.
01/
01/ Adquire 300 unidades de determinada
11
11
matéria-prima a um custo total de R$ 6.000,00.
04/
01/ Adquire mais 400 unidades do mesmo material
11
11
direto a um valor total de R$ 8.800,00.
06/
01/ Baixa 350 unidades para serem utilizadas na
11
11
fabricação de um determinado produto.
30 Contabilidade de Custos
Tabela 1
Método PEPS
Tabela 2
Método UEPS
Tabela 4
Comparação entre os métodos
Custo da matéria-prima
R$ 7.100,00 R$ 7.700,00 R$ 7.400,00
consumida
32 Contabilidade de Custos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, você compreendeu a importância da correta identificação
dos custos para a apropriação às unidades produzidas e vendidas no mês.
Entretanto, essa alocação dependerá do método de custeio adotado pela
empresa. Também vimos o custeio por absorção, método que recebe algu-
mas críticas por não contemplar características de um custeio gerencial. Mas,
para isso, temos o custo direto ou variável. O custeio por absorção é útil para
que possamos alocar às unidades produzidas todos os custos que sejam di-
retos ou indiretos.
O custo de produção, formado pelo material direto, pela mão de obra
direta e por custos indiretos de fabricação, é um dos valores mais rele-
vantes para a formação do resultado empresarial. Seu cálculo deve ser
feito com muito critério e cuidado, para que expresse da melhor forma
possível todos os recursos consumidos, que devem ser apropriados aos
itens produzidos em certo período, independentemente da sua natureza
ou relação com as unidades produzidas.
REFERÊNCIAS
HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. Contabilidade de custos. 11. ed. São Paulo: Pearson,
2004.
LEONE, G. S. G. Curso de contabilidade de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MARTINS, E. Contabilidade de custos: livro-texto. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos. São Paulo: Saraiva, 2009.
GABARITO
1. No custeio por absorção, todos os recursos consumidos de forma direta ou indireta
para fabricação dos produtos ou prestação dos serviços são “absorvidos” pelas
unidades produzidas ou pelos serviços executados. São acumulados nos estoques e,
depois da venda, irão compor o custo dos produtos vendidos ou serviços prestados.
Portanto, a finalidade desse método de custeio é proporcionar o cálculo e apropriação
dos custos conforme sua relação direta ou indireta com as unidades produzidas,
servindo também como critério fiscal na tributação do lucro empresarial.
34 Contabilidade de Custos
O alinhamento com a gestão estratégica se dá quando a empresa
utiliza a análise e o controle dos custos para se posicionar quanto a pre-
ços, custos e quantidades com que vai operar seu negócio no futuro.
Essas informações oriundas da contabilidade de custos são essenciais
para o planejamento estratégico do negócio. Vale observar o que en-
sinam Horngren, Foster e Datar (2004, p. 17) ao afirmarem que “a con-
tabilidade de custos mede e relata as informações financeiras e outras
informações relativas à aquisição ou ao consumo dos recursos de uma
organização. A contabilidade de custos proporciona informações para
a contabilidade gerencial e a contabilidade financeira”.
Figura 1
Alocação dos custos diretos e indiretos
Ap o C
st
ro us
re usto
d
pr to
am s
iaç
Custos diretos Custos indiretos Exemplo: A revista
en
ão
to
que é impressa
Exemplo: Papel para Exemplo: Aluguel do prédio
impressão de uma revista sede da revista
36 Contabilidade de Custos
de sua quantidade em moeda e em outra medida (tempo, quantidade de
material etc.) para que seja identificado e alocado ao respectivo objeto
de custo. É o que ocorre, por exemplo, com a matéria-prima e outros
materiais diretos que fazem parte da estrutura de um produto, como
os parafusos na fabricação de um móvel de cozinha. A mão de obra
direta é outro elemento de custo que pode ser facilmente identificado
em cada unidade ou objeto de custo, como a mão de obra executada
pelo operador na fabricação do móvel de cozinha. O tempo que ele
trabalhou na confecção do móvel pode ser mensurado e alocado dire-
tamente no custo do objeto, de forma direta e objetiva. Ribeiro (2009)
destaca como exemplo de custo direto os gastos com materiais, mão-
-de-obra e gastos gerais de fabricação aplicados diretamente na fabri-
cação dos produtos.
Veja graficamente:
Figura 2
Separação dos custos diretos e indiretos e seus reflexos nos produtos
Custos
Despesas
Indiretos Diretos
Rateio
Produto A Vendas
Produto B
Produto C
Estoque
Resultado
Figura 3
Separação do custo direto e indireto
Custo
Identificação direta e
Identificação com toda a
específica com a unidade
área industrial
produzida
Custo Custo
direto indireto
38 Contabilidade de Custos
compreendem os gastos com materiais, mão-de-obra e gastos ge-
rais de fabricação aplicados indiretamente na fabricação dos pro-
dutos. São assim denominados porque, além de não integrarem
os produtos, é impossível uma segura identificação de suas quan-
tidades e de seus valores em relação a cada produto fabricado.
Mas então o que fazer para alocar esses custos aos produtos fabri-
cados e serviços prestados? Para os custos indiretos se utiliza o rateio,
que é um critério de distribuição de custos conforme alguns parâme-
tros estabelecidos pelas empresas.
40 Contabilidade de Custos
Os custos serão fixos considerando um intervalo de produção, ou
seja, uma dada capacidade instalada, pois se a empresa precisar au-
mentar sua capacidade, aumentará esses custos até o limite do aumen-
to da capacidade. Vejamos, por exemplo, no caso de uma empresa que
tem capacidade para produzir e vender 100.000 unidades de determi-
nado produto e esta estrutura tem um custo fixo de R$ 1.000.000,00.
Perceba que essa empresa poderá produzir e vender até o limite de
sua capacidade total (100.000 unidades) gastando o mesmo valor em
relação à energia elétrica, depreciação, salários indiretos, aluguel da
fábrica etc. Porém, se resolver aumentar sua capacidade instalada para
120.000 unidades, terá maiores gastos com os elementos de custos in-
dicados anteriormente. Daí se conclui que o custo é fíxo dentro de de-
terminado intervalo de produção.
Figura 4
Comportamento dos custos fixos e variáveis
Padrões de comportamento
de custos
Comportamento
dos custos
Figura 5
Custos primários e de conversão
Custos Custos de
primários conversão
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As classificações relativas aos custos estudadas neste capítulo têm sua
relevância a depender do interesse do usuário da informação contábil e
de custo ou do gestor que fará a tomada de decisão utilizando-se dos
relatórios de custos.
44 Contabilidade de Custos
Neste sentido, é importante para o leitor saber as principais classifi-
cações, pois elas ajudarão no seu dia a dia na condução e na análise dos
negócios. Afinal, compreender o conceito de custo fixo e custo variável e
sua relação com os volumes de produtos fabricados ou serviços presta-
dos é condição essencial para uma compreensão do conceito de custeio
gerencial. Igualmente, a compreensão dos conceitos atinentes a custo di-
reto e indireto é necessária e útil nos casos em que se necessite saber a
alocação ou não de determinado custo a certo objeto.
REFERÊNCIAS
MARTINS, E. Contabilidade de custos: Livro texto. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MARTINS, E.; ROCHA, W. Contabilidade de custos: livro de exercícios. 9. ed. São Paulo:
Atlas, 2006.
HORNGREN, C. T.; FOSTER, G. DATAR, S. Contabilidade de custos. Vol.1. 11.Ed. São Paulo:
Pearson, 2004.
LEONE, G. S. G. Curso de contabilidade de custos. Livro de exercícios. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2000.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos. São Paulo: Saraiva, 2009.
GABARITO
1. A classificação dos fatores de produção em fixos e variáveis é essencial para podermos
estudar o comportamento desses custos em relação às variações do volume do
produto ou serviço executado no período.
46 Contabilidade de Custos
4.1 Departamentalização: conceito e objetivo
Vídeo Para identificar e, posteriormente, alocar os gastos comuns aos ob-
jetos de custeio, seja um produto ou um serviço, precisamos nos utilizar
dos centros de custos, que consistem no menor segmento da atividade
ou da área de responsabilidade em que são realizados ou executados
os trabalhos. Um centro de custo, ou centro de despesa, normalmente
é um setor da empresa que executa determinada atividade, como o
setor de compras ou o almoxarifado. Ribeiro (2009, p. 333) ensina que
“quando os gastos gerados nos departamentos beneficiam a produção,
eles são classificados como custos. Por esse motivo, os departamen-
tos são também denominados de ‘centros de geração de custos’ ou
simplesmente ‘centros de custos’”. A contabilidade de custos atribui a
esses centros a responsabilidade pelos recursos consumidos (mão de
obra, energia elétrica etc.), de modo que eles assumam os custos gera-
dos em sua unidade.
Artigo
https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/1156/Beltrame_Luciane_Dambrosio.pdf?sequence=3&isAllowed=y
48 Contabilidade de Custos
A contabilidade recebe a informação dos gastos dos setores e os
acumula por centros de custos, dentro das contas contábeis. Ela recebe
os valores relativos à folha de pagamento por setor, obtendo os dados
para cálculo do custo horário médio de fabricação por centro de custo.
Quadro 1
Modelo de rateio dos custos indiretos
Mão de obra
indireta
Energia elétrica
Depreciação
Aluguel
50 Contabilidade de Custos
das pela departamentalização; dessa forma, economizamos trabalho
administrativo na sua separação.
Tabela 1
Mapa de rateio de custos com departamentalização
Custos
Usinagem Cromeação Montagem Qualidade Almox. Manut. Adm. geral Total
indiretos
Aluguel 150.000,00 150.000,00
Mat. indiretos 6.000,00 4.000,00 8.000,00 5.000,00 10.000,00 9.000,00 18.000,00 60.000,00
Mão de obra
40.000,00 30.000,00 50.000,00 30.000,00 60.000,00 60.000,00 80.000,00 350.000,00
indireta
Depreciação 21.000,00 13.000,00 2.000,00 10.000,00 - 16.000,00 8.000,00 70.000,00
Rateios
50.000,00 40.000,00 - 40.000,00 15.000,00 - 145.000,00
complementares
40.000,00 40.000,00 40.000,00 - - 120.000,00 -
52 Contabilidade de Custos
caso é o de administração geral da fábrica, pois presta serviços para
todos os departamentos).
54 Contabilidade de Custos
4.2 Vantagens da departamentalização
Vídeo Após compreendermos o conceito e a finalidade da departamen-
talização, vamos destacar alguns pontos positivos dessa técnica, para
consolidar suas vantagens adequadamente.
Figura 1
Departamentalização e controle
Departamentos de Departamentos
serviços usuários
Artigo
https://www.crcpr.org.br/new/content/publicacao/revista/revista133/depart.htm
56 Contabilidade de Custos
tificação com esses objetos é clara e objetiva. Porém, o mesmo não
acontece com os custos indiretos (depreciação, aluguel, energia elétri-
ca, salário do pessoal de apoio à produção etc.). Maher (2001, p. 231)
comenta que “o rateio de custos representa a atribuição de um custo
indireto a um objeto do custo, segundo uma certa base”. Essa base a
que se refere o professor Maher é o critério que será adotado pela
empresa para distribuir os custos atribuindo-os aos diversos departa-
mentos, até chegar aos produtos ou serviços.
O rateio é exigido pela legislação fiscal brasileira para empresas que são
tributadas pela sistemática do lucro real (relativamente ao Imposto de Ren-
da de Pessoa Jurídica e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), pois
define que os custos relativos aos produtos produzidos, mas ainda não
vendidos, devem ser contabilizados como custo do estoque e mantidos no
ativo até sua baixa por venda ou outro motivo. Só assim serão contabiliza-
dos no resultado do exercício. No entanto, esses critérios de rateio podem
carregar um grau razoável de arbitrariedade, pois são definidos pelos ges-
tores sem necessariamente uma análise mais criteriosa. Essa também é
a opinião de Maher (2001, p. 232) ao comentar que “essa arbitrariedade
tem levado alguns críticos do rateio de custos a argumentar que ele pode
levar à apresentação de informações enganadoras e, consequentemente,
à tomada de decisões pobres”.
Embora os critérios de rateios possam ser definidos de forma alea-
tória, isto é, sem uma base científica que relacione os serviços pres-
tados pelo departamento a outros departamentos e aos produtos de
forma técnica, podemos citar métricas comumente utilizadas pelas
empresas, como as relacionadas no Quadro 2, a seguir.
Quadro 2
Bases de rateios mais usuais
REFERÊNCIAS
LEONE, G. S. G. Curso de contabilidade de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
LEONE, G. S. G. Curso de contabilidade de custos: livro de exercícios. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2000.
MAHER, M. Contabilidade de custos: criando calor para a administração. São Paulo: Atlas,
2001.
MARTINS, E.; ROCHA, W. Contabilidade de custos: livro de exercícios. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2006.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade de custos. São Paulo: Saraiva, 2009.
GABARITO
1. A departamentalização permite às empresas a possibilidade de se estruturarem em
partes conforme as tarefas executadas em cada uma dessas partes – os departamen-
tos – e efetuarem com maior assertividade a apropriação dos custos aos departamen-
tos e, depois, aos produtos.
3. O rateio é uma distribuição, de certa forma arbitrária, dos custos e das despesas indi-
retas que pertencem a mais de um centro.
58 Contabilidade de Custos
5
Custos para decisão
Neste capítulo, serão apresentados vários conceitos de
custos que remetem a uma visão gerencial de gastos, o que
se configura como um aspecto de grande relevância, pois a
análise gerencial de custos é uma necessidade para a gestão de
qualquer tipo de negócio.
O conhecimento e a aplicação das técnicas de análise que serão
apresentadas deve ser uma preocupação constante dos gestores,
pois eles devem avaliar, no lucro, os reflexos da variação do volume
de produção e vendas e dos custos fixos e variáveis. A significativa
influência das variações de custos fixos e variáveis sobre os preços
de venda fica clara no estudo dos conceitos de custo, volume e lucro.
O conhecimento da estrutura de custo relacionada ao preço
de mercado de seus produtos proporciona aos empresários e
administradores as condições necessárias para reações que
incrementem ainda mais o resultado positivo ou para ações para
corrigir planos que gerem resultados melhores e maiores de
acordo com a estrutura da empresa.
Em tempos de acirrada competitividade em mercados
globalizados, o domínio dos conceitos e das técnicas inerentes às
relações custo-volume-lucro se tornam um imperativo estratégico
e cabe à contabilidade de custos proporcionar as informações
necessárias aos gestores envolvidos nas decisões econômicas.
Outro tema que será abordado é o denominado custeio ABC
ou custeio baseado em atividades, que pode ser uma excelente
alternativa para a gestão de custos em atividades nas quais
prepondere uma estrutura de custos indiretos. Enfim, a leitura
deste capítulo será de grande valia para seu aprimoramento
conceitual e também servirá para dotar os relatórios de custos
de conceitos e técnicas que têm grande potencial para auxiliar na
gestão financeira dos negócios.
60 Contabilidade de Custos
Gasto variável se refere ao recurso que é consumido de forma pro-
porcional à cada unidade de produto ou serviço vendido, ou seja, ele se
modifica proporcionalmente às alterações nos volumes vendidos. Já os
gastos fixos não têm essa relação de proporcionalidade com os volumes,
mantendo-se constantes mesmo que ocorram aumentos ou reduções
nos volumes de produtos vendidos ou serviços prestados aos clientes.
Tabela 1
DRE gerencial
Demonstração do Resultado
Custeio direto e variável Prod A Prod B Prod C Prod D Prod E Prod F Total
Quantidade 20 20 20 20 20 20 120
Custos variáveis
Mão de obra direta 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 600,00
Encargos sobre MOD 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00 80,00 480,00
Total custos variáveis 8.800,00 11.400,00 14.700,00 14.200,00 9.000,00 8.800,00 66.900,00
Margem de contribuição
210,00 -20,00 -35,00 40,00 150,00 260,00
unitária
Margem de contribuição
4.200,00 -400,00 -700,00 800,00 3.000,00 5.200,00 12.100,00
total
(Continua)
Custos fixos
Depreciação 1.500,00
Aluguel 2.500,00
Outros 7.700,00
62 Contabilidade de Custos
Dessa forma, os relatórios gerenciais devem produzir e distribuir
informações relativas a custos, margens e lucratividade de produtos
e serviços, independentemente de padrões ou parâmetros definidos
pelas normas contábeis, pois seu objetivo é apoiar os gestores em
suas decisões econômicas. Sendo assim, fica a cargo da contabilidade
e da gestão da empresa definir quais relatórios serão criados, seus for-
matos e respectivos conteúdos. Porém, lembre-se de que, na falta de
informação gerencial, vale o uso dos relatórios tradicionais, pois uma
informação simples esclarece mais do que qualquer outra informação.
Artigo
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/gestao-estrategica-de-custos
64 Contabilidade de Custos
5.3 Custeio por atividades: ABC
Vídeo O sistema de custeio ABC diz respeito a sistema de apropriação de cus-
tos baseado em atividades. Esse sistema de custeamento de produtos e
serviços leva em conta que as diversas atividades executadas na empre-
sa geram custos e que, portanto, os produtos e serviços as consomem.
Depreende-se, dessa forma, que, se determinada atividade não está re-
lacionada a um dado produto, seu custo não será absorvido por ele. Vale
lembrar que o custeio por absorção parte da premissa de que produtos e
serviços consomem diretamente os custos, independentemente das ativi-
dades pelas quais passam.
Quadro 1
Departamentos e atividades.
Departamentos Atividades
Industrial Usinagem Montagem Manutenção
Passo
1
Processar ordens
Identificar as principais atividades de compra
Passo
2
Passo
3
Quantidade de ordens
Identificar as medidas das atividades – os
direcionadores de custos de compra processadas
Passo
4
Custo da atividade de
Relacionar os custos aos produtos usando processar ordens de
os direcionadores de custos compra
66 Contabilidade de Custos
rada aos produtos e a mão de obra direta será calculada e atribuída
conforme a quantidade de horas trabalhadas em cada unidade pro-
duzida ou prestada. Leone (2009, p. 252) entende que
Uma das razões para o aparecimento do novo critério baseia-se
na evolução tecnológica, que alterou bastante a composição dos
custos dos fatores de produção, tornando mais significativos
os custos indiretos de fabricação e menos significativos, como
consequência, os custos do fator mão de obra direta.
Atividade 3
Por essa razão é que destacamos anteriormente que o custeio por
atividades é muito útil para atividades em que se prepondera o custo Em relação ao custeio baseado
em atividades, explique como
indireto, pois este custo apresenta certa dificuldade em sua apropria- se dá a alocação dos custos
ção aos produtos, tendo em vista a falta de critérios mais assertivos indiretos por esse sistema de
custeamento.
para o cálculo de montante que cabe a cada produto ou serviço produ-
zido ou prestado pela empresa.
Veja graficamente:
Figura 2
Visão geral ABC
Objeto de custeio:
Custos e despesas indiretos
(Continua)
Produtos e serviços
68 Contabilidade de Custos
Quadro 2
Direcionadores de custo
Fica claro, então, que o custeio ABC procura estabelecer uma rela-
ção de causa e efeito entre o custo incorrido e a atividade executada, o
que lhe dá assertividade no que diz respeito aos valores de custos dos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Você estudou neste capítulo conceitos gerenciais de custos que são
comumente utilizados na gestão de negócios e teve a oportunidade de
verificar a importância conceitual e prática de algumas técnicas, como mar-
gem de contribuição, ponto de equilíbrio e alavancagem operacional. Teve
contato, também, com um sistema de custeamento de produtos e serviços
que leva em conta o consumo das atividades por esses itens, o que é de
grande valia para negócios com alto valor de custos indiretos, dada a difi-
culdade de apropriar esses custos de forma objetiva e racional quando se
utiliza o custeio por absorção.
Todos os conceitos apresentados têm como objetivo prover aos ges-
tores, sejam os gerentes ou os proprietários, informações que esclareçam
em que medida os custos se relacionam com os volumes para conduzirem
ao tão desejado lucro empresarial.
REFERÊNCIAS
ANTHONY, R. N. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1974.
HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. Contabilidade de custos. 11. ed. São Paulo:
Pearson, 2004.
JIAMBALVO, J. Contabilidade gerencial. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2009.
LEONE, G. S. G. Curso de contabilidade de custos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
LI, D. H. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1977.
PADOVEZE, C. L. Curso básico gerencial de custos. São Paulo: Atlas, 2003.
GABARITO
1. O custeio gerencial compreende uma análise do comportamento dos custos conforme
sua relação com os volumes, ou seja, esse sistema de custeio destaca o estudo e o
acompanhamento dos custos fixos e variáveis, em relação a níveis diferentes de
volumes, incorridos em qualquer atividade econômica.
2. Os relatórios gerenciais têm como principal utilidade o fornecimento aos gestores de
informações relativas a volumes, custos e preços e seus impactos no resultado das
operações, proporcionando a análise de margens de lucratividades de produtos e serviços.
3. No custeio baseado em atividades (ABC), os custos indiretos são primeiramente
identificados nas atividades. Em seguida, essas atividades são direcionadas aos produtos
e serviços. Sendo assim, podemos afirmar que por meio do uso dessa metodologia as
atividades consomem custos e os produtos consomem as respectivas atividades.
70 Contabilidade de Custos
6
Conceitos gerenciais de custos
Os objetivos da contabilidade de custos são mais amplos e di-
versificados do que apenas fazer a apuração e a contabilização dos
custos dos produtos e serviços e o controle e o informe do valor
dos estoques. A realidade é que, além dessas possibilidades, po-
demos e devemos nos utilizar dos conceitos da contabilidade de
custos para atingir um outro patamar no seu estudo e na aplicação
a casos concretos, isto é, desempenhar uma gestão estratégica
de custos.
Ao estudar e estabelecer a classificação dos gastos (custos e
despesas) em fixos e variáveis, é possível esclarecer diversas situa-
ções relativas ao resultado e ao desempenho de um negócio. É
isso que se propõe este capítulo: proporcionar o domínio de con-
ceitos – que permitirão o conhecimento sobre a relação entre cus-
to, volume e respectivos resultados (lucros) –, que são verdadeiras
ferramentas de análise, de acompanhamento e de decisões geren-
ciais, visando a maximização do lucro final do empreendimento, o
que caracteriza uma gestão estratégica.
Neste capítulo, será apresentado, também, um caso que con-
templa grande parte dos conceitos estudados em todos os capí-
tulos, de modo que você consiga apreender o tema e perceber a
integração entre todo o conteúdo exposto no livro.
Tabela 1
Análise de margem de contribuição
Margem de contribuição
Análise por produto
Custos variáveis
Custos de material e
2.000.000,00 1.200.000,00 1.440.000,00 4.640.000,00
embalagem
Custo de expedição 1.200.000,00 750.000,00 720.000,00 2.670.000,00
72 Contabilidade de Custos
Elementos Produto A Produto B Produto C Total
Margem de contribuição
16.394.000,00 12.710.000,00 9.599.000,00 38.703.000,00
total
Custos fixos
Pesquisa de
6.200.000,00
desenvolvimento
Marketing 13.500.000,00
Encargos com instalações 2.820.000,00
74 Contabilidade de Custos
Nesse nível de capacidade de operação, o ponto mínimo e as re- Livro
ceitas da empresa conseguem cobrir todos os custos de capacidade,
isto é, os custos fixos. Jiambalvo (2002, p. 82) esclarece que o ponto de
equilíbrio “é o número de unidades que precisam ser vendidas para
uma empresa não ter lucro nem prejuízo”.
PE em valor é R$ 23.400, sendo este o valor mínimo que a empresa deve ven-
der para cobrir seus custos fixos e variáveis.
76 Contabilidade de Custos
6.3 Margem de segurança e outros
Vídeo conceitos gerenciais de custos
A margem de segurança é um conceito de extrema importância para
a análise de custo, volume e lucro, pois indica uma espécie de “folga”
obtida pela empresa na diferença positiva entre as vendas totais e as
vendas no ponto de equilíbrio.
Vale, aqui, a observação de que essa análise pode se dar tanto em rela-
ção ao volume real de vendas quanto ao volume orçado para o período.
Assim, quanto mais distante estiver o volume de vendas Atividade 2
(reais ou orçadas) daquela constante no ponto de equi-
O que compreende a margem de
líbrio, maior será a segurança e a tranquilidade, por par- segurança e qual a sua relação
te da empresa, de que terá resultados positivos. com o ponto de equilíbrio?
Tabela 2
Análise da alavancagem operacional
Alavancagem operacional
78 Contabilidade de Custos
Margem de contribuição unitária 10,00 6,60
Margem de contribuição total 5.000.000,00 3.000.000,00
Agora, vamos supor que haja um aumento de 20% nas vendas. Qual
empresa terá maior aumento no lucro?
Tabela 3
Efeito do aumento nas vendas
Estudo de caso
A Indústria Bom Sabor Ltda. produz dois produtos cujo volume de produção é o indicado
na Tabela 4, a seguir:
Tabela 4
Informações de volume de produção
Volume de produção
Produto A 489.786
Produto B 163.362
80 Contabilidade de Custos
• Embalagem: acondiciona os produtos, portanto é um centro de custo
produtivo.
• Manutenção: departamento que presta serviços às demais áreas no conserto
e nos pequenos ajustes em equipamentos fabris.
• Administração da produção: responsável pelo planejamento e controle
da produção, engenharia e outros serviços auxiliares da produção.
Os custos diretos e indiretos, relativos à produção do mês, são os informados na Tabela
5, a seguir:
Tabela 5
Custos diretos e indiretos
Estrutura de custos
Custos diretos
Produto A 87.800,00
Produto B 50.400,00
Custos indiretos
Aluguel 8.500,00
Material 5.200,00
Depreciação 4.720,00
Outros 6.600,00
Energia eletrica 7.300,00
Total Indiretos 32.320,00
Fonte: Elaborada pelo autor.
De posse das informações sobre a produção do período e seus respectivos custos diretos
e indiretos, o trabalho da contabilidade é alocar os custos aos produtos de maneira que
se saiba não apenas o custo total por produto, mas também o custo unitário.
Como a atribuição dos custos diretos não apresentará nenhuma dificuldade porque já
foram calculados e informados na Tabela 5, a preocupação neste momento é a apropria-
ção dos custos indiretos. Para isso, teremos que saber seus respectivos critérios de rateio.
Os critérios a serem utilizados são informados na Tabela 6, a seguir:
Tabela 6
Informações complementares sobre a área industrial
Informação complementares
Administração
Montagem Embalagem Manutenção
da fábrica
Área m² 1.100 955 170 275
Consumo energia 17.000 14.280 1.700 1.020
Horas MOD 24.000 12.000 2.000 2.000
Rateios
Departamento Funcionários
Montagem 12
Embalagem 12
Manutenção 6
Total de funcionários 30
Fonte: Elaborada pelo autor.
Você está percebendo o porquê das informações anteriores apresentadas nos quadros?
Vamos esclarecer:
1. O custo do aluguel, de R$ 8.500,00, será rateado por metro quadrado de cada
área. Coerente, não acha?
2. O custo do material utilizado (materiais de expediente, formulários etc.) será
apropriado para cada área, segundo a quantidade de MOD. A empresa entende
que quanto maior a quantidade de mão de obra direta utilizada, mais materiais
serão consumidos.
3. Os custos de depreciação das máquinas e outros itens depreciáveis, bem como
os outros custos indiretos, serão rateados conforme a quantidade de mão de
obra direta.
Por fim, o último passo é distribuirmos os custos aos departamentos e, depois, aos pro-
dutos. Para isso, veja a Tabela 8, a seguir:
Tabela 8
Mapa de apropriação dos custos
Custos indiretos Montagem Embalagem Manutenção Adm. produção Base rateio Total
82 Contabilidade de Custos
Custos indiretos Montagem Embalagem Manutenção Adm. produção Base rateio Total
Rateio da
1.732,00 433,00 (2.165,00)
manutenção
Total 19.826,00 12.494,00 - 32.320,00
Produto A 489.786
Produto B 163.362
Total processamento 653.148
Importante!
A alocação do custo do departamento de produção aos produtos é feita conforme o
volume de produtos produzidos.
Você percebeu que os custos totais de R$ 170.520,00 foram distribuídos aos produtos,
certo? Porém, vamos às explicações para você compreender a absorção dos custos in-
diretos, primeiramente pelos departamentos e, em seguida, pela sua apropriação aos
dois produtos.
1. Com base nos rateios, aplicando os critérios já indicados para o departamento
de Administração da produção, apurou-se um custo no mês de R$ 1.980,00,
que foram distribuídos aos demais departamentos.
2. Para o departamento de manutenção, houve a apuração de seus custos espe-
cíficos (recebidos conforme os critérios de rateio), somados à parte dos custos
transferidos pela Administração da produção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, você estudou três conceitos fundamentais para uma
análise apurada da performance de um negócio, o qual se apresenta
como a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e a alavancagem
operacional. São conceitos oriundos da contabilidade gerencial e esclare-
cem muitos aspectos relativos à relação custo, volume e lucro. Portanto,
pode-se afirmar que são conceitos imprescindíveis para uma gestão de
resultado empresarial eficaz.
Não devemos esquecer que essas ferramentas gerenciais devem ser
utilizadas em conjunto, pois são interdependentes como meios de avalia-
ção de um negócio. Além disso, é responsabilidade da contabilidade de
custos elaborar os relatórios que as contemplem para que sirvam como
apoio nas decisões econômicas.
REFERÊNCIAS
HORNGREN, C. T. FOSTER, G. DATAR, S. Contabilidade de custos. Vol. 1. 11.Ed. São Paulo:
Pearson, 2004.
HORNGREN, C. T. SUNDEM, G. L.; STRATTON, W. O. Contabilidade gerencial. São Paulo:
Pearson, 2004.
JIAMBALVO, J. Contabilidade gerencial. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2002.
PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica e operacional. São Paulo: Thomson, 2003.
84 Contabilidade de Custos
GABARITO
1. A margem de contribuição permite a análise sobre o quanto cada produto contribui
para a cobertura dos gastos fixos, pois, com seu cálculo (preço de venda menos gastos
variáveis), já temos a cobertura dos custos e das despesas variáveis.
CUSTOS
tratégica de negócios, trazendo, para exemplificar, as fórmulas de mar-
gem de contribuição, ponto de equilíbrio e alavancagem operacional.
CUSTOS
Sabe-se que, em um ambiente empresarial de acirrada competitivida-
de, as organizações devem sempre buscar a melhor gestão econômica.
Nesse sentido, o conhecimento sobre os custos e sua relação com vo-
lumes e objetos de custeio (produtos e serviços) constituem-se em
um imperativo estratégico para a condução dos negócios.