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GUIA DA COLETA

DE SANGUE EM
CÃES E GATOS

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COLETA DE SANGUE
Antes de mais nada, precisamos lembrar que para obter uma boa
interpretação dos exames, deve-se garantir que a coleta foi feita
corretamente, minimizando erros pré-analíticos.

A escolha certa do tubo em que armazenará a amostra, é um fator


determinante para isto.
Então vamos ver quais tubos e suas indicações:

O tubo roxo contém EDTA (anti-coagulante), portanto,


deve ser o tubo utilizado no hemograma para a análise
hematológica.

Os tubos vermelho e amarelo não possuem


anticoagulantes, contudo, são utilizados para
avaliações bioquímicas. A diferença entre eles, é que no
amarelo, além do ativador de coágulo, há também o gel
que faz a separação física da parte celular e líquida.

O tubo azul contém citrato de sódio, é utilizado para as


análises de coagulação.

O verde contém heparina e anticoagulante, ideal para


análises sorológicas e hemogasometria.

No cinza contém fluoreto de sódio, portanto, é


recomendado para análises glicêmicas que
serão realizadas após meia hora ou mais da
coleta.

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COLETA DE SANGUE
O tempo de jejum e/ou necessidade de jejum para realização dos
exames também é um ponto a ser avaliado. A hemólise, lipemia e
icterícia podem interferir principalmente nos testes realizados por
espectrofotometria, e ambas podem ser causadas pelo desjejum.
Logo, o ideal é aguardar de 2 a 4 horas após a refeição para realizar o
hemograma.

As análises bioquímicas são mais sensíveis e sofrem maior


interferência desses aspectos, portanto, é necessário um intervalo de
tempo maior. Algumas literaturas orientam 8 horas de jejum, e outras
até 12 horas de jejum.

Ademais, o momento da coleta possui grande impacto nos resultados


dos testes. A contenção deve ser realizada de forma que na primeira
tentativa o veterinário já consiga a quantidade ideal de sangue, pois ao
puncionar mais de uma vez já ocorrerá interferência. O tempo de
garrote prolongado também levará a distorções, pois causa agregação
plaquetária, resultando em uma pseudotrombocitopenia. Logo, deve
posicionar o paciente corretamente antes de tentar a coleta do
sangue.
No momento de despejar o sangue no tubo deve retirar a agulha,
despejar na parede lentamente, assim como na imagem abaixo. Ainda,
deve-se homogeneizar lentamente com cuidado para não lesionar as
hemácias e plaquetas e acabar reduzindo seus valores na contagem.
Este momento deve ser logo em seguida da coleta, para o sangue
entrar em contato rapidamente com o anticoagulante.

Para despejar o sangue no tubo,


deve retirar a agulha e inclinar o
tubo para que o sangue caia
lentamente na parede.

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COLETA DE SANGUE
A quantidade de sangue referente ao tamanho do tubo também
poderá alterar os valores, dito isso, deve respeitar o volume de
sangue conforme a quantidade de anticoagulante presente no tubo.

Tubos maiores deve respeitar o mínimo de 4mL, já os


tubos pequenos, respeitar 0,5mL. Ambos vem
marcados no tubo a quantidade necessária.

Além disso, o tempo entre a coleta e o processamento das amostras


exigem atenção. O ideal é que seja feita o mais rápido possível, mas
caso não dê, deve armazenar no refrigerador rapidamente (nunca em
congelador) e avaliar em no máximo 36 horas. Já para dosagens
bioquímicas, o mais importante é fazer a separação do soro caso não
for analisar naquele momento.

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COLETA DE SANGUE
Resumindo:

Erro na identificação dos tubos: não identificar logo ao


coletar e confundir o exame dos pacientes.
Uso do anticoagulante errado: sempre se atentar as
cores dos tubos.
Contaminação da amostra com anticoagulante: é mais
comum acontecer na medicina humana, ou nos casos
em que despejam o sangue com a agulha, utilizando o
vácuo do tubo.
Proporção anticoagulante x amostra: pode ocorrer
hemodiluição da amostra, alterando eritrócitos,
hemoglobina, hematócrito, leucócitos e plaquetas.
Transferência traumática do sangue para o tubo: causa
principalmente hemólise.
Armazenamento inadequado: não refrigerar
rapidamente, ou então congelar.
Homogenização inadequada: mais comum ser um erro
do próprio laboratório.
Hemólise, lipemia e icterícia: interferem principalmente
os testes feitos por espectrofotometria.

Não esquecer de questionar:


Porque solicitei?
Como foi a coleta?
Como foi o armazenamento?
Quanto tempo levou para o processamento?

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DICAS DE COMO NÃO
AVACALHAR NA COLETA

JEJUM / LIPEMIA
- Altera exames que utiliza a técnica de refretometria
(ex: hemoglobina e bilirrubina);
- Potenciometria (Eletrólitos também podem estar subestimados);
- Tempo de Jejum ideal: 8 - 12 horas

HEMÓLISE IN VITRO
- Altera valores de hematócrito calculado e concentração média de
hemoglobina corpuscular (CHCM).
CAUSAS:
- Coleta de amostra traumática - Processamento retardado
- Manuseio incorreto da amostra - Excesso de álcool.
- Temperaturas extremas

COÁGULOS / FIBRINA
CAUSAS:
- Coleta de sangue prolongada;
- Punção venosa traumática;
- Mistura inadequada de sangue total em uma amostra coagulada.
*Exames feitos pela máquina não identificam coágulos microscópicos e agregação,
podendo levar a uma pseudotrobopenia não identificada.

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DICAS DE COMO NÃO
AVACALHAR NA COLETA

VOLUME DO TUBO
- Preencher no mínimo 50% da quantidade indicada, e não exceder
a quantidade;
- Excesso de EDTA pode levar a hemodiluição, podendo alterar os
valores;
- Exceder a quantidade de sangue pode levar a coagulação.
*Ter sempre em mãos tubos de diferentes volumes.

PROCESSAMENTO ATRASADO
- Ideal processar o quanto antes;
- Mudanças nos resultados são tipicamente observadas 12 horas
após a coleta e aumentam em magnitude com o tempo.

GARROTE PROLONGADO
- Pode causar agregação plaquetária;
- Consequentemente os agregados podem causar problemas na
leitura do eritrograma e seus índices;
- E também pseudoleucocitose.

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DICAS DE COMO NÃO
AVACALHAR NA COLETA

VEIA IDEAL PARA COLETA


- Quanto menor o calibre do vaso, menor o fluxo, e mais lenta e difícil
será a coleta, aumentando a chance de agregação plaquetária;
- Priorize veias de calibre maior, como a jugular.
*A cefálica pode ser utilizada em animais de grande porte, e em
últimos casos de coletas difíceis.

CALIBRE DA AGULHA
- Quanto menor a agulha, maior a taxa de hemólise in vitro (que
causa inúmeros erros analíticos);
- Priorize agulhas de maior calibre de acordo com o calibre do
vaso.

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