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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA


AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

Manejo de Bacia Hidrográfica e a Recreação


Praia do Tucunaré em Marabá (PA)

Débora Lira;
Gabriel Davi;
Hulda Ainoã;
Tshelsy Alaina.

Marabá – PA
2023
1. Justificativa

A Praia do Tucunaré localizada no município de Marabá (PA) é um destino


turístico popular, atraindo visitantes locais e de outras regiões. Situada as
margens de um importante curso d'água da região, sua localização na bacia
hidrográfica do Rio Tocantins a torna parte integrante do ecossistema regional,
com influência direta na qualidade da água e na biodiversidade.
Com alto fluxo de visitantes no veraneio, a Praia do Tucunaré se torna objeto
de recreação, e posteriormente ocorre a alta geração de resíduos e efluentes
que contaminam o recurso hídrico. A área abriga uma diversidade de espécies
de fauna e flora. A falta de manejo pode resultar na perda de habitats críticos e
ameaçar a sobrevivência de espécies locais com a contaminação hídrica.
Dessa forma, torna-se necessário a elaboração de plano de manejo para
Praia do Tucunaré, no qual carece de gestão tanto para a sobrevivência da
biodiversidade quanto para as comunidades locais que dependem do Rio
Tocantins para o sustento e qualidade de vida.

2. Objetivos
Elaborar um plano de manejo para a atividade recreativa na Praia do
Tucunaré, com a finalidade de fornecer uma base estruturada para a análise dos
impactos ambientais da referida atividade na bacia hidrográfica do Tocantins,
com ênfase na promoção do uso consciente e sustentável do recurso hídrico.

3. Resultados esperados
Espera-se que com a elaboração do plano de manejo seja realizado a
avaliação dos impactos da Praia do Tucunaré com atividades de recreação na
no solo e recurso hídrico bem como medidas de controle e mitigação. Com base
nos impactos identificados, espera-se que sejam realizados programas de
conscientização ambiental quanto as boas práticas na área.
Além disso, espera-se que o plano de manejo contribua de forma positiva
para a promoção do turismo sustentável, promovendo o uso consciente da Praia
do Tucunaré, no qual visitantes e residentes estejam cientes da importância da
bacia hidrográfica do Tocantins e se envolvam em práticas sustentáveis de
recreação e conservação. Ademais, o plano de manejo deve garantir que a
atividade recreativa esteja em conformidade com as regulamentações legais.

4. Metodologia
O mapeamento da Praia do Tucunaré afim de identificar as características
físicas, ecológicas e culturais da região. Em seguida uma avaliação detalhada
das atividades recreativas na praia, identificando os tipos de atividades, a
intensidade, as áreas de concentração e os períodos de maior movimento. Por
fim, a identificação de áreas vulneráveis a impactos e os riscos associados às
atividades recreativas, considerando a topografia, a vegetação, a proximidade
da água

5. Seleção de área para elaboração de projetos

A área em questão se trata da Praia do Tucunaré declarada como


Patrimônico histórico e cultura do município de Marabá em 2022 pela Lei nº
18.154. A praia atrativa de muitos visitantes, fica submersa a maior parte do
ano, durante a cheia do Rio Tocantins que ocorre dos meses de outubro a abril
e emergida nos meses de maio a setembro (Câmara et al., 2016).

Figura 1: Mapa de localização da área para elaboração do Plano de Manejo.


6. Espécies florestais nativas

O município de Marabá localizado na região sudeste do Pará, presenta


floresta ombrófila aberta e ombrófila densa, que acordo com a classificação de
Braun-Blanquet, são características da região do bioma amazônico (IBGE,
2012).

De acordo com o Manuel Técnico da Vegetação Brasileira elaborado pelo


IBGE, segue na tabela abaixo as espécies nativas presente nas florestas
ombrófila aberta e densa.

Tabela 1: Espécies nativas presentes nas florestas ombrófilas aberta e densa.

ESPÉCIES NATIVAS NA FLORESTA ESPÉCIES NATIVAS NA FLORESTA


OMBRÓFILA ABERTA OMBRÓFILA DENSA
ATTALEA SPECIOSA (BABAÇU) Napoleona
ATTALEA MARIPA (INAJÁ) Lauraceae
GUADUA Euphorbiaceae
SUPERBA (TAQUAR)
PHENAKOSPERMUM GUIANENSIS Flacourtiaceae
(SOROROCA)
Fabaceae
Fonte: Adaptado de IBGE, 2012.

Embora esteja localizado na região em que a floresta ombofila densa e


aberta sejam predominantes, há diversas espécies presentes na Praia do
Tucunaré consequente da alta biodiversidade devido as suas condições físico-
químico.

No levantamento florístico realizado por Silva e Tomchinsky (2019) na Praia


do Tucunaré em que foram coletadas amostras a cada dois meses ao longo do
ano, foram identificados 126 indivíduos de 46 familiar diferentes. As famílias com
maior número de espécies foram Fabaceae, Apocynaceae, Asteraceae,
Cyperaceae, Euphorbiaceae, Poaceae, Malvaceae e Rubiaceae. Das plantas
identificadas, 56 são nativas do Brasil, 14 são exóticas e oito são exóticas e
naturalizadas.

Figura 2: Fitofisionomia do município de Marabá (PA).

Fonte: Geo Marabá, 2009, p. 33.

7. Características do solo e da água

 Solo
Os solos da cidade de Marabá são classificados em: latossolo vermelho-
amarelo, podzólico vermelho- amarelo, areias quartzosas hidromórficas, solos
aluviais e solos litólicos, com predominância do solo podzólico vermelho (Geo
Marabá, 2009).
O solo da Praia do Tucunaré apresenta característica de solo de sedimentos
arenoso, descrito como permeável e soltos (Lavôr, 2014).
Figura 3: Mapa de reconhecimento de solos do município de Marabá.

Fonte: Geo Marabá, 2009, p. 32.

 Água
A cidade de Marabá está situada em uma área de baixa altitude, na
confluência de dos rios Itacaiunas e Tocantins. Além das bacias relativas a estes
rios, o município está inserido nas bacias dos rios Aquiri, Tapirape, Cinzento,
Preto, Parauapebas e Vermelho (Silva et al., 2020).
A Praia do Tucunaré, é banhada pelo Rio Tocantins, caracterizado como rio
perene.
Figura 4: Município de Marabá, limites e bacias hidrográficas
Fonte: Geo Marabá, 2019, p. 28.

8. Impactos ambientais

Durante os meses de veraneio, sobretudo no mês de julho, há aumento no


fluxo de pessoas que chegam à cidade, para rever amigos e parentes,
desfrutando da praia do Tucunaré que, devido ao retorno das águas ao nível
normal do rio Tocantins nesta época, fica acessível com os barcos locais.
A população flutuante provoca pressão sobre os serviços de água e de
saúde, e aumenta o volume de efluentes líquidos e resíduos sólidos, agravando
o estado do meio ambiente ao causar impactos nos recursos hídricos e na saúde
da população que entra em contato com a água dos rios.

8.1 Aspectos e Impactos no solo


A compactação do solo devido o alto fluxo de pessoas e instalações de
estruturas temporárias como guarda-sóis e cadeiras, pode compactar o solo da
praia, tornando-o mais duro e menos poroso. Os depósitos de lixo deixados na
praia, como plástico e vidro, podem causar contaminação do solo.
Há impactos na redução da infiltração da água com o solo compactado, perda
da biodiversidade e habitat afetando os microorganismos presentes. Os
impactos no solo também podem influenciar a qualidade da água, uma vez que
a erosão do solo pode levar à deposição de sedimentos no rio.
8.2 Aspectos e impactos na água
Os despejos de resíduos sólidos como plásticos, papéis e alimentos,
deixados por frequentadores da praia podem poluir o recurso hídrico. Alguns
produtos químicos usados por banhistas como protetores solares podem ser
liberados na água do rio, causando poluição química. O despejo inadequado de
esgoto das estruturas dos restaurantes pode levar a contaminação microbiana
da água do rio, tornando-a imprópria para banho.
A poluição da água por resíduos sólidos e produtos químicos a torna
impropria para os banhistas e prejudica a vida aquática, além de afetar
negativamente as atividades econômicas que dependem do rio, como a pesca e
o turismo. A contaminação da água do rio pode representar riscos para a saúde
das pessoas que dependem do rio para abastecimento de água.

9. Medidas de mitigação

Para o solo, a gestão adequada da Praia do Tucunaré e o estabelecimento


de regulamentações podem ser necessários. Isso pode incluir a conscientização
dos frequentadores da praia sobre o impacto de suas ações na qualidade da
água e da gestão adequada dos resíduos produzidos na praia. Um manejo
responsável e a promoção do turismo sustentável são fundamentais para
minimizar os impactos no solo e no recurso hídrico.
Recomenda-se a instalação de infraestrutura adequada de saneamento e
tratamento de esgoto das estruturas temporárias, além da proteção das áreas
ripárias e a preservação da vegetação natural que atua como filtro para a água
do rio. A gestão integrada e a cooperação entre as partes interessadas são
essenciais para proteger a qualidade da água do rio nas proximidades das praias
recreativas.

10. Metas

Recomenda-se como meta estabelecida para os impactos citados anteriormente:

1. Conscientização pública
2. Redução dos resíduos sólidos na praia
3. Melhora na qualidade da água do recurso hídrico
4. Fiscalização das atividades dos estabelecimentos

11. Monitoramento e avaliação

Para execução das metas, deverá ser realizada uma abordagem


multifacetada que envolva a colaboração de órgãos governamentais,
organizações não governamentais, empresas locais, voluntários e a
comunidade. A conscientização, educação e a aplicação consistente de
regulamentações desempenham um papel fundamental na promoção de
práticas sustentáveis e na mitigação dos impactos ambientais.

11.1 Conscientização pública


A realização de campanhas de conscientização regulares, envolvendo a
comunidade local, frequentadores da praia e escolas bem como a utilização de
mídias sociais, placas informativas, panfletos e palestras para educar o público
sobre a importância da preservação ambiental e práticas sustentáveis. Além
disso, a promoção de eventos educacionais, como workshops e seminários, para
discutir questões ambientais locais e globais, destacando a relação entre o uso
consciente da praia e a preservação dos recursos naturais, incentivando o
público a adotar comportamentos responsáveis.

11.2 Redução dos resíduos sólidos na praia


Para a diminuição dos resíduos na Praia do Tucunaré, ações como
instalações de lixeiras adequadas e coleta regular de resíduos são significativas.
A implementação de programas de reciclagem, incentivando o público a separar
os resíduos recicláveis dos não recicláveis bem como a realização de
campanhas de "praia limpa" que envolva voluntários na coleta de lixo e na
conscientização.
É de extrema importância que os órgãos ambientais atuam com a
implantação de regras e regulamentações que proíbam o descarte inadequado
de resíduos na praia e aplique penalidades para infrações.

11.3 Melhora na qualidade da água do recurso hídrico


A realização de análises regulares da qualidade da água com o monitoramento
dos níveis de poluentes e tomando medidas corretivas quando necessário.
Além disso, a educação do público sobre os impactos da poluição na qualidade
da água e incentivo a práticas de uso responsável.

11.4 Fiscalização das atividades dos estabeleci mentos


Recomenda – se a criação de regulamentações claras e diretrizes para
estabelecimento na praia, incluindo horário de operação, construções
temporárias e práticas ambientalmente responsáveis. Designar equipe de
fiscalização para monitorar o cumprimento das regulamentações, realizações de
auditorias regulares e inspeções de estabelecimentos para garantir o
cumprimento das normas ambientais e aplica penalidades a estabelecimento
que viola as regulamentações, como multas ou revogação de licença que
estejam despejando resíduos sem tratamento no curso do rio.

12. Cronograma das metas

Conscientização Redução dos Melhora na Fiscalização das


pública resíduos qualidade da água atividades dos
sólidos na do recurso hídrico estabelecimentos
praia

Março X X

Abril X X

Maio X X

Junho X X

Julho X X X X

Agosto X X X X

Setembro X X X X

Fonte: Autores, 2023.


Referências

Câmara, Renata Kelen Cardoso et al. Modelagem Hidrológica Estocástica


Aplicada ao Rio Tocantins para a Cidade de Marabá-PA. Revista Brasileira de
Meteorologia [online]. 2016, v. 31, n. 1 [Acessado 5 Novembro 2023], pp. 11-
23. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102-778620140092>. ISSN 1982-
4351. https://doi.org/10.1590/0102-778620140092.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual


técnico da vegetação Brasileira, 2º edição. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.
Disponivel em: < https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf>.
Acesso em: 05 de nov. 2023.

GEO MARABÁ. 1ª edição. Terra Brasilis, 2009. 140 p. Disponível em:


<https://www.terrabrasilis.org.br/ecotecadigital/pdf/geo-maraba-perspectivas-
para-o-meio-ambiente-urbano.pdf> . Acesso em: 05 de nov. 2023.

LAVÔR, L. F. Uso e ocupação do solo do baixo curso do Rio Camaratuba-


PB e sua influência na qualidade da água do estuário. Trabalho de Conclusão
do Curso (Geografia) – Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, s.p.
2014.
Disponível em:
<https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/685/1/LFL11082014.pdf>.
Acesso em: 05 de nov. 2023.

MARABÁ. Lei nº 18.154, de 11 de outubro de 2022. Declara a Praia do


Tucunaré como Patrimônio Histórico e Cultural do Município de Marabá.
Diário Oficial dos Municípios do Estado do Pará, Belém, 13 de nov. 2022.
Disponível em: <https://leismunicipais.com.br/a/pa/m/maraba/lei-
ordinaria/2022/1816/18154/lei-ordinaria-n-18154-2022-declara-a-praia-do-
tucunare-como-patrimonio-historico-e-cultural-do-municipio-de-maraba>.
Acesso em: 05 de nov. 2023.

SILVA, C. E., et al. A poluição dos rios Itacaiúnas e Tocntins na altura da


Cidade de Marabá, estado do Pará, Amazônia Oriental: Uma proposta na
pedagogia or projetos e na educação pela pesquisa, para o ensino de
ciências. In: I Simpósio Sul-Americano de pesquisa em Ensino de Ciências –
SSAPEC., 1, 2020, Marabá. Anais [...]. Marabá: Unifesspa, s.p. Disponivel em:
<https://portaleventos.uffs.edu.br/index.php/SSAPEC/article/view/14671/9555.>
. Acesso em: 05 de nov. 2023.

SILVA, E. F.; TOMCHINSKY, B. Levantamento florístico e impactos


antrópicos na Praia do Tucunaré, Marabá, Pará. In: V SEMINÁRIO DE
INICIAÇÃO CIENTIFICA., 5, 2019, Marabá. Anais [...]. Marabá: Unifesspa, s.p.
Disponivel em:
<https://sic.unifesspa.edu.br/images/SIC2019/ORAL/195_ElizanaFonsecadaSil
va.pdf.>. Acesso em: 05 de nov. 2023.

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