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E B O O K

INTERPRETAÇÃO BÁSICA
DO HEMOGRAMA
MATERIAL VOLTADO PARA MEDICINA VETERINÁRIA

@microscopiavet

Sumário
Módulo I - Eritrograma
Indíces eritrocitários ................................................................ 04
Anemia ....................................................................................... 05
Causas de anemia ...................................................................... 06
Fatores fisiológicos que alteram o eritrograma ..................... 07
Classificação medular da anemia ............................................ 08

Alterações eritrocitárias ............................................................ 10


Classificação morfológica da anemia ..................................... 11
Policitemia .................................................................................. 14

Módulo II - Leucograma
Leucocitose ................................................................................. 17
Leucopenia ................................................................................. 17
Neutrofilia ................................................................................. 18
Desvio neutrofilico ..................................................................... 19
Neutropenia ................................................................................ 21

EBOOK INTERPRETAÇÃO DO HEMOGRAMA 01


Linfocitose ................................................................................. 22

Linfopenia ................................................................................. 23

Monocitose ............................................................................... 25
Monocitopenia .......................................................................... 25

Eosinofilia .................................................................................. 26
Eosinopenia ............................................................................. 26

Basofilia .................................................................................... 27
Basopenia................................................................................. 27

Alterações leucocitárias .......................................................... 27

Módulo III - Plaquetograma

Trombocitopenia....................................................................... 29

Pseudotrombocitopenia........................................................... 30

Trombocitose ............................................................................ 31
Alterações plaquetárias............................................................ 31

EBOOK INTERPRETAÇÃO DO HEMOGRAMA 02


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MÓDULO I

Eritrograma
Eritrograma

O eritrograma é um dos componentes que fazem parte do


hemograma, que é responsável por avaliar qualitativamente e
quantitativamente os eritrócitos. Ele é composto por:

Número total de hemácias (HE): é a quantidade total de


hemácias//μl na amostra.

Volume globular (VG) ou Hematócrito (HT): compreende a


porcentagem de sangue total composta por hemácias
naquela amostra.

Concentração de hemoglobina (HB): é a quantidade de


hemoglobina que se apresenta dentro das hemácias.

Volume corpuscular médio (VCM): é o índice


hematrimétrico que possibilita a mensuração do tamanho
médio das hemácias, podendo essas serem normocitica,
macrocitica ou microcitica.
Hemoglobina corpuscular média (HCM): é o índice
hematrimétrico que expressa a quantidade de hemoglobina
presente em uma hemácia.

Concentração de hemoglobina corpuscular média


(CHCM): representa a concentração média de hemoglobina
presente em determinada amostra de sangue.

RDW: representa a variação do tamanho dos eritrócitos.

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ANEMIA

Abordagem diagnóstica e classificação

A anemia é caracterizada como a diminuição


na quantidade dos valores de hemácias, em que vai
resultar na diminuição de oxigenio nos tecidos.
Ela é causada por alguma doença primária responsável pela
destruição das hemácias, podendo ser decorrente diminuição da sua
produção, por hemorragia ou ambos os eventos.

A anemia pode ser:

Verdadeira (absoluta): quando realmente se tem uma


redução na quantidade de eritrócitos.

Falsa (relativa): quando se tem uma hemodiluição causada


pelo aumento do volume plasmático, que resulta em uma falsa
diminuição da quantidade de hemácias. Podendo ocorrer em:

Gestantes, lactantes, filhotes e em


casos de terapias com administração de fluidos

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ALGUMAS DAS CAUSAS DE
ANEMIA

Parasitas Gastrointestinais
Hematófagos
( Ancilostoma, Haemonchus)

Espoliação por ectoparasitas


(Carrapato, Pulga, Piolho, Mosca do chifre )

Doenças Infecciosas
(Cinomose, Panleucopenia felina, Leishmaniose, Babesiose, Erlichiose,
Anasplamose, Parvovirose, Leptospirose etc.)

Hemorragia
(Traumatismo, Cirurgia, Úlcera gástrica, Coagulopatia)

Doença Renal Crônica


(Devido a deficiência de eritropoietina)

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FATORES FISIOLÓGICOS QUE
ALTERAM O ERITROGRAMA

Alguns fatores devem ser levados em consideração durante a


interpretação do hemograma de alguns animais, pois existem alterações
que são consideradas como fisiológicas. E o desconhecimento dessas
alterações pode levar você a uma errônea interpretação.

Comumente os machos apresentam valores do eritrograma maiores que as

SEXO fêmeas, uma vez que andrógenos estimulam a eritropoiese, enquanto os

estrógenos são inibidores.

Animais jovens costumam apresentar valores maiores no volume globular,


IDADE
visto que possuem uma maior atividade hematopoiética.

Cães da raça Akita possuem microcitose fisiológica, enquanto poodles,


RAÇA
principalmente os toys podem apresentar hemácias macrocíticas.

ESTADOS É comum observarmos retenção de líquidos em animais gestantes e

FISIOLÓGICOS lactantes, resultando em hemodiluição, podendo levar a uma falsa anemia

Essas situações podem causar um quadro de contração esplênica,


EXERCÍCIO/
resultando em liberação periférica de hemácias e plaquetas que ficam
ESTRESSE
estocadas no baço

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CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS

COM BASE NO GRAU DE REGENERAÇÃO MEDULAR


Essa classificação diz respeito ao grau de regeneração da medula ao processo de
perda sanguínea. Como sabemos, durante quadros anêmicos, a medula óssea libera
células jovens para compensar a baixa quantidade de eritrócitos circulantes. Logo
caracterizamos esse mecanismo, como a capacidade de regeneração medular. A
avaliação da resposta da medula é de suma importância na caracterização de uma
anemia, pois ela nos permite identificar se realmente está tendo uma resposta do
organismo ao quadro de perda sanguínea.

Quanto a isso, a anemia pode ser classificada em dois tipos:


Arregenerativa ou Regenerativa.

ARREGENERATIVA

É quando a medula não consegue manter ou aumentar


produção de hemácias devido lesões na medula óssea ou
carência de substratos necessários à eritropoiese
(Eritropoietina, ferro, vitaminas do complexo B, hormônios,
dentre outros). Essa anemia normalmente se apresenta como
normocítica e normocrômica (sem a presença de reticulocitose).

Ela é classificada em dois tipos:

Primária: ocorre devido algum distúrbio medular

Secundária: são causadas por processos patológicos extra medular que afetam
a eritropoiese. Ex: neoplasias, carencias nutricionais, insuficiência renal crônica,
endocrinopatias, insuficiência hepática crônica, doenças inflamatórias e infecciosas
crônicas.

A ausência de eritrócitos imaturos circulantes indica anemia não regenerativa e deve ser
considerado evidência de disfunção da medula

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REGENERATIVA
Neste tipo de anemia, a produção de hemácias na medula
mantem-se normal ou pode estar aumentada, com a liberação
precoce de células imaturas (reticulócitos) no sangue periférico.

As anemias regenerativas são causadas por hemorragias ou hemólise

Hemorragia: é caracterizada pela perda sanguínea. Ela pode ser externa, interna,
aguda ou crônica. Dentre as principais causas destacam-se as por traumatismo,
parasitas gastrintestinais, ectoparasitas, neoplasias, úlceras gástricas e distúrbios
hemostáticos.

Hemólise: definida como a destruição dos eritrócitos, podendo ser intra ou


extravascular. Sua causa é comumente associada a fatores extrínsecos como,
hemoparasitas ou mecanismo imunomediado. A principal hemoparasitose que
causa essa alteração, é a babesiose.

Normalmente é notado o aumento da população de eritrócitos imaturos em um período de 2 a 4


dias após hemólise ou hemorragia. Essas células imaturas são denominadas de reticulócitos ou
policromatófilos, a depender do tipo de coloração utilizada.

A presença de reticulocitose (ou aumento da policromasia) e hipoproteinemia é


indicativo de anemia por perda sanguínea

Em casos de perda sanguínea também tem a perda de proteínas pelo sangue, caracterizando
a hipoproteinemia. Além de hemorragias, podemos observar a hipoproteinemia em:

Redução na produção: devido a insuficiência hepática, pois a albumina é


a principal proteina sérica, e ela é sintetizada nesse órgão

Diminuição da ingestão de proteínas: podendo estar


associada a má absorção, má digestão, e a inanição

Outros tipos de perda proteica: glomerulonefropatia, enteropatia.

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ALGUNS INDICATIVOS DE RESPOSTA MEDULAR EM CÃES, GATOS E SUÍNOS

Anisocitose Macrocitose Reticulocitose Policromatofilia

Eritroblastos Pontilhado basófilo Howell-Jolly

A presença dos achados supracitados pode ser indicativo de resposta medular,


porém, a solicitação da contagem de reticulócitos é o exame ideal para verificar se
está havendo resposta regenerativa da medula.

Nos ruminantes a resposta reticulocitária em quadros de anemias hemorragicas


ou hemolíticas é bem pequena, dessa forma, a quantificação de reticulócitos
não se torna relevante na determinação da resposta medular. Nessa espécie
em casos de anemias regenerativas podem ser vistos a presença de
policromasia, macrócitos, pontilhado basófilo e corpúsculos de Howell-Jolly

Em equinos, normalmente também não tem a liberação de reticulócitos no sangue


periférico pela medula óssea, logo, a policromatofilia ou reticulocitose não são
observadas nessa espécie como resposta regenerativa da médula. Podendo apenas
ser encontrados em casos raros de processo hemolítico ou perda sanguínea. A
presença de macrócitos pode ser o único indicativo de resposta regenaretiva nessa
espécie.

ALTERAÇÕES ERITROCITÁRIAS
(As que são mais comuns)

Esferócito: Sua presença geralmente está associada com anemia hemolítica imunomediada, veneno de cobra coral ou
cascavel, anaplasmose bovina

Equinócito: pode ser artefato devido amostra antiga ou com excesso de EDTA, pode ser encontrado em envenenamento por
serpentes, depleção de eletrólitos, doença renal, e associado a uso de algumas drogas (quimioterápicos,
furosemida, fenilbutazona e salicinatos)

Rouleaux: é o empilhamento das hemácias, comumente presente em pacientes com hiperglobulinemia, hiperproteinemia e
hiperfibrinogenemia. Pode ser comum em felinos e equinos saudáveis.

Policromatofilia: são hemácias imaturas e sua presença indica resposta regenerativa da medula óssea

Anisocitose: são variações no tamanho dos eritrócitos, sua presença é indicativo de resposta medular regenerativa

Corpúsculo de Howell-Jolly: são restos nucleares, sendo comum em animais esplenectomizados. Pode ser observado
em anemias regenerativas, administração de corticoides e em animais com função esplênica diminuída

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CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA

Nesta categoria, as anemias são classificadas de acordo com os valores dos


índices hematimétricos VCM (volume eritrocitário) e CHCM (concentração de
hemoglobina corpuscular média) que são valores expressos no eritrograma do
paciente. Essa avaliação morfológica das hemácias, fornece informações que
podem ajudar na interpretação do provável mecanismo causador das anemias,
visto que algumas enfermidades, geralmente possuem um padrão anêmico com
relação a classificação morfológica das hemácias.

Com base na interpretação dos índices hematimétricos as hemácias podem ser


classificadas como:

MACROCÍTICAS
VCM acima do intervalo de referência

MICROCÍTICAS
VCM abaixo do intervalo de referência

HIPOCRÔMICAS
CHCM abaixo do intervalo de referência

HIPERCRÔMICAS
CHCM acima do intervalo de referência

Não existe hipercromia verdadeira, visto que as hemácias comportam uma certa quantidade de hemoglobina, logo
esse achado geralmente é devido desidratação, hemólise ou lipemia. A presença de esferócitos ou de hemácias
com corpúsculo de Heinz também pode acarretar em falso aumento do CHCM

ANEMIA NORMOCÍTICA NORMOCRÔMICA


Esse tipo de anemia é indicativo de ausência de resposta medular. Por algum problema na medula, não está
ocorrendo a liberação de células jovens no sangue periférico. Nestes casos, a resposta de reticulócitos está
ausente ou insignificante. Comumente encontramos esse padrão anêmico em enfermidades crônicas como:

Doenças renais: a deficiência de eritropoietina compromete a


Principais Causas

eritropoiese.

Doenças endócrinas: como por exemplo o hipotireoidismo, que


resulta em diminuição de tiroxina, hormônio que auxilia na produção de
hemácias. E o hipoadrenocorticismo (os hormônios adrenais também
auxiliam a eritropoiese).

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Doença hepática: o fígado é envolvido no metabolismo e armazenamento de
várias substâncias essenciais para a eritropoiese.

Doenças infecciosas: aquelas que resultam em depressão medular


(parvovirose, cinomose, leishmaniose, AIE, e em especial a erliquiose.

Neoplasias devido a metástase na medula óssea

Carências nutricionais: devido a deficiência de nutrientes necessários para


eritropoiese como o ferro, acido fólico, ácido nicotínico, vitamina b12. Essas
anemias são denominadas como anemias carenciais

Também podemos encontrar hemácias normocíticas normocrômicas em anemias pré regenerativas, ou


seja, quando o animal apresenta perda sanguínea ou hemólise, porém, ainda não é observado sinais de
regeneração na circulação periférica.

MACROCÍTICA HIPOCRÔMICA

Esses tipos de anemias sugerem que a medula está funcional e


liberando células jovens na corrente sanguínea, sendo um
indicativo de aumento na atividade eritropoiética. Ela caracteriza
aumento na liberação de reticulócitos no sangue periférico em
cães, gatos e suínos. O aumento do VCM se dá devido as hemácias
jovens possuírem tamanho maior que as hemácias maduras. E a
diminuição do CHCM é justificado pela diminuição de hemoglobina
nessas células, por ainda serem jovens, apresentam uma redução
de aproximadamente 20 % a menos de hemoglobina com relação
aos eritrócitos maduros.

Processos hemorrágicos e hemolíticos


Infecção pelo vírus da leucemia felina


Principais Causas
Macrocitose em cães da raça Poodle e
Estomatocitose hereditária

Macrocitose sem policromasia ou sem outra evidência de resposta regenerativa apropriada é


um achado comum em gatos anêmicos com mielodisplasia e doença mieloproliferativa
associada à infecção pelo vírus da leucemia felina (FeLV) e também pode ser constatada em
gatos infectados por FeLV que não estejam anêmicos.

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MICROCÍTICA HIPOCRÔMICA

Está relacionada com a deficiência de ferro ou incapacidade


da utilização do ferro para síntese de hemoglobina. O ferro
é uma substância essencial para que ocorra a produção de
hemoglobina, logo a sua diminuição caracteriza a presença
de hemácias hipocrômicas na circulação.

Esse tipo de anemia é comum em pacientes com perdas


sanguíneas crônicas como:

Úlceras gástricas que promovem perda de


sangue pelo trato gastrintestinal

Neoplasias

Desordens da coagulação

Infestação por endo e ectoparasitas que


contribuem para a perda de ferro

MACROCÍTICA NORMOCRÔMICA
Está relacionada com a deficiência de vitamina B12 e acido fólico. Em bovinos está relacionado com
a deficiência de cobalto ou pastagem rica em molibdênio. Em cães poodle os eritrócitos
macrocíticos normocrômicos não são acompanhados por anemia.

Principais causas
Em ruminantes devido a deficiência de Cobalto (por ser o co-fator para síntese de
Vitamina B12)
Doenças mieloproliferativas
Anemia megaloblástica por deficiência de Vitamina B12 e Ácido Fólico

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MICROCÍTICA NORMOCRÔMICA
São observadas no início da deficiência de Ferro. É normal observar microcitose e
normocromia em cães da raça Akita.

O grau de anemia deve ser avaliado juntamente com o valor de proteínas


plasmáticas, pois quando elas estão aumentadas, pode ser devido a
desidratação, e a anemia pode ser mais severa do que os índices eritrocitários
indicam. (o baixo volume plasmático (desidratação) concentram as hemácias,
dando a entender que se tem uma maior quantidade dessas células.)

POLICITEMIA
Também denominada como eritrocitose, sendo caracterizada pelo aumento no número de hemácias, na
concentração de hemoglobina e no valor do hematócrito. A Policitemia pode ser classificada como
relativa ou absoluta.

POLICITEMIA RELATIVA
É denominada como uma falsa policitemia, pois não há um verdadeiro aumento no número
de hemácias. Essa alteração é comumente observada em duas situações:

Na desidratação: no qual observamos diminuição no volume


plasmático, resultando em hemoconcentração, levando a um falso
aumento no número de eritrócitos.

Na contração esplênica: em que as hemácias que ficam


estocadas no baço são lançadas na corrente sanguínea,
culminando em aumento da massa eritróide.

Em casos de desidratação geralmente essa alteração vem acompanhada


com o aumento das proteínas plasmáticas totais (ppt)

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POLICITEMIA ABSOLUTA

É denominada como policitemia verdadeira, sendo


observado o verdadeiro aumento nos valores de hemácias
e consequentemente hemoglobina e hematócrito. Ela é
classificada como primaria e secundaria.

Primária

É rara em animais, sendo causada por uma desordem mieloproliferativa crônica


(leucemia eritróide crónica))

Secundária

A secundária geralmente ocorre devido aumento de eritropoietina, estando associada com quadros
de hipóxia tecidual. As principais causas dessa alteração são:

Doenças cardiovasculares

Doenças respiratórias

Ela também pode estar associada a neoplasias produtoras de eritropoietina ou doenças renal
(devido a estimulação de eritropoietina, sem indícios de hipóxia tecidual) como hidronefrose e
citos renais.

Na rotina clinica a principal causa de policitemia é a desidratação, vindo


associado com aumento das proteínas plasmáticas totais. Uma dica importante
na hora da interpretação é que os leucócitos e plaquetas não são alterados
nos casos de desidratação.

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MÓDULO II

Leucograma
Alterações quantitativas dos leucócitos

Leucocitose

É caracterizada pelo aumento no número de leucócitos circulantes,


sendo mais comum acontecer devido ao aumento de neutrófilos
(neutrofilia) ou linfócitos (linfocitose), uma vez que são os leucócitos
mais numerosos no sangue.

Classificação da leucocitose

Fisiológica

Está associada a liberação de epinefrina e cortisol, que por sua vez promove a
desmarginação dos leucócitos do compartimento marginal para o compartimento circulante
resultando em leucocitose.

Patológica

Está associada em resposta as doenças inflamatórias, autoimunes, infecciosas,


neoplásicas, parasitárias ou alérgicas. Nesse tipo de resposta tem a
estimulação da médula óssea para produção das células de defesa, diferente
do que acontece na leucocitose fisiológica.

Leucopenia

Caracterizada pela diminuição do número de leucócitos no sangue periférico. Sua presença


no hemograma é indicativo de supressão medular ou diminuição das defesas orgânicas.

Principais causas:

Agentes químicos (medicamentos, substâncias mielotóxicas)

Agentes físicos (radiações)


Agentes infecciosos: bactérias, fungos, protozoários e vírus

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RESPOSTAS LEUCOCITÁRIAS

Neutrofilia

A neutrofilia é definida pelo aumento no número de neutrófilos


na corrente sanguínea. Os neutrófilos são as células de defesa
com maior abundância no sangue periférico e participam como
primeira linha de defesa do organismo frente a processos
infecciosos e inflamatórios.

Nem todo aumento de neutrófilos é significado de presença de infecção, e logo abaixo


vamos ver algumas das causas do aumento desse tipo celular:

INFLAMAÇÃO

Essa pode ser aguda ou crônica, podendo ser causada por infecções bacterianas, fúngicas,
protozoárias e virais. Como exemplo podemos citar as hemoparasitoses, abcessos, piometra, doenças
infecciosas (toxoplasmose, leishmaniose, ehrlichia), peritonite, neoplasias(devido a liberação de
citocinas que estimulam a liberação de células pela medula óssea). É comum observarmos a
presença de monocitose quando se trata de neutrofilia inflamatória aguda.

ESTEROIDES

A presença de glicocorticoides endógeno ou exógeno pode acarretar em efeitos no leucograma das


diferentes espécies. Sendo o principal deles, a migração de neutrófilos do pool marginal para a
circulação, podendo dobrar o número dessas células na circulação, culminado em leucocitose por
neutrofilia. Nos felinos pode haver maiores aumentos devido possuir o compartimento
marginal maior que as outras espécies.

Dentre as causas, destacam-se o estresse, terapia com glicocorticoide e o


hiperadrenocorticismo) comumente a linfopenia, eosinopenia e monocitose vem
associadas. Sendo a linfopenia a principal alteração.

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NEUTROFILIA FISIOLÓGICA

·Ocorre em decorrência a resposta fisiológica de luta ou fuga, na qual tem a liberação de


catecolaminas. É comumente observada em quadros de dor, excitação, medo, exercício físico e
administração de catecolaminas (epinefrina ou norepinefrina). Essa alteração é frequentemente
observada em felinos e geralmente vem associada de linfocitose.

OUTRAS CAUSAS

intoxicação por estrógeno (comum observar em administração de injeção anti-cio), leucemia mielóide
crônica (raro), síndrome paraneoplásica (comumente é observado a presença de leucocitose por
neutrofilia, devido o tecido neoplásico produzir substâncias que estimula a neutropoiese).

DESVIO NEUTROFILICO

Desvio a esquerda
Essa alteração é caracterizada pelo aumento de neutrófilos imaturos na corrente
sanguínea. É comum observarmos em resposta a um estímulo inflamatório
relativamente intenso e na maioria das vezes ele é agudo. Algumas das causas de
inflamação aguda são:

Agentes infecciosos
Doenças não infecciosas (doença imunomediada ou neoplasia)

Os hormônios glicocorticoides e endotoxinas possuem a capacidade de estimular a


liberação de neutrófilos e causarem um discreto desvio a esquerda.

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CLASSIFICAÇÃO DO DESVIO À ESQUERDA

REGENERATIVO

É quando a quantidade de células imaturas não ultrapassam a quantidade de


células maduras. De modo geral, isso quer dizer que está havendo uma resposta
adequada dos neutrófilos ao estado inflamatório, ou seja, o organismo está
respondendo adequadamente.

DEGENERATIVO

Já neste desvio, a quantidade de células jovens sobrepõem as células


maduras, ou seja, temos um maior número de neutrófilos imaturos
comparado aos neutrófilos maduros. É comum observamos em situações que
que o organismo não está respondendo adequadamente a demanda (produção e liberação de
neutrófilos inadequadas). Pode ser observado a presença de leucopenia e neutropenia, devido o
consumo de muitos neutrófilos.

Desvio à direita

Caraterizado pela presença de neutrófilos hipersegmentados na circulação


(os neutrófilos hipersegmentados são células velhas). É comum observarmos
essa alteração em ação de glicocorticoides (endógeno ou exógeno), visto que
esses hormônios atrapalham a diapedese e acabam retendo essas células na
circulação.

Outras situações em que podemos observar esse desvio

Mielodiscrasia associada ao FeLV

hipersegmentação idiopática
dos equínos
Discrasia medular do poodle

Doenças inflamatórias crônicas


Envelhecimento in vitro por (causam estresse)
demora no processamento

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Neutropenia

É caracterizada pela diminuição de neutrófilos na corrente sanguínea. Geralmente é observada


em doenças inflamatórias muito graves e tipicamente agudas. Os principias mecanismos que
levam a diminuição são:

Neutropenia por endotoxemia

Este tipo de alteração é observada devido as endotoxinas causarem um


desvio rápido dos neutrófilos da circulação para o compartimento marginal
(é um quadro transitório, podendo durar de 1-3 horas). É comum
observarmos em infecção por microrganismos Gram-negativos, devido a
vários fatores.

A neutropenia pode não estar mais presente quando um veterinário examina um animal endotoxêmico

Um exemplo é a estimulação no aumento da produção de neutrófilos pela endotoxinas, na qual vai


afetar as concentrações de neutrófilos no sangue em cerca de 3-5 dias, podendo causar neutrofilia

Neutropenia por destruição ou consumo

Este tipo de neutropenia pode ser imunomediada, sendo causada pela aderência de anticorpos
antineutrófilos, resultando em destruição desse tipo celular pelo sistema monocitico fagocitário.

Geralmente os animais respondem a terapia com glicocorticoides


ou outros agentes imunossupressores.

Neutropenia por diminuição da produção - Hipoplasia granulocítica

Ocorre quando há lesão em células troncos, resultando em diminuição da produção de


neutrófilos. Comumente observamos em pacientes com parvovirose canina ou felina e
erliquiose.

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Principais Causas

INFECCIOSAS
Parvovírus (cães e gatos), FeLV,Toxoplasma,

leishmaniose, Ehrlichia

NEOPLÁSICA
Primária ou

metastática

TÓXICA
Estrógeno, drogas quimioterápicas,

cloranfenicol (gatos)

*Em cada tópico são citados apenas alguns exemplos

Nesse tipo de neutropenia, comumente observamos diminuição em outras linhagens celulares


(hemácias,plaquetas). Esse tipo de neutropenia pode ser diferenciadas das outras, devido a sua
persistência e normalmente é presente sem desvio a esquerda, apesar das infecções secundarias
poderem causar esse desvio

Linfocitose

É caracterizada pelo aumento absoluto de linfócitos na corrente sanguínea, podendo ser


classificada como:

Linfocitose inflamatória crônica


Doenças inflamatórias crônicas raramente causa linfocitose, com exceção a fase crônica da
erliquiose. A resposta imune com aumento de linfócitos ocorre a nível de tecido linfoide, não
chegando ao sangue periférico e caracterizando uma linfocitose. Como já mencionado, a
única exceção é em pacientes portadores de erliquiose crônica.

Em cães, a erliquiose crônica deverá ser considerada quando as contagens de


linfócitos chegarem a 30.000 células/µℓ

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Linfocitose fisiológica

Acontece pelo mesmo mecanismo da neutrofilia fisiológica, sendo associada a resposta


de luta ou fuga, sendo frequentemente observada em felinos. Essa alteração
normalmente dura de minutos a horas.

Linfocitose devido doenças linfoproliferativas


Este tipo normalmente é causado devido a proliferação neoplásica de células linfoides
em medula óssea, linfonodos ou em outros tecidos (pode ser causada por: FeLV, VLB,
linfoma e leucemia linfocítica).

Linfocitose do hipoadrenocorticismo

Ela comumente é causada devido a ausência de glicocorticoides (esse hormônio


normalmente atua inibindo a produção de linfócitos ou alteram a sua distribuição nos
tecidos). O leucograma clássico de hipoadrenocorticismo consiste em concentração
próxima do limite inferior a diminuída de neutrófilos, concentração próxima do limite
superior a aumentada de linfócitos, concentração normal de monócitos e concentração
próxima do limite superior a aumentada de eosinófilos.

Linfocitose de animais jovens

É comum observamos essa alteração em animais jovens devido estarem em processo de


desenvolvimento imunitário. Os animais jovens, menores de seis meses, podem ter a
contagem de linfócitos mais elevada do que os adultos. Também pode ser observada
linfócitose após vacinações.

Se a contagem celular estiver apenas levemente aumentada e as células forem morfologicamente


pequenas, com linfócitos de aparência normal, uma resposta excitatória deverá ser considerada

Linfopenia

Caracterizada pela diminuição de linfócitos no sangue, podendo ser encontrada em:

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Inflamação aguda
Causada pela presença de mediadores inflamatórios agudos, que resultam em aumento
da migração dos linfócitos para o tecido inflamado.

CAUSAS

Infecções virais aguda


Infecções bacterianas aguda
Endotoxemia

Estresse

É desencadeada devido a presença de glicocorticoides endógeno ou exógeno. Como citado


anteriormente, esse hormônio tem como efeito, a diminuição da linfopoiese. Essa sensibilidade dos
linfócitos aos glicocorticoides vai variar entre as espécies. A gravidade e a duração da linfopenia são
geralmente proporcionais à dose e/ou à duração de aumento dos glicocorticoides

CAUSAS

As causas são as mesmas da neutrofilia.

Depleção

Nesse caso, a linfopenia acontece devido a perda de linfócitos do sistema vascular, essa alteração é
comumente observada em situações com a perda de linfa ou fluido rico em linfa (Ex. Quilotorax).

Aplasia ou hipoplasia linfoide

É causado devido a utilização de drogas imunossupressoras ou irradiação total do corpo. Também


pode ser causada por destruição de tecidos linfoides: linfoma multicêntrico, linfadenite generalizada.

A linfopenia é comum em animais com linfoma

Infecções virais agudas linfocíticas induzem linfopenia, que é acompanhada por neutropenia

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Monocitose

Ela é caracterizada pelo aumento de monócitos no sangue, podendo ser observada em


respostas inflamatórias crônicas e agudas. Geralmente ela reflete uma necessidade de
macrófagos no sangue ou no tecido doente.

CAUSAS DE MONOCITOSE

Inflamação

Causada por infecções: bacterianas (incluindo as causadas por anaplasmas e riquétsias),


fúngicas e protozoárias

Necrose

Devido hemólise, hemorragia, neoplasia, infarto e traumatismo

Esteroides

Estresse (físico ou neurogênico)


Hiperadrenocorticismo
Terapia com glicocorticoide

A resposta ao estresse pode causar uma monocitose, particularmente em cães.


A presença de monócitos ativados indica atividade fagocítica dessas células

Monocitopenia

Caracterizada pela diminuição de monócitos no sangue. É um achado com pouca


importância diagnostica, uma vez que, mamíferos sadios podem apresentar poucos
monócitos no sangue.

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Eosinofilia

Essa alteração é caraterizada pelo aumento de eosinófilo no sangue. Sua


presença no leucograma pode ser indicativo de uma possibilidade de
doenças, principalmente aquelas que atingem os tecidos rico em mastócitos
(cutâneo, respiratório, intestinal)
Logo abaixo estão as principais causas dessa alteração:

Parasitismo

Geralmente associada a presença de parasita (adulto ou larva) em tecidos:


Ectoparasitas
Verme do coração
Nematódeos e trematódeos teciduais e protozoários

Doenças alérgicas (hipersensibilidade)

Dermatite por picada de pulga

Condições eosinofílicas idiopáticas

Cão: Miosite eosinofílica, gastroenterite eosinofílica, panosteíte eosinofílica,


pneumonite eosinofílica, complexo granuloma eosinofílico no Husky
Siberiano

Gato: Complexo granuloma eosinofílico, enterite eosinofílica, síndrome


hipereosinofílica Eosinofilia paraneoplásica (incluindo mastocitomas)

Eosinopenia

A diminuição de eosinófilos não representa verdadeiramente um estado patológico

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Basofilia

É caracterizado pelo aumento do número absoluto de basófilos no sangue,


sendo considerado um achado raro. Geralmente é associado a eosinofilia.
Sua causa não é bem elucidada, mas pode ser associada a processos
alérgicos, neoplásicos e parasitismo.

Basopenia

Não tem importância clinica

ALTERAÇÕES LEUCOCITÁRIAS

Linfócito reativo: sua presença está associada a resposta imunitária



Linfócito com granulação tóxica: indica aumento na produção dessa linhagem celular e sua presença
é comumente associada a doenças inflamatórias e infecções bacterianas sistêmicas

Monócito ativado: indica atividade fagocítica

Linfócios granulares: seu aumento pode ser observado em condições reativas como erliquiose,
doença renal crônica em cães, leucemias primárias (leucemia dos linfócitos granulares).

Neutrófilos hipersegmentados: São células velhas, sua presença é associado a ação de corticóides
(endógenos ou exógenos)

Neutrófilos hiposegmentados: São observados em uma doença hereditária rara denominada


Pelger-Hüet

Corpúsculo de Dohle: São observados nas mesmas situações que levam ao aparecimento das
granulações tóxicas

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MÓDULO III

Plaquetograma
Plaquetas
As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos do megacariócito, que é uma
célula encontrada na medula. Dentre as funções das plaquetas, a principal
delas é atuar na formação de coágulos com o objetivo de interromper
momentaneamente a hemorragia. Nas aves, esses fragmentos são denominados como
trombócitos e além da função supracitada, eles apresentam atividade fagocítica.

Anormalidades no número de plaquetas no sangue


Trombocitopenia

É caracterizada pela diminuição no número de plaquetas no sangue periférico. É um achado


frequente no hemograma dos animais, podendo ser decorrente vários fatores, sendo eles:
falha na produção, aumento na destruição ou no consumo, e por sequestro esplênico.

Trombocitopenia por diminuição na produção

De modo geral, este tipo de trombocitopenia acontece em pacientes com aplasia medular
ou hipoplasia, estando também presente em distúrbios medulares na qual observa-se a
infiltração de células tumorais na medula óssea.

Principais Causas

Mieloftise: alguns exemplos são as neoplasias mielóides, neoplasias


linfoides e o mieloma múltiplo.
Insuficiência renal: ocorre devido a deficiência de trombopoietina. A
trombopoietina é um dos fatores que estimula a produção de plaquetas e ela é

produzida no tecido renal.


Medicamentos: sendo os quimioterápicos os mais comuns.

Doenças infecciosas: diversas doenças que causam alterações medular pode


afetar a trombopoiese, sendo exemplos delas a FeLV e a erliquiose.

Trombocitopenia por aumento do consumo ou destruição

Ocorre devido alguns mecanismos que resultam em aumento do consumo de plaquetas ou a


destruição destas, sendo os principais as lesões vasculares causadas por algumas doenças
infecciosas e por destruição imunomediada.

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Principais Causas

Doenças infecciosas: erliquiose, babesiose, anaplasmose,


peritonite infecciosa felina (PIF), panleucopenia felina, leptospirose,
Salmonelose, leishmaniose, etc.

Doenças autoimunes: observamos a destruição de plaquetas imunomediada. Um


exemplo de doença é a anemia hemolítica imunomediada. Acredita-se que inicialmente
há destruição de plaquetas por mecanismos imunomediados na erliquiose.

Coagulação intravascular disseminada: nessa enfermidade é notado o aumento


no consumo das plaquetas, resultando em trombocitopenia.

Hemorragias extensas: uma das principais situações dessa condição, é a ingestão


acidental de dicumarínico (veneno de rato)

Trombocitopenia por sequestro esplênico

O baço é o órgão responsável pelo armazenamento e destruição de células sanguíneas. A


esplenomegalia pode causar algumas citopenias (trombocitopenia, leucopenia e anemia).
Dessa forma, qualquer situação que resulte em aumento no volume ou função desse órgão,
podemos observar a trombocitopenia.

Principais causas de esplenomegalia


Doenças imunomediadas, infecções, inflamações, congestão esplênica relacionada com


anestésicos e tranquilizantes, torção esplênica e doenças infiltrativas.

Pseudotrombocitopenia

A pseudotrombocitopenia é definida como uma falsa trombocitopenia. Ela ocorre devido a


presença de agregados plaquetarios na amostra, sendo observada frequentemente em gatos, mas
podendo também ocorrer em outras espécies.
Coletas inadequada é a principal causa de agregados

plaquetários na clínica medica de cães e
gatos.

A presença de agregado plaquetário só é observada na análise da lamina.

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Trombocitose

É caracterizada pelo aumento de plaquetas no sangue, sendo um achado pouco frequente na medicina
veterinária. Ela pode ser classificada como primária ou secundária

Primária

É uma condição rara, sendo caracterizada como uma doença hematológica rara que resulta em
proliferação neoplásica dos precursores plaquetários, causando o aumento no número de
plaquetas.

Secundária

Também denominada como trombocitose reativa, ocorrendo devido a estimulação da


medula óssea ou por redução do “clearance” esplênico.

Situações que estimulam a medula óssea

Doenças infecciosas – devido a elevação de trombopoietina como parte da


reação de fase aguda
Anemias regenerativas – devido alguns estímulos inespecíficos sobre os
percussores de plaquetas
Neoplasias
Anemia por deficiência de ferro
Terapia com corticoisteroides
Endocrinopatias (hiperadrenocorticismo, hipotireoidismo, diabetes mellitus)

Situações que reduzem o clearance esplênico

Excitação
Exercícios
Estresse
Fraturas ou traumas em tecidos moles
Pós-esplenectomia

Alterações plaquetárias

Plaqueta gigante ou Macroplaqueta


É indicativo de trombocitopoiese ativa. Ou seja, está havendo produção acelerada, resultando em liberação
precoce de células imaturas

Agregado plaquetário
Alteração quase sempre, decorrentes de erros pré-analíticos durante a coleta de sangue

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Quem sou eu?

Marcelo Santos
Sou estudante do curso de Medicina
Veterinária, que possui estudos voltado para
área laboratorial e para interpretação clínica de
exames hematológicos e bioquímicos. Ator
principal da @microscopiavet.

Contatos

@microscopiavet

marcelosantosmedvet@gmail.com

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Referência Bibliográfica
RIBES, Alice Otto. Distúrbios plaquetários em cães e gatos: revisão bibliográfica. 2019.

THRALL, Mary Anna. Hematologia e bioquímica clínica veterinária. Editora Roca, 2007.

SILVA, Malena Noro. Hematologia veterinária. 2017.

LOPES, ST dos A. et al. Manual de patologia clínica veterinária. Santa Maria: UFSM-
Universidade Federal de Santa Maria, 2007.

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