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LEGISLAÇÃO

TRIBUTÁRIA E
CONTABILIZAÇÃO

Autor
Alessandra Simão

Indaial – 2021
1a Edição
Legislação Tributária
e Contabilização

Prof. Alessandra Simão

Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Prof. Alessandra Simão

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:
Apresentação
Olá, estudante!
Seja bem-vindo(a) à disciplina de Legislação Tributária e
Contabilização!
A contabilidade tributária é uma ferramenta de gestão empresarial
muito importante, a qual fornece informações primordiais para o processo
de tomada de decisão. Contudo, é pouco utilizada, principalmente nas
micro e pequenas empresas. Ela objetiva o estudo das regras de apuração
de tributos, bem como seu controle e planejamento. Para tanto, se baseia nas
normas fiscais que estabelecem as práticas contábeis, os métodos de registros
e demais formalidades exigidas pela legislação.
E quando falamos em normas, decretos e legislações, vale destacar
que o Brasil possui um sistema tributário extremamente complexo de
acordo com especialistas. Outro ponto de destaque em nosso sistema é a
alta carga tributária, em especial quando comparamos o volume arrecadado
e a qualidade de serviços públicos prestados, que são direitos garantidos à
sociedade pela Constituição Federal.
Diante disso, ao longo desta disciplina, teremos uma visão geral do
Sistema Tributário Nacional, assim como dos principais tributos que incidem
nas atividades operacionais das entidades de diferentes regimes tributários.
Bons estudos!
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os alunos desde 2005, é o


material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, Aluno, tem a possibilidade de
estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar
dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, Aluno! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um


novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares,
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1
Fundamentos da Base da Tributação.................................................................................................. 9
TÓPICO 1................................................................................................................................................ 11
Fundamentos da Legislação Tributária............................................................................................. 11
TÓPICO 2................................................................................................................................................ 23
Conceitos e Fundamentos da Tributação.......................................................................................... 23
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 33
TÓPICO 3 ............................................................................................................................................... 35
Princípios do Planejamento Tributário: Elisão, Evasão e Infrações Tributárias....................... 35
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 44
RESUMO................................................................................................................................................. 46

UNIDADE 2
Principais Tributos................................................................................................................................ 47
TÓPICO 1................................................................................................................................................ 49
Tributos Municipais.............................................................................................................................. 49
TÓPICO 2................................................................................................................................................ 57
Tributos Estaduais................................................................................................................................. 57
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 65
TÓPICO 3 ............................................................................................................................................... 67
Tributos Federais................................................................................................................................... 67
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 89
RESUMO................................................................................................................................................. 91

UNIDADE 3
Regimes tributários............................................................................................................................... 92
TÓPICO 1................................................................................................................................................ 94
Simples Nacional................................................................................................................................... 94
TÓPICO 2.............................................................................................................................................. 109
Lucro Presumido.................................................................................................................................. 109
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 120
TÓPICO 3 ............................................................................................................................................ 122
Lucro Real.............................................................................................................................................. 122
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 134
RESUMO............................................................................................................................................... 137
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 138
UNIDADE 1

Fundamentos da Base
da Tributação
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os fundamentos e a importância do Sistema Tributário Na-


cional;

• reconhecer e diferenciar as espécies tributárias;

• aplicar a legislação tributária adequadamente frente às necessidades da


gestão empresarial;

• classificar as espécies tributárias;

• conhecer os procedimentos fiscais de constituição e cobrança de crédito


tributário.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um
deles, você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos
apresentados.

TÓPICO 1 – Fundamentos da legislação tributária

TÓPICO 2 – Conceitos e Fundamentos da Tributação

TÓPICO 3 – Princípios do planejamento tributário: elisão, evasão e


infração tributária

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

9
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
O sistema tributário brasileiro é um dos mais complexos, mas
entendermos a legislação tributária é de extrema importância, pois, ao permitir
que cada ente governamental exerça a cobrança de tributos sobre a sociedade,
estabelece-se uma rede de controle. No entanto, é necessário ordenar todo esse
mecanismo. Assim, podemos entender que a legislação tributária é um sistema de
regras jurídicas que visa limitar o poder de tributar e proteger os interesses dos
particulares.
Nesta primeira unidade, estudaremos o Sistema Tributário Nacional,
seus princípios, as espécies tributárias e sua importância na gestão dos negócios.
Com isso, conseguiremos entender quanto aos princípios do planejamento
tributário, conheceremos pontos importantes para reconhecermos e classificarmos
adequadamente as espécies tributárias, bem como para organizarmos um
planejamento tributário.
Iremos verificar, ainda nesta unidade, o quanto é relevante termos
conhecimento a respeito das normas e dos decretos que nos ajudam a melhorar
o planejamento tributário e, dessa forma, gerir com mais economia os recursos.

10
TÓPICO 1
UNIDADE 1

Fundamentos da Legislação
Tributária

1.1. Introdução do tópico


Conhecermos os princípios e fundamentos da legislação tributária
é primordial para entendermos como cada tributo é cobrado pelos entes
governamentais, possibilitando um planejamento empresarial que objetive a
melhor gestão dos recursos. Contudo, não é possível realizarmos um planejamento
tributário sem o conhecimento das normas que regem a arrecadação das espécies
tributárias. Quanto mais sabemos a respeito da legislação tributária, maior é a
possibilidade de economia de tributos.
O sistema de legislação tributária do Brasil se apresenta recheado de
decretos, seguindo, primeiramente, a Constituição Federal de 1988. É ela que
define prioritariamente os tributos, a competência de cada ente governamental
em tributar, assim como as limitações e destinações que devem ser atribuídas à
arrecadação de cada tributo. Vamos entender melhor sobre esse assunto?

1.2. Aspectos gerais da legislação


Fabretti (2017) nos explica que o direito diz respeito ao conjunto de
princípios e normas que regulam coercitivamente a vida social e qualificam
situações para discipliná-las normativamente. Já o direito tributário é o ramo
jurídico, adotado desde a Emenda Constitucional n. 18/1965, que organizou
o Sistema Tributário Nacional (STN), juntamente com a Lei n. 5.172/1966 e as
constituições subsequentes. A Constituição Federal de 1988, inclusive, nos art.
145 a 162, trata do STN.
O Sistema Tributário Nacional (STN) nada mais é que um agrupamento
de leis que objetivam regulamentar a instituição, cobrança, arrecadação e
distribuição da tributação em todo o território nacional. Com essa definição, temos
que a lei, conforme Roveri (2011), é fruto do processo legislativo. Este, por sua
vez, está relacionado a ações realizadas pelos órgãos do Poder Legislativo para
proceder com a elaboração das leis, independentemente de serem constitucionais,
complementares e ordinárias, assim como as resoluções e os decretos.

11
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

Figura 1. Poder Legislativo

Fonte: Freepik (2021)..

O Código Tributário Nacional (CTN) é a lei brasileira que norteia


a aplicabilidade dos tributos, assim como a extensão, o alcance, os limites, os
direitos e os deveres do contribuinte, além da forma de atuação dos agentes
fiscalizadores. É, portanto, a lei que reúne e sistematiza a legislação tributária
no país. Conforme seu art. 96, temos que “A expressão ‘legislação tributária’
compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e
as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes” (BRASIL, [2007], on-line).
Dessa maneira, podemos entender que as leis, os tratados, as convenções
e os decretos são as fontes primárias do direito tributário, enquanto as normas
complementares são consideradas as fontes secundárias.
O art. 97 da mesma lei estabelece a distinção relativa:

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:

I – a instituição de tributos, ou a sua extinção;

II – a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos


artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

III – a definição do fato gerador da obrigação tributária principal,


ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito
passivo;

IV – a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado


o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

V – a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a


seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;

VI – as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos


tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.

§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de


cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso.

12
Fundamentos da Legislação Tributária

§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no


inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva
base de cálculo. (BRASIL, [2007], on-line)

Segundo especialistas, a legislação tributária brasileira é a mais complexa


do mundo, com mais de 90 espécies de tributos e atualizações constantes das
normas tributárias, visto que as três esferas governamentais são responsáveis
pela tributação brasileira, cada uma dentro de sua competência.
Entretanto, apesar da extrema complexidade de sua estrutura, o
funcionamento do STN é pautado no reconhecimento de tributo, objetivando o
financiamento das atividades do estado brasileiro, garantidas na Constituição
Federal: melhorias nos serviços prestados à população, como saúde e educação,
investimentos em infraestrutura e manutenção da máquina pública.

DICAS

A Constituição Federal apresenta as matérias do sistema tributário e das


finanças públicas. Saiba mais a respeito da temática com a leitura do Título VI, composto
dos art. 145 a 169. Nos art. 145 a 162, estão as disposições sobre o Sistema Tributário
Nacional, enquanto os art. 163 a 169 apresentam as finanças públicas.

Como podemos verificar com a leitura dos artigos 145 a 162 da


Constituição Federal, os entes públicos União, Estados e municípios possuem o
poder de tributar, sendo que não somente o governo federal pode desempenhar
esse papel. Ainda podemos destacar, conforme Crepaldi (2019), que as normas
envolvem:

• os princípios constitucionais tributários e as limitações ao poder de


tributar;
• o discernimento de competências no delineamento dos impostos e na
distribuição das receitas tributárias.

Ainda podemos destacar que, no Brasil, além da legislação tributária, as


atividades empresariais devem definir a forma como serão tributadas, baseando-
se em três regimes tributários: Simples Nacional, lucro presumido e lucro real.
O Simples Nacional é o regime mais simples e menos oneroso para
pequenas e médias empresas com faturamento de até R$ 4.800.000 ao ano e que
se enquadram nas atividades previstas por ele. É baseado no regime simplificado
e unificado de recolhimento de tributos, autorizado pelo art. 146 da Constituição
Federal.
O lucro presumido, por sua vez, serve para empresas que possuem
faturamento de até R$ 78 milhões ao ano e não se enquadram nas atividades
previstas no Simples Nacional, nem nas atividades obrigadas ao lucro real.

13
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

Já o lucro real é voltado às empresas com atividades específicas e


faturamento acima de R$ 78 milhões ao ano.
Figura 2. Tributação

Fonte: Freepik (2021).

Outro aspecto importante que devemos considerar é a vigência das leis.


De acordo com Roveri (2011), para que uma lei possa vigorar, deve respeitar
algumas regras, a exemplo das leis em geral, inclusive as tidas como tributárias.
Essas regras gerais estão previstas na Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro (Decreto Lei n. 4.657/1942) e na Lei Complementar n. 95/1998.
Para Wolff (2019), a vigência da lei significa que ela está em vigor, ou
seja, é válida para ser aplicada, sendo um termo que expressa a existência da
lei tributária. Ela se verifica com a publicação da lei no Diário Oficial da União.
Assim que promulgadas e publicadas, as leis tributárias passam a existir no
ordenamento jurídico. Entretanto, embora já aprovadas, não possuem eficácia
devido à não decorrência do prazo previsto para entrarem em vigor ou porque
sua eficácia se encontra paralisada pela incidência do princípio constitucional da
anterioridade.
Relevante destacar que as leis tributárias precisam respeitar o princípio
da anterioridade e da noventena. Assim, é preciso que tenhamos consciência
quanto aos princípios constitucionais que orientam a legislação tributária. Esses
princípios são espécies de limitações ao poder de tributar, estando previstos nos
art. 150 e 151 da Constituição Federal. Resumidamente, temos o seguinte:

• princípio da legalidade: a exigência e o aumento de tributos


somente serão possível por meio de uma lei que estabeleça essas
particularidades. Trata-se de uma referência direta ao art. 5º da
Constituição Federal (CF), em que ninguém é obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei;
• princípio da anterioridade: não é permitido aumentar o tributo no
mesmo exercício financeiro em que foi publicada a lei que o instituiu
ou elevou;

14
Fundamentos da Legislação Tributária

• princípio da isonomia: não é permitido instituir tratamento desigual


entre os contribuintes. O princípio também remete ao art. 5º da
Constituição Federal, em que todos somos iguais perante a lei;
• princípio da irretroatividade: é vedada a cobrança de tributos em
relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei;
• princípio de vedação ao confisco: é vedada a utilização de tributo com
efeito de confisco, ou seja, não pode implicar em comprometimento
do patrimônio ou dos rendimentos do contribuinte;
• princípio da liberdade de tráfego: não é permitido haver limitações
ao tráfego de pessoas ou bens, considerando tributos interestaduais
ou intermunicipais, com exceção da cobrança de pedágio em vias
conservadas pelo Poder Público;
• princípio da uniformidade geográfica: a União não pode aplicar
tributo que não seja uniforme em território nacional. Isto é, o tributo
federal deve ter a mesma alíquota em todo o território.
Um ponto importante que precisamos destacar sobre os princípios é que
eles prevalecem sobre todas as normas jurídicas, sendo que estas somente são
válidas se editadas em rigorosa consonância com eles.
No Quadro 1, de maneira resumida, podemos melhor compreender
quanto à aplicação das regras em relação aos principais impostos cobrados pelo
Sistema Tributário Nacional. Analise atentamente!

Quadro 1. Regras para a validade de normativos propondo aumentos em tributos

Taxas, contribuições de melhoria, ITBI e ITDI, ICMS e ISS, IPTU e


Anualidade e noventena
IPVA, ITR e IGF, contribuições, exceto Seguro Social.

Apenas anualidade Imposto de Renda, base de cálculo do IPTU e IPVA.

Apenas noventena IPI, CSLL, COFINS, CPMF, INSS e PIS/PASEP.

Imposto de Importação e Exportação, IOF, empréstimo e


Em vigor imediatamente
compulsório.

Fonte: Pêgas (2017, p. 49).

Entretanto, os princípios constitucionais não são os únicos dispositivos


de limitação ao poder de tributação. As imunidades ou exonerações tributárias
também fazem esse papel. Previstas exclusivamente na CF, elas podem ser
entendidas delimitações negativas do poder de tributar.

15
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

Além disso, é válido mencionar que o sistema tributário nem sempre foi
da forma que se apresenta atualmente. O sistema brasileiro, antes da Constituição
de 1934, era basicamente a estrutura tributária do período imperial, em que a
fonte principal de receitas públicas se baseava em atividades do comércio exterior
e no imposto de importação. A Constituição de 1934 apresentou a importância
dos tributos internos sobre a venda e as consignações por parte dos Estados, ao
passo que a União permaneceu com o imposto de importação e sobre o consumo
(PÊGAS, 2017).
Em 1966, ocorreu uma reforma que simplificou o sistema. Inicialmente,
foram criados os impostos ICM (Imposto sobre Circulação de Mercadorias),
de competência estadual; e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), de
competência federal. Estes substituíram, respectivamente, o Imposto sobre
Vendas e Consignações (estadual) e o Imposto Sobre o Consumo (federal). Para
os municípios, ainda foram alocados o ISS (Imposto Sobre Serviços) e o IPTU
(Imposto Predial e Territorial Urbano) (PÊGAS, 2017).

Figura 3. Criação de impostos

Fonte: Freepik (2021).

Com isso, a reforma tributária de 1934 dividiu os tributos em quatro


classificações: patrimônio e renda, produção e comercialização, comércio exterior
e impostos únicos. A seguir, temos mais detalhes de cada um deles.

• Patrimônio e renda: Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU),


Imposto de Transferência de Bens Imóveis (ITBI), Imposto Territorial
Rural (ITR) e Imposto de Renda (IR).
• Produção e comercialização: Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICM), Imposto Sobre
Serviços (ISS), Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e Imposto
Sobre Serviço de Transporte e Comunicações (ISTC).
• Comércio exterior: Impostos de Importação (II) e Exportação (IE).
• Impostos únicos: Cobrados sobre Energia Elétrica (IUEE),
Combustíveis e Lubrificantes (IUCL) e Minerais (IUM) (todos de
competência federal).
16
Fundamentos da Legislação Tributária

Contudo, a reforma de 1934 não foi a única no contexto histórico. Em


1988, com a Constituição Federal, tivemos uma modificação, principalmente
quanto à distribuição dos tributos arrecadados pela União e pelos Estados para
os municípios, mediante a transferência constitucional. Isto é, parte dos tributos
federais e estaduais foram repassados aos municípios brasileiros. O quadro a
seguir apresenta os tributos e percentuais de transferência de receitas tributárias
entre os entes governamentais.
Quadro 2. Percentuais de transferência de receitas tributárias entre entes governamentais

Tributo Destinação

- 21,5% para o FPE (Fundo de Participação dos Estados).

- 3% para os estados do norte, nordeste e centro-oeste.

IPI (União) - 24,5% para o FPM (Fundo de Participação dos


Municípios).

- 10% para o FPEx (Fundo de Participação de Exportação,


pertencente aos Estados). Os Estados deverão repassar 25%
desse fundo aos municípios.

- 21,5% para o FPE (Fundo de Participação dos Estados).

- 3% para os estados do norte, nordeste e centro-oeste,


direcionados para programas de financiamento do setor
produtivo. O repasse se faz por meio das instituições
financeiras regionais, seguindo o planejamento regional.

- 24,5% p/ o FPM (Fundo de Participação dos Municípios).

- Os valores retidos de IR dos funcionários e servidores


IR (União) públicos estaduais e municipais não entram, ficando
em sua totalidade para estados e municípios em que os
funcionários e servidores estão lotados. O imposto será
descontado do valor distribuído conforme os três itens
acima. Por exemplo, um servidor residente em SP desconta
R$ 25,00 de IR e o dinheiro será retido pelo estado, mas não
repassado à União. Admitindo que a arrecadação do IR
no ano fosse R$ 10.000,00, o FPE total seria de R$ 2.100,00.
Considerando que o estado de SP tenha direito a R$
380,00, a União irá repassar o valor de R$ 355,00 (380 – 25),
descontando o IRRF que não foi desembolsado pelo estado.

- Dos valores arrecadados com a CIDE-Combustíveis, 29%


CIDE (União) são destinados aos estados, que repassarão 25% dos 29%
(7,25%) aos municípios.

- 25% aos municípios, sendo 75% (18,75%) para o município


ICMS (estadual) onde a operação foi realizada e 25% (6,25%) conforme lei
estadual específica.

- 50% para os municípios onde o veículo automotor foi


IPVA (estadual)
licenciado.

Fonte: Pêgas (2017, p. 33).


17
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

Assim, resumidamente, podemos entender que os princípios dizem


respeito ao meio que o sistema legislativo dispõe para propor limitações ao poder
de tributar, sendo cada ente governamental responsável por determinados tipos
de tributos como forma de garantir a arrecadação e proporcionar o oferecimento
de serviços públicos de sua responsabilidade. Mesmo com a competência de cada
ente federativo de estabelecer e cobrar tributos, ocorre a distribuição dos tributos
arrecadados pela União e pelos Estados para os municípios, como verificamos no
quadro anterior.

1.3. Fundamentos da tributação


Conforme nos explica Fabretti (2017), a lei é norma jurídica emanada do
poder competente. E sendo jurídica, é a regra de comportamento obrigatório, sob
pena de sanção. O sistema legislativo é constituído de forma piramidal, ou seja,
de forma hierárquica, sendo a Constituição Federal a lei máxima que as demais
devem respeitar. Por tal motivo, qualquer lei inferior que estabeleça algo que vá
contra a Constituição, entende-se que se trata de uma lei inconstitucional.
De acordo com o art. 59 da Constituição Federal, o sistema legislativo
brasileiro é composto por emendas constitucionais, leis complementares, leis
ordinárias, medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos, resoluções
do Senado Federal, assim como decretos e normas complementares (BRASIL,
[2020]).
As emendas constitucionais são alterações do texto da Constituição
Federal. Depois de incorporadas, tornam-se tão importantes quanto a própria CF.
As leis complementares, por sua vez, recebem esse nome porque têm a
função de complementar o texto constitucional. Elas somente são utilizadas ou
aplicadas quando houver expressa previsão na Constituição, pois seu quorum
para aprovação é qualificado (metade mais um dos membros do parlamento).
Sua utilização em matéria tributária está prevista no art. 146 da CF.
Já as leis ordinárias tratam de matérias em geral. O quorum para sua
aprovação, reduzido, é de metade mais um dos votantes.
Temos, ainda, as medidas provisórias, em que o Chefe do Executivo as
utiliza quando há relevância e urgência. Podem tratar sobre qualquer matéria,
exceto aquelas reservadas para lei complementar. Depois de aprovadas, têm
força de lei ordinária.

18
Fundamentos da Legislação Tributária

Figura 4. Sistema legislativo

Fonte: tiko33, Freepik (2021).

O Congresso Nacional delega poder ao presidente para que ele


promulgue uma lei sobre determinada matéria. Nesse caso, trata-se de uma lei
delegada. Seu uso é restrito, sendo que, em matéria tributária, ela não é utilizada.
Já os decretos legislativos são utilizados pelo Congresso Nacional para
ratificação de acordos internacionais firmados pelo Poder Executivo.
A respeito das resoluções do Senado Federal, estas são transformadas
em direitos positivos. Uma vez promulgadas, têm o mesmo nível de uma lei
ordinária.
Finalmente, temos os decretos, atos típicos do Poder Executivo, os quais
têm a função de regular um dispositivo legal, como o regulamento dos tributos.
Enquanto isso, as normas complementares são portarias, instruções e circulares
expedidos por servidores públicos com a finalidade única de complementar a lei,
nunca inovar.

1.4. créditos tributários


O crédito tributário, conforme Fabretti (2017), ocorre do direito do Estado
(União, Estados, municípios e Distrito Federal) em exigir do sujeito passivo direto
ou indireto, após a realização do fato gerador, o pagamento do tributo devido.
Para que ocorra a cobrança do crédito tributário, é necessária a
comprovação da existência do direito, sendo o lançamento o ato que constitui o
crédito tributário. De acordo com o Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172/1966),
em seu art. 142, estabelece-se o conceito legal de lançamento tributário:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa
constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o
procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato
gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável,
calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e,
sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
[…]

19
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada


e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. (BRASIL,
[2007], on-line)

É importante destacar a respeito das formas de extinção do crédito


tributário, que geralmente acarreta a extinção da obrigação. De acordo com o art.
156 do Código Tributário Nacional, temos o seguinte:
I - o pagamento;

II - a compensação;

III - a transação;

IV - remissão;

V - a prescrição e a decadência;

VI - a conversão de depósito em renda;

VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos


termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º;

VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do


artigo 164;

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a


definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de
ação anulatória;

X - a decisão judicial passada em julgado;

XI - a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições


estabelecidas em lei. (BRASIL, [2007], on-line)

A grosso modo, podemos mencionar que, de acordo com o art.


142 do Código Tributário Nacional, o crédito tributário é um procedimento
administrativo que consiste em verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente; determinar a matéria tributável; calcular o montante do tributo
devido, ou seja, o débito a pagar; identificar o sujeito passivo; e propor a aplicação
da penalidade cabível, quando for o caso.

20
AUTOATIVIDADE

1. Como bem sabemos, o sistema legislativo brasileiro é composto por diversos


dispositivos, estruturado de forma piramidal, ou seja, construído de forma
hierárquica, seguindo cada tipo de lei em momentos determinados.

Assim, com base em nossos estudos a respeito do sistema legislativo brasileiro,


analise as alternativas a seguir e marque a que está correta.

a. ( ) O sistema legislativo é hierarquicamente ordenado por


medidas provisórias, emendas constitucionais, leis constitucionais,
leis ordinárias, resoluções do Senado, leis delegadas, decretos
legislativos, decretos e normas complementares.
b. ( ) O Chefe do Legislativo utiliza a medida provisória para
ocorrências de relevância e urgência, podendo se tratar de qualquer
matéria, exceto aquelas reservadas para a lei complementar. Após
aprovada, tem força de lei ordinária.
c. ( ) As emendas constitucionais são alterações do texto
constitucional que, após a incorporação, equivalem-se à
Constituição Federal.
d. ( ) A lei ordinária se refere às leis que complementam o texto
constitucional, sendo utilizada apenas quando houver expressa
previsão na Constituição Federal.

2. Nos art. 150 e 151 da Constituição Federal, são estabelecidos os princípios


constitucionais, os quais funcionam como espécies de limitações ao poder de
tributar, orientando a legislação tributária. As leis tributárias têm como base
o respeito aos princípios da anterioridade e noventena.

Nesse sentido, com base em nossos estudos sobre os princípios constitucionais,


analise as afirmativas a seguir.

I. Com o princípio da isonomia, não é permitido instituir tratamento desigual


entre os contribuintes.

II. O princípio da legalidade estabelece que tanto a exigência quanto o aumento


de tributos somente será possível por meio de uma lei que estabeleça essas
particularidades.

III. O princípio da anterioridade estabelece que não é permitido aumentar


o tributo no mesmo exercício financeiro em que foi publicada a lei que o
instituiu ou elevou.

21
AUTOATIVIDADE

Está correto o que se afirma em:

a. ( ) I e II.
b. ( ) I, II e III.
c. ( ) I e III.
d. ( ) II e III.

3. A obrigação tributária é o dever de fazer de um contribuinte, responsável ou


terceiro, em função da legislação. De acordo com o art. 113, o crédito decorre
da obrigação principal, sendo que está se extingue juntamente com o crédito
tributário.

De acordo com a legislação tributária, com base em nossos estudos a respeito do


crédito tributário, podemos afirmar que ele decorre da obrigação principal e se
extingue:

a. ( ) pela moratória.
b. ( ) pelo pagamento.
c. ( ) pela anistia.
d. ( ) pelo parcelamento.

4. Considerando nossos estudos até o momento, assim que são promulgadas e


publicadas, as leis tributárias passam a existir no ordenamento jurídico. Contudo,
mesmo que já aprovadas, elas não possuem eficácia.

Nesse sentido, explique o motivo da não eficácia da lei recém-aprovada e


promulgada, levantando os princípios que devem ser respeitados.

5. Conforme pudemos estudar até aqui, o crédito tributário corresponde ao direito


de o Estado exigir o tributo do sujeito passivo. Ele nasce com a ocorrência do fato
gerador, juntamente com a obrigação tributária.

Diante de nossos estudos, explique como é constituído o crédito tributário e


apresente o papel dos agentes envolvidos.

22
TÓPICO 2
UNIDADE 1

Conceitos e Fundamentos da
Tributação

2.1. Introdução do tópico


Precisamos entender a respeito dos tributos para a aplicação adequada
da competência tributária, dos limites para a instituição e da cobrança de tributos,
bem como a relação entre os agentes envolvidos no processo: contribuinte e ente
governamental. Assim, neste tópico, estudaremos os fundamentos e elementos do
tributo, identificando as modalidades tributárias contempladas na Constituição
Federal. É na CF de 1988 que estão definidos os tributos, a competência de cada
ente governamental para tributar, as limitações e a destinação que deve ser dada
para a arrecadação.
Além disso, devemos entender as diferenças e semelhanças entre
os tributos existentes: impostos, taxas e contribuições de melhoria, sociais e
econômicas. Ainda buscaremos esclarecimentos sobre os elementos fundamentais
do tributo, o fato gerador, o contribuinte, a base de cálculo e a alíquota.

2.2. Princípios gerais da tributação


Primeiramente, é necessário entendermos os principais conceitos
relacionados aos tributos. Como estudamos anteriormente, o Sistema Tributário
Nacional tem sua estrutura básica definida no Código Tributário Nacional (Lei n.
5.172/1966), em que se define a competência tributária de cada ente governamental
(art. 145 a 149 e 153 a 156), as limitações constitucionais ao poder de tributar (art.
150 a 152), a repartição das receitas (art. 157 a 162) e as demais normas (art. 195).
Os elementos fundamentais de tributo, conforme Pêgas (2017) são o
contribuinte, o fato gerador, a base cálculo e a alíquota.
O contribuinte é a pessoa natural ou jurídica que tem uma relação
pessoal e direta com que constitua o fato gerador. A definição de contribuinte e
responsável é apresentado no art. 121 do CTN:
Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa que obrigada ao
pagamento do tributo ou penalidade pecuniária.

Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:

I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação


que constitua o respectivo fato gerador;

II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua


obrigação decorra de disposição expressa de lei. (BRASIL, [2007], on-
line)

23
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

A natureza jurídica do tributo é determinada pelo fato gerador da


atividade. Nesse sentido, conforme os art. 114 e 115 da mesma lei, temos que:
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em
lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que,


na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato
que não configure obrigação principal. (BRASIL, [2007], on-line)

Para termos uma melhor compreensão a respeito da temática,


apresentamos alguns exemplos de fatos geradores no quadro a seguir. Confira!

Quadro 3. Exemplo de fato gerador x tributo

Fato gerador Tributo

Prestação de serviços de consultoria, cuidados


ISS
pessoais, limpeza e manutenção

Contratação de financiamento IOF

Transferência onerosa de um imóvel ITBI

Fonte: elaborada pela autora (2021).

Resumidamente, o fato gerador é o acontecimento de algo determinado


em lei que dá a obrigação de pagar o tributo ao contribuinte. Dessa forma, da
ocorrência do fato gerador pode nascer uma obrigação principal, de pagar o
tributo (pecuniária); ou uma obrigação acessória, o ato administrativo (PÊGAS,
2017).
Diante disso, temos os dois elementos que nos fornecem o valor do
tributo: a base de cálculo e a alíquota. A base de cálculo é o valor na qual será
aplicada a alíquota e realizado o cálculo para a apuração do tributo. Já a alíquota
é o percentual definido na lei que será aplicado sobre a base de cálculo para
determinar o valor do tributo.

2.3. Espécies tributárias


O tributo pode ser conceituado, conforme o art. 3 do CTN, como “[…]
toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade plenamente vinculada” (BRASIL, [2007], on-line). No entanto,
você consegue entender o que significa todos esses termos?

24
Conceitos e Fundamentos da Tributação

Crepaldi (2019) e Pêgas (2017) conseguem nos ajudar nesse sentido. Eles
esclarecem o que significa cada termo, conforme observamos a seguir:

• prestação pecuniária compulsória: significa que o pagamento de


tributo é obrigatório ao Estado, não sendo opcional ao contribuinte;
• moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: significa que o
pagamento só poderá ser efetuado em dinheiro, sendo admitido por
lei que ele seja realizado a partir de algo de valor equivalente à moeda
ou que possa se converter;
• não constitua sanção de ato ilícito: significa que o tributo não é uma
punição, ou seja, penalidade por infração. A sanção de ato ilícito é
definida por multa, cobrada devido a algum tipo de infração;
• instituído em lei: significa que o tributo só existirá se estiver previsto
em lei, remetendo ao princípio da legalidade;
• cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada:
significa que a cobrança do tributo deve ser realizada de acordo a
lei, não sendo pertinente o administrador público analisar a situação
verificando a conveniência, justa ou não a tributação.

Crepaldi (2019, p. 15) ainda conceitua o tributo como a

[…] receita derivada, compulsoriamente lançada e arrecadada pelo


Estado, na forma da lei, em moeda corrente ou em valor que por ela
se possa exprimir, sem contraprestação diretamente equivalente, cujo
montante é aplicado na execução das finalidades que lhe são próprias.
Caracteriza-se pela compulsoriedade, pelo pagamento em dinheiro ou
valor equivalente, pelo seu caráter não punitivo, pela previsão legal e
por sua cobrança vinculada, sem margem de discricionariedade.

Para Fabretti (2017), por sua vez, o tributo é sempre um pagamento


compulsório em moeda, que é a forma normal de extinção da obrigação tributária.
A respeito dessa, por outro lado, temos que se trata de um “[…] vínculo abstrato,
de conteúdo patrimonial, pelo qual uma pessoa (sujeito passivo) se vê compelida
a dar, a fazer, a não fazer ou a suportar algo em favor de outra (sujeito ativo)”
(CREPALDI, 2019, p.16), podendo ser uma prestação tributária positiva ou
negativa, sendo o contribuinte o sujeito passivo, possuindo relação direta com o
fato gerador.
A obrigação tributária pode ser dividida em principal e acessória. A
principal é a obrigação de pagamento em moeda corrente nacional, enquanto
a acessória consiste na obrigatoriedade ou isenção de algum ato que seja
caracterizado como administrativo.

25
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

Quanto à finalidade a que se destina o tributo, Crepaldi (2019) destaca


algumas funções e ainda adverte que uma função não exclui a outra, podendo
o tributo possuir uma função principal e uma secundária. Assim, ele pode ser
classificado em:

• fiscal: tem como objetivo a arrecadação de recursos financeiros para


o ente tributante;
• extrafiscal: tem como objetivo interferir no domínio econômico,
equilibrando as relações socioeconômicas;
• parafiscal: tem como objetivo custear entidades que atuam em áreas
específicas não alcançadas pela atividade estatal, como a fiscalização
do exercício profissional, a seguridade social, entre outras.

ATENCAO

Vale mencionar que, no Brasil, muitos acabam confundindo tributo com


imposto, mas é necessário esclarecer as espécies tributárias existentes no país para não
termos esse tipo de confusão, visto que se tratam de conceitos distintos.

O termo tributo abrange as espécies tributárias. Existem divergências


quanto à sua divisão. Enquanto a Constituição Federal, em seu art. 145, incisos
I a III, classifica o tributo em três espécies (impostos, taxas e contribuições de
melhoria), o Supremo Tribunal Federal entende que são cinco as espécies a serem
consideradas (impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições sociais e
empréstimos compulsórios).
Em nosso curso, para facilitar a classificação e o entendimento, iremos
adotar aquela estabelecida pelo Supremo Tribunal Federal, ou seja, impostos,
taxas, contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e contribuições
parafiscais.

2.4. Impostos
Os impostos estão regulamentados pelo art. 16 e seguintes do Código
Tributário Nacional (CTN), bem como pelo art. 145 da Constituição Federal, em
que se estabelece que os impostos terão, sempre que possível, caráter pessoal,
sendo graduados conforme a capacidade econômica do contribuinte.
Além disso, de acordo com os art. 16, 17 e 18 do CTN, temos que:
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador
uma situação independente de qualquer atividade estatal específica,
relativa ao contribuinte.

26
Conceitos e Fundamentos da Tributação

Art. 17. Os impostos componentes do sistema tributário nacional são


exclusivamente os que constam deste Título, com as competências e
limitações nele previstas.

Art. 18. Compete:

I - à União, instituir, nos Territórios Federais, os impostos atribuídos


aos Estados e, se aqueles não forem divididos em Municípios,
cumulativamente, os atribuídos a estes;

II - ao Distrito Federal e aos Estados não divididos em Municípios,


instituir, cumulativamente, os impostos atribuídos aos Estados e aos
Municípios.

De acordo com Sabbag (2016), os impostos podem ser classificados em


reais e pessoais; progressivos, proporcionais e seletivos; fiscais e parafiscais; diretos
e indiretos. Dentro dessa classificação, é importante destacar as características dos
impostos fiscais e parafiscais Os fiscais têm finalidade meramente arrecadatória,
ou seja, têm como objetivo trazer recursos aos cofres públicos. Já os impostos
parafiscais, além da função arrecadatória, têm finalidade reguladora de mercado
e da economia. Podemos citar como exemplo o Imposto sobre Importação.
No caso dos tributos diretos, o contribuinte de fato e o de direito se
confundem, sendo apenas um. Como exemplo, podemos citar o Imposto de
Renda e o IPVA. Nesse caso, o imposto incide sobre o contribuinte de direito
e este, teoricamente, não tem a possibilidade de repassar para outro o ônus
tributário. Já quanto aos tributos indiretos, temos que o contribuinte de direito é
um, enquanto o contribuinte de fato é outro, como ocorre com o ISS. Isto é, a carga
tributária recai sobre o contribuinte de direito, que o transfere a outro, nesse caso,
o consumidor é o “contribuinte de fato” (SILVA, 2013).
Outro ponto de destaque é a respeito das alíquotas que sofrem com a
progressividade, ou seja, aumentam de forma progressiva, tal como ocorre com o
Imposto de Renda da Pessoa Física. Quanto maior a renda do contribuinte, maior
será a alíquota a ser aplicada e, consequentemente, maior será o montante pago
pelo contribuinte.
Figura 5. Alíquotas progressivas

Fonte: Pixabay (2021).

27
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

Como exemplos de impostos, podemos citar o Imposto sobre Operações


Financeiras (IOF), o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), o Imposto de
Importação (II) e o Imposto sobre Serviços (ISS).
Quanto às taxas, estas são vinculadas à atuação estatal. Elas têm como
fato gerador o exercício regular do poder de polícia e a utilização de serviços
públicos (SILVA, 2013). Estão regulamentadas pelo art. 77 e seguintes do CTN,
bem como pelo art. 145 da Constituição Federal. Desse modo, temos que:
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições,
têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou
a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador
idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em
função do capital das empresas. (Vide Ato Complementar nº 34, de
1967)

O art. 78 do Código Tributário Nacional determina o poder de polícia


como sendo a atividade da administração pública para assegurar o bem-estar
geral, em razão de interesse público no que concerne à segurança, à higiene, à
ordem e aos costumes, impedindo por meio de ordens o exercício antissocial dos
direitos individuais, o uso abusivo da propriedade ou a prática de atividades
prejudiciais à coletividade.
Quanto aos serviços públicos, o art. 79 do Código Tributário Nacional
considera como aqueles utilizados pelo contribuinte. São específicos quando
podem ser destacados em unidades autônomas de intervenção, utilidade ou
necessidade pública; e divisíveis quando suscetíveis de utilização
Assim, como estabelece a Constituição Federal em seu art. 145, as taxas
não poderão ter base de cálculo própria de impostos, podendo ser instituídas por
todos os entes governamentais, desde que atenda à legislação (SILVA, 2013).
Como exemplos de taxas, podemos mencionar duas bastante conhecidas:
a taxa para emissão de documentos e a taxa de registro do comércio (junta
comercial).
A contribuição de melhoria, de acordo com o artigo 145 da Constituição
Federal, estabelece que ela é decorrente de obras públicas. Conforme o art. 81 do
Código Tributário Nacional, ela pode ser cobrada por todos os entes federativos
e ser instituída para fazer custo de obras públicas de que decorram valorização
imobiliária.
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes
requisitos mínimos:

I - publicação prévia dos seguintes elementos:

a) memorial descritivo do projeto;

b) orçamento do custo da obra;

28
Conceitos e Fundamentos da Tributação

c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela


contribuição;

d) delimitação da zona beneficiada;

e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para


toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;

II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação


pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso
anterior;

III - regulamentação do processo administrativo de instrução e


julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem
prejuízo da sua apreciação judicial.

Assim, podemos entender a contribuição de melhoria como o tributo


que é cobrado ao contribuinte para financiar os custos de obra pública. O fator
de decisão para a sua cobrança consiste na valorização patrimonial que o imóvel
do contribuinte obtém com a conclusão da obra. Contudo, a grande dificuldade
é verificar o percentual de valorização, pois todos os imóveis devem sofrer a
tributação, inclusive os que se valorizaram indiretamente (SILVA, 2013).
Os empréstimos compulsórios possuem fundamento constitucional no
art. 148 da Constituição Federal. Desse modo, podemos dizer o seguinte:
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir
empréstimos compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade


pública, de guerra externa ou sua iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante


interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo


compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua
instituição. (BRASIL, [2020], on-line)

De acordo com a legislação, a competência dos empréstimos compulsórios


é de exclusividade da União e apenas em situações específicas, principalmente
em guerra extrema, eminência de calamidade pública e investimento público.
Já as contribuições parafiscais estão regulamentadas pelos art. 149,
149-A e 195 da Constituição Federal. Elas possuem fins econômicos, sociais e
culturais, como a Contribuição para o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT),
uma contribuição estabelecida pela União que tem como beneficiário o INSS.
Ainda, o art. 195 da Constituição Federal estabelece a respeito das contribuições
sociais destinadas ao financiamento da seguridade social.

29
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

Como exemplos de contribuições sociais, podemos citar a Contribuição


Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Resumidamente, temos três categorias
previstas:

• contribuições sociais: estão vinculadas à seguridade social, saúde,


previdência e assistência social;
• contribuições de intervenção do domínio público: são utilizadas
para fomentar as atividades econômicas;
• contribuições de interesse de categorias profissionais: são destinadas
aos órgãos de classe de cada categoria, como OAB e CRC.

E
IMPORTANT

Impostos, taxas e contribuições de melhoria são de competência comum a


União, Estados e municípios. Por outro lado, as contribuições sociais e os empréstimos
compulsórios são de competência exclusiva da União (PÊGAS, 2017).

Ainda, os tributos podem ser divididos em duas espécies: vinculados e


não vinculados. Pêgas (2017) menciona que os impostos vinculados são os tributos
relacionados entre a arrecadação e o serviço prestado ou a prestar pelo Estado,
como as taxas e contribuições especiais: a COFINS possui vínculo. Já os impostos
não vinculados são relacionados aos tributos que não possuem vínculo entre a
arrecadação e a destinação, devidos independentemente de qualquer atividade.
Outro aspecto importante é a incidência. Pêgas (2017) nos traz que os
tributos devem ser divididos em renda, patrimônio, consumo e encargos sociais.

• Renda: tributos cobrados sobre o produto do capital, do trabalho e


da combinação de ambos. Inclui a Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL) e o Imposto de Renda (IR).
• Patrimônio: tributos cobrados sobre o patrimônio de pessoas físicas e
jurídicas. Os principais são IPTU, IPVA e ITBI.
• Consumo: tributos que incidem sobre a cadeia produtiva, como IPI,
ICMS, ISS, II, IE, PIS, COFINS, CIDE e IOF.
• Encargos sociais: contribuições cobradas sobre a folha de pagamento,
como INSS, SESC, SENAC, Salário-Educação, FGTS, SEBRAE, entre
outras.

Entendido a respeito do assunto, podemos seguir com nossos estudos.


No próximo item, conheceremos a competência dos tributos.

30
Conceitos e Fundamentos da Tributação

2.5. Competência dos tributos


Os impostos estão previstos na Constituição Federal, em seus art. 153,
154 (impostos de competência da União), 155 (impostos de competência dos
Estados e do Distrito Federal) e 156 (impostos de competência dos municípios e
do Distrito Federal).
Quadro 4. Impostos previstos

Competência Tributos

Imposto sobre Importação (II)

Imposto sobre Exportação (IE)

Imposto de Renda (IR)

Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

Imposto sofre Operações Financeiras (IOF)


União

Programa de Integridade Social (PIS/PASEP)

Contribuição de Financiamento da Seguridade Social


(COFINS)

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)

Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços


(ICMS)

Imposto Sobre a Propriedade de Veículos


Estados e Distrito Federal
Automotores (IPVA)

Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação


(ITCMD)

Imposto Sobre Serviços (ISS)

Municípios e Distrito Federal Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU)

Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI)

Fonte: Elaborado pela autora, baseado em Brasil


([2020]).

Como podemos verificar, os tributos são divididos entre os entes


federados, sendo que cada um possui a competência de tributar determinadas
operações da economia, conforme estabelece a Constituição Federal. Entretanto,

31
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

alguns tributos são de competência de todos os entes federados, como as taxas e


contribuições de melhoria.
No caso das taxas, conforme nos traz o Código Tributário Nacional
(CTN):
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições,
têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível,
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. (BRASIL, [2007],
on-line)

Vale ressaltar que algumas regras devem ser observadas pelos tributantes
para que a taxa possua validade, a exemplo da existência de lei que institua a taxa
e esta não ter como base de cálculo a mesma utilizada pelos impostos.
O Código Tributário Nacional (CTN) também nos traz sobre a
contribuição de melhoria em seu art. 81, conforme segue:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras
públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite
total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor
que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. (BRASIL, [2007],
on-line)

A contribuição de melhoria é de competência da União, dos estados e


municípios, podendo ser cobrada mediante lei que regulamente a sua cobrança.
Além da lei, faz-se necessária a publicação em edital com o objetivo de comunicar
a população a respeito dessa cobrança. O art. 12 do Decreto Lei n. 195/1967,
inclusive, estabelece que o valor cobrado anualmente da população beneficiada
pela obra pública não pode superar os 3% do valor fiscal do imóvel.

32
AUTOATIVIDADE

1. Devemos entender a diferença entre as espécies tributárias, bem como


os elementos fundamentais de tributo. Estes estão instituídos no Código
Tributário Nacional e podemos classificá-los em fato gerador, base cálculo e
alíquota. Para as questões de tributação, alguns elementos são fundamentais,
conforme o Código Tributário Nacional.

A respeito dos elementos fundamentais de tributo, considerando nossos


estudos a respeito da temática, assinale a alternativa correta.

a. ( ) O contribuinte é determinado por lei que dá a obrigação de


pagar tributo.
b. ( ) O sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada
a realizar o pagamento do tributo ou levar penalidade pecuniária.
c. ( ) O fato gerador fornece o valor a ser cobrado do tributo,
fazendo com que nasça uma obrigação principal.
d. ( ) O fato gerador de uma obrigação acessória é qualquer
situação definida em lei necessária e suficiente à sua obrigação.

2. O estado de calamidade pública consiste em uma situação anormal, podendo


ser devido a um desastre que provoque danos e prejuízos, comprometendo
a capacidade de resposta do Poder Público do ente atingido. Diante disso,
analise a seguinte afirmação: o governo brasileiro, frente a uma situação de
calamidade pública, pode instituir uma espécie tributária.

Nesse caso, com base em nossos estudos, a espécie tributária em questão é:

a. ( ) a taxa.
b. ( ) a contribuição de melhoria.
c. ( ) a contribuição social.
d. ( ) o empréstimo compulsório.

33
AUTOATIVIDADE

3. Conforme nossos estudos, tributos e impostos não têm o mesmo significado,


apesar de grande parte da população utilizar os termos como sinônimos. No caso,
temos que os tributos são classificados em espécies tributárias.

A respeito das espécies tributárias, assinale a alternativa correta.

a. ( ) Os impostos são vinculados à atuação estatal.


b. ( ) A contribuição de melhoria é cobrada pela União, decorrente de
obras públicas.
c. ( ) As taxas são vinculadas à seguridade social, saúde, previdência
e assistência social.
d. ( ) Os empréstimos compulsórios são cobradas do contribuinte com
o objetivo de financiar os custos de obra pública.

4. Conforme o art. 3 do CTN, o tributo é toda prestação pecuniária, compulsória,


em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada. Cada espécie tributária possui uma finalidade específica.

Quanto à finalidade a que se destina o tributo, quais são suas classificações?


Disserte a respeito da temática indicando cada classificação.

5. Os tributos, segundo a interpretação do Supremo Tribunal Federal, são divididos


em cinco grupos: imposto, taxas, contribuição por melhoria, empréstimos
compulsórios e contribuições especiais. Contudo, apesar de serem classificados
em espécies diferentes, carregam consigo algumas similaridades.

Dessa forma, com base em nossos estudos até o momento, apresente as principais
características das espécies tributárias.

34
TÓPICO 3
UNIDADE 1

Princípios do Planejamento
Tributário: Elisão, Evasão e
Infrações Tributárias
3.1. Introdução do tópico
As práticas de planejamento tributário são essenciais para uma boa
gestão empresarial. Esse planejamento, além de garantido na Constituição
Federal, é um dever legal determinado pela Lei n. 6.404/1976, conforme seu art.
153, em que temos o seguinte: “O administrador da companhia deve empregar,
no exercício de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e
probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios” (BRASIL,
[2019], on-line).
Ainda podemos verificar que os entes governamentais, em todas as
esferas, preocupados com possíveis diminuições das receitas, procuram meios
para descaracterizar um planejamento tributário, classificando-o como ilícito.
Assim, o parágrafo único do art. 116 foi introduzido ao Código Tributário
Nacional pela Lei Complementar n. 104/2001. O trecho em questão determina
que:
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar
atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular
a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos
constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos
em lei ordinária. (BRASIL, [2007], on-line)

Ainda a respeito do planejamento tributário, Fabretti (2017) esclarece


que se trata de um estudo realizado preventivamente, pesquisando-se os efeitos
jurídicos e econômicos, assim como as alternativas legais menos onerosas no
que se refere aos tributos. Trata-se da escolha entre opções lícitas, a qual possa
resultar em melhores resultados para a empresa. Diante disso, para entendermos
e gerirmos adequadamente uma organização, faz-se necessário reconhecer e
diferenciar as práticas de elisão e evasão fiscal, além das consequências relativas
às práticas de sonegação e fraude.

35
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

Figura 6. Planejamento

Fonte: StartupStockPhotos, Pixabay (2021).

O planejamento tributário é uma ferramenta de gestão muito importante


devido à complexidade do sistema, competitividade e economia globalizada.
Ele objetiva economizar nos pagamentos dos tributos devidos pelas empresas,
respeitando a legislação vigente. Neste tópico, portanto, buscaremos estudar e
entender a elisão fiscal, diferenciando-a da prática ilícita da evasão fiscal.

3.2. Elisão fiscal


No Brasil, temos uma alta carga tributária. Este é um dos pontos mais
críticos na gestão das empresas brasileiras. Conforme Crepaldi (2019), 33% do
faturamento das organizações no país é destinado à liquidação dos tributos.
Aliás, o Imposto de Renda (IR) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL) podem alcançar a margem de 51% do lucro líquido das empresas.
Podemos verificar, assim, uma cumulatividade de tributos, a qual
impede a recuperação dos créditos ao longo da cadeia produtiva, acarretando o
aumento dos custos de produção. Com isso, é importante para a competitividade
e sobrevivência das organizações que sejam adotadas as práticas da elisão fiscal.
De acordo com Silva (2013, p. 195), o “[…] planejamento lícito é aquele
realizado sem infringir as leis, enquanto o planejamento ilícito é aquele levado a
cabo com infração à lei”. Desse modo, Crepaldi (2019) complementa que a forma
lícita econômica na carga tributária das empresas é chamada de elisão fiscal e
conhecida como planejamento tributário. A segunda forma de economizar é a
sonegação ou fraude, chamada de evasão fiscal. É uma forma ilegal que acarreta
sanção para o empresário.
O autor ainda conceitua a elisão fiscal como “[…] um proceder legalmente
autorizado, que auxilia a legislação cumprir seu objetivo extrafiscal” (CREPALDI,
2019, p. 95), sendo adotado um conjunto de atos pelo contribuinte, autorizado
ou não pela legislação, objetivando uma carga fiscal reduzida. Assim sendo,
podemos entender a elisão fiscal como um conjunto de práticas lícitas baseadas
na legislação, com a finalidade de reduzir ou postergar o pagamento de tributos.

36
Princípios do Planejamento Tributário: Elisão, Evasão e Infrações Tributárias

A ideia é buscar impedir a incidência do fato gerador, reduzir a alíquota, a base


de cálculo e o valor dos tributos sem que ocorram penalidades ao contribuinte.
Antes que você se pergunte sobre a legalidade da elisão fiscal, cabe
destacar que a prática é um direito constitucional, garantido pelo art. 1 da
Constituição Federal.
Dentro da temática de elisão fiscal, deve-se realizar o planejamento
prévio das transações antes que ocorra o fato gerador. Crepaldi (2019) nos explica
que há duas espécies de elisões fiscais: decorrente da própria lei e resultante das
lacunas e brechas existentes na lei. Vamos conhecê-las melhor?
A elisão fiscal decorrente da própria lei diz respeito ao fato de que a
lei permite ou, até mesmo, leva a economia de tributos. Ocorre a vontade clara
e consciente do legislador em conceder ao contribuinte determinados benefícios
fiscais. Temos como exemplos a Lei n. 11.196/2005, de incentivos à inovação
tecnológica; e os incentivos fiscais, quando uma cidade oferece esses benefícios
fiscais a determinadas indústrias ao se instalarem no município (CREPALDI,
2019).
Já a elisão fiscal resultante de lacunas e brechas existentes na lei está
relacionada ao fato de que o contribuinte configura suas operações de modo que
se harmonize com gastos com tributos mais reduzidos. Utiliza-se de elementos
que a lei não proíbe ou contidos nela que possibilitem evitar o fato gerador de
tal tributo. Podemos exemplificar quando uma empresa muda de endereço para
pagar ISS com alíquota menor ou escolhe distribuir seus produtos de um Estado
que tenha uma alíquota menor.
No entanto, frente a essas considerações, como realizar a elisão fiscal?
Quais procedimentos devem ser adotados?
A priori, devemos lembrar que a contabilidade é uma ferramenta de
gestão que gera informações importantes para o processo de tomada de decisão.
Por conta disso, é imprescindível realizar e manter os registros das atividades
operacionais, das apurações de tributos, das provisões, dos créditos tributários e
das despesas incorridas no período para se ter informações fidedignas e confiáveis.
Em primeiro lugar, o planejamento tributário deve ser realizado com a
utilização das seguintes ferramentas:

• legislação tributária (Constituição Federal, CTN e demais leis


complementares);
• documentação contábil da empresa;
• livros contábeis e fiscais;
• guias de recolhimentos, declarações de rendimentos e outras
declarações que são obrigações próprias de cada contribuinte.

O profissional responsável pelo planejamento precisa de um conjunto


de conhecimentos, como noções básicas contábeis e jurídicas. Trata-se de aliar
o conhecimento do processo operacional e os fatos geradores de tributos com o

37
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

conhecimento de identificar na legislação tributária as oportunidades de redução


da carga tributária envolvida (CHAVES, 2017).
De posse das ferramentas e do conhecimento necessário, o responsável
pelo planejamento deve iniciar o processo com uma revisão fiscal, conforme
determina Chaves (2017, p. 3), seguindo alguns procedimentos:

1. fazer um levantamento histórico da empresa, identificando a origem


de todas as transações efetuadas, e escolher a ação menos onerosa para
os fatos futuros;

2. verificar a ocorrência de todos os fatos geradores dos tributos pagos


e analisar se houve cobrança indevida ou recolhimento a maior;

3. verificar se houve ação fiscal sobre fatos geradores decaídos, pois os


créditos constituídos após cinco anos são indevidos;

4. analisar, anualmente, qual a melhor forma de tributação do Imposto


de Renda e da contribuição sobre o lucro, calculando de que forma
(real ou presumida) a empresa pagará menos tributos;

5. levantar o montante dos tributos pagos nos últimos cinco anos, para
identificar se existem créditos fiscais não aproveitados pela empresa.

Realizadas as etapas e análises mencionadas, deve-se demonstrar quais


procedimentos serão adotados para reduzir a carga tributária.

Figura 7. Análise de carga tributária

Fonte: Freepik (2021).

Dentro de elisão fiscal, Crepaldi (2019) comenta a respeito da forma


abusiva, sobre a qual devemos ter atenção. O autor destaca que, em alguns casos,
pode ocorrer uma prática voltada à economia de tributos baseada em maneiras
atípicas ou anormais nas operações da organização, o que ocasionaria um abuso
na utilização dos institutos de direito privado ou na realização dos negócios
jurídicos.

38
Princípios do Planejamento Tributário: Elisão, Evasão e Infrações Tributárias

Para um entendimento mais claro e coerente, temos o seguinte:

• evasão fiscal ilícita: práticas atípicas que denotam abuso da legislação


tributária;
• elisão fiscal lícita: práticas legalmente aceitas.

Para Torres (2012), a elisão abusiva (ilícita), também chamada de


planejamento inconsistente, torna-se ilícito com o abuso de direito.
A elisão ilícita, por seguinte, se restringe ao abuso da possibilidade
expressiva da letra da lei e dos conceitos jurídicos abertos ou
indeterminados; inicia-se com a manipulação de formas jurídicas para
culminar na ilicitude atípica ínsista ao abuso de direito (art.187 do
Código Civil de 2002). (TORRES, 2012, p. 9)

A fim de verificar a elisão fiscal abusiva, podemos aplicar dois testes:


o de propósito negocial e o da proporcionalidade. O teste de propósito
negocial sinaliza que não devem produzir efeitos contra o fisco os negócios
jurídicos que tenham como objetivo único a obtenção da economia. Já o teste da
proporcionalidade ocorre quando é escolhida uma forma jurídica inadequada
que resulta em uma vantagem não prevista em lei, sem que o contribuinte
comprove o fundamento não tributário da escolha, significativo de acordo com o
quadro geral das circunstâncias (TORRES, 2012).
Uma maneira de evitar os abusos da elisão fiscal é recorrer à norma
antielisiva, como estabelece o parágrafo único do Código Tributário Nacional
(CTN), inserido pela Lei Complementar n. 104/2001:
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar
atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular
a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos
constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a
serem estabelecidos em lei ordinária. (BRASIL, [2007], on-line)

O principal objetivo da lei complementar em questão é inserir uma


cláusula não elisiva, regulamentando a possibilidade de desconsideração do
planejamento fiscal para fins tributários. Muitos especialistas mencionam que é
uma forma de reduzir o planejamento tributário, obrigando os contribuintes a
desembolsarem toda a carga tributária da atividade empresarial. Torres (2012)
complementa que a norma antielisiva objetiva desconsiderar ou requalificar o
fato gerador concreto — ou seja, do ato praticado com a simulação — e do fato
gerador abstrato.
Em outras palavras, a elisão fiscal, enquanto forma de planejamento
tributário, possibilita a redução da carga tributária, gerenciar adequadamente
o crédito tributário, melhorar o enquadramento da alíquota do tributo e,
consequentemente, melhorar o gerenciamento de caixa da empresa (SILVA, 2013).

39
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

UNI

Suponhamos que a empresa ABC, ao apurar o lucro líquido após o Imposto


de Renda, respeitando as regras da Lei n. 6.404/1976, observa a determinação quanto à
obrigação de remunerar sócios com a distribuição dos lucros, podendo ser por meio de
dividendos ou juros sobre o capital próprio. Nesse contexto, a empresa precisa determinar
qual é a forma de distribuição e terá de fazer um planejamento tributário, optando pela
alternativa que for mais vantajosa tanto para o sócio quanto para a organização.

Os juros sobre o capital próprio pode ser deduzido da base de cálculo do Imposto
de Renda. De certa forma, o sócio acabará podendo receber uma quantia menor de
distribuição de lucros, mas, por outro lado, pode maximizar o lucro da empresa.

Ainda com base no assunto, algumas terminologias merecem certo


destaque para que não haja dúvidas ou confusões:

• pró-labore: é a expressão que significa “pelo trabalho”. Diz respeito


à remuneração definida como salário para o sócio administrador
da empresa. É uma remuneração fixa, mensal e pré-determinada
destinada somente ao sócio com alguma atividade na organização;
• distribuição dos lucros: deve ser proporcional ao capital integralizado
pelos sócios. Quando não há lucros, não há distribuição. Além disso,
a distribuição dos lucros é isenta de tributação;
• juros sobre o capital próprio: praticado por empresas optantes pelo
regime de lucro real. Os juros sobre o capital próprio são dedutíveis
para o Imposto de Renda, sendo calculados sobre as cotas de
patrimônio líquido com o limite determinado pela variação da taxa
de juros de longo prazo.

Mas e quanto à evasão fiscal? Você saberia explicar do que se trata?


Estudaremos a respeito dela com o próximo item. Confira o conteúdo!

3.3. Evasão fiscal


A evasão fiscal é a economia de pagamento de tributos, baseando-se em
uma prática inadequada, alcançada ao se evitar a prática do ato, o surgimento
do fato jurídico ou de situação de direito suficiente à ocorrência do fato gerador
(FABRETTI, 2017). Ela é o oposto da elisão fiscal, pois tem por finalidade burlar
a legislação para obter vantagens por meio de práticas ilegais, como tributar de
maneira diferente de como deveria ser.
Crepaldi (2019) nos alerta que essa prática se caracteriza como ilicitude do
negócio jurídico tributário, podendo ser considerada crime de ordem tributária,
arcando com multa por uso de má-fé contra o erário. Fabretti (2017) complementa
que a evasão fiscal é uma prática contrária à legislação, ocorrida geralmente após

40
Princípios do Planejamento Tributário: Elisão, Evasão e Infrações Tributárias

o fato gerador da obrigação tributária, com a finalidade de redução ou ocultação.


Inclusive, ela está prevista na Lei n. 8.137/1990 (Lei dos Crimes Contra a Ordem
Tributária, Econômica e Contra as Relações de Consumo).
De acordo com os art. 1 e 2 da lei em questão, é crime contra a ordem
tributária extinguir ou diminuir tributo mediante as seguintes condutas:
I - omitir informações ou prestar declaração falsa às autoridades
fazendárias;

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou


omitindo operações de qualquer natureza, em documento ou livro
exigido pela lei fiscal;

III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda ou


qualquer outro documento relativo à operação tributável;

IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que


saiba ou deva saber falso ou inexato;

[…]

I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou


fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente
do pagamento do tributo;

[…]

V - utilizar ou divulgar programa de processamento ao sujeito passivo


da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela
que é, por lei, fornecida à fazenda pública. (BRASIL, [1999], on-line)

Dentro das práticas de evasão, algumas espécies são mais comuns, como
alterações, falsificações de documentos e omissão de informações na declaração
de Imposto de Renda. Entre essas práticas, destacam-se:

• o lançamento de mercadorias e serviços com valores alterados para


não ultrapassar os limites de faturamento do regime tributário;
• a omissão de valores que compõem a base de cálculo de algum tributo,
a exemplo do Imposto de Renda;
• utilizar pessoas alheias à atividade empresarial como “laranjas”;
• realizar a contratação informal de funcionários sem os devidos
registros para redução dos encargos trabalhistas;
• a venda de mercadorias e prestação de serviços sem a emissão de
nota fiscal.

41
UNIDADE 1 Fundamentos da Base da Tributação

Figura 8. Alterações tributárias

Fonte: Freepik (2021).

A Lei n. 8.137/1990 ainda nos traz que a pena para esse tipo de prática é
reclusão de dois a cinco anos, bem como uma multa. Além disso, temos que:
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade,
no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em
razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade
quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no
inciso V. (BRASIL, [1999], on-line)

Nesse contexto, conforme destacam os especialistas tributários, o crime


de sonegação exige dolo, ou seja, a intenção. Não existe a modalidade culposa.
Considerando esse cenário, muitas ferramentas foram incorporadas
ao fisco, sendo que, com o avanço tecnológico, novos recursos passaram a
auxiliar quanto à arrecadação, à fiscalização e ao recolhimento, como a Nota
Fiscal Eletrônica (NF-e), o Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), a
declaração de Imposto de Renda e o Sped. Tais ferramentas buscam melhorar a
arrecadação e o controle, permitindo a redução de burocracia e, principalmente,
evitando a sonegação.
O empresariado, assim como as pessoas físicas em geral, precisam
se atentar para não cometerem evasão fiscal (sonegação) e infringirem a lei
cometendo o crime previsto no Código Tributário Nacional (CTN).

3.4. Infrações Tributárias


Já que estamos falando a respeito de infrações, vamos entender a
diferença entre infração e sanção? Você sabe o que diferencia uma da outra?
A sanção é o elemento que garante o cumprimento da legislação tributária,
assim como a consequência do descumprimento da obrigação tributária. Já a
infração consiste na violação do dever legal, ou seja, do dever tributário. Nesse
caso, como ocorre o ato ilícito, o autor é penalizado com as ações previstas em lei.

42
Princípios do Planejamento Tributário: Elisão, Evasão e Infrações Tributárias

ATENCAO

É importante destacar, de acordo com o direito tributário, que a sanção


decorre do descumprimento da obrigação tributária. Nesse contexto, considera-se
obrigação tributária o dever de destinar dinheiro aos cofres públicos.

De acordo com artigo 113 do Código Tributário Nacional, temos que:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador,


tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e
extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por
objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse
da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. (BRASIL, [2007], on-
line)
Com essa divisão no Código Tributário Nacional, podemos classificar as
infrações em dois grandes grupos: infração substancial e infração formal.
A infração substancial consiste em o contribuinte não atender à obrigação
principal, geralmente por falta ou insuficiência do pagamento de tributos. Por sua
vez, a infração formal ocorre quando o contribuinte age contra os procedimentos
e as formalidades, ou seja, descumpre as obrigações acessórias.
Podemos verificar a natureza punitiva da penalidade confirmada no
artigo 157 do Código Tributário Nacional, o qual previne que a imposição da
penalidade não contesta o pagamento integral do crédito tributário (BRASIL,
[2007]).
A infração fiscal significa uma prática contrária à lei, ou seja, é uma
transgressão. Conforme a legislação, a infração fiscal pode ser classificada em
três espécies: exclusivamente tributária, simultaneamente tributária e penal e
exclusivamente penal.
A infração exclusivamente tributária está descrita apenas na lei fiscal.
Como exemplo, podemos citar a aplicação da alíquota errada no cálculo do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS). Nessa
situação, é aplicada uma sanção administrativo-fiscal, a qual é calculada sobre a
diferença não recolhida.
Já a infração simultaneamente tributária e penal está descrita tanto na
lei fiscal quanto na lei penal. Ocorre quando uma nota fiscal é falsificada, exigindo
o pagamento do tributo, da penalidade correspondente e da sanção prevista em
lei pelo motivo de falsificação também ser um ato ilícito penal.
Para finalizarmos, a infração exclusivamente penal é uma prática ilícita
descrita somente na lei penal, não sendo enquadrada na legislação fiscal.

43
AUTOATIVIDADE

1. O planejamento tributário tem por finalidade impedir a ocorrência do fato


gerador do tributo ou reduzir o valor do pagamento da obrigação tributária
pelo contribuinte. O planejamento tributário é um direito garantido pela
Constituição Federal.

O conjunto de práticas que objetiva proporcionar à entidade uma redução da


carga tributária, respeitando a legislação brasileira, é denominada:

a. ( ) evasão fiscal.
b. ( ) elisão fiscal.
c. ( ) emissão fiscal.
d. ( ) elusão fiscal.

2. Conforme nossos estudos, sabemos que o planejamento tributário é uma


análise realizada preventivamente, pesquisando-se os efeitos jurídicos e
econômicos, bem como as alternativas legais menos onerosas no que se refere
aos tributos.

Nesse sentido, a respeito da elisão fiscal, assinale a alternativa correta.

a. ( ) A elisão fiscal decorrente da própria lei, quando ocorre


a vontade clara e consciente do legislador em conceder ao
contribuinte determinados benefícios fiscais.
b. ( ) A elisão fiscal é resultante de lacunas e brechas existentes,
quando a lei permite ou, até mesmo, leva a economia de tributos.
c. ( ) A elisão fiscal é uma forma de economizar tributos por meio
de sonegação ou fraude.
d. ( ) A elisão fiscal lícita compreende maneiras atípicas ou
anormais nas operações da empresa, o que ocasionaria um abuso
na utilização dos institutos.

44
AUTOATIVIDADE

3. Sanção e infração são termos diferentes, mas, muitas vezes, confundidos como
se tivessem o mesmo significado. A infração, por exemplo, consiste na violação
do dever legal, ou seja, do dever tributário.

Nesse sentido, com base em nossos estudos a respeito das infrações, assinale a
alternativa correta.

a. ( ) A infração substancial significa uma prática contrária à lei, ou


seja, uma transgressão.
b. ( ) A infração fiscal está descrita apenas na lei fiscal, sendo que
podemos citar como exemplo a aplicação da alíquota errada no
cálculo do imposto.
c. ( ) A infração exclusivamente tributária consiste em o contribuinte
não atender à obrigação principal, geralmente por falta ou insuficiência
do pagamento de tributos.
d. ( ) A infração simultaneamente tributária e penal está descrita tanto
na lei fiscal quanto na lei penal. Ocorre quando uma nota fiscal é
falsificada.

4. Supondo que um empresário adulterou a nota fiscal de uma operação de venda


de produtos com um valor abaixo do real, podemos entender que ele estará sujeito
a um processo criminal e, ainda, um processo tributário.

Nesse contexto, considerando nosso material de estudos, explique qual tipo de


ação o empresário cometeu e quais são as possíveis consequências de seus atos.

5. Imagine que um empresário aplicou a alíquota errada para obter um valor


menor do imposto devido em uma operação. Com isso, será aplicada somente
uma sanção administrativa fiscal, calculada sobre a diferença do imposto devido.

Assim sendo, com base em nossos estudos, explique qual tipo de ação o empresário
cometeu e quais são as possíveis consequências de seu ato.

45
RESUMO
Nesta unidade, estudamos os fundamentos da legislação tributária e
os princípios constitucionais que orientam a legislação tributária. Os princípios
constitucionais tributários são espécies de limitações ao poder de tributar, sendo
que estão previstos nos art. 150 e 151 da Constituição Federal.
Além disso, também estudamos que o Sistema Legislativo é constituído
de forma piramidal, ou seja, de forma hierárquica. A Constituição Federal é a lei
máxima que as demais devem respeitar, seguidas pelas emendas à Constituição
Federal, pelas leis complementares, pelas leis ordinárias, pelas leis delegadas,
pelas medidas provisórias, pelos decretos legislativos e pelas resoluções.
Um aspecto muito importante de nossos estudos diz respeito às espécies
tributárias. Para muitos, pode haver certa confusão na hora de classificá-las,
considerando todas como impostos. Desse modo, é de extrema relevância saber
classificar adequadamente os tributos.
Por último, pudemos nos aprofundar quanto à outra questão interessante
e importante na contabilidade tributária: o planejamento tributário. O conhecemos
por meio da elisão fiscal, com o objetivo de economizar com o pagamento de
tributos.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

46
UNIDADE 2

Principais Tributos

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• reconhecer os principais tributos municipais, estaduais e federais;

• saber diferenciar corretamente os tributos municipais, estaduais e


federais;

• compreender os impactos dos tributos municipais, estaduais e federais


na gestão da entidade;

• entender como desenvolver os cálculos e a contabilização dos tributos


municipais, estudais e federais.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um
deles, você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos
apresentados.

TÓPICO 1 – Tributos municipais

TÓPICO 2 – Tributos estaduais

TÓPICO 3 – Tributos federais

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

47
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Os tributos podem ser classificados em diferentes espécies, como impostos,
taxas e contribuições, exercendo papel fundamental para a gestão. De acordo com
a Constituição Federal e o Código Tributário Nacional (CTN), a União, os Estados,
os municípios e o Distrito Federal têm a competência de instituírem, arrecadarem
e fiscalizarem os tributos conforme sua esfera de abrangência, definidos pela
legislação.

Nesse sentido, entender a diferença entre os tributos, de acordo com a


competência de cada ente federativo, assim como saber calculá-los e contabilizá-
los corretamente são processos primordiais para uma boa gestão tributária.
Somente com o correto conhecimento desses processos é possível realizar um
bom planejamento tributário e proporcionar economia no pagamento de tributos.

Diante desse contexto, nesta unidade, serão apresentados, de forma mais


prática, os tributos municipais, estaduais e federais, de modo que sejamos capazes
de diferenciá-los, avaliarmos seus impactos na gestão das organizações e, ainda,
desenvolvermos adequadamente os cálculos e a contabilização.

48
TÓPICO 1
UNIDADE 2

Tributos Municipais

1.1. Introdução do tópico


Os tributos municipais correspondem às espécies tributárias cobradas
pelos municípios, com o objetivo de arrecadar recursos financeiros e garantir o
cumprimento das obrigações do município diante das demandas da comunidade
local. Os impostos municipais, inclusive, são destinados à manutenção da
administração pública da região, aos serviços investimentos de infraestrutura
local, entre outras possibilidades.
A Constituição Federal garante aos municípios a cobrança dos seguintes
impostos: ISS, IPTU e ITBI. Vamos, então, estudar a respeito de cada um deles?

1.2. Imposto Sobre Serviços (ISS)


O Imposto Sobre Serviços (ISS) ou Imposto Sobre Serviços de Qualquer
Natureza (ISSQN), trata-se de um tributo de competência dos municípios e do
Distrito Federal, conforme previsto no art. 156 da Constituição Federal (CF) de
1988: “Compete aos municípios instituir impostos sobre: […] serviços de qualquer
natureza, não compreendidos no art. 155, […] definidos em lei complementar”
(BRASIL, [2020], on-line).
O ISS, conforme art. 1 da Lei Complementar n. 116/2003 e com as
alterações trazidas pela Lei Complementar n. 157/2016, tem como fato gerador
a prestação de certos serviços determinados em lei, ainda que estes não sejam
as atividades dominantes do empresário ou da organização (BRASIL, 2003). É
um imposto que incide sobre serviços de qualquer natureza, incluindo aqueles
realizados no exterior ou cuja prestação tenha sido iniciada fora do país, exceto
aqueles tributados pelo ICMS.

NOTA

A legislação sempre apresenta alterações, tanto que a Lei Complementar


n. 175/2020 traz mudanças na sistemática de recolhimento do ISS ao alterar o local
onde o imposto é devido nas hipóteses de prestação de serviços de plano de saúde,
administração de cartão de crédito e arrendamento mercantil (leasing).

49
UNIDADE 2 Principais Tributos

A base de cálculo do ISS é o preço do serviço, conforme determina o


art. 7 da Lei Complementar n. 116/2003. Suas alíquotas são estabelecidas pelos
municípios, mas a alíquota mínima é de 2%, enquanto a alíquota máxima é de 5%,
como estabelecido na Lei Complementar n. 116/2003, em seu art. 8.
O contribuinte do ISS é o prestador de serviço, sendo que o local de
prestação vige a regra do recolhimento para o município do estabelecimento
desse prestador. Contudo, a Lei Complementar n. 116/2003 estabelece exceções
à regra, conforme seu art. 3. Dessa maneira, temos que não há incidência do ISS
nos seguintes casos:

• exportações de serviços para o exterior do país;


• prestação de serviços relacionados a empregabilidade, trabalhadores
avulsos, diretores e membros de conselho consultivo ou fiscal de
sociedades e funções, além de sócios gerentes e gerentes delegados;
• nas intermediações no mercado de títulos e valores mobiliários;
• nas transações bancárias e que incidem juros, como financiamentos e
empréstimos realizados por instituições financeiras.

Quando não há retenção do ISS, o prestador de serviço é o responsável


pelo recolhimento do ISS ao município, sendo o contribuinte do imposto.

Quadro 5. ISS sem retenção

Prestador de serviço Tomador do serviço

Débito – Duplicata a receber/banco Débito – Custo ou despesa do serviço tomado

Crédito – Receita de serviços Crédito – Conta a pagar/banco

Débito – ISS sobre vendas de serviços

Crédito – ISS a recolher

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Por outro lado, quando ocorre a retenção do ISS, como descrito no


art. 6 da Lei Complementar n. 116/2003, o tomador do serviço é o contribuinte
responsável, ou seja, terá que realizar a retenção e o recolhimento do ISS.

50
Tributos Municipais

Quadro 6. ISS com retenção

Prestador de serviço Tomador do serviço

Débito – Duplicata a receber/banco Débito – Custo ou despesa do serviço tomado

Débito – ISS a recuperar Crédito – ISS sobre serviço tomado (a recolher)

Crédito – Receita de serviços Crédito – Conta a pagar/banco

Débito – ISS sobre vendas de serviços

Crédito – ISS a recuperar (ISS retido)

Fonte: Elaborado pela autora (2021).


Vamos analisar um exemplo para entendermos melhor a respeito da
temática? Então suponha que ABC é uma empresa prestadora de serviços. A
lei municipal determina retenção na fonte, com alíquota de 5% para fins de ISS.
Imagine, diante disso, um serviço de R$ 12.000,00. Por ocasião da emissão da nota
fiscal, o adequado registro da ABC seria o seguinte:

• débito de contas a receber = R$ 11.400,00;


• débito de ISS a recuperar = R$ 600,00;
• crédito de receita de serviços = R$ 12.000,00.

Após esse levantamento de informações, a empresa deve realizar mais


dois registros: um para reconhecer o encargo do ISS e outro para quitar a obrigação
contraída com o direito adquirido. Desse modo, temos o seguinte:

• débito de despesa de ISS = R$ 600,00;


• crédito de ISS a pagar = R$ 600,00;
• débito de ISS a pagar = R$ 600,00;
• crédito de ISS a recuperar = R$ 600,00.

Compreendido a respeito do ISS, vamos conhecer o ITBI?

51
UNIDADE 2 Principais Tributos

1.3 Imposto sobre a Transmissão de bens intervivos de


Bens Imóveis (ITBI)
O Imposto sobre a Transmissão de bens intervivos de Bens Imóveis (ITBI)
é um imposto de competência dos municípios, tendo por objetivo a arrecadação de
recursos financeiros para a Fazenda Pública dos municípios e do Distrito Federal,
o que denota sua função fiscal (CREPALDI, 2014). Ele é previsto no art. 156 da
Constituição Federal e regido pelos art. 35 a 42 do Código Tributário Nacional.
Com a definição da base de cálculo, o valor venal do bem, o ITBI deverá
ser pago sempre que houver a transferência de propriedade. Dessa forma, o
imposto será recolhido ao município onde a propriedade está localizada. Assim,
o fato gerador para o ITBI compreende, conforme o art. 35 do Código Tributário
Nacional, o seguinte:
I - a transmissão da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis,
por natureza ou acessão física […];

II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis,


exceto os direitos reais de garantia;

III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos


I e II. (BRASIL, [2007]a, on-line)

Quanto à alíquota, o ITBI não é um imposto progressivo. A maioria dos


municípios brasileiros adota a alíquota de 2%. Diante disso, da mesma forma que
nos outros tributos, a alíquota é aplicada sobre o valor da propriedade.

ATENCAO

É importante destacar que, em alguns casos, não há incidência do ITBI,


como em incorporação e fusão de empresas e na integralização de capital subscrito
pelo sócio, exceto quando a empresa que integralizar a propriedade como capital tenha
a atividade principal relacionada a atividades imobiliárias.

Por exemplo, imagine que você comprou um imóvel no valor de R$


250.000,00. A alíquota do ITBI é de 2%. Nesse caso, multiplicando o valor do
bem pela alíquota do imposto em questão, ficamos com R$ 5.000,00. Logo, em
reconhecimento, temos:

• débito de despesa de ITBI = R$ 5.000,00;


• crédito de ITBI a pagar = R$ 5.000,00.

52
Tributos Municipais

Já no que diz respeito ao pagamento, podemos considerar:

• débito de ITBI a pagar = R$ 5.000,00;


• crédito de caixa/banco = R$ 5.000,00.

Agora, para finalizarmos essa primeira parte do material, conheceremos


em mais detalhes a respeito do IPTU, que é mais conhecido em nosso dia a dia.
Acompanhe!

1.4. Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU)


O Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU) incide sobre
as propriedades situadas na área urbana dos municípios. Para Crepaldi (2014), o
objetivo do IPTU é a arrecadação de recursos financeiros, evidenciando a função
fiscal do tributo.
De acordo com Pêgas (2017), o IPTU é cobrado de todos os tipos de
bens imóveis, como casas e prédios residenciais, comerciais e industriais. É um
imposto direto que possui como fato gerador a posse da propriedade urbana. Já
conforme o art. 32 do Código Tributário Nacional, temos que:

O imposto de competência dos municípios sobre a propriedade predial


e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio
útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física,
como definido na lei civil, localizado na zona urbana do município.
(BRASIL, [2007]a, on-line)

O art. 33 do Código Tributário Nacional estabelece como base de


cálculo para o IPTU o valor venal da propriedade urbana. O valor de escritura da
propriedade, definido pelo proprietário, não é considerado pelo município.
Quanto ao contribuinte, Pêgas (2017) destaca que o proprietário do
imóvel é o responsável, mas também são considerados contribuintes os posseiros,
ocupantes ou comodatários de imóveis do governo (federal, estadual e municipal),
titulares de domínio útil (exercício dos direitos de uso, gozo e fruição sobre o bem
imóvel), promitentes compradores imitidos na posse e possuidores de qualquer
título.
No que diz respeito às alíquotas, a Constituição Federal permite a
cobrança do IPTU de forma progressiva, ou seja, cobra-se mais quem tem imóvel
com valor maior. Nesse contexto, imaginemos o seguinte exemplo:

53
UNIDADE 2 Principais Tributos

Tabela 1. Exemplos de cobrança de IPTU

Imóvel 1 Imóvel 2 Imóvel 3

Valor venal R$ 80.000,00 R$ 150.000,00 R$ 700.000,00

Alíquota 1,2% R$ 960,00 R$ 1.800,00 R$ 8.400,00

Desconto R$ 390,00 R$ 390,00 -

IPTU a pagar R$ 570,00 R$ 1.410,00 R$ 8.400,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

O primeiro imóvel, por exemplo, tem um débito de IPTU a apropriar no


valor de R$ 570,00 e um crédito de IPTU a pagar no mesmo valor de R$ 570,00:

• débito de IPTU a pagar = R$ 570,00;


• crédito de caixa/banco = R$ 570,00;
• apropriação mensal de R$ 570,00 = 12 meses = R$ 47,50;
• débito de despesas com IPTU = R$ 47,50;
• crédito de IPTU a apropriar = R$ 47,50.

Assim, pudemos conhecer três impostos: ISS, ITBI e IPTU, os quais são
previstos no art. 156 da Constituição Federal para competência do município.
Os tributos municipais, portanto, são gerenciados pelos municípios e têm por
objetivo arrecadar recursos financeiros, garantindo o atendimento a serviços para
a sociedade local.

54
AUTOATIVIDADE

1. De acordo com a Lei Complementar n. 116/2003, em seu art. 1, temos que


o “[…] Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos
municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de
serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como
atividade preponderante do prestador” (BRASIL, 2003, on-line).

BRASIL. Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003. Dispõe sobre o


Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos municípios
e do Distrito Federal, e dá outras providências. Brasília: Congresso Nacional,
2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.
htm. Acesso em: 26 abr. 2021.

Assim, de acordo com a Lei Complementar n. 116/2003, o ISS será devido:

a. ( ) nas exportações de serviços para o exterior.


b. ( ) sobre o valor intermediado no mercado de títulos e valores
mobiliários.
c. ( ) pelos membros de conselho fiscal ou consultivo de empresas
e fundações.
d. ( ) nos serviços prestados no Brasil, quando pagos por residentes
no exterior.

2. De acordo com a legislação vigente, o Imposto sobre Transmissão


de Bens Móveis (ITBI) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)
trazem características similares, pois são impostos sobre o patrimônio e de
competência dos municípios.

Nesse sentido, considerando nossos estudos até o momento com relação aos
tributos municipais IPTU e ITBI, analise as afirmativas a seguir.

I. O IPTU é cobrado somente sobre propriedades rurais.

II. O ITBI é um imposto progressivo com variação de alíquotas conforme o


valor do imóvel vendido.

III. O IPTU possui como base de cálculo o valor venal do imóvel.

55
AUTOATIVIDADE

Está correto o que se afirma em:

a. ( ) I e III.
b. ( ) II, apenas.
c. ( ) III, apenas.
d. ( ) I e II.

3. Como bem sabemos, o Imposto Sobre Serviços (ISS) é de competência dos


municípios, de acordo com a Constituição Federal. Entretanto, as alíquotas
mínima e máxima são determinadas pelo Senado Federal.

Assim sendo, qual é a alíquota máxima permitida a ser cobrada pelos municípios?

a. ( ) 2%.
b. ( ) 3%.
c. ( ) 4%.
d. ( ) 5%.

4. Imagine a seguinte situação: determinado município brasileiro, visando


aumentar sua arrecadação com os impostos municipais, decidiu estabelecer uma
alteração na legislação municipal, modificando a alíquota do ISS. De acordo com
a proposta, o município adotaria a alíquota de 6%.

Nesse contexto, com base em nossos estudos e diante das legislações vigentes,
avalie criticamente a decisão do município em questão.

5. Suponha que determinado município brasileiro, a fim de atrair empresas para o


seu território, propôs uma política de incentivos fiscais. Com ela, as organizações
poderiam se instalar e empregarem os moradores do município. Na política de
incentivos fiscais, o município garantiu a redução de ICMS, de Imposto de Renda
e das contribuições de PIS, COFINS e CSLL, bem como isenção de IPTU por 10
anos.

Respeitando a legislação vigente, com base em nossos estudos até o momento,


avalie a proposta de incentivos fiscais do município.

56
TÓPICO 2
UNIDADE 2

Tributos Estaduais

2.1. Introdução do tópico


Os tributos estaduais são aqueles arrecadados que pertencem aos Estados
e ao Distrito Federal. Tratam-se de um mecanismo para que os entes federativos
arrecadem recursos financeiros a fim de manterem a máquina pública estadual e
garantirem os serviços públicos à população, como segurança, saúde e educação.
A Constituição Federal, inclusive, garante para os Estados o poder de
tributar algumas operações que lhes foram designadas de competência. Conforme
a referida lei e o Código Tributário Nacional (CTN), os impostos estaduais são
ICMS, IPVA e ITCMD. Por isso, a partir de agora, conheceremos cada um de
forma mais detalhada!

2.2. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços


(ICMS)
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um
tributo estadual que incide sobre produtos de diferentes tipos. Em geral, ele é
embutido no preço dos bens e serviços, cobrado mediante o fenômeno jurídico
da repercussão. Conforme Pêgas (2017), é o imposto de maior arrecadação no
sistema brasileiro.
Com sua base na Constituição, conforme art. 155, temos que compete
aos Estados e ao Distrito Federal aplicar impostos sobre as “[…] operações
relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior” (BRASIL, [2020], on-line).
Quanto ao fato gerador do ICMS, o imposto incide sobre as operações de
circulação de mercadorias e prestação de determinados serviços, compreendendo:

• a saída de mercadorias de estabelecimentos comerciais, industriais


ou o próprio produtor, mesmo que seja para um estabelecimento do
mesmo titular;
• a prestação de serviços de transportes interestadual ou intermunicipal;
• a prestação de serviços de comunicações e telecomunicações;
• a atividade de importações em estabelecimentos comerciais,
industriais ou produtos, mesmo que a mercadoria seja para consumo
ou bem do ativo imobilizado;

57
UNIDADE 2 Principais Tributos

• transações de fornecimento de mercadorias com prestação de serviços


não estabelecidos pela competência tributária aos municípios.

Ainda no art. 155 da Constituição Federal, são apresentadas as


características essenciais do ICMS: não-cumulatividade e seletividade em função
da essencialidade dos bens e serviços, de modo que alíquotas maiores poderão
ser aplicadas aos produtos considerados não essenciais. De modo mais detalhado:

• não cumulatividade: haverá compensação do imposto que for


devido em cada operação de circulação de mercadorias ou prestação
de serviços, com a quantia cobrada das transações anteriores pelo
próprio imposto, pelo Estado ou pelo Distrito Federal;
• seletividade: o ICMS poderá ser seletivo em função da essencialidade
das mercadorias e dos serviços;
• alíquota: é de competência do Senado Federal estabelecer as
alíquotas que serão aplicadas nas operações e prestações de serviços
interestaduais e de exportação.

E
IMPORTANT

Além da base legislativa no art. 155 da Constituição Federal de 1988, há uma


lei complementar (Lei de Kandir), publicada em 1966, que direciona as normas gerais do
ICMS. Temos, ainda, as leis e os decretos estaduais, os quais dispõem sobre a instituição
do imposto em cada estado brasileiro.

Além disso, vale ressaltar que, em operações interestaduais, o


recolhimento do imposto será entre a alíquota interna e a interestadual, sendo
o responsável o destinatário, se contribuinte do imposto; ou o remetente, se o
destinatário não for o contribuinte do imposto.
A respeito da base de cálculo do ICMS, deve-se agregar ao valor da
operação mercadorias com importâncias acessórias, como seguros e fretes de
responsabilidade do comprador, sendo ajustado quando houver descontos
incondicionais.
Considerando que a base de cálculo está diretamente relacionada à
natureza da operação, a tabela a seguir nos traz um exemplo mais claro.

58
Tributos Estaduais

Tabela 2. ICMS e a natureza da operação

Mercadoria para Mercadoria para


Mercadoria para uso
industrializar comercializar

Valor da mercadoria R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00

IPI (10%) R$ 100,00 R$ 100,00 R$ 100,00

ICMS (18%) R$ 180,00 R$ 180,00 R$ 180,00

Valor da NF R$ 1.100,00 R$ 1.100,00 R$ 1.100,00

Valor da mercadoria incorporada ao


R$ 820,00 R$ 920,00 R$ 1.100,00
estoque

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Quanto ao lançamento contábil, na compra, temos o seguinte:

• débito de estoque;
• débito de ICMS a recuperar;
• crédito de caixa/fornecedores;

Já quanto à venda, podemos considerar que:

• débito de caixa/banco;
• crédito de receita de vendas;
• débito de custo de mercadoria vendida (CMV);
• crédito de estoque;
• débito de ICMS sobre vendas;
• crédito de ICMS a recuperar.

Ainda precisamos destacar o diferencial de alíquota (DIFAL). Este


consiste no pagamento do diferencial de alíquota que o Estado destinatário
cobrará de mercadorias voltadas ao consumo próprio ou para o ativo imobilizado.
Ele será cobrado quando estiverem satisfeitas as seguintes premissas: venda
interestadual, quando o destinatário for contribuinte que irá utilizar o bem como
material de uso e consumo ou integrará o imobilizado, quando o destinatário for
não contribuinte e quando a alíquota interna do Estado destinatário for superior
à alíquota interestadual.

59
UNIDADE 2 Principais Tributos

Por exemplo, vamos supor que determinado produto custe R$ 1.000,00.


A alíquota interestadual equivale a 7%, enquanto a alíquota do destinatário é de
23%:

• ICMS próprio = R$ 1.000 x 7% = R$ 70,00;


• ICMS DIFAL = R$ 1.000 x 23% = R$ 230,00;
• R$ 230 – R$ 70 = R$ 160,00.

Para encerrarmos sobre o ICMS, ainda precisamos abordar a substituição


tributária, que consiste em atribuir a responsabilidade do pagamento do tributo
a um terceiro, ou seja, ao substituto tributário, o qual terá a responsabilidade de
recolher o imposto relativo às operações subsequentes até o consumidor final
(PÊGAS, 2017).
Dessa forma, temos na legislação duas modalidades de contribuintes:

• substituto: é aquele eleito para efetuar a retenção e/ou o recolhimento


do ICMS;
• substituído: é aquele que, nas operações, prestações antecedentes
ou concomitantes, é beneficiado pelo diferimento do imposto; nas
operações ou prestações subsequentes, sofre a retenção.

E
IMPORTANT

Não são todos os produtos que estão sujeitos ao recolhimento do ICMS de


substituição tributária. A lista é definida pelo Conselho Nacional de Política Fazendária
(CONFAZ), com constantes atualizações, por isso, é importante se manter atualizado às
publicações. Os produtos sujeitos mais comuns são as bebidas alcoólicas (exceto cerveja
e chope), as lâmpadas, os materiais elétricos, os materiais de limpeza, os produtos de
perfumaria, higiene pessoal e cosméticos, entre outros.

Para o cálculo do ICMS de substituição tributária em empresas normais, utiliza-se


a fórmula: ICMS ST = (Al x BC ST) – ICMS operação própria, em que:

• ICMS ST = imposto a recolher por substituição tributária;


• Al = alíquota interna aplicável ao produto;
• BC ST = base de cálculo da substituição tributária apurada conforme
a regra aplicável ao produto;
• ICMS operação própria = ICMS incidente sobre a operação praticada
pelo próprio remetente.

60
Tributos Estaduais

Por exemplo, suponhamos um substituto sujeito ao regime normal de


apuração do ICMS (não optante pelo Simples Nacional), com operação interna
(dentro do mesmo Estado), base de cálculo da operação própria de R$ 1.000,00,
base de cálculo da substituição de R$ 1.400,00 e alíquota interna de 17%. Logo,
temos que:

• ICMS operação própria = R$ 1.000 x 17% = R$ 170,00;


• ICMS-ST = (R$ 1.400 x 17%) - R$ 170 = R$ 68,00.

Por outro lado, se pensarmos em uma operação interestadual, com base


de cálculo da operação própria de R$ 1.000,00, base de cálculo da substituição de
R$ 1.400,00, alíquota interna de 17% e alíquota interestadual de 12%, teremos que:

• ICMS operação própria = R$ 1.000 x 12% = R$ 120,00;


• ICMS-ST = (R$ 1.400 x 17%) - R$ 120,00 = R$ 118,00.

Compreendida essa parte do conteúdo, podemos passar ao próximo


tributo estadual, também recorrente em nosso dia a dia. Trata-se do IPVA. Confira!

2.3. Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores


(IPVA)
O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA),
conforme nos explica Pêgas (2017), é cobrado anualmente sobre o valor dos
veículos automotores. Logo, consiste em um imposto sobre o patrimônio. Ele
não tem relação com a prestação de serviços do Estado para com a sociedade,
como manutenção e sinalização de vias públicas. Sua função, conforme destaca
Crepaldi (2014), é fiscal, embora seja possível identificar uma função extrafiscal
quando verificada a diferença de alíquota em decorrência do tipo de potência e
combustível utilizados pelo veículo.

ATENCAO

O contribuinte do IPVA, como a legislação designa, é o proprietário do


veículo automotor, pessoa física ou jurídica, que o nome do veículo esteja licenciado.

A propriedade do veículo automotor, independentemente de ser um


automóvel particular, caminhões, motocicletas ou ônibus; é o fato gerador para
o IPTU, sendo o imposto devido quando ocorre a compra de veículo zero km,
incidindo a partir da data de aquisição na nota fiscal, ou com a propriedade do
veículo.

61
UNIDADE 2 Principais Tributos

Sobre a alíquota, como o IPVA é de responsabilidade de cada Estado, a


alíquota é fixada por lei estadual, mas o percentual mínimo é fixado pelo Senado
Federal, como determina o art. 155 da Constituição Federal.
A base de cálculo é o valor venal do veículo a cada ano. Esse valor é
estabelecido anualmente de acordo com resolução específica, refletindo os preços
médios de mercado que são apurados pela Fundação Instituto de Pesquisa
Econômicas (FIPE). Além disso, conforme Pêgas (2017), os veículos de propriedades
das três esferas governamentais — assim como de templos, partidos políticos e
suas fundações, entidades sindicais, instituições educacionais e assistenciais sem
fins lucrativos, incluindo, ainda, aqueles de empresa pública — são isentos do
pagamento do IPVA.

NOTA

Os veículos mais antigos tem isenção de IPVA. As idades mínimas de


fabricação para ter IPVA isento variam de 10 até 20 anos, de acordo com o Estado.

O pagamento do IPVA é exigido nos primeiros meses do ano. O correto


registro no resultado é distribuído pelos 12 meses do ano, período de alcance do
IPVA pago (PÊGAS, 2017). Por exemplo, peguemos um veículo com valor de R$
45.000,00, sendo a alíquota do IPVA de 2%. Multiplicando o valor e a alíquota,
temos R$ 900,00.
Admitindo que se pague o imposto em três parcelas, nos meses de
fevereiro, março e abril, teríamos os seguintes registros ao longo do ano:
Quadro 7. Registros de IPVA
Registro em janeiro Registro mensal
Débito de IPVA a pagar (passivo)

Débito de IPVA a apropriar (ativo) Crédito de caixa-banco (ativo) = R$ 300,00

Crédito de IPVA a pagar (passivo) = R$ 900,00 Débito de despesa mensal com IPVA

Crédito de IPVA a apropriar

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

E quanto ao ITCMD? Você sabe do que se trata esse imposto?


Estudaremos a respeito do assunto a partir de agora. Acompanhe o conteúdo!

62
Tributos Estaduais

2.4. Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação


(ITCMD)
O Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) é mais
conhecido como imposto sobre a herança. Trata-se de um tributo de competência
dos Estados e do Distrito Federal, conforme instituído na Constituição Federal,
em seu art. 155, e no Código Tributário Nacional, nos seus art. 35 a 42.
De acordo com a Constituição Federal, em específico, temos que compete
aos Estados e ao Distrito Federal aplicar impostos sobre a “[…] transmissão
causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos” (BRASIL, [2020], on-line).
Contudo, a Lei n. 5.172/1966 (Código Tributário Nacional), em seu art. 35, traz o
seguinte:
Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão
de bens imóveis e de direitos a eles relativos tem como fato gerador:

I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil


de bens imóveis por natureza ou por acessão física, como definidos na
lei civil;

II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis,


exceto os direitos reais de garantia;

III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos


I e II.

Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos


geradores distintos quantos sejam os herdeiros ou legatários. (BRASIL,
[2007]a, on-line)

Para determinar a base de cálculo do Imposto sobre Transmissão Causa


Mortis e Doação (ITCMD), deve-se considerar o valor venal do bem ou direito
transmitido. Esse valor é aquele de mercado na data de abertura da sucessão, com
atualização monetária até a data para o pagamento.
Conforme Pêgas (2017), a transmissão causa mortis ocorre em todos os
casos de sucessão de bens e direitos, inclusive a provisória. O fato gerador, na
transmissão, se dá na data da abertura da sucessão. Já a doação se opera nos termos
da lei civil quando uma pessoa, por liberalidade, transfere bens ou direitos do seu
patrimônio para o de outra que os aceita expressa, tácita ou presumidamente,
com ou sem encargo.
No caso, o ITCMD deverá ser pago integralmente, no prazo de 60 dias
após a ciência do lançamento, sendo possível pagar em quatro parcelas mensais
e sucessivas, sem acréscimos, sendo a primeira vencível em 30 dias, ou parcelar
em até 24 meses (extensíveis para até 60 meses, por meio de decreto), nos termos
e nas condições estabelecidos em resolução da Secretaria de Estado de Fazenda.

63
UNIDADE 2 Principais Tributos

Resumidamente, são contribuintes do imposto:

• na transmissão causa mortis: herdeiro ou legatário;


• no fideicomisso: fiduciário;
• na doação: donatário;
• na cessão de herança, bem ou direito a título não oneroso: cessionário.

A alíquota máxima do ITD foi fixada em 8% pela Resolução n. 09/1992


do Senado Federal. A maior parte dos Estados cobra alíquota de 4%.
Vamos a um exemplo para melhor fixação do conteúdo? Admitindo a
transmissão de bens no valor de R$ 500.000,00 e considerando uma alíquota de
4%, ao realizar o cálculo, temos que R$ 500.000 x 4% = R$ 20.000,00.

64
AUTOATIVIDADE

1. Imagine a seguinte situação: a ABC (indústria de São Paulo) vendeu algumas


mercadorias para a Comercial Atacadão (comércio, então irá revender) por R$
1.000,00 + R$ 100,00 de IPI, totalizando R$ 1.100,00. A alíquota interna de São
Paulo é de 18%.

Nesse caso, considerando os dados expostos e nossos estudos até o momento,


podemos afirmar que o ICMS devido pela ABC na operação é de:

a. ( ) R$ 70,00.
b. ( ) R$ 77,00.
c. ( ) R$ 120,00.
d. ( ) R$ 180,00.

2. Como pudemos aprender até o momento, o ICMS é um tributo direto com


incidência sobre as operações de movimentação de mercadorias, serviços de
comunicação e transportes interestadual e intermunicipal.

Diante desse contexto, considerando nossos estudos, podemos concluir que o


saldo da conta ICMS a recuperar representa:

a. ( ) Crédito da empresa com clientes.


b. ( ) Crédito da empresa com o governo.
c. ( ) Débito da empresa com o governo.
d. ( ) Débito da empresa com fornecedores.

3. O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é cobrado


sobre a propriedade de veículos automotores, sendo de competência dos
Estados. Dessa forma, este ente tem a responsabilidade de recolhimento.

Com base em nosso material sobre o IPVA, analise as afirmativas a seguir.

I. É de competência dos Estados, mas é o Senado Federal que determina a


alíquota para cada Estado.

65
 AUTOATIVIDADE

II. O imposto não incide apenas sobre carros ou motos, contemplando todos os
veículos automotores (automóvel, motocicleta, aeronave ou embarcações).

III. Não há obrigatoriedade de o Estado aplicar a arrecadação com o IPVA em


novas estradas ou na recuperação da malha viária.

Está correto o que se afirma em:

a. ( ) I, apenas.
b. ( ) II e III.
c. ( ) III, apenas.
d. ( ) I, II e III.

4. Suponhamos o seguinte: uma empresa do setor industrial adquiriu matérias-


primas a prazo no valor total de R$ 20.000,00, sendo que a alíquota referente ao
ICMS aplicável a essa aquisição foi de 12%.

Diante da situação, apresente o lançamento correto da operação.

5. Imagine o seguinte caso: a empresa ABC comprou matérias-primas (estoques)


do fornecedor XPTX à vista, no valor de R$ 160.000,00, incluindo o valor de R$
28.800,00 de ICMS (alíquota de 18%). A ABC pode recuperar o ICMS.

Desse modo, apresente a correta contabilização dessa operação da ABC.

66
TÓPICO 3
UNIDADE 2

Tributos Federais

3.1. Introdução do tópico


A escolha do regime de tributação determina a forma como será apurado e
recolhido os tributos indiretos: Programa de Integração Social (PIS), Contribuição
para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL). Essa escolha deve ser baseada em informações reais das
transações da empresa, como receita bruta do ano anterior, previsão de receita
para o ano corrente, margem de lucro, folha de pagamento, remuneração dos
sócios, entre outras.

3.2. Tributos sobre o consumo


As contribuições sociais estão instituídas no art. 195 da Constituição
Federal, mas foram modificadas pela Emenda Constitucional n. 20/1998, visando
atender à seguridade social. Essas contribuições, conforme destaca Pêgas (2017),
direcionadas para a seguridade social, incidem sobre a folha de salários e terceiros
(INSS), o faturamento ou a receita (PIS e COFINS) e o lucro (CSLL).
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é um órgão do Ministério
da Previdência Social, responsável pelos pagamentos de aposentadoria e demais
benefícios dos trabalhadores brasileiros, conforme instituído no art. 1 do Decreto
n. 9.746/2019: “Art. 1. Ficam aprovados a estrutura regimental e o quadro
demonstrativo dos cargos em comissão e das funções de confiança do Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS” (BRASIL, 2019, on-line).
O INSS foi criado em 27 de junho de 1990, durante o governo de Fernando
Collor de Melo, a partir da fusão do Instituto de Administração Financeira e
Assistência Social (MPAS), atual Ministério da Previdência Social (MPS). Sua
função é operacionalizar o reconhecimento dos direitos do regime geral de
Previdência Social, por meio do Decreto n. 99.350/1990.
Conforme o art. 18 da Lei n. 8.123/1991, podemos entender a Previdência
como um seguro que visa garantir a renda do contribuinte e de sua família nos
seguintes casos: doença, acidente, gravidez, prisão, morte e velhice. Diante disso,
seus principais benefícios são a aposentadoria por tempo de contribuição, a
aposentadoria por idade e invalidez, a pensão por morte, o auxílio-doença e o
auxílio-acidente (BRASIL, [2015]).

67
UNIDADE 2 Principais Tributos

E
IMPORTANT

Caparroz (2019) nos indica que, entre as principais características das


contribuições socias gerais, podemos destacar que são de competência da União, são
regidas pelo mesmo regime jurídico das demais contribuições previstas no art. 149 da CF
e se sujeitam integralmente ao regime constitucional tributário, sem comportar exceções.
Além disso, são instituídas por lei ordinária, obedecem ao princípio da anterioridade
comum e financiam a atuação, em outros campos sociais, de responsabilidade do
Estado.

Alguns desses campos, inclusive, estão previstos no art. 195 da CF, como
saúde, previdência e assistência social, pertencentes à seguridade social.
A Contribuição Previdência Patronal (CPP), conforme a Lei n. 8.212/1991,
em seu art. 22, refere-se ao tributo devido pela empresa referente ao INSS. A
norma também assegura que esse tributo incide sobre as remunerações pagas aos
funcionários, correspondendo a uma alíquota de 20% sobre a folha de pagamento.
Ademais, a receita auferida pela pessoa jurídica significa que, mesmo
havendo a redução no faturamento, a empresa deverá recolher o mesmo valor
de CPP, pois a única possibilidade de redução é diminuindo os pagamentos das
pessoas físicas.
Conforme nos explica Carota (2018), as contribuições devidas ao INSS
são distribuídas da seguinte maneira:

• contribuição de 20%: sobre a remuneração paga na folha de


pagamentos de colaboradores, assim determinado pelo art. 22, inciso
I, da Lei n. 8.212/1991. Para as instituições financeiras e os bancos, a
alíquota é de 22,5%.
• Seguro de Acidente de Trabalho (SAT): o percentual da contribuição
depende do nível de risco da atividade empresarial, sendo 1% para
risco leve, 2% para risco médio e 3% para risco grave. Pode, ainda,
ocorrer contribuição adicional, como determina o art. 57 da Lei n.
8.212/1991;
• serviços prestados por intermédio de cooperativas de trabalho: a
empresa tomadora de serviços recolherá 15% do valor da nota fiscal
de prestação de serviços emitida pela cooperativa, conforme art. 22 da
Lei n. 8.212/1991. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal declarou
inconstitucional, por isso, no Ato Declaratório Interpretativo n. 5,
orienta a contribuição de INSS em 20% retirado do cooperado que
presta serviço para a cooperativa;
• COFINS: proveniente do faturamento da empresa, instituída pela Lei
n. 10.833/2003, existindo dois regimes distintos, sendo um cumulativo
e outro não cumulativo, com as respectivas alíquotas de 3% e 7,6%;

68
Tributos Federais

• PIS (PIS/PASEP): proveniente do faturamento, instituído pela Lei


n. 10.637/2002, também existindo dois regimes distintos, sendo um
cumulativo e outro não cumulativo, com as respectivas alíquotas
de 0,65% e 1,65%. No entanto, cabe ressaltar que nas fundações e
instituições sem fins lucrativos, a alíquota é de 1% sobre a folha de
pagamento;
• CSLL: possui alíquota de 9%, conforme art. 195 da Constituição
Federal e Lei n. 8.981/1995;
• contribuições do segurado (autônomo ou trabalhador avulso):
nos termos da Lei n. 8.212/1991, as contribuições para segurado
facultativo são calculadas com a alíquota de 20% sobre o salário de
contribuição. Entretanto, no caso de contribuinte individual, a alíquota
de contribuição será de 11% ou, no caso de microempreendedor
individual, de 5%.

O recolhimento do INSS por funcionário é calculado sobre as faixas


salariais. Cada faixa possui uma alíquota correspondente. Aliás, a forma de
cálculo é progressiva, conforme podemos observar na tabela a seguir.

Tabela 3. Alíquotas correspondentes à faixa salarial

Salário Alíquota

R$ 1.045,00 7,5%

R$ 1.045,00 a R$ 2.089,60 9%

R$ 2.089,61 a R$ 3.134,40 12%

R$ 3.134,40 a R$ 6.101,06 14%

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Para entendermos o cálculo, vamos analisar o exemplo de um funcionário


com salário de R$ 5.000,00. Avalie as informações na tabela na sequência.
Tabela 4. Exemplo do cálculo progressivo sobre salário do funcionário

Alíquota Valor a pagar

1º faixa = 7,5% R$ 1.045,00 R$ 78,38

2º faixa = 9% R$ 1.044,60 R$ 94,01

3º faixa = 12% R$ 1.044,80 R$ 125,38

4º faixa = 14% R$ 1.865,60 R$ 261,18

Alíquota efetiva = 11,18% R$ 558,94

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

69
UNIDADE 2 Principais Tributos

É importante reforçar que o valor a pagar será descontado do contracheque


do funcionário, mas o responsável pelo recolhimento será o empregador, com a
GPS.
Resumidamente a empresa arrecada as contribuições dos segurados
(colaboradores, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a serviço da
organização), descontando-as da respectiva remuneração. Assim, recolhe esses
valores via GPS (Guia de Previdência Social). A empresa ainda é responsável por
recolher a parte patronal sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas,
aos segurados.
Resumidamente, a alíquota para o empregador tem como regra geral
a de 20% aplicada sobre a folha de pagamento. Entretanto, para as instituições
financeiras e equiparadas, a alíquota é de 22,5%. Por sua vez, o empregador
doméstico tem a alíquota de 12%, ao passo que o microempreendedor individual,
também conhecido como MEI, tem a alíquota de 3% (PÊGAS, 2017).

NOTA

Relevante mencionar que, para a empresa, não existe INSS patronal.


Conforme a Lei Complementar n. 147/2014, as empresas com atividades no Anexo IV
são obrigadas ao recolhimento de INSS patronal de 20% por meio da GPS, em conjunto
à parte descontada (11% dos sócios). Aquelas enquadradas no Anexo IV estão obrigadas
à contribuição previdenciária patronal previsto no artigo 22 da Lei n. 8.212/1991.

O custo para a empresa é de 20% de INSS patronal e, para o sócio, será


retido na fonte ou deduzido do valor 11% de INSS.
Sobre a folha de pagamento, ainda incide outros encargos que a oneram
das empresas. Para uma melhor compreensão, apresentamos na figura a seguir,
resumidamente, os encargos sobre a folha de pagamento. Acompanhe!

70
Tributos Federais

Figura 9. Encargos sobre a folha de pagamento

INSS
patronal
20%
SAT Salário
1% a educação
2,5%
3%

Encargos
SESI,
FGTS sobre a SESC e
8% folha de SEST
pagamento 1,5%

SENAI,
INCRA SENAC e
0,2% SENAT
1%

SEBRAE
0,6%

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Ainda temos a Lei n. 12.546/2011, que instituiu a cobrança do INSS para


alguns setores da atividade econômica a substituição da contribuição de 20%
sobre a folha de pagamento para um percentual aplicado sobre a receita bruta.
Após diversas alterações, elevou-se a alíquota sobre a receita bruta entre 2% e
4,5% (PÊGAS, 2017).
Vale destacar que alguns setores da — como construção civil, callcenters,
transporte e tecnologia da informação — são beneficiados com a medida conhecida
como Desoneração da Folha de Pagamento, que consiste na substituição da base
de incidência da Contribuição Previdenciária Patronal (CPP) sobre a folha de
pagamento pela incidência sobre a receita bruta, conforme legislação vigente.
Para cumprir sua finalidade, a Previdência Social é financiada pelas
chamadas contribuições previdenciárias. Estas dizem respeito aos encargos fiscais
impostos aos contribuintes, estabelecidos no art. 195 da Constituição Federal:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos municípios, e das seguintes contribuições sociais.
(BRASIL, [2020], on-line)

A fim de termos um entendimento mais claro quanto às contribuições


destinadas à seguridade social, vejamos o esquema proposto por Coparroz (2019)
a seguir.

71
UNIDADE 2 Principais Tributos

Figura 10. Contribuições destinadas à seguridade social

Importador

Receitas de loterias

Contribuição patronal sobre


Fontes de custeio folha de pagamento

Trabalhadores e segurados

Contribuição PIS/PASEP

Empregadores e empresas

Contribuição sobre o lucro


líquido

Contribuição para o
Financiamento da
Seguridade Social (COFINS)

Fonte: Coparroz (2019, p. 148).

Diante de todo esse contexto, vamos um exemplo de cálculo de INSS?


Primeiramente, a empresa define o regime a ser aplicado em janeiro de cada
ano, o qual será utilizado durante o período. Então, supondo que uma empresa
do setor de hotelaria apresente o faturamento de R$ 50.000,00 e uma folha de
pagamento de R$ 12.000,00, podemos considerar o seguinte:
Tabela 5. Exemplo do cálculo INSS sobre folha de pagamento e receita bruta

Valor a ser pago

Folha de pagamento R$ 12.000 x 20% = R$ 2.400,00

Receita bruta R$ 50.000 x 4,5% = R$ 2.250,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Chaves (2019, p. 31) destaca que a legislação vigente permite “[…]


deduzir até 45% dos valores pagos pelas empresas com aqueles pagos com base
no salário contribuição, ou 9% sobre o salário base qual seja menor”. Assim,
apresentamos o exemplo, demonstrando a dedução de valor do ISS:
Tabela 6. Exemplo do cálculo de dedução do INSS

Valor a ser pago Dedução

Pró-labore R$ 20.000 x 20% = R$ 4.000,00 R$ 4.000 x 45% = R$ 1.800,00

Salário contribuição R$ 5.000 x 9% = R$ 450,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

72
Tributos Federais

Nesse exemplo, podemos observar que o valor a ser deduzido será


de R$ 450,00, o menor valor, conforme a legislação permite. Contabilizando o
INSS, temos o débito de INSS a recolher (passivo) e o crédito de salários a pagar
(passivo).
Vamos, agora, conhecer sobre o PIS/PASEP?
O Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do
Patrimônio do Servidor Público (PASEP) são contribuições que foram criadas em
1970. O PIS foi instituído pela Lei Complementar n. 7/1970, sendo um programa
com a finalidade de promover a integração entre o funcionário e a empresa,
principalmente em seu desenvolvimento, permitindo uma melhor distribuição
de renda em todo o país. Já o PASEP foi instituído pela Lei Complementar n.
8/1970, com o objetivo de constituir um patrimônio para os servidores públicos.
Pêgas (2017) nos traz que o PIS é uma contribuição de competência da
União, cobrada sobre a receita das empresas, dos órgãos estatais e das entidades
sem fins lucrativos. O autor ainda o define como um tributo sobre o consumo,
afirmando que o governo retira do contribuinte uma parcela que seria destinada
ao consumo.
O PIS é tratado na Lei Complementar n. 7/1970 e no art. 239 da
Constituição Federal. Conforme a CF, temos o seguinte:
Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa
de Integração Social, criado pela Lei Complementar n. 7, de 7 de
setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público, criado pela Lei Complementar n. 8, de 3 de dezembro
de 1970, passa, a partir da promulgação desta Constituição, a financiar,
nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-desemprego e o
abono de que trata o § 3º deste artigo

[...]

§ 3º Aos empregados que percebam de empregadores que contribuem


para o Programa de Integração Social ou para o Programa de Formação
do Patrimônio do Servidor Público, até dois salários mínimos de
remuneração mensal, é assegurado o pagamento de um salário mínimo
anual, computado neste valor o rendimento das contas individuais, no
caso daqueles que já participavam dos referidos programas, até a data
da promulgação desta Constituição. (BRASIL [2020], on-line).

As empresas do Simples Nacional são excluídas dos contribuintes do


PIS devido à Lei Complementar n. 123/2006, em seu art. 13, que institui:
Art. 13. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal,
mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos
e contribuições:

I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ;

II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o


disposto no inciso XII do § 1o deste artigo;

III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;

73
UNIDADE 2 Principais Tributos

IV - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social -


COFINS, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo;

V - Contribuição para o PIS/PASEP, observado o disposto no inciso XII


do § 1o deste artigo;

[...]

§ 1 O recolhimento na forma deste artigo não exclui a incidência


dos seguintes impostos ou contribuições, devidos na qualidade de
contribuinte ou responsável, em relação aos quais será observada a
legislação aplicável às demais pessoas jurídicas:

[…]

XII - Contribuição para o PIS/PASEP, COFINS e IPI incidentes na


importação de bens e serviços. (BRASIL, [2019], on-line)

Com o art. 13 da Lei Complementar n. 123/2006, podemos concluir que


as empresas optantes pelo regime de tributação do Simples Nacional têm uma
forma simplificada de recolhimento de diversos tributos em uma única guia, que
é o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS).
Outro fator que merece destaque, conforme apresenta Crepaldi (2019, p.
235), é que, “[…] as exportações são isentas do PIS, de acordo com o art. 14, § 1º, da
MP n. 2.158-35/2001”. Entretanto, o PIS sobre operações de importações é regido
pela Lei n. 10.865/2004, que traz em seu art. 3 a entrada de bens estrangeiros no
território brasileiro, o pagamento, o crédito, a entrega, o emprego ou a remessa de
valores para o exterior, provenientes da prestação de serviços.
O PIS vigora, atualmente, em dois regimes diferentes: cumulativo e não
cumulativo. O regime cumulativo é instituído pela Lei n. 9.718/1998, calculando-
se o valor das contribuições diretamente sobre a base de cálculo. Para Pêgas
(2017), a base do PIS considera a totalidade das receitas auferidas. A alíquota do
PIS para o regime cumulativo é de 0,65%. Assim, as empresas optantes pelo lucro
presumido ou arbitrado estão sujeitas à incidência cumulativa.
Por outro lado, o regime não cumulativo, para empresas optantes pelo
lucro real, é instituído pela Lei n. 10.637/2002, calculado também sobre a receita
auferida, entretanto, com uma alíquota de 1,65%.
Seguindo a legislação, temos um conjunto de itens que as empresas
sujeitas ao regime não cumulativo podem utilizar como crédito para reduzir o
valor das contribuições a pagar, tanto para o PIS quanto para o COFINS, com
alteração apenas da alíquota do COFINS não cumulativo, no percentual de 7,6%,
e COFINS cumulativo, no percentual de 3%.

74
Tributos Federais

UNI

Para simplificar o entendimento, podemos considerar uma explicação de


Pêgas (2017):
- receitas totais (exceto as não tributadas) deduções PIS 1,65% = despesa de PIS.
- créditos permitidos por lei PIS 1,65% = PIS a recuperar.
Nesse contexto, a despesa de PIS – PIS a recuperar é o PIS devido pela empresa.

Como exemplo, suponha que a ABC é uma empresa com atividades de


comercialização e prestação de serviços. Ela nos traz os seguintes dados:
Tabela 7. Exemplo para cálculo do PIS

Receita com venda de mercadorias R$ 300.000,00


Receita com vendas de mercadorias monofásicas R$ 50.000,00
Receita de serviços prestados R$ 150.000,00
Descontos incondicionais R$ 10.000,00
Devolução de vendas R$ 3.000,00
Receitas financeiras R$ 5.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Entre os itens destacados no quadro anterior, apurando o PIS pelo regime


cumulativo, temos que somente a receita com venda de mercadorias, a receita de
serviços prestados, os descontos incondicionais e a devolução de vendas farão
parte da base de cálculo. Dessa maneira, podemos sugerir o seguinte:
Tabela 8. Apuração da base de cálculo do PIS cumulativo

Receita com venda de mercadorias R$ 300.000,00


(+) Receita de serviços prestados R$ 150.000,00
( - ) Descontos incondicionais (R$ 10.000,00)
( - ) Devolução de vendas (R$ 3.000,00)
( = ) Base de cálculo R$ 437.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Com a base de cálculo e a alíquota do PIS cumulativo de 0,65%, temos que:

Tabela 9. Apuração do PIS cumulativo

( = ) Base de cálculo R$ 437.000,00


PIS cumulativo (0,65%) R$ 2.840,50

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

75
UNIDADE 2 Principais Tributos

Já para a apuração do PIS no regime não cumulativo, consideramos que:

Tabela 10. Apuração da base de cálculo do PIS não cumulativo

Receita com venda de mercadorias R$ 300.000,00


(+) Receita de serviços prestados R$ 150.000,00
( - ) Descontos incondicionais (R$ 10.000,00)
( - ) Devolução de vendas (R$ 3.000,00)
( = ) Base de cálculo R$ 437.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Com a base de cálculo e a alíquota do PIS não Cumulativo de 1,65%,


temos:
Tabela 11. Apuração do PIS não cumulativo

( = ) Base de cálculo R$ 437.000,00


PIS não cumulativo (1,65%) R$ 7.210,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Importante destacar, de acordo com o Decreto n. 8.426/2015, que ficou


restabelecida a incidência de PIS sobre as receitas financeiras pelas empresas
sujeitas ao regime de apuração não cumulativa, com alíquota diferenciada. No
exemplo da empresa ABC, com um total de receitas financeiras de R$ 5.000,00,
temos que:
Tabela 12. Apuração do PIS sobre receitas financeiras

( = ) Base de cálculo (receita financeira) R$ 5.000,00


PIS (0,65%) R$ 32,50

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Considerando esse contexto, já podemos antecipar que a Contribuição


para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) foi instituída pela Lei
Complementar n. 70/1991. O COFINS é recolhido pelo governo federal, incidindo
sobre a receita das empresas, assim como PIS, e possui apuração mensal.
Os contribuintes do COFINS são pessoas jurídicas de direito privado
em geral, equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, exceto as micro e
pequenas empresas submetidas ao regime do Simples Nacional. Isso porque tais
empresas são excluídas da contribuição do COFINS devido à Lei Complementar
n. 123/2006. Além disso, como estudamos anteriormente, as empresas optantes
pelo regime do Simples Nacional recolhem vários tributos — a exemplo, inclusive,
do COFINS — de forma simplificada, em uma única guia de recolhimento (DAS).

76
Tributos Federais

NOTA

Crepaldi (2019) nos explica que, da mesma forma como no PIS, as operações
de exportação são isentas, mas as operações de importação incidem sobre o COFINS,
conforme estabelecido pela Lei n. 10.865/2004.

A base de cálculo do COFINS, conforme determina a legislação, é a


receita apurada. De acordo com os art. 2 e 3 da Lei n. 9.718/1998, temos que:
com base em seu faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica.
Para um maior esclarecimento, a base de cálculo em situações de importações, de
acordo com o art. 7 da Lei n. 10.865/2004, é dada da seguinte maneira:
I - o valor aduaneiro, na hipótese do inciso I do caput do art. 3 desta
lei; ou

II - o valor pago, creditado, entregue, empregado ou remetido para o


exterior, antes da retenção do imposto de renda, acrescido do Imposto
sobre Serviços de qualquer Natureza - ISS e do valor das próprias
contribuições, na hipótese do inciso II do caput do art. 3 desta lei.
(BRASIL, [2018], on-line).

O COFINS também vigora em dois regimes: cumulativo e não


cumulativo. O regime cumulativo foi instituído pela Lei n. 9.718/1998. A respeito
disso, Pêgas (2017) nos explica que a totalidade das receitas auferidas constitui
a base de cálculo do COFINS. A alíquota para o regime cumulativo é de 3%.
Sendo que as empresas optantes pelo lucro presumido ou arbitrado estão sujeitas
à incidência cumulativa.
O regime não cumulativo, por sua vez, foi instituído pela Lei n.
10.637/2002, também utilizando a receita auferida, aplicando-se a alíquota de
7,6%. Nesse caso, quanto às deduções da base de cálculo, conforme destaca Pêgas
(2017), a empresa poderá deduzir: vendas canceladas, devoluções de vendas,
descontos incondicionais, IPI e ICMS, quando forem cobrados pelo vendedor/
prestador na condição de substituto tributário, ou seja, ICMS-ST. Além disso, a
legislação permite o abatimento de crédito no regime não cumulativo do COFINS,
assim como é realizado no PIS.
Voltando ao exemplo da empresa ABC, suponhamos os seguintes dados
conforme as atividades de comercialização e prestação de serviços:
Tabela 13. Exemplo para cálculo do COFINS

Receita com venda de mercadorias R$ 300.000,00


Receita com vendas de mercadorias monofásicas R$ 50.000,00
Receita de serviços prestados R$ 150.000,00
Descontos incondicionais R$ 10.000,00
Devolução de vendas R$ 3.000,00
Receitas financeiras R$ 5.000,00
Fonte: Elaborada pela autora (2021).

77
UNIDADE 2 Principais Tributos

Com base nesses dados, para o regime cumulativo, temos que:

Tabela 14. Apuração da base de cálculo do COFINS cumulativo

Receita com venda de mercadorias R$ 300.000,00


(+) Receita de serviços prestados R$ 150.000,00
( - ) Descontos Incondicionais (R$ 10.000,00)
( - ) Devolução de vendas (R$ 3.000,00)
( = ) Base de cálculo R$ 437.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Considerando a base de cálculo e a alíquota do COFINS cumulativo de


3%, chegamos aos seguintes dados:
Tabela 15. Apuração do COFINS cumulativo

( = ) Base de cálculo R$ 437.000,00


COFINS cumulativo (3%) R$ 13.110,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Por outro lado, para o regime não cumulativo, temos que:

Tabela 16. Apuração da base de cálculo do COFINS não cumulativo

Receita com venda de mercadorias R$ 300.000,00


(+) Receita de serviços prestados R$ 150.000,00
(+) Receitas financeiras R$ 5.000,00
( - ) Descontos incondicionais (R$ 10.000,00)
( - ) Devolução de vendas (R$ 3.000,00)
( = ) Base de cálculo R$ 442.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Nesse sentido, também considerando a base de cálculo e a alíquota do


COFINS não cumulativo de 7,6%, temos que:
Tabela 17. Apuração do COFINS não cumulativo

( = ) Base de cálculo R$ 442.000,00


COFINS não cumulativo (7,6%) R$ 33.592,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

O Decreto n. 8.426/2015 também restabeleceu a incidência de COFINS


sobre as receitas financeiras para empresas sujeitas ao regime de apuração não
cumulativa, com alíquota diferenciada. No exemplo da empresa ABC, tendo
como base um total de receitas financeiras no valor de R$ 5.000,00, podemos
concluir que:

78
Tributos Federais

Tabela 18. Apuração do COFINS sobre receitas financeiras

( = ) Base de cálculo (receita financeira) R$ 5.000,00


COFINS (4%) R$ 200,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Para contabilização, temos débito de PIS sobre receita, crédito de PIS a


recolher, débito de COFINS sobre receita e crédito de COFINS a recolher.
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) também incide sobre
produtos nacionais e estrangeiros. Suas disposições estão regulamentadas pelo
Decreto n. 7.212/2010 e ele é de competência da União:
Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos
industrializados tem como fato gerador:

I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;

II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único


do artigo 51;

III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado


a leilão.

Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se


industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer
operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe
para o consumo. (BRASIL, [2007]a, on-line)

Já o art. 47 do Código Tributário Nacional (CTN) define a base de cálculo


do referente imposto considerando o seguinte:
I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido
no inciso II do artigo 20, acrescido do montante:

a) do imposto sobre a importação;

b) das taxas exigidas para entrada do produto no país;

c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele


exigíveis. (BRASIL, [2007]a, on-line)

Sobre o contribuinte do IPI, o art. 51 do Código Tributário Nacional


(CTN) define como contribuintes o importador, o industrial, o comerciante e o
arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.
Ademais, temos que o IPI está regido pelos princípios constitucionais.
Entre eles, podemos destacar alguns, como segue:

• seletividade: o IPI deverá ser seletivo em função da essencialidade


do produto, apresentando alíquota menor ou maior de acordo com
tal característica;
• não cumulatividade: o IPI será não cumulativo, compensando-se
o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas
79
UNIDADE 2 Principais Tributos

anteriores. Aquele pago em uma operação se deduz do IPI a ser pago


na operação seguinte;
• contabilmente: o IPI pago anteriormente pelos fornecedores fica
como crédito, enquanto o IPI a ser pago na saída do produto final fica
como débito;
• legalidade: é vedado à União exigir ou aumentar tributo sem lei que
o estabeleça;
• anterioridade: é vedado à União cobrar tributos no mesmo exercício
financeiro em que foi publicada a lei que os instituiu ou aumentou.

Sobre a alíquota, elas são variáveis e seguem a classificação dos produtos


da tabela de incidência do IPI (TIPI). Alguns itens são imunes ao IPI, conforme
determina o art. 18 do Decreto n. 7.212/2010: livros, jornais, periódicos, papel
destinado à sua impressão, produtos industrializados destinados ao exterior,
ouro (quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial),
energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do país.
Na contabilização, podemos considerar, na compra, débito de estoque,
débito de IPI a recuperar e crédito de caixa/fornecedores. Já na venda, temos os
dados a seguir.
Quadro 8. Registros de vendas

1º - Reconhecimento da receita

Débito = Caixa/banco
Crédito = Receita de vendas
2º - Baixa no estoque

Débito = CPV
Crédito = Estoque
3º - Contabilização do IPI

Débito = IPI sobre vendas


Crédito = IPI a recuperar

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Aproveitando que já estudamos quanto a ICMS (em tributos estaduais),


PIS e COFINS (no item anterior), vamos a dois exemplos contemplando tais
tributos? Para fins de cálculos, adotaremos nos exemplos os seguintes percentuais:
IPI de 25%, ICMS de 17%, PIS de 1,65% e COFINS de 7,6%.
Em nosso primeiro exemplo, imaginaremos uma empresa industrial
que vende para outra empresa industrial: uma indústria vende um lote de
componentes eletrônicos por R$ 100.000,00 para outra indústria fabricante de
equipamentos eletrônicos. Diante disso, podemos observar os seguintes dados:

80
Tributos Federais

Tabela 19. Dados do primeiro exemplo

Na vendedora
Receita de vendas R$ 100.000,00
IPI (25% x R$ 100.000) R$ 25.000,00
ICMS (17% x R$ 100.000) R$ 17.000,00
Base de cálculo do PIS e COFINS (R$ 100.000) R$ 100.000,00
PIS (1,65% x R$ 100.000) R$ 1.650,00
COFINS (7,60% x R$ 100.000) R$ 7.600,00
Na compradora
Faturamento R$ 125.000,00
IPI (25% x R$ 100.000) R$ 25.000,00
ICMS (17% x R$ 100.000) R$ 17.000,00
Base de cálculo do PIS e COFINS (R$ 100.000) R$ 100.000,00
PIS (1,65% x R$ 100.000) R$ 1.650,00
COFINS (7,60% x R$ 100.000) R$ 7.600,00

Débito = ICMS a recuperar R$ 17.000,00


Débito = IPI a recuperar R$ 25.000,00
Débito = PIS a recuperar R$ 1.650,00
Débito = COFINS a recuperar R$ 7.600,00
Débito = Estoque R$ 73.750,00
Crédito = Banco/fornecedores R$ 125.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Agora, em nosso segundo exemplo, consideraremos uma empresa


industrial que vende para uma empresa comercial: uma indústria vende
maquinários para revenda por R$ 100.000,00. Com base no cenário apresentado,
temos que:
Tabela 20. Dados do segundo exemplo

Na vendedora
Receita de vendas R$ 100.000,00
IPI (25% x R$ 100.000) R$ 25.000,00
ICMS (17% x R$ 100.000) R$ 17.000,00
Base de cálculo do PIS e COFINS (R$ 100.000) R$ 100.000,00
PIS (1,65% x R$ 100.000) R$ 1.650,00
COFINS (7,60% x R$ 100.000) R$ 7.600,00
Na compradora
*A empresa comerciante não é contribuinte de IPI. Não tem direito ao crédito do IPI.
Valor dos produtos R$ 100.000,00
IPI (25% x R$ 100.000) R$ 25.000,00
Valor total na NF R$ 125.000,00
ICMS (17% x R$ 100.000) R$ 17.000,00
Base de cálculo do PIS e COFINS (R$ 125.000) R$ 125.000,00

81
UNIDADE 2 Principais Tributos

PIS (1,65% x R$ 125.000) R$ 2.062,50


COFINS (7,60% x R$ 125.000) R$ 9.500,00

Débito = ICMS a recuperar R$ 17.000,00


Débito = PIS a recuperar R$ 2.062,50
Débito = COFINS a recuperar R$ 9.500,00
Débito = Estoque R$ 96.437,50
Crédito = Banco/fornecedores R$ 125.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Entendido a respeito de INSS, PIS/PASEP, COFINS e IPI, podemos


continuar nossos estudos, agora com os tributos sobre a renda.

3.3. Tributos sobre a renda


A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) foi instituída pela Lei
n. 7.689/1988: “Art. 1. Fica instituída contribuição social sobre o lucro das pessoas
jurídicas, destinada ao financiamento da seguridade social” (BRASIL, [2021],
on-line). Pêgas (2017) complementa que a CSLL foi autorizada pela Constituição
Federal e tem o fato gerador, a base de cálculo e os contribuintes semelhantes ao
Imposto de Renda, com pequenas diferenças.

A apuração da CSLL depende do regime de apuração do Imposto de


Renda: lucro real, lucro presumido ou Simples Nacional, assim como dispõe o art.
57 da Lei n. 8.981/1995: “Art. 57. Aplicam-se à Contribuição Social sobre o Lucro
as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o Imposto de
Renda das pessoas jurídicas […]” (BRASIL, [1997], on-line).

Primeiramente, então, precisamos chamar atenção para o fato de que nem


todas as entidades são contribuintes da CSLL. Estamos nos referindo às entidades
beneficentes de assistência social, as quais são imunes à incidência da CSLL,
conforme art. 195 da Constituição Federal: “§ 7º São isentas de contribuição para
a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei” (BRASIL, [2020], on-line).

O art. 15 da Lei n. 9.532/1997 também define as instituições isentas, em


que traz:
Art. 15. Consideram-se isentas as instituições de caráter filantrópico,
recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os
serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à
disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos.
(BRASIL, [2007]b, on-line)

Quanto à base de cálculo da CSLL, a legislação estabelece o lucro do período


antes do Imposto de Renda. Ela deve ser ajustada com as adições e exclusões que são
pertinentes de acordo com a legislação. Chaves (2017) explica que a apuração da CSLL
depende do regime de apuração do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ).

82
Tributos Federais

Figura 11. Apuração da CSLL nos regimes tributários

Lucro presumido Lucro real Simples Nacional

Apuração trimestral com


base no lucro real Apuração mensal com
Apuração trimestral com
base na receita bruta
base na receita bruta Apuração anual com
mensal
base na receita bruta
mensal e no ajuste
anual DIRPJ

Fonte: Elaborada pelo autor, baseada em Pêgas (2017).

A alíquota da CSLL é de 9% sobre o lucro líquido da grande maioria das


empresas, mas, para as organizações financeiras, de seguros e capitalização, a
alíquota é de 15% (PÊGAS, 2017).

• empresas optantes pelo lucro presumido: é aplicada a alíquota de


presunção de 12% para receitas comerciais, indústria e prestação
de serviços hospitalares e transporte; e 32% para as demais receitas.
Sobre o resultado da presunção, somam-se as inclusões e se aplica a
alíquota de 9% para a apuração da CSLL;
• empresas optantes pelo Simples Nacional: a CSLL está inclusa no
pagamento unificado do DAS, com alíquotas que variam de 0,27% a
0,54% sobre o percentual do faturamento.

A regra geral, como destaca Pêgas (2017), é que toda receita é tributável.
Contudo, há exceções a serem consideradas, ocorrendo adições, que são as adições
de receitas exigidas pelo fisco e não contabilizadas como receita.
Algumas receitas e despesas não são consideradas pelo fisco, por isso,
devem ser excluídas da base de cálculo da contribuição, sendo classificadas como
receitas contabilizadas e não exigidas, e despesas aceitas e não contabilizadas
pela empresa.
Após os ajustes de adições e exclusões, teremos o valor apurado pelo
fisco, resultado ou prejuízo ajustado, que será a base de cálculo da CSLL.

83
UNIDADE 2 Principais Tributos

NOTA

Como exemplos de adições da base de cálculo da CSLL, temos as despesas


não dedutíveis na apuração, como o resultado negativo da equivalência patrimonial e
as multas de infrações fiscais; e as receitas tributáveis, como os lucros, rendimentos e
ganhos de capital auferidos no exterior.

Já como exemplos de exclusões da base de cálculo da CSLL, temos as


receitas não tributáveis, como o resultado positivo da equivalência patrimonial
e os lucros e dividendos recebidos de participações societárias; e as despesas
dedutíveis, como o imposto pago no exterior durante o ano calendário.
É importante, ainda, considerar que a empresa pode compensar a base
de cálculo negativa apurada de períodos anteriores em até 30% do lucro líquido,
ajustado pelas exclusões e adições, de acordo com a legislação.
A respeito da base de cálculo, podemos seguir o modelo a seguir, já que
ela inicia com o lucro contábil. Confira o quadro na sequência!
Quadro 9. Modelo de apuração da base de cálculo da CSLL

Lucro líquido antes de IR e CSLL


( + ) Ajustes
( + ) Adições
( - ) Exclusões
( = ) Base de cálculo da CSLL

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

No caso do regime do lucro presumido, vamos pensar em um exemplo:


a empresa comercial XPTO, que apresenta os seguintes dados:
Tabela 21. Exemplo para cálculo da CSLL no lucro presumido

Receita de venda de mercadorias R$ 500.000,00


Receita de prestação de serviços R$ 220.000,00
Receitas financeiras R$ 35.000,00
Vendas canceladas (mercadorias) R$ 12.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Como sabemos: inicialmente, aplica-se a alíquota de presunção de


12% para receitas comerciais, indústria e prestação de serviços hospitalares
e transporte; e 32% para as demais receitas. Sobre o resultado da presunção,
somam-se as inclusões e se aplica a alíquota de 9% para apuração da CSL. Temos,
então, o seguinte:

84
Tributos Federais

Tabela 22. Cálculo da CSLL no lucro presumido

Receita de vendas de mercadorias R$ 500.000,00


( - ) Vendas canceladas (R$ 12.000,00)
Receita de vendas x 12% R$ 488.000,00 R$ 58.560,00
Receita de serviços x 32% R$ 220.000,00 R$ 70.400,00
Receitas financeiras R$ 35.000,00 R$ 35.000,00
Lucro presumido R$ 163.960,00
CSLL (9%) R$ 14.756,40

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Para o regime de lucro real trimestral, iremos apresentar, primeiramente,


um exemplo de compensação, em que a base de cálculo negativa apurada em
períodos anteriores pode ser compensada em até 30% do lucro líquido ajustado.
Assim, vamos supor que a empresa ABC apresentou base negativa em 2018, no
valor de R$ 6.000,00, assim como em 2019, mas no valor de R$ 5.000,00. Em 2020,
por outro lado, teve lucro antes dos impostos no valor de R$ 15.500,00.
Tabela 23. Cálculo da CSLL no lucro real com compensação

Lucro antes de IR e CSLL R$ 15.500,00


( - ) Compensação (30%) (R$ 4.650,00)
(=) Base de cálculo R$ 10.850,00
CSLL (9%) R$ 976,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Já no caso em que a empresa ABC apresentou um lucro antes do IR e


CSLL de R$ 15.500,00, consideramos o seguinte:
Tabela 24. Cálculo da CSLL no lucro real com adições e exclusões

Lucro antes de IR e CSLL R$ 15.500,00


(+) Adições R$ 11.000,00
Despesas contabilizadas não aceitas pelo fisco R$ 3.000,00
Receitas exigidas pelo fisco e não contabilizadas R$ 8.000,00
(-) Exclusões (R$ 3.000,00)
Receitas contabilizadas que não são exigidas pelo fisco R$ 3.000,00
(=) Base de cálculo R$ 23.500,00
CSLL (9%) R$ 2.115,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Por sua vez, o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) está


estabelecido na Constituição Federal, sendo que o art. 153 da referida lei estabelece
a União como responsável por sua instituição. Assim, a CF dá competência à
União para a cobrança do imposto de renda e de proventos de qualquer natureza,
dispondo como princípios básicos o seguinte, de acordo com o art. 145:

85
UNIDADE 2 Principais Tributos

§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão


graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado
à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a
esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas
do contribuinte. (BRASIL, [2020], on-line)

O art. 43 do Código Tributário Nacional, por outro lado, dispõe que o


fato gerador é a aquisição da disponibilidade econômica, jurídica da renda ou do
provento:
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e
proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da
disponibilidade econômica ou jurídica:

I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da


combinação de ambos;

II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos


patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. (BRASIL, [2007]a,
on-line)

O Código Tributário Nacional (CTN) estabelece como a base de cálculo


para o imposto o lucro, sendo realizado o cálculo sobre os lucros real, arbitrado
ou presumido.
Quanto à alíquota, o imposto segue o critério da progressividade, em
que aquele com maior lucro pagará um valor maior de imposto. A alíquota oscila
entre 15% a 25%, respeitando dois critérios: alíquota básica de 15% sobre o lucro
(real, presumido ou arbitrado) e alíquota adicional de 10% sobre a parcela que
exceder R$ 240.000 por ano, sendo aplicada proporcionalmente na apuração
mensal (R$ 20.000 por mês).
Com base nisso, pode-se dizer que a base de cálculo poderá ser apurada
de três formas, conforme o art. 44 do Código Tributário Nacional:
Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou
presumido, da renda ou dos proventos tributáveis.

Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que


se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao
possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos
proventos tributáveis.

Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos


proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja
retenção e recolhimento lhe caibam. (BRASIL, [2007]a, on-line)

A partir desse permissivo legal, foram instituídas três sistemáticas de


tributação para o IRPJ: sistemáticas do lucro real, do lucro presumido e do lucro
arbitrado. No caso, o lucro real é a regra geral para todas as pessoas jurídicas.

86
Tributos Federais

E
IMPORTANT

No caso de empresas que atuam com lucro arbitrado, a CSLL é de 32%


em serviços em geral (exceto hospitalares) e 12% em receitas de atividades comerciais,
industriais e imobiliárias.

Como já apresentado nas alíquotas anteriormente, a alíquota do IRPJ,


independentemente da sistemática de tributação, é de 15% sobre o lucro real do
período, mais um adicional de 10% sobre o lucro que exceder a R$ 20.000,00,
multiplicados pelo número de meses do período de apuração. Assim:
Tabela 25. Cálculos IRPJ

Lucro tributável anual R$ 500.000,00


Aplicação da alíquota de 15% (R$ 500.000 x 15%) R$ 75.000,00
Adicional (R$ 500.000 – R$ 240.000 = R$ 260.000 x 10%) R$ 26.000,00
IRPJ devido (R$ 75.000 + R$ 26.000) R$ 101.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

A aplicação da alíquota na base de cálculo é um processo fácil, a


complexidade consiste, na verdade, em determinar a base de cálculo, visto que,
assim como a CSLL, há algumas receitas e despesas dedutíveis e não dedutíveis.
Dessa maneira, temos que realizar ajustes com adições e exclusões.
Vejamos um exemplo: consideremos o lucro presumido de uma empresa
comercial. Ela nos traz receita de vendas de mercadorias no valor de R$ 20.000,00
e demais receitas no valor de R$ 2.000,00. Em despesas, contabiliza R$ 12.000,00.
O lucro antes de IR e CSLL é de R$ 10.000,00. Desse modo, em revenda de
mercadorias, soma-se R$ 1.600,00 (R$ 20.000 x 8%). De lucro presumido, teremos,
então, R$ 3.600,00. Já de IR devido (15%), consideramos R$ 540,00.

TUROS
ESTUDOS FU

A apuração detalhada de CSLL e IRPJ será apresentada com maiores


detalhes na próxima unidade que trataremos dos regimes tributários

87
UNIDADE 2 Principais Tributos

Para uma correta análise contábil, é recomendável que se faça a


contabilização da provisão mensal do IRPJ e da CSLL devidos. O valor ficará
registrado no passivo, sem a transferência do saldo já pago por estimativa. Logo,
temos:

• débito de IRPJ pago por estimativa (ativo circulante);


• crédito de bancos (ativo circulante);
• débito de CSLL pago por estimativa (ativo circulante);
• débito de provisão para o Imposto de Renda (conta de resultado);
• crédito de IRPJ a pagar (passivo circulante);
• débito de provisão para a CSLL (conta de resultado);
• crédito de CSLL a pagar (passivo circulante).

Ao final do exercício, são apurados os valores devidos de IRPJ e CSLL.


Estes são contabilizados em conta do passivo. Transferem-se os saldos das contas
de IRPJ por estimativa e CSLL por estimativa para tais contas. Com isso:

• débito de IRPJ a pagar (passivo circulante);


• crédito de IRPJ pago por estimativa (ativo circulante);
• débito de CSLL a pagar (passivo circulante);
• crédito de CSLL pago por estimativa (ativo circulante).

Com a conclusão desse assunto, encerramos nossos estudos com os


tributos federais, impostos e contribuições. Tais tributos constituem uma gama
extensa de competência da União, mas, aqui, tratamos dos principais: CSLL,
IRPJ, COFINS, PIS e IPI, não exaurindo a importância de outros, como o Imposto
sobre Operações de Crédito, o Imposto sobre a Exportação e o Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural.

88
AUTOATIVIDADE

1. O Programa de Integração Social (PIS) é uma contribuição social apurada


mensalmente, de competência da União, vigorando na forma de dois regimes
distintos: regime cumulativo e regime não cumulativo.

Nesse sentido, com base em nossos estudos quanto ao PIS, podemos afirmar
que:

a. ( ) um de seus objetivos é o financiamento do pagamento do


seguro desemprego;
b. ( ) é de competência dos Estados, com definição das alíquotas
pelo Senado Federal;
c. ( ) as alíquotas da contribuição para empresas optantes pelo
lucro real são fixadas em 0,65%.
d. ( ) as alíquotas da contribuição para empresas optantes pelo
lucro real são fixadas em 7,6%.

2. A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), de


competência da União, foi instituída pela Lei Complementar n. 70/1991.
Ela vigora sobre dois regimes distintos: regime cumulativo e regime não
cumulativo.

A respeito do COFINS, assinale a alternativa correta.

a. ( ) Assim como o PIS, é um tributo com regime exclusivamente


não cumulativo.
b. ( ) Foi criado pela Lei Complementar n. 70/1991, relacionado à
ordem social.
c. ( ) Todas as empresas que recolhem o COFINS podem gerar
créditos de COFINS.
d. ( ) As alíquotas da contribuição para empresas optantes pelo
lucro real são fixadas em 1,65%.

3. Como sabemos, conforme a regulamentação para o Imposto de Renda, o


lucro real é o lucro líquido do período de apuração com os ajustes de adições
e exclusões pertinentes, de acordo com a legislação vigente. Diante disso,
imagine o seguinte: a empresa Casa DOC apresentou em 20 x 1 um lucro
trimestral (real) de R$ 1.000.000.

89
 AUTOATIVIDADE

Diante dessas informações e com base em nossos estudos a respeito da temática,


podemos afirmar que o IR devido pela empresa no trimestre é de:

a. ( ) R$ 150.000,00.
b. ( ) R$ 248.000,00.
c. ( ) R$ 226.000,00.
d. ( ) R$ 244.000,00.

4. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) incide sobre os produtos


nacionais e estrangeiros. Ele tem como fato gerador a saída de produtos
industrializados dos estabelecimentos industriais. Assim, suponha o seguinte
caso: uma empresa industrial vendeu à prazo o produto X pelo preço de R$ 450,00.

Considerando a incidência de alíquota de Imposto sobre Produtos Industrializados


(IPI) de 8%, qual é a contabilização correta?

5. Imagine que a empresa ABC, no início de novembro de 2020, vendeu seu


produto para a XYZ ME por R$ 950,00 (recebimento em 50 dias), composto
conforme a tabela a seguir.

(+) Preço de venda R$ 1.000,00


(+) Frete e seguro na venda R$ 50,00
(–) Desconto incondicional (dado na nota fiscal) R$ 100,00
(–) Desconto condicional (caso o pagamento seja feito em até 15 dias) R$ 75,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Diante disso, se a ABC pagar antecipadamente, a XYZ ME receberá R$ 875,00. A


alíquota de IPI é de 4% no produto vendido.

Sendo assim, qual valor de IPI será cobrado pela ABC e acrescido no preço de
venda para a XYZ ME, considerando que a empresa exerceu a opção de pagar
antecipadamente?

90
RESUMO
Quando tratamos de tributos, a maioria das pessoas se confundem
com as diferentes espécies tributárias e com a competência do ente federativo
responsável pela gestão dos tributos. Na verdade, os tributos são gerenciados
pela União, assim como pelos Estados e municípios, os quais utilizam os recursos
para atender às necessidades da sociedade e manter a máquina pública em
funcionamento.
Nesta unidade, pudemos estudar os principais impostos municipais,
estaduais e federais. Há mais a ser estudado, mas, logicamente, falarmos de
todos os tributos ficaria inviável diante da complexidade do Sistema Tributário
Brasileiro. De qualquer modo, cada ente federativo possui a competência sobre
um grupo de tributos, conforme estabelece a Constituição Federal e o Código
Tributário Nacional.
A União possui a maior fatia de arrecadação, com cerca de 60% do total
arrecadado no país. O objetivo da arrecadação federal é custear gastos do Estado.
Os Estados, por sua vez, arrecadam em torno de 28% do total com impostos no
Brasil, objetivando manter a administração estadual, assim como os serviços à
população. Por fim, os impostos municipais têm a finalidade da manutenção
da administração de cada município, bem como oferecer serviços públicos à
sociedade.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

91
UNIDADE 3

Regimes tributários

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• reconhecer os regimes tributários vigentes;

• diferenciar corretamente os regimes tributários;

• avaliar os impactos dos principais tributos nos diferentes regimes tribu-


tários;

• desenvolver os cálculos e realizar a contabilização dos principais tributos


nos diferentes regimes tributários.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um
deles, você encontrará atividades visando à compreensão dos conteúdos
apresentados.

TÓPICO 1 – Simples Nacional

TÓPICO 2 – Lucro presumido

TÓPICO 3 – Lucro real

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

92
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Para realizar um planejamento financeiro adequado e conseguir uma
economia no pagamento de tributos, é inevitável conhecermos os impostos, as
taxas e as contribuições que a empresa terá como obrigação de recolher, conforme
o regime tributário. Além disso, é essencial que a organização conheça quais são
as formas de tributação existentes e tenha seu faturamento em mãos.
Conforme o Decreto n. 9.580/2018, juntamente com a Lei Complementar
n. 155/2016, no Brasil, temos quatro regimes de tributação: Simples Nacional,
lucro presumido, lucro real e lucro arbitrado.
De forma resumida, o Simples Nacional tem sua apuração realizada
mensalmente com base na receita bruta mensal. O lucro presumido, por sua
vez, tem sua apuração trimestral com base na receita bruta. Já o lucro real tem
apuração trimestral com base no lucro real e apuração anual com base na receita
bruta mensal e no ajuste anual DIRPJ. Por fim, o lucro arbitrado é determinado
por períodos de apuração trimestrais encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30
de setembro e 31 de dezembro.
No entanto, nesta unidade, focaremos apenas nos três primeiros regimes
de tributação. Conheceremos em mais detalhes suas particularidades, diferenças
e semelhanças, bem como de que maneira eles são aplicados no dia a dia das
empresas.

93
TÓPICO 1
UNIDADE 3

Simples Nacional

1.1. Introdução do tópico


O Simples Nacional é um regime de tributação simplificado. Ele foi
criado pela Lei n. 9.317/1996 com a finalidade de facilitar a apuração e arrecadação
dos tributos para micro e empresas de pequeno porte. Nesse sentido, ao longo
deste primeiro tópico do nosso material, estudaremos a legislação e os conceitos
relacionados ao Simples Nacional, suas limitações e seu cálculo. Confira o que
preparamos!

1.2. Considerações iniciais sobre o Simples Nacional


Primeiramente, antes de iniciarmos nossos estudos, é necessário
esclarecer que a Constituição Federal de 1988 definiu, em seu art. 179, que:
[…] a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão
às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas
em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las
pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias,
previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por
meio de lei. (BRASIL, [2020], on-line)

Dessa forma, foi criado o Simples Nacional! Este regime de tributação,


também conhecido apenas como Simples, é um sistema tributário diferenciado
que foi criado pela Lei Complementar n. 123/2006. Posteriormente, teve algumas
modificações por leis aplicáveis às microempresas e empresas de pequeno porte,
como a Lei Complementar n. 127/2007, a Lei Complementar n. 128/2008, a Lei
Complementar n. 139/2011 e a Lei Complementar n. 147/2014. Por fim, a Lei
Complementar n. 154/2016 permitiu ao microempreendedor individual (MEI)
utilizar a residência como sede do estabelecimento.
Atualmente, o Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), instituído
pela Lei Complementar n. 123/2006, regulamentado pelo Decreto n. 6.038/2007,
é o responsável pela regulamentação do Simples Nacional. Ele é composto por
representantes das três esferas governamentais (União, Estados, Distrito Federal
e municípios).

94
Simples Nacional

Figura 12. Cálculos de tributação

c
Fonte: roman-, Freepk (2021).

Para enquadramento ao regime do Simples Nacional, existe a limitação


do faturamento a ser auferida em cada ano-calendário. O limite de receita bruta
para micro e pequenas empresas se enquadrarem no regime é até R$ 4.800.000,
assim como as receitas da exportação de mercadorias ou serviços no exterior.
Um ponto importante, conforme destaca a legislação, é que a
microempresa, no ano-calendário, se exceder o limite de receita bruta de R$
360.000,00, passa, no ano-calendário seguinte, automaticamente à condição de
empresa de pequeno porte.
Além disso, a microempresa ou empresa de pequeno porte que quiser
optar pelo Simples Nacional, deve seguir algumas exigências: ter inscrição no
CNPJ, inscrição municipal e inscrição estadual (esta para empresas que exercerem
atividades sujeitas ao ICMS), de acordo com a Lei Complementar n. 123/2006
(BRASIL, [2019]).

NOTA

Para efeitos do Simples Nacional, as microempresas e empresas de pequeno


porte devem observar um limite máximo anual de receita bruta estabelecido em lei, bem
como ser uma sociedade empresária, simples, empresa individual de responsabilidade
limitada ou empresário (BRASIL, [2019]).

Para as microempresas (ME), estas precisam ter uma receita bruta igual ou
inferir à R$ 360.000,00. Já para as empresas de pequeno porte (EPP), estas devem
ter uma receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior à R$ 4.800.000,00.
O Simples é tido como um sistema unificado por abranger o recolhimento
de diversos impostos e inúmeras contribuições em uma única guia, a qual
chamamos de Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS).

95
UNIDADE 3 Regimes tributários

Ele tem a vantagem de abranger os seguintes tributos:

• Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);


• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
• Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
• Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS);
• Contribuição para o PIS/Pasep;
• Contribuição Patronal Previdenciária (CPP);
• Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias
e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação (ICMS);
• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).

O importante destacarmos que outros tributos incidentes em operações


especiais, como Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou
relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF), Imposto sobre a Importação (II),
Imposto sobre a Exportação (IE) e Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural
(ITR) são passíveis de recolhimento para empresas do Simples Nacional. Isso
significa que tais tributos não são abrangidos no DAS, mas devem ser recolhidos
quando ocorrer o fato gerador.
De acordo com a Lei Complementar n. 123/2006, as atividades que são
abrangidas por esse regime são: comércio, indústria, serviços e locação de bens
móveis. Já as receitas tributadas pelo Simples estão descritas no art. 18, § 4:
O contribuinte deverá considerar, destacadamente, para fim de
pagamento:

I - as receitas decorrentes da revenda de mercadorias;

II - as receitas decorrentes da venda de mercadorias industrializadas


pelo contribuinte;

III - as receitas decorrentes da prestação de serviços, bem como a de


locação de bens móveis;

IV - as receitas decorrentes da venda de mercadorias sujeitas a


substituição tributária e tributação concentrada em uma única
etapa (monofásica), bem como, em relação ao ICMS, antecipação
tributária com encerramento de tributação; (Redação dada pela Lei
Complementar n. 128, de 2008) (produção de efeitos: 1º de janeiro de
2009).

V - as receitas decorrentes da exportação de mercadorias para o


exterior, inclusive as vendas realizadas por meio de comercial
exportadora ou da sociedade de propósito específico prevista no art.
56 desta Lei Complementar. (BRASIL, [2019], on-line)

96
Simples Nacional

Em questão de planejamento tributário, nem sempre a opção do Simples


Nacional é mais vantajosa. Deve-se realizar a análise e os cálculos comparativos,
levando em consideração o IRPJ, a CSLL, o PIS, o COFINS, o IPI, o ICMS, o ISS e
a contribuição patronal para o INSS.
Conforme destaca Crepaldi (2014), os percentuais dos tributos são bem
inferiores em comparação aos regimes de lucro real e lucro presumido. Isso, para
muitas empresas, é uma ótima opção para a redução da carga tributária, mas
somente algumas atividades específicas que podem aderir ao regime. Ademais,
há limites de faturamento que não podem ser ultrapassados, do contrário, não
será possível optar pelo Simples.
A Lei Complementar n. 123/2006, ainda nos traz que o prazo de
pagamento do Simples Nacional será o último dia útil da primeira quinzena do
mês seguinte ao mês de apuração. Contudo, a Resolução n. 51/2008, em seu art.
18, definiu posteriormente o prazo de pagamento para o dia 20 do mês seguinte.

1.3. Limitações do Simples Nacional


O Simples Nacional também apresenta algumas desvantagens, pois
traz impedimentos que fazem com que determinadas organizações não possam
escolher esse regime de tributação. De acordo com o Manual de Perguntas e
Respostas Simples Nacional, elaborado pela Secretaria-Executiva do Comitê
Gestor do Simples Nacional, respeitando os art. 3 e 17 da Lei Complementar
n. 123/2006, está impedida de adotar o regime do Simples Nacional a empresa
que tiver auferido, no ano-calendário imediatamente anterior ou em curso, uma
receita bruta superior a R$ 4.800.000 ou o limite adicional de R$ 4.800.000 para
exportação.

NOTA

Ainda é impedida de adotar o Simples a empresa que tenha auferido, no


ano-calendário de início de atividade, uma receita bruta superior ao limite proporcional
de R$ 400.000,00, multiplicados pelo número de meses em funcionamento no período,
inclusive as frações de meses em funcionamento.

O Manual de Perguntas e Respostas Simples Nacional também estabelece o


impedimento para aqueles que não tenham natureza de sociedade empresária,
sociedade simples, empresa individual de responsabilidade limitada ou
empresário individual. Outros pontos são destacados, como:
• que seja filial, sucursal, agência ou representação, no país, de pessoa
jurídica com sede no exterior;

[…]

97
UNIDADE 3 Regimes tributários

• de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário
ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado
nos termos da Lei Complementar n. 123, de 2006, desde que a receita bruta
global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000;

• cujo titular ou sócio participe com mais de 10% do capital de outra


empresa não beneficiada pela Lei Complementar n. 123, de 2006, desde
que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000;

• cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa


jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o
limite de R$ 4.800.000 […]. (BRASIL, 2021, p. 21-22)

Ainda temos as restrições para outras formas de constituição das


empresas, como aquelas constituídas sob a forma de cooperativas (salvo as de
consumo), as entidades que exerçam atividade de banco comercial, investimento
e desenvolvimento, caixa econômica, sociedade de crédito, financiamento e
investimento ou crédito imobiliário, bem como as demais do setor financeiro.
As entidades constituídas sob a forma de sociedade por ações, as chamadas
sociedades anônimas (SA), de capital aberto ou fechado, também estão impedidas
de adotarem o regime.
O Manual de Perguntas e Respostas Simples Nacional define o impedimento
para entidades resultantes ou remanescentes de cisão ou qualquer outra
forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos
cinco anos-calendários anteriores, assim como aquelas cujos sócios guardem,
cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade,
subordinação e habitualidade. Dessa maneira, estabelece o impedimento da
organização:
• que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços
de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração
de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management),
compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou
de prestação de serviços (factoring);

• que tenha sócio domiciliado no exterior;

• de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou


indireta, federal, estadual ou municipal […]. (BRASIL, 2021, p. 22, grifos
nossos)

As entidades que tenham débito com o Instituto Nacional do Seguro


Social (INSS) ou com as fazendas públicas federal, estadual ou municipal, cuja
exigibilidade não esteja suspensa, também são impedidas de adotar o Simples
Nacional. Além disso, temos as entidades que prestam serviços de transporte
intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto quando na modalidade
fluvial ou quando possuir características de transporte urbano ou metropolitano,
realizando-se sob fretamento contínuo em área metropolitana para o transporte
de estudantes ou trabalhadores.

98
Simples Nacional

Não obstante, o Manual de Perguntas e Respostas Simples Nacional


acrescenta o impedimento de adesão ao Simples Nacional as entidades:
• que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e
motocicletas;

• que exerça atividade de importação de combustíveis;

• que exerça atividade de produção ou venda no atacado de: cigarros,


cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições e
pólvoras, explosivos e detonantes, cervejas sem álcool e bebidas alcoólicas
(exceto, a partir de 2018, as produzidas ou vendidas no atacado por micro
e pequenas cervejarias, micro e pequenas vinícolas, produtores de licores e
micro e pequenas destilarias);

• que realize cessão ou locação de mão de obra;

• que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis;

• que realize atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se


referir a prestação de serviços tributados pelo ISS;

• sem inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal federal,


municipal ou estadual, quando exigível. (BRASIL, 2021, p. 22-23)

Ao analisarmos a legislação vigente, resumidamente, podemos destacar


que, entre as principais desvantagens do Simples, temos que: não há reembolso de
tributos para os clientes, ou seja, não é possível receber parte do pagamento dos
tributos de volta; as EPP possuem limite de exportação, o que pode ocasionar uma
limitação na evolução dos negócios; e o cálculo é realizado sobre o faturamento,
o que pode não ser vantajoso dependendo da atividade desempenhada e da
alíquota incidente.
Mesmo com os prós e contras, logicamente que diversas organizações
fazem uso do SN em seus negócios. Por isso, a seguir, veremos como deve ser
realizado o cálculo do Simples Nacional para uma correta contabilização.

1.4. Cálculo do Simples Nacional


Dentro do Simples Nacional, existem particularidades a depender
do enquadramento da atividade e do faturamento da empresa, como aquelas
apresentadas nos quadros dos anexos do regime e que estabelecem as alíquotas
proporcionais ao nível de receita bruta auferidas. Dessa forma, antes de iniciarmos
a apresentação dos cálculos, é necessário entender que, no Simples Nacional,
as alíquotas variam de acordo com a atividade desenvolvida e o faturamento
durante o período.
O anexo I desse regime tributário corresponde às alíquotas e ao
faturamento para as empresas comerciais. Ele nos traz as seguintes informações:

99
UNIDADE 3 Regimes tributários

Tabela 26. Anexo I de empresas comerciais

Quanto descontar do valor


Receita bruta total em 12 meses Alíquota
recolhido

Até R$ 180.000,00 4% 0

De R$ 180.000,01 a R$ 360.000,00 7,3% R$ 5.940,00

De R$ 360.000,01 a R$ 720.000,00 9,5% R$ 13.860,00

De R$ 720.000,01 a R$ 1.800.000,00 10,7% R$ 22.500,00

De R$ 1.800.000,01 a R$ 3.600.000,00 14,3% R$ 87.300,00

De R$ 3.600.000,01 a R$ 4.800.000,00 19% R$ 378.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

O anexo II, por sua vez, corresponde às alíquotas e aos faturamento para
as empresas industriais. Nesse caso, temos os seguintes dados:
Tabela 27. Anexo II de empresas industriais

Receita bruta total em 12 meses Alíquota Quanto descontar do valor recolhido

Até R$ 180.000,00 4,5% 0

De R$ 180.000,01 a R$ 360.000,00 7,8% R$ 5.940,00

De R$ 360.000,01 a R$ 720.000,00 10% R$ 13.860,00

De R$ 720.000,01 a R$ 1.800.000,00 11,2% R$ 22.500,00

De R$ 1.800.000,01 a R$ 3.600.000,00 14,7% R$ 85.500,00

De R$ 3.600.000,01 a R$ 4.800.000,00 30% R$ 720.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Já o anexo III abrange as empresas com atividades de prestação de serviços


de instalação, reparos e manutenção, prestadoras de serviços de agenciamento de
viagens, serviços de saúde (medicina e odontologia), contabilidade, academias e
laboratórios

100
Simples Nacional

Tabela 28. Anexo III de empresas prestadoras de serviços

Receita bruta total em 12 meses Alíquota Quanto descontar do valor recolhido

Até R$ 180.000,00 6% 0

De R$ 180.000,01 a R$ 360.000,00 11,2% R$ 9.360,00

De R$ 360.000,01 a R$ 720.000,00 13,5% R$ 17.640,00

De R$ 720.000,01 a R$ 1.800.000,00 16% R$ 35.640,00

De R$ 1.800.000,01 a R$ 3.600.000,00 21% R$ 125.640,00

De R$ 3.600.000,01 a R$ 4.800.000,00 33% R$ 648.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

O anexo IV está ligado às alíquotas e ao faturamento para empresas que


fornecem serviços de limpeza, vigilância, obras, construção de imóveis e serviços
advocatícios. Confira a seguir como funciona nesse caso:
Tabela 29. Anexo IV de empresas prestadoras de serviços

Quanto descontar do valor


Receita bruta total em 12 meses Alíquota
recolhido

Até R$ 180.000,00 4,5% 0

De R$ 180.000,01 a R$ 360.000,00 9% R$ 8.100,00

De R$ 360.000,01 a R$ 720.000,00 10,2% R$ 12.420,00

De R$ 720.000,01 a R$ 1.800.000,00 14% R$ 39.780,00

De R$ 1.800.000,01 a R$ 3.600.000,00 22% R$ 183.780,00

De R$ 3.600.000,01 a R$ 4.800.000,00 33% R$ 828.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Finalmente, temos o anexo V, que corresponde às alíquotas e ao


faturamento para empresas que fornecem serviços de auditoria, jornalismo,
tecnologia, publicidade, engenharia, entre outros. Confira na sequência!

101
UNIDADE 3 Regimes tributários

Tabela 30. Anexo V de empresas prestadoras de serviços

Receita bruta total em 12 meses Alíquota Quanto descontar do valor recolhido

Até R$ 180.000,00 15,5% 0

De R$ 180.000,01 a R$ 360.000,00 18% R$ 4.500,00

De R$ 360.000,01 a R$ 720.000,00 19,5% R$ 9.900,00

De R$ 720.000,01 a R$ 1.800.000,00 20,5% R$ 17.100,00

De R$ 1.800.000,01 a R$ 3.600.000,00 23% R$ 62.100,00

De R$ 3.600.000,01 a R$ 4.800.000,00 30,50% R$ 540.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Entretanto, como calcular o valor devido em caso de empresa em início


de atividade? Você saberia realizar esse cálculo corretamente?
Em primeiro lugar, o cálculo mensal do Simples Nacional é realizado
em um sistema eletrônico, chamado de PGDAS-D. Ele se dá mediante a alíquota
efetiva de acordo com os anexos da Lei Complementar n. 123/2006. Sua fórmula é
construída da seguinte maneira: [(RBT12 int ALIQ) – PD] / RBA 12 int.

E
IMPORTANT

Um exemplo para melhor compreensão a respeito do cálculo: as notas


ficais emitidas no período de 01/01/2021 a 31/01/2021, por exemplo, foram calculadas
no Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) que venceu em 20/02/2021.

Peguemos um exemplo numérico. Imaginemos as informações a seguir:


• PA = julho/2020;
• RPA int. (julho/2020) = R$ 25.000,00;
• RBA int. = R$ 135.000,00;
• RBT12 int. = R$ 220.000,00 (dentro da faixa que vai de R$ 180.000,01 a
R$ 360.000,00);
• alíquota nominal dessa faixa de RBT12 para o anexo I = 7,30%;
• parcela a deduzir nessa faixa de RBT12 para o anexo I = R$ 5.940,00;
• alíquota efetiva int. = [(220.000,00 7,30%) – 5.940,00]/220.000,00 =
4,60%;
• Simples Nacional devido no mês (RPA int alíquota efetiva int.) = (R$
25.000,00 × 4,60%) = R$ 1.150,00.

102
Simples Nacional

A contabilização do valor devido mensalmente pela empresa deve


ser realizado em duas etapas: provisão do valor a recolher e pagamento. Pela
provisão do valor a recolher, temos o seguinte:

• débito em despesas tributárias (conta de resultado);


• crédito de impostos e contribuições do simples a recolher (passivo
circulante)*.

Já pelo pagamento, devemos considerar:

• débito de impostos e contribuições do simples a recolher (passivo


circulante);
• crédito do banco (ativo circulante)/ou caixa.

Contudo, os registros dos impostos podem ser realizados de forma mais


detalhada, evidenciando cada imposto/contribuição em função do respectivo
percentual aplicável. Por exemplo, vejamos a tabela a seguir.
Tabela 31. Exemplo de registros dos impostos

Débito de despesas tributárias (conta de resultado)

IRPJ R$ 27,75

PIS/PASEP R$ 3,38

CSLL R$ 16,65

COFINS R$ 15,65

INSS R$ 38,82

ISS R$15,54

Crédito de impostos e contribuições do simples a recolher


R$ 110,99
(passivo circulante)

Pelo pagamento

D - Impostos e contribuições do simples a recolher (passivo circulante)

C - Bancos C/Movimento (ativo circulante) R$ 110,99

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Contudo, o contribuinte não precisa ficar preocupado em realizar os


cálculos manuais, pois o PGDAS-D faz isso automaticamente. De qualquer modo,
a regra geral para realizar o cálculo do Simples Nacional é utilizar a receita bruta
total acumulada nos últimos 12 meses anteriores ao período de apuração.

103
UNIDADE 3 Regimes tributários

1.5. Microempreendedor individual (MEI)


Apesar da redução da burocracia com o Simples Nacional, em 2008 foi
instituído o microempreendedor individual (MEI) pela Lei Complementar
n. 128/2008. Esta criou condições especiais para a legalização das atividades
daquelas pessoas físicas que trabalhavam informalmente até então.

De acordo com Manual de Perguntas e Respostas MEI e o SIMEI, ambos


elaborados pela Secretaria-Executiva do Comitê Gestor do Simples Nacional, o
microempreendedor individual (MEI) é o empresário individual que atende aos
seguintes requisitos, cumulativamente:

• é optante do Simples Nacional e cumpre seus requisitos;


• exerce profissionalmente uma atividade econômica organizada para
a produção ou circulação de bens ou serviços (art. 966 do Código
Civil).

Além disso, outros pontos merecem atenção. Por exemplo, quem é MEI,
deve ter uma renda bruta acumulada nos anos-calendário anteriores e em curso
de até R$ 81.000,00. Se pensarmos no início da atividade, o limite diminui um
pouco, passando para R$ 6.750,00, multiplicado pelo número de meses do início
da atividade até o final do respectivo ano-calendário, considerando as frações de
meses como um mês inteiro.
O microempreendedor ainda deve exercer apenas as ocupações
constantes no anexo XI da Resolução CGSN n. 140/2018, possuir somente um
estabelecimento e não participar de outra empresa como sócio, titular ou
administrador. Não pode contratar mais de um funcionário — sendo que este
receberá um salário mínimo previsto em lei federal/estadual ou o piso salarial da
categoria profissional, o qual é definido por lei federal ou convenção coletiva da
categoria em questão (BRASIL, [2021]).
Ademais, o MEI não deve guardar, cumulativamente, com o contratante
do serviço, uma relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade, nem
realizar suas atividades mediante cessão ou locação de mão de obra (BRASIL,
2018).

104
Simples Nacional

Figura 13. Microempreendedor individual

Fonte: Freepik (2021).

Para ser MEI, o empreendedor deve ser optante do Sistema de


Recolhimento em Valores Fixos Mensais dos Tributos Abrangidos pelo Simples
Nacional (SIMEI). Os tributos incluídos no SIMEI, por meio do DAS, são:

• contribuição previdenciária relativa ao empresário, na qualidade de


contribuinte individual, no valor de 5% do limite mínimo mensal do
salário de contribuição;
• R$ 1,00 a título de ICMS, caso seja contribuinte desse imposto;
• R$ 5,00 a título de ISS, caso seja contribuinte desse imposto.

A principal diferença dos optantes do MEI para o Simples Nacional,


em relação aos tributos, é que os primeiros são isentos de alguns tributos: IRPJ,
CSLL, PIS/PASEP, COFINS e IPI (exceto se incidentes na importação), bem como
contribuição previdenciária patronal (exceto se contratar um funcionário).
No regime do MEI, assim como no Simples Nacional, não há incidência
dos tributos IOF, Impostos sobre a Importação e Exportação, PIS/PASEP, COFINS
e IPI incidentes na importação, ITR, FGTS e contribuição previdenciária relativa
ao funcionário. O Imposto de Renda também é desconsiderado, quando relativo
aos rendimentos ou ganhos líquidos auferidos em aplicações de renda fixa ou
variável, bem como aquele relativo aos ganhos de capital auferidos na alienação
de bens do ativo permanente ou aos pagamentos e créditos efetuados de pessoa
jurídica a pessoas físicas.
E como ocorre o pagamento dos tributos incluídos no SIMEI? Bom, há
três formas de realizar o pagamento:

• o empreendedor emite o DAS-MEI pelo Programa Gerador (PGMEI)


ou aplicativo do MEI. Com o DAS-MEI emitido, realiza-se o
pagamento na rede bancária;
• por meio de pagamento on-line dentro do PGMEI;
• no portal do Simples Nacional, optando pelo débito automático.

105
UNIDADE 3 Regimes tributários

ATENCAO

Vale mencionar que, das obrigações do MEI, há dispensa da escrituração


dos livros fiscais e contábeis, declaração de serviços e emissão da nota fiscal eletrônica
(NF-e). Cabe destacar, contudo, que o MEI estará dispensado de emitir nota fiscal
para consumidor pessoa física, mas é obrigado à emissão quando o destinatário for
cadastrado no CNPJ, salvo quando este emitir nota fiscal de entrada.

O valor da DAS-MEI varia de acordo com a atividade do


microempreendedor e as alterações do salário mínimo (5% deste). No caso do
ano de 2021, os valores são:
Tabela 32. Valores DAS-MEI 2021

Atividade Valores

Comércio ou indústria R$ 55,00 de INSS e R$ 1,00 de ICMS

Prestação de serviços R$ 55,00 de INSS e R$ 5,00 de ISS

Comércio e serviços R$ 55,00 de INSS + R$ 1,00 de ICMS + R$ 1,00 de ISS

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

O MEI, além de realizar o pagamento da DAS-MEI mensalmente, deve


entregar anualmente a declaração anual até o último dia de maio de cada ano.

106
AUTOATIVIDADE

1. O Simples Nacional, previsto pela Lei Complementar n. 123/2006, traz o


recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, que é o
DAS. Este abrange um grupo de tributos federais, estaduais e municipais.

Nesse sentido, considerando nossos estudos a respeito do assunto, qual


tributo listado a seguir é recolhido por meio do DAS?

a. ( ) PIS/PASEP não incidente na importação de bens e serviços.


b. ( ) Imposto sobre a importação de produtos estrangeiros.
c. ( ) FGTS.
d. ( ) ICMS devido nas operações ou prestações sujeitas à
substituição tributária.

2. A Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, trata do Simples


Nacional. Este é um regime simplificado que possui o recolhimento de tributo
também simplificado, sendo impedido para algumas empresas pela sua
simplicidade de arrecadação.

Diante disso, a respeito do Simples Nacional, analise as afirmativas a seguir.

I - As empresas de pequeno porte podem aderir ao Simples Nacional, desde


que não tenham uma receita bruta anual igual ou superior a R$ 81.000,00.

II - Os tributos FGTS, IPTU, ISS, ICMS, CSLL e IPI fazem parte dos
compreendidos no DAS do Simples Nacional.

III - Não poderá se beneficiar do tratamento diferenciado previsto na lei do


Simples Nacional a pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade por
ações.

Está correto o que se afirma em:

a. ( ) I e III.
b. ( ) II, apenas.
c. ( ) III, apenas.
d. ( ) I e II.

107
AUTOATIVIDADE

3. O Simples Nacional é exclusivo para micro e pequenas empresas. Assim, nem


todas as organizações podem optar por esse enquadramento devido a diversos
fatores, como faturamento, atividades, tipo de empresa e constituição tributária.
Nesse sentido, nos termos da Lei Complementar n. 123/2006, assinale a alternativa
a seguir que apresenta os impostos incluídos no documento único de arrecadação
do Simples Nacional.

a. ( ) Impostos sobre serviços de qualquer natureza, renda da pessoa


física e produtos industrializados.
b. ( ) Impostos sobre produtos industrializados, operações de crédito
e operações de importação.
c. ( ) Impostos sobre operações de crédito, propriedade rural e
produtos industrializados.
d. ( ) Impostos sobre serviços de qualquer natureza, propriedade rural
ou urbana e operações de exportação.

4. Para efetuar o cálculo do Simples Nacional, o primeiro passo é verificar em qual


anexo está inserida a empresa e, posteriormente, qual é a faixa de faturamento do
anexo. De posse desses dados, é necessário calcular a alíquota efetiva de acordo
com a fórmula.
Nesse contexto, imagine a seguinte situação: a empresa ABX, uma agência de
viagens optante pelo regime do Simples Nacional, apresentou os seguintes dados:
receita bruta dos últimos 12 meses = R$ 300.000,00;
receita mensal = R$ 30.000,00;
alíquota da tabela = 11,2%;
parcela a deduzir = R$ 9.360,00.
Com base nas informações apresentadas, como seria realizado o cálculo do
Simples Nacional para a empresa em questão?

5. Suponhamos o seguinte: a prefeitura de Mandacaru está oferecendo um


benefício fiscal para as empresas prestadoras de serviços que estejam sediadas
no município. O benefício consiste na redução da alíquota do IPTU, durante 10
anos, para 0,5%. Nesse contexto, a empresa ABC, optante pelo Simples Nacional,
tem interesse em utilizar o benefício e mudar sua sede para o município de
Mandacaru.
Diante disso, analise a situação e responda: a empresa ABC poderá usufruir do
benefício fiscal oferecido pela prefeitura? Por quê?

108
TÓPICO 2
UNIDADE 3

Lucro Presumido

2.1. Introdução do tópico


O regime de tributação conhecido como lucro presumido é uma das
opções a qual as empresas podem aderir e que incide sobre um percentual de
uma margem de lucro presumida ou lucro por presunção. Além disso, o lucro
presumido, quando em comparação ao lucro real, traz a tributação do Imposto
de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL) de forma mais simplificada, sendo regulamentada pelo Decreto
n. 9.580/2018.
Assim, ao longo deste tópico, estudaremos quanto ao lucro presumido,
suas formas de apurações e escriturações. Acompanhe o conteúdo!

2.2. Considerações iniciais e legislação


O lucro presumido é um regime de tributação que utiliza somente as
receitas da empresa para a apuração do resultado tributável de IR e CSLL. A Lei
n. 9.718/1998, em seu art. 13, delimita como optantes do lucro presumido:
A pessoa jurídica cuja receita bruta total no ano-calendário anterior
tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões
de reais) ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais)
multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calendário
anterior, quando inferior a 12 (doze) meses, poderá optar pelo regime
de tributação com base no lucro presumido. (BRASIL, [2008], on-line)

Crepaldi (2014), nos explica que, resumidamente, a apuração do lucro


para as empresas optantes pelo lucro presumido deve ser trimestral, ou seja, a
empresa deve presumir o lucro auferido a cada trimestre, aplicando sobre ele os
percentuais de lucratividade estabelecidos na legislação.
Fabretti (2017) esclarece, corroborando com Crepaldi (2014), que o
lucro presumido é um regime simplificado para os Imposto de Renda (IR) e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a fim de facilitar o pagamento
de tais tributos, sem ser necessário apurar o lucro real.
A respeito dos percentuais de presunção do lucro aplicáveis sobre a
receita bruta, conforme o art. 15 da Lei n. 9.249/1995, temos:

• 8% sobre a receita de vendas de mercadorias (exceto revenda de


combustíveis para consumo) ou produtos, de serviços hospitalares e
do transporte de cargas, assim como outras atividades sem previsão
percentual específico;
109
UNIDADE 3 Regimes tributários

• 1,6% sobre a receita da revenda, para consumo, de combustível


derivado de petróleo, gás natural e álcool etílico carburante;
• 16% sobre a receita da prestação de serviços de transporte (exceto
cargas), prestadoras de serviços com receita bruta anual não superior
a R$ 120.000,00 e instituições financeiras e equiparadas;
• 32% sobre a receita da prestação de serviços em geral (executados
serviços hospitalares e de transporte, bem como as empresas com
receita bruta anual não superior a R$ 120.000,00; intermediação de
negócios; administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis
e direitos de qualquer natureza; prestação cumulativa e contínua de
serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito,
seleção de riscos e administração de contas a pagar e a receber.

NOTA

Para as empresas prestadoras de serviços cuja receita bruta anual seja igual
ou inferior a R$ 120.000,00, o lucro presumido mensal será determinado mediante a
aplicação do percentual de 16% sobre a receita bruta de cada mês. No entanto, esse
percentual não se aplica às pessoas jurídicas que prestam serviços hospitalares e de
transporte de carga, sujeitas ao percentual de 8%; nem às sociedades prestadoras de
serviços de profissões regulamentadas, sujeitas ao percentual de 32%.

Importante destacar que, para uma empresa optar pelo lucro presumido,
é necessário estabelecer algumas regras e certos procedimentos:

• desde 2014, a pessoa jurídica que apurar, durante o ano-calendário


anterior, uma receita bruta total ou inferior ao valor estabelecido pela
legislação vigente, poderá optar pelo regime do lucro presumido;
• a organização não pode ter optado, no início do ano, pelo regime
do lucro real, pois a opção pelo regime tributário é irrevogável e
irretratável;
• as empresas de factoring e que usufruem de benefícios fiscais
concedidos não podem optar pelo lucro presumido.

Pêgas (2017) destaca que o lucro presumido apurado trimestralmente


deve ter as datas de apuração estabelecidos em 31 de março, 30 de junho, 30
de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário, ou, ainda, na data de
extinção da entidade, se esta vier a encerrar as atividades.

2.3. Empresas proibidas de optar pelo lucro presumido


A priori, todas as empresas podem optar pelo lucro presumido, mas
Pêgas (2017) destaca aquelas que são obrigadas a optar pelo regime de lucro real.
Nesse cenário, encaixam-se as seguintes organizações:

110
Lucro Presumido

• cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior a R$ 78


milhões ou proporcional ao número de meses do período, quando
inferior a 12 meses;
• financeiras e equiparadas, inclusive empresas de seguros privados,
capitalização, factoring e entidades de previdência privada aberta;
• que têm lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do
exterior;
• que, autorizadas pela legislação tributária, usufruem de benefícios
fiscais relativos à isenção ou redução de imposto;
• que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado o pagamento
mensal pelo regime de estimativa, inclusive mediante balanço ou
balancete de suspensão ou redução.

Para o cálculo do limite de R$ 78 milhões, entram todas as receitas,


mesmo aqueças não tributadas, como o resultado positivo de participações em
empresas controladas e coligadas, além das reversões de provisões. Contudo,
como destaca Crepaldi (2014), deverão ser deduzidos da receita total as vendas
canceladas, os descontos incondicionais, o IPI e o ICMS- ST, quando registrados
como receitas.

2.4. Obrigações acessórias


Conforme o art. 45 da Lei n. 8.981/1995, as empresas que optam pelo
lucro presumido deve manter algumas obrigações, a exemplo de:

• livro caixa: escrituração contábil na qual deverá estar escriturada


toda a movimentação financeira, inclusive bancária, nos termos da
legislação comercial;
• livro registro de inventário: no qual deverão constar registrados os
estoques existentes no término do ano-calendário;
• livro de apuração do lucro real: quando houver lucros auferidos de
períodos de apuração anteriores, inclusive saldo de lucro inflacionário
a tributar.

Além disso, devem manter em boa guarda e ordem — enquanto não


decorrido o prazo decadencial e prescritas as eventuais ações pertinentes —
todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica e os
documentos e demais papéis que servem de base para as escriturações comercial
e fiscal.

111
UNIDADE 3 Regimes tributários

Figura 14. Documentos e declarações

Fonte: Freepik (2021).

Dentro das declarações, mensalmente, as empresas de lucro presumido


precisam entregar a seguinte relação de itens:

• declaração eletrônica de serviços (DES): trata-se de uma declaração


municipal para declarar ao fisco o total de serviços prestados no mês;
• declaração de apuração e informação do ICMS (DAPI): declaração
estadual destinada à apuração do valor a ser pago ou restituído a título
de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias
e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação (ICMS);
• guia de informação e apuração do ICMS (GIA): declaração estadual
relacionada às operações que se enquadram no regime de substituição
tributária do ICMS;
• Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais
com Mercadorias e Serviços (SINTEGRA): trata-se de uma
obrigação estadual, com a finalidade de alavancar um processo de
informatização no recebimento e tratamento das operações;
• Escrituração Contábil Digital (EFD ICMS/IPI): refere-se a uma
obrigação estadual que integra o Sistema Público de Escrituração
Digital (SPED);
• EFD contribuições: obrigações federais que também integram o
Sistema Público de Escrituração Digital (SPED);
• Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações
à Previdência Social (SEFIP/GFIP): software utilizado para o
recolhimento do FGTS. Serve para o pagamento da GFIP, que
é utilizada para o recolhimento do INSS dos funcionários da
organização;
• Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED):
utilizado para o registro de admissões e dispensa de colaboradores,
sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

112
Lucro Presumido

Anualmente, as empresas do lucro presumido ainda precisam entregar:

• Escrituração Contábil Digital (ECD): obrigação federal que integra o


Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e reúne os documentos
contábeis;
• Escrituração Contábil Fiscal (ECF): declaração de competência
federal que substitui a entrega da antiga declaração de informações
econômico-fiscais da pessoa jurídica (DIPJ);
• declaração do imposto sobre a renda retido na fonte (DIRF):
declaração feita pela fonte pagadora;
• relação anual de informações sociais (RAIS): declaração entregue
pelos empregadores com informações referentes a cada um de seus
funcionários;
• declaração de Imposto de Renda de pessoa física (DIRPF): declaração
em que são registradas as informações dos sócios da empresa.

Assim, conhecendo as particularidades do regime de tributação do lucro


presumido, vamos entender a seguir como ocorre a apuração do Imposto de
Renda da pessoa jurídica no lucro presumido.

2.5. Imposto de Renda no lucro presumido


As empresas optantes pelo lucro presumido são obrigadas ao
recolhimento do Imposto de Renda de forma trimestral, sendo a base de cálculo
estipulada sobre o percentual específico aplicado à receita operacional.
Tabela 33. Percentuais de presunção para base de cálculo do IR

Receitas %

Venda ou revenda de produtos e bens 8%

Prestação de serviços 32%

Administração, locação ou cessão de bens e direitos de qualquer natureza 32%

Transporte de passageiros 16%

Transporte de cargas 8%

Serviços hospitalares 8%

Prestação de serviços até R$ 120 mil/ano, menos regulamentadas 16%

Revenda, para consumo, de combustível, derivado de petróleo, álcool etílico


1,6%
carburante e gás natural

Outras receitas não definidas no estatuto ou contrato social 100%

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

113
UNIDADE 3 Regimes tributários

Apurado o lucro, somam-se outras receitas auferidas, como ganhos de


capital e receitas financeiras, aplicando-se a alíquota do Imposto de Renda. As
alíquotas para apuração desse imposto no lucro presumido, são:

• alíquota normal de 15% sobre o lucro estimado mensal;


• alíquota adicional de 10% sobre o lucro estimado que exceder o limite
trimestral de R$ 60 mil ou R$ 20 mil por fração de meses.

Como sabemos, a receita bruta é o somatório dos valores provenientes


das vendas de mercadorias ou produtos, dos serviços prestados e dos ganhos de
capital, assim como de todos os rendimentos sobre aplicações financeiras. Porém,
alguns valores não fazem parte da base de cálculo do Imposto de Renda, que são
as exclusões:

• IPI incidente sobre as vendas, ICMS devido pelo contribuinte


substituto, vendas canceladas, devoluções de vendas e descontos
incondicionais;
• receitas de participações em empresas controladas e coligadas,
avaliadas pelo método de equivalência patrimonial;
• receita de dividendo de investimentos avaliados pelo custo;
• reversões de provisões.

Para a apuração do Imposto de Renda pelo lucro presumido, indicamos


a estrutura a seguir, a fim de facilitar o entendimento do processo.
Quadro 10. Estrutura básica de apuração do Imposto de Renda

Receita bruta

(-) Deduções para apurar receita bruta ajustada

IPI sobre vendas, cancelamentos, devoluções e descontos incondicionais

(=) Receita bruta ajustada

X % aplicável sobre a receita bruta ajustada

(=) Lucro presumido

(+) Acréscimos

Ganhos de capital, receita de alugueis de imóveis, rendimentos sobre aplicações financeiras

(=) Base de cálculo do Imposto de Renda

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Vamos pensar em um exemplo para compreender melhor o assunto?


Pensemos em um caso considerando PIS e COFINS, de posse dos seguintes dados:

114
Lucro Presumido

• receita trimestral = R$150.000,00 (100%);


• lucro presumido = R$150.000,00 32% = R$ 48.000,00.

Quanto aos tributos, temos os seguintes cálculos:

• PIS (R$ 150.000,00 0,65%) = R$ 975,00;


• COFINS (R$ 150.000,00 3%) = R$ 4.500,00;
• IRPJ (R$ 150.000,00 15%) = R$ 7.200,00.

Agora, em um segundo exemplo, consideraremos PIS, COFINS e IR adicional:

• receita trimestral = R$ 200.000,00 (100%);


• lucro presumido = R$ 200.000,00 32% = R$ 64.000,00.

No que diz respeito aos tributos, contabilizamos o seguinte:

• PIS (R$ 200.000,00 0,65%) = R$ 1.300,00;


• COFINS (R$ 200.000,00 3%) = R$ 6.000,00;
• IRPJ (R$ 64.000,00 15%) = R$ 9.600,00;
• IRPJ adicional (R$ 64.000,00 – R$ 60.000,00) 10% = R$ 400,00.

Mas e como ocorre a contabilização de PIS e COFINS?

Para registro da despesa de PIS e COFINS, temos que:

• débito de despesa de PIS = R$ 1.300,00;


• crédito de PIS a pagar = R$ 1.300,00;
• débito de despesa de COFINS = R$ 9.600,00;
• crédito de COFINS a pagar = R$ 9.600,00.

Já para pagamento, consideramos o seguinte:

• débito de PIS a pagar = R$ 1.300,00;


• crédito de PIS a compensar = R$ 1.300,00;
• crédito de caixa ou banco (PIS) = R$ 1.300,00;
• débito de COFINS a pagar = R$ 9.600,00;
• crédito de COFINS a compensar = R$ 9.600,00;
• crédito de caixa ou banco (COFINS) = R$ 9.600.

115
UNIDADE 3 Regimes tributários

Para fixarmos bem a temática, vejamos mais um exemplo, considerando


os dados a seguir de receitas, vendas, rendimentos e ganho de capital:

• receita de revenda de mercadorias = R$ 600.000,00


• receita de serviço = R$ 90.000,00;
• vendas canceladas = R$ 20.000,00;
• rendimento recebido de aplicação financeira (IRRF de R$ 400,00) = R$
5.000,00;
• rendimento obtido de equivalência patrimonial = R$ 15.000,00;
• ganho de capital na alienação de bens do ativo = R$ 10.000,00.

Observe a tabela a seguir com as informações anteriores e cálculos


necessários.
Tabela 34. Exemplificação da estrutura para apuração do IRPJ no lucro presumido

Receita bruta

Receita revenda de mercadorias


R$ 600.000,00 R$ 90.000,00
Receita de serviços

(-) Deduções para apurar receita bruta ajustada

Vendas canceladas (R$ 20.000,00)

(=) Receita bruta ajustada R$ 580.000,00 R$ 90.000,00

X % aplicável sobre a receita bruta ajustada x 8% x 32%

(=) Lucro presumido R$ 46.400,00 R$ 28.800,00

(+) Acréscimos

Ganhos de capital R$ 10.000,00

Rendimento de aplicação financeira R$ 5.000,00

(=) Base de cálculo do Imposto de Renda R$ 90.200,00

IRPJ (15% R$ 90.200,00) R$ 13.530,00

IR adicional (R$ 90.200,00 – R$ 60.000,00) 10% R$ 3.020,00

(=) IR devido R$16.550

(-) Dedução (IRRF) (R$ 400,00)

(=) Imposto de Renda a recolher R$ 16.150,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Relevante mencionar que o imposto de renda retido na fonte, cobrado


sobre as receitas que compõem a base do lucro presumido, poderá ser deduzido
no momento do pagamento do imposto definitivo.

116
Lucro Presumido

2.6. CSLL no lucro presumido


As empresas optantes pelo lucro presumido devem pagar a Contribuição
Social sobre o Lucro (CSL) pelo mesmo critério do Imposto de Renda. A alíquota
do CSL é de 9% sobre o lucro presumido. Sua base de cálculo devida corresponde
ao somatório dos apurados trimestralmente, conforme observamos na tabela a
seguir.
Tabela 35. Percentuais de presunção para base de cálculo do CSL

Receitas %

Venda ou revenda de produtos e bens 12%

Prestação de serviços 32%

Administração, locação ou cessão de bens e direitos de qualquer natureza 32%

Transporte de passageiros 12%

Transporte de cargas 12%

Serviços hospitalares 12%

Prestação de serviços até R$ 120 mil/ano, menos regulamentadas 32%

Revenda, para consumo, de combustível, derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás
12%
natural

Outras receitas não definidas no estatuto ou contrato social 100%

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Como anteriormente observado, a base de cálculo para o Imposto de


Renda compreende tanto os valores com venda de mercadoria ou produtos
quanto os valores auferidos com a prestação de serviços, ganhos de capital,
rendimentos de aplicações financeiras e juros remuneratórios do capital próprio
excetuados, o resultado positivo de equivalência patrimonial, lucros e dividendos
por participações.
Assim como temos adições, é importante apresentarmos as exclusões.
Para a base de cálculo do Imposto de Renda, podemos destacar as exclusões
dos impostos sobre as vendas (IPI sobre vendas e ICMS), vendas canceladas,
devoluções e descontos incondicionais. Vejamos o quadro a seguir!

117
UNIDADE 3 Regimes tributários

Quadro 11. Estrutura básica para apuração da CSL

Receita bruta

(-) Deduções para apurar receita bruta ajustada


IPI sobre vendas, cancelamentos, devoluções e descontos incondicionais
(=) Receita bruta ajustada
X % aplicável sobre a receita bruta ajustada
(=) Lucro presumido
(+) Acréscimos
Ganhos de capital, receita de alugueis de imóveis, rendimentos sobre aplicações financeiras
(=) Base de cálculo do CSL

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

Encontrado o valor da base de cálculo, aplica-se a alíquota de 9% para


apurar o valor da CSL. Entretanto, desse valor pode ser:

• deduzidos os valores de contribuição social sobre o lucro pago ou


retido na fonte das receitas computadas na determinação do lucro
presumido trimestral tributável;
• deduzida a contribuição social sobre o lucro pago a maior ou
indevidamente em períodos anteriores.

Vamos analisar alguns exemplos? Comecemos com um que considera


PIS e COFINS, com base nas seguintes informações:

• receita trimestral = R$ 150.000,00 (100%);


• lucro presumido = R$ 150.000,00 32% = R$ 48.000,00.

Analisando os tributos, temos os seguintes cálculos:

• PIS (R$ 150.000,00 0,65%) = R$ 975,00;


• COFINS (R$ 150.000,00 3%) = R$ 4.500,00;
• IRPJ (R$ 150.000,00 15%) = R$ 7.200,00;
• CSLL (R$ 48.000,00 9%) = R$ 4.320,00.

Agora, peguemos um segundo exemplo, levando em conta PIS, COFINS e IR


adicional. Nesse caso, temos as informações a seguir:

• receita trimestral = R$ 200.000,00 (100%);


• lucro presumido = R$ 200.000 32% = R$ 64.000,00.

118
Lucro Presumido

Realizando os cálculos dos tributos envolvidos, temos que:

• PIS (R$ 200.000,00 0,65%) = R$ 1.300,00;


• COFINS (R$ 200.000 3%) = R$ 6.000,00;
• IRPJ (R$ 64.000,00 15%) = R$ 9.600,00;
• IRPJ adicional (R$ 64.000,00 – R$ 60.000,00) 10% = R$ 400,00;
• CSLL (R$ 64.000,00 9%) = R$ 5.760,00.

Por fim, vamos a um terceiro exemplo, com base nos seguintes dados:

• receita de revenda de mercadorias = R$ 600.000,00;


• receita de serviço = R$ 90.000,00;
• vendas canceladas = R$ 20.000,00;
• rendimento recebido de aplicação financeira (IRRF de R$ 400,00) = R$
5.000,00;
• rendimento obtido de equivalência patrimonial = R$ 15.000,00;
• ganho de capital na alienação de bens do ativo = R$ 10.000,00.

A tabela na sequência nos traz os dados anteriores e os cálculos precisos.

Tabela 36. Exemplificação da apuração da CSLL no lucro presumido

Receita bruta

Receita revenda de mercadorias


R$ 600.000,00 R$ 90.000,00
Receita de serviços
(-) Deduções para apurar receita bruta ajustada
Vendas canceladas (R$ 20.000,00)
(=) Receita bruta ajustada R$ 580.000,00 R$ 90.000,00
X % aplicável sobre a receita bruta ajustada x 12% x 32%
(=) Lucro presumido R$ 69.600,00 R$ 28.800,00
(+) Acréscimos
Ganhos de capital R$ 10.000,00

Rendimento de aplicação financeira R$ 5.000,00


(=) Base de cálculo do imposto de CSLL R$ 113.400,00
CSLL 9% R$ 10.206,00
(-) Dedução (CSLL) 0
(=) CSLL a recolher R$ 10.206,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Como podemos verificar, para a contabilização da CSLL, aplicamos


as mesmas normas de apuração e pagamento estabelecidas para o Imposto de
Renda.

119
AUTOATIVIDADE

1. O regime de tributação do lucro presumido apresenta uma apuração


trimestral e forma simplificada para a determinação da base de cálculo do
Imposto de Renda e da CSLL, pois não é necessária a apuração do lucro real
da entidade, mas aplicando sobre o lucro os percentuais de lucratividade
estabelecidos na legislação.

Assim sendo, supondo que uma empresa apresente, ao final do trimestre, uma
parcela do lucro presumido de R$ 75.000,00, a parcela do lucro presumido
que excede o limite de R$ 60.000,00 fica sujeita à incidência de adicional de
imposto à alíquota de:

a. ( ) 15%.
b. ( ) 10%.
c. ( ) 12%.
d. ( ) 32%.

2. Como já sabemos, PIS e COFINS incidem sob os regimes cumulativos, não


cumulativos, de substituição tributária, monofásicos, de alíquotas zero, por
volume, sobre importação, entre outras possibilidades.

Diante disso, com base em nossos estudos, podemos afirmar que, quanto ao
lucro presumido, as arrecadações de PIS e COFINS deverão ser cumulativas,
sendo que as alíquotas são, respectivamente, de:

a. ( ) 0,65% e 3%.
b. ( ) 3% e 0,65%.
c. ( ) 1,65% e 7,6%.
d. ( ) 7,6% e 1,65%.

3. A base de cálculo do imposto e do adicional, decorrente da receita bruta,


em cada trimestre, será determinada mediante a aplicação do percentual. No
Imposto de Renda, para cada tipo de atividade é aplicada uma porcentagem.

Nesse contexto, considerando nossos estudos referentes à base de cálculo do


lucro presumido, analise as afirmativas a seguir.

120
AUTOATIVIDADE

I - A base de cálculo da CSLL para o IR é de 32% para empresas prestadoras de


serviços;

II - A base de cálculo do lucro presumido é o lucro real apurado no período,


considerando as adições e inclusões permitidas.

III - A base de cálculo para a CSLL é de 9%.

Está correto o que se afirma em:

a. ( ) I, apenas.
b. ( ) I e II.
c. ( ) II, apenas.
d. ( ) II e III.

4. O IRPJ sobre o lucro presumido será pago sobre a base de cálculo presumida,
conforme a receita de cada atividade da empresa. Para a venda de mercadorias ou
produtos, por exemplo, há um percentual de receita de 8%. Diante disso, imagine
a seguinte situação: uma empresa comercial teve seu lucro arbitrado no primeiro
trimestre de 2020, embora suas receitas sejam conhecidas. O arbitramento teve
como causa a escrituração imprestável, que dificultou a apuração das despesas.
A receita de vendas totalizou R$ 625.000,00, e a empresa tem um ganho de capital
de R$ 700,00.

Com base em nossos estudos sobre o assunto e as informações anteriores, quanto


será o IR devido referente ao primeiro trimestre?

5. Para a base de cálculo do lucro presumido, o lucro é estabelecido por meio


de percentuais padrões aplicados sobre a receita operacional bruta (ROB). O
resultado ainda deve ser ajustado, somando e excluindo receitas e despesas. Nesse
contexto, pensamos o seguinte: uma empresa tributada pelo lucro real anual tem
um resultado positivo apurado na contabilidade no valor de R$ 800.000,00. Neste
estão incluídas despesas não dedutíveis de R$ 100.000,00 e receitas não tributáveis
de R$ 200.000,00.

Com base nisso, sabendo que existia saldo de prejuízo fiscal na parte B do LALUR
de R$ 250.000,00, qual é o IR devido no ano?

121
TÓPICO 3
UNIDADE 3

Lucro Real

3.1. Introdução do tópico


O lucro real é um regime de tributação em que o cálculo do Imposto de
Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido é realizado sobre o lucro
real, ou seja, a receita, menos as despesas, realizando os ajustes com as inclusões
e exclusões previstas na legislação. O lucro real é o efetivo que a empresa apurou
durante o período.
No regime de tributação do lucro real, obrigatoriamente se apuram as
contribuições de PIS e COFINS pelo regime de não cumulatividade.
Diante desses pontos, vamos, então, nos aprofundarmos a respeito do
assunto e estudarmos o lucro real de forma mais detalhada? Confira o conteúdo!

3.2. Considerações iniciais e legislação


De acordo com Fabretti (2017), o lucro real é apurado a partir do resultado
contábil, que pode ser positivo (lucro) ou negativo (prejuízo). Conforme determina
o art. 248 do RIR, o lucro líquido é a soma algébrica do lucro operacional, dos
resultados não operacionais e das participações. Assim, o lucro real é aquele
apurado com base na Escrituração Contábil Fiscal, respeitando os princípios
fundamentais da contabilidade e as normas fiscais e comerciais.
Crepaldi (2014) nos traz que a apuração do lucro real é realizada na parte
A do livro de apuração do lucro real (LALUR), mediante as adições e exclusões no
lucro líquido. Mas, afinal, quem é obrigado a realizar a apuração pelo lucro real?
Vimos anteriormente as empresas que podem adotar a apuração pelo
Simples Nacional e lucro presumido, certo? No entanto, vale lembrar que algumas
empresas são obrigadas a realizarem a apuração pelo lucro real.
Conforme art. 59 da Instrução Normativa RFB n. 1.700, de 14 de março de
2017, obrigatoriamente, entidades que auferiram receita total, no ano-calendário
anterior, superior a R$ 78.000.000 ou o limite proporcional mensal de R$ 6.500.000,
devem optar pelo regime de tributação do lucro real. Além disso, as instituições
financeiras ou equiparadas, as entidades que tiverem lucros, rendimentos ou
ganhos de capital oriundos do exterior, que usufruam de benefícios relativos à
isenção ou redução do Imposto de Renda, que explorem atividades de prestação
cumulativa e continuada de serviços de assessoria creditícia, mercadológica
(factoring) e que ainda tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de
estimativa, são obrigadas ao regime lucro real.

122
Lucro Real

No que se refere à apuração, diferentemente dos regimes do Simples


Nacional e lucro presumido, no regime do lucro real a apuração pode ser realizada
nas formas de apuração trimestral e apuração anual.

3.2. 1. Obrigações acessórias


Para as empresas que atuam dentro do regime de tributação pelo lucro
real, mensalmente devem cumprir com as obrigações acessórias. Estas são
declarações (mensais, trimestrais ou anuais) com o objetivo de apresentarem ao
governo informações a respeito da receita, dos impostos, das contribuições, entre
outras.
Entre as obrigações acessórias mensais, temos: GIA, DES, SINTEGRA,
EFD ICMS/IPI, DCTF, EFD contribuições, SEFIP / GFIP e CAGED.

• A guia de informação e apuração (GIA) consiste na declaração estadual


correspondente às operações integradas ao ICMS e ICMS-ST.
• A declaração eletrônica de serviços (DES) é uma entrega municipal
direcionada às empresas prestadoras de serviços junto à Receita
Federal.
• Já o Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais
com Mercadorias e Serviços (SINTEGRA) é uma declaração estadual
obrigatória aos contribuintes sujeitos ao recolhimento do ICMS, com
o objetivo de emitir documentos fiscais e/ou a escrituração de livros
fiscais, incluindo os usuários do equipamento emissor de cupom
fiscal (ECF).
• A Escrituração Contábil Digital (EFD ICMS/IPI) compreende uma
obrigação estadual integrada ao Sistema Público de Escrituração
Digital (SPED), substituindo a escrituração física dos livros de
apuração de impostos (IPI e ICMS) e controle de entradas, saídas e
inventário.
• A EFD contribuições também integra o SPED, mas consiste na
declaração correspondente ao Programa de Integração Social (PIS), ao
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP),
à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)
e à Contribuição Previdenciária.
• A declaração de débitos tributários federais (DCTF) consiste em
informações aos impostos federais, como Imposto de Renda de Pessoa
Jurídica (IRPJ), Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL), entre outros.
• O Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à
Previdência Social (SEFIP/GFIP), como o próprio nome sugere,
apresenta dados trabalhistas, previdenciários e referentes ao FGTS de
cada funcionário.

123
UNIDADE 3 Regimes tributários

• O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED),


que apresenta os dados equivalentes às admissões e demissões de
funcionários regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.

Figura 15 Obrigações empresariais

Fonte: Freepik (2021).

Assim como as obrigações acessórias mensais, as empresas optantes


pelo lucro real devem cumprir com obrigações anuais: DIRF, RAIS, DIRFP, ECF
e ECD.

• A declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) tem


como objetivo apresentar para a Receita Federal as informações
dos impostos estaduais que tiveram os pagamentos e recebimentos
retidos pela empresa.
• A declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física (DIRFP) objetiva
apurar se os sócios da empresa ainda se enquadram nela e se é
necessária a realização da declaração de Imposto de Renda pessoal
dos sócios.
• A relação anual de informações sociais (RAIS) consiste em um
documento que permite ao governo federal o controle sobre as
atividades trabalhistas, assim como a identificação e o direito do
trabalhador ao recebimento do abono salarial (PIS/PASEP).
• A Escrituração Contábil Fiscal (ECF) busca informar todas as
operações que possam influenciar a base do cálculo e a quantia devida
perante o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), bem como a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
• A Escrituração Contábil Digital (ECD) é uma declaração integrada
ao SPED que objetiva substituir a escrituração física pela virtual dos
seguintes livros: diário, razão, de balancetes diários, balanços e fichas
de lançamento.

Posto isso, vamos estudar sobre o Imposto de Renda no lucro real?


Continue a leitura do material para se aprofundar na temática!
124
Lucro Real

3.3. Imposto de Renda no lucro real


Para compreendermos quanto ao Imposto de Renda no lucro real,
precisamos, primeiramente, entender três termos importantes: adições, exclusões
e compensações.
As adições se referem às despesas contabilizadas pela pessoa jurídica,
mas que são limitadas ou não admitidas pela lei, a exemplo de multas por
infrações fiscais. As exclusões, por outro lado, são valores que a lei permite
subtrair do lucro líquido (IR) para efeito fiscal. Podemos mencionar como
exemplo a depreciação acelerada por incentivos fiscais, os dividendos obtidos de
investimentos em ações de outras empresas avaliadas pelo custo de aquisição etc.
Por fim, as compensações dizem respeito ao fato de que podem ser compensados
os prejuízos fiscais dos períodos-base anteriores.
Um ponto importante sobre as compensações é que, conforme a Lei n.
8.981/1995, em seu art. 42, a compensação do prejuízo fiscal foi limitada em 30%
do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões:
Art. 42. A partir de 1º de janeiro de 1995, para efeito de determinar o
lucro real, o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas
ou autorizadas pela legislação do imposto de renda, poderá ser
reduzido em, no máximo, trinta por cento.

Parágrafo único. A parcela dos prejuízos fiscais apurados até 31 de


dezembro de 1994, não compensada em razão do disposto no caput
deste artigo, poderá ser utilizada nos anos-calendários subsequentes.
(BRASIL, [1997], on-line)

É importante lembrarmos que, na ocorrência de prejuízo fiscal, a empresa


pode compensar após obter o lucro líquido ajustado. A compensação se limita ao
máximo de 30% desse lucro líquido. A estrutura básica de apuração pode ser
resumida assim:
Quadro 12 - Estrutura básica para apuração do Imposto de Renda no lucro real

Lucro antes do IR/CSL

(+) Adições

Despesas contabilizadas que não são aceitas pelo FISCO

Receitas exigidas pelo FISCO e não contabilizadas em RECEITAS

(-) Exclusões

Receitas contabilizadas que não são exigidas pelo FISCO

Despesas aceitas pelo FISCO e não contabilizadas em DESPESAS

(=) Lucro antes da compensação de prejuízos fiscais

(-) Compensação de prejuízos fiscais (até 30%)

(=) Lucro real tributável

Fonte: Elaborado pela autora (2021).

125
UNIDADE 3 Regimes tributários

Pêgas (2017) apresenta o detalhamento dos termos:

• despesas contabilizadas que não são aceitas pelo fisco: a legislação


fiscal não aceita como dedução do lucro. Podemos citar como exemplos
as despesas com brindes, as multas fiscais pagas por infrações —
salvo as de natureza compensatórias (multa de mora) —, as multas
de trânsito, as multas de vigilância sanitária, as participações pagas a
empregadores e partes beneficiárias etc.;
• receitas exigidas pelo fisco e não contabilizadas em receitas: ocorre
quando a empresa não registra determinado valor em receita na
contabilidade, mas o fisco exige seu reconhecimento para fins fiscais;
• receitas contabilizadas e não exigidas pelo fisco: representa um valor
que, embora reconhecido como ganho pela empresa e contabilizado
em receita, a legislação fiscal não exige sua tributação, permitindo
que a receita em questão não entre na base fiscal para cálculo dos
tributos sobre o lucro;
• despesas aceitas pelo fisco e não contabilizadas em despesas: há
situações em que o fisco permite que sejam feitas deduções na base
fiscal que não estão registradas como despesas na contabilidade.
Temos como exemplo a depreciação acelerada incentivada. A dedução
em dobro é um benefício fiscal, não devendo afetar o registro contábil.

E
IMPORTANT

As empresas enquadradas no regime de tributação do lucro real fazem as


escriturações no LALUR e realizam os ajustes necessários antes do cálculo do Imposto
de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Para realizar o cálculo
dos tributos, deve-se seguir as normas tributárias, como o Decreto n. 9.580/2018, que
regulamenta o Imposto de Renda e a CSLL.

Mas o que é o LALUR?


Como vimos anteriormente, as empresas do lucro real apuram o Imposto
de Renda e a CSLL para, depois, escriturá-los no livro de apuração do lucro real,
também conhecido como LALUR. Este, aliás, foi criado Instrução Normativa RFB
n. 1.700/2017, sendo organizado em duas partes: parte A e parte B.
A parte A é destinada aos lançamentos de ajustes e à transcrição da
demonstração do lucro real. Além disso, realiza-se a apuração da base de cálculo
do IRPJ e da CSLL. Já a parte B é sequência da parte A, quando é realizado o
controle dos ajustes da primeira parte, decorrentes de diferenças temporárias entre
o lucro contábil, constante da escrita comercial da empresa, e o lucro real. Esse
controle é necessário porque determinados ajustes podem afetar a determinação
do lucro real dos períodos futuros, em observância às regras de apuração do IRPJ
e da CSLL.
126
Lucro Real

É importante destacar que as empresas tributadas pelo lucro real são


obrigadas a preencherem a Escrituração Contábil Fiscal (ECF). Nesta, informa-se
o controle das partes A e B do livro eletrônico de apuração do lucro real (e-LALUR)
e do livro eletrônico de apuração da base de cálculo da CSLL (e-LACS). Isto é, as
empresas entregam anualmente o LALUR ao fisco por meio da ECF.
As opções de tributação do lucro real são duas: lucro real trimestral e
lucro real anual com antecipação mensais em bases estimadas.

3.3.1. Lucro real trimestral


O lucro real apurado de forma trimestral, até o último dia útil do mês
subsequente ao encerramento do período de apuração, deve ser pago em cota
única. Conforme nos traz Crepaldi (2014), o empresário ainda tem a opção de
efetuar o pagamento em três cotas mensais, iguais e sucessivas.
Assim como no lucro presumido, as alíquotas do Imposto de Renda
trimestral são: normal de 15% sobre o lucro estimado mensal e adicional de 10%
sobre o lucro estimado que exceder o limite trimestral de R$ 60 mil ou R$ 20 mil
por fração de meses.
Os períodos correspondem a:

• primeiro período: janeiro, fevereiro e março;


• segundo período: abril, maio e junho;
• terceiro período: julho, agosto e setembro;
• quarto período: outubro, novembro e dezembro.

Vamos analisar um exemplo para compreendermos na prática?

Suponha que uma empresa optante pelo lucro real tenha auferido o
lucro contábil de R$ 800.000,00 antes do Imposto de Renda e da Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido ao final do terceiro trimestre de 2020.
Em julho de 2020, foram recebidos os dividendos no valor de R$ 50.000,00,
contabilizados como receitas. Em agosto de 2020, foi realizada a contabilização de
R$ 30.000,00, referente a despesas de consultoria sem comprovação fiscal. Já em
setembro de 2020, ocorreram gastos com as férias para a família do diretor de
marketing no valor de R$ 20.000,00, contabilizados como despesas comerciais.
Além disso, no terceiro trimestre a empresa contabilizou a receita de R$ 20.000,00
por ganho de equivalência patrimonial. Também consta nos registros o valor de
R$ 2.200,00 de Imposto de Renda Retido na Fonte, decorrente de receitas apuradas
no lucro real.

127
UNIDADE 3 Regimes tributários

Tabela 37. Exemplificação da apuração do Imposto de Renda

Lucro contábil antes de IR e CSLL R$ 800.000,00

(+) Adição

Serviço de consultoria sem comprovação fiscal R$ 30.000,00

Gasto com férias na Europa para familiares R$ 20.000,00

(-) Exclusões

Dividendos recebidos por participações (R$ 50.000,00)

Ganho por equivalência patrimonial (R$ 20.000,00)

(=) Lucro antes da compensação prejuízo fiscais R$ 780.000,00

X 15% IR normal (R$ 780.000,00 15%) R$ 117.000,00

X 10% IR adicional (R$ 780.000,00 – R$ 60.000,00) 10% R$ 72.000,00

(=) Imposto de Renda devido R$ 189.000,00

(-) Deduções (imposto retido R$ 2.200,00) (R$ 2.200,00)

(=) Imposto de Renda a recolher R$ 186.800,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Nesse caso, a contabilização é dada da seguinte forma:

• débito de Imposto de Renda (resultado) = R$ 189.000,00;


• crédito de Imposto de Renda retido na fonte (ativo circulante) = R$
2.200,00;
• crédito de Imposto de Renda a recolher (passivo circulante) = R$
186.800,00.
Quanto à contabilização, temos duas situações gerais, sendo a primeira
sem retenção, em que temos débito de despesa de Imposto de Renda e crédito
de provisão de Imposto de Renda. Já no caso de com retenção, temos débito de
despesa de Imposto de Renda, crédito de Imposto de Renda retido na fonte e
crédito de provisão de Imposto de Renda trimestral/Imposto de Renda a recolher.
Entendido a respeito do lucro real trimestral, já conseguimos ter uma
base do que se trata o lucro real anual, não é mesmo? No entanto, para um
conhecimento mais aprofundado quanto ao assunto, falaremos sobre ele a seguir.
Acompanhe!

3.3.2. Lucro real anual


Para as empresas tributadas com base no lucro real com apuração anual,
o recolhimento dos tributos deve ser realizado mensalmente, ou seja, há uma
antecipação do Imposto de Renda. Quanto às alíquotas, esta é aplicada da mesma
forma que o lucro real trimestral: normal de 15% sobre o lucro estimado mensal
e adicional de 10% sobre o lucro estimado que exceder o limite mensal de R$
20.000,00.

128
Lucro Real

Para a apuração do lucro estimado, o art. 15, § 1º da Lei n. 9.249/1995


define os percentuais para a estimação do lucro, conforme apresentado na tabela
a seguir.
Tabela 38. Percentuais de lucro estimado mensal

Espécies de atividades geradoras da receita bruta %

Revenda para consumo de combustíveis derivados de petróleo, álcool etílico carburante e gás
1,6%
natural.

Venda de mercadorias ou produtos (exceto revenda de combustíveis para consumo,


8%
transporte de cargas e serviços hospitalaress).

Qualquer outra atividade (exceto prestação serviço) para a qual não esteja previsto um
8%
percentual específico.

Serviços de transporte (exceto de cargas) e serviços prestados com exclusividade por


empresas com receita bruta não superior a R$ 120.000,00 (exceto hospitalares, de transporte e 16%
sociedade civis de profissões regulamentadas).

Serviços em geral, inclusive os prestados por sociedades civis de profissão regulamentadas,


intermediação de negócios, administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e 32%
direitos de qualquer natureza, factoring e serviços de mão de obra de construção civil.

Fonte: Elaborada pela autora, baseada em Brasil


(2018a).

Para melhor compreensão, vejamos um exemplo numérico:

• receita de revenda de mercadorias = R$ 200.000,00;


• receita de serviço = R$ 50.000,00;
• vendas canceladas = R$ 10.000,00;
• rendimento recebido de aplicação financeira (IRRF de R$ 400,00) = R$
5.000,00;
• rendimento obtido de equivalência patrimonial = R$ 15.000,00;
• ganho de capital na alienação de bens do ativo = R$ 10.000,00.

Os cálculos podem ser observados na próxima tabela. Confira!

Tabela 39. Exemplificação de apuração do Imposto de Renda

Venda Serviços

Receita bruta R$ 200.000,00 R$ 50.000,00

(-) Dedução de vendas canceladas (R$ 10.000,00)

(=) Receita bruta ajustada R$ 190.000,00 R$ 50.000,00

% aplicáveis sobre a receita 8% 32%

(=) Lucro estimado R$ 15.200,00 R$ 16.000,00

129
UNIDADE 3 Regimes tributários

Lucro estimado consolidado R$ 31.200,00

(+) Acréscimo de ganho de capital R$ 10.000,00

(=) Base de cálculo R$ 41.200,00

IR normal (R$ 41.200,00 15%) R$ 6.180,00

IR adicional (R$ 41.200,00 – R$ 20.000,00) 10% R$ 2.120,00

(=) Imposto de Renda devido R$ 8.300,00

(-) Deduções (imposto retido R$ 2.200,00) 0

(=) Imposto de Renda a recolher R$ 8.300,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

E como isso ocorre a compensação? Você saberia explicar? Para


simplificar, apresentamos um exemplo da compensação:
Tabela 40. Exemplificação de compensação de prejuízo

Resultado negativo de 2019 (R$ 79.000,00)

Resultado líquido (IR) de 2020 R$ 110.000,00


(+) Adições R$ 8.000,00
(-) Exclusões (R$ 6.000,00)
(=) Lucro líquido ajustado R$ 112.000,00
(-) Compensação (30% R$ 112.000,00) (R$ 33.600,00)
(=) Lucro real R$ 78.400,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).


Agora que vimos sobre a apuração do Imposto de Renda, tanto trimestral
quanto anual, nas empresas optantes pelo lucro real, vamos aprender sobre a
apuração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

3.4. CSLL no lucro real


A Contribuição Social sobre Lucro o Líquido (CSLL) deve respeitar a
mesma sistemática escolhida pela pessoa jurídica para o recolhimento do Imposto
de Renda.
Tabela 41. Estrutura básica para apuração da CSLL

Lucro contábil antes de IR e CSLL


(+) Adições
Despesas contabilizadas que não são aceitas pelo FISCO
Receitas exigidas pelo FISCO e não contabilizadas em RECEITAS
(-) Exclusões
Receitas contabilizadas que não são exigidas pelo FISCO
Despesas aceitas pelo FISCO e não contabilizadas em DESPESAS
(=) Lucro antes da compensação prejuízo fiscais
(-) Compensação de base negativa (limite 30%)
(=) Lucro real tributável

Fonte: Elaborada pela autora (2021).


130
Lucro Real

A alíquota da CSLL para o regime do lucro real traz dois valores: de


forma geral, 9% (desde 01/02/2000) sobre a base de cálculo das pessoas jurídicas,
com exceção das entidades mencionadas na Lei n. 10.637/2002; e 15% (desde
01/05/2008) nas instituições financeiras ou equiparadas.
Por exemplo, imaginemos os seguintes dados de determinada empresa:

• lucro contábil de R$ 800.000,00 antes das despesas com Imposto


de Renda e com a contribuição social, no período findo em 30 de
setembro de 2020;
• em agosto de 2020, contabilizou-se o total de R$ 30.000,00 de despesas
administrativas referentes a serviços de consultoria sem comprovação
fiscal;
• durante o mês de setembro de 2020, foi contabilizado como despesas
comerciais o total de R$ 20.000,00 referente a gastos com férias na
Europa para os familiares do diretor de marketing e promoções;
• em julho de 2020, foi contabilizado como receita R$ 50.000,00 de
dividendos por resultados positivos decorrentes de participações em
outras empresas avaliadas pelo custo.

Ainda no trimestre de apuração, a empresa contabilizou em setembro de


2020, como receita, o valor de R$ 20.000,00 por ganho de equivalência patrimonial,
relativo à participação com controle em outra empresa. Além disso, teve-se o
Imposto de Renda retido na fonte durante o trimestre no valor de R$ 2.200,00,
decorrente das receitas computadas no lucro real.
Tabela 42. Exemplificação da apuração da CSLL

Lucro contábil antes de IR e CSLL R$ 800.000,00


(+) Adição
Serviço de consultoria sem comprovação fiscal R$ 30.000,00
Gasto com férias na Europa para familiares R$ 20.000,00
(-) Exclusões
Dividendos recebidos por participações (R$ 50.000,00)
Ganho por equivalência patrimonial (R$ 20.000,00)
(=) Lucro antes da compensação de prejuízos fiscais R$ 780.000,00
X CSLL (R$780.000 9%) R$ 70.200,00
(=) CSLL a recolher R$ 70.200,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Para contabilização, consideramos que:


• débito de CSLL sobre o lucro = R$ 70.200,00 (resultado);
• crédito de CSLL a pagar = R$ 70.200,00 (passivo circulante).

No lucro real por estimativa mensal, a base de cálculo para a CSLL


compreende o somatório de:

131
UNIDADE 3 Regimes tributários

• 12% da receita bruta da venda de mercadorias e/ou prestação de


serviços, exceto em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de
01/09/2003 para empresas de serviços;
• ganhos de capital (lucros) obtidos na alienação de bens do ativo
permanente e aplicações em ouro não caracterizadas como ativos
financeiros;
• rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e ganhos líquidos
de operações financeiras de renda variável (ações, swap etc.);
• demais receitas e resultados positivos não abrangidos anteriormente
(juros e descontos obtidos, aluguéis etc.), inclusive juros
remuneratórios do capital próprio recebidos pela empresa da qual
seja sócia ou acionista.
De acordo com a Lei n. 10.684/2003, a base de cálculo para a CSLL para
as empresas que optaram pelo recolhimento mensal (por meio de estimativa)
corresponde:

• 12% da receita bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços


hospitalares e de transporte;
• 32% para prestação de serviços em geral (exceto a de serviços
hospitalares e de transporte), intermediação de negócios,
administração e locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos
de qualquer natureza. Também vale para prestação cumulativa e
contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de
crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber,
compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a
prazo ou de prestação de serviços (factoring).
Vamos analisar um último exemplo antes de finalizarmos nossos
estudos? Acompanhe os dados dispostos a seguir:

• receita de revenda de mercadorias = R$ 200.000,00;


• receita de serviço = R$ 50.000,00;
• vendas canceladas = R$ 10.000,00;
• rendimento recebido de aplicação financeira (IRRF de R$ 400,00) = R$
5.000,00;
• rendimento obtido de equivalência patrimonial = R$ 15.000,00;
• ganho de capital na alienação de bens do ativo = R$ 10.000,00.

Agora, considerando os dados e realizando os cálculos, temos que:

132
Lucro Real

Tabela 43. Exemplificação da apuração da CSLL

Venda Serviços

Receita bruta R$ 200.000,00 R$ 50.000,00

(-) Dedução de vendas canceladas (R$ 10.000,00)

(=) Receita bruta ajustada R$ 190.000,00 R$ 50.000,00

% aplicáveis sobre a receita 12% 32%

(=) Lucro estimado R$ 22.800,00 R$ 16.000,00

Lucro estimado consolidado R$ 38.800,00

(+) Acréscimo

Ganho de capital R$ 10.000,00

Aplicação financeira R$ 5.000,00

(=) Base de cálculo R$ 53.800,00

CSLL 9% R$ 53.800,00 R$ 4.842,00

(=) CSLL devido R$ 4,842,00

(-) Deduções 0

(=) CSLL a recolher R$ 4,842,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

De forma resumida, para a contabilização geral da CSLL, temos os casos


sem retenção, com débito de despesas de CSLL trimestral e crédito de provisão
de CSLL trimestral/CSLL a recolher; e com retenção, com débito de despesas de
CSLL trimestral, crédito de CSLL retido na fonte e crédito de provisão de CSLL
trimestral/CSLL a recolher.
Com esses exemplos, podemos verificar que o Imposto de Renda e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido possuem similaridades na base de
cálculo e respeitam os mesmos princípios para apuração!

133
AUTOATIVIDADE

1. O lucro real é um regime de tributação em que o cálculo do Imposto de


Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) é realizado sobre
o lucro real. Desse modo, considera-se a receita, menos as despesas, realizando
os ajustes com as inclusões e exclusões previstas na legislação.

Dante desse contexto, considerando os percentuais de estimação para o


cálculo do Imposto de Renda e da CSLL, considere os dados a seguir:

• empresa tributada pelo lucro real que faz apuração mensal em


base estimadas;
• receita de vendas = R$ 5.000.000,00;
• receitas financeiras (com retenção de IR na fonte de 20%) = R$
20.000,00;
• despesas dedutíveis = R$ 4.540.000,00;
• lucro antes de IR e CSL = R$ 480.000,00.

Com base nessas informações, respeitando a legislação vigente, o valor a ser


recolhido de Imposto de Renda e CSLL é de:

a. ( ) R$ 153.800,00.
b. ( ) R$ 145.800,00.
c. ( ) R$ 135.800,00.
d. ( ) R$ 160.300,00.

2. Na apuração por estimativa mensal, o lucro real é apurado a cada mês,


sendo a pessoa jurídica obrigada a recolher mensalmente o Imposto de Renda
e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, calculados sobre uma base
estimada.

Nesse sentido, considerando as porcentagens de estimação para o cálculo do


Imposto de Renda e da CSLL, considere os dados a seguir:

• empresa que atua com venda e serviços de manutenção e locação


de tratores;
• optante pelo lucro real anual com antecipação mensal;
• durante o mês de março obteve:

134
AUTOATIVIDADE

Receita líquida de vendas R$ 2.000.000,00


Receita líquida de serviço R$ 800.000,00
Receitas financeiras (líquida do IRRF) R$ 20.000,00
Gastos incorridos R$ 2.240.000,00

Fonte: Elaborada pela autora (2021).

Com base nessas informações, de acordo com a legislação vigente, o valor a ser
recolhido de Imposto de Renda e CSLL é de:

a. ( ) R$ 145.440,00.
b. ( ) R$ 148.440,00.
c. ( ) R$ 150.440,00.
d. ( ) R$ 151.440,00.

3. O LALUR tem a função de ajustar os demonstrativos contábeis à declaração do


Imposto de Renda. Nesse livro, ocorrem os ajustes necessários com as adições e
exclusões permitidas na legislação.

Com base nisso e em nossos estudos até o momento, podemos afirmar que o
LALUR é:

a. ( ) um livro fiscal e contábil exigido para comprovar o resultado


apurado e divulgado pelas empresas brasileiras.
b. ( ) um livro fiscal que registra e controla a ligação entre o resultado
apurado na contabilidade e o exigido pelo fisco.
c. ( ) um livro fiscal que apura o lucro real ou presumido das empresas.
d. ( ) um livro fiscal e obrigatório a todos os contribuintes de Imposto
de Renda

4. A Lei n. 8.981/1995, em seu art. 42, estabelece o limite de 30% para


a compensação de prejuízo fiscal do lucro líquido ajustado pelas adições e
exclusões dos períodos-base anteriores: “Art. 42. A partir de 1º de janeiro de 1995,
para efeito de determinar o lucro real, o lucro líquido ajustado pelas adições e
exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do imposto de renda, poderá
ser reduzido em, no máximo, trinta por cento” (BRASIL, [1997], on-line).
BRASIL. Lei n. 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Altera a legislação tributária
federal e dá outras providências. Brasília: Congresso Nacional, [1997]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8981.htm. Acesso em: 26 abr. 2021.

135
AUTOATIVIDADE 

Dessa maneira, supomos o seguinte:

• prejuízo do ano anterior = R$ 20.000,00;


• lucro contábil antes do Imposto de Renda = R$ 100.000,00;
• adições = R$ 10.000,00;
• exclusões = R$ 30.000,00.

Considerando as informações dispostas, qual é o valor de Imposto de Renda


devido pela empresa, levando em conta que ela o apura pelo critério trimestral?

5. O livro de apuração do lucro real (LALUR) é um livro fiscal obrigatório somente


para as empresas tributadas pelo Imposto de Renda com modalidade de lucro
real, conforme previsão contida no regulamento do Imposto de Renda.

Com base em nossos estudos a respeito do assunto, o LALUR é dividido em parte


A e parte B. Qual é a diferença entre essas duas partes?

136
RESUMO
Ao longo desta unidade, pudemos nos aprofundar quanto aos regimes
tributários de Simples Nacional, lucro presumido e lucro real.
Primeiramente, no que diz respeito ao Simples Nacional, verificamos a
tentativa de simplificação da arrecadação por meio da guia DAS, abrangendo
os tributos IR, CSLL, PIS, COFINS, IPI, ICMS, ISS e CPP, bem como os diversos
benefícios envolvidos nesse tipo de tributação, como: facilidade de regularização,
pagamento de imposto unificado pela DAS e contabilidade simplificada. Além
disso, conhecemos os principais pontos do Microempreendedor Individual (MEI)
e sua simplificação de legalização.
Com a sequência de nosso conteúdo, pudemos entender que o lucro
presumido pode ser encarado como uma simplificação do lucro real, mas não
factível a todas as empresas, sendo necessário verificar as vedações. O lucro real,
por outro lado, é permitido a todas as empresas que desejarem adotar o regime.
Ele pode ser adotado pelo critério anual com estimativa mensal e trimestral.
O que devemos entender é que não há um regime de tributação que seja
mais benéfico para a totalidade das empresas. É primordial analisar e considerar
as particularidades, além da atividade, das operações e do faturamento,
vislumbrar sobre os tributos que podem ocasionar uma carga tributária menor
para a organização!

CHAMADA

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137
REFERÊNCIAS
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Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, [2020]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso
em: 20 abr. 2021.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do


Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, [2020]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso
em: 20 abr. 2021.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do


Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, [2020]a. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso
em: 20 abr. 2021.

BRASIL. Decreto Lei n. 195, de 24 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a


cobrança da contribuição de melhoria. Brasília: Presidência da República,
1967. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del0195.htm. Acesso em: 22 abr. 2021.

BRASIL. Decreto Lei n. 4.657, de 4 de setembro de 1942. Lei de Introdução


às normas do Direito Brasileiro. Brasília: Presidência da República, [2010].
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del4657.
htm. Acesso em: 21 fev. 2021.

BRASIL. Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999. Regulamenta a tributação,


fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e
Proventos de Qualquer Natureza. Brasília: Presidência da República, [2018].
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm.
Acesso em: 7 maio 2021.

BRASIL. Decreto n. 7.212, de 15 de junho de 2010. Regulamenta a cobrança,


fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre Produtos
Industrializados – IPI. Brasília: Presidência da República, 2010. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7212.
htm. Acesso em: 28 abr. 2021.

BRASIL. Decreto n. 8.426, de 1 de abril de 2015. Restabelece as alíquotas


da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre receitas
financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração
não cumulativa das referidas contribuições. Brasília: Presidência da República,
2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/decreto/d8426.htm. Acesso em: 28 abr. 2021.

BRASIL. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Regulamenta a

138
REFERÊNCIAS

tributação, a fiscalização, a arrecadação e a administração do Imposto sobre a


Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Brasília: Presidência da República,
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decreto/D9580.htm. Acesso em: 3 maio 2021.

BRASIL. Decreto n. 9.746, de 8 de abril de 2019. Aprova a estrutura regimental e


o quadro demonstrativo dos cargos em comissão e das funções de confiança do
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, remaneja cargos em comissão e funções
de confiança e substitui cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
Superiores - DAS por Funções Comissionadas do Poder Executivo – FCPE.
Brasília: Presidência da República, 2019. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9746.htm. Acesso em: 26 abr. 2021.

BRASIL. Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998. Modifica


o sistema de previdência social, estabelece normas de transição e dá outras
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BRASIL. Instrução Normativa RFB n. 1.700, de 14 de março de 2017. Dispõe sobre


a determinação e o pagamento do imposto sobre a renda e da contribuição social
sobre o lucro líquido das pessoas jurídicas e disciplina o tratamento tributário
da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS no que se refere às alterações
introduzidas pela Lei n. 12.973, de 13 de maio de 2014. Brasília: Receita Federal,
[2020]b.

BRASIL. Lei Complementar n. 104, de 10 de janeiro de 2001. Altera dispositivos


da Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. Brasília:
Congresso Nacional, 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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BRASIL. Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto


Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos
das Leis n. 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis
do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1o de maio de 1943,
da Lei n. 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar n. 63, de 11 de
janeiro de 1990; e revoga as Leis n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5
de outubro de 1999. Brasília: Congresso Nacional, [2019]. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm. Acesso em: 26 abr. 2021.

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Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos
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do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1o de maio de 1943,
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REFERÊNCIAS

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Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Brasília: Congresso Nacional,
2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp127.htm.
Acesso em: 3 maio 2021.

BRASIL. Lei Complementar n. 128, de 19 de dezembro de 2008. Altera a Lei


Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, altera as Leis n. 8.212, de 24
de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, 10.406, de 10 de janeiro de 2002
– Código Civil, 8.029, de 12 de abril de 1990, e dá outras providências. Brasília:
Congresso Nacional, 2008. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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BRASIL. Lei Complementar n. 139, de 10 de novembro de 2011. Altera


dispositivos da Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, e dá outras
providências. Brasília: Congresso Nacional, [2014]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp139.htm. Acesso em: 3 maio 2021.

BRASIL. Lei Complementar n. 147, de 7 de agosto de 2014. Altera a Lei


Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, e as Leis n. 5.889, de 8 de
junho de 1973, 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, 9.099, de 26 de setembro de 1995,
11.598, de 3 de dezembro de 2007, 8.934, de 18 de novembro de 1994, 10.406, de
10 de janeiro de 2002, e 8.666, de 21 de junho de 1993; e dá outras providências.
Brasília: Congresso Nacional, 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/lcp/lcp147.htm. Acesso em: 26 abr. 2021.

BRASIL. Lei Complementar n. 147, de 7 de agosto de 2014. Altera a Lei


Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, e as Leis n. 5.889, de 8 de
junho de 1973, 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, 9.099, de 26 de setembro de 1995,
11.598, de 3 de dezembro de 2007, 8.934, de 18 de novembro de 1994, 10.406, de
10 de janeiro de 2002, e 8.666, de 21 de junho de 1993; e dá outras providências.
Brasília: Congresso Nacional, 2014. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/lcp/lcp147.htm. Acesso em: 26 abr. 2021.

BRASIL. Lei Complementar n. 154, de 18 de abril de 2016. Acrescenta § 25


ao art. 18-A da Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, para
permitir ao microempreendedor individual utilizar sua residência como sede
do estabelecimento. Brasília: Congresso Nacional, 2016a. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp154.htm. Acesso em: 3 maio 2021.

BRASIL. Lei Complementar n. 155, de 27 de outubro 2016. Altera a Lei


Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, para reorganizar e simplificar a
metodologia de apuração do imposto devido por optantes pelo Simples Nacional;
altera as Leis n. 9.613, de 3 de março de 1998, 12.512, de 14 de outubro de 2011,
e 7.998, de 11 de janeiro de 1990; e revoga dispositivo da Lei no 8.212, de 24 de
julho de 1991. Brasília: Congresso Nacional, 2016b. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp155.htm. Acesso em: 3 maio 2021.

BRASIL. Lei Complementar n. 175, 23 de setembro de 2020. Dispõe sobre o padrão

140
REFERÊNCIAS

nacional de obrigação acessória do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza


(ISSQN), de competência dos Municípios e do Distrito Federal, incidente sobre os
serviços previstos nos subitens 4.22, 4.23, 5.09, 15.01 e 15.09 da lista de serviços
anexa à Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003; altera dispositivos da
referida Lei Complementar; prevê regra de transição para a partilha do produto
da arrecadação do ISSQN entre o município do local do estabelecimento prestador
e o município do domicílio do tomador relativamente aos serviços de que trata; e
dá outras providências. Brasília: Congresso Nacional, 2020. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp175.htm. Acesso em: 26 abr. 2021.

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de Integração Social e dá outras providências. Brasília: Congresso Nacional, 1970.
Disponível em: http://www.portaltributario.com.br/legislacao/lc7.htm. Acesso
em: 26 abr. 2021.

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Brasília: Congresso Nacional, [2002]a. Disponível em: http://www.planalto.gov.
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elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, conforme determina
o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal, e estabelece normas para a
consolidação dos atos normativos que menciona. Brasília: Congresso Nacional,
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nos casos que especifica; sobre o pagamento e o parcelamento de débitos
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nos casos que especifica; sobre o pagamento e o parcelamento de débitos
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inaptidão de inscrição de pessoas jurídicas, a legislação aduaneira, e dá outras
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.684.htm. Acesso em: 4 maio
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Nacional, [2018]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
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dispõe sobre a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) à
indústria automotiva; altera a incidência das contribuições previdenciárias
devidas pelas empresas que menciona; altera as Leis n. 11.774, de 17 de setembro
de 2008, n. 11.033, de 21 de dezembro de 2004, n. 11.196, de 21 de novembro de
2005, n. 10.865, de 30 de abril de 2004, n. 11.508, de 20 de julho de 2007, n. 7.291,
de 19 de dezembro de 1984, n. 11.491, de 20 de junho de 2007, n. 9.782, de 26 de
janeiro de 1999, e n. 9.294, de 15 de julho de 1996, e a Medida Provisória n. 2.199-
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2007, e o art. 6º do Decreto-Lei n. 1.593, de 21 de dezembro de 1977, nos termos
que especifica; e dá outras providências. Brasília: Congresso Nacional, 2011.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/
l12546.htm. Acesso em: 26 abr. 2021.

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Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados
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sobre o lucro das pessoas jurídicas e dá outras providências. Brasília: Congresso
Nacional, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
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