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INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR DA UFRRJ
DIAGNÓSTICO, MANEJO E GESTÃO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
TRABALHO DE CONCLUSÃO
*
Estudantes de graduação da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
1.Introdução
Para compreender o que seria e para o que serviria o diagnóstico, manejo e gestão de bacias
hidrográficas é importante, inicialmente, conceitualizar o que é bacia hidrográfica. De acordo
com Monica Porto et al (2008), que se baseia em Tucci (1997),
“bacia hidrográfica é uma área de captação natural da água de precipitação que faz
convergir o escoamento para um único ponto de saída. A bacia hidrográfica
compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem
formada por cursos de água que confluem até resultar em um leito único no seu
exutório.” (PORTO et al, 2008. p. 3).
Porto (2008) continua dizendo que bacias hidrográficas são um ente sistêmico e que, segundo
Yassuda (1993), “ é o palco unitário de interação das águas com o meio físico, o meio biótico
e o meio social, econômico e cultural”. Partindo dessa conceituação podemos refletir sobre a
importância do diagnóstico, manejo e gestão de bacias hidrográficas.
Segundo o INEA (Instituto Estadual do Rio de Janeiro), o estado está dividido em algumas
regiões hidrográficas, sendo elas: Região Hidrográfica da Baía da Ilha Grande, Região
Hidrográfica do Guandu, Região Hidrográfica Médio Paraíba do Sul, Região Hidrográfica
Piabanha, Região Hidrográfica Baía de Guanabara, Região Hidrográfica Lagos São João,
Região Hidrográfica Macaé e das Ostras e Região Hidrográfica Baixo Paraíba do Sul e
Itabapoana, onde se encontra a bacia hidrográfica da qual se trata este trabalho. Sendo que
cada região possui seu comitê, que trabalha em prol do manejo dos recursos hídricos de
determinada área.
A caracterização ambiental (COPPETEC, 2014) nos conta que a região possui os menores
índices de chuva anual do estado. Nesta região, onde não há barreiras naturais aos ventos
marinhos úmidos como a Serra do Mar ou a Serra da Mantiqueira, o clima é quente e tem
estacionalidade bem marcada, de 4 a 5 meses secos ao ano. Assim como em todo o estado, a
época chuvosa são os meses de verão, que podem levar volumes de água superiores às vazões
do canais provocando enchentes, como as de 2012 nas sub-bacias da Pomba e Muriaé.
Quanto à geomorfologia, estão presentes cordões arenosos, dunas, restingas, planícies fluviais
e fluvio-marinhas e colinas, como nos mostra a figura (Imagem 1):
Imagem 1 - Fonte: COPPETEC, 2014
Em relação à vegetação natural, de acordo com o IBGE (Veloso et al, 1991 apud
COPPOTEC, 2014, p.25), as principais fitofisionomias presentes no estado do Rio de Janeiro
são:
Hoje, podemos comparar com os remanescentes da Mata Atlântica que ainda se fazem
presentes (Imagem 3), onde enxergamos com mais exatidão o tamanho e a relevância da área
desmatada em 24 anos.
No que diz respeito ao uso do solo, a maior parte da região é tomada por pastagens. Mas, de
acordo com o documento de caracterização ambiental da área utilizado pelo comitê
(COPPETEC, 2014), grande parte das áreas de pastagens do estado não são necessariamente
usadas, podendo haver a vegetação herbácea, com frequentes queimadas e com rebrota
espontânea do capim, impedindo que o crescimento das florestas naturais do estado.
A primeira impressão, ao observar a bacia pelo google earth, é que esta área é altamente
desmatada, degradada o que indica um manejo inadequado do solo, de acordo com as aulas
de pedologia. No geral, a vegetação é, predominantemente, de gramínea e pouco arbustiva
apresentando apenas alguns focos de vegetação arbórea. Esses focos de vegetação arbórea
encontram-se predominantemente nos topos de morro e paralelos aos canais do rio (mata
ciliar).
Acredito que esses focos de vegetação arbórea esteja relacionado ao Código florestal.
Segundo o site do Governo do Brasil (2012), o Código Florestal determina que as “Áreas de
Preservação Permanente têm a função de preservar locais frágeis como beiras de rios, topos
de morros e encostas, que não podem ser desmatados”.
A região apresenta poucas casas tendo uma distância considerável entre elas, ou seja, tem
uma baixa densidade demográfica. Entretanto, percebe-se que o solo é utilizado para a
agropecuária. De acordo com as aulas de pedologia, apesar do pisoteio de animais causar a
compactação do solo, a química dele não é modificada mas a agricultura modifica a química
do solo, tornando-o menos fértil.
É possível noticiar, também, que as estradas, na maioria não são asfaltadas, e que há
voçorocas próximas a essas estradas. É possível ver também que há cicatrizes nos morros,
mas acredito que não sejam de movimento de massa, por isso não sei se posso chamar de
cicatrizes, pois acredito que sejam sulcos ou ravinas.
Com o que foi analisado a partir do google earth é possível prever e observar a compactação
do solo pelo pisoteio do gado, que vai auxiliar no aumento do escoamento superficial da água
no solo. Auxiliar porquê, segundo Finkler (2017), ao apresentar uma baixa cobertura vegetal
o solo vai ter uma redução da taxa de infiltração da chuva, vão saturar rapidamente e assim
provocar o escoamento superficial da água, e até mesmo, movimentos de massa. Além disso,
as chuvas ao atingirem o solo diretamente vão elevar o potencial erosivo do solo, podemos
citar a erosão por salpicamento e a linear.
Além disso, podemos falar, também, que a erosão, geração excessiva de sedimentos, se
associados à falta de conservação de matas ciliares vão colaborar para os processos de
assoreamento do rio (FINKLER, 2017). Essa sedimentação, ainda segundo Finkler (2017),
podem reduzir a entrada de luz solar e a disponibilidade alimentos necessários à
sobrevivência dos peixes.
O manejo da bacia tem que ser pensado de forma conjunta, de forma geossistêmica. Como é
uma área em que há uma baixa densidade demográfica, altamente desmatada, solos
degradados e voltada para a agropecuária é necessário pensar formas de manejo que tente
recuperar esse solo degradado pois, segundo Finkler (2017) alterações nas características do
solo vão refletir na qualidade e quantidade da água, ou seja, refletem nos recursos hídricos. É
preciso pensar, por exemplo, no controle da erosão, do escoamento superficial, da infiltração
e na química do solo.
Para controlar a erosão do solo em encosta, principalmente se tiver uso agrícola, é fazer
plantios em curva de nível, utilização de terraços em terras cultivadas, o terraceamento
combinado com o plantio em contorno, manutenção da vegetação natural nas partes com
maior declividade (FINKLER, 2017).
Além de ser possível fazer cordões de vegetação permanente: barreiras vivas de vegetação
intercaladas entre áreas cultivadas (FINKLER, 2017), com o objetivo de reter o escoamento,
provocar a deposição de sedimentos e facilitar a infiltração da água e fazer alternância de
roçados (pousio), rotação de culturas e/ ou associação de culturas (EMBRAPA, 2014), .
A rotação de culturas e a associação de culturas são formas de evitar mais danos ao solo e
também recompor seus nutrientes. Por exemplo, um cultivo mútuo de milho e feijão, é de
baixa necessidade tecnológica para seu plantio, ajuda na fixação do nitrogênio no solo que
além de restaurar o próprio nutriente melhora sua qualidade e um produto que poderá ser
consumido pelo próprio agricultor. Segundo a Embrapa (2014), a escolha do feijão mostra-se
uma boa possibilidade de cultivo e manutenção do solo.
Entretanto, é interessante implementar isso junto com a conservação das matas ciliares e um
projeto de reflorestamento/ restauração da área. Para a restauração de áreas degradadas,
pode-se pensar na aceleração do processo de sucessão ecológica (FINKLER, 2017), no
enriquecimento de espécies na comunidade (SILVA et al., 2008), implantação de
comunidade florestal (SILVA et al., 2008), e estabelecer conexão entre fragmentos florestais
a partir de um corredor ecológico (FINKLER, 2017).
4. Considerações Finais
5. Referências bibliográficas
INEA Instituto Estadual do Meio Ambiente, RH IX. Região Hidrográfica Baixo Paraíba do
Sul e Itabapoana. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/Portal/Agendas/
GESTAODEAGUAS/InstrumentosdeGestodeRecHid/PlanodeRecursosHidricos/BaixoParaib
adoSulAgendaAzul/index.htm>. Acessado em 05/07/2019.
Oliveira, Henrique César de. Fixação biológica de nitrogênio em feijão comum. Embrapa,
2014. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/1935586/fixacao
-biologica-de-nitrogenio-em-feijao-comum> . acessado em 07/07/2019
TUCCI, C.E.M. (Org.) Hidrologia: ciência e aplicação. 2.ed. Porto Alegre: Editora da
Universidade: ABRH, 1997.